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A UA U L A
     L A

    21
21
             Eureca!


                                              A  o subir a serra, de volta para casa, Gaspar
             avistou o mar! Aquela imensidão azul! Como estavam próximos a uma região
             portuária, viu vários navios aguardando para entrar no porto.
                 “Alberta, olhe quantos navios! A maioria deles carrega grandes e pesadas
             cargas, veja só como são enormes! Devem pesar toneladas!”
                 “É verdade! Eu sempre me pergunto: como é que eles conseguem boiar? Por
             que não afundam?”
                 “Eu não sei explicar” disse Gaspar.
                 E você? Também já teve essa dúvida? Sabe como é que os navios, que pesam
             várias toneladas, conseguem boiar?


                 Nesta aula, vamos investigar a Física que existe por trás desse fenômeno e,
             então, seremos capazes de explicá-lo. Para isso, vamos utilizar alguns conheci-
             mentos adquiridos nas últimas aulas.


                Para realizar esta atividade, você vai precisar de:
             l  um recipiente com água;
             l  uma rolha de garrafa.
                Coloque a rolha no recipiente com água. O que você observa?
                Agora, com o dedo, tente empurrá-la para baixo, isto é, tente afundá-la.
             O que você observa?


                 Você deve ter sentido uma resistência, uma dificuldade, ao tentar afundar a
             rolha, como se algo empurrasse a rolha para cima.
                 Se você levar a rolha até o fundo e depois soltá-la, verá que sobe imediata-
             mente. De fato, para que a rolha suba, é preciso que haja uma força que a empurre
             para cima.
                 Mas que força é essa? E como ela surge?
                 Na aula passada, vimos o que é pressão e como ela se relaciona com força
             (p = F/A). Além disso, vimos como ela se comporta no interior dos líquidos:
                                        profundidade.
             a pressão aumenta com a profundidade
                 Observe a Figura 1: uma rolha mergulhada num líquido. Note que a rolha se
             estende por uma certa região do líquido.
Podemos pensar nela como se fosse formada por vários        A U L A
                     pedaços: cada um mergulhado numa profundidade diferente.
                          Lembre-se de que a pressão é o resultado da aplicação
                     de uma força sobre uma superfície Vamos estudar as
                                                 superfície.                          21
                     forças que atuam nas diferentes partes do corpo. Sabemos
       Figura 1      que a força é diretamente proporcional à pressão: logo, a
                                                      maior.
                     força é maior onde a pressão é maior
     Na Figura 1 as setas indicam as forças que atuam nas diferentes partes do
corpo. Note que o tamanho da seta indica a intensidade da força naquele ponto.
     Observe que as forças que atuam na parte de baixo do objeto, isto é, aquelas
que tendem a empurrar o objeto para cima, são maiores do que as que tendem
a empurrar o objeto para baixo. Somando todas essas forças, vemos que existe
uma força resultante que tem a direção vertical e o sentido para cima Essa força
                                                                 cima.
é o empuxo e é ele que empurra para cima os corpos mergulhados nos líquidos,
inclusive a nossa rolha.
     Se a pressão não variasse com a profundidade, todas as forças seriam iguais
e se anulariam, portanto, a resultante seria zero e não haveria empuxo.
     Então, um corpo pode boiar graças ao empuxo. Mas não são todos os corpos
que bóiam, quando colocados num líquido. Por exemplo: um tijolo bóia na água?
E um pedaço de madeira? Veremos adiante como calcular o empuxo recebido
por um corpo e em que condições um corpo bóia ou afunda.

    Como calcular o empuxo?
   Foi o filósofo e matemático grego Arquimedes, que viveu no século III a.C.,
quem descobriu, a partir de experiências cuidadosas, como calcular o empuxo.
Arquimedes expressou as conclusões de suas observações num princípio que
conhecemos como o princípio de Arquimedes e que diz o seguinte:
                                  Arquimedes,
   Todo corpo mergulhado num líquido recebe um empuxo vertical, para
     cima, cujo valor é igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo.

    Então, para calcular o valor do empuxo exercido sobre um corpo, basta
calcular o peso do líquido deslocado pelo corpo.
    Portanto, quanto mais líquido o objeto deslocar, maior será o empuxo.
    Podemos obter a expressão matemática para calcular o empuxo sobre um                    Arquimedes:
corpo. Dissemos que o empuxo (E) é igual ao peso do líquido deslocado (Plíq):        filósofo e
                                                                                     matemático
                                     E = Plíq                                        grego
    O peso é igual ao produto da sua massa, pela aceleração da gravidade.
Portanto: Plíq = mlíq · g ; assim: E = mlíq · g
     Não é muito conveniente medir a massa do líquido deslocado pelo corpo.
Um jeito seria encher o recipiente até a borda, mergulhar o corpo, recolher a água
que transborda e colocá-la numa balança. Pouco prático, não é mesmo?
     Existe uma maneira indireta de saber qual foi a massa deslocada. Na aula
passada, discutimos o conceito de massa específica Vimos que massa específi-
                                            específica.
ca, também chamada de densidade, é uma grandeza que relaciona a massa de
um corpo e o seu volume:
                        d = m/V          ou         m=d·V
    Assim, no lugar da massa do líquido deslocado, podemos utilizar o produto
da densidade do líquido (obtida numa tabela) pelo volume deslocado (Vd).
A U L A        Você pode estar se perguntando: será que é preciso recolher a água e medir
          o seu volume?

21             Não! Com o volume é mais
          simples. Primeiro, podemos
          utilizar um recipiente que contenha
                                                                                                vd
          uma graduação (em mililitros, por
          exemplo), de modo que, para saber
          o volume de líquido deslocado, bas-
          ta verificar o nível do líquido antes e
          depois de mergulhar o objeto.            Figura 2. Pela alteração do nível do líquido
                                                              sabemos o volume deslocado.

               Note que o volume de líquido deslocado é igual ao volume do objeto imerso,
          isto é, mergulhado no líquido. Portanto, uma outra maneira de conhecer o
          volume de líquido deslocado é a partir do volume do objeto imerso.
               Utilizando m = d . V, o empuxo será dado por:
                                             E = dlíq · Vd · g

              Então, o valor do empuxo será tanto maior quanto maior for a densidade do
          líquido e quanto maior for o volume de líquido deslocado.


              Sobe, desce ou fica parado?

              Nem todos os objetos que colocamos num líquido se comportam da mesma
          forma: alguns afundam, outros ficam na superfície, outros, descem um pouco e
          param no meio do líquido.                                          E
              Quando é que cada uma dessas situações
          acontece? Quando um objeto é mergulhado num
          líquido, fica sujeito a duas forças: ao seu próprio
          peso e ao empuxo
                     empuxo.                                                 P

                                                                                 Figura 3

              Para saber o que ocorre com o objeto, precisamos estudar a relação entre as
          forças que agem sobre ele. Podem ocorrer três situações distintas:
              P>E                         P=E                       P<E

               Na tabela abaixo, está um resumo que explica o que ocorre em cada uma das
          três situações:

                                                 TABELA   1
                Situação                        Descrição                         Exemplo

                  P>E               O peso do objeto é maior do que o         Uma pedra ou
                                    empuxo:o objeto afunda até atingir o      um tijolo na
                                    fundo.                                    água.
                  P=E               O peso do objeto é igual ao empuxo:       Um submarino.
                                    o objeto fica parado onde foi
                                    abandonado.
                  P<E               O peso do objeto é menor que o            Uma rolha ou um
                                    empuxo: o objeto sobe no líquido.         navio na água.
Prevendo situações                                                                 A U L A

   Existe uma maneira de saber se um objeto vai afundar ou não num determi-
nado líquido.                                                                          21
   Como vimos, o empuxo depende de três grandezas:
l  do volume de líquido deslocado;
l  da densidade do líquido;
l  da aceleração da gravidade.
    Isto é:                           E = dlíq · Vd · g
    Por outro lado, o peso do objeto (Po = mo · g) pode ser escrito em função:
l   do seu volume;
l   da sua densidade;
l   da aceleração da gravidade.
    Isto é:                        P = do · Vo · g
onde a massa foi escrita como: mo = do · Vo
     Podemos comparar essas duas expressões, tal como fizemos na seção ante-
rior (Tabela 1). Teremos novamente três situações:
    P>E                        P=E                        P<E
    Vamos supor que o objeto está totalmente imerso no líquido e, que, portanto:
                                      Vlíq = VO

    Então, as duas expressões: E = dlíq · Vd · g e P = do · Vo · g só diferem quanto
às densidades, isto é, quanto aos valores de dlíq e do.
    Vamos analisar os três casos.
                                        P>E
   1 º − Vimos que o objeto afunda. Nesse caso, do > dlíq, isto é, o objeto é mais
denso que o líquido. É o exemplo do tijolo e da pedra.
                                        P=E
     2 º − Vimos que o objeto permanece parado, em equilíbrio, na posição onde
foi deixado, totalmente imerso no líquido. Nesse caso, temos do = dlíq, isto é, a
densidade do objeto é igual à densidade do líquido. É o exemplo do submarino.
                                        P<E
    3 º − Vimos que o corpo sobe até atingir o equilíbrio na superfície, ficando
com uma parte para fora do líquido (emersa). Olhando as expressões, teremos
do < dlíq. Portanto, se a densidade do objeto for menor do que a densidade do
líquido, ele poderá boiar. É o caso do navio e da rolha.
    Assim, conhecendo a densidade do líquido e do objeto, podemos prever o
que ocorrerá quando o objeto for mergulhado no líquido. Esta tabela resume as
nossas conclusões:

                                      TABELA   2
     Forças           Densidade                           Situação
     P>E               do > dlíq        O objeto afunda
     P=E               do = dlíq        O objeto fica equilibrado totalmente imerso.
     P<E               do < dlíq        O objeto bóia com uma parte emersa.
A U L A                                   Você sabia?


21
               Eureca é uma palavra grega que significa: “achei”. Segundo consta, ela
          foi empregada por Arquimedes quando ele solucionou o problema da coroa
          do rei Hieron. O rei suspeitava que sua coroa não era de ouro puro, e
          Arquimedes foi incumbido de solucionar o caso. Arquimedes teria achado a
          solução do problema enquanto tomava banho, ao observar a elevação do
          nível da água, quando mergulhou seu corpo na banheira. Ele teria ficado tão
          entusiasmado que saiu correndo pelas ruas, gritando: “Eureca! Eureca!”.
          Só que se esqueceu de pegar a toalha!



              Nesta aula, você aprendeu:
          l   o que é empuxo (E): uma força vertical, dirigida para cima, que aparece
              sempre que um corpo está mergulhado num fluido qualquer;
          l   que o empuxo surge em conseqüência do fato de a pressão variar com a
              profundidade no interior de um líquido;
          l   o Princípio de Arquimedes que nos diz: “Todo corpo mergulhado em um
                             Arquimedes,
              líquido recebe um empuxo vertical, para cima, igual ao peso do líquido
              deslocado pelo corpo”;
          l   que, matematicamente o empuxo se escreve como E = dlíq · g · Vdeslocado;
                   matematicamente,
          l   que é possível prever o que ocorrerá com um corpo quando ele for
              mergulhado num certo líquido, apenas analisando as suas densidades.



          Exercício 1
             Uma pedra está mergulhada num rio, apoiada sobre o seu leito. Você se
             abaixa e levanta, mas sem tirá-la da água.
             a) Faça um esquema mostrando as forças que agem sobre a pedra.
             b) Ela lhe parecerá mais leve ou mais pesada do que se estivesse fora da
                água? Explique.

          Exercício 2
             Um tronco está boiando na superfície de um lago. Metade do tronco fica para
                                                                                       3
             fora da água, e a outra metade fica imersa. O volume do tronco é 1 m .
                                                                                 3
             Considere a densidade da água do lago como sendo de 1.000 kg/m .
             a) Faça um esquema indicando as forças que agem sobre o tronco.
             b) Calcule o valor do empuxo recebido pelo tronco.
             c) Qual o seu peso? E qual a sua massa?
             d) Calcule a densidade do material que compõe o tronco.

          Exercício 3
             A massa de um objeto é 80 g e o seu volume 100 cm3.
             a) Calcule a sua densidade.
                                                               3
             b) Sabendo que a densidade da gasolina é 0,70 g/cm , e a densidade da água
                          3
                1,00 g/cm , verifique o que acontece quando o objeto é mergulhado em
                cada um desses líquidos.

          Exercício 4
             Por que um navio pode boiar? O que podemos dizer sobre a densidade
             média do navio, quando comparada com a densidade da água do mar?

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Física e Química 9º ano Educação Impulsão.pptx
Experiencias com a água
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A física da água
Lei de arquimedes
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Atividades 1 ano .empuxo e estática prof.waldir montenegro
Aula 5 - Segunda Lei de Newton - Física - PVSJ - Prof Elvis
Hidrostática
apresentação de empuxo estatica dos liquidos

21fis

  • 1. A UA U L A L A 21 21 Eureca! A o subir a serra, de volta para casa, Gaspar avistou o mar! Aquela imensidão azul! Como estavam próximos a uma região portuária, viu vários navios aguardando para entrar no porto. “Alberta, olhe quantos navios! A maioria deles carrega grandes e pesadas cargas, veja só como são enormes! Devem pesar toneladas!” “É verdade! Eu sempre me pergunto: como é que eles conseguem boiar? Por que não afundam?” “Eu não sei explicar” disse Gaspar. E você? Também já teve essa dúvida? Sabe como é que os navios, que pesam várias toneladas, conseguem boiar? Nesta aula, vamos investigar a Física que existe por trás desse fenômeno e, então, seremos capazes de explicá-lo. Para isso, vamos utilizar alguns conheci- mentos adquiridos nas últimas aulas. Para realizar esta atividade, você vai precisar de: l um recipiente com água; l uma rolha de garrafa. Coloque a rolha no recipiente com água. O que você observa? Agora, com o dedo, tente empurrá-la para baixo, isto é, tente afundá-la. O que você observa? Você deve ter sentido uma resistência, uma dificuldade, ao tentar afundar a rolha, como se algo empurrasse a rolha para cima. Se você levar a rolha até o fundo e depois soltá-la, verá que sobe imediata- mente. De fato, para que a rolha suba, é preciso que haja uma força que a empurre para cima. Mas que força é essa? E como ela surge? Na aula passada, vimos o que é pressão e como ela se relaciona com força (p = F/A). Além disso, vimos como ela se comporta no interior dos líquidos: profundidade. a pressão aumenta com a profundidade Observe a Figura 1: uma rolha mergulhada num líquido. Note que a rolha se estende por uma certa região do líquido.
  • 2. Podemos pensar nela como se fosse formada por vários A U L A pedaços: cada um mergulhado numa profundidade diferente. Lembre-se de que a pressão é o resultado da aplicação de uma força sobre uma superfície Vamos estudar as superfície. 21 forças que atuam nas diferentes partes do corpo. Sabemos Figura 1 que a força é diretamente proporcional à pressão: logo, a maior. força é maior onde a pressão é maior Na Figura 1 as setas indicam as forças que atuam nas diferentes partes do corpo. Note que o tamanho da seta indica a intensidade da força naquele ponto. Observe que as forças que atuam na parte de baixo do objeto, isto é, aquelas que tendem a empurrar o objeto para cima, são maiores do que as que tendem a empurrar o objeto para baixo. Somando todas essas forças, vemos que existe uma força resultante que tem a direção vertical e o sentido para cima Essa força cima. é o empuxo e é ele que empurra para cima os corpos mergulhados nos líquidos, inclusive a nossa rolha. Se a pressão não variasse com a profundidade, todas as forças seriam iguais e se anulariam, portanto, a resultante seria zero e não haveria empuxo. Então, um corpo pode boiar graças ao empuxo. Mas não são todos os corpos que bóiam, quando colocados num líquido. Por exemplo: um tijolo bóia na água? E um pedaço de madeira? Veremos adiante como calcular o empuxo recebido por um corpo e em que condições um corpo bóia ou afunda. Como calcular o empuxo? Foi o filósofo e matemático grego Arquimedes, que viveu no século III a.C., quem descobriu, a partir de experiências cuidadosas, como calcular o empuxo. Arquimedes expressou as conclusões de suas observações num princípio que conhecemos como o princípio de Arquimedes e que diz o seguinte: Arquimedes, Todo corpo mergulhado num líquido recebe um empuxo vertical, para cima, cujo valor é igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo. Então, para calcular o valor do empuxo exercido sobre um corpo, basta calcular o peso do líquido deslocado pelo corpo. Portanto, quanto mais líquido o objeto deslocar, maior será o empuxo. Podemos obter a expressão matemática para calcular o empuxo sobre um Arquimedes: corpo. Dissemos que o empuxo (E) é igual ao peso do líquido deslocado (Plíq): filósofo e matemático E = Plíq grego O peso é igual ao produto da sua massa, pela aceleração da gravidade. Portanto: Plíq = mlíq · g ; assim: E = mlíq · g Não é muito conveniente medir a massa do líquido deslocado pelo corpo. Um jeito seria encher o recipiente até a borda, mergulhar o corpo, recolher a água que transborda e colocá-la numa balança. Pouco prático, não é mesmo? Existe uma maneira indireta de saber qual foi a massa deslocada. Na aula passada, discutimos o conceito de massa específica Vimos que massa específi- específica. ca, também chamada de densidade, é uma grandeza que relaciona a massa de um corpo e o seu volume: d = m/V ou m=d·V Assim, no lugar da massa do líquido deslocado, podemos utilizar o produto da densidade do líquido (obtida numa tabela) pelo volume deslocado (Vd).
  • 3. A U L A Você pode estar se perguntando: será que é preciso recolher a água e medir o seu volume? 21 Não! Com o volume é mais simples. Primeiro, podemos utilizar um recipiente que contenha vd uma graduação (em mililitros, por exemplo), de modo que, para saber o volume de líquido deslocado, bas- ta verificar o nível do líquido antes e depois de mergulhar o objeto. Figura 2. Pela alteração do nível do líquido sabemos o volume deslocado. Note que o volume de líquido deslocado é igual ao volume do objeto imerso, isto é, mergulhado no líquido. Portanto, uma outra maneira de conhecer o volume de líquido deslocado é a partir do volume do objeto imerso. Utilizando m = d . V, o empuxo será dado por: E = dlíq · Vd · g Então, o valor do empuxo será tanto maior quanto maior for a densidade do líquido e quanto maior for o volume de líquido deslocado. Sobe, desce ou fica parado? Nem todos os objetos que colocamos num líquido se comportam da mesma forma: alguns afundam, outros ficam na superfície, outros, descem um pouco e param no meio do líquido. E Quando é que cada uma dessas situações acontece? Quando um objeto é mergulhado num líquido, fica sujeito a duas forças: ao seu próprio peso e ao empuxo empuxo. P Figura 3 Para saber o que ocorre com o objeto, precisamos estudar a relação entre as forças que agem sobre ele. Podem ocorrer três situações distintas: P>E P=E P<E Na tabela abaixo, está um resumo que explica o que ocorre em cada uma das três situações: TABELA 1 Situação Descrição Exemplo P>E O peso do objeto é maior do que o Uma pedra ou empuxo:o objeto afunda até atingir o um tijolo na fundo. água. P=E O peso do objeto é igual ao empuxo: Um submarino. o objeto fica parado onde foi abandonado. P<E O peso do objeto é menor que o Uma rolha ou um empuxo: o objeto sobe no líquido. navio na água.
  • 4. Prevendo situações A U L A Existe uma maneira de saber se um objeto vai afundar ou não num determi- nado líquido. 21 Como vimos, o empuxo depende de três grandezas: l do volume de líquido deslocado; l da densidade do líquido; l da aceleração da gravidade. Isto é: E = dlíq · Vd · g Por outro lado, o peso do objeto (Po = mo · g) pode ser escrito em função: l do seu volume; l da sua densidade; l da aceleração da gravidade. Isto é: P = do · Vo · g onde a massa foi escrita como: mo = do · Vo Podemos comparar essas duas expressões, tal como fizemos na seção ante- rior (Tabela 1). Teremos novamente três situações: P>E P=E P<E Vamos supor que o objeto está totalmente imerso no líquido e, que, portanto: Vlíq = VO Então, as duas expressões: E = dlíq · Vd · g e P = do · Vo · g só diferem quanto às densidades, isto é, quanto aos valores de dlíq e do. Vamos analisar os três casos. P>E 1 º − Vimos que o objeto afunda. Nesse caso, do > dlíq, isto é, o objeto é mais denso que o líquido. É o exemplo do tijolo e da pedra. P=E 2 º − Vimos que o objeto permanece parado, em equilíbrio, na posição onde foi deixado, totalmente imerso no líquido. Nesse caso, temos do = dlíq, isto é, a densidade do objeto é igual à densidade do líquido. É o exemplo do submarino. P<E 3 º − Vimos que o corpo sobe até atingir o equilíbrio na superfície, ficando com uma parte para fora do líquido (emersa). Olhando as expressões, teremos do < dlíq. Portanto, se a densidade do objeto for menor do que a densidade do líquido, ele poderá boiar. É o caso do navio e da rolha. Assim, conhecendo a densidade do líquido e do objeto, podemos prever o que ocorrerá quando o objeto for mergulhado no líquido. Esta tabela resume as nossas conclusões: TABELA 2 Forças Densidade Situação P>E do > dlíq O objeto afunda P=E do = dlíq O objeto fica equilibrado totalmente imerso. P<E do < dlíq O objeto bóia com uma parte emersa.
  • 5. A U L A Você sabia? 21 Eureca é uma palavra grega que significa: “achei”. Segundo consta, ela foi empregada por Arquimedes quando ele solucionou o problema da coroa do rei Hieron. O rei suspeitava que sua coroa não era de ouro puro, e Arquimedes foi incumbido de solucionar o caso. Arquimedes teria achado a solução do problema enquanto tomava banho, ao observar a elevação do nível da água, quando mergulhou seu corpo na banheira. Ele teria ficado tão entusiasmado que saiu correndo pelas ruas, gritando: “Eureca! Eureca!”. Só que se esqueceu de pegar a toalha! Nesta aula, você aprendeu: l o que é empuxo (E): uma força vertical, dirigida para cima, que aparece sempre que um corpo está mergulhado num fluido qualquer; l que o empuxo surge em conseqüência do fato de a pressão variar com a profundidade no interior de um líquido; l o Princípio de Arquimedes que nos diz: “Todo corpo mergulhado em um Arquimedes, líquido recebe um empuxo vertical, para cima, igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo”; l que, matematicamente o empuxo se escreve como E = dlíq · g · Vdeslocado; matematicamente, l que é possível prever o que ocorrerá com um corpo quando ele for mergulhado num certo líquido, apenas analisando as suas densidades. Exercício 1 Uma pedra está mergulhada num rio, apoiada sobre o seu leito. Você se abaixa e levanta, mas sem tirá-la da água. a) Faça um esquema mostrando as forças que agem sobre a pedra. b) Ela lhe parecerá mais leve ou mais pesada do que se estivesse fora da água? Explique. Exercício 2 Um tronco está boiando na superfície de um lago. Metade do tronco fica para 3 fora da água, e a outra metade fica imersa. O volume do tronco é 1 m . 3 Considere a densidade da água do lago como sendo de 1.000 kg/m . a) Faça um esquema indicando as forças que agem sobre o tronco. b) Calcule o valor do empuxo recebido pelo tronco. c) Qual o seu peso? E qual a sua massa? d) Calcule a densidade do material que compõe o tronco. Exercício 3 A massa de um objeto é 80 g e o seu volume 100 cm3. a) Calcule a sua densidade. 3 b) Sabendo que a densidade da gasolina é 0,70 g/cm , e a densidade da água 3 1,00 g/cm , verifique o que acontece quando o objeto é mergulhado em cada um desses líquidos. Exercício 4 Por que um navio pode boiar? O que podemos dizer sobre a densidade média do navio, quando comparada com a densidade da água do mar?