Como os games podem te ajudar na sua vida profissional - parte 1.
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Como os games podem te ajudar na sua vida profissional - parte 1.

Boa parte da minha vida profissional foi dedicada aos vídeo games e credito boa parte do meu método de trabalhar a características que aprendi com eles. Embora o ato de jogar seja considerado uma forma de lazer ou descontração, ou até mesmo de tirar o stress, é possível aprender lições valiosas que valem para a vida profissional e pessoal.

Por três anos vivenciei esse mundo diariamente. Tive uma franquia da UZ Games no Shopping Central Plaza, a unidade 42, que continua ativa pelas mãos da NC Games. Fomos uma loja pioneira em muitos sentidos e inovamos muito no setor.

Trouxemos expertise da GameStop e valorizamos muito os jogos usados como forma de movimentar o mercado e oferecer mercadorias mais baratas e acessíveis ao nosso público. Outro diferencial foi a adoção de jogos e consoles retrô em nossa loja, uma ideia que antecipamos e implementamos e que depois estourou nas lojas e em todo o setor. Atualmente Sony e Nintendo produzem consoles retrô com jogos pré-instalados (PS1 Classic, Nes Classic e SNES Classic).

Corríamos atrás de encomendas de consoles antigos para os entusiastas e isso os deixava muito felizes. Tínhamos um ambiente diferente das lojas naquela época (2013-2014) com jogos atuais, usados e antigos - tinha de tudo um pouco para os nossos fãs e consumidores.

Minha outra incursão nesse mercado foi o trabalho com tradução e localização de jogos para o mercado nacional nos anos de 2011 e 2012 em parceria com a Quoted, a empresa mais pioneira do Brasil nesse mercado. Tive a oportunidade de trabalhar em diversos jogos para todas as plataformas de nome (não posso divulgar os nomes deles por causa da cláusula de confidencialidade) - mas foi muito legal desenvolver esse trabalho que incluía desde diálogos dos jogos, guias para dublagens, os textos das caixas dos jogos, manuais, entre outros.

Atualmente sigo no mercado automotivo onde também tenho a oportunidade incrível de trabalhar com, e conhecer, tecnologias inovadoras que incluem veículos autônomos, realidade aumentada, realidade virtual, entre outras inovações que também são muito interessantes para um fã de vídeo games.

Mas, voltando ao tema principal, listo abaixo algumas lições que aprendi jogando e que podem ser adotadas para o dia-a-dia.

1. Saber lidar com frustrações

Vivemos em uma era de gratificação instantânea. Todo o conteúdo do mundo está na palma de nossas mãos. Naturalmente, nos acostumamos rapidamente com essa situação e desaprendemos a lidar com frustrações. Queremos tudo para ontem (no trabalho e na vida pessoal). Basta ir a um restaurante e olhar ao redor por alguns minutos. Quantas pessoas pedem a senha do wi-fi antes de pedir a bebida e a comida ao garçom? Estamos presos a esse cordão umbilical tecnológico invisível e isso diminui bastante a nossa tolerância às frustrações.

Essa falta de tolerância se estende ao ambiente profissional. Quantos profissionais recém-egressos da faculdade já não chegam ao trabalho querendo subir instantaneamente? A geração Y, em especial, sofre desse mal aos montes. E o que os jogos eletrônicos podem nos ensinar em relação a isso?

Vamos analisar o mecanismo de risco e recompensa. A maioria esmagadora dos games funciona da seguinte maneira: você precisa dedicar tempo para melhorar suas habilidades e os jogos recompensam o que chamamos de grinding, ou atividades repetitivas. Nossa vida é repleta delas. Para se aperfeiçoar nos jogos, é necessário realizar atividades repetitivas até atingir a perfeição. Com essa mentalidade, podemos transformar essas atividades em algo positivo. Para se tornar um jogador bom, é preciso ter paciência e perseverança. E sabe o que acontece? Quando atingimos esse objetivo, o cérebro libera dopamina!

Ao mesmo tempo que é preciso ter cuidado para não viciar nos jogos, essa liberação faz com que o jogador se habitue a realizar tarefas repetitivas e tenha prazer nisso. Isso é algo que pode ser transformador no ambiente de trabalho. É claro que quase todos nós sonhamos em realizar tarefas diferentes no dia-a-dia, mas é fato que tarefas repetitivas existem em todas as funções (pois isso é algo que não dá para evitar). Então o melhor é abraçar essa realidade com uma mentalidade de jogador e não deixar que elas se tornem entediantes.

Em gêneros mais antigos que incluem os famosos jogos de nave, ou shoot-em-ups, ou em jogos de tiro como Contra (para NES e Arcades) a repetição era tanta que se fazia necessário memorizar fases inteiras para não ser atingido por uma bala. Os jogos antigos eram cruéis. No Contra você tinha 3 tentativas, e a cada bala que o atingisse, uma vida era perdida. Pense que na primeira fase havia uma saraivada de balas te esperando.

Recentemente fizeram um exercício com esse jogo e crianças da geração atual. Qual foi o resultado? Ninguém passou da primeira fase. Não havia tutorial, não havia explicação (só havia o manual com os comandos básicos) e você era jogado no meio da "guerra" para sobreviver. Para conseguir vencer esse jogo, é necessário ter muita perseverança e força de vontade, e isso pode ser aplicado nas tarefas do mundo real com o mesmo empenho.

2. Planejamento Estratégico

Quem joga jogos de aventura ou RPGs sabe o que é chegar em um inimigo no final de uma fase e ter dificuldade de passar dele. Em jogos onde é necessário aperfeiçoar habilidades e ferramentas é comum alguns jogadores apressadinhos chegarem crus no final das fases e terem dificuldades extremas para superar um desafio específico.

Para superar essas situações é necessário verificar quais são suas deficiências no jogo dm questão. Precisa de uma espada específica? É necessário buscá-la. Precisa de mais barras de energia. Volte e treine seu personagem.

Parece bobo, mas o mesmo acontece no mercado de trabalho. É possível almejar algo na carreira e fazer o mesmo exercício. Gostaria de chegar em um cargo X? Invista em um curso específico, veja palestras, tenha vivências, pense fora da caixa e resolva a deficiência técnica para atingir o seu objetivo. Com essa mentalidade é possível planejar a sua carreira e trabalhar em identificar os aspectos que faltam e os que necessitam de melhorias.

3. Imersão

Quantas vezes você já foi almoçar e viu todas as pessoas da mesa hipnotizadas por seus smartphones? A tecnologia é envolvente e, muitas vezes, perigosa. É possível se perder em uma realidade paralela com facilidade. No entanto, essa superconcentração pode ser utilizada de uma maneira bem positiva.

Nos jogos, a imersão é incrível, pois você pode entrar em mundos diferentes e realizar atividades diferentes das que você vive na sua vida cotidiana. Jogos como Tetris e Street Fighter, por exemplo, de puzzle (quebra cabeça) e luta, envolvem treino intenso para que o jogador chegue em nível avançado. Você pode até ter adversários de carne e osso ou online, mas no final das contas o que conta é sempre superar a própria pontuação para seguir em frente. E para isso é necessário ter uma super concentração.

Essa concentração extrema é muito importante para realizarmos tarefas em um mundo tão cheio de distrações e um bombardeio de informações constantes. Com o hábito da imersão é possível entrar de cabeça em uma tarefa e só sair dela com o máximo de aproveitamento e problemas resolvidos. Com objetivos ou missões claras é mais fácil resolver o que é necessário e evitar procrastinações.

Volto com a segunda parte e mais dicas no próximo artigo. Até a próxima!

Rafael Mattos

Gerente Comercial | Head Of Sales | Executivo | Engenheiro

1 a

Lucas, excelente!

Julio Fressa

Aposentado na Consultor de TI

6 a

Conheço a Claerte há muitos anos e sou testemunha da grande profissional que ela é. Líder nata, extremamente confiável e um ser humano de ética e empatia impecáveis.

Claerte Martins

Sócia Diretora na EGaion Consultoria

6 a

Ótimo texto e boas analogias com o trabalho

Elaine da Silva Santos Florencio

Inglês para negócios | Business English | Entrevista em inglês | Tradução currículo | Aula particular | Método Personalizado

6 a

Vou passar esse texto para o meu filho ler também!

Lucas, embora não seja conhecedora de games, eu entendi e adorei suas analogias!!! Muito bom!!!

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