O dilema do Tudo ou Nada desacelerando sua transição

O dilema do Tudo ou Nada desacelerando sua transição

Como disse o filósofo grego Heráclito de Éfeso: "ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras". Ao analisar o ritmo da natureza, ele chama a nossa atenção para uma verdade sobre a nossa própria natureza humana: a movimentação e a dualidade inerente a essa dinâmica. E, mesmo assim, muitas vezes nos observamos indo contra essa corrente em nossa vida profissional.

A cada momento, somos diferentes; nossas escolhas e ações mudam constantemente. Se você pensar nas coisas que você fez no cargo que ocupava há cinco anos atrás e se agora lhe fosse oferecida a mesma oportunidade com certeza você faria muita coisa diferente.

E uma das causas intrínsecas desse movimento é a dualidade inerente à ela. A existência de um SIM para o mesmo e comum todo dia é também um NÃO para o novo. A decisão de permanecer em um trabalho é também um não para uma nova oportunidade que te leva a outro lugar. A escolha de uma porta para adentrar é também a renúncia de mil outras possibilidades de caminhos.

No entanto, nessa dualidade, o tudo e o nada se apresentam como barreiras de oposição ainda maiores a esse movimento em duas significativas circunstâncias:

  1. Quanto mais crescemos, mais nos confrontamos com a necessidade de fazer escolhas significativas. Escolhemos amigos, carreiras, relacionamentos, ambientes de trabalho, e cada escolha implica abrir mão de outras possibilidades. Mas o desejo de querer tudo muitas vezes resulta em escolher nada.
  2. Quantas oportunidades deixamos de aproveitar por medo do tudo que poderia dar errado? E se, ao invés disso, nos perguntássemos: "e se nada der errado e tudo der certo"?


Presos na armadilha do controle excessivo, tentamos moldar cada milímetro do nosso caminho futuro barrando o seu movimento natural. Quem retrata isso muito bem de forma um tanto quanto ilustrada em fatos da vida real é o físico, astrônomo, professor e escritor Marcelo Gleiser em sua obra "A simples beleza do inesperado" que chegou a ganhar o Prêmio Jabuti. Em um trecho do livro, ele destaca:

"Queremos ver mais do que podemos. Sabemos menos do que gostaríamos. Muito do conhecimento humano resulta da tensão criativa entre o querer e o não poder".

E assim acabamos por transformar o que poderia ser um novo dia, um novo caminho e uma nova rua em: mais um dia, a mesma rua e o mesmo caminho.

Reconhecer essas dualidades se faz fundamental, principalmente em períodos de transição, para que elas nos impulsionem para a ação e possamos assim abraçar o inesperado para nos abrirmos a oportunidades de descoberta e expansão.

Flavio Zorzetto

Mentor de líderes e profissionais que querem se desenvolver | Mentor de carreira | Consultor de empresas em práticas eficientes de gestão de pessoas | Educador Corporativo e Palestrante | Executivo de RH

1 a

Ótimo texto, Kelly Galesi. Me fez refletir bastante. Obrigado.

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