CAUSO #7 Quando a vida pessoal atropela seu trabalho, com quem você pode contar?

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Um dos sentimentos que me vem à cabeça quando penso na Audaz é gratidão. Acho que tenho umas três histórias na agência que me fazem ser grata, uma delas é esta.

Aqui a gente ouve muito que vida pessoal e vida profissional se misturam, é tudo uma coisa só. E, neste ponto, eu já cheguei chegando. 

Sou revisora de textos e trabalho na Audaz há 6 anos, mas quando eu estava aqui há apenas 6 meses, meu pai começou a apresentar sintomas estranhos: um olho inchado que achávamos ser terçol foi até motivo de brincadeira. Mas, rapidamente, veio a perda da visão e, com isso, o início da minha maratona. 

(Leia o texto abaixo na velocidade 5.)

O oftalmologista disse que era neurológico. O neurologista pediu exame. O laboratório pediu refação de exame urgente. O neurologista me disse, rindo de um jeito irônico, que era tumor. Mudei de neuro, fomos pra São Paulo. Ele pediu biópsia com neurocirurgião. O neurocirurgião pediu exames pré-operatórios. Internação, transfusão de sangue. A biópsia não podia ser feita por problemas de coagulação. O anestesiologista encaminhou pra hematologista. Era mieloma múltiplo, um tipo de câncer na medula. Corre atrás de quimio. Ufa.

No dia que consegui pedir autorização para a quimioterapia, minha mãe me ligou pedindo pra levar meu pai ao hospital porque ele estava passando mal. Saí correndo e deixei os jobs para trás. Cirurgia. UTI. Meu pai não voltou mais.

Foram quatro meses e, naquela época, eu trabalhava sozinha na revisão. Quando o Alexandre, o Marcelo e o Allyson ficaram sabendo sobre a doença lá no início, colocaram um psicólogo à minha disposição e apoio para o que eu precisasse. Muitas vezes, eu não podia vir ou tinha que sair de repente por causa de um exame ou de uma internação ou para tentar conseguir a vitamina K que não fabricam mais. Por um tempo eu troquei as regras da gramática por interpretação de exames. Virei craque em níveis de creatinina e afins.

Eu não tinha cabeça para crases e hífens, eu não tinha foco, mas tentava fazer a minha parte da melhor forma. Sobrava revisão pra todo mundo que não era revisor quando eu não estava, mas nunca ninguém me cobrou, nunca ninguém exigiu minha presença porque todos sabiam o que estava acontecendo e que meu pai dependia de mim.

Quando o telefone tocou na hora do almoço, era do hospital. A médica da UTI pediu que eu fosse pra lá. Eu sumi. Ninguém me viu sair na Audaz, ninguém sabia onde eu estava. Eu só fui. 

Cheguei ao velório e já havia flores da empresa me esperando. Então, eu entendi que ambiente de trabalho e cuidados com as pessoas que estão por trás dos jobs vale mais do que dinheiro, que a empresa se torna grande de dentro pra fora e que a atitude da Audaz deveria ser regra nas empresas. Eu acho, sinceramente, que se eu estivesse em outra empresa, teriam colocado outra pessoa no meu lugar porque, afinal, isso era um problema só meu. Um problema pessoal poderia ter se transformado em um problema profissional. Mas não. A solução foi humana. Com um final triste, mas um presente grato.



Mônica de Moraes

Copywriter | Redatora Publicitária | Project Manager | Escrevo para converter e encantar

6 a

Não conhecia essa história, e que história! ❤️

Gui Bamberg

Empreendedor, mentor, sócio-diretor da Inter+ e do Portal do Nordeste.

6 a

A verdadeira essência da Audaz: o amor e o cuidado com  as pessoas. Isso constrói uma grande Empresa.

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