O poder do macho II
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O documento discute a supremacia masculina na sociedade capitalista, comparando-a com formas sociais anteriores. Na sociedade capitalista, a desigualdade é proclamada como igualdade formal, mas na prática a exploração da mulher e dos trabalhadores continua, beneficiando as classes dominantes através da simbiose entre patriarcado, racismo e capitalismo.
O poder do macho II
- 1. A S U P R E M A C I A M A S C U L I N A N A S O C I E D A D E C A P I TA L I S TA
- 2. Refletir sobre a questão da igualdade na sociedade capitalista: entre a sociedade capitalista e as formas anteriores – asiática, escravista, feudal e outras – há uma diferença importante.
- 3. Nas sociedades escravocratas e feudais, os pobres também eram explorados. Nas primeiras, os escravos nem sequer eram considerados pessoas. Eram tidos como coisas de propriedade de um punhado de senhores, que levavam vida ociosa. Nas segundas, os servos deviam obediência e lealdade absolutas aos seus senhores, que não tinham obrigação de trabalhar, e tinham até o direito de deflorar as noivas antes que seus maridos pudessem recebê-las para a vida conjugal. Nestes dois tipos de sociedade, as pessoas não eram, nem na pratica, nem na lei, consideradas
- 4. A sociedade capitalista também é uma sociedade de classes. Porém, entre ela e as formas anteriores – asiática, escravista, feudal e outras – há uma diferença importante Nas sociedades anteriores a desigualdade era tida como algo NATURAL. Por isso mesmo, a exclusão das classes subalternas do acesso à riqueza também era visto como algo absolutamente natural. Escravidão Negra no Brasil Escravos Indígenas Brasil Camponeses no Egito Ao contrário, na sociedade burguesa é proclamada a IGUALDADE de todos os homens por natureza. Igualdade formal (lei) Desigualdade real (prática) (livre iniciativa, mérito, sucesso individual, criatividade) 4
- 5. 5 O capitalismo é um sistema de produção baseado na exploração da mão-de-obra assalariada, com o auxilio de tecnologia crescentemente sofisticada. Os não-proprietários dos meios de produção vendem sua força de trabalho. Isto é, o patrão tem direito de usar a força de trabalho do empregado por um determinado espaço de tempo, pagando-lhe o salário combinado.
- 6. A redução da jornada de trabalho não provoca a diminuição dos lucros do patrão? Nisto reside a particularidade do capitalismo. Aumento de produção e diferente de aumento de produtividade. 1. Aumento da Produção: consistiria na duplicação do espaço físico da fábrica, das matérias-primas, da energia, do número de trabalhadores e dos equipamentos, mantendo-se a mesma técnica. 2. Aumento da Produtividade: adoção de tecnologia mais moderna, capaz de aumentar a produtividade do trabalho humano. O mesmo número de trabalhadores seria capaz de consumir quantidades maiores de matérias-primas, transformando-as em quantidades também maiores de mercadorias prontas para o comércio.
- 7. Relação: Passado x Presente Horas: Jornada de Trabalho no mundo - 2019
- 8. Holanda – 29,2 Dinamarca com 32,4 horas Em contrapartida, Jack Ma, fundador do e-commerce Alibaba, se manifestou recentemente sobre o assunto a favor de uma jornada de trabalho conhecida como “996” – ou seja, das 9h às 21h, seis dias por semana.
- 10. Graças a isto, o patrão pode aumentar os salários de seus empregados, aumentar-lhes as férias, reduzir-lhes a jornada de trabalho e, assim mesmo, elevar seus lucros. Daí a dificuldade de se perceber a intensidade da exploração de que e vítima o trabalhador. Trata-se apenas de liberdade formal. Na prática, que significado tem a liberdade para quem deve vender sua força de trabalho, sujeitando-se as leis do mercado?
- 11. De fato e graças a elevação dos lucros extraídos do trabalho dos assalariados que os capitalistas conseguem acumular quantidades crescentes de capital. Sob a forma de dinheiro, de equipamentos, de matérias- primas, de tecnologia, de edifícios, o capital extrai lucros do trabalho assalariado.
- 12. Deste modo, o capital, que assume diferentes formas, e uma relação social. Nem sempre o dinheiro e capital. O dinheiro aplicado em caderneta de poupança não e capital, pois e incapaz de estabelecer uma relação social. Diferentemente do dinheiro aplicado nas construções de fábricas, agriculturas...
- 13. Acumulação e miséria são, portanto, polos de um mesmo processo, faces de uma mesma moeda.
- 14. A miséria só existe em países subdesenvolvidos? Caso dos EUA (p.46)
- 16. Calcula-se que o homem haja estabelecido seu domínio sobre a mulher há cerca de seis milênios. São múltiplos os planos da existência cotidiana em que se observa esta dominação. Um nível extremamente significativo deste fenômeno diz respeito ao poder político. Em termos muito simples, isto quer dizer que os homens tomam as grandes decisões que afetam a vida de um povo. O PATRIARCADO (p.47) 16 Cargos de mando – Partidos Políticos (Direita e Esquerda), Sindicatos Levantar dados sobre participação da mulher na vida política
- 17. A subordinação da mulher ao homem, contudo, não existe tão-somente no terreno político. Ela e marcante no campo econômico. Dominação + Exploração
- 18. O patriarcado não se resume a um sistema de dominação, modelado pela ideologia machista. Mais do que isto, ele e também um sistema de exploração. (Mito da mulher multifuncional)
- 19. Enquanto a dominação pode, para efeitos de análise, ser situada essencialmente nos campos político e ideológico, a exploração diz respeito diretamente ao terreno econômico.
- 23. Dominação sentido ideológico (atitude de submissão na vida cotidiana, atribuições de obrigações como afazeres domésticos). Naturalização da exploração e violência nas propagandas
- 24. Chase & Sanborn Coffee apresentou uma propaganda onde o marido dava a liberdade de bater na esposa, caso o café que é servido a ele não venha a ser fresco. “Se o seu marido, algum dia, descobrir que você não está pesquisando qual é o café mais fresco…” Café Chase and Sanborn (1950) "Mostre para ela que o mundo é dos homens"
- 26. Exploração no mundo do trabalho na qual a mulher é submetida ao aceitar as condições de exploração intensas no mercado de trabalho e também da família.
- 27. O preconceito racial Na "ordem das bicadas" neste pais, a mulher negra ocupa a última posição. Ela e duplamente discriminada: enquanto mulher e enquanto negra. De acordo com modelo oficial, cabem-lhe, fundamentalmente, dois papeis: o de ... passado e presente
- 28. Embora nenhuma pesquisa haja demonstrado que a negra ou a mulata seja mais sensual do que a branca, é assim que a mulher de sangue negro é socialmente considerada. Interessa ao homem branco alimentar este mito, pois, por tradição, está habituado a "usar sexualmente" negras ou mulatas.
- 29. • Desconfiança entre pessoas socialmente desiguais Para a autora a confiança só existe entre iguais. Enquanto houver diferenças sociais entre negros e brancos, entre homens e o clima das relações entre uns e outros e entre uns e outras trará sempre está componente da desconfiança.
- 30. • A representação social do estuprador encarnada pelo homem negro • Fruto de uma construção racista sobre o negro, contrapondo com os dados do passado apresentados por Saffioti e do presente, vemos que a maior parte dos agressores estão na núcleo familiar da vitima.
- 31. Não há, nas camadas menos privilegiadas da população, um número relativamente maior de estupros. Isto prova que a violência não e "privilegio" de pobre. Os membros das classes medias e da burguesia são também violentos. Machado ou revólver: O resultado objetivo é o mesmo: o homicídio de mulheres por seus companheiros.
- 32. Quem é feliz neste jogo de instrumentalizações? Ninguém, sempre que um ser humano e usado como instrumento para a obtenção de uma meta, anula-se sua humanidade.
- 34. Classe trabalhadora Quem estaria disposto a submeter-se a oito horas diárias de trabalho, apertando parafusos de uma roda de automóvel, não fora esta subordinação dos que nada possuem em relação aos proprietários dos meios de produção. A necessidade de sobreviver desempenha, é obvio, um papel fundamental nesta domesticação dos trabalhadores homens e mulheres.
- 35. CLASSES MÉDIA Dado seu desejo de ascensão social, as classes medias frequentemente manifestam-se favoráveis a conservação da sociedade de classes. As classes médias tendem ao conservadorismo. Temem mudanças aspiradas pelas camadas mais oprimidas, pois tais alterações da ordem social ameaçam as posições sociais alcançadas por estes setores médios.
- 36. PATRIARCADO-RACISMO-CAPITALISMO Não foi o capitalismo, sistema de dominação-exploração muitíssimo mais jovem que os outros dois, que "inventou" o patriarcado e o racismo. Com a emergência do capitalismo, houve a simbiose, a fusão, entre os três sistemas de dominação-exploração Quem são os beneficiados desta simbiose?
- 37. Aparentemente os homens são vitoriosos, pois detém poder sobre as mulheres. Mas que preço pagam pelo exercício desta dominação?
- 38. Homens transmitem aos filhos esta mesma maneira de agir. A mulher também colabora neste sentido, pois a educação diferenciada aos filhos e filhas. Afirma-se, com frequência, que a mulher e a maior responsável pela transmissão destes padrões de comportamento. Esta afirmação e extremamente perigosa. Culpabilizam se as mulheres por quase tudo que sai errado na família
- 39. As classes dominantes usufruem da simbiose dos três sistemas de dominação-exploração, na medida em que esta simbiose consolida o poder do homem, branco, adulto e rico. Quem são os beneficiados desta simbiose? As mulheres das classes privilegiadas é dado o direito de usufruir da riqueza que possuem, riqueza esta amealhada graças a exploração das classes trabalhadoras em geral, e especificamente da mais intensa exploração de mulheres e negros destas camadas.
- 40. A burguesia formula normas de conduta através das quais subordina os trabalhadores, mas não se submete a elas. Esta e verdade válida para todos os campos da vida humana, dela não escapando o terreno sexual. “A mulher de César deve estar acima de qualquer suspeita”. "À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”.
- 41. As classes medias sempre se preocuparam muito com "o que Vão dizer os outros". Em nome disto, preservavam uniões legais, que escondiam maus relacionamentos.
- 42. No interior das classes trabalhadoras, muitos adeptos da ideologia dominante, segundo a qual e melhor manter as aparências, ainda que as relações do casal sejam ruins. Nestes casos, em geral, a mulher leva a pior, pois dela e exigida a fidelidade ao marido, enquanto este tem a aprovação da sociedade quando se comporta como dom-juan, conquistando
- 43. É preciso reconhecer a maior dificuldade de viver, enfrentada pela mulher pobre abandonada pelo marido. Enquanto a burguesa somente fica menos rica, a mulher pobre pode estar exposta a fome, o mesmo ocorrendo com seus filhos. Ivonete da Silva, 14 anos, é mãe de Rayslani, de 1 ano. Thainá Darri, 17, casada desde os 15, está grávida e desistiu de estudar
- 44. O patriarcado-racismo-capitalismo beneficia, em primeiro lugar, o homem rico, branco e adulto. Em segundo plano, na ordem dos beneficiados, vem a mulher rica, branca e adulta. Esta segunda posição e bastante diversa da primeira, uma vez que envolve a dependência da mulher em relação ao homem. De qualquer forma, a mulher burguesa sofre em situação de maior conforto que a mulher pobre.
- 45. Estes três sistemas de dominação- exploração fundiram se de tal maneira, que será impossível transformar um deles, deixando intactos os demais.