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MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA
1
Porto de Lisboa
Paulo Oliveira Ramos
MOOC - LISBOA E O MAR
TEMA 2
MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA
2
“O que cousa tam maravilhosa que he vosso muy nobre porto de
Lyxboahejá feyto porto da Índia,ho qualnom soo sobrepojatodollos
portos da nossa Europa, mas ajnda os de Africa e Asya.”
Valentim Fernandes, 1502
-¡Albricias, senores, albricias pido y albricias merezco! ¡Tierra! ¡Tierra! Aunque mejor diría
¡cielo!, ¡cielo!, porque sin duda estamos en el paraje de la famosa Lisboa.
[…]
Aquí el amor y la honestidad se dan las manos, y se pasean juntos, la cortesia no deja que
se le llegue la arrogancia, y la bravezano consiente que se le acerque la cobardía. Todossus
moradores son agradables, son corteses, son liberales y son enamorados, porque son discretos. La
ciudad es la mayor de Europa y la de mayorestratos; en ella se descargan las riquezas del Oriente,
y desde ella se reparten por el universo;su puerto es capaz, no solo de naves que se puedan
reducir a numero, sino de selvas movibles de arboles que los de las navesforman; la hermosura
de las mujeres admira y enamora; la bizarría de los hombres pasma, como ellos dicen; finalmente,
esta es la tierra que da al cielo santo y copiosísimo tributo.
Miguel Cervantes, 1617
MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA
3
Francisco de Holanda, “FIGVRA DE LYSBOA”, desenho inserto na
obra Da fabrica que faleçe ha Çidade De Lisboa, 1571.
Graças a uma excelente situaçao geografica e as extraordinarias condiçoes naturais
do estuario do Tejo o Porto de Lisboa foi um centro privilegiado do conjunto dos
portos do reino que viveram as gestas dos Descobrimentos e da Expansao. Porto de
cruzamento de diversas rotas, primeiro entre o mar mediterraneo e o oceano
atlantico e, depois, entre a Europa e o resto do mundo, o Porto de Lisboa e ainda hoje
o mais importante complexo portuario do País
MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA
4
Lisboa, Entreposto Comercial
Desde bem cedo que embarcaçoes arribavam a Lisboa de varios pontos do reino e
do estrangeiro alem de outras que, num vaivem constante, ligavam as duas margens
do estuario e os portos fluviais que se distribuíam ao longo do curso do rio Tejo ate
Abrantes. Este cenario movimentado do porto de Lisboa foi ja referido no tempo de
D. Fernandoi, nono rei de Portugal, pelo cronista Fernao Lopesii:
Havia outrossimais em Lisboa estantesde muitasterras, nomem uma soo casa,
mas muitas casas de uma naçom, assi como genoeses e prazntiis e lombardos, e
catalães d’Aragom e de Maiorgua, e de Millam, que chamavom millaneses, e
corciins e bixcainhos e assi d’outras nações, a que os reis davom privilegios e
liberdades, sentindo-o por seu serviço e proveito; e estes faziam vir e enviavom
do reino grandes e grossas mercadarias, em guisa que afora as outras cousas
de que em essa cidade abastadamente carregar podiam, somente de vinhos foi
um ano achado que se carregarom doze mil toneis, afora os que levaram depois
os navios na segunda carregaçom de março.E portanto vinham de desvairadas
partes muitos navios a ela [Lisboa], em guisa que com aqueles que vinham de
fora e com os que no reino havia, jaziam muitas vezes ante a cidade
quatrocentos e quinhentos navios de carregaçom; e estavam à carrega no rio
de Sacavem, e à ponta do Montijo, da parte de Ribatejo, sessenta e setenta
navios em cada lugar, carregando de sal e de vinhos; e pela grande espessura
de muitos navios que assim jaziam ante a Lisboa, como dizemos, iam antes as
barcas de Almada aportar a Santos, que é a um grande espaço da cidade, não
podendo marear por entre eles.iii
O olhar de dois embaixadores venezianos, os Cavalieri Vincenzo Tron e Girolamo
Lippomano, contido no relato da viagem que realizaram em Portugal no ano de 1581,
acrescenta o olhar do estrangeiro sobre Lisboa, as gentes de diversíssima
proveniencia que aí comerciavam e os negocios que nela tinham quotidianamente
lugar:
MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA
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O comércio da praça de Lisboa é muito considerável pela correspondencia que tem
ordinariamente com todas as outras da Europa e do Novo-Mundo, de modo que as
permutações são importantíssimas, e os negociantes possuem grossos cabedais;
porquesó nasespeciarias edrogas,quevêmaLisboa,depois queexpiroupelosanosde
1504, o comercio da Syria e d’Alexandria, ganham rios de dinheiro, que perdem os
nossos venezianos, pois eram eles quem fazendo trazer estas preciosas mercadorias
pelo Mar-Rôxo a Beyruth e a Alexandria, d’alli as transportavam a Veneza nas galés
d´alto bordo. […]
A carga de Lisboaconsistiaprincipalmenteempimenta a granel,que deviasubir, por
contracto, pelo menos a trinta mil quintaes, e que se dividia, metade para el-rei, que
não entrava neste negócio com somma alguma, e a outra metade para os
contactadores que tinham o exclusivo da pimenta […]
Do reino deSofalavinhamtodos os anos aLisboa,170barras d’ouro,eumabarravale
para cima de 300 ducados; tambem de Sofala e de toda a Guiné vinha grande
quantidade de marfim […] Traziam-se igualmente a Lisboa sedas da China, panos
finissimoseordinariosdealgodão do Brasil,belos tapetesdaPersia,ébano,aguila,pau
brasil,dixeselouçatransparentedeporcelana,borax,camphora,laca,aloes-hepatico,
tamarindos,cera,almiscar, ambar, algalia,beijoim,pérolas,rubins,diamantes emais
pedraspreciosasemabundância,eoutras varias mercadorias,queiamdo Egyptopara
Alexandria,asquaes,todavia,não eramamilesimapartedas quevinhamaLisboanas
sobreditas frotas […] iv
O Porto Quinhentista
Em meados do seculo XVI Joao Brandao (de Buarcos), fidalgo da Casa Real e rendeiro da
dízima do carvao, escreveu que “em nenhuma cidade se achara tanta maneira de gente e
navegantes”v. Lisboa tinha-se tornado o grande entreposto comercial da Europa Ocidental,
e o seu maior mercado distribuidor.
Para facilitar o comercio, por um lado, e para enobrecer a cidade, por outro, D. Manuel
iniciou entao um conjunto de obras que transformaria a beira-rio da capital de Portugal.
Damiao de Gois (1502-1574), o notavel humanista portugues, haveria de escrever em dois
dos seus trabalhos sobre as obras realizadas em Lisboa no reinado do monarca que se
MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA
6
intitulou “Rei de Portugal e dos Algarves d’Aquem e d’alem Mar em Africa, Senhor da Guine
e da Conquista, Navegaçao e Comercio da Etiopia, Arabia, Persia e da India”:
Mandou fazer de novo o caes da pedra de Lisboa, e tabuleiros de longo da prais
[…] Mandou fazer o Terreiro [do Paço] que está diante dos paços da ribeira de
Lisboa que era tudo praia, o que se fez com grão trabalho, e despesa até se
ganhar ao mar como agora está vi
Começou a casa da alfândega de Lisboa a qual acabou E-Rei dom João seu filho
vii [que descreveu em Urbis Olisiponis Descriptio como] uma mole imensa de
pedra, escorada com grandes estacas muitojuntas;espetadas a maço nomar.viii
Depois que começou a conquistar a Índia mandou de novo fazer os magníficos
e sumptuosos Paços da ribeira de Lisboa […] fez de novo as casas dos Almazéns
de Lisboa […] Começou as Tercenas da porta da Cruz, as quais mandou fazer
para nelas guardar, e fundir artilharia, e assim as [Tercenas] de Cataquefarás,
e a casa da pólvora em Lisboa.ix
De todos os trabalhos portuarios entao realizados destacou-se o cais da pedra, na
verdade um molhe, o Moles lapidum, a referencia nº 130 da conhecida gravura de
Olissipo integrada na publicaçao de Braun e Hogenberg Civitates orbis terrarum.
A Ribeira das Naus
Depois da construçao junto do Tejo do Paço Real, iniciada em 1500, o talvez mais
significativo exemplo de ocupaçao da margem foi a ampliaçao das pre-existentes
tercenas navais dionisíacas que se tornariam, durante o reinado do Venturoso, na
grande Ribeira das Naus, estaleiro principal da aventura marítima portuguesa.
Em 1584, o padre Duarte de Sande descreveu o Arsenal da Ribeira das Naus da
seguinte maneira:
MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA
7
Occupa esteumespaço vastissimo fechadoempartepelos muros daCidade,eemparte
pelasobrasdo mesmo paço,e estende-seatéao mar. Construe-sealitodo o genero de
navios, e especialmente essas grandes naus e galeões que abriram a navegação da
India,ea conservamaindacomas suas continuas derrotas.Diz-sequeaconstrução de
cada huma d’estas naus custa vinte mil cruzados. É admiravel aqui, na verdade, a
abundanciadetudo o queénecessario paraabasteceraarmada,pois não faltagrande
quantidade de mastros, vergas e calabres muito ensebados e compridos;toda a sorte
depeze alcatrão;nema artedeamolecero ferro eo aço;nemfinalmenteas machinas
e engenhosparalevantarpesos,abundando Lisboaemsubido graude tudo isto, quer
de invenção portugueza, quer de importação estrangeirax.
Em 1522, na Ribeira das Naus, segundo a obra Majestade e Grandezas de Lisboa, de
Joao Brandao, trabalhavam quotidianamente 120 carpinteiros e 150 calafates.
De acordo com Cristovao Rodrigues de Oliveira,cerca de 1551, nele ocupavam-se um
provedor mor, um tesoureiro, quatro escrivaes, seis homens de serviço, um mestre
de velas com quatro obreiros e oito mulheres que faziam velas latinas, um patrao
mor pequeno com seis trabalhadores permanentes, um almoxarife dos alimentos e
um seu escrivao, a que se deverao juntar aqueloutros que pertenciam ao
Almoxarifado da Ribeira, a saber: um almoxarife “que tem cuidado da madeira das
naos E velas E cordoalha E ancoras, E toda a mais muniçao” xi, um escrivao, dois
alcaides do mar, um apontador, dois homens da casa, um apontador das obras, seis
guardas, um guarda das caravelas de Cabo Verde, duzentos e vinte sete carpinteiros,
cem calafates com vinte cinco outros trabalhadores e oito serradores das obras.
No seculo seguinte, Frei Nicolau de Oliveira registaria 600 carpinteiros e 600
calafates.
Neste bosquejo sobre Lisboa e o seu porto no tempo dos Descobrimentos lembre-se,
ainda, os principais mantimentos para a tripulaçao que, habitualmente, uma nau da
India levava.Segundo o Livro em que se contem toda a Fazenda xii, de Luís Figueiredo
MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA
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Falcao, essas provisoes eram as seguintes: biscoito – 1.074 quintais; vinho – 115
pipas; carne – 1.086 arrobas; agua – 244 pipas; sardinhas – 130 arrobas.
Para dar resposta as necessidades de abastecimento das caravelas e naus ergueram-
se, na area do porto de Lisboa, outras estruturas de produçao, tais como os Fornos
de Val do Zebro, onde se fazia o biscoito para as Armadas, Naus da Índia, Conquistas,
e Fortalezas do Reino. Esta industria alimentar e o grande consumo de pao no
período dos Descobrimentos contribuiu de modo extraordinario para a expansao da
industria moageira em todo o estuario do Tejo, que aproveitou a energia das mares.
Na area ribeirinha, desde Alcantara, em Lisboa, Mutela, em Almada, ate aos esteiros
dos concelhos do Seixal, Barreiro, Moita e Montijo, instalaram-se 37 moinhos de
mare que, em parte, farinaram ate ao seculo XX. Para o transporte dos produtos
alimentares –solidos e líquidos –desenvolveu-se a industria da ceramica (as olarias)
e a tanoaria.
(*) Este texto sobre o porto de Lisboa e tributario de anteriores trabalhos do autor: “A Zona Ribeirinha de
Lisboa (Historia de uma relaçao)”, in Área Metropolitana de Lisboa e o Estuário do Tejo, Lisboa,
Urbe/Cadernos 1, 1990, pp. 5-11, “Portos: uma (velha) Historia, um (novo) Patrimonio, in Pavilhão do
Conhecimento do Mar. Catálogo Oficial, Lisboa, Expo´98, 1998, pp. 225-237, “Porto de Lisboa”, in Dicionário
de História de Lisboa, Lisboa, Carlos Quintas & Associados, 1994, pp. 724-727 e de dois outros feitos em co-
autoria: 100 Anos do Porto de Lisboa, Lisboa, Administraçao do Porto de Lisboa, 1987 e Porto de Lisboa.
MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA
9
Subsídios para o Estudo das Obras, Equipamentos e Embarcações na Perspectiva da Arqueologia Industri al,
Lisboa, Administraçao Geral do Porto de Lisboa, 1985.
i D. Fernando (1345-1383) rei entre 1367 e 1383.
ii Fernao Lopes (1380?-ca.1460) foi guarda-mor da Torre do Tombo e cronista.
iii Fernao Lopes, Crónica de D. Fernando, Ed. crítica, introduçao e índices de Giuliano Macchi, Lisboa,
Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2004, p. 6.
iv “Relazione del Viaggio Sig.ri cav.ri Tron e Lippomani […] L’anno MDLXXXI”, in Panorama, vol. 2º, 2ª serie,
nº 64, 1843, p. 83.
v Joao Brandao (de Buarcos), Grandeza e Abastança de Lisboa em 1552, Lisboa, Livros Horizonte, 1990, p.
112.
vi Damiao de Gois, Cronica de D. Manuel, in Descrição de Lisboa, Lisboa, Livros Horizonte, 1988, p. 75.
vii Idem, ibidem.
viii Damiao de Gois, Descrição de Lisboa, p. 55
ix Damiao de Gois, Cronica de D. Manuel, in Descrição de Lisboa, Lisboa, Livros Horizonte, 1988, p. 75.
x P. Duarte de Sande, “Lisboa em 1584”, in Archivo Pittoresco, vol. VI, 1863, p. 78.
xi Cristovao Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551. Sumário em que brevemente se contêm algumas coisas
assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa (1551), Lisboa, Livros Horizonte, 1987, p. 90.
xii Luiz de Figueiredo Falcao, Livro em que se contem toda a fazenda e real patrimonio dos reinos de Portugal,
India, e ilhas adjacentes e outras particularidades, ordenado por Luiz de Figueiredo Falcão, secretario de el rei
Filippe II, (1607), Lisboa, Imprensa Nacional, 1859.

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  • 2. MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA 2 “O que cousa tam maravilhosa que he vosso muy nobre porto de Lyxboahejá feyto porto da Índia,ho qualnom soo sobrepojatodollos portos da nossa Europa, mas ajnda os de Africa e Asya.” Valentim Fernandes, 1502 -¡Albricias, senores, albricias pido y albricias merezco! ¡Tierra! ¡Tierra! Aunque mejor diría ¡cielo!, ¡cielo!, porque sin duda estamos en el paraje de la famosa Lisboa. […] Aquí el amor y la honestidad se dan las manos, y se pasean juntos, la cortesia no deja que se le llegue la arrogancia, y la bravezano consiente que se le acerque la cobardía. Todossus moradores son agradables, son corteses, son liberales y son enamorados, porque son discretos. La ciudad es la mayor de Europa y la de mayorestratos; en ella se descargan las riquezas del Oriente, y desde ella se reparten por el universo;su puerto es capaz, no solo de naves que se puedan reducir a numero, sino de selvas movibles de arboles que los de las navesforman; la hermosura de las mujeres admira y enamora; la bizarría de los hombres pasma, como ellos dicen; finalmente, esta es la tierra que da al cielo santo y copiosísimo tributo. Miguel Cervantes, 1617
  • 3. MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA 3 Francisco de Holanda, “FIGVRA DE LYSBOA”, desenho inserto na obra Da fabrica que faleçe ha Çidade De Lisboa, 1571. Graças a uma excelente situaçao geografica e as extraordinarias condiçoes naturais do estuario do Tejo o Porto de Lisboa foi um centro privilegiado do conjunto dos portos do reino que viveram as gestas dos Descobrimentos e da Expansao. Porto de cruzamento de diversas rotas, primeiro entre o mar mediterraneo e o oceano atlantico e, depois, entre a Europa e o resto do mundo, o Porto de Lisboa e ainda hoje o mais importante complexo portuario do País
  • 4. MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA 4 Lisboa, Entreposto Comercial Desde bem cedo que embarcaçoes arribavam a Lisboa de varios pontos do reino e do estrangeiro alem de outras que, num vaivem constante, ligavam as duas margens do estuario e os portos fluviais que se distribuíam ao longo do curso do rio Tejo ate Abrantes. Este cenario movimentado do porto de Lisboa foi ja referido no tempo de D. Fernandoi, nono rei de Portugal, pelo cronista Fernao Lopesii: Havia outrossimais em Lisboa estantesde muitasterras, nomem uma soo casa, mas muitas casas de uma naçom, assi como genoeses e prazntiis e lombardos, e catalães d’Aragom e de Maiorgua, e de Millam, que chamavom millaneses, e corciins e bixcainhos e assi d’outras nações, a que os reis davom privilegios e liberdades, sentindo-o por seu serviço e proveito; e estes faziam vir e enviavom do reino grandes e grossas mercadarias, em guisa que afora as outras cousas de que em essa cidade abastadamente carregar podiam, somente de vinhos foi um ano achado que se carregarom doze mil toneis, afora os que levaram depois os navios na segunda carregaçom de março.E portanto vinham de desvairadas partes muitos navios a ela [Lisboa], em guisa que com aqueles que vinham de fora e com os que no reino havia, jaziam muitas vezes ante a cidade quatrocentos e quinhentos navios de carregaçom; e estavam à carrega no rio de Sacavem, e à ponta do Montijo, da parte de Ribatejo, sessenta e setenta navios em cada lugar, carregando de sal e de vinhos; e pela grande espessura de muitos navios que assim jaziam ante a Lisboa, como dizemos, iam antes as barcas de Almada aportar a Santos, que é a um grande espaço da cidade, não podendo marear por entre eles.iii O olhar de dois embaixadores venezianos, os Cavalieri Vincenzo Tron e Girolamo Lippomano, contido no relato da viagem que realizaram em Portugal no ano de 1581, acrescenta o olhar do estrangeiro sobre Lisboa, as gentes de diversíssima proveniencia que aí comerciavam e os negocios que nela tinham quotidianamente lugar:
  • 5. MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA 5 O comércio da praça de Lisboa é muito considerável pela correspondencia que tem ordinariamente com todas as outras da Europa e do Novo-Mundo, de modo que as permutações são importantíssimas, e os negociantes possuem grossos cabedais; porquesó nasespeciarias edrogas,quevêmaLisboa,depois queexpiroupelosanosde 1504, o comercio da Syria e d’Alexandria, ganham rios de dinheiro, que perdem os nossos venezianos, pois eram eles quem fazendo trazer estas preciosas mercadorias pelo Mar-Rôxo a Beyruth e a Alexandria, d’alli as transportavam a Veneza nas galés d´alto bordo. […] A carga de Lisboaconsistiaprincipalmenteempimenta a granel,que deviasubir, por contracto, pelo menos a trinta mil quintaes, e que se dividia, metade para el-rei, que não entrava neste negócio com somma alguma, e a outra metade para os contactadores que tinham o exclusivo da pimenta […] Do reino deSofalavinhamtodos os anos aLisboa,170barras d’ouro,eumabarravale para cima de 300 ducados; tambem de Sofala e de toda a Guiné vinha grande quantidade de marfim […] Traziam-se igualmente a Lisboa sedas da China, panos finissimoseordinariosdealgodão do Brasil,belos tapetesdaPersia,ébano,aguila,pau brasil,dixeselouçatransparentedeporcelana,borax,camphora,laca,aloes-hepatico, tamarindos,cera,almiscar, ambar, algalia,beijoim,pérolas,rubins,diamantes emais pedraspreciosasemabundância,eoutras varias mercadorias,queiamdo Egyptopara Alexandria,asquaes,todavia,não eramamilesimapartedas quevinhamaLisboanas sobreditas frotas […] iv O Porto Quinhentista Em meados do seculo XVI Joao Brandao (de Buarcos), fidalgo da Casa Real e rendeiro da dízima do carvao, escreveu que “em nenhuma cidade se achara tanta maneira de gente e navegantes”v. Lisboa tinha-se tornado o grande entreposto comercial da Europa Ocidental, e o seu maior mercado distribuidor. Para facilitar o comercio, por um lado, e para enobrecer a cidade, por outro, D. Manuel iniciou entao um conjunto de obras que transformaria a beira-rio da capital de Portugal. Damiao de Gois (1502-1574), o notavel humanista portugues, haveria de escrever em dois dos seus trabalhos sobre as obras realizadas em Lisboa no reinado do monarca que se
  • 6. MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA 6 intitulou “Rei de Portugal e dos Algarves d’Aquem e d’alem Mar em Africa, Senhor da Guine e da Conquista, Navegaçao e Comercio da Etiopia, Arabia, Persia e da India”: Mandou fazer de novo o caes da pedra de Lisboa, e tabuleiros de longo da prais […] Mandou fazer o Terreiro [do Paço] que está diante dos paços da ribeira de Lisboa que era tudo praia, o que se fez com grão trabalho, e despesa até se ganhar ao mar como agora está vi Começou a casa da alfândega de Lisboa a qual acabou E-Rei dom João seu filho vii [que descreveu em Urbis Olisiponis Descriptio como] uma mole imensa de pedra, escorada com grandes estacas muitojuntas;espetadas a maço nomar.viii Depois que começou a conquistar a Índia mandou de novo fazer os magníficos e sumptuosos Paços da ribeira de Lisboa […] fez de novo as casas dos Almazéns de Lisboa […] Começou as Tercenas da porta da Cruz, as quais mandou fazer para nelas guardar, e fundir artilharia, e assim as [Tercenas] de Cataquefarás, e a casa da pólvora em Lisboa.ix De todos os trabalhos portuarios entao realizados destacou-se o cais da pedra, na verdade um molhe, o Moles lapidum, a referencia nº 130 da conhecida gravura de Olissipo integrada na publicaçao de Braun e Hogenberg Civitates orbis terrarum. A Ribeira das Naus Depois da construçao junto do Tejo do Paço Real, iniciada em 1500, o talvez mais significativo exemplo de ocupaçao da margem foi a ampliaçao das pre-existentes tercenas navais dionisíacas que se tornariam, durante o reinado do Venturoso, na grande Ribeira das Naus, estaleiro principal da aventura marítima portuguesa. Em 1584, o padre Duarte de Sande descreveu o Arsenal da Ribeira das Naus da seguinte maneira:
  • 7. MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA 7 Occupa esteumespaço vastissimo fechadoempartepelos muros daCidade,eemparte pelasobrasdo mesmo paço,e estende-seatéao mar. Construe-sealitodo o genero de navios, e especialmente essas grandes naus e galeões que abriram a navegação da India,ea conservamaindacomas suas continuas derrotas.Diz-sequeaconstrução de cada huma d’estas naus custa vinte mil cruzados. É admiravel aqui, na verdade, a abundanciadetudo o queénecessario paraabasteceraarmada,pois não faltagrande quantidade de mastros, vergas e calabres muito ensebados e compridos;toda a sorte depeze alcatrão;nema artedeamolecero ferro eo aço;nemfinalmenteas machinas e engenhosparalevantarpesos,abundando Lisboaemsubido graude tudo isto, quer de invenção portugueza, quer de importação estrangeirax. Em 1522, na Ribeira das Naus, segundo a obra Majestade e Grandezas de Lisboa, de Joao Brandao, trabalhavam quotidianamente 120 carpinteiros e 150 calafates. De acordo com Cristovao Rodrigues de Oliveira,cerca de 1551, nele ocupavam-se um provedor mor, um tesoureiro, quatro escrivaes, seis homens de serviço, um mestre de velas com quatro obreiros e oito mulheres que faziam velas latinas, um patrao mor pequeno com seis trabalhadores permanentes, um almoxarife dos alimentos e um seu escrivao, a que se deverao juntar aqueloutros que pertenciam ao Almoxarifado da Ribeira, a saber: um almoxarife “que tem cuidado da madeira das naos E velas E cordoalha E ancoras, E toda a mais muniçao” xi, um escrivao, dois alcaides do mar, um apontador, dois homens da casa, um apontador das obras, seis guardas, um guarda das caravelas de Cabo Verde, duzentos e vinte sete carpinteiros, cem calafates com vinte cinco outros trabalhadores e oito serradores das obras. No seculo seguinte, Frei Nicolau de Oliveira registaria 600 carpinteiros e 600 calafates. Neste bosquejo sobre Lisboa e o seu porto no tempo dos Descobrimentos lembre-se, ainda, os principais mantimentos para a tripulaçao que, habitualmente, uma nau da India levava.Segundo o Livro em que se contem toda a Fazenda xii, de Luís Figueiredo
  • 8. MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA 8 Falcao, essas provisoes eram as seguintes: biscoito – 1.074 quintais; vinho – 115 pipas; carne – 1.086 arrobas; agua – 244 pipas; sardinhas – 130 arrobas. Para dar resposta as necessidades de abastecimento das caravelas e naus ergueram- se, na area do porto de Lisboa, outras estruturas de produçao, tais como os Fornos de Val do Zebro, onde se fazia o biscoito para as Armadas, Naus da Índia, Conquistas, e Fortalezas do Reino. Esta industria alimentar e o grande consumo de pao no período dos Descobrimentos contribuiu de modo extraordinario para a expansao da industria moageira em todo o estuario do Tejo, que aproveitou a energia das mares. Na area ribeirinha, desde Alcantara, em Lisboa, Mutela, em Almada, ate aos esteiros dos concelhos do Seixal, Barreiro, Moita e Montijo, instalaram-se 37 moinhos de mare que, em parte, farinaram ate ao seculo XX. Para o transporte dos produtos alimentares –solidos e líquidos –desenvolveu-se a industria da ceramica (as olarias) e a tanoaria. (*) Este texto sobre o porto de Lisboa e tributario de anteriores trabalhos do autor: “A Zona Ribeirinha de Lisboa (Historia de uma relaçao)”, in Área Metropolitana de Lisboa e o Estuário do Tejo, Lisboa, Urbe/Cadernos 1, 1990, pp. 5-11, “Portos: uma (velha) Historia, um (novo) Patrimonio, in Pavilhão do Conhecimento do Mar. Catálogo Oficial, Lisboa, Expo´98, 1998, pp. 225-237, “Porto de Lisboa”, in Dicionário de História de Lisboa, Lisboa, Carlos Quintas & Associados, 1994, pp. 724-727 e de dois outros feitos em co- autoria: 100 Anos do Porto de Lisboa, Lisboa, Administraçao do Porto de Lisboa, 1987 e Porto de Lisboa.
  • 9. MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 2 | PORTO DE LISBOA 9 Subsídios para o Estudo das Obras, Equipamentos e Embarcações na Perspectiva da Arqueologia Industri al, Lisboa, Administraçao Geral do Porto de Lisboa, 1985. i D. Fernando (1345-1383) rei entre 1367 e 1383. ii Fernao Lopes (1380?-ca.1460) foi guarda-mor da Torre do Tombo e cronista. iii Fernao Lopes, Crónica de D. Fernando, Ed. crítica, introduçao e índices de Giuliano Macchi, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2004, p. 6. iv “Relazione del Viaggio Sig.ri cav.ri Tron e Lippomani […] L’anno MDLXXXI”, in Panorama, vol. 2º, 2ª serie, nº 64, 1843, p. 83. v Joao Brandao (de Buarcos), Grandeza e Abastança de Lisboa em 1552, Lisboa, Livros Horizonte, 1990, p. 112. vi Damiao de Gois, Cronica de D. Manuel, in Descrição de Lisboa, Lisboa, Livros Horizonte, 1988, p. 75. vii Idem, ibidem. viii Damiao de Gois, Descrição de Lisboa, p. 55 ix Damiao de Gois, Cronica de D. Manuel, in Descrição de Lisboa, Lisboa, Livros Horizonte, 1988, p. 75. x P. Duarte de Sande, “Lisboa em 1584”, in Archivo Pittoresco, vol. VI, 1863, p. 78. xi Cristovao Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551. Sumário em que brevemente se contêm algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa (1551), Lisboa, Livros Horizonte, 1987, p. 90. xii Luiz de Figueiredo Falcao, Livro em que se contem toda a fazenda e real patrimonio dos reinos de Portugal, India, e ilhas adjacentes e outras particularidades, ordenado por Luiz de Figueiredo Falcão, secretario de el rei Filippe II, (1607), Lisboa, Imprensa Nacional, 1859.