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Descrição de chapéu Viver Dengue

Com temperaturas altas, França enfrenta aumento de casos de dengue e chikungunya

Clima mais quente propicia transmissão local, mas especialistas apontam que cenário tem relação com outros fatores

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Paris

O número de casos de doenças transmitidas por mosquitos, como dengue e chikungunya, está aumentando constantemente neste verão na França. Até 5 de agosto, já foram 72 casos transmitidos localmente no país europeu, número que supera todos os registros juntos de 2010 a 2019. Diante do cenário, a Santé Publique, braço do governo responsável por prevenir emergências sanitárias, afirmou que a "transmissão ilustra o risco significativo de transmissão local desses vírus".

Na França continental, porção do território francês localizado na Europa, o mosquito Aedes albopictus é o responsável pela transmissão da dengue, chikungunya e zika. O inseto é do mesmo gênero do Aedes aegypti, comum no Brasil por transmitir essas infecções.

Crianças se refrescam no parque André Citroën em dia de sol e calor em Paris - Stephanie Lecocq - 12.ago.25/Reuters

Anna-Bella Failloux, responsável pela unidade de arbovírus e insetos vetores do Instituto Pasteur, explica que o Aedes albopictus, também chamado de mosquito tigre, começou a ser registrado na Europa em meados de 1979. A pesquisadora afirma que, atualmente, o mosquito já foi observado em 20 países do continente.

Diferentes fatores explicam a disseminação desse mosquito no território francês. Um deles é a urbanização, já que cria ambientes domésticos propícios para esses vetores. Outro aspecto é o aquecimento climático. Em conjunto com outros autores, Failloux publicou um artigo em março de 2025 sobre como as alterações na temperatura favorecem o alastramento de doenças vetoriais.

Benjamin Roche, diretor do IRD (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, em livre tradução), é outro pesquisador francês que investiga o tema. Ele explica que a introdução do Aedes albopictus na França continental ocorreu nos anos 2000, na região sul do país. Mas, segundo a Santé Publique, a transmissão local de doenças pelo mosquito só começou em 2010: foram dois casos de dengue e outros dois de chikungunya naquele ano.

Em 2020, Roche e outros cientistas escreveram um estudo sobre os impactos das mudanças climáticas na disseminação de doenças transmitidas por mosquitos. Com base em modelos estatísticos, os autores concluíram que, até 2040, aproximadamente 2.000 pessoas poderão morrer a cada ano devido a infecções transmitidas pelo Aedes albopictus na França continental.

Embora o aumento nas temperaturas seja importante para entender o alastramento dessas doenças, Roche afirma que esse não é o único fator. O transporte de mosquitos dentro de veículos também impacta a difusão da doença no território francês. Os insetos podem entrar em carros e dessa forma se estabelecer em outras regiões do país.

Os casos importados também pesam nessa equação. Eles ocorrem quando uma pessoa já está infectada antes de entrar na França continental. De acordo com as informações oficiais do país europeu, são 1.593 casos importados de dengue, chikungunya e zika até 5 de agosto.

Failloux afirma que a principal fonte desse tipo de caso na França continental são as regiões ultramarinas do país. Além da região no continente europeu, a França é composta por territórios ao redor do globo, como no Caribe, onde epidemias de dengue e ocasionalmente de chikungunya são comuns. A circulação de pessoas desses territórios para a região continental do país e um ambiente ideal para a propagação dos mosquitos são elementos para compreender a transmissão local.

"Se esses viajantes chegarem a uma área com alta densidade de mosquitos tigre e temperaturas adequadas, como no verão, há risco de transmissão local", resume Failloux.

Com esse aumento constante de novos casos, também cresce o risco de epidemias. Mas por essa ameaça ainda ser nova na França continental, a conscientização ainda é baixa. "A comunicação sobre esse perigo é muito limitada e os médicos locais também têm pouc a consciência do risco", continua Roche.

Mas a tendência é que isso mude. Failloux aponta que é necessário aprender a viver com o mosquito e a se proteger dele. Uma dessas formas é pela educação. Por exemplo, informar a população sobre o perigo de recipientes com água parada para a disseminação de mosquitos é necessário.

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