´Algebra Linear 
S´ergio Lu´ıs Zani
2
Sum´ario 
1 Espac¸os Vetoriais 7 
1.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 
1.2 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 
1.3 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 
2 Subespac¸os Vetoriais 15 
2.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 
2.2 Intersec¸ ˜ao e Soma de Subespac¸os . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 
2.3 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 
3 Combinac¸ ˜oes Lineares 23 
3.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 
3.2 Geradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 
3.3 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 
4 Dependˆencia Linear 31 
4.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 
4.2 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 
4.3 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 
5 Base, Dimens˜ao e Coordenadas 37 
5.1 Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 
5.2 Dimens˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 
5.3 Dimens˜ao de Soma de Subespac¸os Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . 41 
5.4 Coordenadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 
5.5 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 
3
4 SUM ´ARIO 
6 Mudanc¸a de Base 51 
6.1 Introduc¸ ˜ao, Exemplos e Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 
6.2 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 
7 Exerc´ıcios Resolvidos – Uma Revis˜ao 59 
8 Transformac¸ ˜oes Lineares 71 
8.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 
8.2 O Espac¸o Vetorial L(U, V ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 
8.3 Imagem e N´ucleo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 
8.4 Isomorfismo e Automorfismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 
8.5 Matriz de uma Transformac¸ ˜ao Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 
8.5.1 Definic¸ ˜ao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 
8.5.2 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 
8.6 Exerc´ıcios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 
8.7 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 
9 Autovalores e Autovetores 105 
9.1 Definic¸ ˜ao, Exemplos e Generalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 
9.2 Polinˆomio Caracter´ıstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 
9.3 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 
10 Diagonalizac¸ ˜ao 115 
10.1 Definic¸ ˜ao e Caracterizac¸ ˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 
10.2 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 
11 Forma Canˆonica de Jordan 125 
11.1 Exerc´ıcio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 
12 Espac¸os Euclidianos 133 
12.1 Produto Interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 
12.2 Norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 
12.3 Distˆancia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 
12.4 ˆAngulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 
12.5 Ortogonalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 
12.6 Processo de Ortonormalizac¸ ˜ao de Gram-Schmidt . . . . . . . . . . . . 145 
12.7 Complemento Ortogonal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
SUM ´ARIO 5 
12.8 Isometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150 
12.9 Operador Auto-adjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 
12.10Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
6 SUM ´ARIO
Cap´ıtulo 1 
Espac¸os Vetoriais 
1.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos 
Neste cap´ıtulo introduziremos o conceito de espac¸o vetorial que ser´a usado em todo o 
decorrer do curso. 
Por´em, antes de apresentarmos a definic¸ ˜ao de espac¸o vetorial, passemos a analisar 
em paralelo dois objetos: o conjunto formado pelas func¸ ˜oes f : R ! R, denotado 
por F(R) e o conjunto das matrizes quadradas de ordem m com coeficientes reais que 
denotaremos por Mm(R), ou simplesmente, por Mm. 
A soma de duas func¸ ˜oes f e g de F(R) ´e definida como sendo a func¸ ˜ao f + g 2 F(R) dada por (f + g)(x) = f(x) + g(x). 
Note tamb´em que se ¸ 2 R podemos multiplicar a func¸ ˜ao f pelo escalar ¸, da 
seguinte forma (¸f)(x) = ¸(f(x)), resultando num elemento de F(R). 
Com relac¸ ˜ao a Mn podemos somar duas matrizes quadradas de ordem n, A = 
(aij)n×n e B = (bij)n×n, colocando A + B = (aij + bij)n×n, que ´e um elemento 
de Mn. 
Com a relac¸ ˜ao `a multiplicac¸ ˜ao de A = (aij)n×n por um escalar ¸ 2 R, ´e natural 
definirmos ¸A = (¸aij)n×n, o qual tamb´em pertence a Mn. 
O que estes dois conjuntos acima, com estas estruturas de adic¸ ˜ao de seus elementos 
e multiplicac¸ ˜ao de seus elementos por escalares, tˆem comum? Vejamos: 
Verifica-se facilmente a partir das propriedades dos n´umeros reais que, com relac¸ ˜ao 
a quaisquer func¸ ˜oes f, g e h em F(R) e para todo ¸, μ 2 R, s˜ao v´alidos os seguintes 
resultados: 
1. f + g = g + f; 
7
8 CAP´ITULO 1. ESPAC¸OS VETORIAIS 
2. f + (g + h) = (f + g) + h; 
3. se O representa o func¸ ˜ao nula, isto ´e, O(x) = 0 para todo x 2 R ent˜ao O+f = f; 
4. a func¸ ˜ao −f definida por (−f)(x) = −[f(x)] para todo x 2 R ´e tal que f + 
(−f) = O; 
5. ¸(μf) = (¸μ)f; 
6. (¸ + μ)f = ¸f + μf; 
7. ¸(f + g) = ¸f + ¸g; 
8. 1f = f. 
Agora, com relac¸ ˜ao a quaisquer matrizes A,B e C em Mm e para todo ¸, μ 2 R, 
tamb´em s˜ao v´alidos os seguintes resultados: 
1. A + B = B + A; 
2. A + (B + C) = (A + B) + C; 
3. se O representa o func¸ ˜ao nula, isto ´e, O = (0)n×n ent˜ao O + A = A; 
4. se A = (ai,j)n×n ent˜ao a matriz −A definida por −A = (−ai,j)n×n ´e tal que 
A + (−A) = O; 
5. ¸(μA) = (¸μ)A; 
6. (¸ + μ)A = ¸A + μA; 
7. ¸(A + B) = ¸A + ¸B; 
8. 1A = A. 
Podemos ver que tanto o conjuntos das func¸ ˜oes definidas na reta a valores reais 
como o das matrizes quadradas quando munidos de somas e multiplicac¸ ˜ao por escala-res 
adequadas apresentam propriedades alg´ebricas comuns. Na verdade muitos outros 
conjuntos munidos de operac¸ ˜oes apropriadas apresentam propriedades semelhantes `as 
acima. ´E 
por isso que ao inv´es de estudarmos cada um separadamente estudaremos um 
conjunto arbitr´ario e n˜ao vazio, V, sobre o qual supomos estar definidas uma operac¸ ˜ao 
de adic¸ ˜ao, isto ´e, para cada u, v 2 V existe um ´unico elemento de V associado, chamado
1.1. INTRODUC¸ ˜AO E EXEMPLOS 9 
a soma entre u e v e denotado por u + v, e uma multiplicac¸ ˜ao por escalar, isto ´e, para 
cada u 2 V e ¸ 2 R existe um ´unico elemento de V associado, chamado de o produto 
de u pelo escalar ¸ e denotado por ¸u. 
Definic¸ ˜ao 1.1 Diremos que um conjunto V como acima munido de uma adic¸ ˜ao e de 
uma multiplicac¸ ˜ao por escalar ´e um espac¸o vetorial se para quaisquer u, v e w em V e 
para todo ¸, μ 2 R s˜ao v´alidas as seguintes propriedades: 
EV1 u + v = v + u para quaisquer u, v 2 V ; 
EV2 u + (v + w) = (u + v) + w para quaisquer u, v,w 2 V ; 
EV3 existe um elemento 0 2 V tal que 0 + u = u para todo u 2 V ; 
EV4 para cada u 2 V existe v 2 V tal que u + v = 0; 
EV5 ¸(μu) = (¸μ)u para quaisquer u 2 V e ¸, μ 2 R; 
EV6 (¸ + μ)u = ¸u + μu para quaisquer u 2 V 
EV7 ¸(u + v) = ¸u + ¸v para quaisquer u, v 2 V e ¸ 2 R; 
EV8 1u = u para qualquer u 2 V. 
Observac¸ ˜ao 1.2 O elemento 0 na propriedade EV3 ´e ´unico, pois qualquer outro 00 2 V 
satisfazendo a mesma propriedade EV3 ent˜ao, pelas propriedades EV3 e EV1 ter´ıamos 
00 = 0 + 00 = 00 + 0 = 0, isto ´e, 0 = 00. 
Observac¸ ˜ao 1.3 Em um espac¸o vetorial, pela propriedade EV4, para cada u 2 V existe 
v 2 V tal que u + v = 0. Na verdade, para cada u 2 V existe somente um elemento 
v 2 V com esta propriedade. De fato, dado u 2 V se v e v0 em V s˜ao tais que u+v = 0 
e u + v0 = 0 ent˜ao, combinando estas equac¸ ˜oes com as propriedades EV1,EV2 e EV3, 
obtemos v = v +0 = v +(u+v0) = (v +u)+v0 = (u+v)+v0 = 0+v0 = v0, isto ´e 
v = v0. Denotaremos v por −u e u − v por u + (−v). 
Observac¸ ˜ao 1.4 As quatro primeiras propriedades referem-se apenas `a operac¸ ˜ao de 
adic¸ ˜ao e s˜ao conhecidas, respectivamente, por propriedade comutativa, propriedade 
associatividade, existˆencia do elemento neutro e existˆencia do elemento inverso. 
A quinta e a oitava propriedades s˜ao exclusivas da multiplicac¸ ˜ao por escalar e 
tamb´em podem ser chamadas de associatividade e elemento neutro da multiplicac¸ ˜ao, 
respectivamente.
10 CAP´ITULO 1. ESPAC¸OS VETORIAIS 
A sexta e a s´etima propriedades relacionam as duas operac¸ ˜oes e s˜ao ambas conhe-cidas 
por distributividade. 
Um outro exemplo de espac¸o vetorial, al´em dos dois apresentados no in´ıcio do texto, 
´e o conjunto dos vetores como apresentados em Geometria Anal´ıtica munido da adic¸ ˜ao 
e da multiplicac¸ ˜ao por escalar. Dessa forma, o adjetivo vetorial utilizado na definic¸ ˜ao 
acima deve ser entendido de uma forma mais ampla, sendo uma referˆencia aos elementos 
de V independentemente de serem ou n˜ao vetores. 
Talvez o exemplo mais simples de espac¸o vetorial seja o conjunto dos n´umeros reais 
com a adic¸ ˜ao e multiplicac¸ ˜ao usuais. Mais geralmente, para cada n 2 N, podemos trans-formar 
o conjunto das n-uplas ordenadas de n´umeros reais, Rn, em um espac¸o vetorial 
definindo a adic¸ ˜ao de duas n-uplas ordenadas, x = (x1, . . . , xn) e y = (y1, . . . , yn), 
adicionando-se coordenada a coordenada, isto ´e, 
x + y = (x1 + y1, . . . , xn + yn) 
e o produto de uma n-upla x = (x1, . . . , xn) por um escalar ¸ 2 R por 
¸x = (¸x1, · · · , ¸xn). 
´E 
uma rotina bem simples verificar que desse modo Rn ´e um espac¸o vetorial. Deixamos 
como exerc´ıcio esta tarefa. 
Verifique tamb´em que os seguintes exemplos s˜ao espac¸os vetoriais. 
1. Sejam n 2 N e V = Pn(R) o conjunto formado pelo polinˆomio nulo e por todos 
os polinˆomios de grau menor ou igual a n com coeficientes reais. Definimos a 
adic¸ ˜ao e a multiplicac¸ ˜ao por escalar da seguinte maneira: 
• Se p(x) = a0 +a1x · · ·+anxn e q(x) = b0 +b1x · · ·+bnxn s˜ao elementos 
dePn(R) ent˜ao 
p(x) + q(x) = (a0 + b0) + (a1 + b1)x · · · + (an + bn)xn. 
• Se p(x) = a0 + a1x · · · + anxn ´e um elemento dePn(R) e ¸ 2 R ent˜ao 
¸p(x) = (¸a0) + (¸a1)x + · · · + (¸an)xn. 
2. Sejam A ½ R e F(A;R) o conjunto de todas as func¸ ˜oes f : A ! R. Se f, g 2 F(A;R) e ¸ 2 R defina f + g : A ! R por (f + g)(x) = f(x) + g(x) e 
(¸f)(x) = ¸f(x), x 2 A. Ent˜ao, F(A;R) com esta adic¸ ˜ao e produto por escalar 
´e um espac¸o vetorial.
1.1. INTRODUC¸ ˜AO E EXEMPLOS 11 
3. O conjunto das func¸ ˜oes cont´ınuas definidas num intervalo I ½ R munido das 
operac¸ ˜oes de adic¸ ˜ao e multiplicac¸ ˜ao usuais (como aquelas definidas emF(I;R)). 
Notac¸ ˜ao: C(I;R). 
4. O conjunto das func¸ ˜oes com derivadas cont´ınuas at´e ordem k 2 N, (k ´e fixo) defi-nidas 
num intervalo aberto I ½ R munido das operac¸ ˜oes de adic¸ ˜ao e multiplicac¸ ˜ao 
usuais (como aquelas definidas em F(I;R)). Notac¸ ˜ao: Cn(I;R). 
5. O conjunto das matrizes m por n com coeficientes reais: Mm×n(R) munido de 
operac¸ ˜oes an´alogas `aquelas definidas em Mn(R). 
Os espac¸os vetoriais acima envolvem operac¸ ˜oes com as quais vocˆe j´a deve estar 
familiarizado. O pr´oximo exemplo ´e um pouco mais sofisticado do que os anteriores e 
por isso mostraremos as oito propriedades. Como conjunto tomaremos V = (0,1), o 
semi-eixo positivo da reta real. Este conjunto quando agregado `as operac¸ ˜oes usuais de 
soma e multiplicac¸ ˜ao n˜ao ´e um espac¸o vetorial, visto que n˜ao possui elemento neutro 
para a adic¸ ˜ao. No entanto, se para x, y 2 V e ¸ 2 R, definirmos a soma entre x e y 
por x ¢ y = xy, (o produto usual entre x e y) e o produto de x pelo escalar ¸ como 
¸ ¡ x = x¸, ent˜ao V se torna um espac¸o vetorial. De fato, verifiquemos uma a uma as 
oito propriedades: 
1. x, y 2 V temos x ¢ y = xy = yx = y ¢ x para quaisquer x, y 2 V ; 
2. x ¢ (y ¢ z) = x ¢ (yz) = x(yz) = (xy)z = (x ¢ y)z = (x ¢ y) ¢ z para 
quaisquer x, y, z 2 V 
3. se x 2 V ent˜ao, como 1 2 V, temos 1 ¢ x = 1x = x; observe que neste caso, 1 ´e 
o elemento neutro da adic¸ ˜ao, o qual denotaremos por o; 
4. se x 2 V, isto ´e, x > 0, ent˜ao x−1 2 V e x ¢ x−1 = xx−1 = 1 = o; 
5. ¸ ¡ (μ ¡ x) = ¸ ¡ xμ = (xμ)¸ = xμ¸ = x¸μ = (¸μ) ¡ x para quaisquer x 2 V 
e ¸, μ 2 R; 
6. (¸ + μ) ¡ x = x¸+μ = x¸xμ = x¸ ¢ xμ = (¸ ¡ x) ¢ (μ ¡ x) para quaisquer 
x 2 V e ¸, μ 2 R; 
7. ¸ ¡ (x ¢ y) = ¸ ¡ (xy) = (xy)¸ = x¸y¸ = (¸ ¡ x) ¢ (¸ ¡ y) para quaisquer 
x, y 2 V e ¸ 2 R; 
8. 1 ¡ x = x1 = x para qualquer x 2 V.
12 CAP´ITULO 1. ESPAC¸OS VETORIAIS 
1.2 Propriedades 
Das oito propriedades que definem um espac¸o vetorial podemos concluir v´arias outras. 
Listaremos algumas destas propriedades na seguinte 
Proposic¸ ˜ao 1.5 Seja V um espac¸o vetorial. Temos 
1. Para qualquer ¸ 2 R, ¸0 = 0. 
2. Para qualquer u 2 V, 0u = 0. 
3. Se ¸u = 0 ent˜ao ¸ = 0 ou u = 0. 
4. Para quaisquer ¸ 2 R e u 2 V, (−¸)u = ¸(−u) = −(¸u). 
5. Para qualquer u 2 V, −(−u) = u. 
6. Se u + w = v + w ent˜ao u = v. 
7. Se u, v 2 V ent˜ao existe um ´unico w 2 V tal que u + w = v. 
Prova: 
1. Temos ¸0 = ¸(0 + 0) = ¸0 + ¸0 pelas propriedades EV3 e EV7. Utilizando 
as propriedades EV1 a EV4 e a notac¸ ˜ao da observac¸ ˜ao 1.3, obtemos 0 = ¸0 + 
(−(¸0)) = (¸0+¸0)+(−(¸0)) = ¸0+(¸0+(−(¸0))) = ¸0+0 = ¸0, isto ´e 
¸0 = 0. 
2. Temos 0u = (0 + 0)u = 0u + 0u, pela propriedade EV6. Utilizando as proprie-dades 
EV1 a EV4 e a notac¸ ˜ao da observac¸ ˜ao 1.3, obtemos 0 = 0u + (−(0u)) = 
(0u + 0u) + (−(0u)) = 0u + (0u + (−(0u)) = 0u + 0 = 0u, isto ´e, 0u = 0. 
3. Se ¸6= 0 ent˜ao pelas propriedades EV8 e EV5 e pelo item 1 desta proposic¸ ˜ao, 
u = 1u = (¸−1¸)u = ¸−1(¸u) = ¸−10 = 0. 
4. Utilizando a propriedade EV6 e o item 2 desta proposic¸ ˜ao, obtemos ¸u+(−¸)u = 
(¸ + (−¸))u = 0u = 0. Pela observac¸ ˜ao 1.3, −(¸u) = (−¸)u. Analogamente, 
utilizando-se a propriedade EV7, mostra-se que −(¸u) = ¸(−u). 
A prova dos outros resultados ´e deixada como exerc´ıcio.
1.3. EXERC´ICIOS 13 
1.3 Exerc´ıcios 
Ex. 1.6 Verifique se em cada um dos itens o conjunto V com as operac¸ ˜oes indicadas ´e 
um espac¸o vetorial sobre R. 
1. V = R3, (x1, y1, z1) + (x2, y2, z2) = (x1 + x2, y1 + y2, z1 + z2); ®(x, y, z) = 
(®x, ®y, ®z). 
2. V = 
½µ 
a −b 
b a 
¶ 
; a, b 2 R 
¾ 
, operac¸ ˜oes usuais de M2(R). 
3. V = 
© 
(x, y) 2 R2; 3x − 2y = 0 
ª 
, operac¸ ˜oes usuais de R2. 
4. V = {f : R ! R; f(−x) = f(x), 8x 2 R}, operac¸ ˜oes usuais de func¸ ˜oes. 
5. V = P(R) = { polinˆomios com coeficientes reais } , operac¸ ˜oes usuais de fun-c 
¸ ˜oes. 
6. V = R2, (x1, y1) + (x2, y2) = (2x1 − 2y1, y1 − x1, ®(x, y) = (3®x,−®x.) 
7. V = R2, (x1, y1) + (x2, y2) = (x1 + x2, y1 + y2), ®(x, y) = (®x, 0). 
8. V = 
© 
(x, y, z,w) 2 R4; y = x, z = w2 
ª 
, operac¸ ˜oes usuais de R4. 
9. V = R × R¤, (x1, y1) + (x2, y2) = (x1 + x2, y1y2), ®(x, y) = (®x, y®).
14 CAP´ITULO 1. ESPAC¸OS VETORIAIS
Cap´ıtulo 2 
Subespac¸os Vetoriais 
2.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos 
Definic¸ ˜ao 2.1 Seja V um espac¸o vetorial. Dizemos que W ½ V ´e um subespac¸o veto-rial 
de V se forem satisfeitas as seguintes condic¸ ˜oes: 
SV1 0 2 W; 
SV2 Se u, v 2 W ent˜ao u + v 2 W; 
SV3 Se u 2 W ent˜ao ¸u 2 W para todo ¸ 2 R. 
Observac¸ ˜ao 2.2 Note que todo subespac¸o vetorial W de um espac¸o vetorial V ´e ele 
pr´oprio um espac¸o vetorial. As propriedades comutativa, associativa, distributivas e 
EV8 s˜ao herdadas do pr´oprio espac¸o vetorial V. O elemento neutro da adic¸ ˜ao ´e um 
elemento de W por SV1. Finalmente, se u 2 W ent˜ao −u = (−1)u 2 W pelo item 4 
da proposic¸ ˜ao 1.5 e por SV3. 
Observac¸ ˜ao 2.3 Obviamente {0} e V s˜ao subespac¸os vetoriais do espac¸o vetorial V. 
S˜ao chamados de subespac¸os vetoriais triviais. 
Observac¸ ˜ao 2.4 Note que W ´e subespac¸o vetorial de V se e somente se s˜ao v´alidas as 
seguintes condic¸ ˜oes: 
SV1’ 0 2 W; 
SV2’ Se u, v 2 W e ¸ 2 R ent˜ao u + ¸v 2 W. 
15
16 CAP´ITULO 2. SUBESPAC¸OS VETORIAIS 
Vejamos alguns outros exemplos: 
Exemplo 2.5 SejaP¤n 
½ Pn, dado porP¤n 
= {p(x) 2 Pn; p(0) = 0}. 
Verifiquemos queP¤n 
´e, de fato, um subespac¸o vetorial dePn. 
1. O polinˆomio nulo se anula em x = 0, logo, pertence aP¤n 
. 
2. Se p(x), q(x) 2 P¤n 
ent˜ao p(0) + q(0) = 0 e, portanto, p(x) + q(x) 2 P¤n 
. 
3. se p(x) 2 P¤n 
ent˜ao ¸p(0) = 0 para qualquer ¸ 2 R. Assim, ¸p(x) 2 P¤n 
. 
Exemplo 2.6 Verifiquemos que S = {(x, y, z) 2 R3; x + y + z = 0} ´e um subespac¸o 
vetorial de R3. 
1. ´E 
claro que (0, 0, 0) satisfaz 0 + 0 + 0 = 0. 
2. Se (x, y, z), (u, v,w) 2 S ent˜ao (x + u) + (y + v) + (z + w) = (x + y + z) + 
(u + v + w) = 0 e, portanto, (x, y, z) + (u, v,w) 2 S. 
3. se (x, y, z) 2 S ent˜ao ¸x + ¸y + ¸z = ¸(x + y + z) = 0 para qualquer ¸ 2 R. 
Assim, ¸(x, y, z) 2 S. 
Exemplo 2.7 Considere o seguinte conjunto S = {y 2 C2(R;R); y00 − y = 0} onde 
y00 representa a derivada de segunda ordem de y. Verifiquemos que S ´e um subespac¸o 
vetorial de C2(R;R). 
1. Claramente a func¸ ˜ao nula satisfaz 000 − 0 = 0; 
2. Se y1, y2 2 S ent˜ao (y1 + y2)00 − (y1 − y2) = (y00 1 − y1) − (y00 2 − y2) = 0. Logo, 
y1 + y2 2 S. 
3. Se y 2 S e ¸ 2 R ent˜ao (¸y)00 − ¸y = ¸(y00 − y) = 0. Portanto, ¸y 2 S. 
Deixamos como exerc´ıcio a verificac¸ ˜ao de que os seguintes exemplos s˜ao subespac¸os 
vetoriais dos respectivos espac¸os vetoriais. 
Exemplo 2.8 Sejam a1, . . . , an 2 R e S = {(x1, . . . , xn) 2 Rn; a1x1 + · · · + anxn = 
0}. Mostre que S ´e um subespac¸o vetorial de Rn.
2.2. INTERSEC¸ ˜AO E SOMA DE SUBESPAC¸OS 17 
Exemplo 2.9 O conjunto das func¸ ˜oes cont´ınuas da reta na reta, C(R;R), ´e um subespa-c 
¸o vetorial de F(R). 
Exemplo 2.10 O conjunto das func¸ ˜oes f 2 C([a, b];R) tais que 
R b 
a f(x)dx = 0 ´e um 
subespac¸o vetorial de C([a, b];R). 
Exemplo 2.11 O conjunto das matrizes sim´etricas quadradas de ordem m com coefici-entes 
reais ´e um subespac¸o vetorial de Mm(R). 
Exemplo 2.12 Sejam m, n 2 N com m · n. Ent˜aoPm ´e um subespac¸o dePn. 
2.2 Intersec¸ ˜ao e Soma de Subespac¸os 
Proposic¸ ˜ao 2.13 (Intersec¸ ˜ao de subespac¸os) Sejam U eW subespac¸os vetoriais de V. 
Ent˜ao U W ´e subespac¸o vetorial de V. 
Prova: 
1. Como 0 2 U e 0 2 W ent˜ao 0 2 U W; 
2. Se x, y 2 U W e ¸ 2 R ent˜ao x + ¸y 2 U e x + ¸y 2 W. Portanto, x + ¸y 2 
U W. 
Observac¸ ˜ao 2.14 Note que o subespac¸o V  W est´a, obviamente, contido em ambos 
subespac¸os: U e V. 
Quest˜ao: Com a notac¸ ˜ao da proposic¸ ˜ao acima, podemos afirmar que U [W ´e subespac¸o 
vetorial de V ? 
Resposta : N˜ao. Basta considerar V = R2, U = {(x, y) 2 R2; x + y = 0} e W = 
{(x, y) 2 R2; x − y = 0}. Note que (1,−1) 2 U ½ U [ W e (1, 1) 2 W ½ U [ W 
mas (1,−1) + (1, 1) = (2, 0)62 U [W. 
Se U eW s˜ao subespac¸os vetoriais de um espac¸o vetorial V e V 0 ´e um subespac¸o de 
V que contenha U e W, isto ´e, U [ W ½ V 0 ent˜ao V 0 ter´a que conter todos os vetores 
da forma u + w, u 2 U e w 2 W. Isto motiva a seguinte 
Definic¸ ˜ao 2.15 Sejam U e W subespac¸os vetoriais de um espac¸o vetorial V. Definimos 
a soma de U e W como U +W = {u + w; u 2 U,w 2 W}.
18 CAP´ITULO 2. SUBESPAC¸OS VETORIAIS 
Proposic¸ ˜ao 2.16 (Soma de subespac¸os) Sejam U,W e V como na definic¸ ˜ao acima. 
Ent˜ao U +W ´e um subespac¸o vetorial de V. Al´em do mais, U [W ½ U +W. 
Prova: Verifiquemos que U +W ´e subespac¸o vetorial de V. 
1. Como 0 2 U e 0 2 W ent˜ao 0 = 0 + 0 2 U +W; 
2. Sejam x1, x2 2 U +W ent˜ao xj = uj +wj , uj 2 U, wj 2 W, j = 1, 2. Agora, se 
¸ 2 R ent˜ao x1+¸x2 = u1+w1+¸(u2+w2) = (u1+¸u2)+(w1+¸w2) 2 U+W, 
pois U e W s˜ao subespac¸os vetoriais. 
Mostremos que U [ W ½ U + W. Seja v 2 U [ W. Se v 2 U ent˜ao v = v + 0 2 
U +W. Se v 2 W ent˜ao v = 0 + v 2 U +W. Ou seja, U [W ½ U +W. 
Definic¸ ˜ao 2.17 Sejam U e W subespac¸os vetoriais de um espac¸o vetorial V. Dizemos 
que U +W ´e a soma direta de U eW se U W = {0}. Neste caso usaremos a notac¸ ˜ao 
U ©W para representar U +W. 
Observac¸ ˜ao 2.18 Note que trivialmente {0} ½ U W se U e W s˜ao subespac¸os veto-riais. 
Proposic¸ ˜ao 2.19 (Soma de subespac¸os) Sejam U e W subespac¸os vetoriais de um es-pac 
¸o vetorial V. Temos V = U © W se e somente se para cada v 2 V existirem um 
´unico u 2 U e um ´unico w 2 W satisfazendo v = u + w. 
Prova: Suponha que V = U © W, isto ´e, V = U + W e U  W = {0}. Ent˜ao, dado 
v 2 V existem u 2 U e w 2 W satisfazendo v = u + w. Queremos mostrar que tal 
decomposic¸ ˜ao ´e ´unica. Suponha que existam u0 2 U e w0 2 W tais que v = u0 + w0. 
Ent˜ao, u + w = u0 + w0, o que implica em u − u0 = w0 − w. Mas u − u0 2 U e 
w0 − w 2 W e, portanto, u − u0 = w0 − w 2 U W = {0}, ou seja u = u0 e w = w0. 
Suponha agora que para cada v 2 V existam um ´unico u 2 U e um ´unico w 2 W 
satisfazendo v = u + w. ´E 
claro que V = U + W. Resta mostrar que U  W = {0}. 
Obviamente, 0 2 U  W. Seja v 2 U  W, isto ´e, v 2 U e v 2 W. Ent˜ao, existem um 
´unico u 2 U e um ´unico w 2 W satisfazendo v = u + w. Observe que v = u + w = 
(u + v) + (w − v) com u + v 2 U e w − v 2 W e, pela unicidade da decomposic¸ ˜ao, 
devemos ter u = u + v e w = w − v, isto ´e, v = 0. Logo, U W = {0}. 
Alternativamente, poder´ıamos supor a existˆencia de v6= 0 em U  W e da´ı ob-ter 
´ıamos v = 2v−v = 4v−3v, duas decomposic¸ ˜oes distintas para v j´a que 2v, 4v 2 U, 
2v6= 4v e −v,−3v 2 W.
2.2. INTERSEC¸ ˜AO E SOMA DE SUBESPAC¸OS 19 
Exemplo 2.20 Verifique que R3 ´e a soma direta de U = {(x, y, z) 2 R3; x+y+z = 0} e W = {(x, y, z) 2 R3; x = y = 0}. 
Note queW ´e de fato um subespac¸o vetorial de R3 poisW = {(x, y, z) 2 R3; x = 0} 
{(x, y, z) 2 R3; y = 0} ou, alternativamente, se u1 = (x1, y1, z1), u2 = (x2, y2, z2) 2 
W ent˜ao x1 = y1 = x2 = y2 = 0 e u1 +u2 = (0, 0, z1 +z2) ´e claramente um elemento 
de W. 
Se ¸ 2 R ent˜ao 
¸u1 = ¸(0, 0, z1) = (¸0, ¸0, ¸z1) = (0, 0, ¸z1) 2 W. 
Finalmente, (0, 0, 0) 2 W, o que conclui a prova de queW ´e um subespac¸o vetorial. 
Prosseguindo, dado (x, y, z) 2 R3 podemos escrever 
(x, y, z) = (x, y,−x − y) + (0, 0, z + x + y) 
e como (x, y,−x − y) 2 U e (0, 0, z + x + y) 2 W obtemos R3 = U +W. 
Resta agora mostrar que U W = {0}. Seja (x, y, z) 2 U W. Temos 
8>< 
>: 
x + y + z = 0 
x = 0 
y = 0 
() (x, y, z) = (0, 0, 0). 
Definic¸ ˜ao 2.21 Sejam U1, . . . ,Un subespac¸os vetoriais de um espac¸o vetorial V. A so-ma 
de U1 a Un ´e definida por 
U1 + · · · + Un = {u1 + · · · + un; uj 2 Uj , j = 1, . . . , n}. 
Definic¸ ˜ao 2.22 Sejam U1, . . . ,Un subespac¸os vetoriais de um espac¸o vetorial V. Dize-mos 
que a soma de U1 a Un ´e uma soma direta se 
Uj  (U1 + · · · + Uj−1 + Uj+1 + · · · + Un) = {0}, j = 1, . . . n. 
Neste caso usaremos a notac¸ ˜ao U1 © · · · © Un para denotar a soma de U1 a Un. 
Observac¸ ˜ao 2.23 ´E 
´obvio que 
0 2 Uj  (U1 + · · · + Uj−1 + Uj+1 + · · · + Un) 
se U1, . . . ,Un s˜ao subespac¸os vetoriais.
20 CAP´ITULO 2. SUBESPAC¸OS VETORIAIS 
Proposic¸ ˜ao 2.24 Sejam U1, . . . ,Un subespac¸os vetoriais de um espac¸o vetorial V. En-t 
˜ao V = U1©· · ·©Un se e somente se para cada v 2 V existe, para cada j = 1, . . . , n, 
um ´unico uj 2 Uj tal que v = u1 + · · · + un. 
Prova: A prova ´e an´aloga `a da proposic¸ ˜ao 2.19. 
Exemplo 2.25 Mostre que P2 ´e soma direta dos seguintes subespac¸os vetoriais U1 = 
{a0; a0 2 R}, U2 = {a1x; a1 2 R} e U3 = {a2x2; a2 2 R}. 
Dado p(x) 2 P2, temos p(x) = a0+a1x+a2x2, para certos coeficientes a0, a1, a2 2 R. 
Assim,P2 = U1 + U2 + U3. 
Verifiquemos que a soma ´e direta. 
1. Mostremos que U1  (U2 + U3) = {0}. Seja p(x) 2 U1  (U2 + U3). Ent˜ao 
existem a0, a1, a2 2 R tais que p(x) = a0 = a1x + a2x2. Se p(x) n˜ao fosse 
o polinˆomio nulo ter´ıamos um polinˆomio de grau 0, a0, coincidindo com um de 
grau no m´ınimo 1, a1x + a2x2, o que ´e um absurdo. Logo, p(x) = 0. 
2. Mostremos que U2(U1+U3) = {0}. Seja p(x) 2 U2(U1+U3). Ent˜ao existem 
a0, a1, a2 2 R tais que p(x) = a1x = a0 + a2x2. Se p(x) n˜ao fosse o polinˆomio 
nulo ter´ıamos um polinˆomio de grau 1, a1x, coincidindo com um de grau 0 (caso 
a2 = 0) ou 2, a0 + a2x2, (caso a26= 0), o que ´e um absurdo. Logo, p(x) = 0. 
3. Mostremos que U3(U1+U2) = {0}. Seja p(x) 2 U3(U1+U2). Ent˜ao existem 
a0, a1, a2 2 R tais que p(x) = a2x2 = a0 + a1x. Se p(x) n˜ao fosse o polinˆomio 
nulo ter´ıamos um polinˆomio de grau 2, a2x2, coincidindo com um de grau 0 (caso 
a1 = 0) ou 1, a0 + a1x, (caso a16= 0), o que ´e um absurdo. Logo, p(x) = 0. 
2.3 Exerc´ıcios 
Ex. 2.26 Verifique se em cada um dos itens abaixo o subconjunto W ´e um subespac¸o 
vetorial do espac¸o vetorial V. Caso n˜ao sejam especificadas, as operac¸ ˜oes s˜ao as usuais. 
1. V = M2(R), W = 
½µ 
a b 
−a c 
¶ 
; a, b, c,2 R 
¾ 
. 
2. V = R4, W = {(x, x, y, y); x, y 2 R} . 
3. V = Pn(R),W = {p 2 Pn(R); p(0) = p(1)} .
2.3. EXERC´ICIOS 21 
4. V = Mn(R), dada B 2 Mn(R), defina W = {A 2 Mn(R);BA = 0} . 
5. V = Rn, W = {(x1, x2, · · · , xn); a1x1 + · · · + anxn = 0} , onde a1, . . . , an 2 R s˜ao dados. 
6. V = Mn×1(R), W = {X 2 Mn×1(R);AX = 0} , onde A 2 Mm×n ´e dada. 
7. V = Pn(R), W = {p 2 Pn(R); p0(t) = 0, 8t 2 R} . 
8. V = Mn(R), W = 
© 
A 2 Mn(R);At = A 
ª 
. 
9. V = Mn(R),W = 
© 
A 2 Mn(R);At = −A 
ª 
. 
Ex. 2.27 Diga, em cada um dos itens abaixo, se a afirmac¸ ˜ao ´e verdadeira ou falsa, jus-tificando 
sua resposta. isto ´e, provando se for verdadeira ou dando um contra-exemplo 
se for falsa. 
1. SeW1 eW2 s˜ao susbespac¸os de um espac¸o vetorial V ent˜aoW1[W2 ´e subespac¸o 
de V. 
2. SejamW1 eW2 subespac¸os de um espac¸o vetorial V. Ent˜aoW1 [W2 ´e subespac¸o 
de V se, e somente se, W1 µ W2 ou W2 µ W1. (Sugest˜ao: mostre que se W ´e 
subespac¸o de V e x0, y0 2 V s˜ao tais que x0 2 W e y062 W ent˜ao x0 + y0 /2 W 
e use-o.) 
Ex. 2.28 Em cada item abaixo encontrar os subespac¸os U +W e U W, onde U, W 
s˜ao subespac¸os do espac¸o vetorial V indicado. 
1. U = 
© 
x, y) 2 R2; y = 0 
ª 
, W = 
© 
(x, y) 2 R2; x = 2y 
ª 
, V = R2. 
2. U = 
½µ 
a 0 
0 b 
¶ 
; a, b 2 R 
¾ 
, W = 
½µ 
0 c 
0 d 
¶ 
; c, d 2 R 
¾ 
, V = M2(R). 
3. V = P3(R), U = {p(t) 2 V ; p00(t) = 0} , W = {q(t) 2 V ; q0(t) = 0} . 
Ex. 2.29 Verifique em cada um dos itens abaixo se V = U ©W. 
1. V = R2, U = 
© 
(x, y) 2 R2; 2x + 3y = 0 
ª 
, W = 
© 
(x, y) 2 R2; x − y = 0 
ª 
.
22 CAP´ITULO 2. SUBESPAC¸OS VETORIAIS 
2. V = M3(R), U = 
8< 
0 
@ 
: 
a b 0 
0 0 c 
0 0 d 
9= 
1 
A; a, b, c, d 2 R 
;, 
W = 
8< 
0 
@ 
: 
0 0 e 
f g 0 
h i 0 
9= 
1 
A; e, f, g, h, i 2 R 
;. 
3. V = P3(R), U = {p(t) 2 P3(R); p(1) = p(0) = 0} , 
W = {q(t) 2 P3(R); q0(t) = 0, 8t 2 R} . 
Ex. 2.30 Em cada um dos itens abaixo, dado U subespac¸o de V , encontrar o subespac¸o 
suplementar de U, isto ´e, o subespac¸o W de V tal que V = U ©W. 
1. V = R3, U = {(x, y, 0); x, y 2 R} . 
2. V = P3(R), U = {p(t) 2 P3(R); p00(t) = 0, 8t 2 R} . 
3. V = M3(R), U = 
© 
A 2 M3(R);At = A 
ª 
. 
4. V = M2×1(R), U = {X 2 M2×1(R);AX = 0} , onde A = 
µ 
1 1 
0 1 
¶ 
.
Cap´ıtulo 3 
Combinac¸ ˜oes Lineares 
3.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos 
Definic¸ ˜ao 3.1 Sejam u1, . . . , un elementos de um espac¸o vetorial V. Dizemos que u ´e 
combinac¸ ˜ao linear de u1, . . . , un se existirem n´umeros reais ®1, . . . , ®n tais que u = 
®1u1 + · · · + ®nun 
Exemplo 3.2 Em P2, o polinˆomio p(x) = 2 + x2 ´e uma combinac¸ ˜ao dos polinˆomios 
p1(x) = 1, p2(x) = x e p3(x) = x2. 
Basta ver que p(x) = 2p1(x) + 0p2(x) + p3(x). 
Exemplo 3.3 Verifique que emP2, o polinˆomio p(x) = 1 + x2 ´e uma combinac¸ ˜ao dos 
polinˆomios q1(x) = 1, q2(x) = 1 + x e q3(x) = 1 + x + x2. 
Precisamos encontrar n´umeros reais ®, ¯ e ° tais que p(x) = ®q1(x)+¯q2(x)+°q3(x). 
Ou seja, precisamos encontrar ®, ¯ e ° satisfazendo 
1 + x2 = ® + ¯(1 + x) + °(1 + x + x2) = ® + ¯ + ° + (¯ + °)x + °x2, 
que ´e equivalente ao sistema 
8>< 
>: 
® + ¯ + ° = 1 
¯ + ° = 0 
° = 1 
() ® = 1, ¯ = −1 e ° = 1. 
23
24 CAP´ITULO 3. COMBINAC¸ ˜OES LINEARES 
3.2 Geradores 
Definic¸ ˜ao 3.4 Sejam V um espac¸o vetorial e S um subconjunto n˜ao vazio de V. Usare-mos 
o s´ımbolo [S] para denotar o conjunto de todas as combinac¸ ˜oes lineares dos ele-mentos 
de S. Em outras palavras, u 2 [S] se existirem ®1, . . . , ®n 2 R e u1, . . . , un 2 S 
tais que u = ®1u1 + · · · + ®nun. 
Proposic¸ ˜ao 3.5 Sejam V um espac¸o vetorial e S um subconjunto n˜ao vazio de V. Ent˜ao 
[S] ´e um subespac¸o vetorial de V. 
Prova: 
1. Como S6= ; existe u 2 S. Logo, 0 = 0u 2 [S]. 
2. Se u, v 2 [S] ent˜ao existem ®1, . . . , ®n, ¯1, . . . , ¯m 2 R e u1, . . . , un, v1, . . . , 
vm 2 S tais que u = ®1u1 + · · · + ®nun e v = ¯1v1 + · · · + ¯mvm. Assim, para 
todo ¸ 2 R, temos 
u + ¸v = ®1u1 + · · · + ®nun + ¸(¯1v1 + · · · + ¯mvm) 
= ®1u1 + · · · + ®nun + ¸¯1v1 + · · · + ¸¯mvm 2 [S]. 
Definic¸ ˜ao 3.6 Sejam S e V como acima. Diremos que [S] ´e o subespac¸o vetorial gerado 
por S. Os elementos de S s˜ao chamados de geradores de [S]. Se S = {u1, . . . , un} tamb´em usaremos a notac¸ ˜ao [S] = [u1, . . . , un]. 
Proposic¸ ˜ao 3.7 Sejam S e T subconjuntos n˜ao-vazios de um espac¸o vetorial V. Temos 
1. S ½ [S]; 
2. Se S ½ T ent˜ao [S] ½ [T]; 
3. [[S]] = [S]; 
4. Se S ´e um subespac¸o vetorial ent˜ao S = [S]; 
5. [S [ T] = [S] + [T]. 
Prova:
3.2. GERADORES 25 
1. Se u 2 S ent˜ao u = 1u 2 [S]; 
2. Se u 2 [S] ent˜ao existem ®1, . . . , ®n 2 R e u1, . . . , un 2 S tais que u = ®1u1 + 
· · · + ®nun. Como S ½ T temos u1, . . . , un 2 T e, portanto, u 2 [T]; 
3. Pelo item 1 desta proposic¸ ˜ao, [S] ½ [[S]]. Seja u 2 [[S]]. Segue da definic¸ ˜ao que 
u ´e uma combinac¸ ˜ao linear de elementos de [S], mas como cada elemento de [S] ´e 
uma combinac¸ ˜ao linear de elementos de S resulta que u ´e uma combinac¸ ˜ao linear 
de elementos de S, ou seja, u 2 [S]; 
4. Pelo item 1, S ½ [S]. Seja u 2 [S]. Ent˜ao u ´e uma combinac¸ ˜ao linear de elementos 
de S. Como S ´e um subespac¸o vetorial, esta combinac¸ ˜ao linear ´e um elemento de 
S; 
5. Seja u 2 [S [ T]. Por definic¸ ˜ao, existem ®1, . . . , ®n, ¯1, . . . , ¯m 2 R e u1, . . . , 
un 2 S e v1, . . . , vm 2 T tais que 
u = ®1u1 + · · · + ®nun + ¯1v1 + · · · + ¯mvm 
= (®1u1 + · · · + ®nun) + (¯1v1 + · · · + ¯mvm) 2 [S] + [T]. 
Reciprocamente, se u 2 [S]+[T] ent˜ao u = v +w com v 2 [S] e w 2 [T]. Dessa 
forma, existem ®1, . . . , ®p, ¯1, . . . , ¯q 2 R e v1, . . . , vp 2 S e w1, . . . ,wq 2 T 
tais que 
u = v + w = ®1v1 + · · · + ®pvp + ¯1w1 + · · · + ¯qwq 2 [S [ T]. 
Definic¸ ˜ao 3.8 Dizemos que um espac¸o vetorial V ´e finitamente gerado se existir um 
subconjunto finito S ½ V tal que V = [S]. 
S˜ao exemplos de espac¸os vetoriais finitamente gerados: 
1. Pn(R) = [1, x, . . . , xn]; 
2. Rn ´e gerado por e1 = (1, 0, . . . , 0), e2 = (0, 1, 0, . . . , 0), . . . , en = (0, . . . , 0, 1). 
3. Mm×n(R) ´e gerado pelas matrizes Ekl = (±(k,l) 
i,j ), k = 1, . . . ,m, l = 1, . . . n, 
onde 
±(k,l) 
i,j = 
( 
1 se (i, j) = (k, l) 
0 caso contr´ario .
26 CAP´ITULO 3. COMBINAC¸ ˜OES LINEARES 
Exemplo 3.9 Seja P(R) o espac¸o vetorial formado por todos os polinˆomios. Afirma-mos 
queP(R) n˜ao ´e finitamente gerado. 
Note que Pn(R) ½ P(R) para todo n 2 N. Se P(R) fosse finitamente gerado existi-riam 
polinˆomios p1(x), . . . , pn(x) tais que P(R) = [p1(x), . . . , pn(x)]. Seja N o grau 
mais alto dentre os polinˆomios p1(x), . . . , pn(x). ´E 
evidente que xN+1 n˜ao pode ser es-crito 
como combinac¸ ˜ao linear de p1(x), . . . , pn(x) e, assim, xN+162 [p1(x), . . . , pn(x)] 
= P(R). Uma contradic¸ ˜ao. 
Note que [1, x, x2, . . . ] = Pn(R). 
Exemplo 3.10 Seja V um espac¸o vetorial gerado por u1, . . . , un. Mostre que se, por 
exemplo, u1 ´e uma combinac¸ ˜ao linear de u2, . . . , un ent˜ao V ´e gerado por u2, . . . , un. 
Devemos mostrar que qualquer u 2 V se escreve como uma combinac¸ ˜ao linear de 
u2, . . . , un. Sabemos que existem ®1, . . . , ®n 2 R tais que u = ®1u1 + · · · + ®nun 
e existem tamb´em ¯1, . . . , ¯n−1 satisfazendo u1 = ¯1u2 + · · · + ¯n−1un. Combinando 
estas informac¸ ˜oes, obtemos 
u = ®1(¯1u2 + · · · + ¯n−1un) + ®2u2 + · · · + ®nun 
= (®1¯1 + ®2)u2 + · · · + (®1¯n−1 + ®n)un 2 [u2, . . . , un]. 
Exemplo 3.11 Sejam U = {(x, y, z, t) 2 R4; x − y + t + z = 0} e V = {(x, y, z, t) 2 R4; x+y−t+z = 0}. Encontre um conjunto de geradores para os seguintes subespac¸os 
vetoriais: U, V, U  V e U + V. 
1. Se (x, y, z, t) 2 U ent˜ao y = x + z + t e, portanto, 
(x, y, z, t) = (x, x + z + t, z, t) = x(1, 1, 0, 0) + z(0, 1, 1, 0) + t(0, 1, 0, 1), 
isto ´e, 
U = [(1, 1, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1)]. 
2. Se (x, y, z, t) 2 V ent˜ao t = x + y + z e, portanto, 
(x, y, z, t) = (x, y, z, x + y + z) = x(1, 0, 0, 1) + y(0, 1, 0, 1) + z(0, 0, 1, 1), 
isto ´e, 
V = [(1, 0, 0, 1), (0, 1, 0, 1), (0, 0, 1, 1)].
3.3. EXERC´ICIOS 27 
3. Se (x, y, z, t) 2 U  V ent˜ao 
( 
x − y + t + z = 0 
x + y − t + z = 0, 
que implica em x = −z e y = t. Desse modo, (x, y, z, t) = (x, y,−x, y) = 
x(1, 0,−1, 0) + y(0, 1, 0, 1) e, portanto, 
U  V = [(1, 0,−1, 0), (0, 1, 0, 1)]. 
4. Como U + V = [U] + [V ] = [U [ V ], temos que 
U + V = [(1, 1, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1), 
(1, 0, 0, 1), (0, 1, 0, 1), (0, 0, 1, 1)] 
= [(1, 1, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1), (1, 0, 0, 1), (0, 0, 1, 1)]. 
Observe que 
(1, 1, 0, 0) = (1, 0, 0, 1) + (0, 1, 1, 0) − (0, 0, 1, 1) 
e, portanto, 
U + V = [(0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1), (1, 0, 0, 1), (0, 0, 1, 1)]. 
Veremos mais adiante que este ´e o n´umero m´ınimo de geradores para o subespac¸o 
U + V. 
3.3 Exerc´ıcios 
Ex. 3.12 Para cada um dos subconjuntos S µ V , onde V ´e o espac¸o vetorial indicado, 
encontrar o subespac¸o gerado por S, isto ´e, [S]. 
1. S = {(1, 0), (2,−1)} , V = R2. 
2. {(1, 1, 1), (2, 2, 0)} , V = R3. 
© 
3. S = 
1, t, t2, 1 + t3 
ª 
, V = P3(R).
28 CAP´ITULO 3. COMBINAC¸ ˜OES LINEARES 
4. S = 
½µ 
0 1 
0 0 
¶ 
, 
µ 
0 0 
−1 0 
¶¾ 
, V = M2(R). 
Ex. 3.13 Em cada um dos itens abaixo encontrar um subconjunto S, finito, que gera o 
subespac¸o vetorial W do espac¸o vetorial V. 
1. W = 
© 
(x, y, z) 2 V 
.= 
ª 
. 
R3; x − 2y = 0 
2. W = {p 2 V 
.= 
P3(R); p0(t) = 0, 8t 2 R} . 
3. W = 
© 
A 2 V 
.= 
ª 
. 
M2(R);At = A 
4. W = {X 2 V 
.= 
M3×1(R);AX = 0} , onde 
A = 
0 
@ 
0 1 0 
2 1 0 
1 1 4 
1 
A. 
Ex. 3.14 Encontrar, em cada um dos itens abaixo, os subconjuntos S do espac¸o vetorial 
V que geram U, W, U W e U +W. 
1. U = [(1, 0, 0), (1, 1, 1)], W = [(0, 1, 0), (0, 0, 1)], V = R3. 
2. U = 
© 
(x, y, z) 2 R3; x + y = 0 
ª 
, W = [(1, 3, 0), (0, 4, 6)], V = R3. 
3. U = 
© 
A 2 M2(R);At = A 
µ 
ª 
, W = [ 
1 1 
0 1 
¶ 
], V = M2(R). 
4. U = [t3 + 4t2 − t + 3, t3 + 5t2 + 5, 3t3], W = [t3 + 4t,t − 1, 1], V = P3(R). 
Ex. 3.15 Encontrar, em cada um dos itens abaixo, os subconjuntos S do espac¸o vetorial 
V que geram U, W, U W e U +W. 
1. U = [(1, 0, 0), (1, 1, 1)], W = [(0, 1, 0), (0, 0, 1)], V = R3. 
2. U = 
© 
(x, y, z) 2 R3; x + y = 0 
ª 
, W = [(1, 3, 0), (0, 4, 6)], V = R3. 
3. U = 
© 
A 2 M2(R);At = A 
µ 
ª 
, W = [ 
1 1 
0 1 
¶ 
], V = M2(R). 
4. U = [t3 + 4t2 − t + 3, t3 + 5t2 + 5, 3t3], W = [t3 + 4t,t − 1, 1], V = P3(R).
3.3. EXERC´ICIOS 29 
Ex. 3.16 Obtenha o subconjunto formado por vetores do espac¸o vetorial P3(R) que 
geram os seguintes subespac¸os; 
1. U = {p 2 P3(R); p(1) = p(0) = 0} , 
2. W = {p 2 P3(R); p00(t) = 0, 8t 2 R} , 
3. U W.
30 CAP´ITULO 3. COMBINAC¸ ˜OES LINEARES
Cap´ıtulo 4 
Dependˆencia Linear 
4.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos 
Definic¸ ˜ao 4.1 Dizemos que uma seq¨uˆencia de vetores u1, . . . , un de um espac¸o vetorial 
V ´e linearmente independente (l.i., abreviadamente) se a combinac¸ ˜ao linear ®1u1 + 
· · · + ®nun = 0 s´o for satisfeita quando ®1 = · · · = ®n = 0. 
Observac¸ ˜ao 4.2 Note que se ®1 = · · · = ®n = 0 ent˜ao ®1u1 + · · · + ®nun = 0, 
por´em, a rec´ıproca nem sempre ´e v´alida. Basta ver que, por exemplo, em R2 temos 
(0, 0) = 1(1, 1) + 1(−1,−1). 
Observac¸ ˜ao 4.3 A noc¸ ˜ao de independˆencia linear para a seq¨uˆencia u1, . . . , un equivale 
a dizer que se ¯i6= 0 para algum i 2 {1, . . . , n} ent˜ao ¯1u1 + · · · + ¯nun6= 0. 
Definic¸ ˜ao 4.4 Dizemos que uma seq¨uˆencia u1, . . . , un de um espac¸o vetorial V ´e line-armente 
dependente (l.d., abreviadamente) se n˜ao for linearmente independente. 
Observac¸ ˜ao 4.5 A definic¸ ˜ao de dependˆencia linear para a seq¨uˆencia u1, . . . , un ´e equi-valente 
a dizer que ´e poss´ıvel encontrar n´umeros reais ®1, . . . , ®n n˜ao todos nulos tais 
que ®1u1 + · · · + ®nun = 0. 
Exemplo 4.6 O, u1, . . . , un ½ V ´e uma seq¨uˆencia l.d., onde O ´e o elemento neutro do 
espac¸o vetorial V. 
Basta verificar que 1O + 0u1 + · · · + 0un = O. 
31
32 CAP´ITULO 4. DEPEND ˆENCIA LINEAR 
Exemplo 4.7 Verifique se a seq¨uˆencia (1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0) ´e linearmente inde-pendente 
em R3. 
´E 
preciso verificar quais s˜ao as poss´ıveis soluc¸ ˜oes de 
®(1, 1, 1) + ¯(1, 1, 0) + °(1, 0, 0) = (0, 0, 0). 
Isto equivale a resolver o sistema 
8>< 
>: 
® + ¯ + ° = 0 
® + ¯ = 0 
° = 0, 
que possui como ´unica soluc¸ ˜ao, ® = ¯ = ° = 0. Logo, a seq¨uˆencia acima ´e l.i.. 
Exemplo 4.8 Considere os vetores em R3 dados por 
u1 = (x1, y1, z1), u2 = (x2, y2, z2) e u3 = (x3, y3, z3). 
Encontre uma condic¸ ˜ao necess´aria e suficiente para que os vetores u1, u2, u3 sejam 
linearmente independentes. 
Vejamos, os vetores acima ser˜ao l.i. se e somente se ®1u1+®2u2+®3u3 = 0 apresentar 
como ´unica soluc¸ ˜ao ®1 = ®2 = ®3 = 0. Isto ´e equivalente a que o sistema 
8>< 
>: 
®1x1 + ®2x2 + ®3x3 = 0 
®1y1 + ®2y2 + ®3y3 = 0 
®1z1 + ®2z2 + ®3z3 = 0 
possua soluc¸ ˜ao ´unica e, como se sabe, isto ´e equivalente que a matriz 
0 
@ 
x1 x2 x3 
y1 y2 y3 
z1 z2 z3 
1 
A 
possua determinante diferente de zero. Note que as colunas desta matriz s˜ao formadas 
pelos coeficientes de u1, u2 e u3. O mesmo resultado vale se colocarmos os coeficientes 
dos vetores u1, u2 e u3 como linhas. Por quˆe?
4.1. INTRODUC¸ ˜AO E EXEMPLOS 33 
Exerc´ıcio 4.9 Enuncie e demonstre um resultado an´alogo ao exemplo anterior para 
uma seq¨uˆencia com n vetores do Rn. 
Exemplo 4.10 Verifique se as matrizes 
¶ 
, 
µ 
1 0 
0 1 
¶ 
, 
µ 
1 1 
0 1 
¶ 
µ 
0 1 
0 0 
s˜ao linearmente independentes em M2(R). 
Procuremos as soluc¸ ˜oes de 
® 
µ 
1 0 
0 1 
¶ 
+ ¯ 
µ 
1 1 
0 1 
¶ 
+ ° 
µ 
0 1 
0 0 
¶ 
= 
µ 
0 0 
0 0 
¶ 
, 
que equivale a µ 
® + ¯ ¯ + ° 
0 ® + ¯ 
¶ 
= 
¶ 
, 
µ 
0 0 
0 0 
que possui como soluc¸ ˜ao (®, ¯, °) = (®,−®, ®) para qualquer ® 2 R. Dessa forma, 
a seq¨uˆencia de matrizes dada ´e linearmente dependente, bastando tomar, por exemplo, 
® = 1, ¯ = −1 e ° = 1. 
Exemplo 4.11 Verifique se as func¸ ˜oes cos e sen s˜ao l.d. em C1(R;R). 
Como cos e sen s˜ao func¸ ˜oes definidas em R, a combinac¸ ˜ao nula 
® cos+¯ sen = 0 
significa que ® cos x + ¯ sen x = 0 para todo x 2 R. Em particular, para x = 0 vemos 
que ® = 0 e para x = ¼/2, vem ¯ = 0. Portanto, cos e sen s˜ao l.i.. 
Exemplo 4.12 Verifique se as func¸ ˜oes cos2, sen 2, 1 s˜ao l.d. em C1(R;R). 
Como 
1 − cos2 x − sen 2x = 0, para todo x 2 R, 
resulta que as func¸ ˜oes acima s˜ao l.d.. 
Exerc´ıcio 4.13 Sejam f(x) = cos 2x, g(x) = cos2 x e h(x) = sen 2x, x 2 R. Mostre 
que f, g, h s˜ao linearmente dependentes em C1(R;R).
34 CAP´ITULO 4. DEPEND ˆENCIA LINEAR 
4.2 Propriedades 
Proposic¸ ˜ao 4.14 Se u1, . . . , un s˜ao l.d. em um espac¸o vetorial V ent˜ao pelo menos um 
destes vetores se escreve como combinac¸ ˜ao linear dos outros. 
Prova: Precisamos mostrar que e u1, . . . , un s˜ao l.d. ent˜ao existem j 2 {1, . . . , n} e 
n´umeros reais ®1, . . . , ®n−1 tais que 
uj = ®1u1 + · · · + ®j−1uj−1 + ®juj+1 + · · · + ®n−1un. 
Como u1, . . . , un s˜ao l.d. existem n´umeros reais ¯1, . . . , ¯n n˜ao todos nulos tais que 
¯1u1 + · · · + ¯nun = 0. Desse modo, existe j 2 {1, . . . , n} tal que ¯j6= 0 e, assim, 
uj = − 
¯1 
¯j 
u1 − · · · − 
¯j−1 
¯j 
uj−1 − 
¯j+1 
¯j 
uj+1 − · · · − 
¯n 
¯j 
un. 
Proposic¸ ˜ao 4.15 Se u1, . . . , un em V s˜ao l.d. ent˜ao qualquer seq¨uˆencia finita de vetores 
de V que os contenha, tamb´em ser´a l.d.. 
Prova: Vamos mostrar que se u1, . . . , un, un+1, . . . , um 2V s˜ao tais que u1, . . . , un s˜ao 
l.d. ent˜ao u1, . . . , un, un+1, . . . , um tamb´em s˜ao linearmente dependentes. 
Como existem n´umeros reais ¯1, . . . , ¯n n˜ao todos nulos tais que ¯1u1 + · · · + 
¯nun = 0, podemos escrever 
¯1u1 + · · · + ¯nun + 0un+1 + · · · + 0um = 0 
sendo que nesta ´ultima express˜ao nem todos os coeficientes s˜ao nulos. 
Proposic¸ ˜ao 4.16 Se u1, . . . , un, un+1, . . . , um s˜ao l.i. em um espac¸o vetorial V ent˜ao 
qualquer subseq¨uˆencia destes vetores tamb´em ´e l.i.. 
Prova: Basta mostrar que se u1, . . . , un, un+1, . . . , um s˜ao l.i. ent˜ao u1, . . . , un tamb´em 
s˜ao. 
Suponha que ¯1u1 + · · · + ¯nun = 0. Mas como 
¯1u1 + · · · + ¯nun = ¯1u1 + · · · + ¯nun + 0un+1 + · · · + 0um = 0 
e estes vetores s˜ao l.i., segue que ¯1 = · · · = ¯n = 0.
4.3. EXERC´ICIOS 35 
Proposic¸ ˜ao 4.17 Se u1, . . . , un s˜ao l.i. em um espac¸o vetorial V e u1, . . . , un, un+1 
s˜ao l.d. ent˜ao un+1 ´e combinac¸ ˜ao linear de u1, . . . , un. 
Prova: Existem ¯1, . . . , ¯n+1 n˜ao todos nulos tais que 
¯1u1 · · · + ¯nun + ¯n+1un+1 = 0. 
Agora, se ¯n+1 = 0 ent˜ao a express˜ao acima ficaria 
¯1u1 · · · + ¯nun = 0. 
Ora, os vetores u1, . . . , un s˜ao l.i. e, assim, dever´ıamos ter tamb´em ¯1 = · · · = ¯n = 0. 
Uma contradic¸ ˜ao. 
Proposic¸ ˜ao 4.18 Sejam u1, . . . , un vetores l.i. em um espac¸o vetorial V. Ent˜ao cada 
vetor v 2 [u1, . . . , un] se escreve de maneira ´unica como v = ®1u1 + · · · + ®nun. 
Prova: 
Basta mostrar que se ®1u1 + · · · + ®nun = ¯1u1 + · · · + ¯nun ent˜ao ®j = ¯j , 
j = 1, . . . , n. 
Temos 
(®1 − ¯1)u1 + · · · + (®n − ¯n)un = 0 
e como u1, . . . , un s˜ao l.i. ent˜ao ®j − ¯j = 0, isto ´e ®j = ¯j , para todo j = 1, . . . , n. 
4.3 Exerc´ıcios 
Ex. 4.19 Verifique, em cada um dos itens abaixo, se o subconjunto S do espac¸o vetorial 
V ´e l.i. ou l.d. 
1. S = {(1, 2), (−3, 1)} , V = R2. 
2. S = 
© 
1 + t − t2, 2 + 5t − 9t2 
ª 
, V = P2(R). 
3. S = 
½µ 
−1 1 
0 0 
¶ 
, 
µ 
2 0 
−1 0 
¶¾ 
, V = M2(R). 
4. S = {(1, 2, 2,−3), (−1, 4,−2, 0)} , V = R4. 
5. S = 
8< 
0 
@ 
: 
1 2 0 
3 0 1 
0 0 2 
1 
A, 
0 
@ −1 −1 −1 
0 0 0 
1 1 1 
1 
A, 
0 
@ 
0 0 0 
10 5 7 
−1 0 1 
1 
A 
9= 
;, V = M3(R).
36 CAP´ITULO 4. DEPEND ˆENCIA LINEAR
Cap´ıtulo 5 
Base, Dimens˜ao e Coordenadas 
5.1 Base 
Definic¸ ˜ao 5.1 Seja V6= {0} um espac¸o vetorial finitamente gerado. Uma base de V ´e 
uma seq¨uˆencia de vetores linearmente independentes B de V que tamb´em gera V. 
Exemplo 5.2 Os vetores de B = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} formam uma base de R3. 
Vˆe-se facilmente que os vetores de B s˜ao l.i. e que todo (x, y, z) 2 R3 se escreve como 
(x, y, z) = x(1, 0, 0) + y(0, 1, 0) + z(0, 0, 1). 
Exemplo 5.3 Os vetores e1, · · · , en 2 Rn onde e1 = (1, 0, . . . , 0), e2 = (0, 1, 0, 
. . . , 0), . . . , en = (0, . . . , 0, 1) formam uma base de Rn. 
Ex. Resolvido 5.4 Mostre que (1, 1) e (1,−1) formam uma base de R2. 
Resoluc¸ ˜ao: ´E 
preciso mostrar que estes vetores s˜ao l.i. e que todo ponto de R2 se 
escreve como combinac¸ ˜ao linear de (1, 1) e (1,−1). No entanto, se mostrarmos que todo 
ponto de R2 se escreve de maneira ´unica como combinac¸ ˜ao linear de (1, 1) e (1,−1) j´a 
estaremos mostrando as duas propriedades ao mesmo tempo. (Por quˆe?) 
Seja (x, y) 2 R2. O nosso problema se resume em mostrar que existe um ´unico 
® 2 R e um ´unico ¯ 2 R satisfazendo (x, y) = ®(1, 1) + ¯(1,−1) = (® + ¯, ® − ¯). 
Esta ´ultima express˜ao ´e equivalente ao seguinte sistema linear 
( 
® + ¯ = x 
® − ¯ = y. 
37
38 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS 
Resolvendo o sistema obtemos uma unica ´soluc¸ ao ˜dada por ® = (x + y)/2 e ¯ = 
(x − y)/2. ¤ 
½µ 
¶ 
Exemplo 5.5 As matrizes em B = 
, 
1 0 
0 0 
¶ 
, 
µ 
0 1 
0 0 
¶ 
, 
µ 
0 0 
1 0 
¶¾ 
µ 
0 0 
0 1 
formam 
uma base para M2(R). 
Exerc´ıcio 5.6 Verifique se os elementos de B = {1 + x, 1 − x, 1 − x2} formam uma 
base deP2(R). 
Teorema 5.7 Todo espac¸o vetorial V6= {0} finitamente gerado admite uma base. Em 
outras palavras, h´a uma seq¨uˆencia de vetores l.i. de V formada por geradores. 
Prova: Como V6= {0} ´e finitamente gerado existem u1, . . . , un 2 V tais que V = 
[u1, . . . , un]. Se u1, . . . , un forem l.i., ent˜ao esta seq¨uˆencia ´e uma base de V e n˜ao h´a 
nada mais a ser provado. 
Suponhamos que u1, . . . , un sejam l.d.. Podemos supor que uj6= 0, j = 1, . . . ,m. 
Como u16= 0, u1 ´e l.i. Agora, se todo uj , j = 2, . . . , n puder se escrever como 
combinac¸ ˜ao linear de u1 ent˜ao V = [u1] e u1 ´e uma base de V. Caso isto n˜ao ocorra, 
´e porque existe algum uj , com 2 · j · n tal que u1, uj s˜ao l.i.. Por simplicidade, 
suponhamos que seja o u2, isto ´e, u1, u2 s˜ao l.i.. Bem, se todos os vetores u3, . . . , un 
forem combinac¸ ˜oes lineares de u1 e u2 ent˜ao V = [u1, u2] e u1, u2 formam uma base de 
V. Podemos repetir este processo e como o n´umero de elementos de L = {u1, . . . , un} ´e finito, ele finda. Desse modo, existe uma seq¨uˆencia de vetores l.i. dentre os vetores L 
que gera V. Esta seq¨uˆencia forma uma base de V. 
5.2 Dimens˜ao 
Teorema 5.8 Em um espac¸o vetorial V6= {0} finitamente gerado toda base possui o 
mesmo n´umero de elementos. 
Prova: Sejam u1, . . . , un e v1, . . . , vm bases de um espac¸o vetorial finitamente gerado 
V. Suponhamos que n > m e mostremos que isto implicar´a que u1, . . . , un s˜ao l.d., o 
que contraria o fato de formarem uma base. 
Como os vetores v1, . . . , vm geram V podemos escrever para cada 1 · j · n, 
uj = ®1jv1 + · · · + ®mjvm.
5.2. DIMENS ˜AO 39 
Assim, a combinac¸ ˜ao linear nula x1u1 + · · · + xnun = 0 ´e equivalente a 
x1 
à 
Xm 
i=1 
®i1vi 
! 
+ · · · + xn 
à 
Xm 
i=1 
®invi 
! 
= 0, 
ou ainda, 0 
Xn 
@ 
j=1 
xj®1j 
1 
Av1 + · · · + 
0 
@ 
Xn 
j=1 
xj®mj 
1 
Avm = 0. 
Como v1, . . . , vm s˜ao l.i. ent˜ao 
Pn 
j=1 xj®ij = 0 para todo 1 · i · n. Estasmequac¸ ˜oes 
representam um sistema linear homogˆeneo com n inc´ognitas. Como n > m, existe uma 
soluc¸ ˜ao n˜ao trivial, isto ´e, uma soluc¸ ˜ao x1, . . . , xn onde pelo menos um xj ´e diferente 
de zero. Assim, u1, . . . , un s˜ao l.d., uma contradic¸ ˜ao. 
Definic¸ ˜ao 5.9 Seja V um espac¸o vetorial finitamente gerado. Se V = {0} definimos 
a dimens˜ao de V como sendo 0. Se V6= {0} definimos a dimens˜ao de V como sendo 
o n´umero de elementos de uma base qualquer de V. Usaremos o s´ımbolo dimV para 
designar a dimens˜ao de V. 
Definic¸ ˜ao 5.10 Se um espac¸o vetorial n˜ao ´e finitamente gerado dizemos que V possui 
dimens˜ao infinita. 
Proposic¸ ˜ao 5.11 Todo espac¸o vetorial de dimens˜ao infinita possui uma infinidade de 
vetores linearmente independentes. 
Prova: Seja V um espac¸o vetorial de dimens˜ao infinita. Claramente V6= {0}. Selecione 
u1 2 V, u16= 0. Como V n˜ao ´e finitamente gerado, V6= [u1]. Assim, podemos tomar 
u2 2 V tal que u262 [u1]. Desta forma, os vetores u1 e u2 s˜ao linearmente independen-tes. 
Suponha que tenhamos encontrado vetores u1, . . . , un 2 V linearmente independen-tes. 
Como V n˜ao ´e finitamente gerado, V6= [u1, . . . , un] e, assim, ´e poss´ıvel escolher 
un+1 2 V tal que un+162 [u1, . . . , un], isto ´e, os vetores u1, . . . , un, un+1 2 V s˜ao 
linearmente independentes. 
Em resumo, existe em V uma seq¨uˆencia infinita de vetores linearmente independen-tes. 
A seguinte proposic¸ ˜ao ´e um resultado da prova do teorema 5.8.
40 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS 
Proposic¸ ˜ao 5.12 Em um espac¸o vetorial de dimens˜ao m qualquer seq¨uˆencia de vetores 
com mais de m elementos ´e linearmente dependente. 
Corol´ario 5.13 Todo subespac¸o vetorial de um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita tam-b 
´em tem dimens˜ao finita. 
Prova: Seja V um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e W um subespac¸o vetorial de 
V. Se W tivesse dimens˜ao infinita, pela proposic¸ ˜ao 5.11, existiria uma infinidade de 
vetores linearmente independentes em W. Como estes vetores tamb´em s˜ao linearmente 
independentes em V, o n´umero deles deveria ser menor do que a dimens˜ao de V (pela 
proposic¸ ˜ao 5.12). Uma contradic¸ ˜ao. 
Exemplo 5.14 dimRn = n. 
Exemplo 5.15 A dimens˜ao deP(R) ´e infinita. Veja o exemplo 3.9. 
Exemplo 5.16 dimPn(R) = n + 1. 
Basta notar que os polinˆomios 1, x, . . . , xn formam uma base dePn(R). 
Exemplo 5.17 dimMm×n(R) = mn. 
Note que o as matrizes 
Ak,l = (±k,l 
i,j )1·i·m 
1·j·n 
, 
k = 1, . . . ,m, l = 1, . . . , n onde 
±k,l 
i,j = 
( 
1 se (i, j) = (k, l) 
0 se (i, j)6= (k, l) 
formam uma base de Mm×n(R). 
Exerc´ıcio 5.18 A dimens˜ao do espac¸o das matrizes quadradas e sim´etricas de ordem n 
´e n(n + 1)/2. 
Teorema 5.19 (Completamento) Seja V um espac¸o vetorial de dimens˜ao n. Se os veto-res 
u1, . . . , ur s˜ao l.i. em V com r < n ent˜ao existem ur+1, . . . , un tais que u1, . . . , ur, 
ur+1, . . . , un formam uma base de V.
5.3. DIMENS ˜AO DE SOMA DE SUBESPAC¸OS VETORIAIS 41 
Prova: Como r < n existe ur+1 2 V tal que u1, . . . , ur, ur+1 s˜ao l.i., pois caso 
contr´ario os vetores u1, . . . , ur formariam uma base de V, o que ´e imposs´ıvel pois 
dimV = n > r. 
Se r + 1 = n ent˜ao u1, . . . , ur, ur+1 formam uma base de V que cont´em L. 
Se r + 1 < n ent˜ao ´e poss´ıvel encontrar ur+2 2 V tal que u1, . . . , ur, ur+1, ur+2 
s˜ao l.i., pois caso contr´ario a seq¨uˆencia u1, . . . , ur, ur+1 seria uma base de V, o que ´e 
imposs´ıvel pois dimV = n > r + 1. 
Repetindo os argumentos acima, encontramos vetores ur+1, ur+2, . . . , ur+k, onde 
r + k = n, de forma que 
u1, . . . , ur, ur+1, . . . , ur+k 
s˜ao l.i. e, como dimV = n = r +k, segue que esta seq¨uˆencia de vetores ´e uma base de 
V que cont´em os vetores u1, . . . , ur. 
Exemplo 5.20 Encontre uma base do R3 que contenha o vetor (1, 1,−1). 
Como a dimens˜ao de R3 ´e trˆes, precisamos encontrar dois vetores, (a, b, c), (x, y, z), 
que juntamente com (1, 1,−1) sejam l.i.. Por´em, pelo exemplo 4.8, sabemos que isto ´e 
equivalente ao determinante de 0 
1 a x 
1 b y 
−1 c z 
@ 
1 
A 
que ´e dado por x(b+c)−y(a+c)+z(b−a) seja diferente de zero. H´a uma infinidade 
de possibilidades para que isto acontec¸a. Por exemplo, tomando (a, b, c) = (0, 1, 1) e 
(x, y, z) = (0, 0, 1). 
5.3 Dimens˜ao de Soma de Subespac¸os Vetoriais 
Proposic¸ ˜ao 5.21 Seja V um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita. Se U eW s˜ao subespa-c 
¸os vetoriais de V ent˜ao 
dim(U W) + dim(U +W) = dimU + dimW (5.22) 
Prova: Lembre que todo subespac¸o de um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita tem tam-b 
´em dimens˜ao finita. 
Sejam v1, . . . , vm elementos de uma base de UW. Como estes vetores s˜ao l.i. e per-tencem 
a U, pelo teorema 5.19, existem u1, . . . , up 2 U tais que u1, . . . , up, v1, . . . , vm
42 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS 
formam uma base de U. Por outro lado, v1, . . . , vm tamb´em pertencem a W e pelo 
mesmo teorema ´e poss´ıvel encontrar w1, . . . , wq 2 W de modo que w1, . . . ,wq, v1, 
. . . , vm formem uma base de W. 
Com a notac¸ ˜ao usada, temos dim(U  W) = m, dimU = m + p e dimW = 
m + q. Sendo assim, a fim de mostrarmos que 5.22 ´e v´alida, ´e necess´ario e, na verdade, 
suficiente mostrar que dim(U +W) = m+p+q. Para tanto, basta mostrarmos que os 
vetores 
u1, . . . , up,w1, . . . ,wq, v1, . . . , vm (5.23) 
formam uma base de U +W. 
Mostremos primeiramente que eles geram U+W : dado v 2 U+W existem u 2 U e 
w 2 W tais que v = u + w. Como u ´e uma cominac¸ ˜ao linear de u1, . . . , up, v1, . . . , vm 
e w ´e uma cominac¸ ˜ao linear de w1, . . . ,wq, v1, . . . , vm segue que v = u + w ´e uma 
cominac¸ ˜ao linear de u1, . . . , up, v1, . . . , vm,1 , . . . ,wq. Portanto, 
U +W = [u1, . . . , up, v1, . . . , vm,1 , . . . ,wq]. 
Verifiquemos que os vetores em 5.23 s˜ao l.i.. Suponha que 
®1u1 + · · · + ®pup + ¯1w1 + · · · + ¯qwq + ±1v1 + · · · + ±mvm = 0, (5.24) 
ou seja 
U 3 ®1u1 + · · · + ®pup + ±1v1 + · · · + ±mvm = −¯1w1 + · · · − ¯qwq 2 W. 
Logo, 
−¯1w1 − · · · − ¯qwq 2 U W = [v1, . . . , vm]. 
Conseq¨uentemente, existem °1, . . . , °m tais que 
−¯1w1 − · · · − ¯qwq = °1v1 + · · · + °mvm, 
ou seja, 
¯1w1 + · · · + ¯qwq + °1v1 + · · · + °mvm = 0. 
Como w1, . . . ,wq, v1, . . . , vm s˜ao l.i., pois formam uma base de W, segue-se que °1 = 
· · · = °m = ¯1 = · · · = ¯q = 0. Assim, a equac¸ ˜ao 5.24 se reduz a 
®1u1 + · · · + ®pup + ±1v1 + · · · + ±mvm = 0 
e como u1, . . . , up, v1, . . . , vm s˜ao l.i., pois formam uma base de U, segue-se que 
®1 = · · · = ®p = ±1 = · · · = ±m = 0, 
donde se conclui que os vetores de 5.23 s˜ao linearmente independentes.
5.3. DIMENS ˜AO DE SOMA DE SUBESPAC¸OS VETORIAIS 43 
Corol´ario 5.25 Seja U um subespac¸o vetorial de um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita 
V. Se dimU = dimV ent˜ao U = V. 
Prova: Suponha que exista u1 2 V com u162 U. Coloque W = [u1]. Como U W = 
{0} e dimW = 1, segue da proposic¸ ˜ao 5.21 que 
dim(U +W) = dimU + 1 = dimV + 1 > dimV. 
Um absurdo pois dim(U +W) · dimV. 
Observac¸ ˜ao 5.26 Note que se V, U e W s˜ao como na proposic¸ ˜ao 5.21 e se al´em do 
mais tivermos V = U +W e dimU + dimW > dimV ent˜ao U W6= {0}, isto ´e, 
a soma U +W n˜ao ´e direta. 
Bem, se fosse U W = {0} ent˜ao pela proposic¸ ˜ao 5.21 ter´ıamos 
0 = dim(U W) = dimU + dimW − dim(U +W) 
= dimU + dimW − dimV > 0, 
um absurdo. 
Exemplo 5.27 Sejam U = {p(x) 2 P3(R); p(0) = p(1) = 0} e V = {p(x) 2 P3(R); p(−1) = 0}. Encontre uma base para U, V, U  V e U + V. 
U : Temos 
p(x) = a0 + a1x + a2x2 + a3x3 2 U () p(0) = p(1) = 0 
() 
( 
a0 = 0 
a0 + a1 + a2 + a3 = 0 
() p(x) = −(a2 + a3)x + a2x2 + a3x3 = a2(x2 − x) + a3(x3 − x). 
Desse modo, U = [x2 − x, x3 − x] e estes polinˆomios s˜ao l.i. pois como cada um 
tem um grau distinto do outro, nenhum pode ser m´ultiplo do outro. Assim, x2 −x 
e x3 − x formam uma base de U.
44 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS 
V : 
p(x) = a0 + a1x + a2x2 + a3x3 2 V 
() p(−1) = 0 () a0 − a1 + a2 − a3 = 0 
() p(x) = a0 + (a0 + a2 − a3)x + a2x2 + a3x3 
= a0(1 + x) + a2(x2 + x) + a3(x3 − x). 
Desse modo, V = [1 + x, x2 + x, x3 − x] e estes polinˆomios s˜ao l.i. pois como 
cada um tem um grau distinto do outro, nenhum pode ser uma combinac¸ ˜ao linear 
dos outros dois. Portanto, 1 + x, x2 + x e x3 − x formam uma base de V. 
U  V : 
p(x) = a0 + a1x + a2x2 + a3x3 2 U  V () 
8>< 
>: 
a0 = 0 
a0 + a1 + a2 + a3 = 0 
a0 − a1 + a2 − a3 = 0 
() 
( 
a0 = a2 = 0 
a1 = −a3 () p(x) = −a1(x3 − x). 
Logo, x3 − x ´e uma base de U  V. 
U + V : Temos dim(U +V ) = 2+3−1 = 4 = dimP3(R). Pela proposic¸ ˜ao 5.25 temos 
que U + V = P3(R) e podemos tomar como base os polinˆomios 1, x, x2 e x3. 
Exemplo 5.28 Voltemos ao exemplo 3.11. Sabemos que 
U = [(1, 1, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1)] 
V = [(1, 0, 0, 1), (0, 1, 0, 1), (0, 0, 1, 1)] 
U  V = [(1, 0,−1, 0), (0, 1, 0, 1)] 
U + V = [(0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1), (1, 0, 0, 1), (0, 0, 1, 1)] 
Verifiquemos que os geradores acima s˜ao na verdade bases para os respectivos subespa-c 
¸os vetoriais. Para tanto basta verificar que cada seq¨uˆencia de vetores acima ´e l.i.. 
Analisemos primeiramente para U: se 
®(1, 1, 0, 0) + ¯(0, 1, 1, 0) + °(0, 1, 0, 1) = (0, 0, 0, 0)
5.4. COORDENADAS 45 
ent˜ao 
(®, ® + ¯ + °, ¯, °) = (0, 0, 0, 0) 
que implica em ® = ¯ = ° = 0. 
Vejamos agora o caso do subespac¸o V : se 
®(1, 0, 0, 1) + ¯(0, 1, 0, 1) + °(0, 0, 1, 1) = (0, 0, 0, 0) 
ent˜ao 
(®, ¯, °, ® + ¯ + °) = (0, 0, 0, 0) 
que implica em ® = ¯ = ° = 0. 
Passemos agora a U  V : se 
®(1, 0,−1, 0) + ¯(0, 1, 0, 1) = (®, ¯,−®, ¯) = (0, 0, 0, 0) 
que implica em ® = ¯ = 0. 
Pela proposic¸ ˜ao 5.21 temos dim(U + V ) = 3 + 3 − 2 = 4. Como (0, 1, 1, 0), 
(0, 1, 0, 1), (1, 0, 0, 1), (0, 0, 1, 1) geram U + V segue-se do fato da dimens˜ao deste 
subespac¸o ser quatro que formam uma base para U+V. Como a dimens˜ao de R4 tamb´em 
e U + V ½ R4, temos pela proposic¸ ˜ao 5.25 que U + V = R4. Note que esta soma n˜ao 
´e direta. 
5.4 Coordenadas 
Sejam V um espac¸o vetorial finitamente gerado e B uma base de V formada pelos ve-tores 
u1, . . . , un. Como B ´e uma base de V, todo elemento de u 2 V se escreve como 
®1u1 + · · · + ®nun, com os coeficientes ®1, . . . , ®n 2 R. Pela proposic¸ ˜ao 4.18, os co-eficientes 
®1, . . . , ®n s˜ao unicamente determinados pelo vetor u. Estes coeficientes s˜ao 
denominados coordenas de u com relac¸ ˜ao `a base B. Representaremos as coordenadas 
de u com relac¸ ˜ao `a base como 
uB = 
0 
B@ 
®1 
... 
®n 
1 
CA 
B 
ou, simplesmente, por 0 
B@ 
®1 
... 
®n 
1 
CA
46 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS 
quando B estiver subentendida. 
Exemplo 5.29 Mostre que os vetores (1, 1, 1), (0, 1, 1) e (0, 0, 1) formam uma base de 
R3. Encontre as coordenadas de (1, 2, 0) 2 R3 com relac¸ ˜ao `a base B formada pelos 
vetores acima. 
J´a sabemos que dimR3 = 3. Para verificar se os vetores acima formam uma base de V, 
basta verificar se eles s˜ao l.i.. Utilizando o exemplo 4.8 vemos que estes vetores s˜ao de 
fato l.i. pois a matriz 0 
1 0 0 
1 1 0 
1 1 1 
@ 
1 
A 
possui determinante igual a 16= 0. 
Agora, 
(1, 2, 0) = ®(1, 1, 1) + ¯(0, 1, 1) + °(0, 0, 1) = (®, ® + ¯, ® + ¯ + °) 
que ´e equivalente ao sistema 8>< 
>: 
® = 1 
® + ¯ = 2 
® + ¯ + ° = 0 
cuja (´unica) soluc¸ ˜ao ´e ® = 1, ¯ = 1 e ° = −2. Desse modo, as coordenadas de (1, 2, 0) 
com relac¸ ˜ao `a base B s˜ao dadas por 
0 
@ 
1 
1 
−2 
1 
A 
B 
. 
Exemplo 5.30 Mostre que os polinˆomios 1, x, x2 −x formam uma base, B, deP2(R). 
Encontre as coordenadas de 1 + x + x2 com relac¸ ˜ao `a base B. Encontre tamb´em as 
coordenadas deste mesmo polinˆomio com relac¸ ˜ao `a base C formada pelos polinˆomios 
1, x e x2. 
Pa verificar que 1, x, x2−x formam uma base deP2(R) basta mostrar cada p(x) = 
a0 +a1x+a2x2 2 P2(R) se escreve de maneira ´unica como combinac¸ ˜ao linear de 1, x
5.5. EXERC´ICIOS 47 
e x2−x. Isto ´e equivalente a mostrar que a equac¸ ˜ao p(x) = ®1+¯x+°(x2−x) possui 
uma ´unica soluc¸ ˜ao (®, ¯, °) 2 R3. A equac¸ ˜ao acima se escreve como 
a0 + a1x + a2x2 = ® + (¯ − °)x + °x2, 
que ´e equivalente ao sistema 8>< 
® = a0 
¯ − ° = a1 
° = a2, 
>: 
que possui uma ´unica soluc¸ ˜ao dada por ® = a0, ¯ = a1 + a2, e ° = a2. 
Com isso em m˜aos, vemos que as coordenadas de 1 + x + x2 com relac¸ ˜ao `a base B 
s˜ao dadas por 0 
@ 
1 
A 
1 
2 
1 
B 
. 
Note que com relac¸ ˜ao `a base C formada por 1, x e x2 as coordenadas de 1+x+x2 s˜ao 
dadas por 0 
@ 
1 
A 
1 
1 
1 
C 
. 
5.5 Exerc´ıcios 
Ex. 5.31 Verificar em cada um dos casos se o subconjunto B do espac¸o vetorial V ´e 
uma base para V. 
1. B = 
© 
1, 1 + t, 1 − t2, 1 − t − t2 − t3 
ª 
, V = P3(R). 
2. B = 
½µ 
1 1 
0 0 
¶ 
, 
µ 
2 1 
0 0 
¶ 
, 
µ 
0 1 
1 0 
¶ 
, 
µ 
0 0 
0 2 
¶¾ 
, V = M2(R). 
3. B = {(1, 1, 1, 1), (1, 1, 1, 0), (1, 1, 0, 0), (1, 0, 0, 0)} , V = R4. 
Ex. 5.32 Encontrar em cada um dos itens abaixo uma base e a dimens˜ao do subespac¸o 
W do espac¸o vetorial V. 
1. W = 
© 
(x, y, z, t) 2 R4; x − y = 0 e x + 2y + t = 0 
ª 
, V = R4.
48 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS 
2. W = {X 2 M2(R);AX = X} , onde A = 
µ 
1 2 
0 1 
¶ 
, V = M2(R). 
3. W = {p 2 P2(R); p00(t) = 0, 8t 2 R} , V = P2(R). 
Ex. 5.33 Dados U, W subespac¸os do espac¸o vetorial V determinar; 
i) uma base e a dimens˜ao de U. 
ii) uma base e a dimens˜ao de W. 
iii) uma base e a dimens˜ao de U +W. 
iv) uma base e a dimens˜ao de U W. nos seguintes casos; 
1. U = 
© 
(x, y, z) 2 R3; x + y + z = 0 
ª 
, W = {(x, y, 0); x, y 2 R} , V = R3. 
2. U = {A 2 M2(R); tr(A) = 0} , W = 
© 
A 2 M2(R);At = −A 
ª 
, V = M2(R). 
tr(A) ´e a soma dos elementos da diagonal principal de A, chamado de trac¸o de 
A 
3. U = {p(x) 2 P2(R); p0(t) = 0} , W = {p(x) 2 P2(R); p(0) = p(1) = 0} , 
V = P2(R). 
Ex. 5.34 Determinar as coordenadas do vetor u = (−1, 8, 5) 2 R3 em relac¸ ˜ao a cada 
uma das bases de R3 abaixo; 
1. base canˆonica 
2. {(0, 0, 1), (0, 1, 1), (1, 1, 1)} 
3. {(1, 2, 1), (0, 3, 2), (1, 1, 4)} 
Ex. 5.35 Determinar as coordenadas de p(t) 2 P3(R), dado por p(t) = 10 + t2 + 
2t3, t 2 R em relac¸ ˜ao as seguintes bases de P3(R); 
1. base canˆonica 
2. 
© 
1, 1 + t, 1 + t + t2, 1 + t + t2 + t3 
ª 
3. 
© 
4 + t, 2, 2 − t2, t + t3 
ª
5.5. EXERC´ICIOS 49 
Ex. 5.36 Determinar as coordenadas do vetor 
µ 
2 5 
−8 7 
¶ 
2 M2(R) em relac¸ ˜ao as 
seguintes bases de M2(R); 
1. base canˆonica 
2. 
½µ 
1 0 
0 0 
¶ 
, 
µ 
1 1 
0 0 
¶ 
, 
µ 
1 1 
1 0 
¶ 
, 
µ 
1 1 
1 1 
¶¾
50 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS
Cap´ıtulo 6 
Mudanc¸a de Base 
6.1 Introduc¸ ˜ao, Exemplos e Propriedades 
Como vimos no exemplo 5.30 as coordenadas de um elemento de um espac¸o vetorial 
podem variar quando se consideram bases distintas. O que passaremos a estudar agora 
´e como esta mudanc¸a ocorre, ou seja, como ´e poss´ıvel encontrar as coordenadas de um 
vetor com relac¸ ˜ao a uma base sabendo-se suas coordenadas com relac¸ ˜ao a uma outra. 
Seja V um espac¸o vetorial finitamente gerado. Sejam B e C bases de V formadas 
pelos vetores b1, . . . , bn e c1, . . . , cn, respectivamente. Como B ´e uma base, existem 
®ij 2 R, 1 · i, j · n tais que 
c1 = ®11b1 + · · · + ®n1bn 
... 
cn = ®1nb1 + · · · + ®nnbn. 
Desta forma, as coordenadas de c1, . . . , cn, com relac¸ ˜ao `a base B s˜ao, respectivamente, 
c1B = 
0 
B@ 
®11 
... 
®n1 
1 
CA 
B 
, · · · , cnB = 
0 
B@ 
®1n 
... 
®nn 
1 
CA 
B 
. 
Reunimos estas informac¸ ˜oes sobre as coordenadas dos vetores da base C com relac¸ ˜ao `a 
51
52 CAP´ITULO 6. MUDANC¸A DE BASE 
base B na seguinte matriz 
MC 
B = 
0 
B@ 
®11 · · · ®1n 
... 
. . . 
... 
®n1 · · · ®nn 
1 
CA 
, 
cujas colunas s˜ao formadas pelas coordenas de c1, . . . , cn com relac¸ ˜ao `a base B. A 
matriz MC 
B ´e chamada de matriz mudanc¸a de base da base B para a base C. 
Antes de mostrarmos a relac¸ ˜ao que existe entreMC 
B e as coordenadas de um dado ve-tor 
com relac¸ ˜ao `as bases B e C, vejamos como podemos encontrar a matriz de mudanc¸a 
de base em um exemplo no R3. 
Exemplo 6.1 Considere a base B em R3 formada pelos vetores (1, 0, 1), (1, 1, 1) e 
(1, 1, 2). Considere tamb´em a base C formada pelos vetores (1, 0, 0), (0, 1, 0) e (0, 0, 1). 
Encontre MC 
B . 
Precisamos resolver 
(1, 0, 0) = ®11(1, 0, 1) + ®21(1, 1, 1) + ®31(1, 1, 2) 
(0, 1, 0) = ®12(1, 0, 1) + ®22(1, 1, 1) + ®32(1, 1, 2) 
(0, 0, 1) = ®13(1, 0, 1) + ®23(1, 1, 1) + ®33(1, 1, 2) 
() 
(®11 + ®21 + ®31, ®21 + ®31, ®11 + ®21 + 2®31) = (1, 0, 0) 
(®12 + ®22 + ®32, ®22 + ®32, ®12 + ®22 + 2®32) = (0, 1, 0) 
(®13 + ®23 + ®33, ®23 + ®33, ®13 + ®23 + 2®33) = (0, 0, 1). 
Um momento de reflex˜ao nos poupar´a um pouco de trabalho neste ponto. Note que cada 
linha acima representa um sistema de trˆes equac¸ ˜oes com trˆes inc´ognitas e que a matriz 
associada a cada um destes sistemas ´e a mesma. O que muda s˜ao os nomes das vari´aveis 
e o segundo membro. Utilizando como vari´aveis x, y e z, basta resolvermos o seguinte 
sistema 0 
1 1 1 
0 1 1 
1 1 2 
@ 
1 
A 
0 
@ 
1 
A = 
x 
y 
z 
0 
@ 
1 
A 
a 
b 
c 
onde a, b, c 2 R. O sistema acima ´e equivalente a 
0 
@ 
1 
A 
1 1 1 
0 1 1 
0 0 1 
0 
@ 
1 
A = 
x 
y 
z 
0 
@ 
1 
A 
a 
b 
c − a
6.1. INTRODUC¸ ˜AO, EXEMPLOS E PROPRIEDADES 53 
cuja ´unica soluc¸ ˜ao ´e dada por x = a − b, y = a + b − c e z = c − a. 
Tomando (a, b, c) = (1, 0, 0) obtemos (®11, ®21, ®31) = (1, 1,−1). 
Tomando (a, b, c) = (0, 1, 0) obtemos (®12, ®22, ®32) = (−1, 1, 0). 
Tomando (a, b, c) = (0, 0, 1) obtemos (®13, ®23, ®33) = (0,−1, 1). Desta forma, 
obtemos 
MC 
B = 
0 
@ 
1 
A. 
1 −1 0 
1 1 −1 
−1 0 1 
Exerc´ıcio 6.2 Com as notac¸ ˜oes do exemplo acima, encontre MB 
C . 
Vejamos agora como as coordenadas de um vetor se relacionam com respeito a duas 
bases de um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita. 
Sejam B e C bases de um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita V formadas, respecti-vamente, 
pelos vetores b1, . . . , bn e c1, . . . , cn. Dado um vetor v em V sejam 
vB = 
0 
B@ 
x1 
... 
xn 
1 
CA 
B 
e vC = 
0 
B@ 
y1 
... 
yn 
1 
CA 
C 
as suas coordenadas com relac¸ ˜ao `as bases B e C, respectivamente. Se MC 
B = (®ij) 
representa a matriz de mudanc¸a da base B para base C, ent˜ao como cj = 
Pn 
i=1 ®ijbi, 
j = 1, . . . , n, obtemos 
v = 
Xn 
i=1 
xibi = 
Xn 
j=1 
yjcj = 
Xn 
j=1 
yj 
à 
Xn 
i=1 
®ijbi 
! 
= 
Xn 
i=1 
0 
@ 
Xn 
j=1 
®ijyj 
1 
Abi 
onde na ultima ´igualdade Pinvertemos a ordem da soma. Como os vetores b1, . . . , bn sao 
˜l.i., segue-se que xi = 
n 
j=1 ®ijyj , i = 1, . . . , n. Por´em, estas ´ultimas n equac¸ ˜oes 
podem ser escritas na seguinte f´ormula matricial 
0 
B@ 
®11 ®12 · · · ®1n 
... 
... 
. . . 
... 
®n1 ®n2 · · · ®nn 
1 
0 
B@ 
CA y1 
... 
yn 
1 
CA 
= 
0 
B@ 
x1 
... 
xn 
1 
CA 
, 
ou mais simplesmente, 
uB = MC 
B uC. 
Resumiremos este resultado na seguinte
54 CAP´ITULO 6. MUDANC¸A DE BASE 
Proposic¸ ˜ao 6.3 Sejam B e C bases de um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita V. Se uB 
e uC representam as coordenadas de um dado vetor v 2 V com relac¸ ˜ao `as bases B e 
C, respectivamente e se MC 
B ´e a matriz de mudanc¸a de base da base B para a base C 
ent˜ao 
vB = MC 
B vC. 
Exemplo 6.4 Fixado µ 2 R, considere os vetores 
u1 = (cos µ, sen µ) e u2 = (−sen µ, cos µ) 
em R2. Mostre que estes vetores formam uma base, B, de R2 e encontre a matriz de 
mudanc¸a desta base para a base C formada pelos vetores e1 = (1, 0) e e2 = (0, 1). 
Encontre as coordenadas do vetor u = ae1 + be2 com relac¸ ˜ao `a base B. 
Como a dimens˜ao de R2 ´e dois basta mostrar que u1 e u2 s˜ao l.i.. Se ®(cos µ, sen µ) 
+¯(−sen µ, cos µ) = (0, 0) ent˜ao 
( 
® cos µ − ¯ sen µ = 0 
® sen µ + ¯ cos µ = 0 () ® = ¯ = 0, 
pois 
det 
µ 
cos µ −sen µ 
sen µ cos µ 
¶ 
= 16= 0. 
B ser´a dada por (®ij), onde 
A matriz MC 
(1, 0) = ®11(cos µ, sen µ) + ®21(−sen µ, cos µ) 
(0, 1) = ®12(cos µ, sen µ) + ®22(−sen µ, cos µ), 
que ´e equivalente a 
(1, 0) = (®11 cos µ − ®21 sen µ, ®11 sen µ + ®21 cos µ) 
(0, 1) = (®12 cos µ − ®22 sen µ, ®12 sen µ + ®22 cos µ), 
e como j´a visto antes, basta resolver o sistema 
µ 
cos µ −sen µ 
sen µ cos µ 
¶µ 
¶ 
x 
y 
= 
µ 
® 
¯ 
¶
6.1. INTRODUC¸ ˜AO, EXEMPLOS E PROPRIEDADES 55 
cuja soluc¸ ˜ao ´e dada por 
µ 
x 
y 
¶ 
= 
µ 
cos µ sen µ 
−sen µ cos µ 
¶µ 
® 
¯ 
¶ 
= 
µ 
® cos µ + ¯ sen µ 
¯ cos µ − ® sen µ 
¶ 
. 
Fazendo (®, ¯) = (1, 0) obtemos (®11, ®21) = (cos µ,−sen µ). Colocando (®, ¯) = 
(0, 1), temos (®12, ®22) = ( sen µ, cos µ). Assim, 
MC 
B = 
µ 
cos µ sen µ 
−sen µ cos µ 
¶ 
. 
Agora, se uB representa as coordenadas de u = ae1 + be2 com relac¸ ˜ao `a base B e uC 
as coordenadas do mesmo vetor com relac¸ ˜ao `a base C, pela proposic¸ ˜ao 6.3 temos 
uB = MC 
B uC = 
µ 
cos µ sen µ 
−sen µ cos µ 
¶µ 
¶ 
a 
b 
= 
µ 
a cos µ + b sen µ 
b cos µ − a sen µ 
¶ 
. 
Proposic¸ ˜ao 6.5 Sejam B, C e D bases de um espac¸o vetorial n dimensional. Temos 
MD 
B = MC 
BMD 
C . 
Prova: Sejam b1, . . . , bn os vetores de B, c1, . . . , cn os vetores de C e d1, . . . , dn os 
vetores de D. Usando a notac¸ ˜ao MC 
B = (®ij), MD 
C = (¯ij) e MD 
B = (°ij) vemos que 
cj = 
Xn 
i=1 
®ijbi, dk = 
Xn 
j=1 
¯jkcj , dk = 
Xn 
i=1 
°ikbi. (6.6) 
Assim, 
dk = 
Xn 
j=1 
¯jkcj = 
Xn 
j=1 
¯jk 
à 
Xn 
i=1 
®ijbi 
! 
= 
Xn 
i=1 
0 
@ 
Xn 
j=1 
®ij¯jk 
1 
Abi, 
como b1, . . . , bn s˜ao l.i., comparando com a ´ultima express˜ao de 6.6, obtemos 
°ik = 
Xn 
j=1 
®ij¯jk, 1 · i, k · n. 
Resta apenas lembrar que o lado direito da express˜ao acima representa o elemento da 
i-´esima linha e da k-´esima coluna da matriz MC 
BMD 
C . Portanto, MD 
B = MC 
BMD 
C .
56 CAP´ITULO 6. MUDANC¸A DE BASE 
Proposic¸ ˜ao 6.7 Sejam B e C bases em um espac¸o vetorial de n dimensional V. Ent˜ao a 
matriz MC 
B possui inversa e esta inversa ´e dada por MB 
C , a matriz de mudanc¸a da base 
C para a base B. 
Prova: Pela proposic¸ ˜ao anterior temosMC 
BMB 
C = MB 
B eMB 
CMC 
B = MC 
C . resta mostrar 
que MB 
B = MC 
C = I = (±ij), onde 
±ij = 
( 
1 se i = j 
0 caso contr´ario, 
´e a matriz identidade de ordem n. ´E 
B = I e isto ´e 
claro que basta mostrar que MB 
bem simples, pois se u1, . . . , un s˜ao os vetores da base B ent˜ao MB 
B = (®ij) satisfaz 
uj = 
Pn 
i=1 ®ijui, j = 1, . . . , n. Ora, como u1, . . . , un s˜ao l.i., para cada j = 1, . . . , n, 
a ´unica soluc¸ ˜ao de cada uma destas equac¸ ˜oes ´e dada por 
®ij = 
( 
1 se i = j 
0 caso contr´ario, 
ou seja, ®ij = ±ij . 
Exerc´ıcio 6.8 Utilize a proposic¸ ˜ao acima para refazer o exerc´ıcio 6.2. 
6.2 Exerc´ıcios 
Ex. 6.9 Considere as bases B = {e1, e2, e3} e C = {g1, g2, g3} de um espac¸o vetorial 
V relacionadas da seguinte forma8< 
: 
g1 = e1 + e2 − e3 
g2 = 2e2 + 3e3 
g3 = 3e1 + e3 
1. Determine as matrizes mudanc¸a da base B para a base C, isto ´e, MC 
B , e da base 
C para a base B, isto ´e, MB 
C . 
2. Se a matriz das coordenadas do vetor v em relac¸ ˜ao a base B, isto ´e, (v)B, ´e dada 
por 
0 
@ 
1 
3 
2 
1 
A encontre a matriz das coordenadas de v em relac¸ ˜ao a base C, isto ´e, 
(v)C.
6.2. EXERC´ICIOS 57 
3. Se a matriz das coordenadas do vetor v em relac¸ ˜ao a base C, isto ´e, (v)C, ´e dada 
por 
0 
@ 
2 
3 
−1 
1 
A encontre a matriz das coordenadas de v em relac¸ ˜ao a base B, isto 
´e, (v)B. 
Ex. 6.10 Considere as bases ordenadas B = 
© 
1, 1 + t, 1 + t2 
ª 
e C = 
© 
1, t, t2 
ª 
de 
P2(R). 
1. Encontre as matrizes de mudanc¸a da base B para a base C, isto ´eMC 
B , e da base 
C para a base B, isto ´e MB 
C . 
2. Se (v)B = 
0 
@ 
1 
−4 
6 
1 
A encontre (v)C. 
3. Se (v)C = 
0 
@ 
8 
−1 
3 
1 
A encontre (v)B. 
4. Se D = 
© 
1, t, t2 
ª 
´e a base canˆonica de P2(R), encontre as matrizes de mudanc¸a 
da base B para a base D e da base D para a base C, isto ´e, MBD e MDC, 
respectivamente. 
Ex. 6.11 Considere o seguinte subespac¸o de M2(R); 
W = 
½µ 
x y 
z t 
¶ 
2 M2(R); x − y − z = 0 
¾ 
. 
1. Mostre que 
B = 
½µ 
1 1 
0 0 
¶ 
, 
µ 
1 0 
1 0 
¶ 
, 
µ 
0 0 
0 1 
¶¾ 
e 
C = 
½µ 
1 0 
1 0 
¶ 
, 
µ 
0 −1 
1 0 
¶ 
, 
µ 
0 0 
0 1 
¶¾ 
s˜ao bases de W. 
2. Encontre as matrizes de mudanc¸a da base B para a base C e da base C para a 
base B, isto ´e, MC 
B e MB 
C , respectivamente.
58 CAP´ITULO 6. MUDANC¸A DE BASE 
3. Encontre uma base D de W, tal que a matriz 
P = 
0 
@ 
1 1 0 
0 0 2 
0 3 1 
1 
A 
seja a matriz de mudanc¸a da base D para a base B, isto ´e, P = MB 
D.
Cap´ıtulo 7 
Exerc´ıcios Resolvidos – Uma 
Revis˜ao 
Ex. Resolvido 7.1 Verifique se V = {(x, y, z,w) 2 R4; y = x, z = w2} com as 
operac¸ ˜oes usuais de R4 ´e um espac¸o vetorial. 
Resoluc¸ ˜ao: Note que (0, 0, 1, 1) 2 V mas −1(0, 0, 1, 1) = (0, 0,−1,−1)62 V. Assim, 
V n˜ao ´e um espac¸o vetorial. ¤ 
Ex. Resolvido 7.2 Seja A 2 Mn(R) uma matriz quadrada de ordem n. Verifique se 
W = {X 2 Mn×1(R);AX = 0} ´e um subespac¸o vetorial de Mn×1(R), com as 
operac¸ ˜oes usuais. 
Resoluc¸ ˜ao: 
1. Seja O = (0) a matriz n × 1 nula. Como AO = O, temos que O 2 W. 
2. Se X, Y 2 W e ¸ 2 R, ent˜ao, pelas propriedades da soma e da multiplicac¸ ˜ao por 
escalar usuais entre as matrizes e, tamb´em, pelas propriedades do produto entre 
matrizes, temos 
A(X + ¸Y ) = AX + A(¸Y ) = AX + ¸AY = O + ¸O = O. 
Portanto X + ¸Y 2 W. 
Conclu´ımos que W ´e um subespac¸o vetorial de Mn×1(R). ¤ 
59
60 CAP´ITULO 7. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS – UMA REVIS ˜AO 
Ex. Resolvido 7.3 Encontre o subespac¸o vetorial de P3(R) gerado por S = {1, t, 
t2, 1 + t3}. 
Resoluc¸ ˜ao: Note que t3 = (t3 + 1) − 1. Assim, dado p(t) = a0 + a1t + a2t2 + a3t3 2 P3(R) podemos escrever p(t) = (a0 − a3) + a1t + a2t2 + a3(t3 + 1) 2 [S]. Logo, 
P3(R) = [S]. ¤ 
Ex. Resolvido 7.4 Encontre o subespac¸o vetorial de M2(R) gerado por 
S = 
½µ 
0 1 
0 0 
¶ 
, 
µ 
0 0 
−1 0 
¶¾ 
Resoluc¸ ˜ao: Temos que A 2 [S] se e somente se existem ®, ¯ 2 R tais que 
A = ® 
µ 
0 1 
0 0 
¶ 
+ ¯ 
µ 
0 0 
−1 0 
¶ 
= 
µ 
0 ® 
−¯ 0 
¶ 
, 
ou seja, A 2 [S] se e somente se os elementos da diagonal principal de A s˜ao nulos. ¤ 
Ex. Resolvido 7.5 Encontre um conjunto finito de geradores para 
W = {X 2 M3×1(R) : AX = 0}, 
onde 
A = 
0 
@ 
0 1 0 
2 1 0 
1 1 4 
1 
A. 
Resoluc¸ ˜ao: 
X = 
0 
@ 
® 
¯ 
° 
1 
A 2 W () 
0 
@ 
1 
A 
0 1 0 
2 1 0 
1 1 4 
0 
@ 
® 
¯ 
° 
1 
A = 
0 
@ 
1 
A 
0 
0 
0 
() 
0 
@ 
1 
A 
1 1 4 
2 1 0 
0 1 0 
0 
@ 
® 
¯ 
° 
1 
A = 
0 
@ 
0 
0 
0 
1 
A () 
0 
@ 
1 1 4 
0 −1 −4 
0 1 0 
1 
A 
0 
@ 
® 
¯ 
° 
1 
A = 
0 
@ 
0 
0 
0 
1 
A 
() 
0 
@ 
1 
A 
1 1 4 
0 1 4 
0 1 0 
0 
@ 
® 
¯ 
° 
1 
A = 
0 
@ 
1 
A () 
0 
0 
0 
0 
@ 
1 1 4 
0 1 4 
0 0 −4 
1 
A 
0 
@ 
® 
¯ 
° 
1 
A = 
0 
@ 
1 
A 
0 
0 
0
61 
() 
0 
@ 
1 
A 
1 1 4 
0 1 4 
0 0 1 
0 
@ 
® 
¯ 
° 
1 
A = 
0 
@ 
1 
A () ® = ¯ = ° = 0, 
0 
0 
0 
portanto, 
W = 
8< 
: 
0 
@ 
1 
A 
0 
0 
0 
9= 
;. 
¤ 
Ex. Resolvido 7.6 Encontre um conjunto finito de geradores para 
W = {X 2 M4×1(R) : AX = 0}, 
onde 
A = 
0 
BB@ 
1 1 −1 0 
2 0 1 1 
3 1 0 1 
0 −2 3 1 
1 
CCA 
. 
Resoluc¸ ˜ao: 
X = 
0 
BB@ 
® 
¯ 
° 
± 
1 
CCA 
2 W () 
0 
BB@ 
1 
1 1 −1 0 
2 0 1 1 
3 1 0 1 
0 −2 3 1 
CCA 
0 
BB@ 
® 
¯ 
° 
± 
1 
CCA 
= 
0 
0 
0 
0 
0 
BB@ 
1 
CCA 
() 
0 
BB@ 
1 1 −1 0 
0 −2 3 1 
0 −2 3 1 
0 −2 3 1 
1 
CCA 
0 
BB@ 
® 
¯ 
° 
± 
1 
CCA 
= 
0 
0 
0 
0 
0 
BB@ 
1 
CCA 
() 
0 
1 1 −1 0 
0 −2 3 1 
0 0 0 0 
0 0 0 0 
BB@ 
1 
CCA 
0 
BB@ 
® 
¯ 
° 
± 
1 
CCA 
= 
0 
0 
0 
0 
0 
BB@ 
1 
CCA 
() 
0 
BB@ 
1 1 −1 0 
0 1 −3/2 −1/2 
0 0 0 0 
0 0 0 0 
1 
CCA 0 
® 
¯ 
° 
± 
BB@ 
1 
CCA 
= 
0 
0 
0 
0 
0 
BB@ 
1 
CCA 
() 
0 
BB@ 
1 0 1/2 1/2 
0 1 −3/2 −1/2 
0 0 0 0 
0 0 0 0 
1 
CCA 
0 
® 
¯ 
° 
± 
BB@ 
1 
CCA 
= 
0 
0 
0 
0 
0 
BB@ 
1 
CCA
62 CAP´ITULO 7. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS – UMA REVIS ˜AO 
() 
( 
® = −°/2 − ±/2 
¯ = 3°/2 + ±/2 
, 
isto ´e, 
X = 
0 
BB@ 
−°/2 − ±/2 
3°/2 + ±/2 
° 
± 
1 
CCA 
= ° 
0 
−1/2 
3/2 
1 
0 
BB@ 
1 
CCA 
+ ± 
0 
−1/2 
1/2 
0 
1 
BB@ 
1 
CCA 
, 
portanto, 
W = 
0 
2 
BB@ 
664 
−1/2 
3/2 
1 
0 
1 
CCA 
, 
0 
BB@ 
1 
−1/2 
1/2 
0 
1 
CCA 
3 
775 
. 
¤ 
Ex. Resolvido 7.7 Encontre uma base para o subespac¸o vetorial de R3 dado por U = 
[(1, 0, 1), (1, 2, 0), (0, 2,−1)]. 
Resoluc¸ ˜ao: Primeiro Modo: (x, y, z) 2 U se e somente se existem ®, ¯, ° 2 R tais que 
®(1, 0, 1) + ¯(1, 2, 0) + °(0, 2,−1) = (x, y, z), 
ou seja, (x, y, z) 2 U se e somente se o sistema abaixo admite soluc¸ ˜ao 
0 
@ 
1 1 0 
0 2 2 
1 0 −1 
1 
A 
0 
@ 
® 
¯ 
° 
1 
A = 
0 
@ 
1 
A () 
x 
y 
z 
0 
@ 
1 1 0 
0 2 2 
0 −1 −1 
1 
A 
0 
@ 
® 
¯ 
° 
1 
A = 
0 
@ 
1 
A 
x 
y 
z − x 
0 
@ 
1 1 0 
0 1 1 
0 −1 −1 
1 
A 
0 
@ 
® 
¯ 
° 
1 
A = 
0 
@ 
1 
A () 
x 
y/2 
z − x 
0 
@ 
1 
A 
1 1 0 
0 1 1 
0 0 0 
0 
@ 
® 
¯ 
° 
1 
A = 
0 
@ 
x 
y/2 
z − x + y/2 
1 
A 
() 
0 
@ 
1 0 −1 
0 1 1 
0 0 0 
1 
A 
0 
@ 
® 
¯ 
° 
1 
A = 
0 
@ 
x − y/2 
y/2 
z − x + y/2 
1 
A
63 
que possui soluc¸ ˜ao, e esta ´e dada por ® = ° + x − y/2, ¯ = −° + y/2, ° 2 R, se e 
somente se z = x − y/2. Dessa forma, 
(x, y, z) = (° + x − y/2)(1, 0, 1) + (−° + y/2)(1, 2, 0) + °(0, 2,−1) = 
= (x, y, x − y/2) = x(1, 0, 1) + y(0, 1,−1/2) 
e como 
(1, 0, 1), (0, 1,−1/2) (7.8) 
s˜ao l.i., segue-se que formam uma base de U. 
SegundoModo: Note que os vetores (1, 0, 1) e (1, 2, 0) s˜ao l.i. e pertencem a U. Vejamos 
se estes vetores juntamente com (0, 2,−1) s˜ao l.d. ou l.i.: 
®(1, 0, 1) + ¯(1, 2, 0) + °(0, 2,−1) = (0, 0, 0) 
() (® + ¯, 2¯ + 2°, ® − °) = (0, 0, 0) 
() 
8>< 
>: 
® + ¯ = 0 
¯ + ° = 0 
® − ° = 0 
() ® = −¯ = °, 
ou seja, os vetores 
(1, 0, 1), (1, 2, 0), (0, 2,−1) 
s˜ao l.d.. Portanto, 
(1, 0, 1), (1, 2, 0) (7.9) 
formam uma base de U. 
Embora as bases 7.8 e 7.9 n˜ao coincidam, ambas est˜ao corretas. Basta observar que 
(1, 2, 0) = (1, 0, 1) + 2(0, 1,−1/2). 
¤ 
Ex. Resolvido 7.10 Dados U = {A 2 M2(R) : At = A} e W = 
·µ 
1 1 
0 1 
¶¸ 
, em 
M2(R), encontre uma base para U,W, U W e U +W, no caso em que n˜ao se reduzam 
a {0}. 
Resoluc¸ ˜ao:
64 CAP´ITULO 7. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS – UMA REVIS ˜AO 
U : 
A = 
µ 
a b 
c d 
¶ 
() c = b, 
portanto, A 2 U se e somente se existirem ®, ¯, ° 2 R tais que 
A = ® 
µ 
1 0 
0 0 
¶ 
+ ¯ 
µ 
0 1 
1 0 
¶ 
+ ° 
µ 
0 0 
0 1 
¶ 
. 
A mesma equac¸ ˜ao acima tomada com A = 0, mostra que as matrizes 
µ 
1 0 
0 0 
¶ 
, 
µ 
0 1 
1 0 
¶ 
, 
µ 
0 0 
0 1 
¶ 
s˜ao l.i. e, portanto, como geram U, formam uma base de U. Note que dimU = 3. 
W : Como a matriz µ 
¶ 
1 1 
0 1 
gera W e ´e n˜ao nula, ela serve de base para W. Note que dimW = 1. 
U W : 
A 2 U W () A = At e existe ¸ 2 R tal que A = 
µ 
¸ ¸ 
0 ¸ 
¶ 
, 
isto ´e, se e somente se existir ¸ 2 R tal que 
µ 
¸ ¸ 
0 ¸ 
¶ 
= 
µ 
¸ 0 
¸ ¸ 
¶ 
, 
que ´e satisfeita se e somente se ¸ = 0, ou seja, A = O. Desse modo, U  W = 
{O} e dim(U W) = 0. 
U +W : Temos 
dim(U +W) = dimU + dimW − dim(U W) = 4 = dimM2(R); 
portanto, U +W = M2(R) e uma base pode ser dada por 
µ 
1 0 
0 0 
¶ 
, 
µ 
0 1 
0 0 
¶ 
, 
µ 
0 0 
1 0 
¶ 
, 
µ 
0 0 
0 1 
¶ 
. 
¤
65 
Ex. Resolvido 7.11 Sejam U = {p 2 P2(R) : p0(t) = 0, 8t 2 R}, W = {p 2 P2(R) : p(0) = p(1) = 0} subespac¸os vetoriais de V = P2(R). Encontre uma base 
para U, W, U W e U +W, no caso em que n˜ao se reduzam a {0}. 
U : 
p(t) = a0 + a1t + a2t2 2 U () p0(t) = a1 + 2a2t = 0 
() a1 = a2 = 0 () p(t) = a0 () p(t) 2 [1]. 
Logo, 1 ´e uma base de U e dimU = 1. 
W : 
p(t) = a0 + a1t + a2t2 2 U () 
( 
p(0) = a0 = 0 
p(1) = a0 + a1 + a2 = 0 
() p(t) = a1t − a1t2 = a1(t − t2), 
isto ´e, p(t) 2 [t − t2]. Assim t − t2 ´e uma base de W e dimW = 1. 
U W : p(t) 2 U  W = [1]  [t − t2] se e somente se existem ¸, μ 2 R tais que 
p(t) = ¸ = μ(t − t2). Claramente, isto s´o ´e poss´ıvel quando ¸ = μ = 0, ou seja, 
quando p(t) = 0. Assim, U W = {0} e dimU W = 0. 
U +W : Temos 
dim(U +W) = dimU + dimW − dim(U W) = 1 + 1 − 0 = 2 
e como a soma ´e direta podemos tomar 1, t − t2 como base de U W. ¤ 
Ex. Resolvido 7.12 Seja V um espac¸o vetorial. Sejam B e C bases de V formadas 
pelos vetores e1, e2, e3 e g1, g2, g3, respectivamente, relacionados da seguinte forma: 
8< 
: 
g1 = e1 + e2 − e3 
g2 = 2e2 + 3e3 
g3 = 3e1 + e3 
1. Determine as matrizes de mudanc¸a da base B para a base C, isto ´e, MC 
B , e da 
base C para a base B, isto ´e, MB 
C . 
2. Se as coordenadas do vetor v em relac¸ ˜ao a base B, 0 isto e´, vB, sa˜o dadas por 
@ 
1 
3 
2 
1 
A encontre as coordenadas de v em relac¸ ˜ao a base C, isto ´e, vC.
66 CAP´ITULO 7. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS – UMA REVIS ˜AO 
3. Se as coordenadas do vetor v em relac¸ ˜ao a base C, 0 isto e´, vC, sa˜o dadas por 
@ 
2 
3 
−1 
1 
A encontre as coordenadas de v em relac¸ ˜ao a base B, isto ´e, vB. 
Resoluc¸ ˜ao: 
1. Temos 
MC 
B = 
0 
@ 
1 
A. 
1 0 3 
1 2 0 
−1 3 1 
Como MB 
C = 
¡ 
MC 
B 
¢ 
−1 
, passemos a encontrar a inversa de MC 
B : 
0 
CCA » 
BB@ 
1 0 3 
... 
1 
1 0 0 
1 2 0 
... 
CCA 
0 1 0 
−1 3 1 
... 
0 0 1 
» 
0 
BB@ 
1 0 3 
... 
1 
1 0 0 
0 2 −3 
... 
−1 1 0 
0 3 4 
... 
1 0 1 
0 
1 0 3 
BB@ 
... 
1 
1 0 0 
0 1 −3 
2 
... 
−1 
2 
CCA 
1 
2 0 
0 3 4 
... 
1 0 1 
» 
0 
1 0 3 
BB@ 
... 
1 
1 0 0 
0 1 −3 
2 
... 
−1 
2 
CCA 
1 
2 0 
0 0 17 
2 
... 
5 
2 −3 
2 1 
» 
0 
BB@ 
1 0 3 
... 
1 0 0 
0 1 −3 
2 
... 
−1 
2 
1 
2 0 
0 0 1 
... 
5 
17 − 3 
17 
2 
17 
1 
CCA 
» 
0 
BB@ 
1 0 0 
... 
2 
17 
9 
17 − 6 
17 
0 1 0 
... 
− 1 
17 
4 
17 
3 
17 
0 0 1 
... 
5 
17 − 3 
17 
2 
17 
1 
CCA 
Portanto, 
MB 
C = 
0 
@ 
2 
17 
9 
17 − 6 
17 
− 1 
17 
4 
17 
3 
17 
5 
17 − 3 
17 
2 
17 
1 
A 
2. Como vC = MB 
C vB, 
vC = 
0 
@ 
2 
17 
9 
17 − 6 
17 
− 1 
17 
4 
17 
3 
17 
5 
17 − 3 
17 
2 
17 
1 
A 
0 
@ 
1 
A = 
1 
3 
2 
0 
@ 
1 
A. 
1 
1 
0
67 
3. Como vB = MC 
B vC, 
vB = 
0 
@ 
1 0 3 
1 2 0 
−1 3 1 
1 
A 
0 
@ 
2 
3 
−1 
1 
A = 
0 
@−1 
8 
6 
1 
A. 
¤ 
Ex. Resolvido 7.13 Considere o seguinte subespac¸o de M2(R): 
W = 
½µ 
x y 
z t 
¶ 
2 M2(R); x − y − z = 0 
¾ 
. 
a) Mostre que B dada pelas matrizes 
B1 = 
µ 
1 1 
0 0 
¶ 
,B2 = 
µ 
1 0 
1 0 
¶ 
,B3 = 
µ 
0 0 
0 1 
¶ 
e C dada pelas matrizes 
C1 = 
µ 
1 0 
1 0 
¶ 
,C2 = 
µ 
0 −1 
1 0 
¶ 
,C3 = 
µ 
0 0 
0 1 
¶ 
s˜ao bases de W. 
b) Encontre as matrizes de mudanc¸a da base B para a base C e da base C para a 
base B. 
c) Encontre uma base D de W, tal que a matriz 
P = 
0 
@ 
1 1 0 
0 0 2 
0 3 1 
1 
A 
seja a matriz de mudanc¸a da base D para a base B, isto ´e, P = MB 
D. 
Resoluc¸ ˜ao: 
a) 
A = 
µ 
x y 
z t 
¶ 
2 W () x = y + z.
68 CAP´ITULO 7. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS – UMA REVIS ˜AO 
Assim, A 2 W se e somente se existirem x, y, z 2 R tais que 
A = y 
µ 
1 1 
0 0 
¶ 
+ z 
µ 
1 0 
1 0 
¶ 
+ t 
µ 
0 0 
0 1 
¶ 
, (7.14) 
isto ´e, 
W = 
·µ 
¶ 
, 
1 1 
0 0 
µ 
1 0 
1 0 
¶ 
, 
µ 
0 0 
0 1 
¶¸ 
. 
A equac¸ ˜ao 7.14 tomada com A = O mostra que as matrizes acima que geram W 
s˜ao de fato l.i. e, portanto, formam uma base de W. Al´em do mais, dimW = 3. 
Como C ´e formado por trˆes vetores deW e a dimens˜ao deW ´e trˆes, basta verificar 
que tais vetores s˜ao l.i.. De fato, 
® 
µ 
1 0 
1 0 
¶ 
+ ¯ 
µ 
0 −1 
1 0 
¶ 
+ ° 
µ 
0 0 
0 1 
¶ 
= 
µ 
0 0 
0 0 
¶ 
() 
µ 
® −¯ 
® + ¯ ° 
¶ 
= 
µ 
0 0 
0 0 
¶ 
() ® = ¯ = ° = 0. 
b) Basta notar que 
C1 = B2 
C2 = −B1 + B2 
C3 = B3 
e da´ı, 
MC 
B = 
0 
@ 
1 
A. 
0 −1 0 
1 1 0 
0 0 1 
Quanto a MB 
C , vemos que 
B1 = C1 − C2 
B2 = C1 
B3 = C3 
e assim, 
MB 
C = 
0 
@ 
1 
A. 
1 1 0 
−1 0 0 
0 0 1
69 
c) Procuremos D1,D2 e D3 emW de modo que formem uma baseW tal queMB 
D = 
P. Isto ocorre se e somente se 
B1 = 1D1 + 0D2 + 0D3 = D1 
B2 = 1D1 + 0D2 + 3D3 = D1 + 3D3 
B3 = 0D1 + 2D2 + 1D3 = 2D2 + D3 
, 
ou seja, D1 = B1, D3 = (B2 − B1)/3 e D2 = (B3 − (B2 − B1)/3)/2 = 
(3B3 + B1 − B2)/6. Assim, a base D formada por D1, D2 e D3 ´e dada pelas 
matrizes µ 
¶ 
, 
1 1 
0 0 
µ 
0 1/6 
−1/6 1/2 
¶ 
, 
µ 
0 −1/3 
1/3 0 
¶ 
.
70 CAP´ITULO 7. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS – UMA REVIS ˜AO
Cap´ıtulo 8 
Transformac¸ ˜oes Lineares 
8.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos 
Definic¸ ˜ao 8.1 Sejam U e V espac¸os vetoriais. Dizemos que uma func¸ ˜ao T : U ! V ´e 
uma transformac¸ ˜ao linear se forem verificadas as seguintes condic¸ ˜oes: 
1. T(u + v) = T(u) + T(v), 8u, v 2 U; 
2. T(¸u) = ¸T(u), 8u 2 U, 8¸ 2 R. 
Observac¸ ˜ao 8.2 Note que T : U ! V ´e uma transformac¸ ˜ao linear se e somente se 
T(¸u + μv) = ¸T(u) + μT(v), para todo u, v 2 U, ¸, μ 2 R. 
Observac¸ ˜ao 8.3 Note que pela propriedade 2 temos 
T(0) = T(00) = 0T(0) = 0. 
Ou seja, toda transformac¸ ˜ao linear de U em V leva o elemento neutro de U no elemento 
neutro de V. 
A seguir listamos alguns exemplos de transformac¸ ˜oes lineares definidas em v´arios 
espac¸os vetoriais que j´a tratamos no decorrer do curso. 
1. T : U ! V dada por T(u) = 0, para todo u 2 U. T ´e chamada de transformac¸ ˜ao 
nula. 
2. T : U ! U dada por T(u) = u, para todo u 2 U. T ´e chamada de transformac¸ ˜ao 
identidade. 
71
72 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
3. T : Pn(R) ! Rn+1 dada por 
T(a0 + a1x + · · · + anxn) = (a0, . . . , an). 
4. Se A 2 Mm×n(R) ´e uma matriz dada, definimos 
T : Mn×1(R) ! Mm×1(R) 
por T(X) = AX, o produto de A com X, para todo X 2 Mn×1(R). 
5. T : C([0, 1];R) ! R dada por 
T(f) = 
Z 1 
0 
f(x) dx, 
para toda func¸ ˜ao f 2 C([0, 1];R). 
6. T : C1([0, 1];R) ! C([0, 1];R) dada por T(f) = f0, a derivada de f, para toda 
f 2 C1([0, 1];R). 
Os exemplos abaixo s˜ao de func¸ ˜oes entre espac¸os vetoriais que n˜ao s˜ao transforma-c 
¸ ˜oes lineares. 
1. T : R3 ! R dada por T(x, y, z) = x + y + z + 1. Note que T(0, 0, 0) = 16= 0. 
2. T : C([0, 1];R) ! R dada por 
T(f) = 
Z 1 
0 |f(x)| dx, 
para toda func¸ ˜ao f 2 C([0, 1];R). 
Se T fosse linear dever´ıamos ter por 2, T(−f) = −T(f) para toda func¸ ˜ao f 2 
C([0, 1];R). Para ver que isto n˜ao ocorre, basta tomar f como sendo a func¸ ˜ao 
constante igual a 1. Temos neste caso que T(−1) = 1 = T(1). 
3. T : R ! R dada por T(x) = x2. Observe que T(−1) = 1 = T(1). Logo, n˜ao 
temos T(−1) = −T(1). 
Proposic¸ ˜ao 8.4 Seja U um espac¸o vetorial com base u1, . . . , un. Toda transformac¸ ˜ao 
linear T : U ! V fica determinada por T(u1), . . . , T(un), ou seja, conhecidos estes 
vetores, conhece-se T(u) para qualquer u 2 U.
8.2. O ESPAC¸O VETORIAL L(U, V ) 73 
Prova: J´a que u1, . . . , un formam uma base de U, dado u 2 U existem ®1, . . . , ®n 2 R 
tais que u = ®1u1 + · · · + ®nun. Deste modo, 
T(u) = T(®1u1 + · · · + ®nun) = ®1T(u1) + · · · + ®nT(un). 
Ex. Resolvido 8.5 Encontre uma transformac¸ ˜ao linear T : R2 ! R2 tal que T(1, 2) = 
(3,−1) e T(0, 1) = (1, 2). 
Resoluc¸ ˜ao: Note que (1, 2) e (0, 1) formam uma base de R2. Se (x, y) 2 R2 ent˜ao, como 
´e f´acil verificar, temos (x, y) = x(1, 2) + (y − 2x)(0, 1). Deste modo, a transformac¸ ˜ao 
T deve satisfazer 
T(x, y) = T(x(1, 2) + (y − 2x)(0, 1)) = xT(1, 2) + (y − 2x)T(0, 1) 
= x(3,−1) + (y − 2x)(1, 2) = (x + y, 2y − 5x). 
Verifica-se facilmente que a transformac¸ ˜ao T definida como acima, isto ´e, T(x, y) = 
(x + y, 2y − 5x), ´e linear e satisfaz as condic¸ ˜oes pedidas. ¤ 
8.2 O Espac¸o Vetorial L(U, V ) 
Definic¸ ˜ao 8.6 Sejam U e V espac¸os vetoriais. Denotaremos por L(U, V ) o conjunto 
das transformac¸ ˜oes lineares T : U ! V. Quando U = V denotaremos L(U,U) = 
L(U). 
Dadas T, S 2 L(U, V ) podemos definir T + S : U ! V por (T + S)(u) = 
T(u) + S(u), u 2 U. Vˆe-se claramente que T + S 2 L(U, V ). 
Se T 2 L(U, V ) e ¸ 2 R definimos ¸T : U ! V como (¸T)(u) = ¸(T(u)). 
Tamb´em, ¸T 2 L(U, V ). 
´E 
um simples exerc´ıcio de verificac¸ ˜ao o fato deL(U, V ) com as operac¸ ˜oes definidas 
acima ser um espac¸o vetorial. Note que o elemento neutro da adic¸ ˜ao ´e a transformac¸ ˜ao 
nula, isto ´e, T 2 L(U, V ) definida por T(u) = 0, u 2 U. 
Registraremos isto na seguinte 
Proposic¸ ˜ao 8.7 L(U, V ) com as operac¸ ˜oes acima ´e um espac¸o vetorial.
74 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
Definic¸ ˜ao 8.8 Se U ´e um espac¸o vetorial, definimos o espac¸o dual de U como sendo 
U0 .= 
L(U,R), isto ´e, U0 ´e formado pelas transformac¸ ˜oes lineares T : U ! R. Estas 
transformac¸ ˜oes lineares tamb´em s˜ao chamadas de funcionais lineares definidos em U. 
Teorema 8.9 Se U ´e um espac¸o vetorial de dimens˜ao n e V ´e um espac¸o vetorial de 
dimens˜ao m ent˜ao L(U, V ) tem dimens˜ao mn. 
Prova: Fixemos duas bases, uma formada por vetores u1, . . . , un de U e outra formada 
por v1, . . . , vm, vetores de V. 
Para cada 1 · i · n e 1 · j · m defina 
Tij(x1u1 + · · · + xnun) = xivj , x1, . . . , xn 2 R. 
Note que 
Tij(uk) = 
( 
vj se i = k 
0 se i6= k 
. 
Verifiquemos que Tij 2 L(U, V ): 
Tij((x1u1 + · · · + xnun) + (y1u1 + · · · + ynun)) 
= Tij((x1 + y1)u1 + · · · + (xn + yn)un) = (xi + yi)vj = xivj + yivj 
= Tij(x1u1 + · · · + xnun) + Tij(y1u1 + · · · + ynun). 
Tamb´em, para todo ¸ 2 R, 
Tij(¸(x1u1 + · · · + xnun)) = Tij(¸x1u1 + · · · + ¸xnun) 
= ¸xivj = ¸Tij(x1u1 + · · · + xnun). 
Mostremos Pque Tij , 1 · i · n e 1 · j · m, formam uma base de L(U, V ). 
Se 
n 
i=1 
Pm 
j=1 aijTij = 0 ent˜ao, para cada 1 · k · n, 
0 = 
Xn 
i=1 
Xm 
j=1 
aijTij(uk) = 
Xm 
j=1 
Xn 
i=1 
aijTij(uk) = 
Xm 
j=1 
akjTkj(uk) = 
Xm 
j=1 
akjvj 
e como v1, . . . , vm s˜ao linearmente independentes, segue-se que ak1 = · · · = akm = 0. 
Portanto T11, . . . , Tnm s˜ao linearmente independentes.
8.2. O ESPAC¸O VETORIAL L(U, V ) 75 
Seja T 2 L(U, V ). Se u 2 U ent˜ao u = x1u1 + · · · + xnun, para certos n´umeros 
reais x1, . . . , xn. Como T ´e linear 
T(u) = x1T(u1) + · · · + xnT(un). 
Como T(ui) 2 V, podemos escrever, para cada 1 · i · n, 
T(ui) = ®1iv1 + · · · + ®mivm. 
Por´em, como para cada 1 · j · m, 1 · i · n, Tij(u) = xivj , obtemos 
T(u) = x1T(u1) + · · · + xnT(un) 
= x1(®11v1 + · · · + ®m1vm) + · · · + xn(®1nv1 + · · · + ®mnvm) 
= ®11x1v1 + · · · + ®m1x1vm + · · · + ®1nxnv1 + · · · + ®mnxnvm 
= ®11T11(u) + · · · + ®m1T1m(u) + · · · + ®1nT1n(u) + · · · + ®mnTnm(u), 
ou seja 
T = ®11T11 + · · · + ®m1T1m + · · · + ®1nT1n + · · · + ®mnTnm. 
Corol´ario 8.10 Se V ´e um espac¸o de dimens˜ao n ent˜ao o seu dual tamb´em tem di-mens 
˜ao n. 
Pelo corol´ario 8.10, se U tem dimens˜ao n ent˜ao o seu dual, U0, tem a mesma 
dimens˜ao. Seguindo os passos da demonstrac¸ ˜ao do teorema 8.9, se u1, . . . , un for-mam 
uma base B de U ent˜ao os funcionais lineares f1, . . . , fn : U ! R dados por 
fj(u) = fj(x1u1 +· · ·+xnun) = xj , j = 1, . . . , n, formam uma base de U0. Esta base 
´e chamada de base dual da base B. 
Ex. Resolvido 8.11 Considere a base B de R3 formada por u1 = (1, 1, 1), u2 = 
(1, 1, 0) e u3 = (1, 0, 0). Encontre a base dual de B. 
Resoluc¸ ˜ao: Dado (x, y, z) 2 R3, temos 
(x, y, z) = z(1, 1, 1) + (y − z)(1, 1, 0) + (x − y)(1, 0, 0). 
Deste modo, a base dual de B, ´e dada pelos funcionais lineares f1, f2 e f3 onde 
f1(x, y, z) = z, f2(x, y, z) = y − z e f3(x, y, z) = x − y. 
¤
76 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
Definic¸ ˜ao 8.12 Sejam U, V e W espac¸os vetoriais. Se T 2 L(U, V ) e S 2 L(V,W) 
definimos a composta S ± T : U ! W por S ± T(u) = S(T(u)), u 2 U. 
Exemplo 8.13 Considere T, S 2 L(R2) dadas por T(x, y) = (x + y, 0) e S(x, y) = 
(x, 2y). Encontre T ± S e S ± T. 
T ± S(x, y) = T(S(x, y)) = T(x, 2y) = (x + 2y, 0). 
S ± T(x, y) = S(T(x, y)) = S(x + y, 0) = (x + y, 0). 
Note que T ± S6= S ± T. 
Definic¸ ˜ao 8.14 Se T 2 L(U), definimos T1 = T e Tn = T ± Tn−1 para n ¸ 2. 
Definic¸ ˜ao 8.15 T 2 L(U) ´e chamada de nilpotente se existir algum inteiro positivo n 
tal que Tn = 0, a transformac¸ ˜ao nula. 
Obviamente a transformac¸ ˜ao nula ´e um exemplo de uma transformac¸ ˜ao nilpotente. 
Exemplo 8.16 Mostre que T : R2 ! R2 dada por T(x, y) = (0, x) ´e um operador 
nilpotente. 
Vejamos: T2(x, y) = T(T(x, y)) = T(0, x) = (0, 0). Assim, T2 = 0. 
Proposic¸ ˜ao 8.17 Se T 2 L(U, V ) e S 2 L(V,W) ent˜ao S ± T 2 L(U,W). 
Prova: Dados u, v 2 U e ¸, μ 2 R temos 
S ± T(¸u + μv) = S(T(¸u + μv)) = S(¸T(u) + μT(v)) 
= S(¸T(u)) + S(μT(v)) = ¸S(T(u)) + μS(T(v)) = ¸S ± T(u) + μS ± T(v). 
Proposic¸ ˜ao 8.18 Sejam T 2 L(U, V ), S 2 L(V,W) e R 2 L(W,X), onde U, V,W 
e X s˜ao espac¸os vetoriais. Ent˜ao (R ± S) ± T = R ± (S ± T).
8.2. O ESPAC¸O VETORIAL L(U, V ) 77 
Prova: Para todo u 2 U, temos 
(R ± S) ± T(u) = (R ± S)(T(u)) = R(S(T(u))) 
e por outro lado 
R ± (S ± T)(u) = R((S ± T)(u)) = R(S(T(u))). 
Comparando as express˜oes chegamos ao resultado desejado. 
Proposic¸ ˜ao 8.19 Se S, T 2 L(U, V ), R 2 L(V,W) ent˜ao R±(S+T) = R±S+R±T. 
Prova: Dado u 2 U, temos 
R ± (S + T)(u) = R((S + T)(u)) = R(S(u) + T(u)) = R(S(u)) + R(T(u)) 
= R ± S(u) + R ± T(u) = (R ± S + R ± T)(u). 
Proposic¸ ˜ao 8.20 Se T 2 L(U, V ) e IV 2 L(V ) ´e a identidade em V, isto ´e, I(v) = v, 
v 2 V, e IU 2 L(U) ´e a identidade em U, ent˜ao IV ± T = T e T ± IU = T. 
Prova: Dado u 2 U, temos 
IV ± T(u) = IV (T(u)) = T(u) 
e 
T ± IU(u) = T(IU(u)) = T(u). 
Definic¸ ˜ao 8.21 Diremos que T 2 L(U, V ) possui inversa se existir S : V ! U tal que 
S ± T(u) = u para todo u 2 U e T ± S(v) = v para todo v 2 V. Em outras palavras, 
T ± S = IV e S ± T = IU, onde IU : U ! U ´e a identidade em U e IV : V ! V ´e a 
identidade em V. 
Proposic¸ ˜ao 8.22 Se T 2 L(U, V ) possui uma inversa ent˜ao esta inversa ´e ´unica.
78 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
Suponha que T possua inversas R, S 2 L(V,U). Como IV = T ± R e IU = S ± T, 
temos 
S = S ± IV = S ± (T ± R) = (S ± T) ± R = IU ± R = R. 
Denotaremos a inversa de T por T−1. 
Definic¸ ˜ao 8.23 Uma transformac¸ ˜ao linear T : U ! V ´e 
1. injetora se T(u) = T(v) implicar em u = v; 
2. sobrejetora se para todo v 2 V existir u 2 U tal que T(u) = v; 
3. bijetora se for injetora e sobrejetora. 
Proposic¸ ˜ao 8.24 Uma transformac¸ ˜ao linear T : U ! V ´e injetora se e somente se 
T(u) = 0 implicar em u = 0. 
Prova: Suponha que T seja injetora. Se T(u) = 0 ent˜ao T(u) = T(0) e como T ´e 
injetora, segue-se que u = 0. 
Reciprocamente suponha que a ´unica soluc¸ ˜ao de T(u) = 0 seja u = 0. Se T(u) = 
T(v) ent˜ao T(u − v) = 0 e, por hip´otese, u − v = 0, isto ´e, u = v. 
Proposic¸ ˜ao 8.25 A fim de que T 2 L(U, V ) possua inversa ´e necess´ario e suficiente 
que T seja bijetora. 
Prova: Suponha que T possua inversa. 
Se T(u) = T(v) ent˜ao u = T−1(T(u)) = T−1(T(v)) = v e, portanto, T ´e injetora. 
Dado v 2 V vemos que T(T−1(v)) = v e, portanto, T tamb´em ´e sobrejetora. 
Assim, T ´e bijetora. 
Suponha agora que T seja bijetora. Dado v 2 V existe um ´unico uv 2 U tal que 
v = T(uv). Defina S : V ! U por S(v) = uv. Mostremos que S ´e a inversa de T. 
Se v 2 V ent˜ao T(S(v)) = T(uv) = v. 
Se u 2 U ent˜ao S(T(u)), pela definic¸ ˜ao de S, ´e o ´unico elemento u0 em U tal que 
T(u0) = T(u). Como T ´e injetora, temos u0 = u e, assim, S(T(u)) = u. 
Proposic¸ ˜ao 8.26 Se T 2 L(U, V ) possui inversa T−1 : V ! U ent˜ao T−1 2 L(V,U).
8.3. IMAGEM E N ´UCLEO 79 
Prova: Devemos mostrar que T−1 : V ! U ´e linear. 
Sejam v1, v2 2 V e ¸1, ¸2 2 R. Como T ´e sobrejetora existem u1, u2 2 U tais que 
T(u1) = v1 e T(u2) = v2. Assim, 
T−1(¸1v1 + ¸2v2) = T−1(¸1T(u1) + ¸2T(u2)) = T−1(T(¸1u1 + ¸2u2)) 
= ¸1u1 + ¸2u2 = ¸1T−1(v1) + ¸2T−1(v2). 
8.3 Imagem e N´ucleo 
Definic¸ ˜ao 8.27 Seja T : U ! V uma transformac¸ ˜ao linear. 
1. Se X ½ U, definimos a imagem de X por T como sendo o conjunto T(X) = 
{T(x); x 2 X}. 
2. Se Y ½ V, definimos a imagem inversa de Y por T como sendo o conjunto 
T−1(Y ) = {u 2 U; T(u) 2 Y }. 
Ex. Resolvido 8.28 Seja V um espac¸o de dimens˜ao 1. Mostre que qualquer transforma-c 
¸ ˜ao linear n˜ao nula T : U ! V ´e sobrejetora. 
Resoluc¸ ˜ao: Como T ´e n˜ao nula existe uo 2 U tal que T(uo)6= 0. J´a que V tem 
dimens˜ao 1 ent˜ao qualquer base de V ´e constitu´ıda por um elemento e como T(uo) 2 V 
´e n˜ao nulo (portanto, l.i.), ele pr´oprio forma uma base de V. Assim, dado v 2 V existe 
® 2 R tal que v = ®T(uo) = T(®uo), ou seja, T ´e sobrejetora. ¤ 
Proposic¸ ˜ao 8.29 Seja T : U ! V uma transformac¸ ˜ao linear. Temos 
1. Se W ´e um subespac¸o vetorial de U ent˜ao T(W) ´e um subespac¸o vetorial de V. 
2. Se W ´e um subespac¸o vetorial de V ent˜ao T−1(W) ´e um subespac¸o vetorial de 
U. 
Prova: 1. Seja W um subespac¸o vetorial de U. 
Como 0 2 W vemos que 0 = T(0) 2 T(W). 
Se x, y 2 T(W) ent˜ao existem u,w 2 W tais que x = T(u) e y = T(w). Como W 
´e um subespac¸o vetorial, temos que, para qualquer ¸ 2 R, u + ¸w 2 W. Desse modo 
x + ¸y = T(u) + ¸T(w) = T(u) + T(¸w) = T(u + ¸w) 2 T(W).
80 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
2. Seja W um subespac¸o vetorial de V. 
Como T(0) = 0 2 W, segue-se que 0 2 T−1(W). 
Se x, y 2 T−1(W) ent˜ao T(x), T(y) 2 W. ComoW ´e um subespac¸o vetorial temos 
que, para qualquer ¸ 2 R, T(x) + ¸T(y) 2 W. Mas T(x + ¸y) = T(x) + ¸T(y) 2 W 
e, portanto, x + ¸y 2 T−1(W). 
Definic¸ ˜ao 8.30 O n´ucleo de uma transformac¸ ˜ao linear T : U ! V ´e o subespac¸o veto-rial 
de U dado por T−1({0}), ou seja, ´e o conjunto {u 2 U; T(u) = 0}. Denotaremos 
o n´ucleo de T por N (T). 
Proposic¸ ˜ao 8.31 Seja T : U ! V uma transformac¸ ˜ao linear. T ´e injetora se e somente 
se N (T) = {0}. 
Prova: Pela proposic¸ ˜ao 8.24 T ´e injetora se e somente se a equac¸ ˜ao T(u) = 0 possui 
como ´unica soluc¸ ˜ao u = 0. Isto ´e o mesmo que dizer que o conjunto N (T) ´e formado 
somente pelo elemento 0. 
Ex. Resolvido 8.32 Seja T 2 L(U). Mostre que T2 = 0 se e somente se T(U) ½ N (T). 
Resoluc¸ ˜ao: Suponha que T2 = 0. Se v 2 T(U) ent˜ao existe u 2 U tal que v = T(u) e, 
portanto, T(v) = T2(u) = 0. Logo, v 2 N (T). 
Suponha agora que T(U) ½ N (T). Dado u 2 U, como T(u) 2 T(U) ½ N (T), 
temos T2(u) = T(T(u)) = 0. ¤ 
Ex. Resolvido 8.33 Seja µ 2 R. Encontre o n´ucleo da transformac¸ ˜ao linear T : R2 ! R2 dada por 
T(x, y) = (x cos µ − y sen µ, x sen µ + y cos µ). 
Resoluc¸ ˜ao: Por definic¸ ˜ao, (x, y) 2 N (T) se e somente se T(x, y) = (0, 0), isto ´e, se e 
somente se 
(x cos µ − y sen µ, x sen µ + y cos µ) = (0, 0) 
() 
( 
x cos µ − y sen µ = 0 
x sen µ + y cos µ = 0 () (x, y) = (0, 0). 
Portanto, N (T) = {(0, 0)}.
8.3. IMAGEM E N ´UCLEO 81 
Teorema 8.34 (Teorema do N´ucleo e da Imagem) Sejam U e V espac¸os vetoriais de 
dimens˜ao finita e T : U ! V uma transformac¸ ˜ao linear. Temos 
dimU = dimN (T) + dimT(U). 
Prova: Seja B1 uma base de N (T) formada pelos vetores u1, . . . , up. Pelo teorema do 
completamento, existem vetores v1, . . . , vq 2 U tais que u1, . . . , up, v1, . . . , vq formam 
uma base de U. Note que com esta notac¸ ˜ao temos dimU = p + q e dimN (T) = 
p. Resta mostrar que dimT(U) = q e, para isto, mostraremos que T(v1), . . . , T(vq) 
formam uma base de T(U). 
Se ®1T(v1) + · · · + ®qT(vq) = 0 ent˜ao T(®1v1 + · · · + ®qvq) = 0, isto ´e, ®1v1 + 
· · ·+®qvq 2 N (T). Desta forma, existem ¯1, . . . , ¯p 2 R tais que ®1v1+· · ·+®qvq = 
¯1u1 + · · · + ¯pup, isto ´e, 
¯1u1 + · · · + ¯pup − ®1v1 − · · · − ®qvq = 0. 
Como u1, . . . , up, v1, . . . , vq formam uma base de U, segue-se que ®1 = · · · = ®q = 
¯1 = · · · = ¯p = 0 e, portanto, T(v1), . . . , T(vq) s˜ao linearmente independentes. 
Mostremos que T(v1), . . . , T(vq) geram T(U). Seja v 2 T(U). Logo, existe u 2 
U tal que T(u) = v. Como u1, . . . , up, v1, . . . , vq formam uma base de U, existem 
®1, . . . , ®q, ¯1, . . . , ¯p 2 R tais que 
u = ®1u1 + · · · + ®pup + ¯1v1 + · · · + ¯qvq 
e da´ı, 
v = T(u) = T(®1u1 + · · · + ®pup + ¯1v1 + · · · + ¯qvq) 
= ®1T(u1)+· · ·+®pT(up)+¯1T(v1)+· · ·+¯qT(vq) = ¯1T(v1)+· · ·+¯qT(vq), 
j´a que u1, . . . , up 2 N (T). 
Corol´ario 8.35 Se U e V s˜ao espac¸os vetoriais de dimens˜ao finita tais que dimU = 
dimV e se T : U ! V ´e uma transformac¸ ˜ao linear ent˜ao as seguintes condic¸ ˜oes s˜ao 
equivalentes: 
1. T ´e sobrejetora; 
2. T ´e injetora; 
3. T ´e bijetora;
82 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
4. T leva bases de U em bases de V. 
Prova: (1) =) (2): Se T ´e sobrejetora ent˜ao T(U) = V e pelo teorema anterior, 
dimU = dimN (T) + dimV. Mas como dimU = dimV segue que dimN (T) = 
0, isto ´e, N (T) = {0}. Pela proposic¸ ˜ao 8.31, T ´e injetora. 
(2) =) (3): Se T ´e injetora ent˜ao dimN (T) = 0. Pelo teorema anterior segue-se 
que dimU = dimT(U). Como dimU = dimV segue-se que T(U) ´e um subespac¸o 
de V com a mesma dimens˜ao de V. Logo, T(U) = V, isto ´e, T ´e sobrejetora. Dessa 
forma, T ´e bijetora. 
(3) =) (4): Suponha que T seja bijetora. Considere uma base de U formada por 
vetores u1, . . . , un. Precisamos mostrar que T(u1), . . . , T(un) formam uma base de V. 
Se ®1T(u1)+· · ·+®nT(un) = 0 ent˜ao T(®1u1 +· · ·+®nun) = 0, isto ´e, ®1u1 + 
· · · + ®nun 2 N (T). Como T ´e injetora temos N (T) = {0} e, conseq¨uentemente, 
®1u1 + · · · + ®nun = 0. Como u1, . . . , un formam uma base de U temos ®1 = · · · = 
®n = 0 e, portanto, T(u1), . . . , T(un) s˜ao linearmente independentes. 
Seja v 2 V. Como T ´e sobrejetora, existe u 2 U tal que v = T(u). Escrevendo u 
como ®1u1 + · · · + ®nun vemos que 
v = T(®1u1 + · · · + ®nun) = ®1T(u1) + · · · + ®nT(un), 
isto ´e, T(u1), . . . , T(un) geram V. Observe que j´a hav´ıamos provado isto na proposic¸ ˜ao 
8.4 
(4) =) (1): Seja u1, . . . , un uma base de U. Por hip´otese, T(u1), . . . , T(un) for-mam 
uma base de V. Assim, dado v 2 V existem ®1, . . . , ®n 2 R tais que v = 
®1T(u1) + · · · + ®nT(un). Deste modo, v = T(®1u1 + · · · + ®nun), isto ´e, T ´e 
sobrejetora. 
Ex. Resolvido 8.36 Mostre que toda transformac¸ ˜ao linear bijetora T : R2 ! R2 leva 
retas em retas, isto ´e, a imagem de uma reta por T ´e uma reta. 
Resoluc¸ ˜ao: Dada uma reta r no plano usaremos a equac¸ ˜ao vetorial para representar seus 
pontos, isto ´e, um ponto P 2 r ´e da forma Po + ¸~v, onde Po ´e um ponto sobre a reta, 
~v ´e um vetor direc¸ ˜ao da reta e ¸ 2 R. A imagem de r por T ´e T(r) = {T(P); P 2 r}. 
Assim, todo ponto em T(r) ´e da forma T(P) = T(Po) + ¸T(~v), ¸ 2 R. Como T ´e 
injetora e ~v6= ~0 temos que T(~v)6= ~0, ou seja, T(r) ´e uma reta que passa por T(Po) e 
tem direc¸ ˜ao T(~v). ¤ 
Ex. Resolvido 8.37 Sejam a1, . . . , an 2 R n˜ao todos nulos. Mostre que o subespac¸o 
H = {(x1, . . . , xn) 2 Rn; a1x1 + · · · + anxn = 0} tem dimens˜ao n − 1.
8.3. IMAGEM E N ´UCLEO 83 
Resoluc¸ ˜ao: Note que H ´e o n´ucleo da transformac¸ ˜ao linear T : Rn ! R dada por 
T(x1, . . . , xn) = a1x1 + · · · + anxn. Como nem todos os aj s˜ao nulos, segue-se que T 
´e n˜ao nula e pelo exerc´ıcio 8.28, T ´e sobrejetora. Deste modo, pelo teorema 8.34, temos 
n = dimRn = dimH + dimT(Rn) = dimH + 1, 
ou seja, dimH = n − 1. ¤ 
Ex. Resolvido 8.38 Sejam 
A = 
µ 
1 2 
0 1 
¶ 
e T : M2(R) ! M2(R) dada por T(X) = AX − XA. Encontre o n´ucleo e a imagem 
de T. 
Resoluc¸ ˜ao: N´ucleo: X 2 N (T) se e somente se AX = XA. Se denotarmos 
X = 
µ 
a b 
c d 
¶ 
, 
vemos que X 2 N (T) se e somente se 
µ 
1 2 
0 1 
¶µ 
a b 
c d 
¶ 
= 
µ 
a b 
c d 
¶µ 
¶ 
, 
1 2 
0 1 
isto ´e, µ 
a + 2c b + 2d 
c d 
¶ 
= 
µ 
a 2a + b 
c 2c + d 
¶ 
que equivale a 8>>>>< 
a + 2c = a 
b + 2d = 2a + b 
c = c 
d = 2c + d 
>>>>: 
() c = 0 e a = d. 
Portanto, 
X = 
µ 
a b 
0 a 
¶ 
= a 
µ 
1 0 
0 1 
¶ 
+ b 
µ 
0 1 
0 0 
¶ 
.
84 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
Dessa forma, o n´ucleo de T ´e o subespac¸o vetorial gerado pela base (note que as matrizes 
s˜ao l.i.) formada pelas matrizes 
µ 
1 0 
0 1 
¶ 
e 
µ 
0 1 
0 0 
¶ 
. 
Imagem de T: Temos que 
Y = 
µ 
x y 
z t 
¶ 
2 T(M2(R)) 
se e somente se existir 
X = 
µ 
a b 
c d 
¶ 
tal que Y = AX − XA, isto ´e, 
µ 
x y 
z t 
¶ 
= 
µ 
1 2 
0 1 
¶µ 
a b 
c d 
¶ 
− 
µ 
a b 
c d 
¶µ 
1 2 
0 1 
¶ 
= 
µ 
a + 2c b + 2d 
c d 
¶ 
− 
µ 
a 2a + b 
c 2c + d 
¶ 
= 
µ 
2c 2d − 2a 
0 −2c 
¶ 
= 2c 
µ 
1 0 
0 −1 
¶ 
+ 2(d − a) 
µ 
0 1 
0 0 
¶ 
, 
ou seja, a imagem de T ´e gerada pela base (note que as matrizes s˜ao l.i.) formada pelas 
matrizes µ 
1 0 
0 −1 
¶ 
e 
¶ 
. 
µ 
0 1 
0 0 
Uma outra maneira para encontrar uma base para a imagem de T ´e fazer uso da 
prova do teorema 8.34. Isto ´e, sabemos que 
µ 
1 0 
0 1 
¶ 
e 
µ 
0 1 
0 0 
¶ 
formam uma base do n´ucleo de T e, como no referido teorema, a completamos at´e uma 
base de M2(R) como, por exemplo, 
µ 
1 0 
0 1 
¶ 
, 
µ 
0 1 
0 0 
¶ 
, 
µ 
0 0 
1 0 
¶ 
e 
µ 
0 0 
0 1 
¶
8.4. ISOMORFISMO E AUTOMORFISMO 85 
e, pelo mesmo teorema, 
T 
µµ 
¶¶ 
0 0 
1 0 
= 
µ 
2 0 
0 −2 
¶ 
e T 
µµ 
¶¶ 
0 0 
0 1 
= 
µ 
0 1 
0 0 
¶ 
formam uma base para a imagem de T. ¤ 
Definic¸ ˜ao 8.39 Dizemos que T 2 L(U) ´e idempotente se T2 = T. 
Exemplo 8.40 I : U ! U, a identidade de U ´e idempotente. 
Exemplo 8.41 T : R2 ! R2 dada por T(x, y) = (x, 0) ´e idempotente. 
Note que 
T2(x, y) = T(x, 0) = (x, 0) = T(x, y). 
Proposic¸ ˜ao 8.42 Mostre que se T 2 L(U) ´e idempotente ent˜ao 
U = T(U) ©N (T). 
Prova: Dado u 2 U podemos escrever 
u = T(u) + (u − T(u)). 
Claramente, T(u) 2 T(U) e T(u−T(u)) = T(u)−T2(u) = T(u)−T(u) = 0. Logo, 
U = T(U) +N (T) e resta mostrarmos que a soma ´e direta. 
Se u 2 T(U)  N (T) ent˜ao existe v 2 U tal que u = T(v) e T(u) = 0. Por´em, 
como T = T2, temos 
u = T(v) = T2(v) = T(T(v)) = T(u) = 0, 
ou seja, T(U) N (T) = {0}. 
8.4 Isomorfismo e Automorfismo 
Definic¸ ˜ao 8.43 Dizemos que uma transformac¸ ˜ao linear T : U ! V ´e isomorfismo 
quando ela for bijetora. No caso em que U = V diremos que T ´e um automorfismo. 
Definic¸ ˜ao 8.44 Dizemos que os espac¸os vetoriais U e V s˜ao isomorfos se existir um 
isomorfismo T : U ! V.
86 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
As seguintes transformac¸ ˜oes s˜ao exemplos de isomorfismos e, portanto, os respecti-vos 
espac¸os vetoriais s˜ao isomorfos. 
1. T : U ! U dada por T(u) = u. 
2. T : Rn ! Pn−1(R) dada por T(x1, . . . , xn) = x1 + x2t + · · · + xntn−1. 
3. T : Mm×n(R) ! Rmn que associa a cada matriz A = (aij) de Mm×n(R) o 
seguinte elemento de Rn 
(a11, . . . , a1n, . . . , am1, . . . , amn). 
Ex. Resolvido 8.45 Verifique se T(x, y, z) = (x − y, x − z, z − y) ´e um automorfismo 
de R3. 
Resoluc¸ ˜ao: Se T(x, y, z) = (0, 0, 0) ent˜ao 
8>< 
>: 
x − y = 0 
x − z = 0 
z − y = 0 
() x = y = z. 
Logo, T ´e n˜ao ´e injetora, pois T(1, 1, 1) = (0, 0, 0). Assim, T n˜ao ´e um isomorfismo. ¤ 
Proposic¸ ˜ao 8.46 Se T : U ! V ´e um isomorfismo e U tem dimens˜ao finita ent˜ao 
dimU = dimV. 
Prova: Como T ´e injetora, N (T) = {0} e, portanto, dimN (T) = 0. Como T ´e 
sobrejetora, T(U) = V. Segue do teorema do n´ucleo e da imagem 8.34, que 
dimU = dimN (T) + dimT(U) = dimV. 
A rec´ıproca da proposic¸ ˜ao acima ´e v´alida e ´e dada pela proposic¸ ˜ao a seguir. 
Proposic¸ ˜ao 8.47 Sejam U e V espac¸os de dimens˜ao n. Se u1, . . . , un e v1, . . . , vn 
formam bases de U e V, respectivamente, ent˜ao 
T(x1u1 + · · · + xnun) = x1v1 + · · · + xnvn, x1, . . . , xn 2 R, 
define um isomorfismo entre U e V. Note que T(uj) = vj , j = q, . . . , n.
8.5. MATRIZ DE UMA TRANSFORMAC¸ ˜AO LINEAR 87 
Prova: Primeiramente, note que T, de fato, define uma func¸ ˜ao pois as coordenadas de 
um vetor com relac¸ ˜ao a uma base s˜ao unicamente determinadas por ele e pela base. 
Verifiquemos que T ´e linear. 
Se w1,w2 2 U ent˜ao podemos escrever w1 = 
Pn 
i=1 xiui e w2 = 
Pn 
i=1 yiui, onde 
xi, yi 2 R, i = 1, . . . , n. Se ¸1, ¸2 2 R, temos 
T(¸1w1 + ¸2w2) = T 
à 
Xn 
i=1 
(¸1xi + ¸2yi)ui 
! 
= 
Xn 
i=1 
(¸1xi + ¸2yi)vi 
= ¸1 
Xn 
i=1 
xivi + ¸2 
Xn 
i=1 
yivi = ¸1T(w1) + ¸2T(w2). 
Seja w = 
Pn 
i=1 xiui tal que T(w) = 0. Mas T(w) = x1v1 + · · · + xnvn = 0 e, 
portanto, x1 = · · · = xn = 0, ou seja, w = 0. Portanto, T ´e injetora e pelo corol´ario 
8.35, segue-se que T ´e um isomorfismo. 
Corol´ario 8.48 Se dois espac¸os tˆem a mesma dimens˜ao finita ent˜ao eles s˜ao isomorfos. 
Prova: Basta tomar o isomorfismo do teorema anterior. 
Combinando o corol´ario acima com a proposic¸ ˜ao 8.46 vemos que dois espac¸os de 
dimens˜ao finita s˜ao isomorfos se e somente se eles possuem a mesma dimens˜ao. 
Corol´ario 8.49 Se U ´e um espac¸o vetorial de dimens˜ao n e V ´e um espac¸o vetorial de 
dimens˜ao m ent˜ao L(U, V ) ´e isomorfo a Mm×n(R). 
Prova: Note que tanto L(U, V ) como Mm×n(R) tˆem a mesma dimens˜ao: mn. 
8.5 Matriz de uma Transformac¸ ˜ao Linear 
8.5.1 Definic¸ ˜ao e Exemplos 
Sejam U e V espac¸os vetoriais de dimens˜ao finita. Fixemos uma base B de U formada 
por vetores u1, . . . , un e uma base V formada por vetores v1, . . . , vm. Se T 2 L(U, V ) 
podemos escrever 
T(uj) = a1jv1 + · · · + amjvm, = 1, . . . , n.
88 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
A matriz 0 
BBB@ 
a11 a12 . . . a1n 
a21 a22 . . . a1n 
... 
... 
. . . 
... 
am1 am2 . . . amn 
1 
CCCA 
2 Mm×n(R) 
´e chamada de matriz da transformac¸ ˜ao T com relac¸ ˜ao `as bases B e C e ´e denotada por 
[T]B,C. No caso em que U = V e B = C usaremos a notac¸ ˜ao [T]B. 
Ex. Resolvido 8.50 Encontre a matriz de T : R3 ! R2 dada por T(x, y, z) = (x + 
y, x − z) com relac¸ ˜ao `as bases canˆonicas de R3 (B : (1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)) e R2 
(C : (1, 0), (0, 1)). 
Resoluc¸ ˜ao: Temos 
T(1, 0, 0) = (1, 1) = 1(1, 0) + 1(0, 1), 
T(0, 1, 0) = (1, 0) = 1(1, 0) + 0(0, 1) e 
T(0, 0, 1) = (0,−1) = 0(1, 0) − 1(0, 1). 
Assim, 
[T]B,C = 
µ 
1 1 0 
1 0 −1 
¶ 
. 
¤ 
Ex. Resolvido 8.51 Encontre a matriz de T : R3 ! R2 dada por T(x, y, z) = (x + 
y, x − z) com relac¸ ˜ao `as bases canˆonicas de R3 (B : (1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)) e R2 
(C0 : (1, 1), (0, 1)). 
Resoluc¸ ˜ao: Temos 
T(1, 0, 0) = (1, 1) = 1(1, 1) + 0(0, 1), 
T(0, 1, 0) = (1, 0) = 1(1, 1) − 1(0, 1) e 
T(0, 0, 1) = (0,−1) = 0(1, 1) − 1(0, 1). 
Assim, 
[T]B,C0 = 
µ 
1 1 0 
0 −1 −1 
¶ 
. 
¤
8.5. MATRIZ DE UMA TRANSFORMAC¸ ˜AO LINEAR 89 
8.5.2 Propriedades 
Proposic¸ ˜ao 8.52 Sejam U e V espac¸os vetorial de dimens˜ao finita com bases B e C, 
respectivamente. Se T, S 2 L(U, V ) e ¸, μ 2 R ent˜ao 
[¸T + μS]B,C = ¸[T]B,C + μ[S]B,C. 
Prova: Colocando B : u1, . . . , un, C : v1, . . . , vm, [T]B,C = (®ij) e [S]B,C = (¯ij) 
temos 
(¸T + μS)(uj) = ¸T(uj) + μS(uj) 
= ¸(®1jv1 + · · · + ®mjvm) + μ(¯1jv1 + · · · + ¯mjvm) 
= (¸®1j + μ¯1j)v1 + · · · + (¸®mj + μ¯mj)vm 
e, desse modo, 
[¸T + μS]B,C = 
0 
B@ 
¸®11 + μ¯11 · · · ¸®1n + μ¯1n 
... 
. . . 
... 
¸®m1 + μ¯m1 · · · ¸®mn + μ¯mn 
1 
CA 
= ¸[T]B,C + μ[S]B,C. 
Corolario ´8.53 Sejam U e V espac¸os vetorial de dimensao ˜finita com bases B e C, 
respectivamente. Se T 2 L(U, V ) e ´a transformac¸ ao ˜nula entao ˜[T]B,C = 0. 
Proposic¸ ao ˜8.54 Se B e C sao ˜bases de um espac¸o vetorial V de dimensao ˜finita e 
I 2 L(V, V ) e ´a identidade de V entao ˜[I]B,C = MB 
. 
C Prova: Sejam B : u1, . . . , un, C : v1, . . . , vn e [I]B,C = (®ij). Como 
uj = I(uj) = ®1jv1 + · · · + ®njvn 
vˆe-se que [I]B,C = MB 
C . 
Proposic¸ ˜ao 8.55 Sejam U, V e W espac¸os vetoriais de dimens˜ao finita. Sejam T 2 L(U, V ) e S 2 L(V,W). Se B,C e D s˜ao bases de U, V e W, respectivamente, ent˜ao 
[S ± T]B,D = [S]C,D[T]B,C.
90 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
Prova: Coloquemos B : u1, . . . , un, C : v1, . . . , vm e D : w1, . . . ,wp. Se [T]B,C = 
(®ij) e [S]C,D = (¯kl) ent˜ao 
S ± T(uj) = S(T(uj)) = S 
à 
Xm 
i=1 
®ijvi 
! 
= 
Xm 
i=1 
®ijS(vi) 
= 
Xm 
i=1 
®ij 
à Xp 
k=1 
¯kiwk 
! 
= 
Xp 
k=1 
à 
Xm 
i=1 
¯ki®ij 
! 
wk. 
Portanto, 
[S ± T]B,D = 
à 
Xm 
i=1 
¯ki®ij 
! 
= [S]C,D[T]B,C. 
Proposic¸ ao ˜8.56 Sejam U e V espac¸os vetorial de dimensao ˜finita com bases B e C, 
respectivamente. Se T 2 L(U, V ) possui inversa T−1 entao ˜[T−1]C,B = [T]−1 
. 
B,CProva: Seja n = dimU = dimV. Temos 
[T]B,C[T−1]C,B = [T ± T−1]C,C = [I]C,C = In 
onde In ´e a matriz identidade de ordem n. Analogamente, 
[T−1]C,B[T]B,C = [T−1 ± T]B,B = [I]B,B = In. 
Portanto, [T−1]C,B = [T]−1 
B,C. 
Proposic¸ ˜ao 8.57 Sejam U e V espac¸os vetorial de dimens˜ao finita com bases B e C, 
respectivamente. Se T 2 L(U, V ) e u 2 U ent˜ao, representando por T(u)C e uB as 
coordenadas dos vetores T(u) e u, respectivamente, temos 
T(u)C = [T]B,CuB. 
Prova: Coloque B : u1, . . . , un, C : v1, . . . , vm, [T]B,C = (®ij) e 
uB = 
0 
B@ 
a1 
... 
an 
1 
CA 
.
8.5. MATRIZ DE UMA TRANSFORMAC¸ ˜AO LINEAR 91 
Temos 
T(u) = T(a1u1 + · · · + anun) = a1T(u1) + · · · + anT(un) 
= a1(®11v1 + · · · + ®m1vm) + · · · + an(®1nv1 + · · · + ®mnvm) 
= (a1®11 + · · · + an®1n)v1 + · · · + (a1®m1 + · · · + an®mn)vm, 
ou seja, 
T(u)C = 
0 
B@ 
a1®11 + · · · + an®1n 
... 
a1®m1 + · · · + an®mn 
1 
CA 
= 
0 
B@ 
®11 · · · ®1n 
... 
. . . 
... 
®m1 · · · ®mn 
1 
CA 
0 
B@ 
a1 
... 
an 
1 
CA 
, 
isto ´e, T(u)C = [T]B,CuB. 
Proposic¸ ˜ao 8.58 Sejam U e V espac¸os vetorial de dimens˜ao finita com bases B e C, 
respectivamente. Ent˜ao T 2 L(U, V ) ´e um isomorfismo se e somente se [T]B,C possui 
inversa. 
Prova: Se T ´e um isomorfismo ent˜ao pela proposic¸ ˜ao 8.56 [T]B,C possui inversa dada 
por [T−1]C,B. 
Reciprocamente, suponha que [T]B,C possua inversa. Pelo corol´ario 8.35, basta 
mostrar que T ´e injetora. Se T(u) = 0 ent˜ao 
uB = [T]−1 
B,CT(u)C = [T]−1 
B,C0 = 0. 
Como todas as coordenadas de u s˜ao iguais a zero, obtemos u = 0 e, portanto, T ´e 
injetora. 
Ex. Resolvido 8.59 Verifique se T : R2 ! P1(R) dada por T(a, b) = a + (a + b)x ´e 
um isomorfismo. 
Resoluc¸ ˜ao: Consideremos as bases canˆonicas de R2 eP1(R). Como T(1, 0) = 1+x e 
T(0, 1) = x, a matriz de T com relac¸ ˜ao a estas bases ´e dada por 
µ 
1 0 
1 1 
¶ 
. 
Como a matriz acima possui inversa, segue-se que T ´e um isomorfismo. ¤
92 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
Proposic¸ ˜ao 8.60 Seja V um espac¸o de dimens˜ao finita. Se T 2 L(V, V ) e B e C s˜ao 
bases de V ent˜ao 
[T]C,C = MB 
C [T]B,BMC 
B . 
Prova: Como [I]B,C = MB 
C e [I]C,B = MC 
B , temos 
MB 
C [T]B,BMC 
B = [I]B,C[T]B,B[I]C,B = [I]B,C[T]C,B = [T]C,C. 
Ex. Resolvido 8.61 Considere, B, a base de R2 formada pelos vetores (1, 1) e (1,−1). 
Seja T 2 L(R2) tal que 
TB,B = 
¶ 
. 
µ 
1 0 
0 5 
Encontre [T]C,C, onde C ´e a base canˆonica de R2. 
Resoluc¸ ˜ao: Como 
(1, 0) = 
1 
2 
(1, 1) + 
1 
2 
(1,−1) e (0, 1) = 
1 
2 
(1, 1) − 
1 
2 
(1,−1), 
obtemos 
MC 
B = 
µ1 
2 
1 
2 
1 
2 −1 
2 
¶ 
e MB 
C = 
¡ 
MC 
B 
¢ 
−1 
= 
µ 
1 1 
1 −1 
¶ 
. 
Assim, 
[T]C,C = MB 
C [T]B,BMC 
B = 
µ 
1 1 
1 −1 
¶µ 
¶µ1 
1 0 
0 5 
2 
1 
2 
1 
2 −1 
2 
¶ 
= 
µ 
3 −2 
−2 3 
¶ 
. 
Note que 
T(x, y) = T(x(1, 0) + y(0, 1)) = xT((1, 0)) + yT((0, 1)) 
= x(3(1, 0) − 2(0, 1)) + y(−2(1, 0) + 3(0, 1)) = 
= x(3,−2) + y(−2, 3) = (3x − 2y, 3y − 2x). 
¤
8.6. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS 93 
8.6 Exerc´ıcios Resolvidos 
Ex. Resolvido 8.62 Encontre uma base para o n´ucleo e outra para a imagem de T : 
P2(R) ! P2(R) dada por T(p) = p0 + p00. 
Resoluc¸ ˜ao: Note que p(x) = a0 +a1x+a2x2 2 N (T) se e somente se (a1 +2a2x)+ 
2a2 = 0, isto ´e, se e somente se a1 = a2 = 0. Desta forma, p(x) 2 N (T) se e somente 
se p(x) = a0. Desta forma o polinˆomio 1 ´e uma base de mathcalN(T). 
Como 1, x, x2 ´e uma base de P2(R) que completa a base de N (T), vemos que 
pela demonstrac¸ ˜ao do teorema 8.34, T(x) = 1 e T(x2) = 2x + 2 formam uma base da 
imagem de T. ¤ 
Ex. Resolvido 8.63 Encontre uma base para o n´ucleo e outra para a imagem de T : 
M2(R) ! M2(R) dada por T(X) = AX + X, onde 
A = 
µ 
1 4 
2 3 
¶ 
. 
Resoluc¸ ˜ao: Observe que se T(X) = (A + I)X, onde I ´e a matriz identidade de ordem 
dois. 
Se 
X = 
µ 
a b 
c d 
¶ 
vemos que X 2 N (T) se e somente se 
µ 
2 4 
2 4 
¶µ 
¶ 
a b 
c d 
= 
µ 
0 0 
0 0 
¶ 
() 
µ 
1 2 
0 0 
¶µ 
a b 
c d 
¶ 
= 
µ 
0 0 
0 0 
¶ 
() 
( 
a + 2c = 0 
b + 2d = 0 () X = 
µ 
−2c −2d 
c d 
¶ 
= c 
µ 
−2 0 
¶ 
+ d 
1 0 
µ 
0 −2 
0 1 
¶ 
. 
Vˆe-se claramente que 
M1 = 
µ 
−2 0 
¶ 
1 0 
e M2 = 
µ 
0 −2 
0 1 
¶ 
formam uma base de N (T).
94 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
A seguir, procuraremos matrizes M3 e M4 tais que M1, . . . ,M4 formem uma base 
de M2(R). Isto ´e, equivalente a encontrar M2 e M3 tais que a ´unica soluc¸ ˜ao de 
®M1 + ¯M2 + °M3 + ±M4 = 0 
seja a trivial. 
Colocando 
M3 = 
µ 
a b 
c d 
¶ 
e M4 = 
µ 
x y 
z t 
¶ 
obtemos 
® 
µ 
−2 0 
¶ 
+ ¯ 
1 0 
µ 
0 −2 
0 1 
¶ 
+ ° 
µ 
a b 
c d 
¶ 
+ ± 
µ 
x y 
z t 
¶ 
= 
µ 
0 0 
0 0 
¶ 
, 
que equivale `a equac¸ ˜ao 
0 
BB@ 
1 
−2 0 a x 
1 0 c z 
0 −2 b y 
0 1 d t 
CCA 
0 
® 
¯ 
° 
± 
BB@ 
1 
CCA 
= 
0 
0 
0 
0 
0 
BB@ 
1 
CCA 
que apresenta uma ´unica soluc¸ ˜ao se e somente se o determinante da matriz de ordem 
quatro acima for diferente de zero. Como este determinante ´e 
¢ = −2(2c + a)(2t + y) + (2z + x)(2d + b), 
vemos que ¢6= 0 se e somente se 
(2z + x)(2d + b)6= 2(2c + a)(2t + y). 
Dessa forma podemos tomar 
M3 = 
µ 
a b 
c d 
¶ 
= 
µ 
1 −2 
0 1 
¶ 
e M4 = 
µ 
x y 
z t 
¶ 
= 
µ 
¶ 
. 
1 1 
−2 0 
Segue da demonstrac¸ ˜ao do teorema 8.34 que 
T 
µµ 
1 −2 
0 1 
¶¶ 
= 
µ 
2 0 
2 0 
¶ 
e T 
µµ 
¶¶ 
1 1 
−2 0 
= 
µ 
−6 2 
−6 2 
¶ 
formam uma base da imagem de T. ¤
8.6. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS 95 
Ex. Resolvido 8.64 Determinar uma transformac¸ ˜ao linear T : R3 ! R3 cuja imagem 
seja gerada pelos vetores (1, 2, 0) e (1, 1, 1). 
Resoluc¸ ˜ao: Como (1, 2, 0) e (1, 1, 1) s˜ao linearmente independentes, o subespac¸o ge-rado 
por estes vetores tem dimens˜ao dois. Logo, a transformac¸ ˜ao procurada dever´a ter 
necessariamente n´ucleo unidimensional. O que faremos ´e definir uma transformac¸ ˜ao tal 
que T(1, 0, 0) = (1, 2, 0), T(0, 1, 0) = (1, 1, 1) e T(0, 0, 1) = (0, 0, 0), ou seja, 
T(x, y, z) = x(1, 2, 0) + y(1, 1, 1) = (x + y, 2x + y, y) 
assim definida, ´e linear e satisfaz a propriedade desejada. ¤ 
Ex. Resolvido 8.65 Determinar um T 2 L(P3(R),P2(R)) cujo n´ucleo seja gerado 
pelos polinˆomios 1 + x3 e 1 − x2. 
Resoluc¸ ˜ao: Como dimP3 = 4 e o subespac¸o gerado por 1+x3 e 1−x2 tem dimens˜ao 
dois, vemos que a imagem da transformac¸ ˜ao procurada dever´a ter necessariamente di-mens 
˜ao dois. 
O primeiro passo ´e completar a seq¨uˆencia de vetores 1 + x3 e 1 − x2 a uma base de 
P3(R). Para isto, basta acrescentarmos os polinˆomios 1 e x, como se vˆe: 
®1 + ¯x + °(1 + x3) + ±(1 − x2) = ® + ° + ± + ¯x − ±x2 + °x3 = 0 
se e somente se ® = ¯ = ° = ± = 0. 
Assim, a imagem dos polinˆomios 1 e x, pela transformac¸ ˜ao procurada precisam 
necessariamente ser linearmente independentes. Para isto, o que faremos ´e definir T : 
P3 ! P2 tal que T(1) = 1, T(x) = x, T(1 + x3) = 0 e T(1 − x2) = 0. 
Dado p(x) = a0 +a1x+a2x2 +a3x3, reescrevemos p(x) = a0 +a2 −a3 +a1x+ 
a3(1 + x3) − a2(1 − x2) e colocamos 
T(p(x)) = T(a0 + a2 − a3 + a1x + a3(1 + x3) − a2(1 − x2)) 
= (a0 + a2 − a3)1 + a1x = a0 + a2 − a3 + a1x, 
que e ´uma transformac¸ ao ˜linear cujo nucleo ´e ´gerado por 1 + x3 e 1 − x2. ¤ 
R Ex. Resolvido 8.66 Seja T : P2(R) ! R dado por T(p(x)) = 
1 
p(x)dx. Encontre a 
0 matriz de T com relac¸ ˜ao `as bases canˆonicas deP2(R) e R.
96 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
Resoluc¸ ˜ao: Temos 
T(1) = 1, T(x) = 
1 
2 
, T(x2) = 
1 
3 
. 
Assim, a matriz de T com relac¸ ˜ao `as bases canˆonicas ´e dada por 
0 
@ 
1 
1 
21 
3 
1 
A. 
¤ 
Ex. Resolvido 8.67 Seja T : P3(R) ! P3(R) dado por T(p(x)) = p0(x). Encontre 
a matriz de T com relac¸ ˜ao `as bases canˆonicas deP3(R) eP2(R). 
Resoluc¸ ˜ao: Temos 
T(1) = 0 = 0 + 0x + 0x2, T(x) = 1 = 1 + 0x + 0x2, 
T(x2) = 2x = 0 + 2x + 0x2, T(x3) = 3x2 = 0 + 0x + 3x2 
e a matriz de T com relac¸ ˜ao `as bases canˆonicas ´e dada por 
0 
@ 
1 
A. 
0 1 0 0 
0 0 2 0 
0 0 0 3 
¤ 
Ex. Resolvido 8.68 Seja T : R3 ! R3 a transformac¸ ˜ao linear dada por 
T(x, y, z) = (x + z, y + z, x + y + 2z). 
Encontre as matrizes de T com relac¸ ˜ao `a base canˆonica, C, e com relac¸ ˜ao `a base B 
formada pelos vetores 
u = (1, 1, 2), v = (−1, 1, 0),w = (−1,−1, 1). 
Resoluc¸ ˜ao: Com relac¸ ˜ao `a base canˆonica e1 = (1, 0, 0), e2 = (0, 1, 0) e e3 = (0, 0, 1), 
temos 
T(e1) = T(1, 0, 0) = (1, 0, 1) = e1 + 0e2 + e3 
T(e2) = T(0, 1, 0) = (0, 1, 1) = 0e1 + e2 + e3 
T(e3) = T(0, 0, 1) = (1, 1, 2) = e1 + e2 + 2e3
8.7. EXERC´ICIOS 97 
e, portanto, 
[T]C = 
0 
@ 
1 
A. 
1 0 1 
0 1 1 
1 1 2 
Com relac¸ ˜ao `a base B, temos 
T(u) = T(1, 1, 2) = (3, 3, 6) = 3u = 3u + 0v + 0w 
T(v) = T(−1, 1, 0) = (−1, 1, 0) = v = 0u + v + 0w 
T(w) = T(−1,−1, 1) = (0, 0, 0) = 0u + 0v + 0w 
e, portanto, 
[T]B = 
0 
@ 
1 
A. 
3 0 0 
0 1 0 
0 0 0 
¤ 
Ex. Resolvido 8.69 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U) 
uma transformac¸ ˜ao idempotente (Cf. 8.39). Sabemos, pela proposic¸ ˜ao 8.42, que U = 
N (T) © T(U). Seja B uma base de U formada pelos vetores u1, . . . , up, que formam 
uma base de N (T), juntamente com v1, . . . , vq, que formam uma base de T(U). En-contre 
[T]B. 
Resoluc¸ ˜ao: Como T(u1) = · · · = T(up) = 0, pois uj 2 N (T) e T(vj) = ®1jv1 + 
· · · + ®qjvq, j´a que T(vj) 2 T(U), vemos que [T]B tem a seguinte forma 
0 
0 · · · 0 0 · · · 0 
BBBBBBBB@ 
... 
. . . 
... 
... 
. . . 
... 
0 · · · 0 0 · · · 0 
0 · · · 0 ®11 · · · ®1q 
... 
. . . 
... 
... 
. . . 
... 
0 · · · 0 ®q1 · · · ®qq 
1 
CCCCCCCCA 
8.7 Exerc´ıcios 
Ex. 8.70 Verifique se as transformac¸ ˜oes abaixo s˜ao lineares; 
1. T : R3 ! R, T(x, y, z) = x + 5y − z, (x, y, z) 2 R3.
98 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
2. T : R3 ! R, T(x, y, z) = x + 5y − z + 1, (x, y, z) 2 R3. 
3. T : R3 ! R, T(x, y, z) = x2 + 5y − z, (x, y, z) 2 R3. 
4. T : Mn×1(R) ! Mn×1(R), T(X) = AX + X, X 2 Mn×1(R) onde A 2 
Mn(R) ´e fixa . 
5. T : Pn(R) ! Pn(R), T(p) = p0 + p00, p 2 Pn(R). 
6. T : M2(R) ! M2(R), T(X) = AX, X 2 M2(R), onde A 2 M2(R) est´a 
fixada. 
7. T : P2(R) ! P2(R), T(p) = p + q, p 2 P2(R) e q(t) = t2 + 1, t 2 R. 
Ex. 8.71 Determinar o n´ucleo das transformac¸ ˜oes lineares abaixo e descreva-os geo-metricamente. 
1. T : R2 ! R, T(x, y) = y + 2x, (x, y) 2 R2. 
2. T : R3 ! R, T(x, y, z) = z − 2x, (x, y, z) 2 R3. 
3. T : R2 ! R2, T(x, y) = (2x + 2y, x + y), (x, y) 2 R2. 
4. T : R2 ! R2, T(x, y) = (x + y, x − y), (x, y) 2 R2. 
5. T : R3 ! R3, T(x, y, z) = (z − x, z − 2x, z − 3x), (x, y, z) 2 R3. 
Ex. 8.72 Determinar bases para o n´ucleo e para a imagem das transformac¸ ˜oes lineares 
abaixo. 
1. T : R3 ! R3, T(x, y, z) = (x + y, 2x + y, 3x + y), (x, y, z) 2 R3. 
2. T : R2 ! R, T(x, y) = y + 2x, (x, y) 2 R2. 
µ 
3. T : M2(R) ! M2(R), T(X) = AX, X 2 M2(R), onde A = 
1 2 
2 4 
¶ 
. 
4. T : P2(R) ! P2(R), T(p) = p0, p 2 P2(R). 
5. T : vP2(R) ! P2(R), T(p) = p0 + p00, p 2 P2(R). 
6. T : M2(R) ! M2(R), T(X) = AX + X, X 2 M2(R), onde A = 
µ 
1 4 
2 3 
¶ 
.
8.7. EXERC´ICIOS 99 
Ex. 8.73 Seja T : R3 ! R3 um operador linear tal que 
T((1, 0, 0)) = (2, 3, 1), T((1, 1, 0)) = (5, 2, 7), e T((1, 1, 1)) = (−2, 0, 7). 
1. Encontre T((x, y, z)) para (x, y, z) 2 R3. 
2. T ´e sobrejetora? Justifique sua resposta. 
3. T ´e injetora? Justifique sua resposta. 
4. T ´e bijetora? Justifique sua resposta. 
Ex. 8.74 Seja T : P2(R) ! P2(R) um operador linear tal que 
(T(p0))(t) = 1 + t, (T(p1))(t) = t + t2 e (T(p2))(t) = 1 + t − 2t2, 
onde pi(t) = ti, i = 0, 1, 2. 
1. Encontre T(p) para p 2 P2(R). 
2. T ´e sobrejetora? Justifique sua resposta. 
3. T ´e injetora? Justifique sua resposta. 
4. T ´e bijetora? justifique sua resposta. 
Ex. 8.75 Seja T : M2(R) ! M2(R) um operador linear tal que 
µ 
T( 
1 0 
0 0 
¶ 
) = 
µ 
1 4 
2 3 
¶ 
, T( 
µ 
1 1 
0 0 
¶ 
) = 
µ 
−1 0 
0 3 
¶ 
, 
µ 
T( 
0 0 
1 0 
¶ 
) = 
µ 
0 0 
2 1 
¶ 
, T( 
µ 
0 0 
0 1 
¶ 
) = 
µ 
1 0 
2 0 
¶ 
1. Encontre T(X) para X 2 M2(R). 
2. T ´e sobrejetora? Justifique sua resposta. 
3. T ´e injetora? Justifique sua resposta. 
4. T ´e bijetora? Justifique sua resposta.
100 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
Ex. 8.76 Determinar um operador linear em R4 cujo n´ucleo ´e gerado pelos vetores 
(1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0). 
Ex. 8.77 Determinar um operador linear em R4 cujo n´ucleo e a imagem sejam gerados 
pelos vetores (1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0). 
Ex. 8.78 Determinar um operador linear em R3 cujo n´ucleo tem dimens˜ao 1. 
Ex. 8.79 Determinar um operador linear em R3 cujo n´ucleo ´e gerado pelos vetores 
(1, 1, 0), (0, 0, 1) e a imagem gerado pelo vetor (1,−1, 1). 
Ex. 8.80 Determinar T 2 L(R3,R4) tal que T(R3) = [(2, 2, 3, 2), (3, 2, 0, 2)]. 
Ex. 8.81 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R5 ! R3 tal que 
T(R5) = [(1, 0, 0), (0, 1, 0), (1, 1, 1)] e N (T) = [(1, 1, 1, 1, 1), (1, 1, 1, 1, 0)]. 
Ex. 8.82 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R3 ! R2 tal que 
T(1, 0, 0) = (1, 2), T(0, 1, 0) = (3, 4), T(0, 0, 1) = (0, 0). 
Ex. 8.83 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R5 ! R3 tal que dimN (T) = 2, 
dimT(R5) = 3. 
Ex. 8.84 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R3 ! R4 tal que N (T) = [(1, 0, 1)]. 
Ex. 8.85 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R4 ! R4 tal que N (T) = T(R4) = 
[(1, 0, 1, 0)]. 
Ex. 8.86 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R2 ! R3 tal que T(R2) = [(1, 1, 1), 
(1, 2, 0)]. 
Ex. 8.87 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R2 ! R3 tal que T(R2) = [(1, 1, 1)] e 
N (T) = [(1, 1)]. 
Ex. 8.88 Verifique se os operadores lineares em R3 abaixo s˜ao isomorfismos e em caso 
afirmativo determinar o isomorfismo inverso. 
a) T(x, y, z) = (x − 3y − 2z, y − 4z, z) b) T(x, y, z) = (x, x − y, 2x + y − z).
8.7. EXERC´ICIOS 101 
Ex. 8.89 Considere o operador linear em R3 tal que 
T(1, 0, 0) = (1, 1, 1), T(0, 0, 1) = (1, 0, 1), F(0, 1, 2) = (0, 0, 4). 
Pergunta-se: T ´e um isomorfismo? Em caso afirmativo, obtenha o isomorfismo inverso. 
Ex. 8.90 Verifique, em cada um dos itens abaixo, se os espac¸os vetoriais U e V s˜ao 
isomorfos, justificando a resposta. 
1. U = R2, V = 
© 
(x, y, z) 2 R3; z = 0 
ª 
. 
2. U = M2×3(R), V = {p 2 P4(R); p0(t) = 0, 8t 2 R} . 
3. U = R3, V = 
© 
A 2 M2(R);At = A 
ª 
. 
4. U = 
½µ 
a 0 
0 0 
¶ 
; a 2 R 
¾ 
, V = {p 2 P3(R); p0(t) = 0, 8t 2 R} . 
Ex. 8.91 Considere T : R2 ! R2 dada por T(x, y) = (y, x), (x, y) 2 R2. Determine 
Tn(x, y), onde n 2 N e (x, y) 2 R2. 
Ex. 8.92 Mostre que T,R, S 2 L(R2), dados por T(x, y) = (x, 2y), R(x, y) = 
(x, x + y), S(x, y) = (0, x), (x, y) 2 R2 formam um subconjunto l.i. em L(R2). 
Ex. 8.93 Sejam U, V,W espac¸os vetoriais, T 2 L(U, V ) e R 2 L(V,W) tais que 
N (T) = {0} e N (S) = {0} . Mostre que N (S ± T) = {0} . 
Ex. 8.94 Determinar as matrizes das seguintes transformac¸ ˜oes lineares em relac¸ ˜ao as 
bases canˆonicas dos respectivos espac¸os vetoriais. 
1. T : R3 ! R2, T(x, y, z) = (x + y, z), (x, y, z) 2 R3. 
2. T : R4 ! R, T(x, y, z, t) = 2x + y − z + 3t, (x, y, z, t) 2 R4. 
3. T : R ! R3, T(x) = (x, 2x, 3x), x 2 R. 
Ex. 8.95 Considere 
M = 
µ 
1 2 
0 −1 
¶ 
. 
Determinar a matriz do operador linear T : M2(R) ! M2(R) dado por T(X) = 
MX − XM, X 2 M2(R) em relac¸ ˜ao `a base canˆonica de M2(R).
102 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 
Ex. 8.96 Seja T : R2 ! µ 
R2 operador linear cuja matriz em relac¸ ao ˜a `base B = 
e ´1 1 
{(1, 0), (1, 4)} [T]B = 
5 1 
¶ 
. Determinar a matriz de T em relac¸ ˜ao `a base 
canˆonica de R2. 
Ex. 8.97 Seja T : P2(R) ! R transformac¸ ˜ao linear definida por 
T(p) = 
Z 1 
−1 
p(t) dt, p 2 P2(R). 
Determine a matriz de T em relac¸ ˜ao as seguintes bases. 
a)B = 
© 
1, t, t2ª 
, C = {1} . b)B = 
© 
1, 1 + t, 1 + t + t2ª 
, C = {−2} . 
Ex. 8.98 0 
Se a matriz de um operador linear T : R3 ! R3 em relac¸ ao ˜a base canonica ˆe 
´dada por 
@ 
1 1 0 
0 1 0 
0 1 −1 
1 
Ae se S : R3 ! R3 ´e dado por S = I+T +2T2, determinar a 
matriz de S em relac¸ ao ˜a `base canonica ˆde R3. Encontre tambem ´S(x, y, z), (x, y, z) 2 R3. 
Ex. 8.99 Seja T : P2(R) © 
! P2(R) operador ª 
linear © 
dado por ª 
(T(p))(t) = p(t)−p(1), 
p 2 P2(R). Se B = 
1, t − 1, (t − 1)2 
e C = 
1, t, t2 
encontrar [T]B,C, [T]B e 
[T]C. 
Ex. 8.100 Seja B = {e1, e2, e3} uma base de um espac¸o vetorial V. Se T, S : V ! V 
s˜ao operadores lineares em V tais que 
T(e1) = 2e1 − 3e2 + e3 S(e1) = 3e1 + 2e2 
T(e2) = e1 + e2 S(e2) = e1 − e2 − e3 
T(e3) = e2 + e3 S(e3) = e1 + e2 − 2e3 
Determine as seguintes matrizes [T]B, [S]B, [S ± T]B, [S2 + I]B e [T3 − S2]B. 
Ex. 8.101 Sejam U = R3 , V = R2, B = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} e C = {(1, 0), 
(0, 1)} bases de U e V , respectivamente. Encontrar, em cada um dos itens abaixo, 
T 2 L(U, V ) tal que [T]B,C seja a matriz; 
a) 
µ 
1 2 3 
4 5 1 
¶ 
b) 
µ 
0 0 1 
0 1 0 
¶ 
c) 
µ 
10 5 −3 
2 −1 4 
¶
8.7. EXERC´ICIOS 103 
Ex. 8.102 Sejam V espac¸o vetorial e T : V ! V um operador linear idempotente, isto 
´e, T2 = T. Mostrar que V = N (T) © T(V ). 
Ex. 8.103 Seja T : R3 ! R3 o operador linear dado por 
T(x, y, z) = (3x, x − y, 2x + y + z), (x, y, z) 2 R3. 
Mostre que (T2 − I) ± (T − 3I) = 0.
104 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES
Cap´ıtulo 9 
Autovalores e Autovetores 
9.1 Definic¸ ˜ao, Exemplos e Generalidades 
Definic¸ ˜ao 9.1 Sejam U um espac¸o vetorial e T 2 L(U). Dizemos que um vetor n˜ao 
nulo u 2 U ´e um autovetor de T se existir ¸ 2 R tal que T(u) = ¸u. 
Observac¸ ˜ao 9.2 Se u6= 0 ´e tal que T(u) = ¸u = μu ent˜ao ¸ = μ. De fato, esta 
igualdade implica que (¸ − μ)u = 0, ou seja, ¸ − μ = 0. 
Definic¸ ˜ao 9.3 Sejam U um espac¸o vetorial, T 2 L(U) e u um autovetor de T. O 
n´umero ¸ tal que T(u) = ¸u ´e chamado de autovalor de T associado ao autovetor u. 
Definic¸ ˜ao 9.4 Sejam U um espac¸o vetorial, T 2 L(U) e ¸ um autovalor de T. O 
subespac¸o vetorial 
V (¸) = {u 2 U; T(u) = ¸u} = N (T − ¸I) 
´e chamado de subespac¸o pr´oprio do autovalor ¸. Se U tem dimens˜ao finita, diremos que 
a dimens˜ao de V (¸) ´e a multiplicidade geom´etrica de ¸. 
Observac¸ ˜ao 9.5 Note que todo u 2 V (¸), u6= 0, ´e um autovetor de T associado ao 
autovalor ¸. 
Observac¸ ˜ao 9.6 V (¸) ´e um subespac¸o invariante por T, isto ´e, 
T(V (¸)) ½ V (¸). 
Basta notar que se u 2 V (¸) ent˜ao T(u) = ¸u 2 V (¸). 
105
106 CAP´ITULO 9. AUTOVALORES E AUTOVETORES 
Ex. Resolvido 9.7 Seja T : R2 ! R2 dada por T(x, y) = (y, 4x). Encontre os auto-valores 
de T, os respectivos subespac¸os pr´oprios e a multiplicidade geom´etrica de cada 
autovalor. 
Resoluc¸ ˜ao: ¸ 2 R ´e um autovalor de T se e somente se existir (x, y)6= (0, 0) tal que 
T(x, y) = ¸(x, y), ou seja, se e somente se existir (x, y)6= (0, 0) tal que (y, 4x) = 
(¸x, ¸y). Isto equivale a que o sistema 
( 
y − ¸x = 0 
4x − ¸y = 0 
possua uma soluc¸ ˜ao n˜ao trivial. Isto acontece se e somente se o determinante da matriz 
µ 
−¸ 1 
4 −¸ 
¶ 
for igual a zero. Como este determinante ´e ¸2 − 4, vemos que os ´unicos autovalores de 
T s˜ao ¸1 = −2 e ¸2 = 2. Temos 
V (−2) = {(x, y) 2 R2; (y, 4x) = −2(x, y)} = {(x, y) 2 R2;−2x = y} = [(1,−2)]. 
Assim, a multiplicidade geom´etrica de −2 ´e um. 
Tamb´em, 
V (2) = {(x, y) 2 R2; (y, 4x) = 2(x, y)} = {(x, y) 2 R2; 2x = y} = [(1, 2)]. 
Assim, a multiplicidade geom´etrica de 2 ´e um. 
Note que (1,−2) ´e um autovetor associado ao autovalor −2 e e (1, 2) ´e um autovetor 
associado ao autovalor 2. ¤ 
Ex. Resolvido 9.8 Ainda com relac¸ ˜ao ao exerc´ıcio anterior, encontre a matriz de T com 
relac¸ ˜ao `a base (1,−2) e (1, 2) formada pelos autovetores de T. 
Resoluc¸ ˜ao: Temos 
T(1,−2) = (−2, 4) = −2(1,−2) + 0(1, 2) 
T(1, 2) = (2, 4) = 0(1,−2) + 2(1, 2) 
. 
Logo, a matriz de T com relac¸ ˜ao a esta base ´e a matriz diagonal 
µ 
−2 0 
¶ 
. 
0 2 
¤
9.1. DEFINIC¸ ˜AO, EXEMPLOS E GENERALIDADES 107 
Ex. Resolvido 9.9 Fac¸a o mesmo o que se pede no exerc´ıcio 9.7 para a transformac¸ ˜ao 
T(x, y) = (−y, x). 
Resoluc¸ ˜ao: ¸ 2 R ´e um autovalor de T se e somente se existir (x, y)6= (0, 0) tal que 
T(x, y) = ¸(x, y), ou seja, se e somente se existir (x, y)6= (0, 0) tal que (−y, x) = 
(¸x, ¸y). Isto equivale a que o sistema 
( 
¸x + y = 0 
x − ¸y = 0 
possua uma soluc¸ ˜ao n˜ao trivial. Isto acontece se e somente se o determinante da matriz 
µ 
¸ 1 
1 −¸ 
¶ 
for igual a zero. Como este determinante ´e −¸2 − 1 < 0, vemos que n˜ao existem 
autovalores associados `a transformac¸ ˜ao T. ¤ 
Ex. Resolvido 9.10 Seja T : Pn(R) ! Pn(R) dada por T(p(x)) = p0(x). Verifique 
que 0 ´e o ´unico autovalor desta transformac¸ ˜ao. Encontre V (0). 
Resoluc¸ ˜ao: Note que ¸ 2 R ´e um autovalor de T se e somente se existir p(x)6= 0 tal 
que p0(x) = ¸p(x). Se ¸6= 0 esta equac¸ ˜ao s´o ´e verdadeira para o polinˆomio nulo, posto 
que para qualquer outro polinˆomio os graus de p0(x) e ¸p(x) s˜ao distintos. Desta forma, 
¸6= 0 n˜ao ´e autovalor de T. 
Agora, se ¸ = 0, ent˜ao p0(x) = 0 apresenta como soluc¸ ˜ao todos os polinˆomios 
constantes. Logo, ¸ = 0 ´e um autovalor associado, por exemplo, ao autovetor p(x) = 1. 
Quanto a V (0), basta ver que V (0) = N (T) = [1], isto ´e, o subespac¸o gerado pelo 
polinˆomio 1. ¤ 
Ex. Resolvido 9.11 Seja T : R3 ! R3 dada por T(x, y, z) = (x, y, x). Encontre os 
autovalores de T e os respectivos subespac¸os pr´oprios e a multiplicidade geom´etrica de 
cada autovalor. 
Resoluc¸ ˜ao: ¸ 2 R ´e um autovalor de T se e somente se existir (x, y, z)6= (0, 0, 0) tal 
que T(x, y, z) = ¸(x, y, z), isto ´e, se e somente se existir (x, y, z)6= (0, 0, 0) tal que 
(x, y, x) = (¸x, ¸y, ¸z). Isto equivale a que o sistema 
8>< 
>: 
(1 − ¸)x = 0 
(1 − ¸)y = 0 
¸z − x = 0
108 CAP´ITULO 9. AUTOVALORES E AUTOVETORES 
possua uma soluc¸ ˜ao n˜ao trivial. Isto acontece se e somente se o determinante da matriz 
0 
@ 
1 − ¸ 0 0 
0 1 − ¸ 0 
−1 0 ¸ 
1 
A 
for igual a zero. Como este determinante ´e ¸(1 − ¸)2, vemos que os ´unicos autovalores 
de T s˜ao ¸1 = 0 e ¸2 = 1. 
Quanto aos subespac¸os pr´oprios, temos 
V (0) = {(x, y, z) 2 R3; (x, y, x) = (0, 0, 0)} = [(0, 0, 1)]. 
Assim, a multiplicidade geom´etrica de 0 ´e 1. 
V (1) = {(x, y, z) 2 R3; (x, y, x) = (x, y, z)} = {(x, y, z) 2 R3; x = z} 
= [(1, 0, 1)]. 
Assim, a multiplicidade geom´etrica de 1 ´e um. 
Proposic¸ ˜ao 9.12 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T em L(U). Supo-nha 
que T possua autovetores u1, . . . , un associados a autovalores ¸1, . . . , ¸n, respec-tivamente. 
Se ¸i6= ¸j , quando i6= j ent˜ao u1, . . . , un s˜ao linearmente independentes. 
Prova: A prova ser´a por induc¸ ˜ao sobre o n´umero de autovalores. Se ¯1u1 + ¯2u2 = 0 
ent˜ao 
T(¯1u1 + ¯2u2) = ¯1T(u1) + ¯2T(u2) = ¯1¸1u1 + ¯2¸2u2 = 0. 
Portanto, ¯2(¸2 − ¸1)u2 = 0 e, como u26= 0 e ¸16= ¸2, resulta que ¯2 = 0. Da´ı, 
¯1u1 = 0 e, como u16= 0, temos ¯1 = 0. Assim, ¯2u2 = 0, que implica em ¯2 = 0 
pois u26= 0. Portanto, u1 e u2 s˜ao linearmente independentes. 
Suponhamos, como hip´otese de induc¸ ˜ao, que n − 1 autovetores de uma transforma-c 
¸ ˜ao linear associados a n − 1 autovalores dois a dois distintos sejam linearmente inde-pendentes. 
Devemos mostrar que o mesmo resultado vale para n autovetores associados 
a n autovalores dois a dois distintos. 
Sejam ent˜ao u1, . . . , un autovetores associados aos autovalores ¸1, . . . , ¸n, dois a 
dois distintos. Se u1, . . . , un n˜ao fossem linearmente independentes, pelo menos um
9.1. DEFINIC¸ ˜AO, EXEMPLOS E GENERALIDADES 109 
deles se escreveria como combinac¸ ˜ao linear dos outros. Para simplificar a notac¸ ˜ao, su-ponhamos 
que 
u1 = ®2u2 + · · · + ®nun (9.13) 
ent˜ao 
T(u1) = T(®2u2 + · · · + ®nun) = ®2T(u2) + · · · + ®nT(un) 
¸1u1 = ®2¸2u2 · · · + ®n¸nun, (9.14) 
De 9.13 e 9.14 resulta que 
0 = ®2(¸2 − ¸1)u2 + · · · + ®n(¸n − ¸1)un 
e pela hip´otese de induc¸ ˜ao, 
®2(¸2 − ¸1) = · · · = ®n(¸n − ¸1) = 0, 
mas como ¸16= ¸j para j = 2, . . . , n, temos 
®2 = · · · = ®n = 0. 
Assim, pela equac¸ ˜ao 9.13, u1 = 0, o que ´e imposs´ıvel pois u1 ´e um autovetor. 
Proposic¸ ˜ao 9.15 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T em L(U). Su-ponha 
que T possua autovalores ¸1, . . . , ¸n, distintos. Ent˜ao a soma dos subespac¸os 
pr´oprios de T ´e direta, isto ´e, para cada j = 1, . . . , n, temos 
V (¸j)  (V (¸1) + · · · + V (¸j−1) + V (¸j+1) + · · · + V (¸n)) = {0}. 
Prova: A prova ser´a por induc¸ ˜ao sobre o n´umero de autovalores. Primeiramente, mostre-mos 
que V (¸1)  V (¸2) = {0}. Fixe v(1) 
1 , . . . , v(1) 
m1 uma base de V (¸1) e v(2) 
1 , . . . , v(2) 
m2 
uma base de V (¸2). Se u 2 V (¸1)  V (¸2) ent˜ao 
u = ®(1) 
1 v(1) 
1 + · · · + ®(1) 
m1 = ®(2) 
m1v(1) 
1 v(2) 
1 + · · · + ®(2) 
m2v(2) 
m2 . (9.16) 
Logo, T(u) ´e dado por 
®(1) 
1 T(v(1) 
1 ) + · · · + ®(1) 
m1T(v(1) 
m1) = ®(2) 
1 T(v(2) 
1 ) + · · · + ®(2) 
m2T(v(2) 
m2),
110 CAP´ITULO 9. AUTOVALORES E AUTOVETORES 
ou seja, 
®(1) 
1 ¸1v(1) 
1 + · · · + ®(1) 
m1¸1v(1) 
m1 = ®(2) 
1 ¸2v(2) 
1 + · · · + ®(2) 
m2¸2v(2) 
m2 . (9.17) 
Multiplicando a equac¸ ˜ao 9.16 por ¸1 e subtraindo-a de 9.17, obtemos 
®(2) 
1 (¸2 − ¸1)v(2) 
1 + · · · + ®(2) 
m2(¸2 − ¸1)v(2) 
m2 = 0. 
Como v(2) 
1 , . . . , v(2) 
m2 ´e uma base de V (¸2), temos 
®(2) 
1 (¸2 − ¸1) = · · · = ®(2) 
m2(¸2 − ¸1) = 0 
e, como ¸16= ¸2, resulta que ®(2) 
1 = · · · = ®(2) 
m2 = 0. Segue-se de 9.16 que u = 0. 
Suponhamos agora, por induc¸ ˜ao, que a soma de n − 1 espac¸os pr´oprios de T refe-rentes 
a n − 1 autovalores distintos seja direta. Precisamos mostrar que este resultado ´e 
v´alido quando T apresenta n autovalores distintos. 
Para cada j = 1, . . . , n selecione uma base Bj de V (¸j) constitu´ıda por vetores 
que denotaremos por v(j) 
1 , . . . , v(j) 
mj . Note que cada v(j) 
i ´e um autovetor associado ao 
autovalor ¸j e que mj ´e a multiplicidade geom´etrica deste autovalor. 
Se 
u 2 V (¸j)  (V (¸1) + · · · + V (¸j−1) + V (¸j+1) + · · · + V (¸n)) , 
ent˜ao 
u = ®(j) 
1 v(j) 
1 + · · · + ®(j) 
mj v(j) 
mj = ®(1) 
1 v(1) 
1 + · · · 
mj−1 v(j−1) 
mj−1 + ®(j+1) 
+ ®(j−1) 
1 v(j+1) 
1 + · · · + ®(n) 
mnv(n) 
mn. (9.18) 
Assim, T(u) ´e dado por 
®(j) 
1 T(v(j) 
1 ) + · · · + ®(j) 
mjT(v(j) 
mj ) = ®(1) 
1 T(v(1) 
1 ) + · · · 
mj−1T(v(j−1) 
mj−1 ) + ®(j+1) 
+ ®(j−1) 
1 T(v(j+1) 
1 ) + · · · + ®(n) 
mnT(v(n) 
mn) 
isto ´e, 
®(j) 
1 ¸jv(j) 
1 + · · · + ®(j) 
mj¸jv(j) 
mj = ®(1) 
1 ¸1v(1) 
1 + · · · 
+ ®(j−1) 
mj−1 + ®(j+1) 
mj−1¸j−1v(j−1) 
1 ¸j+1v(j+1) 
1 + · · · + ®(n) 
mn¸nv(n) 
mn. (9.19)
9.2. POLIN ˆOMIO CARACTER´ISTICO 111 
Multiplicando a equac¸ ˜ao 9.18 por ¸j e subtraindo-a de 9.19, obtemos 
®(1) 
1 (¸1 − ¸j)v(1) 
1 + · · · + ®(j−1) 
mj−1 (¸j−1 − ¸j)v(j−1) 
mj−1+ 
®(j+1) 
1 (¸j+1 − ¸j)v(j+1) 
1 + · · · + ®(n) 
mn(¸n − ¸j)v(n) 
mn = 0 
Usando a nossa hip´otese de induc¸ ˜ao e o fato que ¸j6= ¸i, quando i6= j, obtemos 
®i1 
i = 0 para todo i = 1, . . . , j − 1, j + 1, . . . , n. Disto e da equac¸ ˜ao 9.18 
= · · · = ®im 
resulta que u = 0. Como quer´ıamos. 
9.2 Polinˆomio Caracter´ıstico 
Definic¸ ˜ao 9.20 Dada A 2 Mn×n(R) definimos o polinˆomio caracter´ıstico de A como 
sendo o determinante 
pA(¸) = det (A − ¸I), 
onde I ´e a matriz identidade de ordem n. 
Definic¸ ˜ao 9.21 Sejam A,B 2 Mn×n(R). Dizemos que A e B s˜ao semelhantes se existir 
M 2 Mn×n(R) invert´ıvel tal que A = M−1BM. 
Proposic¸ ˜ao 9.22 Se A,B 2 Mn×n(R) s˜ao matrizes semelhantes ent˜ao seus polinˆomios 
caracter´ısticos s˜ao iguais. 
Prova: Temos 
pA(¸) = det (A − ¸I) = det (M−1BM − ¸M−1IM) 
= det (M−1(BM − ¸IM)) = det (M−1(B − ¸I)M) 
= detM−1 det (B − ¸I) detM = 
1 
detM 
det (B − ¸I) detM = pB(¸). 
Lembre que se T 2 L(U), onde U ´e um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita, e se B 
e C s˜ao bases de U ent˜ao 
[T]C = MB 
C [T]BMC 
B = 
£ 
MC 
B 
¤ 
−1 
[T]BMC 
B .
112 CAP´ITULO 9. AUTOVALORES E AUTOVETORES 
Desta forma, p[T]B(¸) = p[T]C (¸), ou seja, o polinˆomio caracter´ıstico da matriz de 
uma transformac¸ ˜ao linear independe da escolha da base. Podemos assim, sem causar 
ambig¨uidades, definir o polinˆomio caracter´ıstico de T como sendo 
pT (¸) = p[T]B(¸), 
onde B ´e uma base qualquer de U. 
Ex. Resolvido 9.23 Seja T : R2 ! R2 dada por 
T(x, y) = (ax + by, cx + dy). 
Encontre pT (¸). 
Resoluc¸ ˜ao: Usaremos a base canˆonica, C, de R2. Como T(1, 0) = (a, c) e T(0, 1) = 
(b, d), vemos que 
[T]C = 
µ 
a b 
c d 
¶ 
. 
Assim, 
pT (¸) = det 
µµ 
a b 
c d 
¶ 
− ¸ 
µ 
1 0 
0 1 
¶¶ 
= det 
µ 
a − ¸ b 
c d − ¸ 
¶ 
= ¸2 − (a + d)¸ + ad − bc. 
¤ 
Proposic¸ ˜ao 9.24 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T em L(U). Ent˜ao, 
¸ ´e um autovalor de T se e somente se pT (¸) = 0. Em outras, palavras, os autovalores 
de T s˜ao as ra´ızes reais de seu polinˆomio caracter´ıstico. 
Prova: Fixe B uma base de U. 
Suponha que ¸ seja um autovalor de T. Ent˜ao existe u6= 0 tal que T(u) = ¸u, ou 
seja, (T −¸I)(u) = 0. Desta forma, vemos que a transformac¸ ˜ao linear T −¸I : U ! U 
n˜ao ´e injetora e, conseq¨uentemente, n˜ao ´e um isomorfismo. Disto resulta que [T −¸I]B 
n˜ao ´e invert´ıvel, ou equivalentemente, pT (¸) = det [T − ¸I]B = 0. 
Reciprocamente, se pT (¸) = 0 ent˜ao a matriz [T −¸I]B tem determinante nulo. Isto 
implica que a transformac¸ ˜ao T − ¸I : U ! U n˜ao ´e um isomorfismo e, portanto, n˜ao ´e 
injetora. Logo, existe u6= 0 tal que (T −¸I)(u) = 0. Portanto, T(u) = ¸u, u6= 0, isto 
´e, ¸ ´e um autovalor de T.
9.2. POLIN ˆOMIO CARACTER´ISTICO 113 
Exerc´ıcio 9.25 Refac¸a os exerc´ıcios resolvidos 9.7, 9.9, 9.10 e 9.11 tendo como base a 
proposic¸ ˜ao anterior. 
Definic¸ ˜ao 9.26 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U). Se ¸ ´e um 
autovalor de T, definimos a multiplicidade alg´ebrica de ¸ como sendo a multiplicidade 
de ¸ como raiz do polinˆomio caracter´ıstico de T. 
Proposic¸ ˜ao 9.27 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T em L(U). Se ¸o 
´e um autovalor de T ent˜ao a sua multiplicidade geom´etrica n˜ao excede a sua multipli-cidade 
alg´ebrica. 
Prova: Seja n a dimens˜ao de U. Denotemos por m e r as multiplicidades alg´ebrica e 
geom´etrica de ¸o, respectivamente. 
Como dimV (¸o) = r, existem u1, . . . , ur 2 V (¸o) linearmente independentes. 
Completando estes vetores a uma base de U, vemos que a matriz de T com relac¸ ˜ao a 
esta base ´e da forma 
0 
BBBBB@ 
2 
¸o · · · 0 
0 · · · 0 
6664 
... 
. . . 
... 
0 · · · ¸o 
3 
7775 
r×r 
Ar×(n−r) 
0(n−r)×r B(n−r)×(n−r) 
1 
CCCCCA 
n×n 
vemos que o fator (¸ − ¸o)r aparece na fatorac¸ ˜ao do polinˆomio pT (¸). Por outro lado, 
como a multiplicidade alg´ebrica de ¸o ´e m, obtemos r · m. 
Ex. Resolvido 9.28 Seja T : R2 ! R2 dada por 
T(x, y) = (ax + by, cx + dy). 
Analise quando esta transformac¸ ˜ao possui autovalores e o n´umero deles. 
Resoluc¸ ˜ao: Sabemos do exerc´ıcio resolvido 9.23 que 
pT (¸) = ¸2 − (a + d)¸ + ad − bc. 
Pela proposic¸ ˜ao 9.24 que ¸ ´e um autovalor de T se e somente se pT (¸) = 0, isto ´e, se e 
somente se 
¸2 − (a + d)¸ + ad − bc = 0
114 CAP´ITULO 9. AUTOVALORES E AUTOVETORES 
e esta equac¸ ˜ao possui soluc¸ ˜ao (real) se e somente se (a+d)2 −4(ad−bc) ¸ 0. Quando 
(a+d)2 = 4(ad−bc) vemos que T apresenta somente um autovalor, dado por (a+d)/2; 
quando (a + d)2 − 4(ad − bc) > 0, T apresenta dois autovalores distintos dados por 
a + d + 
p 
(a + d)2 − 4(ad − bc) 
2 
e 
a + d − 
p 
(a + d)2 − 4(ad − bc) 
2 
. 
9.3 Exerc´ıcios 
Ex. 9.29 Encontrar os autovalores e autovetores do operador linear T : V ! V nos 
seguintes casos: 
a) V = R2, T(x, y) = (x + y, x − y). 
b) V = R3, T(1, 0, 0) = (2, 0, 0), T(0, 1, 0) = (2, 1, 2), T(0, 0, 1) = (3, 2, 1). 
c) V = R4 e [T]B = 
0 
BB@ 
3 1 0 0 
0 3 0 0 
0 0 4 0 
0 0 0 3 
1 
CCA 
, onde B ´e base canˆonica de R4. 
Ex. 9.30 
a) Seja A 2 Mn(R) uma matriz triangular, isto ´e, A = (aij) onde aij = 0, sempre que 
i > j (ou sempre que i < j). Qual o polinˆomio caracter´ıstico de A? 
b) Sejam A,B 2 Mn(R) matrizes triangulares com a mesma diagonal principal. Existe 
alguma relac¸ ˜ao entre seus polinˆomios caracter´ısticos? Qual? 
c) Mostre que se ¸ ´e autovalor de T 2 L(V ) ent˜ao ¸n ´e autovalor de Tn. 
d) Mostre que se p = p(t) ´e um polinˆomio e ¸ ´e autovalor de T 2 L(V ) ent˜ao p(¸) ´e 
autovalor de p(T), onde p(T) = aoI +a1T +· · ·+anTn, com p(t) = a0 +a1t+· · ·+ 
antn.
Cap´ıtulo 10 
Diagonalizac¸ ˜ao 
10.1 Definic¸ ˜ao e Caracterizac¸ ˜ao 
Definic¸ ˜ao 10.1 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U). Dizemos 
que T ´e diagonaliz´avel se existir uma base de U formada por autovetores de T. 
Note que se T 2 L(U) ´e diagonaliz´avel e se u1, . . . , un formam uma base B de 
U formada autovetores de T associados, respectivamente, aos autovalores ¸1, . . . , ¸n, 
ent˜ao a matriz de T com relac¸ ˜ao a esta base ´e 
[T]B = 
0 
¸1 0 · · · 0 
0 ¸2 · · · 0 
BBB@ 
... 0 0 ... 
· · ... 
· ¸n 
. . . 
1 
CCCA 
, 
ou seja, [T]B ´e uma matriz diagonal, isto ´e, uma matriz quadrada (aij) tal que aij = 0 
se i6= j. 
Reciprocamente, se existir uma base C : v1, . . . , vn de U com relac¸ ˜ao a qual a matriz 
de T 2 L(U) ´e diagonal, ent˜ao T ´e diagonaliz´avel. De fato, se 
[T]C = 
0 
BBB@ 
μ1 0 · · · 0 
0 μ2 · · · 0 
... 
... 
. . . 
... 
0 0 · · · μn 
1 
CCCA 
115
116 CAP´ITULO 10. DIAGONALIZAC¸ ˜AO 
ent˜ao, pela pr´opria definic¸ ˜ao de matriz de uma transformac¸ ˜ao linear, vemos que T(v1) = 
μ1v1, . . . , T(vn) = μnvn, ou seja, a base C ´e formada por autovetores de T. Resumire-mos 
este fato no seguinte 
Teorema 10.2 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U). Ent˜ao T 
´e diagonaliz´avel se e somente se existir uma base de U com relac¸ ˜ao a qual a matriz de 
T ´e diagonal. 
Note que se T 2 L(U) ´e diagonaliz´avel ent˜ao existe uma base B formada por 
autovetores de T com relac¸ ˜ao a qual a matriz de T ´e diagonal. Se C ´e uma outra base de 
U sabemos que [T]B = (MB 
C )−1[T]CMB 
C . Esta ´ultima igualdade nos sugere a seguinte 
Definic¸ ˜ao 10.3 Dizemos que uma matriz A 2 Mn×n(R) ´e diagonaliz´avel se existir 
M 2 Mn×n(R) invert´ıvel tal que M−1AM seja uma matriz diagonal. 
Proposic¸ ˜ao 10.4 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita, T 2 L(U) e C uma 
base qualquer de U. Ent˜ao T ´e diagonaliz´avel se e somente se a matriz [T]C for diago-naliz 
´avel. 
Prova: J´a vimos que se T for diagonaliz´avel ent˜ao [T]C ´e uma matriz diagonaliz´avel. 
Reciprocamente, suponha que [T]C seja diagonaliz´avel. Assim, existeM = (aij) 2 
Mn×n(R) invert´ıvel tal que M−1[T]CM ´e uma matriz diagonal. Se u1, . . . , un s˜ao os 
vetores da base C ent˜ao, colocando vj = a1ju1 + · · · + anjun, vemos que v1, . . . , vn 
formam uma base B de U pois M ´e invert´ıvel. Al´em do mais, M = MB 
C . Deste modo, 
C )−1[T]CMB 
C = M−1[T]CM 
[T]B = (MB 
´e diagonal, isto ´e, T ´e diagonaliz´avel. 
Note que pelo teorema acima, para verificar se um operador ´e diagonaliz´avel, basta 
verificar se a matriz de T com relac¸ ˜ao a uma base qualquer de U ´e diagonaliz´avel. 
Observac¸ ˜ao 10.5 Note que se T for diagonaliz´avel, o seu polinˆomio caracter´ıstico ´e da 
forma 
pT (¸) = (¸1 − ¸) · · · (¸n − ¸), 
onde os n´umeros reais ¸1, . . . , ¸n s˜ao todos os autovalores de T. 
Teorema 10.6 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U). Ent˜ao, T 
´e diagonaliz´avel se e somente se os autovalores ¸1, . . . , ¸n de T forem tais que 
U = V (¸1) © · · · © V (¸n).
10.1. DEFINIC¸ ˜AO E CARACTERIZAC¸ ˜AO 117 
Prova: Se 
U = V (¸1) © · · · © V (¸n) 
ent˜ao podemos formar uma base B de U formada por bases Bj de V (¸j), j = 1, . . . , n. 
Como cada elemento de Bj ´e um autovetor de T, segue-se, pelo teorema 10.2 que T ´e 
diagonaliz´avel. 
Reciprocamente, se T for diagonaliz´avel existe uma base B de U formada por auto-vetores 
de T. Como cada autovetor est´a associado a algum autovalor de T, vemos que 
cada elemento de B est´a contido em algum V (¸j). Desta forma, a soma de todos os 
subespac¸os pr´oprios de T cont´em B e, portanto, ´e o pr´oprio U. Pelo teorema 9.15 esta 
soma ´e direta, ou seja, 
U = V (¸1) © · · · © V (¸n). 
Exemplo 10.7 As transformac¸ ˜ao do exerc´ıcio resolvido 9.7 ´e diagonaliz´avel. J´a a 
transformac¸ ˜ao do 9.11 n˜ao ´e pois possui apenas dois auto-espac¸os cuja soma n˜ao ´e 
R3, isto ´e, V (0) © V (1) = [(0, 0, 1), (1, 0, 1)]6= R3. Tamb´em n˜ao ´e diagonaliz´avel 
a transformac¸ ˜ao do exerc´ıcio resolvido 9.9 pois n˜ao possui autovetores. Quanto a 
transformac¸ ˜ao do 9.10 vemos que tamb´em n˜ao ´e diagonaliz´avel se n ¸ 1, pois todo 
autovetor de T pertence a V (0), que ´e unidimensional, e dimPn(R) = n + 1 ¸ 2. 
Vejamos como ´e poss´ıvel decidir sobre a diagonalizac¸ ˜ao de um operador linear a 
partir das multiplicidades alg´ebrica e geom´etrica de seus autovalores. 
Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao m e T 2 L(U). Primeiramente, pela 
observac¸ ˜ao 10.5, T n˜ao pode ser diagonaliz´avel se o seu polinˆomio caracter´ıstico tiver 
ra´ızes complexas. Desta forma, podemos supor que o polinˆomio caracter´ıstico de T 
apresente somente ra´ızes reais. 
Se ¸1, . . . , ¸n s˜ao autovalores de T dois a dois distintos ent˜ao o polinˆomio carac-ter 
´ıstico de T ´e dado por 
pT (¸) = (¸1 − ¸)m1 · · · (¸n − ¸)mn, (10.8) 
onde mj ´e a multiplicidade alg´ebrica de ¸j . Note que m = m1 + · · · + mn. 
Se denotarmos por rj a multiplicidade geom´etrica de ¸j , isto ´e, rj = dimV (¸j) 
ent˜ao, pelo teorema 10.6, T ´e diagonaliz´avel se e somente se m = r1 + · · · + rn. Por 
este mesmo teorema, T ´e diagonaliz´avel se e somente se U possuir uma base formada 
pela reuni˜ao das bases dos espac¸os pr´oprios de T, visto que isto ´e equivalente a dizer
118 CAP´ITULO 10. DIAGONALIZAC¸ ˜AO 
que a soma destes subespac¸os ´e direta. Como com relac¸ ˜ao a uma tal base a matriz de T 
´e da forma 
2 
0 
6664 
BBBBBBBBBBBBBBB@ 
¸1 · · · 0 
0 · · · 0 
... 
. . . 
... 
0 · · · ¸1 
3 
7775 
r1×r1 
. . . 2 
¸n · · · 0 
0 · · · 0 
6664 
... 
. . . 
... 
0 · · · ¸n 
3 
7775 
rn×rn 
1 
CCCCCCCCCCCCCCCA 
m×m 
vemos que T ´e diagonaliz´avel se e somente se o seu polinˆomio caracter´ıstico ´e dado por 
pT (¸) = (¸1 − ¸)r1 · · · (¸n − ¸)rn, (10.9) 
onde rj ´e a multiplicidade geom´etrica de ¸j , j = 1, . . . , n. 
Comparando 10.8 e 10.9, obtemos o importante 
Teorema 10.10 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U). Ent˜ao T 
´e diagonaliz´avel se e somente se ambas condic¸ ˜oes forem verificadas 
1. para cada autovalor de T as suas multiplicidades alg´ebrica e geom´etrica s˜ao 
iguais; 
2. a soma das multiplicidades geom´etricas de todos os autovalores de T coincide 
com a dimens˜ao de U. 
Corol´ario 10.11 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U). Se 
pT (¸) = (¸1 − ¸) · · · (¸n − ¸), 
onde ¸1, . . . , ¸n 2 R s˜ao dois a dois distintos ent˜ao T ´e diagonaliz´avel. 
Prova: Como os autovalores de T s˜ao dois a dois distintos, vˆe-se que as ra´ızes de pT (¸), 
s˜ao todas simples, isto ´e, tˆem multiplicidade um. Desta forma, se ¸ ´e um autovalor de 
T ent˜ao a sua multiplicidade geom´etrica ´e um. Pela proposic¸ ˜ao 9.27, a multiplicidade 
geom´etrica de ¸ ´e menor do que ou igual a um. Como dimV (¸) ¸ 1, segue-se que a a 
multiplicidade geom´etrica de ¸ ´e um, ou seja, igual `a sua multiplicidade alg´ebrica.
10.1. DEFINIC¸ ˜AO E CARACTERIZAC¸ ˜AO 119 
Ex. Resolvido 10.12 Verifique se T : R3 ! R3 da por 
T(x, y, z) = (x + z, y + z, x + y + 2z) 
´e diagonaliz´avel. 
Resoluc¸ ˜ao: Com relac¸ ˜ao `a base canˆonica, a matriz de T ´e dada por 
0 
@ 
1 
A. 
1 0 1 
0 1 1 
1 1 2 
Assim, 
pT (¸) = det 
0 
@ 
1 − ¸ 0 1 
0 1 − ¸ 1 
1 1 2 − ¸ 
1 
A = (1−¸)((1−¸)(2−¸)−1)+1(−(1−¸)) 
= (1 − ¸)(¸2 − 3¸) = ¸(1 − ¸)(¸ − 3). 
Desta forma, vemos que PT (¸) apresenta todas as ra´ızes reais e simples e, pelo corol´ario 
10.11, segue-se que T ´e diagonaliz´avel. ¤ 
Ex. Resolvido 10.13 Encontre uma base de autovetores para o operador do exerc´ıcio 
anterior. Encontre tamb´em a matriz de T com relac¸ ˜ao a esta base. 
Resoluc¸ ˜ao: autovalor 0: Precisamos encontrar (x, y, z) n˜ao nulo tal que T(x, y, z) = 
(0, 0, 0). Temos 
8>< 
>: 
x + z = 0 
y + z = 0 
x + y + 2z = 0 
() 
( 
x = y = −z 
x + y + 2z = 0 () x = y = −z, 
assim, podemos tomar como autovetor associado ao autovalor 0, o vetor u = (1, 1,−1). 
autovalor 1: Precisamos encontrar (x, y, z) n˜ao nulo tal que T(x, y, z) = (x, y, z). 
Temos 8>< 
x + z = x 
y + z = y 
x + y + 2z = z 
>: 
() 
( 
z = 0 
x = −y 
,
120 CAP´ITULO 10. DIAGONALIZAC¸ ˜AO 
assim, podemos tomar como autovetor associado ao autovalor 1, o vetor v = (1,−1, 0). 
autovalor 3: Precisamos encontrar (x, y, z)6= (0, 0, 0) satisfazendo T(x, y, z) = 
(3x, 3y, 3z). Temos 
8>< 
>: 
x + z = 3x 
y + z = 3y 
x + y + 2z = 3z 
() z = 2x = 2y, 
assim, podemos tomar como autovetor associado ao autovalor 3, o vetor v = (1, 1, 2). 
´E 
claro que a matriz de T com relac¸ ˜ao `a base formada por u, v e w ´e dada por 
0 
@ 
1 
A. 
0 0 0 
0 1 0 
0 0 3 
¤ 
Ex. Resolvido 10.14 Seja T : R2 ! R2 cuja matriz com relac¸ ˜ao a alguma base ´e dada 
por 
A = 
µ 
a b 
b c 
¶ 
. 
Mostre que T diagonaliz´avel. 
Resoluc¸ ˜ao: O polinˆomio caracter´ıstico de T ´e dado por 
pT (¸) = ¸2 − (a + c)¸ + ac − b2. 
Vemos que pT (¸) apresenta duas ra´ızes reais simples, isto ´e, com multiplicidade um, se 
e somente se o discriminante (a + c)2 − 4(ac − b2) for positivo. Assim, 
(a + c)2 − 4(ac − b2) = a2 + c2 − 2ac + 4b2 = (a − c)2 + 4b2 > 0 
se e somente se a6= c ou b6= 0. Vemos assim que, se a6= c ou b6= 0 as multiplicidades 
alg´ebrica e geom´etrica de cada um dos autovalores de T (as ra´ızes de pT (¸)) coincidem 
e, portanto, T ´e diagonaliz´avel. 
Se a = c e b = 0 ent˜ao vˆe-se claramente que T ´e diagonaliz´avel pois, neste caso, A 
´e diagonal. ¤
10.1. DEFINIC¸ ˜AO E CARACTERIZAC¸ ˜AO 121 
Ex. Resolvido 10.15 Verifique se T : P2(R) ! P2(R) dado por 
T(p(t)) = p00(t) − 2p0(t) + p(t) 
´e diagonaliz´avel. 
Resoluc¸ ˜ao: A matriz de T com relac¸ ˜ao `a base canˆonica ´e dada por 
A = 
0 
@ 
1 
A. 
1 −2 2 
0 1 −4 
0 0 1 
Assim, PT (¸) = (1−¸)3 e, desta forma, 1 ´e o ´unico autovalor de T. Como pelo teorema 
10.10 T ´e diagonaliz´avel se e somente se dimV (1) = 3, vejamos qual ´e a dimens˜ao 
deste subespac¸o pr´oprio. 
(x, y, z) 2 V (1) () 
0 
@ 
0 −2 2 
0 0 −4 
0 0 0 
1 
A 
0 
@ 
1 
A = 
x 
y 
z 
0 
@ 
1 
A () y = z = 0. 
0 
0 
0 
Portanto, V (1) = [(1, 0, 0)] e T n˜ao ´e diagonaliz´avel. ¤ 
Ex. Resolvido 10.16 Verifique se T : R4 ! R4 dada por 
T(x, y, z, t) = (x + y, y, 2z + t, 2z + t) 
´e diagonaliz´avel. Encontre tamb´em os espac¸os pr´oprios de T. 
Resoluc¸ ˜ao: A matriz de T com relac¸ ˜ao `a base canˆonica ´e dada por 
0 
BB@ 
1 
1 1 0 0 
0 1 0 0 
0 0 2 1 
0 0 2 1 
CCA 
e o seu polinˆomio caracter´ıstico ´e 
pT (¸) = det 
0 
BB@ 
1 − ¸ 1 0 0 
0 1 − ¸ 0 0 
0 0 2 − ¸ 1 
0 0 2 1 − ¸ 
1 
CCA 
= (1 − ¸)2((2 − ¸)(1 − ¸) − 2)
122 CAP´ITULO 10. DIAGONALIZAC¸ ˜AO 
= (1 − ¸)2(¸2 − 3¸) = ¸(¸ − 3)(1 − ¸)2. 
(i) autovalor 0: 
(x, y, z, t) 2 V (0) () (x + y, y, 2z + t, 2z + t) = (0, 0, 0, 0) () 
8>>>>< 
>>>>: 
x + y = 0 
y = 0 
2z + t = 0 
2z + t = 0 
() 
( 
x = y = 0 
t = −2z () (x, y, z, t) = z(0, 0, 1,−2). 
Logo, V (0) = [(0, 0, 1,−2)]. 
(ii) autovalor 3: 
(x, y, z, t) 2 V (3) () (x + y, y, 2z + t, 2z + t) = (3x, 3y, 3z, 3t) 
() 
8>>>>< 
>>>>: 
x + y = 3x 
y = 3y 
2z + t = 3z 
2z + t = 3t 
() 
( 
x = y = 0 
t = z () (x, y, z, t) = z(0, 0, 1, 1). 
Logo, V (3) = [(0, 0, 1, 1)]. 
(iii) autovalor 1: 
(x, y, z, t) 2 V (1) () (x + y, y, 2z + t, 2z + t) = (x, y, z, t) 
() 
8>>>>< 
>>>>: 
x + y = x 
y = y 
2z + t = z 
2z + t = t 
() y = z = t = 0 () (x, y, z, t) = x(1, 0, 0, 0). 
Logo, V (1) = [(1, 0, 0, 0)]. 
Como a multiplicidade alg´ebrica do autovalor 1 ´e dois e a sua multiplicidade geo-m 
´etrica ´e um, vemos que T n˜ao ´e diagonaliz´avel. ¤ 
Ex. Resolvido 10.17 Ainda com relac¸ ˜ao ao operador do exerc´ıcio anterior, encontre 
a matriz de T com relac¸ ˜ao `a base B formada pelos vetores u = (0, 0, 1,−2), v = 
(0, 0, 1, 1), w = (1, 0, 0, 0) e p = (0, 1, 0, 0).
10.2. EXERC´ICIOS 123 
Resoluc¸ ˜ao: J´a sabemos que T(u) = 0, T(v) = 3v e T(w) = w. Agora, como 
T(p) = T(0, 1, 0, 0) = (1, 1, 0, 0) = w + p, 
vemos que 
[T]B = 
0 
BB@ 
1 
0 0 0 0 
0 3 0 0 
0 0 1 1 
0 0 0 1 
CCA 
. 
¤ 
10.2 Exerc´ıcios 
Ex. 10.18 Determinar M 2 M2(R), se existir, de modo que M−1AM seja uma matriz 
diagonal nos seguintes casos: 
a)A = 
µ 
2 4 
3 13 
¶ 
b)A = 
µ 
3 −2 
2 1 
¶ 
Ex. 10.19 Verificar em cada um dos itens abaixo se o operador T 2 L(R3) dado pela 
sua matriz com relac¸ ˜ao `a base canˆonica ´e diagonaliz´avel. 
a) [T]C = 
0 
@ 
1 2 −2 
2 1 −2 
2 2 −3 
1 
A b) [T]C = 
0 
@ 
1 0 0 
m 2 0 
n 0 2 
1 
A 
Ex. 10.20 Verificar em cada um dos itens abaixo se o operador T 2 L(R4) dado pela 
sua matriz com relac¸ ˜ao `a base canˆonica ´e diagonaliz´avel. 
c) [T]C = 
0 
BB@ 
−1 −4 −2 −2 
−4 −1 −2 −2 
2 2 1 4 
2 2 4 1 
1 
CCA 
d) [T]C = 
0 
BB@ 
1 1 1 1 
1 1 −1 −1 
1 −1 1 −1 
1 −1 −1 1 
1 
CCA
124 CAP´ITULO 10. DIAGONALIZAC¸ ˜AO
Cap´ıtulo 11 
Forma Canˆonica de Jordan 
Como vimos, nem todo operador linear ´e diagonaliz´avel. No entanto, se T 2 L(U), 
onde U ´e um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita, existe uma base com relac¸ ˜ao a qual, 
a matriz de T ´e pr´oxima de uma matriz diagonal. A seguir daremos uma pequena 
descric¸ ˜ao de como ´e a forma desta matriz, mas antes precisamos de algumas notac¸ ˜oes. 
Seja pT (¸) o polinˆomio caracter´ıstico de T. A primeira observac¸ ˜ao a ser feita ´e que 
pT (¸) se fatora como 
pT (¸) = (¸1 − ¸)m1 · · · (¸n − ¸)mn((¸ − ®1)2 + ¯2 
1 )p1 · · · ((¸ − ®k)2 + ¯2 
k)pk 
onde ¸r6= ¸s, e (®r, ¯r)6= (®s, ¯s) se r6= s. Note que cada ®r + i¯r ´e uma raiz 
complexa de pT (¸). Note tamb´em que m1 + · · · + mn + 2p1 + · · · 2pk = dimU. 
Se ¸ 2 R ´e um autovalor de T, denotaremos por J(¸; r) a matriz quadrada de ordem 
r com todos os elementos da diagonal principal iguais a ¸ e todos os elementos logo 
acima desta, iguais a 1, ou seja, 
J(¸; r) = 
0 
BBBBB@ ¸ 1 0 · · · 0 
0 ¸ 1 · · · 0 
0 0 ¸ · · · 0 
... 
... 
... 
. . . 
... 
0 0 0 · · · ¸ 
1 
CCCCCA 
r×r 
125
126 CAP´ITULO 11. FORMA CAN ˆONICA DE JORDAN 
= ¸ 
0 
1 0 0 · · · 0 
0 1 0 · · · 0 
0 0 1 · · · 0 
BBBBB@ 
... 
... 
... 
. . . 
... 
0 0 0 · · · 1 
1 
CCCCCA 
r×r 
+ 
0 
BBBBB@ 
0 1 0 · · · 0 
0 0 1 · · · 0 
0 0 0 · · · 0 
... 
... 
... 
. . . 
... 
0 0 0 · · · 0 
1 
CCCCCA 
r×r 
= ¸I + N, 
onde I ´e a matriz identidade de ordem r e 
N = 
0 
BBBBB@ 
0 1 0 · · · 0 
0 0 1 · · · 0 
0 0 0 · · · 0 
... 
... 
... 
. . . 
... 
0 0 0 · · · 0 
1 
CCCCCA 
r×r 
. 
Note que Nr ´e a matriz nula, isto ´e, N ´e uma matriz nilpotente. 
Se ® + i¯ ´e uma raiz complexa de pT (¸) e r ´e um n´umero par, definimos 
R(®, ¯; r) = 
0 
® ¯ 1 0 · · · 0 0 
−¯ ® 0 1 · · · 0 0 
0 0 ® ¯ · · · 0 0 
0 0 −¯ ® · · · 0 0 
BBBBBBBBB@ 
... 
... 
... 
... 
. . . 
... 
... 
0 0 0 0 · · · ® ¯ 
0 0 0 0 · · · −¯ ® 
1 
CCCCCCCCCA 
r×r 
. 
Se B1, . . . ,Bk s˜ao matrizes quadradas, n˜ao necessariamente de ordens iguais, de-finimos 
diag (B1, . . . ,Bk) como sendo a matriz quadrada de ordem igual `a soma das 
ordens de B1, . . . ,Bk dada por 
0 
BBB@ 
B1 0 · · · 0 
0 B2 · · · 0 
... 
... 
. . . 
... 
0 0 · · · Bk 
1 
CCCA 
, 
por exemplo, se 
B1 = 
0 
@ 
1 
A,B2 = 
2 1 0 
0 2 1 
0 0 2 
0 
3 4 1 0 
−4 3 0 1 
0 0 3 4 
0 0 −4 3 
BB@ 
1 
CCA
127 
ent˜ao 
diag (B1,B2) = 
0 
BBBBBBBB@ 
1 
2 1 0 0 0 0 0 
0 2 1 0 0 0 0 
0 0 2 0 0 0 0 
0 0 0 3 4 1 0 
0 0 0 −4 3 0 1 
0 0 0 0 0 3 4 
0 0 0 0 0 −4 3 
CCCCCCCCA 
. 
Teorema 11.1 (Forma Canˆonica de Jordan) Sejam U um espac¸o vetorial de dimen-s 
˜ao finita e T 2 L(U). Se 
pT (¸) = (¸1 − ¸)m1 · · · (¸n − ¸)mn((¸ − ®1)2 + ¯2 
1 )p1 · · · ((¸ − ®k)2 + ¯2 
k)pk 
onde ¸r6= ¸s, (®r, ¯r)6= (®s, ¯s) se r6= s, e ¯r > 0, ent˜ao existe uma base de U com 
relac¸ ˜ao a qual a matriz de T ´e da forma 
J = diag (J1, . . . , Jp,R1, . . . ,Rq), (11.2) 
onde J1, . . . , Jp s˜ao da forma J(¸; r) para algum r 2 N e ¸ 2 {¸1, . . . , ¸n} e 
R1, . . . ,Rq s˜ao da forma R(®, ¯; s) para algum s 2 N e (®, ¯) 2 {(®1, ¯1), . . . , 
(®k, ¯k)}. 
Observac¸ ˜ao 11.3 A matriz 11.2 ´e ´unica a menos de permutac¸ ˜oes dos seus blocos que 
comp˜oem a sua diagonal. 
Observac¸ ˜ao 11.4 Se ¸ ´e um autovalor de T ent˜ao a soma das ordens dos blocos J(¸; s) 
´e igual `a multiplicidade alg´ebrica de ¸. 
Observac¸ ˜ao 11.5 Se ® + i¯ ´e uma raiz complexa de pT (¸) ent˜ao a soma das ordens 
dos blocos R(®, ¯; s) ´e igual ao dobro da multiplicidade da raiz ® + i¯. 
Observac¸ ˜ao 11.6 Se ¸ ´e um autovalor de T com multiplicidade geom´etrica r ent˜ao 
existem r blocos J(¸; s) associados ao autovalor ¸. 
Observac¸ ˜ao 11.7 Suponha que 
pT (¸) = (¸1 − ¸)m1 · · · (¸n − ¸)mn 
onde ¸i6= ¸j , se i6= j. Se mj tamb´em ´e multiplicidade geom´etrica de ¸j ent˜ao o 
teorema de Jordan diz simplesmente que T ´e diagonaliz´avel.
128 CAP´ITULO 11. FORMA CAN ˆONICA DE JORDAN 
Observac¸ ˜ao 11.8 O teorema de Jordan diz que a matriz de um operador T com relac¸ ˜ao 
a uma base arbitr´aria ´e semelhante a uma matriz da forma 11.2 
Ex. Resolvido 11.9 Encontre as poss´ıveis matrizes na forma canˆonica de Jordan para 
a um operador cujo polinˆomio caracter´ıstico ´e dado por pT (¸) = (2 − ¸)3(1 − ¸). 
Resoluc¸ ˜ao: Note que T apresenta apenas os autovalores 2 e 1. 
Como as multiplicidades alg´ebricas e geom´etrica do autovalor 1 s˜ao iguais a um, 
vemos que o ´unico bloco correspondente a este autovalor ´e J(1; 1) = (1). 
Com relac¸ ˜ao ao autovalor 2, a sua multiplicidade alg´ebrica ´e trˆes. Se sua multipli-cidade 
geom´etrica for trˆes ent˜ao existem trˆes blocos associados a este autovalor e todos 
eles s˜ao iguais a (2). Neste caso, a matriz da forma canˆonica de Jordan para este operador 
´e 0 
1 0 0 0 
0 2 0 0 
0 0 2 0 
0 0 0 2 
BB@ 
1 
CCA 
. 
Se a multiplicidade geom´etrica do autovalor 2 for dois, ent˜ao existem dois blocos 
correspondentes a este autovalor que s˜ao da forma 
J(2; 1) = (2) J(2; 2) = 
µ 
2 1 
0 2 
¶ 
. 
Assim, a matriz da forma canˆonica de Jordan para este operador ´e 
0 
1 0 0 0 
0 2 1 0 
0 0 2 0 
0 0 0 2 
BB@ 
1 
CCA. 
Se a multiplicidade geom´etrica do autovalor 2 for um, ent˜ao existe um bloco corres-pondente 
a este autovalor que ´e 
J(2; 3) = 
0 
@ 
1 
A. 
2 1 0 
0 2 1 
0 0 2
129 
Assim, a matriz da forma canˆonica de Jordan para este operador ´e 
0 
1 0 0 0 
0 2 1 0 
0 0 2 1 
0 0 0 2 
BB@ 
1 
CCA 
. 
Ex. Resolvido 11.10 Encontre as poss´ıveis matrizes na forma canˆonica de Jordan para 
a um operador cujo polinˆomio caracter´ıstico ´e dado por pT (¸) = (1 − ¸)2(4 + ¸2). 
Utilizando a notac¸ ˜ao do teorema 11.1 temos ¸1 = 1, ® = 0 e ¯ = 2. Como 0 + i2 tem 
multiplicidade um (como raiz de pT (¸)), existe apenas um bloco da forma 
R(0, 2; 2) = 
µ 
¶ 
. 
0 2 
−2 0 
Se a multiplicidade geom´etrica do autovalor 1 for dois ent˜ao existem apenas dois 
blocos associados a este autovalor e s˜ao iguais a (1). Neste caso, a matriz da forma 
canˆonica de Jordan para este operador ´e 
0 
BB@ 
1 
1 0 0 0 
0 1 0 0 
0 0 0 2 
0 0 −2 0 
CCA 
. 
Se a multiplicidade geom´etrica do autovalor 1 for um ent˜ao existe apenas um bloco 
de ordem dois associado a este autovalor que ´e dado por 
J(1; 2) = 
µ 
1 1 
0 1 
¶ 
. 
Neste caso, a matriz da forma canˆonica de Jordan para este operador ´e 
0 
BB@ 
1 
1 1 0 0 
0 1 0 0 
0 0 0 2 
0 0 −2 0 
CCA 
. 
Ex. Resolvido 11.11 Encontre uma base de R4 com relac¸ ˜ao a qual a matriz da trans-formac 
¸ ˜ao 
T(x, y, z, t) = (2x + y + z + t, 2y − z − t, 3z − t, 4t) 
est´a na forma canˆonica de Jordan.
130 CAP´ITULO 11. FORMA CAN ˆONICA DE JORDAN 
Resoluc¸ ˜ao: Com relac¸ ˜ao `a base canˆonica de R4, a matriz de T ´e dada por 
0 
BB@ 
2 1 1 1 
0 2 −1 −1 
0 0 3 −1 
0 0 0 4 
1 
CCA 
. 
´O polinE 
omio ˆcaracter´ıstico de T e ´pT (¸) = (3−¸)(4−¸)(2−¸)2. Desta forma vemos 
que dimV (3) = dimV (4) = 1. simples ver que 
V (3) = [(0, 1,−1, 0)] e V (4) = [(0, 0, 1,−1)]. 
Vejamos qual a dimens˜ao de dimV (2). Temos que (x, y, z, t) 2 V ((2) se e somente se 
0 
BB@ 
0 1 1 1 
0 0 −1 −1 
0 0 1 −1 
0 0 0 2 
1 
CCA 
0 
BB@ 
1 
x 
y 
z 
t 
CCA 
= 
0 
BB@ 
1 
0 
0 
0 
0 
CCA 
, 
ou seja, (x, y, z, t) = x(1, 0, 0, 0). Assim, dimV (2) = 1 e T n˜ao ´e diagonaliz´avel. 
Sendo assim, a matriz de T na forma canˆonica de Jordan ´e da forma 
0 
2 1 0 0 
0 2 0 0 
0 0 3 0 
0 0 0 4 
BB@ 
1 
CCA 
. 
Note que se colocarmos u1 = (1, 0, 0, 0), u3 = (0, 1,−1, 0) e u4 = (0, 0, 1,−1) ent˜ao 
para que u1, u2, u3, u4 seja a base procurada, o vetor u2 deve satisfazer T(u2) = u1 + 
2u2, ou seja, (T − 2I)(u2) = u1. Desta forma, colocando u = (a, b, c, d), temos 
0 
0 1 1 1 
0 0 −1 −1 
0 0 1 −1 
0 0 0 2 
BB@ 
1 
CCA 0 
a 
b 
c 
d 
BB@ 
1 
CCA 
= 
0 
1 
0 
0 
0 
BB@ 
1 
CCA 
cuja soluc¸ ˜ao geral ´e da forma (a, 1, 0, 0). Tomamos, por exemplo, u2 = (0, 1, 0, 0) e isto 
nos fornece a base procurada.
11.1. EXERC´ICIO 131 
11.1 Exerc´ıcio 
Ex. 11.12 Se uma matriz 3 × 3 tem os auto-valores 3, 3 e 3, quais s˜ao as poss´ıveis 
formas canˆonicas de Jordan dessa matriz?
132 CAP´ITULO 11. FORMA CAN ˆONICA DE JORDAN
Cap´ıtulo 12 
Espac¸os Euclidianos 
12.1 Produto Interno 
Definic¸ ˜ao 12.1 Seja V um espac¸o vetorial. Um produto interno sobre V ´e uma aplica-c 
¸ ˜ao que a cada par (u, v) 2 V × V associa um n´umero real denotado por hu, vi satis-fazendo 
as seguintes propriedades 
(i) hu + v,wi = hu,wi + hv,wi para todo u, v,w 2 V ; 
(ii) h®u, vi = ®hu, vi para todo u, v 2 V e ® 2 R; 
(iii) hu, vi = hv, ui para todo u, v 2 V ; 
(iv) hu, ui > 0 se u6= 0. 
O espac¸o vetorial V munido de um produto interno ´e chamado de espac¸o euclidiano. 
Algumas propriedades seguem-se imediatamente. Por exemplo, vemos que h0, ui = 0 
para todo u 2 V, pois 
h0, ui = h0 + 0, ui = h0, ui + h0, ui, 
e o resultado segue por cancelamento. 
Outra propriedade ´e que hu, v + ®wi = hu, vi + ®hu,wi, para todo u, v,w 2 V e 
® 2 R. Basta combinar as propriedades (i), (ii) e (iii) acima. Desta maneira, vemos que 
o produto interno ´e linear em cada vari´avel. 
A seguir apresentamos alguns exemplos de produto interno em v´arios espac¸os veto-riais. 
A verificac¸ ˜ao das propriedades (i) a (iv) ´e deixada como exerc´ıcio. 
133
134 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 
Exemplo 12.2 Se x = (x1, . . . , xn), y = (y1, . . . , yn) 2 Rn definimos 
hx, yi = x1y1 + · · · + xnyn (12.3) 
Ex. Resolvido 12.4 Com relac¸ ˜ao ao exemplo anterior, calcule o produto interno entre 
os vetores (1,−1, 1), (0, 2, 4) 2 R3. 
Resoluc¸ ˜ao: Basta notar que 
h(1,−1, 1), (0, 2, 4)i = 1 · 0 + (−1) · 2 + 1 · 4 = 2. 
¤ 
Ex. Resolvido 12.5 Com relac¸ ˜ao ao produto interno dado por 12.3, calcule hu, vi onde 
u = (cos µ, sen µ) e v = (cos ®, sen ®). 
Resoluc¸ ˜ao: Temos 
hu, vi = h(cos µ, sen µ), (cos ®, sen ®)i 
= cos µ cos ® + sen µ sen ® = cos(µ − ®). 
¤ 
H´a v´arios outros tipos de produto interno no Rn al´em do apresentado em 12.3. Ve-jamos 
um exemplo no R3 : 
Exemplo 12.6 Se (x, y, z), (x0, y0, z0) 2 R3, definimos 
h(x, y, z), (x0, y0, z0)i = 
xx0 
2 
+ 
yy0 
3 
+ 
zz0 
4 
. 
´E 
f´acil verificar que a express˜ao acima define um produto interno em R3. 
Ex. Resolvido 12.7 Com relac¸ ˜ao ao produto interno apresentado no exemplo anterior, 
calcule h(1,−1, 1), (0, 2, 4)i. 
Resoluc¸ ˜ao: 
h(1,−1, 1), (0, 2, 4)i = 
1 · 0 
2 
+ −1 · 2 
3 
+ 
1 · 4 
4 
= 
1 
3 
. 
¤
12.1. PRODUTO INTERNO 135 
Exemplo 12.8 Se f, g 2 C([a, b];R) definimos 
hf, gi = 
Z b 
a 
f(x)g(x) dx, (12.9) 
que ´e um produto interno. 
Ex. Resolvido 12.10 Com relac¸ ˜ao ao produto interno apresentado no exemplo anterior, 
calcule o produto interno entre sen , cos 2 C([0, 2¼];R). 
Resoluc¸ ˜ao: 
h sen , cos i = 
Z 2¼ 
0 
sen x cos x dx = 
sen 2x 
2 
¯¯¯¯ 
2¼ 
0 
= 0. 
¤ 
Exemplo 12.11 Se A = (aij),B = (bij) 2 Mm×n(R) definimos 
hA,Bi = 
Xm 
i=1 
Xn 
j=1 
aijbij . 
Ex. Resolvido 12.12 Com relac¸ ˜ao ao produto interno apresentado no exemplo anterior, 
calcule o produto interno entre 
A = 
µ 
1 1 
0 2 
¶ 
e B = 
µ 
−2 0 
¶ 
. 
1 1 
Resoluc¸ ˜ao: 
hA,Bi = 1 · (−2) + 1 · 0 + 0 · 1 + 2 · 1 = 0. 
¤ 
Exerc´ıcio 12.13 O trac¸o de uma matriz quadrada A ´e a soma dos elementos da diago-nal 
da matriz e ´e denotado por trA. Mostre que se A,B 2 Mn(R) ent˜ao 
hA,Bi = tr (BtA) 
define um produto interno em Mn(R).
136 CAPITULO ´12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 
12.2 Norma 
Definic¸ ao p 
˜12.14 Se V e ´um espac¸o euclidiano, definimos para cada u 2 o numero 
´||u|| = 
hu, ui. Este valor e ´chamado de norma de u. 
Observac¸ ˜ao 12.15 Note que ´e poss´ıvel extrair a raiz quadrada de hu, ui pois este n´u-mero 
´e n˜ao negativo. 
Exemplo 12.16 Em Rn, com o produto interno dado por 12.3, a norma de x = (x1, . . . , 
xn) ´e dada por 
||x|| = 
q 
x21 
+ · · · + x2 
n. 
Note que a norma de x representa o comprimento deste vetor. 
Exemplo 12.17 Em C([a, b];R) com o produto interno definido por 12.9, a norma de 
f 2 C([a, b];R) ´e dada por 
||f|| = 
sZ b 
a 
[f(x)]2 dx. 
Proposic¸ ˜ao 12.18 Seja V um espac¸o vetorial com um produto interno. Temos 
1. ||®u|| = |®|||u||, 8 u 2 V, 8 ® 2 R; 
2. ||u|| ¸ 0 8 u 2 V ; 
3. ||u|| = 0 se e somente se u = 0; 
4. |hu, vi| · kuk kvk 8 u, v 2 V (desigualdade de Cauchy-Schwarz); 
5. ku + vk · kuk + kvk 8 u, v 2 V (desigualdade triangular). 
Prova: 
1. ||®u|| = 
p 
h®u, ®ui = 
p 
®2hu, ui = |®| 
p 
hu, ui = |®| ||u||. 
2. Obvio pois a raiz quadrada e ´nao ˜negativa. 
p 
3. Se u = 0 entao ˜kuk = 
h0, 0i = 0. 
´Reciprocamente, se u6= 0 ent˜ao hu, ui > 0 e kuk = 
p 
hu, ui > 0.
12.2. NORMA 137 
4. Se v = 0 ent˜ao |hu, 0i| = 0 = kuk k0||. 
Suponha que v6= 0. Para todo ® 2 R, temos ku + ®vk2 ¸ 0. Logo, 
0 · hu + ®v, u + ®vi = hu, ui + 2hu, vi® + hv, vi®2 
= ||u||2 + 2®hu, vi + ||v||2®2. 
Assim, o discriminante ¢ = 4hu, vi2 − 4||u||2||v||2 · 0, ou seja, hu, vi2 · 
||u||2||v||2. Extraindo a raiz quadrada, obtemos |hu, vi| · kuk kvk. 
5. A seguir usaremos a desigualdade de Cauchy-Schwarz 
||u + v||2 = hu + v, u + vi = ||u||2 + ||v||2 + 2hu, vi 
· ||u||2 + ||u||2 + 2||u||||v|| = [||u|| + ||v||]2. 
Extraindo a raiz quadrada, segue o resultado desejado. 
Observe que a desigualdade de Cauchy-Schwarz aplicada ao produto interno do Rn 
dado por 12.3 nos diz que 
(x1y1 + · · · + xnyn)2 · (x21 
+ · · · + x2 
n)(y2 
1 + · · · + y2n 
). 
A mesma desigualdade aplicada ao produto interno em C([a, b, ];R) fornece 
µZ b 
a 
f(x)g(x) dx 
¶2 
· 
Z b 
a 
[f(x)]2 dx 
Z b 
a 
[g(x)]2 dx. 
Proposic¸ ˜ao 12.19 (Identidade do Paralelogramo) Sejam u e v vetores de um espac¸o 
euclidiano. Ent˜ao 
ku + vk2 + ku − vk2 = 2(kuk2 + kvk2). 
Prova: 
ku + vk2 + ku − vk2 = hu + v, u + vi + hu − v, u − vi 
= hu, ui + hv, vi + 2hu, vi + hu, ui + hv, vi − 2hu, vi 
= 2hu, ui + 2hv, vi = 2(kuk2 + kvk2). 
A pr´oxima proposic¸ ˜ao mostra como se pode obter o produto interno entre dois veto-res 
a partir das normas de suas soma e diferenc¸a.
138 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 
Proposic¸ ˜ao 12.20 Sejam u e v vetores de um espac¸o euclidiano. Ent˜ao 
ku + vk2 − ku − vk2 = 4hu, vi. 
Prova: 
ku + vk2 − ku − vk2 = hu + v, u + vi − hu − v, u − vi 
= hu, ui + hv, vi + 2hu, vi − hu, ui − hv, vi + 2hu, vi 
= 4hu, vi. 
Ex. Resolvido 12.21 Calcule hu, vi sabendo-se que ku + vk = 1 e ku − vk = 1. 
Resoluc¸ ˜ao: Temos 
hu, vi = 
1 
4 
(ku + vk2 − ku − vk2) = 0. 
¤ 
12.3 Distˆancia 
Definic¸ ˜ao 12.22 Num espac¸o euclidiano V definimos a distˆancia entre u, v 2 V como 
d(u, v) = ku − vk. 
Resulta da proposic¸ ˜ao acima que a distˆancia satisfaz as seguintes propriedades. 
Proposic¸ ˜ao 12.23 Num espac¸o euclidiano V temos 
1. d(u, v) ¸ 0 para todo u, v 2 V ; 
2. d(u, v) = 0 se e somente se u = v; 
3. d(u, v) = d(v, u); 
4. d(u, v) · d(u,w) + d(w, v) para todo u, v,w 2 V. 
Ex. Resolvido 12.24 Com relac¸ ˜ao ao produto interno 12.3 calcule a distˆancia entre os 
pontos u = (1, 1, 3, 2) e v = (2, 2, 1, 0) de R4.
12.4. ˆANGULO 139 
Resoluc¸ ˜ao: Temos 
d(u, v) = 
p 
(1 − 2)2 + (1 − 2)2 + (3 − 1)2 + (2 − 0)2 = p10 
¤ 
Ex. Resolvido 12.25 Com relac¸ ˜ao ao produto interno 12.9 calcule a distˆancia entre as 
func¸ ˜oes sen e cos de C([0, 2¼];R) 
Resoluc¸ ˜ao: Temos 
d( sen , cos)2 = 
Z 2¼ 
0 
[ sen x − cos x]2 dx 
= 
Z 2¼ 
0 
[ sen 2x + cos2 x − 2 sen x cos x] dx = 
Z 2¼ 
0 
[1 − 2 sen x cos x] dx = 
¯ ¯2¼ 
= x − sen 2x 
0 = 2¼. 
Portanto, d( sen , cos) = p2¼. ¤ 
12.4 ˆA 
ngulo 
Sejam V um espac¸o euclidiano e u, v 2 V ambos n˜ao nulos. Pela desigualdade de 
Cauchy-Schwarz (veja proposic¸ ˜ao 12.18) temos 
−kuk kvk · hu, vi · kuk kvk 
ou ainda, 
−1 · hu, vi 
kuk kvk · 1. 
Desta forma, existe um ´unico n´umero real µ 2 [0, ¼] tal que 
cos µ = hu, vi 
kuk kvk 
. 
Este n´umero µ ´e chamado de ˆangulo entre os vetores u e v. 
Ex. Resolvido 12.26 Calcule o ˆangulo entre as func¸ ˜oes seno e co-seno definidas em 
[0, 2¼] com o produto interno dado por 12.9.
140 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 
Resoluc¸ ˜ao: 
h sen , cos i = 
Z 2¼ 
0 
sen x cos x dx = 
1 
2 
¯¯¯¯ 
sen 2x 
2¼ 
0 
= 0. 
Desta forma, o ˆangulo entre seno e co-seno ´e ¼ 
2 . ¤ 
Ex. Resolvido 12.27 Sabe-se que kuk = kvk = 1 e ku − vk = 2. Calcule o ˆangulo 
entre u e v. 
Resoluc¸ ˜ao: Como ku − vk = 2 ent˜ao 
4 = ku − vk2 = hu − v, u − vi 
= kuk + kvk − 2hu, vi = 2 − 2hu, vi. 
Assim, hu, vi = −1 e 
cos µ = hu, vi 
kuk kvk 
= −1, 
ou seja, µ = ¼. 
12.5 Ortogonalidade 
Definic¸ ˜ao 12.28 Seja V um espac¸o euclidiano. Dizemos que u, v 2 V s˜ao ortogonais 
se hu, vi = 0 e, neste caso, denotaremos u?v. 
Diremos que um conjunto S = {u1, . . . , un} ½ V ´e ortogonal se ui?uj quando 
i6= j. 
Diremos que um conjunto ortogonal S = {u1, . . . , un} ½ V ´e ortonormal se 
kujk = 1, j = 1, . . . , n. 
Diremos que u 2 V ´e ortogonal a um subconjunto n˜ao vazio S de V se u for 
ortogonal a todos os elementos de S. Neste caso usaremos a definic¸ ˜ao u?S. 
Exemplo 12.29 S = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} ½ R3 ´e um conjunto ortonormal com 
relac¸ ˜ao ao produto interno dado por 12.3. 
Observac¸ ˜ao 12.30 Se u = 0 ou v = 0 ent˜ao u?v. Se u6= 0 e v6= 0 ent˜ao u?v se e 
somente se o ˆangulo entre u e v ´e ¼/2.
12.5. ORTOGONALIDADE 141 
Observac¸ ˜ao 12.31 Se S = {u1, . . . , un} ½ V ´e um conjunto ortogonal com uj6= 0, 
j = 1, . . . , n ent˜ao ½ 
u1 
ku1k 
, . . . , 
un 
kunk 
¾ 
´e um conjunto ortonormal. 
Proposic¸ ˜ao 12.32 Sejam V um espac¸o euclidiano e S = {u1, . . . , un} ½ V um con-junto 
ortonormal. Ent˜ao u1, . . . , un s˜ao linearmente independentes. 
Prova: Se 
®1u1 + · · · + ®nun = 0 (12.33) 
ent˜ao, tomando o produto interno do vetor acima com u1 e lembrando que hu1, u1i = 
ku1k2 = 1 e huj , u1i = 0, se j = 2, . . . , n, obtemos 
®1 = ®1hu1, u1i + · · · + ®nhun, u1i = h0, u1i = 0, 
isto ´e, ®1 = 0, e 12.33 fica 
®2u2 + · · · + ®nun = 0. 
Tomando o produto interno do vetor acima com u2, obtemos, como acima, que ®2 = 0. 
Repetindo o processo chegamos `a conclus˜ao que a ´unica possibilidade para 12.33 ´e 
®1 = · · · = ®n = 0. 
Observac¸ ˜ao 12.34 A proposic¸ ˜ao acima continua v´alida se S for apenas um conjunto 
ortogonal com elementos n˜ao nulos. 
Definic¸ ˜ao 12.35 Se V ´e um espac¸o euclidiano de dimens˜ao n e se u1, . . . , un formam 
um conjunto ortonormal, ent˜ao diremos que u1, . . . , un formam uma base ortonormal 
de V. 
Proposic¸ ˜ao 12.36 Sejam V um espac¸o euclidiano que possui uma base ortonormal 
dada por u1, . . . , un. Ent˜ao, se u 2 V temos 
u = hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun.
142 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 
Prova: Como u1, . . . , un formam uma base de V, existem ®1, . . . , ®n 2 R tais que 
u = ®1u1 + · · · + ®nun. 
Tomando o produto interno de u com u1, temos 
hu, u1i = ®1hu1, u1i + · · · + ®nhun, u1i = ®1, 
pois a base ´e ortonormal. O resultado segue tomando o produto interno de u por u2, u3, 
etc. 
Ex. Resolvido 12.37 Encontre as coordenadas de (1, 1) 2 R2 com relac¸ ˜ao `a base for-mada 
por ( 
p2 
2 , 
p2 
2 ) e ( 
p2 
2 ,− 
p2 
2 ). 
Resoluc¸ ˜ao: Como a base em quest˜ao ´e ortonormal, pela proposic¸ ˜ao anterior, temos que 
(1, 1) = h(1, 1), ( 
p2 
2 
, 
p2 
2 
)i( 
p2 
2 
, 
p2 
2 
) + h(1, 1), ( 
p2 
2 
,− 
p2 
2 
)i( 
p2 
2 
,− 
p2 
2 
) 
= p2( 
p2 
2 
, 
p2 
2 
) + 0( 
p2 
2 
,− 
p2 
2 
). 
Desta forma as coordenadas de (1, 1) com relac¸ ˜ao `a base acima s˜ao 
µp2 
0 
¶ 
. 
¤ 
Proposic¸ ˜ao 12.38 Sejam V um espac¸o euclidiano e U = [u1, . . . , un] o subespac¸o ge-rado 
por um conjunto ortonormal S = {u1, . . . , un}. Ent˜ao, para qualquer u 2 V o 
vetor dado por 
v = u − hu, u1iu1 − · · · − hu, uniun 
´e ortogonal a todo w 2 U, isto ´e, v?U. 
Al´em do mais, v = 0 se e somente se u = hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun, isto ´e, se e 
somente se u 2 [u1, . . . , un].
12.5. ORTOGONALIDADE 143 
Prova: Seja w 2 U. Podemos escrever w = 
Pn 
j=1 ®juj . Precisamos mostrar que 
hw, vi = 0, isto ´e, h 
Pn 
j=1 ®juj , vi = 
Pn 
j=1 ®jhuj , vi = 0. Portanto, basta verificar 
que huj , vi = 0 para cada j = 1, . . . , n. Como u1, . . . , un formam um conjunto orto-normal, 
temos 
huj , vi = huj , u − hu, u1iu1 − · · · − hu, uniuni 
= huj , ui − hu, u1ihuj , u1i − · · · − hu, unihuj , uni 
= huj , ui − hu, ujihuj , uji = huj , ui − hu, uji = 0 
Proposic¸ ˜ao 12.39 Sejam V um espac¸o vetorial e U um subespac¸o de V. Se u 2 U e 
u?U ent˜ao u = 0. 
Prova: Como u 2 U e u ´e ortogonal a todo vetor de U, devemos ter ||u||2 = hu, ui = 0, 
ou seja, u = 0. 
Proposic¸ ˜ao 12.40 Sejam S = {u1, . . . , un} e R = {v1, . . . , vn} conjuntos ortonormais 
de um espac¸o euclidiano V tais que [S] = [R]. Ent˜ao, para u 2 V, temos 
hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun = hu, v1iv1 + · · · + hu, vnivn. 
Prova: Seja u 2 V. Coloque U = [R] = [S], 
u1 = u − (hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun) 
e 
u2 = u − (hu, v1iv1 + · · · + hu, vnivn) . 
Pela proposic¸ ˜ao 12.38, u1, u2?U. Logo, para todo w 2 U, temos hu1 − u2,wi = 
hu1,wi − hu2,wi = 0, isto ´e, (u1 − u2)?U. 
Note tamb´em que 
u1 − u2 = hu, v1iv1 + · · · + hu, vnivn − (hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun) 2 U. 
Segue da proposic¸ ˜ao 12.39 que u1 − u2 = 0, isto ´e, 
hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun = hu, v1iv1 + · · · + hu, vnivn.
144 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 
Definic¸ ˜ao 12.41 Sejam S = {u1, . . . , un} ½ V um conjunto ortonormal de um espac¸o 
euclidiano V e U = [u1, . . . , un]. Se u 2 V, o vetor 
hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun 
´e chamado de projec¸ ˜ao ortogonal de u sobre o subespac¸o U. 
Observac¸ ˜ao 12.42 Se v 2 V ´e um vetor n˜ao nulo ent˜ao S = { v 
kvk} ´e um conjunto 
ortonormal. Assim, se u 2 V, a projec¸ ˜ao ortogonal de u sobre [S] nada mais ´e do que o 
vetor 
w = hu, 
v 
kvki 
v 
kvk 
= hu, vi 
kvk2 v. 
Neste caso, w ´e chamado de projec¸ ˜ao ortogonal de u sobre v. 
Ex. Resolvido 12.43 Com relac¸ ˜ao ao produto interno usual de R3, verifique que os 
vetores u1 = ( 1 p3 
,− 1 p3 
, 1 p3 
) e u2 = ( 1 p2 
, 1 p2 
, 0) formam um conjunto ortonormal e 
encontre a projec¸ ˜ao ortogonal de u = (2, 3, 1) sobre o subespac¸o gerado por u1 e u2. 
Resoluc¸ ˜ao: Claramente, 
ku1k2 = 
1 
3 
+ 
1 
3 
+ 
1 
3 
= 1 
e 
ku2k2 = 
1 
2 
+ 
1 
2 
= 1. 
Tamb´em, 
hu1, u2i = 
1 
p3 
1 
p2 − 
1 
p3 
1 
p2 
+ 
1 
p3 
0 = 0. 
Assim, a projec¸ ˜ao ortogonal de u = (2, 3, 1) sobre [u1, u2] ´e 
w = hu, u1iu1 + hu, u2iu2 
= h(2, 3, 1), ( 
1 
p3 
,− 
1 
p3 
, 
1 
p3 
)i( 
1 
p3 
,− 
1 
p3 
, 
1 
p3 
) 
+ h(2, 3, 1), ( 
1 
p2 
, 
1 
p2 
, 0)i( 
1 
p2 
, 
1 
p2 
, 0) = ( 
5 
2 
, 
5 
2 
, 0). 
¤
12.6. PROCESSO DE ORTONORMALIZAC¸ ˜AO DE GRAM-SCHMIDT 145 
Ex. Resolvido 12.44 ConsidereP3(R) com o produto interno dado por 
hp, qi = 
Z 1 
0 
p(x)q(x) dx. 
Encontre a projec¸ ˜ao de p(x) = 1 + x + x2 + x3 sobre [q(x)] = [x3 − x]. 
Resoluc¸ ˜ao: Temos 
kqk2 = 
Z 1 
0 
(x3 − x)2 dx = 
Z 1 
0 
(x6 + x2 − 2x4) dx = 
x7 
7 
+ 
x3 
3 − 
2x5 
5 
¯¯¯¯ 
1 
0 
= 
1 
7 
+ 
1 
3 − 
2 
5 
= 
8 
105 
; 
hp, qi = h1 + x + x2 + x3, x3 − xi = 
Z 1 
0 
(1 + x + x2 + x3)(x3 − x) dx 
= 
Z 1 
0 
(−x − x2 + x5 + x6) dx = −11/21. 
Assim a projec¸ ˜ao ortogonal de p(x) sobre q(x) ´e 
r(x) = − 
11 
21 · 
105 
8 
(x3 − x) = − 
55 
8 
(x3 − x). 
¤ 
12.6 Processo de Ortonormalizac¸ ˜ao de Gram-Schmidt 
A demonstrac¸ ˜ao do pr´oximo teorema fornece um m´etodo para se conseguir uma base 
ortonormal de um espac¸o euclidiano a partir de uma base dada. 
Teorema 12.45 Todo espac¸o euclidiano de dimens˜ao finita possui uma base ortonor-mal. 
Prova: A prova ´e por induc¸ ˜ao sobre a dimens˜ao do espac¸o. 
Seja V um espac¸o euclidiano de dimens˜ao finita. Se dimV = 1 ent˜ao existe v1 2 V, 
tal que V = [v1]. Como v16= 0, tomamos 
u1 = 
v1 
kv1k
146 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 
e, dessa forma, {u1} ´e um conjunto ortonormal e V = [u1], ou seja, u1 forma uma base 
ortonormal de V. 
Se dimV = 2 ent˜ao existem v1, v2 2 V tais que V = [v1, v2]. Coloque 
u1 = 
v1 
kv1k 
. 
Nosso trabalho se resume em encontrar um vetor ortogonal a u1 e que tenha norma 1. 
Primeiramente vamos encontrar um vetor ortogonal a u1. Ora, pela proposic¸ ˜ao 12.38, 
basta tomarmos u02 = v2 − hv2, u1iu1. Note que u026= 0, pois v1 e v2 s˜ao linearmente 
independentes. Resta agora normalizar u02, isto ´e, definimos 
u2 = 
u02 
ku02k 
e ent˜ao 
u1 = 
v1 
kv1k 
e u2 = 
v2 − hv2, u1iu1 
kv2 − hv2, u1iu1k 
formam uma base ortonormal de V. 
Dado n 2 N, suponha que tenhamos provado o teorema para todos os espac¸os eucli-dianos 
de dimens˜ao n − 1. Queremos provar que o mesmo ´e verdade para todo espac¸o 
euclidiano de dimens˜ao n. 
Se dimV = n ¸ 2 ent˜ao existem v1, . . . , vn que formam uma base de V. Note que 
U = [v1, . . . , vn−1] ´e um subespac¸o de V de dimens˜ao n − 1. Desse modo, usando a 
nossa hip´otese de induc¸ ˜ao, ´e poss´ıvel tomar uma base ortonormal de U. Chamemos estes 
vetores da base ortonormal de U por u1, . . . , un−1. Como vn62 U ent˜ao, pela proposic¸ ˜ao 
12.38, o vetor 
u0n = vn − hvn, u1iu1 − · · · − hvn, un−1iun−1 
´e n˜ao nulo e ortogonal a todos os elementos de U (portanto, ortogonal a u1, · · · , un−1). 
Para finalizar, tomamos como base de V os vetores 
u1, · · · , un−1, un 
onde 
un = 
u0n 
ku0nk 
= 
vn − hvn, u1iu1 − · · · − hvn, un−1iun−1 
kvn − hvn, u1iu1 − · · · − hvn, un−1iun−1k 
.
12.6. PROCESSO DE ORTONORMALIZAC¸ ˜AO DE GRAM-SCHMIDT 147 
Observac¸ ˜ao 12.46 No caso de um espac¸o euclidiano tridimensional, se v1, v2, v3 for-mam 
uma base, ent˜ao uma base ortonormal para este espac¸o pode ser dada por 
u1 = 
v1 
kv1k 
, u2 = 
v2 − hv2, u1iu1 
kv2 − hv2, u1iu1k 
e u3 = 
v3 − hv3, u1iu1 − hv3, u2iu2 
kv3 − hv3, u1iu1 − hv3, u2iu2k 
. 
Ex. Resolvido 12.47 Encontre uma base ortonormal de P2(R) munido do produto in-terno 
hp, qi = 
R 1 
0 p(x)q(x) dx. 
Resoluc¸ ˜ao: Usaremos o processo de Gram-Schmidt para construir uma base ortonormal 
a partir da base formada pelos polinˆomios 1, x e x2. Temos 
k1k2 = 
Z 1 
0 
12 dx = 1 
e colocamos p1(x) = 1. Seguindo o processo, definimos 
p2(x) = 
x − hx, 1i1 
kx − hx, 1i1k 
, 
onde 
hx, 1i = 
Z 1 
0 
x dx = 
1 
2 
e kx − hx, 1i1k2 = 
Z 1 
0 
(x − 
1 
2 
)2 dx = 
1 
12 
. 
2 ) = p3(2x − 1). Por fim, colocamos 
Assim, p2(x) = p12(x − 1 
p3(x) = 
x2 − hx2, 1i1 − hx2,p3(2x − 1)ip3(2x − 1) 
kx2 − hx2, 1i1 − hx2,p3(2x − 1)ip3(2x − 1)k 
, 
onde 
hx2, 1i = 
Z 1 
0 
x2 dx = 
1 
3 
, hx2,p3(2x − 1)i = p3 
Z 1 
0 
x2(2x − 1) dx = 
p3 
6 
e 
kx2 − hx2, 1i1 − hx2,p3(2x − 1)i 
p3(2x − 1)k2 = kx2 − x + 
1 
6k2 = 
= 
Z 1 
0 
(x2 − x + 
1 
6 
)2 dx = 
1 
180 
.
148 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 
Assim, 
p3(x) = p180(x2 − x + 
1 
6 
) = p5(6x2 − 6x + 1). 
Desta forma, uma base ortonormal paraP2(R) ´e dada por 
p1(x) = 1, p2(x) = p3(2x − 1) e p3(x) = p5(6x2 − 6x + 1). 
¤ 
Ex. Resolvido 12.48 Encontre uma base ortonormal para W = {(x, y, z) 2 R3; x − 
2y = 0}. 
Resoluc¸ ˜ao: Note que (x, y, z) 2 W se e somente se 
(x, y, z) = (2y, y, z) = y(2, 1, 0) + z(0, 0, 1). 
Desta forma (2, 1, 0) e (0, 0, 1) formam uma base de W. 
Tomaremos como u1 = (0, 0, 1), pois este vetor ´e unit´ario (tem norma 1). Pelo 
processo de Gram-Schmidt, u2 ´e a projec¸ ˜ao ortogonal unit´aria de (2, 1, 0) sobre u1, isto 
´e 
u2 = 
(2, 1, 0) − h(2, 1, 0), (0, 0, 1)i(0, 0, 1) 
k(2, 1, 0) − h(2, 1, 0), (0, 0, 1)i(0, 0, 1)k 
= 
(2, 1, 0) 
k(2, 1, 0)k 
= ( 
2 
p5 
, 
1 
p5 
, 0). 
¤ 
Ex. Resolvido 12.49 Encontre uma base ortonormal para W = {(x, y, z, t) 2 R4; x+ 
y + z + t = 0}. 
Resoluc¸ ˜ao: Temos que (x, y, z, t) 2 W se somente se 
(x, y, z, t) = (−y − z − t, y, z, t) 
= y(−1, 1, 0, 0) + z(−1, 0, 1, 0) + t(−1, 0, 0, 1). 
Como (−1, 1, 0, 0), (−1, 0, 1, 0) e (−1, 0, 0, 1) s˜ao linearmente independentes, segue-se 
que formam uma base para W. Coloquemos 
u1 = 
(−1, 1, 0, 0) 
k(−1, 1, 0, 0)k 
= (− 
1 
p2 
, 
1 
p2 
, 0, 0).
12.7. COMPLEMENTO ORTOGONAL 149 
u2 = 
(−1, 0, 1, 0) − h(−1, 0, 1, 0), (− 1 p2 
, 1 p2 
, 0, 0)i(− 1 p2 
, 1 p2 
, 0, 0) 
k(−1, 0, 1, 0) − h(−1, 0, 1, 0), (− 1 p2 
, 1 p2 
, 0, 0)i(− 1 p2 
, 1 p2 
, 0, 0)k 
= 
2 ,−1 
(−1 
2 , 1, 0) 
k(−1 
2 ,−1 
2 , 1, 0)k 
= 
1 
p6 
(−1,−1, 2, 0). 
u3 = 
(−1, 0, 0, 1) − h(−1, 0, 0, 1), u1iu1 − h(−1, 0, 0, 1), u2iu2 
k(−1, 0, 0, 1) − h(−1, 0, 0, 1), u1iu1 − h(−1, 0, 0, 1), u2iu2k 
onde 
h(−1, 0, 0, 1), u1i = h(−1, 0, 0, 1), (− 
1 
p2 
, 
1 
p2 
, 0, 0)i = 
1 
p2 
h(−1, 0, 0, 1), u2i = h(−1, 0, 0, 1), 
1 
p6 
(−1,−1, 2, 0)i = 
1 
p6 
. 
Assim, 
(−1, 0, 0, 1) − h(−1, 0, 0, 1), u1iu1 − h(−1, 0, 0, 1), u2iu2 
= (−1, 0, 0, 1) − 
1 
p2 
(− 
1 
p2 
, 
1 
p2 
, 0, 0) − 
1 
p6 
1 
p6 
(−1,−1, 2, 0) 
= (−1, 0, 0, 1) + ( 
1 
2 
,− 
1 
2 
, 0, 0) + ( 
1 
6 
, 
1 
6 
,− 
1 
3 
, 0) = (− 
1 
3 
,− 
1 
3 
,− 
1 
3 
, 1). 
Desta forma, 
u3 = 
3 ,−1 
(−1 
3 ,−1 
3 , 1) 
k(−1 
3 ,−1 
3 ,−1 
3 , 1)k 
= 
1 
2 
p3(− 
1 
3 
,− 
1 
3 
,− 
1 
3 
, 1) 
¤ 
12.7 Complemento Ortogonal 
Definic¸ ˜ao 12.50 Sejam V um espac¸o euclidiano e U um subespac¸o vetorial de V. O 
complemento ortogonal de U ´e o conjunto 
U? = {v 2 V ; hu, vi = 0, 8 u 2 U}. 
Proposic¸ ˜ao 12.51 U? ´e um subespac¸o vetorial de V.
150 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 
Prova: Temos 0 2 U? pois h0, ui = 0 para todo u 2 U. Se v,w 2 U? e ® 2 R, ent˜ao 
para todo u 2 U, temos 
hv + ®w, ui = hv, ui + ®hw, ui = 0. 
Portanto, v + ®w 2 U?. 
Observac¸ ˜ao 12.52 Se V tem dimens˜ao finita ent˜ao u 2 U? se e somente se u ´e ortogo-nal 
a todos os vetores de uma base qualquer de U. 
Ex. Resolvido 12.53 Encontre U? se U = {(x, y, z) 2 R3; x − y − z = 0}. 
Resoluc¸ ˜ao: Temos (x, y, z) 2 U se somente se (x, y, z) = (y + z, y, z) = y(1, 1, 0) + 
z(1, 0, 1). Vemos que (1, 1, 0) e (1, 0, 1) formam uma base para U. 
Assim, (x, y, z) 2 U? se somente se 
h(x, y, z), (1, 1, 0)i = 0 e h(x, y, z), (1, 0, 1)i = 0, 
ou seja, ( 
x + y = 0 
x + z = 0 () (x, y, z) = x(1,−1,−1). 
Assim, 
U? = [(1,−1,−1)]. 
¤ 
Teorema 12.54 Sejam V um espac¸o euclidiano de dimens˜ao finita e U um subespac¸o 
vetorial de V. Ent˜ao V = U © U?. 
Prova: Dado v 2 V, seja w a projec¸ ˜ao ortogonal de v sobre U. Temos v = w+(v−w) e 
pela proposic¸ ˜ao 12.38, w 2 U e para todo u 2 U, hv −w, ui = 0, ou seja, v 2 U +U?. 
Agora, se u 2 U  U? ent˜ao hu, ui = 0 e, portanto, u = 0. 
12.8 Isometria 
Definic¸ ˜ao 12.55 Sejam U e V espac¸os euclidianos. Dizemos que T 2 L(U, V ) ´e uma 
isometria se hT(u1), T(u2)i = hu1, u2i para todo u1, u2 2 U.
12.8. ISOMETRIA 151 
Observac¸ ˜ao 12.56 Note que os produtos internos acima, embora representados pelo 
mesmo s´ımbolo, s˜ao produtos internos de V e de U, respectivamente. 
Exemplo 12.57 (rotac¸ ˜ao) T : R2 ! R2 dada por 
T(x, y) = (x cos µ − y sen µ, x sen µ + y cos µ) 
´e uma isometria, onde µ 2 R. 
De fato, 
hT(x1, y1), T(x2, y2)i 
= h(x1 cos µ − y1 sen µ, x1 sen µ + y1 cos µ), (x2 cos µ − y2 sen µ, x2 sen µ + y2 cos µ)i 
= x1x2(cos2 µ + sen 2µ) − y1x2(−cos µ sen µ + cos µ sen µ) 
− x1y2(cos µ sen µ − cos µ sen µ) + y1y2(cos2 µ + sen 2µ) 
= x1x2 + y1y2 = h(x1, y1), (x2, y2)i. 
Teorema 12.58 Sejam U, V espac¸os euclidianos e T 2 L(U, V ). S˜ao equivalentes: 
1. T ´e uma isometria; 
2. kT(u)k = kuk para todo u 2 U; 
3. kT(u) − T(v)k = ku − vk para todo u, v 2 U; 
4. Se {u1, . . . , un} ´e um conjunto ortonormal de U ent˜ao {T(u1), . . . , T(un)} ´e um 
conjunto ortonormal de V. 
Prova: (1 =) 2) Como T ´e uma isometria temos que hT(u), T(v)i = hu, vi para todo 
u, v 2 U. Em particular, tomando u = v, obtemos 
kT(u)k2 = hT(u), T(u)i = hu, ui = kuk2, 
ou seja, kT(u)k = kuk. 
(2 =) 3) Para todo u, v 2 U, temos 
kT(u) − T(v)k = kT(u − v)k = ku − vk.
152 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 
(3 =) 1) Note que 
kT(u) + T(v)k = kT(u) − T(−v)k = ku − (−v)k = ku + vk. 
Pela proposic¸ ˜ao 12.20, temos 
hT(u), T(v)i = 
1 
4 
(kT(u) + T(v)k2 − kT(u) − T(v)k2) 
= 
1 
4 
(ku + vk2 − ku − vk2) = hu, vi. 
(1 =) 4) Se {u1, . . . , un} ´e um conjunto ortonormal de U ent˜ao, como T ´e uma 
isometria, temos 
hT(ui), T(uj)i = hui, uji = 
( 
1, se i = j 
0, se i6= j, 
ou seja, {T(u1), . . . , T(un)} ´e um conjunto ortonormal. 
(4 =) 1) Seja u1, . . . , un uma base ortonormal de U. Por hip´otese, T(u1), . . . , 
T(un) formam um conjunto ortonormal. Dados u, v 2 U, escrevemos 
u = ®1u1 + · · · + ®nun 
e 
v = ¯1u1 + · · · + ¯nun 
e obtemos 
hT(u), T(v)i = h 
Xn 
i=1 
®iT(ui), 
Xn 
j=1 
¯jT(uj)i = 
Xn 
i=1 
Xn 
j=1 
®i¯jhT(ui), T(uj)i 
= 
Xn 
i=1 
®i¯i. 
Por outro lado, 
hu, vi = h 
Xn 
i=1 
®iui, 
Xn 
j=1 
¯juji = 
Xn 
i=1 
Xn 
j=1 
®i¯jhui, uji 
= 
Xn 
i=1 
®i¯i. 
Comparando as express˜oes acima, conclu´ımos que T ´e uma isometria.
12.9. OPERADOR AUTO-ADJUNTO 153 
Corol´ario 12.59 Se T 2 L(U, V ) ´e uma isometria ent˜ao T ´e injetora. 
Prova: Basta ver que se T(u) = 0 ent˜ao kuk = kT(u)k = 0, portanto, u = 0. 
Corol´ario 12.60 Se T 2 L(U, V ) ´e uma isometria e dimU = dimV ent˜ao T ´e um 
isomorfismo. 
Prova: Como U e V tˆem a mesma dimens˜ao e T ´e injetora, segue-se que T ´e uma 
bijec¸ ˜ao, isto ´e, um isomorfismo. 
Ex. Resolvido 12.61 Seja T 2 R2 tal que a matriz de T som relac¸ ˜ao a uma base orto-normal 
de R2 ´e dada por µ 
¶ 
. 
1 2 
−2 1 
T ´e uma isometria? 
Resoluc¸ ˜ao: Vejamos, se u, v ´e uma base ortonormal de R2 e 
µ 
a b 
c d 
¶ 
´e a matriz de uma isometria S com relac¸ ˜ao a esta base ent˜ao pelo teorema anterior 
kS(u)k = kS(v)k = 1. Al´em do mais, hS(u), S(v)i = 0. Como S(u) = au + cv e 
S(v) = bu + dv, ter´ıamos 8>< 
a2 + c2 = 1 
b2 + d2 = 1 
ab + cd = 0 
>: 
. 
Deste modo, T n˜ao pode se uma isometria pois, por exemplo, 12 + 22 = 56= 1. ¤ 
12.9 Operador Auto-adjunto 
Definic¸ ˜ao 12.62 Sejam U um espac¸o euclidiano e T 2 L(U). Dizemos que T ´e um 
operador auto-adjunto se hT(u), vi = hu, T(v)i para todo u, v 2 U. 
Ex. Resolvido 12.63 Seja T 2 L(R2) dado por T(x, y) = (ax+by, bx+cy). Verifique 
que T ´e um operador auto-adjunto.
154 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 
Resoluc¸ ˜ao: Temos 
hT(x, y), (z, t)i = h(ax + by, bx + cy), (z, t)i = axz + byz + bxt + cyt. 
Por outro lado, 
h(x, y), T(z, t)i = h(x, y), (az + bt, bz + ct)i = axz + bxt + byz + cyt. 
Comparando as express˜oes vemos que 
hT(x, y), (z, t)i = h(x, y), T(z, t)i. 
¤ 
Note que a matriz do operador do exemplo anterior com relac¸ ˜ao `a base canˆonica 
´e uma matriz sim´etrica. Isto, como diz o pr´oximo teorema, n˜ao ´e uma simples coin-cid 
ˆencia. 
Teorema 12.64 Seja U um espac¸o euclidiano de dimens˜ao finita. Ent˜ao, um operador 
T 2 L(U) ´e auto-adjunto se e somente se a matriz de T com relac¸ ˜ao a uma base 
ortonormal de U for sim´etrica. 
Prova: Suponha que T seja auto-adjunto e seja A = (aij) a matriz de T com relac¸ ˜ao a 
alguma base ortonormal de U. Queremos mostrar que aij = aji. Se u1, . . . , un s˜ao os 
vetores de uma tal base, temos 
T(uk) = a1ku1 + · · · + ankun, (12.65) 
para todo k = 1, . . . , n. Se i, j 2 {1, . . . , n} ent˜ao tomando o produto interno de 12.65 
com k = i com o vetor uj , obtemos 
hT(ui), uji = a1ihu1, uji + · · · + anihun, uji = aji. (12.66) 
Por outro lado, tomando o produto interno de ui com T(uj) temos 
hui, T(uj)i = a1jhui, u1i + · · · + anjhui, uni = aij . 
Como T ´e auto-adjunto, segue-se que aij = aji. 
Reciprocamente, suponha que a matriz (aij) de T com relac¸ ˜ao a uma base ortonor-mal, 
u1, . . . , un seja sim´etrica. Devemos mostrar que hT(u), vi = hu, T(v)i. Note que 
se 
u = ®1u1 + · · · + ®nun
12.9. OPERADOR AUTO-ADJUNTO 155 
e 
v = ¯1u1 + · · · + ¯nun, 
ent˜ao, como o produto interno ´e linear em cada vari´avel e a base acima ´e ortonormal, 
temos 
hT(u), vi = h 
Xn 
i=1 
®iT(ui), 
Xn 
j=1 
¯juji = 
Xn 
i=1 
Xn 
j=1 
®i¯jhT(ui), uji 
e, analogamente, 
hu, T(v)i = 
Xn 
j=1 
®i¯jhui, T(uj)i. 
Desta forma, basta mostrar que hT(ui), uji = hui, T(uj)i. Como (aij) ´e a matriz de T 
com relac¸ ˜ao a esta base, temos por 12.65 que aij = hui, T(uj)i e aji = hT(ui), uji e 
como a matriz ´e sim´etrica obtemos que 
hT(ui), uji = hui, T(uj)i, 
como quer´ıamos. 
Teorema 12.67 Se T 2 L(U) ´e um operador auto-adjunto e se ¸ e μ s˜ao autovalores 
distintos de T ent˜ao os autovetores correspondentes s˜ao ortogonais. 
Prova: Sejam u e v autovetores correspondentes a ¸ e μ respectivamente. Temos 
(¸ − μ)hu, vi = h¸u, vi − hu, μvi = hT(u), vi − hu, T(v)i = 0 
pois T ´e auto-adjunto. Como ¸6= μ, segue-se que hu, vi = 0. 
Finalizamos este cap´ıtulo com o seguinte resultado que provaremos apenas no caso 
bidimensional. O caso unidimensional ´e trivial. Para a prova no caso geral, indicamos a 
leitura do livro ´A 
lgebra Linear, de Elon L. Lima, Colec¸ ˜ao Matem´atica Universit´aria [L]. 
Teorema 12.68 Sejam U um espac¸o euclidiano de dimens˜ao finita e T 2 L(U) um 
operador auto-adjunto. Ent˜ao existe uma base ortonormal de U formada por autoveto-res 
de T. Note que todo operador auto-adjunto ´e diagonaliz´avel. 
Prova do caso bidimensional: Seja u, v uma base ortonormal de U. Sabemos pelo 
teorema 12.64 que a matriz de T ´e sim´etrica, ou seja, da forma 
A = 
µ 
a b 
b c 
¶ 
.
156 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 
Desta forma, o polinˆomio caracter´ıstico de T ´e da forma 
pT (¸) = ¸2 − (a + c)¸ + ac − b2. 
Como 
(a + c)2 − 4(ac − b2) = a2 + c2 − 2ac + 4b2 = (a − c)2 + 4b2 ¸ 0 
vemos que pT (¸) s´o apresenta ra´ızes reais. Se a = c e b = 0 ent˜ao A = aI e a pr´opria 
base u, v serve para provar o teorema. 
Agora, se a6= c ou b6= 0 ent˜ao pT (¸) possui duas ra´ızes reais distintas, isto ´e, T 
apresenta dois autovalores distintos. Pelo teorema 12.67 os autovetores correspondentes 
s˜ao ortogonais. Basta tomar como base dois autovetores unit´arios correspondentes a 
cada um dos autovalores. 
12.10 Exerc´ıcios 
Ex. 12.69 Verifique em cada um dos itens abaixo se a func¸ ˜ao h , i ´e um produto interno 
no espac¸o vetorial V. 
1. V = R2, u = (x1, y1), w = (x2, y2) e hu,wi = 2x1x2 + 4y1y2. 
2. V = P3(R), p(t) = a0 + a1t + a2t2 + a3t3, q(t) = b0 + b1t + b2t2 + b3t3 e 
hp, qi = a0b0 + a1b1 + a2b2 + a3b3. 
3. V = M2(R), A,B 2 M2(R) e hA,Bi = tr(AtB), onde tr(A) ´e o trac¸o de A. 
4. V = R3, u = (x1, y1, z1), w = (x2, y2, z2) e hu,wi = x1x2 + y1y2. 
5. V = R4, u = (x1, y1, z1, t1), w = (x2, y2, z2, t2) e hu,wi = x1x2 + y1y2 + 
z1z2 − t1t2. 
Ex. 12.70 Para cada um dos itens abaixo determinar; 
a) hu, vi b) kuk, kvk c) o ˆangulo entre u e v. 
1. V = R2, com o produto interno usual, u = (1, 2, 1), w = (3, 4, 2). 
2. V = P2(R), com produto interno hp, qi = 
R 1 
0 p(t)q(t) dt, u = p(t) = 1+t+4t2, 
v = q(t) = 2 + 5t2.
12.10. EXERC´ICIOS 157 
3. V = M2(R), com produto interno hA,Bi = tr(AtB) , A = 
µ 
1 2 
4 12 
¶ 
, B = 
µ 
8 −1 
4 3 
¶ 
. 
Ex. 12.71 Em cada um dos itens abaixo determinar d(u, v). 
1. V = R4, com o produto interno usual, u = (1, 1, 1, 1), v = (0, 0, 1, 1). 
2. V = P2(R), com produto interno hp, qi = 
R 1 
0 p(t)q(t) dt , u = 1+t, v = 3 
4 t+3t2, 
t 2 R. 
3. V = M3(R), com produto interno hA,Bi = tr(AtB) , 
u = 
0 
@ 
1 2 3 
4 5 6 
1 1 1 
1 
A e v = 
0 
@ 
1 2 1 
0 0 1 
2 2 2 
1 
A. 
Ex. 12.72 Verifique se o subconjunto S do espac¸o com produto interno V ´e ortogonal. 
1. V = R3, com o produto interno usual , S = {(0, 1, 1), (1, 1, 0)} . 
R 2. V = P2(R), com produto interno hp, qi = 
1 
p(t)q(t) dt , S = 
0 © 
t, t2 
ª 
. 
3. V = M3(R), com produto interno hA,Bi = tr(AtB) , 
S = 
½µ 
1 0 
0 0 
¶ 
, 
µ 
0 1 
0 1 
¶ 
, 
µ 
0 0 
1 0 
¶¾ 
. 
Ex. 12.73 Com relac¸ ˜ao ao exerc´ıcio anterior, quais conjuntos s˜ao ortonormais? 
Ex. 12.74 Determinar uma base ortonormal para cada um dos subespac¸os vetoriaisW 
do espac¸o com produto interno V abaixo, utilizando o processo de Gram-Schmidt. 
1. V = R4, com o produto interno usual , 
W = [(1, 1, 0, 0), (0, 1, 2, 0), (0, 0, 3, 4)]. 
2. V = P2(R), com produto interno hp, qi = 
R 1 
0 p(t)q(t) dt , W = [1, 1 + t, t2].
158 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 
3. V = M3(R), com produto interno hA,Bi = tr(AtB) , 
W = 
·µ 
1 0 
0 0 
¶ 
, 
µ 
0 1 
0 1 
¶ 
, 
µ 
0 0 
1 1 
¶¸ 
. 
Ex. 12.75 Determine m 2 R de modo que T : R3 ! R3 dada por 
T(x, y, z) = ( 
1 
p3 
x + 
1 
p3 
y + mz,− 
1 
p6 
x + 
2 
p6 
y − 
1 
p6 
z,− 
1 
p2 
x + 
1 
p2 
z) 
seja uma isometria. 
Ex. 12.76 Determinar uma isometria emP2(R) cuja matriz em relac¸ ˜ao a base canˆoni-ca 
´e 
0 
@ 
1 p2 
1 p2 
0 
0 0 1 
x y z 
1 
A (onde x, y, z 2 R devem ser determinados). 
Ex. 12.77 Verifique se T : M2(R) ! M2(R) dada por T(A) = At, A 2 M2(R), ´e uma 
isometria.
Referˆencias Bibliogr´aficas 
[CDC] Callioli, C. A., Domingues, H. H., Costa, R. C. F., ´A 
lgebra Linear e 
Aplicac¸ ˜oes, 2a edic¸ ˜ao, Atual Editora Ltda, 1978. 
[L] Lima, E. L., ´A 
lgebra Linear, Colec¸ ˜ao Matem´atica Universit´aria, IMPA, 
CNPq, Rio de Janeiro, 1995. 
12.9 
159
´Indice Remissivo 
ˆangulo, 139 
automorfismo, 85 
autovalor, 105 
autovetor, 105 
base, 37 
dual, 75 
ortonormal, 141 
complemento ortogonal, 149 
composta, 76 
conjunto 
ortogonal, 140 
ortonormal, 140 
coordenada, 45 
dimens˜ao 
da soma de subespac¸os, 41 
de um espac¸o vetorial, 39 
distˆancia, 138 
espac¸o 
dual, 74 
vetorial, 9 
espac¸os 
isomorfos, 85 
forma canˆonica de Jordan, 127 
funcional linear, 74 
gerador, 24 
imagem, 79 
imagem inversa, 79 
isometria, 150 
isomorfismo, 85 
matriz 
de mudanc¸a de base, 52 
diagonal, 115 
diagonaliz´avel, 116 
semelhante, 111 
multiplicidade 
alg´ebrica, 112 
geom´etrica, 105 
n´ucleo, 80 
norma, 136 
operador 
auto-adjunto, 153 
ortogonalidade, 140 
polinˆomio caracter´ıstico, 111 
de uma transformac¸ ˜ao linear, 111 
produto interno, 133 
projec¸ ˜ao ortogonal, 144 
subespac¸o 
pr´oprio, 105 
160
´INDICE REMISSIVO 161 
vetorial 
definic¸ ˜ao, 15 
gerador, 24 
soma de, 17 
soma direta de, 18 
teorema 
do completamento, 40 
do n´ucleo e da imagem, 81 
transformac¸ ˜ao 
bijetora, 78 
diagonaliz´avel, 115 
idempotente, 85 
injetora, 78 
linear, 71 
matriz de uma, 88 
nilpotente, 76 
sobrejetora, 78

Mais conteúdo relacionado

PDF
Ap ami v8
PDF
Livrocalcii
PDF
Edp1 aulas-22-8-13
PDF
áLgebra linear
PDF
PDF
Matemática - Funções - Livro pdf
PDF
Introdução às Distribuições e às Transformadas de Fourier
PDF
Livro numerico
Ap ami v8
Livrocalcii
Edp1 aulas-22-8-13
áLgebra linear
Matemática - Funções - Livro pdf
Introdução às Distribuições e às Transformadas de Fourier
Livro numerico

Mais procurados (11)

PDF
Analise matematica-2003
PDF
Tccfinal
PDF
Aula 53 conjuntos mecânicos viii
PDF
Manual de problemas_resolvidos_de_eletromagnetismo_vol.i
PDF
Edo
PDF
Complexa
PDF
Apostila Alvaro Lim Deriv
PDF
Finit Elements Analysis
PDF
Apostila grafos
PDF
Apostila (notas de aula) Teoria de Controle Digital (ou Discreto no tempo)...
Analise matematica-2003
Tccfinal
Aula 53 conjuntos mecânicos viii
Manual de problemas_resolvidos_de_eletromagnetismo_vol.i
Edo
Complexa
Apostila Alvaro Lim Deriv
Finit Elements Analysis
Apostila grafos
Apostila (notas de aula) Teoria de Controle Digital (ou Discreto no tempo)...
Anúncio

Semelhante a Algebra linear 1 (20)

PDF
Algebra
PDF
Introdução aos espaços de dimensão infinita
PDF
Livro de algebra linear cópia
PDF
Paalga
PDF
Gentil Lopes - ALGEBRA LINEAR (COMENTADO)
PDF
Matrizes resumo
PDF
Matrizes - resumo
PDF
Álgebra Linear
PDF
Ap algebra linear 002
PDF
gaalt0.pdf
PDF
Matematica quantica
PDF
4. espacos vectoriais
PDF
Algebra kat
PDF
Espaços metricos
PDF
Topologiaespacometri (1)
PDF
Algebralinear
PDF
Introducao_a_Algebra_Linear.pdf
PDF
Algebra linear um_livro_colaborativo_ufrgs_reamat_2018_210pag
PDF
Gaal_Aula_01
PDF
Gaal_Aula_01
Algebra
Introdução aos espaços de dimensão infinita
Livro de algebra linear cópia
Paalga
Gentil Lopes - ALGEBRA LINEAR (COMENTADO)
Matrizes resumo
Matrizes - resumo
Álgebra Linear
Ap algebra linear 002
gaalt0.pdf
Matematica quantica
4. espacos vectoriais
Algebra kat
Espaços metricos
Topologiaespacometri (1)
Algebralinear
Introducao_a_Algebra_Linear.pdf
Algebra linear um_livro_colaborativo_ufrgs_reamat_2018_210pag
Gaal_Aula_01
Gaal_Aula_01
Anúncio

Algebra linear 1

  • 2. 2
  • 3. Sum´ario 1 Espac¸os Vetoriais 7 1.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.2 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.3 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2 Subespac¸os Vetoriais 15 2.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.2 Intersec¸ ˜ao e Soma de Subespac¸os . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.3 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3 Combinac¸ ˜oes Lineares 23 3.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3.2 Geradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 3.3 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 4 Dependˆencia Linear 31 4.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 4.2 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 4.3 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 5 Base, Dimens˜ao e Coordenadas 37 5.1 Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 5.2 Dimens˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 5.3 Dimens˜ao de Soma de Subespac¸os Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . 41 5.4 Coordenadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 5.5 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3
  • 4. 4 SUM ´ARIO 6 Mudanc¸a de Base 51 6.1 Introduc¸ ˜ao, Exemplos e Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 6.2 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 7 Exerc´ıcios Resolvidos – Uma Revis˜ao 59 8 Transformac¸ ˜oes Lineares 71 8.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 8.2 O Espac¸o Vetorial L(U, V ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 8.3 Imagem e N´ucleo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 8.4 Isomorfismo e Automorfismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 8.5 Matriz de uma Transformac¸ ˜ao Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 8.5.1 Definic¸ ˜ao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 8.5.2 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 8.6 Exerc´ıcios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 8.7 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 9 Autovalores e Autovetores 105 9.1 Definic¸ ˜ao, Exemplos e Generalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 9.2 Polinˆomio Caracter´ıstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 9.3 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 10 Diagonalizac¸ ˜ao 115 10.1 Definic¸ ˜ao e Caracterizac¸ ˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 10.2 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 11 Forma Canˆonica de Jordan 125 11.1 Exerc´ıcio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 12 Espac¸os Euclidianos 133 12.1 Produto Interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 12.2 Norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 12.3 Distˆancia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 12.4 ˆAngulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 12.5 Ortogonalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 12.6 Processo de Ortonormalizac¸ ˜ao de Gram-Schmidt . . . . . . . . . . . . 145 12.7 Complemento Ortogonal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
  • 5. SUM ´ARIO 5 12.8 Isometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150 12.9 Operador Auto-adjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 12.10Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
  • 7. Cap´ıtulo 1 Espac¸os Vetoriais 1.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos Neste cap´ıtulo introduziremos o conceito de espac¸o vetorial que ser´a usado em todo o decorrer do curso. Por´em, antes de apresentarmos a definic¸ ˜ao de espac¸o vetorial, passemos a analisar em paralelo dois objetos: o conjunto formado pelas func¸ ˜oes f : R ! R, denotado por F(R) e o conjunto das matrizes quadradas de ordem m com coeficientes reais que denotaremos por Mm(R), ou simplesmente, por Mm. A soma de duas func¸ ˜oes f e g de F(R) ´e definida como sendo a func¸ ˜ao f + g 2 F(R) dada por (f + g)(x) = f(x) + g(x). Note tamb´em que se ¸ 2 R podemos multiplicar a func¸ ˜ao f pelo escalar ¸, da seguinte forma (¸f)(x) = ¸(f(x)), resultando num elemento de F(R). Com relac¸ ˜ao a Mn podemos somar duas matrizes quadradas de ordem n, A = (aij)n×n e B = (bij)n×n, colocando A + B = (aij + bij)n×n, que ´e um elemento de Mn. Com a relac¸ ˜ao `a multiplicac¸ ˜ao de A = (aij)n×n por um escalar ¸ 2 R, ´e natural definirmos ¸A = (¸aij)n×n, o qual tamb´em pertence a Mn. O que estes dois conjuntos acima, com estas estruturas de adic¸ ˜ao de seus elementos e multiplicac¸ ˜ao de seus elementos por escalares, tˆem comum? Vejamos: Verifica-se facilmente a partir das propriedades dos n´umeros reais que, com relac¸ ˜ao a quaisquer func¸ ˜oes f, g e h em F(R) e para todo ¸, μ 2 R, s˜ao v´alidos os seguintes resultados: 1. f + g = g + f; 7
  • 8. 8 CAP´ITULO 1. ESPAC¸OS VETORIAIS 2. f + (g + h) = (f + g) + h; 3. se O representa o func¸ ˜ao nula, isto ´e, O(x) = 0 para todo x 2 R ent˜ao O+f = f; 4. a func¸ ˜ao −f definida por (−f)(x) = −[f(x)] para todo x 2 R ´e tal que f + (−f) = O; 5. ¸(μf) = (¸μ)f; 6. (¸ + μ)f = ¸f + μf; 7. ¸(f + g) = ¸f + ¸g; 8. 1f = f. Agora, com relac¸ ˜ao a quaisquer matrizes A,B e C em Mm e para todo ¸, μ 2 R, tamb´em s˜ao v´alidos os seguintes resultados: 1. A + B = B + A; 2. A + (B + C) = (A + B) + C; 3. se O representa o func¸ ˜ao nula, isto ´e, O = (0)n×n ent˜ao O + A = A; 4. se A = (ai,j)n×n ent˜ao a matriz −A definida por −A = (−ai,j)n×n ´e tal que A + (−A) = O; 5. ¸(μA) = (¸μ)A; 6. (¸ + μ)A = ¸A + μA; 7. ¸(A + B) = ¸A + ¸B; 8. 1A = A. Podemos ver que tanto o conjuntos das func¸ ˜oes definidas na reta a valores reais como o das matrizes quadradas quando munidos de somas e multiplicac¸ ˜ao por escala-res adequadas apresentam propriedades alg´ebricas comuns. Na verdade muitos outros conjuntos munidos de operac¸ ˜oes apropriadas apresentam propriedades semelhantes `as acima. ´E por isso que ao inv´es de estudarmos cada um separadamente estudaremos um conjunto arbitr´ario e n˜ao vazio, V, sobre o qual supomos estar definidas uma operac¸ ˜ao de adic¸ ˜ao, isto ´e, para cada u, v 2 V existe um ´unico elemento de V associado, chamado
  • 9. 1.1. INTRODUC¸ ˜AO E EXEMPLOS 9 a soma entre u e v e denotado por u + v, e uma multiplicac¸ ˜ao por escalar, isto ´e, para cada u 2 V e ¸ 2 R existe um ´unico elemento de V associado, chamado de o produto de u pelo escalar ¸ e denotado por ¸u. Definic¸ ˜ao 1.1 Diremos que um conjunto V como acima munido de uma adic¸ ˜ao e de uma multiplicac¸ ˜ao por escalar ´e um espac¸o vetorial se para quaisquer u, v e w em V e para todo ¸, μ 2 R s˜ao v´alidas as seguintes propriedades: EV1 u + v = v + u para quaisquer u, v 2 V ; EV2 u + (v + w) = (u + v) + w para quaisquer u, v,w 2 V ; EV3 existe um elemento 0 2 V tal que 0 + u = u para todo u 2 V ; EV4 para cada u 2 V existe v 2 V tal que u + v = 0; EV5 ¸(μu) = (¸μ)u para quaisquer u 2 V e ¸, μ 2 R; EV6 (¸ + μ)u = ¸u + μu para quaisquer u 2 V EV7 ¸(u + v) = ¸u + ¸v para quaisquer u, v 2 V e ¸ 2 R; EV8 1u = u para qualquer u 2 V. Observac¸ ˜ao 1.2 O elemento 0 na propriedade EV3 ´e ´unico, pois qualquer outro 00 2 V satisfazendo a mesma propriedade EV3 ent˜ao, pelas propriedades EV3 e EV1 ter´ıamos 00 = 0 + 00 = 00 + 0 = 0, isto ´e, 0 = 00. Observac¸ ˜ao 1.3 Em um espac¸o vetorial, pela propriedade EV4, para cada u 2 V existe v 2 V tal que u + v = 0. Na verdade, para cada u 2 V existe somente um elemento v 2 V com esta propriedade. De fato, dado u 2 V se v e v0 em V s˜ao tais que u+v = 0 e u + v0 = 0 ent˜ao, combinando estas equac¸ ˜oes com as propriedades EV1,EV2 e EV3, obtemos v = v +0 = v +(u+v0) = (v +u)+v0 = (u+v)+v0 = 0+v0 = v0, isto ´e v = v0. Denotaremos v por −u e u − v por u + (−v). Observac¸ ˜ao 1.4 As quatro primeiras propriedades referem-se apenas `a operac¸ ˜ao de adic¸ ˜ao e s˜ao conhecidas, respectivamente, por propriedade comutativa, propriedade associatividade, existˆencia do elemento neutro e existˆencia do elemento inverso. A quinta e a oitava propriedades s˜ao exclusivas da multiplicac¸ ˜ao por escalar e tamb´em podem ser chamadas de associatividade e elemento neutro da multiplicac¸ ˜ao, respectivamente.
  • 10. 10 CAP´ITULO 1. ESPAC¸OS VETORIAIS A sexta e a s´etima propriedades relacionam as duas operac¸ ˜oes e s˜ao ambas conhe-cidas por distributividade. Um outro exemplo de espac¸o vetorial, al´em dos dois apresentados no in´ıcio do texto, ´e o conjunto dos vetores como apresentados em Geometria Anal´ıtica munido da adic¸ ˜ao e da multiplicac¸ ˜ao por escalar. Dessa forma, o adjetivo vetorial utilizado na definic¸ ˜ao acima deve ser entendido de uma forma mais ampla, sendo uma referˆencia aos elementos de V independentemente de serem ou n˜ao vetores. Talvez o exemplo mais simples de espac¸o vetorial seja o conjunto dos n´umeros reais com a adic¸ ˜ao e multiplicac¸ ˜ao usuais. Mais geralmente, para cada n 2 N, podemos trans-formar o conjunto das n-uplas ordenadas de n´umeros reais, Rn, em um espac¸o vetorial definindo a adic¸ ˜ao de duas n-uplas ordenadas, x = (x1, . . . , xn) e y = (y1, . . . , yn), adicionando-se coordenada a coordenada, isto ´e, x + y = (x1 + y1, . . . , xn + yn) e o produto de uma n-upla x = (x1, . . . , xn) por um escalar ¸ 2 R por ¸x = (¸x1, · · · , ¸xn). ´E uma rotina bem simples verificar que desse modo Rn ´e um espac¸o vetorial. Deixamos como exerc´ıcio esta tarefa. Verifique tamb´em que os seguintes exemplos s˜ao espac¸os vetoriais. 1. Sejam n 2 N e V = Pn(R) o conjunto formado pelo polinˆomio nulo e por todos os polinˆomios de grau menor ou igual a n com coeficientes reais. Definimos a adic¸ ˜ao e a multiplicac¸ ˜ao por escalar da seguinte maneira: • Se p(x) = a0 +a1x · · ·+anxn e q(x) = b0 +b1x · · ·+bnxn s˜ao elementos dePn(R) ent˜ao p(x) + q(x) = (a0 + b0) + (a1 + b1)x · · · + (an + bn)xn. • Se p(x) = a0 + a1x · · · + anxn ´e um elemento dePn(R) e ¸ 2 R ent˜ao ¸p(x) = (¸a0) + (¸a1)x + · · · + (¸an)xn. 2. Sejam A ½ R e F(A;R) o conjunto de todas as func¸ ˜oes f : A ! R. Se f, g 2 F(A;R) e ¸ 2 R defina f + g : A ! R por (f + g)(x) = f(x) + g(x) e (¸f)(x) = ¸f(x), x 2 A. Ent˜ao, F(A;R) com esta adic¸ ˜ao e produto por escalar ´e um espac¸o vetorial.
  • 11. 1.1. INTRODUC¸ ˜AO E EXEMPLOS 11 3. O conjunto das func¸ ˜oes cont´ınuas definidas num intervalo I ½ R munido das operac¸ ˜oes de adic¸ ˜ao e multiplicac¸ ˜ao usuais (como aquelas definidas emF(I;R)). Notac¸ ˜ao: C(I;R). 4. O conjunto das func¸ ˜oes com derivadas cont´ınuas at´e ordem k 2 N, (k ´e fixo) defi-nidas num intervalo aberto I ½ R munido das operac¸ ˜oes de adic¸ ˜ao e multiplicac¸ ˜ao usuais (como aquelas definidas em F(I;R)). Notac¸ ˜ao: Cn(I;R). 5. O conjunto das matrizes m por n com coeficientes reais: Mm×n(R) munido de operac¸ ˜oes an´alogas `aquelas definidas em Mn(R). Os espac¸os vetoriais acima envolvem operac¸ ˜oes com as quais vocˆe j´a deve estar familiarizado. O pr´oximo exemplo ´e um pouco mais sofisticado do que os anteriores e por isso mostraremos as oito propriedades. Como conjunto tomaremos V = (0,1), o semi-eixo positivo da reta real. Este conjunto quando agregado `as operac¸ ˜oes usuais de soma e multiplicac¸ ˜ao n˜ao ´e um espac¸o vetorial, visto que n˜ao possui elemento neutro para a adic¸ ˜ao. No entanto, se para x, y 2 V e ¸ 2 R, definirmos a soma entre x e y por x ¢ y = xy, (o produto usual entre x e y) e o produto de x pelo escalar ¸ como ¸ ¡ x = x¸, ent˜ao V se torna um espac¸o vetorial. De fato, verifiquemos uma a uma as oito propriedades: 1. x, y 2 V temos x ¢ y = xy = yx = y ¢ x para quaisquer x, y 2 V ; 2. x ¢ (y ¢ z) = x ¢ (yz) = x(yz) = (xy)z = (x ¢ y)z = (x ¢ y) ¢ z para quaisquer x, y, z 2 V 3. se x 2 V ent˜ao, como 1 2 V, temos 1 ¢ x = 1x = x; observe que neste caso, 1 ´e o elemento neutro da adic¸ ˜ao, o qual denotaremos por o; 4. se x 2 V, isto ´e, x > 0, ent˜ao x−1 2 V e x ¢ x−1 = xx−1 = 1 = o; 5. ¸ ¡ (μ ¡ x) = ¸ ¡ xμ = (xμ)¸ = xμ¸ = x¸μ = (¸μ) ¡ x para quaisquer x 2 V e ¸, μ 2 R; 6. (¸ + μ) ¡ x = x¸+μ = x¸xμ = x¸ ¢ xμ = (¸ ¡ x) ¢ (μ ¡ x) para quaisquer x 2 V e ¸, μ 2 R; 7. ¸ ¡ (x ¢ y) = ¸ ¡ (xy) = (xy)¸ = x¸y¸ = (¸ ¡ x) ¢ (¸ ¡ y) para quaisquer x, y 2 V e ¸ 2 R; 8. 1 ¡ x = x1 = x para qualquer x 2 V.
  • 12. 12 CAP´ITULO 1. ESPAC¸OS VETORIAIS 1.2 Propriedades Das oito propriedades que definem um espac¸o vetorial podemos concluir v´arias outras. Listaremos algumas destas propriedades na seguinte Proposic¸ ˜ao 1.5 Seja V um espac¸o vetorial. Temos 1. Para qualquer ¸ 2 R, ¸0 = 0. 2. Para qualquer u 2 V, 0u = 0. 3. Se ¸u = 0 ent˜ao ¸ = 0 ou u = 0. 4. Para quaisquer ¸ 2 R e u 2 V, (−¸)u = ¸(−u) = −(¸u). 5. Para qualquer u 2 V, −(−u) = u. 6. Se u + w = v + w ent˜ao u = v. 7. Se u, v 2 V ent˜ao existe um ´unico w 2 V tal que u + w = v. Prova: 1. Temos ¸0 = ¸(0 + 0) = ¸0 + ¸0 pelas propriedades EV3 e EV7. Utilizando as propriedades EV1 a EV4 e a notac¸ ˜ao da observac¸ ˜ao 1.3, obtemos 0 = ¸0 + (−(¸0)) = (¸0+¸0)+(−(¸0)) = ¸0+(¸0+(−(¸0))) = ¸0+0 = ¸0, isto ´e ¸0 = 0. 2. Temos 0u = (0 + 0)u = 0u + 0u, pela propriedade EV6. Utilizando as proprie-dades EV1 a EV4 e a notac¸ ˜ao da observac¸ ˜ao 1.3, obtemos 0 = 0u + (−(0u)) = (0u + 0u) + (−(0u)) = 0u + (0u + (−(0u)) = 0u + 0 = 0u, isto ´e, 0u = 0. 3. Se ¸6= 0 ent˜ao pelas propriedades EV8 e EV5 e pelo item 1 desta proposic¸ ˜ao, u = 1u = (¸−1¸)u = ¸−1(¸u) = ¸−10 = 0. 4. Utilizando a propriedade EV6 e o item 2 desta proposic¸ ˜ao, obtemos ¸u+(−¸)u = (¸ + (−¸))u = 0u = 0. Pela observac¸ ˜ao 1.3, −(¸u) = (−¸)u. Analogamente, utilizando-se a propriedade EV7, mostra-se que −(¸u) = ¸(−u). A prova dos outros resultados ´e deixada como exerc´ıcio.
  • 13. 1.3. EXERC´ICIOS 13 1.3 Exerc´ıcios Ex. 1.6 Verifique se em cada um dos itens o conjunto V com as operac¸ ˜oes indicadas ´e um espac¸o vetorial sobre R. 1. V = R3, (x1, y1, z1) + (x2, y2, z2) = (x1 + x2, y1 + y2, z1 + z2); ®(x, y, z) = (®x, ®y, ®z). 2. V = ½µ a −b b a ¶ ; a, b 2 R ¾ , operac¸ ˜oes usuais de M2(R). 3. V = © (x, y) 2 R2; 3x − 2y = 0 ª , operac¸ ˜oes usuais de R2. 4. V = {f : R ! R; f(−x) = f(x), 8x 2 R}, operac¸ ˜oes usuais de func¸ ˜oes. 5. V = P(R) = { polinˆomios com coeficientes reais } , operac¸ ˜oes usuais de fun-c ¸ ˜oes. 6. V = R2, (x1, y1) + (x2, y2) = (2x1 − 2y1, y1 − x1, ®(x, y) = (3®x,−®x.) 7. V = R2, (x1, y1) + (x2, y2) = (x1 + x2, y1 + y2), ®(x, y) = (®x, 0). 8. V = © (x, y, z,w) 2 R4; y = x, z = w2 ª , operac¸ ˜oes usuais de R4. 9. V = R × R¤, (x1, y1) + (x2, y2) = (x1 + x2, y1y2), ®(x, y) = (®x, y®).
  • 14. 14 CAP´ITULO 1. ESPAC¸OS VETORIAIS
  • 15. Cap´ıtulo 2 Subespac¸os Vetoriais 2.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos Definic¸ ˜ao 2.1 Seja V um espac¸o vetorial. Dizemos que W ½ V ´e um subespac¸o veto-rial de V se forem satisfeitas as seguintes condic¸ ˜oes: SV1 0 2 W; SV2 Se u, v 2 W ent˜ao u + v 2 W; SV3 Se u 2 W ent˜ao ¸u 2 W para todo ¸ 2 R. Observac¸ ˜ao 2.2 Note que todo subespac¸o vetorial W de um espac¸o vetorial V ´e ele pr´oprio um espac¸o vetorial. As propriedades comutativa, associativa, distributivas e EV8 s˜ao herdadas do pr´oprio espac¸o vetorial V. O elemento neutro da adic¸ ˜ao ´e um elemento de W por SV1. Finalmente, se u 2 W ent˜ao −u = (−1)u 2 W pelo item 4 da proposic¸ ˜ao 1.5 e por SV3. Observac¸ ˜ao 2.3 Obviamente {0} e V s˜ao subespac¸os vetoriais do espac¸o vetorial V. S˜ao chamados de subespac¸os vetoriais triviais. Observac¸ ˜ao 2.4 Note que W ´e subespac¸o vetorial de V se e somente se s˜ao v´alidas as seguintes condic¸ ˜oes: SV1’ 0 2 W; SV2’ Se u, v 2 W e ¸ 2 R ent˜ao u + ¸v 2 W. 15
  • 16. 16 CAP´ITULO 2. SUBESPAC¸OS VETORIAIS Vejamos alguns outros exemplos: Exemplo 2.5 SejaP¤n ½ Pn, dado porP¤n = {p(x) 2 Pn; p(0) = 0}. Verifiquemos queP¤n ´e, de fato, um subespac¸o vetorial dePn. 1. O polinˆomio nulo se anula em x = 0, logo, pertence aP¤n . 2. Se p(x), q(x) 2 P¤n ent˜ao p(0) + q(0) = 0 e, portanto, p(x) + q(x) 2 P¤n . 3. se p(x) 2 P¤n ent˜ao ¸p(0) = 0 para qualquer ¸ 2 R. Assim, ¸p(x) 2 P¤n . Exemplo 2.6 Verifiquemos que S = {(x, y, z) 2 R3; x + y + z = 0} ´e um subespac¸o vetorial de R3. 1. ´E claro que (0, 0, 0) satisfaz 0 + 0 + 0 = 0. 2. Se (x, y, z), (u, v,w) 2 S ent˜ao (x + u) + (y + v) + (z + w) = (x + y + z) + (u + v + w) = 0 e, portanto, (x, y, z) + (u, v,w) 2 S. 3. se (x, y, z) 2 S ent˜ao ¸x + ¸y + ¸z = ¸(x + y + z) = 0 para qualquer ¸ 2 R. Assim, ¸(x, y, z) 2 S. Exemplo 2.7 Considere o seguinte conjunto S = {y 2 C2(R;R); y00 − y = 0} onde y00 representa a derivada de segunda ordem de y. Verifiquemos que S ´e um subespac¸o vetorial de C2(R;R). 1. Claramente a func¸ ˜ao nula satisfaz 000 − 0 = 0; 2. Se y1, y2 2 S ent˜ao (y1 + y2)00 − (y1 − y2) = (y00 1 − y1) − (y00 2 − y2) = 0. Logo, y1 + y2 2 S. 3. Se y 2 S e ¸ 2 R ent˜ao (¸y)00 − ¸y = ¸(y00 − y) = 0. Portanto, ¸y 2 S. Deixamos como exerc´ıcio a verificac¸ ˜ao de que os seguintes exemplos s˜ao subespac¸os vetoriais dos respectivos espac¸os vetoriais. Exemplo 2.8 Sejam a1, . . . , an 2 R e S = {(x1, . . . , xn) 2 Rn; a1x1 + · · · + anxn = 0}. Mostre que S ´e um subespac¸o vetorial de Rn.
  • 17. 2.2. INTERSEC¸ ˜AO E SOMA DE SUBESPAC¸OS 17 Exemplo 2.9 O conjunto das func¸ ˜oes cont´ınuas da reta na reta, C(R;R), ´e um subespa-c ¸o vetorial de F(R). Exemplo 2.10 O conjunto das func¸ ˜oes f 2 C([a, b];R) tais que R b a f(x)dx = 0 ´e um subespac¸o vetorial de C([a, b];R). Exemplo 2.11 O conjunto das matrizes sim´etricas quadradas de ordem m com coefici-entes reais ´e um subespac¸o vetorial de Mm(R). Exemplo 2.12 Sejam m, n 2 N com m · n. Ent˜aoPm ´e um subespac¸o dePn. 2.2 Intersec¸ ˜ao e Soma de Subespac¸os Proposic¸ ˜ao 2.13 (Intersec¸ ˜ao de subespac¸os) Sejam U eW subespac¸os vetoriais de V. Ent˜ao U W ´e subespac¸o vetorial de V. Prova: 1. Como 0 2 U e 0 2 W ent˜ao 0 2 U W; 2. Se x, y 2 U W e ¸ 2 R ent˜ao x + ¸y 2 U e x + ¸y 2 W. Portanto, x + ¸y 2 U W. Observac¸ ˜ao 2.14 Note que o subespac¸o V W est´a, obviamente, contido em ambos subespac¸os: U e V. Quest˜ao: Com a notac¸ ˜ao da proposic¸ ˜ao acima, podemos afirmar que U [W ´e subespac¸o vetorial de V ? Resposta : N˜ao. Basta considerar V = R2, U = {(x, y) 2 R2; x + y = 0} e W = {(x, y) 2 R2; x − y = 0}. Note que (1,−1) 2 U ½ U [ W e (1, 1) 2 W ½ U [ W mas (1,−1) + (1, 1) = (2, 0)62 U [W. Se U eW s˜ao subespac¸os vetoriais de um espac¸o vetorial V e V 0 ´e um subespac¸o de V que contenha U e W, isto ´e, U [ W ½ V 0 ent˜ao V 0 ter´a que conter todos os vetores da forma u + w, u 2 U e w 2 W. Isto motiva a seguinte Definic¸ ˜ao 2.15 Sejam U e W subespac¸os vetoriais de um espac¸o vetorial V. Definimos a soma de U e W como U +W = {u + w; u 2 U,w 2 W}.
  • 18. 18 CAP´ITULO 2. SUBESPAC¸OS VETORIAIS Proposic¸ ˜ao 2.16 (Soma de subespac¸os) Sejam U,W e V como na definic¸ ˜ao acima. Ent˜ao U +W ´e um subespac¸o vetorial de V. Al´em do mais, U [W ½ U +W. Prova: Verifiquemos que U +W ´e subespac¸o vetorial de V. 1. Como 0 2 U e 0 2 W ent˜ao 0 = 0 + 0 2 U +W; 2. Sejam x1, x2 2 U +W ent˜ao xj = uj +wj , uj 2 U, wj 2 W, j = 1, 2. Agora, se ¸ 2 R ent˜ao x1+¸x2 = u1+w1+¸(u2+w2) = (u1+¸u2)+(w1+¸w2) 2 U+W, pois U e W s˜ao subespac¸os vetoriais. Mostremos que U [ W ½ U + W. Seja v 2 U [ W. Se v 2 U ent˜ao v = v + 0 2 U +W. Se v 2 W ent˜ao v = 0 + v 2 U +W. Ou seja, U [W ½ U +W. Definic¸ ˜ao 2.17 Sejam U e W subespac¸os vetoriais de um espac¸o vetorial V. Dizemos que U +W ´e a soma direta de U eW se U W = {0}. Neste caso usaremos a notac¸ ˜ao U ©W para representar U +W. Observac¸ ˜ao 2.18 Note que trivialmente {0} ½ U W se U e W s˜ao subespac¸os veto-riais. Proposic¸ ˜ao 2.19 (Soma de subespac¸os) Sejam U e W subespac¸os vetoriais de um es-pac ¸o vetorial V. Temos V = U © W se e somente se para cada v 2 V existirem um ´unico u 2 U e um ´unico w 2 W satisfazendo v = u + w. Prova: Suponha que V = U © W, isto ´e, V = U + W e U W = {0}. Ent˜ao, dado v 2 V existem u 2 U e w 2 W satisfazendo v = u + w. Queremos mostrar que tal decomposic¸ ˜ao ´e ´unica. Suponha que existam u0 2 U e w0 2 W tais que v = u0 + w0. Ent˜ao, u + w = u0 + w0, o que implica em u − u0 = w0 − w. Mas u − u0 2 U e w0 − w 2 W e, portanto, u − u0 = w0 − w 2 U W = {0}, ou seja u = u0 e w = w0. Suponha agora que para cada v 2 V existam um ´unico u 2 U e um ´unico w 2 W satisfazendo v = u + w. ´E claro que V = U + W. Resta mostrar que U W = {0}. Obviamente, 0 2 U W. Seja v 2 U W, isto ´e, v 2 U e v 2 W. Ent˜ao, existem um ´unico u 2 U e um ´unico w 2 W satisfazendo v = u + w. Observe que v = u + w = (u + v) + (w − v) com u + v 2 U e w − v 2 W e, pela unicidade da decomposic¸ ˜ao, devemos ter u = u + v e w = w − v, isto ´e, v = 0. Logo, U W = {0}. Alternativamente, poder´ıamos supor a existˆencia de v6= 0 em U W e da´ı ob-ter ´ıamos v = 2v−v = 4v−3v, duas decomposic¸ ˜oes distintas para v j´a que 2v, 4v 2 U, 2v6= 4v e −v,−3v 2 W.
  • 19. 2.2. INTERSEC¸ ˜AO E SOMA DE SUBESPAC¸OS 19 Exemplo 2.20 Verifique que R3 ´e a soma direta de U = {(x, y, z) 2 R3; x+y+z = 0} e W = {(x, y, z) 2 R3; x = y = 0}. Note queW ´e de fato um subespac¸o vetorial de R3 poisW = {(x, y, z) 2 R3; x = 0} {(x, y, z) 2 R3; y = 0} ou, alternativamente, se u1 = (x1, y1, z1), u2 = (x2, y2, z2) 2 W ent˜ao x1 = y1 = x2 = y2 = 0 e u1 +u2 = (0, 0, z1 +z2) ´e claramente um elemento de W. Se ¸ 2 R ent˜ao ¸u1 = ¸(0, 0, z1) = (¸0, ¸0, ¸z1) = (0, 0, ¸z1) 2 W. Finalmente, (0, 0, 0) 2 W, o que conclui a prova de queW ´e um subespac¸o vetorial. Prosseguindo, dado (x, y, z) 2 R3 podemos escrever (x, y, z) = (x, y,−x − y) + (0, 0, z + x + y) e como (x, y,−x − y) 2 U e (0, 0, z + x + y) 2 W obtemos R3 = U +W. Resta agora mostrar que U W = {0}. Seja (x, y, z) 2 U W. Temos 8>< >: x + y + z = 0 x = 0 y = 0 () (x, y, z) = (0, 0, 0). Definic¸ ˜ao 2.21 Sejam U1, . . . ,Un subespac¸os vetoriais de um espac¸o vetorial V. A so-ma de U1 a Un ´e definida por U1 + · · · + Un = {u1 + · · · + un; uj 2 Uj , j = 1, . . . , n}. Definic¸ ˜ao 2.22 Sejam U1, . . . ,Un subespac¸os vetoriais de um espac¸o vetorial V. Dize-mos que a soma de U1 a Un ´e uma soma direta se Uj (U1 + · · · + Uj−1 + Uj+1 + · · · + Un) = {0}, j = 1, . . . n. Neste caso usaremos a notac¸ ˜ao U1 © · · · © Un para denotar a soma de U1 a Un. Observac¸ ˜ao 2.23 ´E ´obvio que 0 2 Uj (U1 + · · · + Uj−1 + Uj+1 + · · · + Un) se U1, . . . ,Un s˜ao subespac¸os vetoriais.
  • 20. 20 CAP´ITULO 2. SUBESPAC¸OS VETORIAIS Proposic¸ ˜ao 2.24 Sejam U1, . . . ,Un subespac¸os vetoriais de um espac¸o vetorial V. En-t ˜ao V = U1©· · ·©Un se e somente se para cada v 2 V existe, para cada j = 1, . . . , n, um ´unico uj 2 Uj tal que v = u1 + · · · + un. Prova: A prova ´e an´aloga `a da proposic¸ ˜ao 2.19. Exemplo 2.25 Mostre que P2 ´e soma direta dos seguintes subespac¸os vetoriais U1 = {a0; a0 2 R}, U2 = {a1x; a1 2 R} e U3 = {a2x2; a2 2 R}. Dado p(x) 2 P2, temos p(x) = a0+a1x+a2x2, para certos coeficientes a0, a1, a2 2 R. Assim,P2 = U1 + U2 + U3. Verifiquemos que a soma ´e direta. 1. Mostremos que U1 (U2 + U3) = {0}. Seja p(x) 2 U1 (U2 + U3). Ent˜ao existem a0, a1, a2 2 R tais que p(x) = a0 = a1x + a2x2. Se p(x) n˜ao fosse o polinˆomio nulo ter´ıamos um polinˆomio de grau 0, a0, coincidindo com um de grau no m´ınimo 1, a1x + a2x2, o que ´e um absurdo. Logo, p(x) = 0. 2. Mostremos que U2(U1+U3) = {0}. Seja p(x) 2 U2(U1+U3). Ent˜ao existem a0, a1, a2 2 R tais que p(x) = a1x = a0 + a2x2. Se p(x) n˜ao fosse o polinˆomio nulo ter´ıamos um polinˆomio de grau 1, a1x, coincidindo com um de grau 0 (caso a2 = 0) ou 2, a0 + a2x2, (caso a26= 0), o que ´e um absurdo. Logo, p(x) = 0. 3. Mostremos que U3(U1+U2) = {0}. Seja p(x) 2 U3(U1+U2). Ent˜ao existem a0, a1, a2 2 R tais que p(x) = a2x2 = a0 + a1x. Se p(x) n˜ao fosse o polinˆomio nulo ter´ıamos um polinˆomio de grau 2, a2x2, coincidindo com um de grau 0 (caso a1 = 0) ou 1, a0 + a1x, (caso a16= 0), o que ´e um absurdo. Logo, p(x) = 0. 2.3 Exerc´ıcios Ex. 2.26 Verifique se em cada um dos itens abaixo o subconjunto W ´e um subespac¸o vetorial do espac¸o vetorial V. Caso n˜ao sejam especificadas, as operac¸ ˜oes s˜ao as usuais. 1. V = M2(R), W = ½µ a b −a c ¶ ; a, b, c,2 R ¾ . 2. V = R4, W = {(x, x, y, y); x, y 2 R} . 3. V = Pn(R),W = {p 2 Pn(R); p(0) = p(1)} .
  • 21. 2.3. EXERC´ICIOS 21 4. V = Mn(R), dada B 2 Mn(R), defina W = {A 2 Mn(R);BA = 0} . 5. V = Rn, W = {(x1, x2, · · · , xn); a1x1 + · · · + anxn = 0} , onde a1, . . . , an 2 R s˜ao dados. 6. V = Mn×1(R), W = {X 2 Mn×1(R);AX = 0} , onde A 2 Mm×n ´e dada. 7. V = Pn(R), W = {p 2 Pn(R); p0(t) = 0, 8t 2 R} . 8. V = Mn(R), W = © A 2 Mn(R);At = A ª . 9. V = Mn(R),W = © A 2 Mn(R);At = −A ª . Ex. 2.27 Diga, em cada um dos itens abaixo, se a afirmac¸ ˜ao ´e verdadeira ou falsa, jus-tificando sua resposta. isto ´e, provando se for verdadeira ou dando um contra-exemplo se for falsa. 1. SeW1 eW2 s˜ao susbespac¸os de um espac¸o vetorial V ent˜aoW1[W2 ´e subespac¸o de V. 2. SejamW1 eW2 subespac¸os de um espac¸o vetorial V. Ent˜aoW1 [W2 ´e subespac¸o de V se, e somente se, W1 µ W2 ou W2 µ W1. (Sugest˜ao: mostre que se W ´e subespac¸o de V e x0, y0 2 V s˜ao tais que x0 2 W e y062 W ent˜ao x0 + y0 /2 W e use-o.) Ex. 2.28 Em cada item abaixo encontrar os subespac¸os U +W e U W, onde U, W s˜ao subespac¸os do espac¸o vetorial V indicado. 1. U = © x, y) 2 R2; y = 0 ª , W = © (x, y) 2 R2; x = 2y ª , V = R2. 2. U = ½µ a 0 0 b ¶ ; a, b 2 R ¾ , W = ½µ 0 c 0 d ¶ ; c, d 2 R ¾ , V = M2(R). 3. V = P3(R), U = {p(t) 2 V ; p00(t) = 0} , W = {q(t) 2 V ; q0(t) = 0} . Ex. 2.29 Verifique em cada um dos itens abaixo se V = U ©W. 1. V = R2, U = © (x, y) 2 R2; 2x + 3y = 0 ª , W = © (x, y) 2 R2; x − y = 0 ª .
  • 22. 22 CAP´ITULO 2. SUBESPAC¸OS VETORIAIS 2. V = M3(R), U = 8< 0 @ : a b 0 0 0 c 0 0 d 9= 1 A; a, b, c, d 2 R ;, W = 8< 0 @ : 0 0 e f g 0 h i 0 9= 1 A; e, f, g, h, i 2 R ;. 3. V = P3(R), U = {p(t) 2 P3(R); p(1) = p(0) = 0} , W = {q(t) 2 P3(R); q0(t) = 0, 8t 2 R} . Ex. 2.30 Em cada um dos itens abaixo, dado U subespac¸o de V , encontrar o subespac¸o suplementar de U, isto ´e, o subespac¸o W de V tal que V = U ©W. 1. V = R3, U = {(x, y, 0); x, y 2 R} . 2. V = P3(R), U = {p(t) 2 P3(R); p00(t) = 0, 8t 2 R} . 3. V = M3(R), U = © A 2 M3(R);At = A ª . 4. V = M2×1(R), U = {X 2 M2×1(R);AX = 0} , onde A = µ 1 1 0 1 ¶ .
  • 23. Cap´ıtulo 3 Combinac¸ ˜oes Lineares 3.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos Definic¸ ˜ao 3.1 Sejam u1, . . . , un elementos de um espac¸o vetorial V. Dizemos que u ´e combinac¸ ˜ao linear de u1, . . . , un se existirem n´umeros reais ®1, . . . , ®n tais que u = ®1u1 + · · · + ®nun Exemplo 3.2 Em P2, o polinˆomio p(x) = 2 + x2 ´e uma combinac¸ ˜ao dos polinˆomios p1(x) = 1, p2(x) = x e p3(x) = x2. Basta ver que p(x) = 2p1(x) + 0p2(x) + p3(x). Exemplo 3.3 Verifique que emP2, o polinˆomio p(x) = 1 + x2 ´e uma combinac¸ ˜ao dos polinˆomios q1(x) = 1, q2(x) = 1 + x e q3(x) = 1 + x + x2. Precisamos encontrar n´umeros reais ®, ¯ e ° tais que p(x) = ®q1(x)+¯q2(x)+°q3(x). Ou seja, precisamos encontrar ®, ¯ e ° satisfazendo 1 + x2 = ® + ¯(1 + x) + °(1 + x + x2) = ® + ¯ + ° + (¯ + °)x + °x2, que ´e equivalente ao sistema 8>< >: ® + ¯ + ° = 1 ¯ + ° = 0 ° = 1 () ® = 1, ¯ = −1 e ° = 1. 23
  • 24. 24 CAP´ITULO 3. COMBINAC¸ ˜OES LINEARES 3.2 Geradores Definic¸ ˜ao 3.4 Sejam V um espac¸o vetorial e S um subconjunto n˜ao vazio de V. Usare-mos o s´ımbolo [S] para denotar o conjunto de todas as combinac¸ ˜oes lineares dos ele-mentos de S. Em outras palavras, u 2 [S] se existirem ®1, . . . , ®n 2 R e u1, . . . , un 2 S tais que u = ®1u1 + · · · + ®nun. Proposic¸ ˜ao 3.5 Sejam V um espac¸o vetorial e S um subconjunto n˜ao vazio de V. Ent˜ao [S] ´e um subespac¸o vetorial de V. Prova: 1. Como S6= ; existe u 2 S. Logo, 0 = 0u 2 [S]. 2. Se u, v 2 [S] ent˜ao existem ®1, . . . , ®n, ¯1, . . . , ¯m 2 R e u1, . . . , un, v1, . . . , vm 2 S tais que u = ®1u1 + · · · + ®nun e v = ¯1v1 + · · · + ¯mvm. Assim, para todo ¸ 2 R, temos u + ¸v = ®1u1 + · · · + ®nun + ¸(¯1v1 + · · · + ¯mvm) = ®1u1 + · · · + ®nun + ¸¯1v1 + · · · + ¸¯mvm 2 [S]. Definic¸ ˜ao 3.6 Sejam S e V como acima. Diremos que [S] ´e o subespac¸o vetorial gerado por S. Os elementos de S s˜ao chamados de geradores de [S]. Se S = {u1, . . . , un} tamb´em usaremos a notac¸ ˜ao [S] = [u1, . . . , un]. Proposic¸ ˜ao 3.7 Sejam S e T subconjuntos n˜ao-vazios de um espac¸o vetorial V. Temos 1. S ½ [S]; 2. Se S ½ T ent˜ao [S] ½ [T]; 3. [[S]] = [S]; 4. Se S ´e um subespac¸o vetorial ent˜ao S = [S]; 5. [S [ T] = [S] + [T]. Prova:
  • 25. 3.2. GERADORES 25 1. Se u 2 S ent˜ao u = 1u 2 [S]; 2. Se u 2 [S] ent˜ao existem ®1, . . . , ®n 2 R e u1, . . . , un 2 S tais que u = ®1u1 + · · · + ®nun. Como S ½ T temos u1, . . . , un 2 T e, portanto, u 2 [T]; 3. Pelo item 1 desta proposic¸ ˜ao, [S] ½ [[S]]. Seja u 2 [[S]]. Segue da definic¸ ˜ao que u ´e uma combinac¸ ˜ao linear de elementos de [S], mas como cada elemento de [S] ´e uma combinac¸ ˜ao linear de elementos de S resulta que u ´e uma combinac¸ ˜ao linear de elementos de S, ou seja, u 2 [S]; 4. Pelo item 1, S ½ [S]. Seja u 2 [S]. Ent˜ao u ´e uma combinac¸ ˜ao linear de elementos de S. Como S ´e um subespac¸o vetorial, esta combinac¸ ˜ao linear ´e um elemento de S; 5. Seja u 2 [S [ T]. Por definic¸ ˜ao, existem ®1, . . . , ®n, ¯1, . . . , ¯m 2 R e u1, . . . , un 2 S e v1, . . . , vm 2 T tais que u = ®1u1 + · · · + ®nun + ¯1v1 + · · · + ¯mvm = (®1u1 + · · · + ®nun) + (¯1v1 + · · · + ¯mvm) 2 [S] + [T]. Reciprocamente, se u 2 [S]+[T] ent˜ao u = v +w com v 2 [S] e w 2 [T]. Dessa forma, existem ®1, . . . , ®p, ¯1, . . . , ¯q 2 R e v1, . . . , vp 2 S e w1, . . . ,wq 2 T tais que u = v + w = ®1v1 + · · · + ®pvp + ¯1w1 + · · · + ¯qwq 2 [S [ T]. Definic¸ ˜ao 3.8 Dizemos que um espac¸o vetorial V ´e finitamente gerado se existir um subconjunto finito S ½ V tal que V = [S]. S˜ao exemplos de espac¸os vetoriais finitamente gerados: 1. Pn(R) = [1, x, . . . , xn]; 2. Rn ´e gerado por e1 = (1, 0, . . . , 0), e2 = (0, 1, 0, . . . , 0), . . . , en = (0, . . . , 0, 1). 3. Mm×n(R) ´e gerado pelas matrizes Ekl = (±(k,l) i,j ), k = 1, . . . ,m, l = 1, . . . n, onde ±(k,l) i,j = ( 1 se (i, j) = (k, l) 0 caso contr´ario .
  • 26. 26 CAP´ITULO 3. COMBINAC¸ ˜OES LINEARES Exemplo 3.9 Seja P(R) o espac¸o vetorial formado por todos os polinˆomios. Afirma-mos queP(R) n˜ao ´e finitamente gerado. Note que Pn(R) ½ P(R) para todo n 2 N. Se P(R) fosse finitamente gerado existi-riam polinˆomios p1(x), . . . , pn(x) tais que P(R) = [p1(x), . . . , pn(x)]. Seja N o grau mais alto dentre os polinˆomios p1(x), . . . , pn(x). ´E evidente que xN+1 n˜ao pode ser es-crito como combinac¸ ˜ao linear de p1(x), . . . , pn(x) e, assim, xN+162 [p1(x), . . . , pn(x)] = P(R). Uma contradic¸ ˜ao. Note que [1, x, x2, . . . ] = Pn(R). Exemplo 3.10 Seja V um espac¸o vetorial gerado por u1, . . . , un. Mostre que se, por exemplo, u1 ´e uma combinac¸ ˜ao linear de u2, . . . , un ent˜ao V ´e gerado por u2, . . . , un. Devemos mostrar que qualquer u 2 V se escreve como uma combinac¸ ˜ao linear de u2, . . . , un. Sabemos que existem ®1, . . . , ®n 2 R tais que u = ®1u1 + · · · + ®nun e existem tamb´em ¯1, . . . , ¯n−1 satisfazendo u1 = ¯1u2 + · · · + ¯n−1un. Combinando estas informac¸ ˜oes, obtemos u = ®1(¯1u2 + · · · + ¯n−1un) + ®2u2 + · · · + ®nun = (®1¯1 + ®2)u2 + · · · + (®1¯n−1 + ®n)un 2 [u2, . . . , un]. Exemplo 3.11 Sejam U = {(x, y, z, t) 2 R4; x − y + t + z = 0} e V = {(x, y, z, t) 2 R4; x+y−t+z = 0}. Encontre um conjunto de geradores para os seguintes subespac¸os vetoriais: U, V, U V e U + V. 1. Se (x, y, z, t) 2 U ent˜ao y = x + z + t e, portanto, (x, y, z, t) = (x, x + z + t, z, t) = x(1, 1, 0, 0) + z(0, 1, 1, 0) + t(0, 1, 0, 1), isto ´e, U = [(1, 1, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1)]. 2. Se (x, y, z, t) 2 V ent˜ao t = x + y + z e, portanto, (x, y, z, t) = (x, y, z, x + y + z) = x(1, 0, 0, 1) + y(0, 1, 0, 1) + z(0, 0, 1, 1), isto ´e, V = [(1, 0, 0, 1), (0, 1, 0, 1), (0, 0, 1, 1)].
  • 27. 3.3. EXERC´ICIOS 27 3. Se (x, y, z, t) 2 U V ent˜ao ( x − y + t + z = 0 x + y − t + z = 0, que implica em x = −z e y = t. Desse modo, (x, y, z, t) = (x, y,−x, y) = x(1, 0,−1, 0) + y(0, 1, 0, 1) e, portanto, U V = [(1, 0,−1, 0), (0, 1, 0, 1)]. 4. Como U + V = [U] + [V ] = [U [ V ], temos que U + V = [(1, 1, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1), (1, 0, 0, 1), (0, 1, 0, 1), (0, 0, 1, 1)] = [(1, 1, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1), (1, 0, 0, 1), (0, 0, 1, 1)]. Observe que (1, 1, 0, 0) = (1, 0, 0, 1) + (0, 1, 1, 0) − (0, 0, 1, 1) e, portanto, U + V = [(0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1), (1, 0, 0, 1), (0, 0, 1, 1)]. Veremos mais adiante que este ´e o n´umero m´ınimo de geradores para o subespac¸o U + V. 3.3 Exerc´ıcios Ex. 3.12 Para cada um dos subconjuntos S µ V , onde V ´e o espac¸o vetorial indicado, encontrar o subespac¸o gerado por S, isto ´e, [S]. 1. S = {(1, 0), (2,−1)} , V = R2. 2. {(1, 1, 1), (2, 2, 0)} , V = R3. © 3. S = 1, t, t2, 1 + t3 ª , V = P3(R).
  • 28. 28 CAP´ITULO 3. COMBINAC¸ ˜OES LINEARES 4. S = ½µ 0 1 0 0 ¶ , µ 0 0 −1 0 ¶¾ , V = M2(R). Ex. 3.13 Em cada um dos itens abaixo encontrar um subconjunto S, finito, que gera o subespac¸o vetorial W do espac¸o vetorial V. 1. W = © (x, y, z) 2 V .= ª . R3; x − 2y = 0 2. W = {p 2 V .= P3(R); p0(t) = 0, 8t 2 R} . 3. W = © A 2 V .= ª . M2(R);At = A 4. W = {X 2 V .= M3×1(R);AX = 0} , onde A = 0 @ 0 1 0 2 1 0 1 1 4 1 A. Ex. 3.14 Encontrar, em cada um dos itens abaixo, os subconjuntos S do espac¸o vetorial V que geram U, W, U W e U +W. 1. U = [(1, 0, 0), (1, 1, 1)], W = [(0, 1, 0), (0, 0, 1)], V = R3. 2. U = © (x, y, z) 2 R3; x + y = 0 ª , W = [(1, 3, 0), (0, 4, 6)], V = R3. 3. U = © A 2 M2(R);At = A µ ª , W = [ 1 1 0 1 ¶ ], V = M2(R). 4. U = [t3 + 4t2 − t + 3, t3 + 5t2 + 5, 3t3], W = [t3 + 4t,t − 1, 1], V = P3(R). Ex. 3.15 Encontrar, em cada um dos itens abaixo, os subconjuntos S do espac¸o vetorial V que geram U, W, U W e U +W. 1. U = [(1, 0, 0), (1, 1, 1)], W = [(0, 1, 0), (0, 0, 1)], V = R3. 2. U = © (x, y, z) 2 R3; x + y = 0 ª , W = [(1, 3, 0), (0, 4, 6)], V = R3. 3. U = © A 2 M2(R);At = A µ ª , W = [ 1 1 0 1 ¶ ], V = M2(R). 4. U = [t3 + 4t2 − t + 3, t3 + 5t2 + 5, 3t3], W = [t3 + 4t,t − 1, 1], V = P3(R).
  • 29. 3.3. EXERC´ICIOS 29 Ex. 3.16 Obtenha o subconjunto formado por vetores do espac¸o vetorial P3(R) que geram os seguintes subespac¸os; 1. U = {p 2 P3(R); p(1) = p(0) = 0} , 2. W = {p 2 P3(R); p00(t) = 0, 8t 2 R} , 3. U W.
  • 30. 30 CAP´ITULO 3. COMBINAC¸ ˜OES LINEARES
  • 31. Cap´ıtulo 4 Dependˆencia Linear 4.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos Definic¸ ˜ao 4.1 Dizemos que uma seq¨uˆencia de vetores u1, . . . , un de um espac¸o vetorial V ´e linearmente independente (l.i., abreviadamente) se a combinac¸ ˜ao linear ®1u1 + · · · + ®nun = 0 s´o for satisfeita quando ®1 = · · · = ®n = 0. Observac¸ ˜ao 4.2 Note que se ®1 = · · · = ®n = 0 ent˜ao ®1u1 + · · · + ®nun = 0, por´em, a rec´ıproca nem sempre ´e v´alida. Basta ver que, por exemplo, em R2 temos (0, 0) = 1(1, 1) + 1(−1,−1). Observac¸ ˜ao 4.3 A noc¸ ˜ao de independˆencia linear para a seq¨uˆencia u1, . . . , un equivale a dizer que se ¯i6= 0 para algum i 2 {1, . . . , n} ent˜ao ¯1u1 + · · · + ¯nun6= 0. Definic¸ ˜ao 4.4 Dizemos que uma seq¨uˆencia u1, . . . , un de um espac¸o vetorial V ´e line-armente dependente (l.d., abreviadamente) se n˜ao for linearmente independente. Observac¸ ˜ao 4.5 A definic¸ ˜ao de dependˆencia linear para a seq¨uˆencia u1, . . . , un ´e equi-valente a dizer que ´e poss´ıvel encontrar n´umeros reais ®1, . . . , ®n n˜ao todos nulos tais que ®1u1 + · · · + ®nun = 0. Exemplo 4.6 O, u1, . . . , un ½ V ´e uma seq¨uˆencia l.d., onde O ´e o elemento neutro do espac¸o vetorial V. Basta verificar que 1O + 0u1 + · · · + 0un = O. 31
  • 32. 32 CAP´ITULO 4. DEPEND ˆENCIA LINEAR Exemplo 4.7 Verifique se a seq¨uˆencia (1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0) ´e linearmente inde-pendente em R3. ´E preciso verificar quais s˜ao as poss´ıveis soluc¸ ˜oes de ®(1, 1, 1) + ¯(1, 1, 0) + °(1, 0, 0) = (0, 0, 0). Isto equivale a resolver o sistema 8>< >: ® + ¯ + ° = 0 ® + ¯ = 0 ° = 0, que possui como ´unica soluc¸ ˜ao, ® = ¯ = ° = 0. Logo, a seq¨uˆencia acima ´e l.i.. Exemplo 4.8 Considere os vetores em R3 dados por u1 = (x1, y1, z1), u2 = (x2, y2, z2) e u3 = (x3, y3, z3). Encontre uma condic¸ ˜ao necess´aria e suficiente para que os vetores u1, u2, u3 sejam linearmente independentes. Vejamos, os vetores acima ser˜ao l.i. se e somente se ®1u1+®2u2+®3u3 = 0 apresentar como ´unica soluc¸ ˜ao ®1 = ®2 = ®3 = 0. Isto ´e equivalente a que o sistema 8>< >: ®1x1 + ®2x2 + ®3x3 = 0 ®1y1 + ®2y2 + ®3y3 = 0 ®1z1 + ®2z2 + ®3z3 = 0 possua soluc¸ ˜ao ´unica e, como se sabe, isto ´e equivalente que a matriz 0 @ x1 x2 x3 y1 y2 y3 z1 z2 z3 1 A possua determinante diferente de zero. Note que as colunas desta matriz s˜ao formadas pelos coeficientes de u1, u2 e u3. O mesmo resultado vale se colocarmos os coeficientes dos vetores u1, u2 e u3 como linhas. Por quˆe?
  • 33. 4.1. INTRODUC¸ ˜AO E EXEMPLOS 33 Exerc´ıcio 4.9 Enuncie e demonstre um resultado an´alogo ao exemplo anterior para uma seq¨uˆencia com n vetores do Rn. Exemplo 4.10 Verifique se as matrizes ¶ , µ 1 0 0 1 ¶ , µ 1 1 0 1 ¶ µ 0 1 0 0 s˜ao linearmente independentes em M2(R). Procuremos as soluc¸ ˜oes de ® µ 1 0 0 1 ¶ + ¯ µ 1 1 0 1 ¶ + ° µ 0 1 0 0 ¶ = µ 0 0 0 0 ¶ , que equivale a µ ® + ¯ ¯ + ° 0 ® + ¯ ¶ = ¶ , µ 0 0 0 0 que possui como soluc¸ ˜ao (®, ¯, °) = (®,−®, ®) para qualquer ® 2 R. Dessa forma, a seq¨uˆencia de matrizes dada ´e linearmente dependente, bastando tomar, por exemplo, ® = 1, ¯ = −1 e ° = 1. Exemplo 4.11 Verifique se as func¸ ˜oes cos e sen s˜ao l.d. em C1(R;R). Como cos e sen s˜ao func¸ ˜oes definidas em R, a combinac¸ ˜ao nula ® cos+¯ sen = 0 significa que ® cos x + ¯ sen x = 0 para todo x 2 R. Em particular, para x = 0 vemos que ® = 0 e para x = ¼/2, vem ¯ = 0. Portanto, cos e sen s˜ao l.i.. Exemplo 4.12 Verifique se as func¸ ˜oes cos2, sen 2, 1 s˜ao l.d. em C1(R;R). Como 1 − cos2 x − sen 2x = 0, para todo x 2 R, resulta que as func¸ ˜oes acima s˜ao l.d.. Exerc´ıcio 4.13 Sejam f(x) = cos 2x, g(x) = cos2 x e h(x) = sen 2x, x 2 R. Mostre que f, g, h s˜ao linearmente dependentes em C1(R;R).
  • 34. 34 CAP´ITULO 4. DEPEND ˆENCIA LINEAR 4.2 Propriedades Proposic¸ ˜ao 4.14 Se u1, . . . , un s˜ao l.d. em um espac¸o vetorial V ent˜ao pelo menos um destes vetores se escreve como combinac¸ ˜ao linear dos outros. Prova: Precisamos mostrar que e u1, . . . , un s˜ao l.d. ent˜ao existem j 2 {1, . . . , n} e n´umeros reais ®1, . . . , ®n−1 tais que uj = ®1u1 + · · · + ®j−1uj−1 + ®juj+1 + · · · + ®n−1un. Como u1, . . . , un s˜ao l.d. existem n´umeros reais ¯1, . . . , ¯n n˜ao todos nulos tais que ¯1u1 + · · · + ¯nun = 0. Desse modo, existe j 2 {1, . . . , n} tal que ¯j6= 0 e, assim, uj = − ¯1 ¯j u1 − · · · − ¯j−1 ¯j uj−1 − ¯j+1 ¯j uj+1 − · · · − ¯n ¯j un. Proposic¸ ˜ao 4.15 Se u1, . . . , un em V s˜ao l.d. ent˜ao qualquer seq¨uˆencia finita de vetores de V que os contenha, tamb´em ser´a l.d.. Prova: Vamos mostrar que se u1, . . . , un, un+1, . . . , um 2V s˜ao tais que u1, . . . , un s˜ao l.d. ent˜ao u1, . . . , un, un+1, . . . , um tamb´em s˜ao linearmente dependentes. Como existem n´umeros reais ¯1, . . . , ¯n n˜ao todos nulos tais que ¯1u1 + · · · + ¯nun = 0, podemos escrever ¯1u1 + · · · + ¯nun + 0un+1 + · · · + 0um = 0 sendo que nesta ´ultima express˜ao nem todos os coeficientes s˜ao nulos. Proposic¸ ˜ao 4.16 Se u1, . . . , un, un+1, . . . , um s˜ao l.i. em um espac¸o vetorial V ent˜ao qualquer subseq¨uˆencia destes vetores tamb´em ´e l.i.. Prova: Basta mostrar que se u1, . . . , un, un+1, . . . , um s˜ao l.i. ent˜ao u1, . . . , un tamb´em s˜ao. Suponha que ¯1u1 + · · · + ¯nun = 0. Mas como ¯1u1 + · · · + ¯nun = ¯1u1 + · · · + ¯nun + 0un+1 + · · · + 0um = 0 e estes vetores s˜ao l.i., segue que ¯1 = · · · = ¯n = 0.
  • 35. 4.3. EXERC´ICIOS 35 Proposic¸ ˜ao 4.17 Se u1, . . . , un s˜ao l.i. em um espac¸o vetorial V e u1, . . . , un, un+1 s˜ao l.d. ent˜ao un+1 ´e combinac¸ ˜ao linear de u1, . . . , un. Prova: Existem ¯1, . . . , ¯n+1 n˜ao todos nulos tais que ¯1u1 · · · + ¯nun + ¯n+1un+1 = 0. Agora, se ¯n+1 = 0 ent˜ao a express˜ao acima ficaria ¯1u1 · · · + ¯nun = 0. Ora, os vetores u1, . . . , un s˜ao l.i. e, assim, dever´ıamos ter tamb´em ¯1 = · · · = ¯n = 0. Uma contradic¸ ˜ao. Proposic¸ ˜ao 4.18 Sejam u1, . . . , un vetores l.i. em um espac¸o vetorial V. Ent˜ao cada vetor v 2 [u1, . . . , un] se escreve de maneira ´unica como v = ®1u1 + · · · + ®nun. Prova: Basta mostrar que se ®1u1 + · · · + ®nun = ¯1u1 + · · · + ¯nun ent˜ao ®j = ¯j , j = 1, . . . , n. Temos (®1 − ¯1)u1 + · · · + (®n − ¯n)un = 0 e como u1, . . . , un s˜ao l.i. ent˜ao ®j − ¯j = 0, isto ´e ®j = ¯j , para todo j = 1, . . . , n. 4.3 Exerc´ıcios Ex. 4.19 Verifique, em cada um dos itens abaixo, se o subconjunto S do espac¸o vetorial V ´e l.i. ou l.d. 1. S = {(1, 2), (−3, 1)} , V = R2. 2. S = © 1 + t − t2, 2 + 5t − 9t2 ª , V = P2(R). 3. S = ½µ −1 1 0 0 ¶ , µ 2 0 −1 0 ¶¾ , V = M2(R). 4. S = {(1, 2, 2,−3), (−1, 4,−2, 0)} , V = R4. 5. S = 8< 0 @ : 1 2 0 3 0 1 0 0 2 1 A, 0 @ −1 −1 −1 0 0 0 1 1 1 1 A, 0 @ 0 0 0 10 5 7 −1 0 1 1 A 9= ;, V = M3(R).
  • 36. 36 CAP´ITULO 4. DEPEND ˆENCIA LINEAR
  • 37. Cap´ıtulo 5 Base, Dimens˜ao e Coordenadas 5.1 Base Definic¸ ˜ao 5.1 Seja V6= {0} um espac¸o vetorial finitamente gerado. Uma base de V ´e uma seq¨uˆencia de vetores linearmente independentes B de V que tamb´em gera V. Exemplo 5.2 Os vetores de B = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} formam uma base de R3. Vˆe-se facilmente que os vetores de B s˜ao l.i. e que todo (x, y, z) 2 R3 se escreve como (x, y, z) = x(1, 0, 0) + y(0, 1, 0) + z(0, 0, 1). Exemplo 5.3 Os vetores e1, · · · , en 2 Rn onde e1 = (1, 0, . . . , 0), e2 = (0, 1, 0, . . . , 0), . . . , en = (0, . . . , 0, 1) formam uma base de Rn. Ex. Resolvido 5.4 Mostre que (1, 1) e (1,−1) formam uma base de R2. Resoluc¸ ˜ao: ´E preciso mostrar que estes vetores s˜ao l.i. e que todo ponto de R2 se escreve como combinac¸ ˜ao linear de (1, 1) e (1,−1). No entanto, se mostrarmos que todo ponto de R2 se escreve de maneira ´unica como combinac¸ ˜ao linear de (1, 1) e (1,−1) j´a estaremos mostrando as duas propriedades ao mesmo tempo. (Por quˆe?) Seja (x, y) 2 R2. O nosso problema se resume em mostrar que existe um ´unico ® 2 R e um ´unico ¯ 2 R satisfazendo (x, y) = ®(1, 1) + ¯(1,−1) = (® + ¯, ® − ¯). Esta ´ultima express˜ao ´e equivalente ao seguinte sistema linear ( ® + ¯ = x ® − ¯ = y. 37
  • 38. 38 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS Resolvendo o sistema obtemos uma unica ´soluc¸ ao ˜dada por ® = (x + y)/2 e ¯ = (x − y)/2. ¤ ½µ ¶ Exemplo 5.5 As matrizes em B = , 1 0 0 0 ¶ , µ 0 1 0 0 ¶ , µ 0 0 1 0 ¶¾ µ 0 0 0 1 formam uma base para M2(R). Exerc´ıcio 5.6 Verifique se os elementos de B = {1 + x, 1 − x, 1 − x2} formam uma base deP2(R). Teorema 5.7 Todo espac¸o vetorial V6= {0} finitamente gerado admite uma base. Em outras palavras, h´a uma seq¨uˆencia de vetores l.i. de V formada por geradores. Prova: Como V6= {0} ´e finitamente gerado existem u1, . . . , un 2 V tais que V = [u1, . . . , un]. Se u1, . . . , un forem l.i., ent˜ao esta seq¨uˆencia ´e uma base de V e n˜ao h´a nada mais a ser provado. Suponhamos que u1, . . . , un sejam l.d.. Podemos supor que uj6= 0, j = 1, . . . ,m. Como u16= 0, u1 ´e l.i. Agora, se todo uj , j = 2, . . . , n puder se escrever como combinac¸ ˜ao linear de u1 ent˜ao V = [u1] e u1 ´e uma base de V. Caso isto n˜ao ocorra, ´e porque existe algum uj , com 2 · j · n tal que u1, uj s˜ao l.i.. Por simplicidade, suponhamos que seja o u2, isto ´e, u1, u2 s˜ao l.i.. Bem, se todos os vetores u3, . . . , un forem combinac¸ ˜oes lineares de u1 e u2 ent˜ao V = [u1, u2] e u1, u2 formam uma base de V. Podemos repetir este processo e como o n´umero de elementos de L = {u1, . . . , un} ´e finito, ele finda. Desse modo, existe uma seq¨uˆencia de vetores l.i. dentre os vetores L que gera V. Esta seq¨uˆencia forma uma base de V. 5.2 Dimens˜ao Teorema 5.8 Em um espac¸o vetorial V6= {0} finitamente gerado toda base possui o mesmo n´umero de elementos. Prova: Sejam u1, . . . , un e v1, . . . , vm bases de um espac¸o vetorial finitamente gerado V. Suponhamos que n > m e mostremos que isto implicar´a que u1, . . . , un s˜ao l.d., o que contraria o fato de formarem uma base. Como os vetores v1, . . . , vm geram V podemos escrever para cada 1 · j · n, uj = ®1jv1 + · · · + ®mjvm.
  • 39. 5.2. DIMENS ˜AO 39 Assim, a combinac¸ ˜ao linear nula x1u1 + · · · + xnun = 0 ´e equivalente a x1 à Xm i=1 ®i1vi ! + · · · + xn à Xm i=1 ®invi ! = 0, ou ainda, 0 Xn @ j=1 xj®1j 1 Av1 + · · · + 0 @ Xn j=1 xj®mj 1 Avm = 0. Como v1, . . . , vm s˜ao l.i. ent˜ao Pn j=1 xj®ij = 0 para todo 1 · i · n. Estasmequac¸ ˜oes representam um sistema linear homogˆeneo com n inc´ognitas. Como n > m, existe uma soluc¸ ˜ao n˜ao trivial, isto ´e, uma soluc¸ ˜ao x1, . . . , xn onde pelo menos um xj ´e diferente de zero. Assim, u1, . . . , un s˜ao l.d., uma contradic¸ ˜ao. Definic¸ ˜ao 5.9 Seja V um espac¸o vetorial finitamente gerado. Se V = {0} definimos a dimens˜ao de V como sendo 0. Se V6= {0} definimos a dimens˜ao de V como sendo o n´umero de elementos de uma base qualquer de V. Usaremos o s´ımbolo dimV para designar a dimens˜ao de V. Definic¸ ˜ao 5.10 Se um espac¸o vetorial n˜ao ´e finitamente gerado dizemos que V possui dimens˜ao infinita. Proposic¸ ˜ao 5.11 Todo espac¸o vetorial de dimens˜ao infinita possui uma infinidade de vetores linearmente independentes. Prova: Seja V um espac¸o vetorial de dimens˜ao infinita. Claramente V6= {0}. Selecione u1 2 V, u16= 0. Como V n˜ao ´e finitamente gerado, V6= [u1]. Assim, podemos tomar u2 2 V tal que u262 [u1]. Desta forma, os vetores u1 e u2 s˜ao linearmente independen-tes. Suponha que tenhamos encontrado vetores u1, . . . , un 2 V linearmente independen-tes. Como V n˜ao ´e finitamente gerado, V6= [u1, . . . , un] e, assim, ´e poss´ıvel escolher un+1 2 V tal que un+162 [u1, . . . , un], isto ´e, os vetores u1, . . . , un, un+1 2 V s˜ao linearmente independentes. Em resumo, existe em V uma seq¨uˆencia infinita de vetores linearmente independen-tes. A seguinte proposic¸ ˜ao ´e um resultado da prova do teorema 5.8.
  • 40. 40 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS Proposic¸ ˜ao 5.12 Em um espac¸o vetorial de dimens˜ao m qualquer seq¨uˆencia de vetores com mais de m elementos ´e linearmente dependente. Corol´ario 5.13 Todo subespac¸o vetorial de um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita tam-b ´em tem dimens˜ao finita. Prova: Seja V um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e W um subespac¸o vetorial de V. Se W tivesse dimens˜ao infinita, pela proposic¸ ˜ao 5.11, existiria uma infinidade de vetores linearmente independentes em W. Como estes vetores tamb´em s˜ao linearmente independentes em V, o n´umero deles deveria ser menor do que a dimens˜ao de V (pela proposic¸ ˜ao 5.12). Uma contradic¸ ˜ao. Exemplo 5.14 dimRn = n. Exemplo 5.15 A dimens˜ao deP(R) ´e infinita. Veja o exemplo 3.9. Exemplo 5.16 dimPn(R) = n + 1. Basta notar que os polinˆomios 1, x, . . . , xn formam uma base dePn(R). Exemplo 5.17 dimMm×n(R) = mn. Note que o as matrizes Ak,l = (±k,l i,j )1·i·m 1·j·n , k = 1, . . . ,m, l = 1, . . . , n onde ±k,l i,j = ( 1 se (i, j) = (k, l) 0 se (i, j)6= (k, l) formam uma base de Mm×n(R). Exerc´ıcio 5.18 A dimens˜ao do espac¸o das matrizes quadradas e sim´etricas de ordem n ´e n(n + 1)/2. Teorema 5.19 (Completamento) Seja V um espac¸o vetorial de dimens˜ao n. Se os veto-res u1, . . . , ur s˜ao l.i. em V com r < n ent˜ao existem ur+1, . . . , un tais que u1, . . . , ur, ur+1, . . . , un formam uma base de V.
  • 41. 5.3. DIMENS ˜AO DE SOMA DE SUBESPAC¸OS VETORIAIS 41 Prova: Como r < n existe ur+1 2 V tal que u1, . . . , ur, ur+1 s˜ao l.i., pois caso contr´ario os vetores u1, . . . , ur formariam uma base de V, o que ´e imposs´ıvel pois dimV = n > r. Se r + 1 = n ent˜ao u1, . . . , ur, ur+1 formam uma base de V que cont´em L. Se r + 1 < n ent˜ao ´e poss´ıvel encontrar ur+2 2 V tal que u1, . . . , ur, ur+1, ur+2 s˜ao l.i., pois caso contr´ario a seq¨uˆencia u1, . . . , ur, ur+1 seria uma base de V, o que ´e imposs´ıvel pois dimV = n > r + 1. Repetindo os argumentos acima, encontramos vetores ur+1, ur+2, . . . , ur+k, onde r + k = n, de forma que u1, . . . , ur, ur+1, . . . , ur+k s˜ao l.i. e, como dimV = n = r +k, segue que esta seq¨uˆencia de vetores ´e uma base de V que cont´em os vetores u1, . . . , ur. Exemplo 5.20 Encontre uma base do R3 que contenha o vetor (1, 1,−1). Como a dimens˜ao de R3 ´e trˆes, precisamos encontrar dois vetores, (a, b, c), (x, y, z), que juntamente com (1, 1,−1) sejam l.i.. Por´em, pelo exemplo 4.8, sabemos que isto ´e equivalente ao determinante de 0 1 a x 1 b y −1 c z @ 1 A que ´e dado por x(b+c)−y(a+c)+z(b−a) seja diferente de zero. H´a uma infinidade de possibilidades para que isto acontec¸a. Por exemplo, tomando (a, b, c) = (0, 1, 1) e (x, y, z) = (0, 0, 1). 5.3 Dimens˜ao de Soma de Subespac¸os Vetoriais Proposic¸ ˜ao 5.21 Seja V um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita. Se U eW s˜ao subespa-c ¸os vetoriais de V ent˜ao dim(U W) + dim(U +W) = dimU + dimW (5.22) Prova: Lembre que todo subespac¸o de um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita tem tam-b ´em dimens˜ao finita. Sejam v1, . . . , vm elementos de uma base de UW. Como estes vetores s˜ao l.i. e per-tencem a U, pelo teorema 5.19, existem u1, . . . , up 2 U tais que u1, . . . , up, v1, . . . , vm
  • 42. 42 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS formam uma base de U. Por outro lado, v1, . . . , vm tamb´em pertencem a W e pelo mesmo teorema ´e poss´ıvel encontrar w1, . . . , wq 2 W de modo que w1, . . . ,wq, v1, . . . , vm formem uma base de W. Com a notac¸ ˜ao usada, temos dim(U W) = m, dimU = m + p e dimW = m + q. Sendo assim, a fim de mostrarmos que 5.22 ´e v´alida, ´e necess´ario e, na verdade, suficiente mostrar que dim(U +W) = m+p+q. Para tanto, basta mostrarmos que os vetores u1, . . . , up,w1, . . . ,wq, v1, . . . , vm (5.23) formam uma base de U +W. Mostremos primeiramente que eles geram U+W : dado v 2 U+W existem u 2 U e w 2 W tais que v = u + w. Como u ´e uma cominac¸ ˜ao linear de u1, . . . , up, v1, . . . , vm e w ´e uma cominac¸ ˜ao linear de w1, . . . ,wq, v1, . . . , vm segue que v = u + w ´e uma cominac¸ ˜ao linear de u1, . . . , up, v1, . . . , vm,1 , . . . ,wq. Portanto, U +W = [u1, . . . , up, v1, . . . , vm,1 , . . . ,wq]. Verifiquemos que os vetores em 5.23 s˜ao l.i.. Suponha que ®1u1 + · · · + ®pup + ¯1w1 + · · · + ¯qwq + ±1v1 + · · · + ±mvm = 0, (5.24) ou seja U 3 ®1u1 + · · · + ®pup + ±1v1 + · · · + ±mvm = −¯1w1 + · · · − ¯qwq 2 W. Logo, −¯1w1 − · · · − ¯qwq 2 U W = [v1, . . . , vm]. Conseq¨uentemente, existem °1, . . . , °m tais que −¯1w1 − · · · − ¯qwq = °1v1 + · · · + °mvm, ou seja, ¯1w1 + · · · + ¯qwq + °1v1 + · · · + °mvm = 0. Como w1, . . . ,wq, v1, . . . , vm s˜ao l.i., pois formam uma base de W, segue-se que °1 = · · · = °m = ¯1 = · · · = ¯q = 0. Assim, a equac¸ ˜ao 5.24 se reduz a ®1u1 + · · · + ®pup + ±1v1 + · · · + ±mvm = 0 e como u1, . . . , up, v1, . . . , vm s˜ao l.i., pois formam uma base de U, segue-se que ®1 = · · · = ®p = ±1 = · · · = ±m = 0, donde se conclui que os vetores de 5.23 s˜ao linearmente independentes.
  • 43. 5.3. DIMENS ˜AO DE SOMA DE SUBESPAC¸OS VETORIAIS 43 Corol´ario 5.25 Seja U um subespac¸o vetorial de um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita V. Se dimU = dimV ent˜ao U = V. Prova: Suponha que exista u1 2 V com u162 U. Coloque W = [u1]. Como U W = {0} e dimW = 1, segue da proposic¸ ˜ao 5.21 que dim(U +W) = dimU + 1 = dimV + 1 > dimV. Um absurdo pois dim(U +W) · dimV. Observac¸ ˜ao 5.26 Note que se V, U e W s˜ao como na proposic¸ ˜ao 5.21 e se al´em do mais tivermos V = U +W e dimU + dimW > dimV ent˜ao U W6= {0}, isto ´e, a soma U +W n˜ao ´e direta. Bem, se fosse U W = {0} ent˜ao pela proposic¸ ˜ao 5.21 ter´ıamos 0 = dim(U W) = dimU + dimW − dim(U +W) = dimU + dimW − dimV > 0, um absurdo. Exemplo 5.27 Sejam U = {p(x) 2 P3(R); p(0) = p(1) = 0} e V = {p(x) 2 P3(R); p(−1) = 0}. Encontre uma base para U, V, U V e U + V. U : Temos p(x) = a0 + a1x + a2x2 + a3x3 2 U () p(0) = p(1) = 0 () ( a0 = 0 a0 + a1 + a2 + a3 = 0 () p(x) = −(a2 + a3)x + a2x2 + a3x3 = a2(x2 − x) + a3(x3 − x). Desse modo, U = [x2 − x, x3 − x] e estes polinˆomios s˜ao l.i. pois como cada um tem um grau distinto do outro, nenhum pode ser m´ultiplo do outro. Assim, x2 −x e x3 − x formam uma base de U.
  • 44. 44 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS V : p(x) = a0 + a1x + a2x2 + a3x3 2 V () p(−1) = 0 () a0 − a1 + a2 − a3 = 0 () p(x) = a0 + (a0 + a2 − a3)x + a2x2 + a3x3 = a0(1 + x) + a2(x2 + x) + a3(x3 − x). Desse modo, V = [1 + x, x2 + x, x3 − x] e estes polinˆomios s˜ao l.i. pois como cada um tem um grau distinto do outro, nenhum pode ser uma combinac¸ ˜ao linear dos outros dois. Portanto, 1 + x, x2 + x e x3 − x formam uma base de V. U V : p(x) = a0 + a1x + a2x2 + a3x3 2 U V () 8>< >: a0 = 0 a0 + a1 + a2 + a3 = 0 a0 − a1 + a2 − a3 = 0 () ( a0 = a2 = 0 a1 = −a3 () p(x) = −a1(x3 − x). Logo, x3 − x ´e uma base de U V. U + V : Temos dim(U +V ) = 2+3−1 = 4 = dimP3(R). Pela proposic¸ ˜ao 5.25 temos que U + V = P3(R) e podemos tomar como base os polinˆomios 1, x, x2 e x3. Exemplo 5.28 Voltemos ao exemplo 3.11. Sabemos que U = [(1, 1, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1)] V = [(1, 0, 0, 1), (0, 1, 0, 1), (0, 0, 1, 1)] U V = [(1, 0,−1, 0), (0, 1, 0, 1)] U + V = [(0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1), (1, 0, 0, 1), (0, 0, 1, 1)] Verifiquemos que os geradores acima s˜ao na verdade bases para os respectivos subespa-c ¸os vetoriais. Para tanto basta verificar que cada seq¨uˆencia de vetores acima ´e l.i.. Analisemos primeiramente para U: se ®(1, 1, 0, 0) + ¯(0, 1, 1, 0) + °(0, 1, 0, 1) = (0, 0, 0, 0)
  • 45. 5.4. COORDENADAS 45 ent˜ao (®, ® + ¯ + °, ¯, °) = (0, 0, 0, 0) que implica em ® = ¯ = ° = 0. Vejamos agora o caso do subespac¸o V : se ®(1, 0, 0, 1) + ¯(0, 1, 0, 1) + °(0, 0, 1, 1) = (0, 0, 0, 0) ent˜ao (®, ¯, °, ® + ¯ + °) = (0, 0, 0, 0) que implica em ® = ¯ = ° = 0. Passemos agora a U V : se ®(1, 0,−1, 0) + ¯(0, 1, 0, 1) = (®, ¯,−®, ¯) = (0, 0, 0, 0) que implica em ® = ¯ = 0. Pela proposic¸ ˜ao 5.21 temos dim(U + V ) = 3 + 3 − 2 = 4. Como (0, 1, 1, 0), (0, 1, 0, 1), (1, 0, 0, 1), (0, 0, 1, 1) geram U + V segue-se do fato da dimens˜ao deste subespac¸o ser quatro que formam uma base para U+V. Como a dimens˜ao de R4 tamb´em e U + V ½ R4, temos pela proposic¸ ˜ao 5.25 que U + V = R4. Note que esta soma n˜ao ´e direta. 5.4 Coordenadas Sejam V um espac¸o vetorial finitamente gerado e B uma base de V formada pelos ve-tores u1, . . . , un. Como B ´e uma base de V, todo elemento de u 2 V se escreve como ®1u1 + · · · + ®nun, com os coeficientes ®1, . . . , ®n 2 R. Pela proposic¸ ˜ao 4.18, os co-eficientes ®1, . . . , ®n s˜ao unicamente determinados pelo vetor u. Estes coeficientes s˜ao denominados coordenas de u com relac¸ ˜ao `a base B. Representaremos as coordenadas de u com relac¸ ˜ao `a base como uB = 0 B@ ®1 ... ®n 1 CA B ou, simplesmente, por 0 B@ ®1 ... ®n 1 CA
  • 46. 46 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS quando B estiver subentendida. Exemplo 5.29 Mostre que os vetores (1, 1, 1), (0, 1, 1) e (0, 0, 1) formam uma base de R3. Encontre as coordenadas de (1, 2, 0) 2 R3 com relac¸ ˜ao `a base B formada pelos vetores acima. J´a sabemos que dimR3 = 3. Para verificar se os vetores acima formam uma base de V, basta verificar se eles s˜ao l.i.. Utilizando o exemplo 4.8 vemos que estes vetores s˜ao de fato l.i. pois a matriz 0 1 0 0 1 1 0 1 1 1 @ 1 A possui determinante igual a 16= 0. Agora, (1, 2, 0) = ®(1, 1, 1) + ¯(0, 1, 1) + °(0, 0, 1) = (®, ® + ¯, ® + ¯ + °) que ´e equivalente ao sistema 8>< >: ® = 1 ® + ¯ = 2 ® + ¯ + ° = 0 cuja (´unica) soluc¸ ˜ao ´e ® = 1, ¯ = 1 e ° = −2. Desse modo, as coordenadas de (1, 2, 0) com relac¸ ˜ao `a base B s˜ao dadas por 0 @ 1 1 −2 1 A B . Exemplo 5.30 Mostre que os polinˆomios 1, x, x2 −x formam uma base, B, deP2(R). Encontre as coordenadas de 1 + x + x2 com relac¸ ˜ao `a base B. Encontre tamb´em as coordenadas deste mesmo polinˆomio com relac¸ ˜ao `a base C formada pelos polinˆomios 1, x e x2. Pa verificar que 1, x, x2−x formam uma base deP2(R) basta mostrar cada p(x) = a0 +a1x+a2x2 2 P2(R) se escreve de maneira ´unica como combinac¸ ˜ao linear de 1, x
  • 47. 5.5. EXERC´ICIOS 47 e x2−x. Isto ´e equivalente a mostrar que a equac¸ ˜ao p(x) = ®1+¯x+°(x2−x) possui uma ´unica soluc¸ ˜ao (®, ¯, °) 2 R3. A equac¸ ˜ao acima se escreve como a0 + a1x + a2x2 = ® + (¯ − °)x + °x2, que ´e equivalente ao sistema 8>< ® = a0 ¯ − ° = a1 ° = a2, >: que possui uma ´unica soluc¸ ˜ao dada por ® = a0, ¯ = a1 + a2, e ° = a2. Com isso em m˜aos, vemos que as coordenadas de 1 + x + x2 com relac¸ ˜ao `a base B s˜ao dadas por 0 @ 1 A 1 2 1 B . Note que com relac¸ ˜ao `a base C formada por 1, x e x2 as coordenadas de 1+x+x2 s˜ao dadas por 0 @ 1 A 1 1 1 C . 5.5 Exerc´ıcios Ex. 5.31 Verificar em cada um dos casos se o subconjunto B do espac¸o vetorial V ´e uma base para V. 1. B = © 1, 1 + t, 1 − t2, 1 − t − t2 − t3 ª , V = P3(R). 2. B = ½µ 1 1 0 0 ¶ , µ 2 1 0 0 ¶ , µ 0 1 1 0 ¶ , µ 0 0 0 2 ¶¾ , V = M2(R). 3. B = {(1, 1, 1, 1), (1, 1, 1, 0), (1, 1, 0, 0), (1, 0, 0, 0)} , V = R4. Ex. 5.32 Encontrar em cada um dos itens abaixo uma base e a dimens˜ao do subespac¸o W do espac¸o vetorial V. 1. W = © (x, y, z, t) 2 R4; x − y = 0 e x + 2y + t = 0 ª , V = R4.
  • 48. 48 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS 2. W = {X 2 M2(R);AX = X} , onde A = µ 1 2 0 1 ¶ , V = M2(R). 3. W = {p 2 P2(R); p00(t) = 0, 8t 2 R} , V = P2(R). Ex. 5.33 Dados U, W subespac¸os do espac¸o vetorial V determinar; i) uma base e a dimens˜ao de U. ii) uma base e a dimens˜ao de W. iii) uma base e a dimens˜ao de U +W. iv) uma base e a dimens˜ao de U W. nos seguintes casos; 1. U = © (x, y, z) 2 R3; x + y + z = 0 ª , W = {(x, y, 0); x, y 2 R} , V = R3. 2. U = {A 2 M2(R); tr(A) = 0} , W = © A 2 M2(R);At = −A ª , V = M2(R). tr(A) ´e a soma dos elementos da diagonal principal de A, chamado de trac¸o de A 3. U = {p(x) 2 P2(R); p0(t) = 0} , W = {p(x) 2 P2(R); p(0) = p(1) = 0} , V = P2(R). Ex. 5.34 Determinar as coordenadas do vetor u = (−1, 8, 5) 2 R3 em relac¸ ˜ao a cada uma das bases de R3 abaixo; 1. base canˆonica 2. {(0, 0, 1), (0, 1, 1), (1, 1, 1)} 3. {(1, 2, 1), (0, 3, 2), (1, 1, 4)} Ex. 5.35 Determinar as coordenadas de p(t) 2 P3(R), dado por p(t) = 10 + t2 + 2t3, t 2 R em relac¸ ˜ao as seguintes bases de P3(R); 1. base canˆonica 2. © 1, 1 + t, 1 + t + t2, 1 + t + t2 + t3 ª 3. © 4 + t, 2, 2 − t2, t + t3 ª
  • 49. 5.5. EXERC´ICIOS 49 Ex. 5.36 Determinar as coordenadas do vetor µ 2 5 −8 7 ¶ 2 M2(R) em relac¸ ˜ao as seguintes bases de M2(R); 1. base canˆonica 2. ½µ 1 0 0 0 ¶ , µ 1 1 0 0 ¶ , µ 1 1 1 0 ¶ , µ 1 1 1 1 ¶¾
  • 50. 50 CAP´ITULO 5. BASE, DIMENS ˜AO E COORDENADAS
  • 51. Cap´ıtulo 6 Mudanc¸a de Base 6.1 Introduc¸ ˜ao, Exemplos e Propriedades Como vimos no exemplo 5.30 as coordenadas de um elemento de um espac¸o vetorial podem variar quando se consideram bases distintas. O que passaremos a estudar agora ´e como esta mudanc¸a ocorre, ou seja, como ´e poss´ıvel encontrar as coordenadas de um vetor com relac¸ ˜ao a uma base sabendo-se suas coordenadas com relac¸ ˜ao a uma outra. Seja V um espac¸o vetorial finitamente gerado. Sejam B e C bases de V formadas pelos vetores b1, . . . , bn e c1, . . . , cn, respectivamente. Como B ´e uma base, existem ®ij 2 R, 1 · i, j · n tais que c1 = ®11b1 + · · · + ®n1bn ... cn = ®1nb1 + · · · + ®nnbn. Desta forma, as coordenadas de c1, . . . , cn, com relac¸ ˜ao `a base B s˜ao, respectivamente, c1B = 0 B@ ®11 ... ®n1 1 CA B , · · · , cnB = 0 B@ ®1n ... ®nn 1 CA B . Reunimos estas informac¸ ˜oes sobre as coordenadas dos vetores da base C com relac¸ ˜ao `a 51
  • 52. 52 CAP´ITULO 6. MUDANC¸A DE BASE base B na seguinte matriz MC B = 0 B@ ®11 · · · ®1n ... . . . ... ®n1 · · · ®nn 1 CA , cujas colunas s˜ao formadas pelas coordenas de c1, . . . , cn com relac¸ ˜ao `a base B. A matriz MC B ´e chamada de matriz mudanc¸a de base da base B para a base C. Antes de mostrarmos a relac¸ ˜ao que existe entreMC B e as coordenadas de um dado ve-tor com relac¸ ˜ao `as bases B e C, vejamos como podemos encontrar a matriz de mudanc¸a de base em um exemplo no R3. Exemplo 6.1 Considere a base B em R3 formada pelos vetores (1, 0, 1), (1, 1, 1) e (1, 1, 2). Considere tamb´em a base C formada pelos vetores (1, 0, 0), (0, 1, 0) e (0, 0, 1). Encontre MC B . Precisamos resolver (1, 0, 0) = ®11(1, 0, 1) + ®21(1, 1, 1) + ®31(1, 1, 2) (0, 1, 0) = ®12(1, 0, 1) + ®22(1, 1, 1) + ®32(1, 1, 2) (0, 0, 1) = ®13(1, 0, 1) + ®23(1, 1, 1) + ®33(1, 1, 2) () (®11 + ®21 + ®31, ®21 + ®31, ®11 + ®21 + 2®31) = (1, 0, 0) (®12 + ®22 + ®32, ®22 + ®32, ®12 + ®22 + 2®32) = (0, 1, 0) (®13 + ®23 + ®33, ®23 + ®33, ®13 + ®23 + 2®33) = (0, 0, 1). Um momento de reflex˜ao nos poupar´a um pouco de trabalho neste ponto. Note que cada linha acima representa um sistema de trˆes equac¸ ˜oes com trˆes inc´ognitas e que a matriz associada a cada um destes sistemas ´e a mesma. O que muda s˜ao os nomes das vari´aveis e o segundo membro. Utilizando como vari´aveis x, y e z, basta resolvermos o seguinte sistema 0 1 1 1 0 1 1 1 1 2 @ 1 A 0 @ 1 A = x y z 0 @ 1 A a b c onde a, b, c 2 R. O sistema acima ´e equivalente a 0 @ 1 A 1 1 1 0 1 1 0 0 1 0 @ 1 A = x y z 0 @ 1 A a b c − a
  • 53. 6.1. INTRODUC¸ ˜AO, EXEMPLOS E PROPRIEDADES 53 cuja ´unica soluc¸ ˜ao ´e dada por x = a − b, y = a + b − c e z = c − a. Tomando (a, b, c) = (1, 0, 0) obtemos (®11, ®21, ®31) = (1, 1,−1). Tomando (a, b, c) = (0, 1, 0) obtemos (®12, ®22, ®32) = (−1, 1, 0). Tomando (a, b, c) = (0, 0, 1) obtemos (®13, ®23, ®33) = (0,−1, 1). Desta forma, obtemos MC B = 0 @ 1 A. 1 −1 0 1 1 −1 −1 0 1 Exerc´ıcio 6.2 Com as notac¸ ˜oes do exemplo acima, encontre MB C . Vejamos agora como as coordenadas de um vetor se relacionam com respeito a duas bases de um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita. Sejam B e C bases de um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita V formadas, respecti-vamente, pelos vetores b1, . . . , bn e c1, . . . , cn. Dado um vetor v em V sejam vB = 0 B@ x1 ... xn 1 CA B e vC = 0 B@ y1 ... yn 1 CA C as suas coordenadas com relac¸ ˜ao `as bases B e C, respectivamente. Se MC B = (®ij) representa a matriz de mudanc¸a da base B para base C, ent˜ao como cj = Pn i=1 ®ijbi, j = 1, . . . , n, obtemos v = Xn i=1 xibi = Xn j=1 yjcj = Xn j=1 yj à Xn i=1 ®ijbi ! = Xn i=1 0 @ Xn j=1 ®ijyj 1 Abi onde na ultima ´igualdade Pinvertemos a ordem da soma. Como os vetores b1, . . . , bn sao ˜l.i., segue-se que xi = n j=1 ®ijyj , i = 1, . . . , n. Por´em, estas ´ultimas n equac¸ ˜oes podem ser escritas na seguinte f´ormula matricial 0 B@ ®11 ®12 · · · ®1n ... ... . . . ... ®n1 ®n2 · · · ®nn 1 0 B@ CA y1 ... yn 1 CA = 0 B@ x1 ... xn 1 CA , ou mais simplesmente, uB = MC B uC. Resumiremos este resultado na seguinte
  • 54. 54 CAP´ITULO 6. MUDANC¸A DE BASE Proposic¸ ˜ao 6.3 Sejam B e C bases de um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita V. Se uB e uC representam as coordenadas de um dado vetor v 2 V com relac¸ ˜ao `as bases B e C, respectivamente e se MC B ´e a matriz de mudanc¸a de base da base B para a base C ent˜ao vB = MC B vC. Exemplo 6.4 Fixado µ 2 R, considere os vetores u1 = (cos µ, sen µ) e u2 = (−sen µ, cos µ) em R2. Mostre que estes vetores formam uma base, B, de R2 e encontre a matriz de mudanc¸a desta base para a base C formada pelos vetores e1 = (1, 0) e e2 = (0, 1). Encontre as coordenadas do vetor u = ae1 + be2 com relac¸ ˜ao `a base B. Como a dimens˜ao de R2 ´e dois basta mostrar que u1 e u2 s˜ao l.i.. Se ®(cos µ, sen µ) +¯(−sen µ, cos µ) = (0, 0) ent˜ao ( ® cos µ − ¯ sen µ = 0 ® sen µ + ¯ cos µ = 0 () ® = ¯ = 0, pois det µ cos µ −sen µ sen µ cos µ ¶ = 16= 0. B ser´a dada por (®ij), onde A matriz MC (1, 0) = ®11(cos µ, sen µ) + ®21(−sen µ, cos µ) (0, 1) = ®12(cos µ, sen µ) + ®22(−sen µ, cos µ), que ´e equivalente a (1, 0) = (®11 cos µ − ®21 sen µ, ®11 sen µ + ®21 cos µ) (0, 1) = (®12 cos µ − ®22 sen µ, ®12 sen µ + ®22 cos µ), e como j´a visto antes, basta resolver o sistema µ cos µ −sen µ sen µ cos µ ¶µ ¶ x y = µ ® ¯ ¶
  • 55. 6.1. INTRODUC¸ ˜AO, EXEMPLOS E PROPRIEDADES 55 cuja soluc¸ ˜ao ´e dada por µ x y ¶ = µ cos µ sen µ −sen µ cos µ ¶µ ® ¯ ¶ = µ ® cos µ + ¯ sen µ ¯ cos µ − ® sen µ ¶ . Fazendo (®, ¯) = (1, 0) obtemos (®11, ®21) = (cos µ,−sen µ). Colocando (®, ¯) = (0, 1), temos (®12, ®22) = ( sen µ, cos µ). Assim, MC B = µ cos µ sen µ −sen µ cos µ ¶ . Agora, se uB representa as coordenadas de u = ae1 + be2 com relac¸ ˜ao `a base B e uC as coordenadas do mesmo vetor com relac¸ ˜ao `a base C, pela proposic¸ ˜ao 6.3 temos uB = MC B uC = µ cos µ sen µ −sen µ cos µ ¶µ ¶ a b = µ a cos µ + b sen µ b cos µ − a sen µ ¶ . Proposic¸ ˜ao 6.5 Sejam B, C e D bases de um espac¸o vetorial n dimensional. Temos MD B = MC BMD C . Prova: Sejam b1, . . . , bn os vetores de B, c1, . . . , cn os vetores de C e d1, . . . , dn os vetores de D. Usando a notac¸ ˜ao MC B = (®ij), MD C = (¯ij) e MD B = (°ij) vemos que cj = Xn i=1 ®ijbi, dk = Xn j=1 ¯jkcj , dk = Xn i=1 °ikbi. (6.6) Assim, dk = Xn j=1 ¯jkcj = Xn j=1 ¯jk à Xn i=1 ®ijbi ! = Xn i=1 0 @ Xn j=1 ®ij¯jk 1 Abi, como b1, . . . , bn s˜ao l.i., comparando com a ´ultima express˜ao de 6.6, obtemos °ik = Xn j=1 ®ij¯jk, 1 · i, k · n. Resta apenas lembrar que o lado direito da express˜ao acima representa o elemento da i-´esima linha e da k-´esima coluna da matriz MC BMD C . Portanto, MD B = MC BMD C .
  • 56. 56 CAP´ITULO 6. MUDANC¸A DE BASE Proposic¸ ˜ao 6.7 Sejam B e C bases em um espac¸o vetorial de n dimensional V. Ent˜ao a matriz MC B possui inversa e esta inversa ´e dada por MB C , a matriz de mudanc¸a da base C para a base B. Prova: Pela proposic¸ ˜ao anterior temosMC BMB C = MB B eMB CMC B = MC C . resta mostrar que MB B = MC C = I = (±ij), onde ±ij = ( 1 se i = j 0 caso contr´ario, ´e a matriz identidade de ordem n. ´E B = I e isto ´e claro que basta mostrar que MB bem simples, pois se u1, . . . , un s˜ao os vetores da base B ent˜ao MB B = (®ij) satisfaz uj = Pn i=1 ®ijui, j = 1, . . . , n. Ora, como u1, . . . , un s˜ao l.i., para cada j = 1, . . . , n, a ´unica soluc¸ ˜ao de cada uma destas equac¸ ˜oes ´e dada por ®ij = ( 1 se i = j 0 caso contr´ario, ou seja, ®ij = ±ij . Exerc´ıcio 6.8 Utilize a proposic¸ ˜ao acima para refazer o exerc´ıcio 6.2. 6.2 Exerc´ıcios Ex. 6.9 Considere as bases B = {e1, e2, e3} e C = {g1, g2, g3} de um espac¸o vetorial V relacionadas da seguinte forma8< : g1 = e1 + e2 − e3 g2 = 2e2 + 3e3 g3 = 3e1 + e3 1. Determine as matrizes mudanc¸a da base B para a base C, isto ´e, MC B , e da base C para a base B, isto ´e, MB C . 2. Se a matriz das coordenadas do vetor v em relac¸ ˜ao a base B, isto ´e, (v)B, ´e dada por 0 @ 1 3 2 1 A encontre a matriz das coordenadas de v em relac¸ ˜ao a base C, isto ´e, (v)C.
  • 57. 6.2. EXERC´ICIOS 57 3. Se a matriz das coordenadas do vetor v em relac¸ ˜ao a base C, isto ´e, (v)C, ´e dada por 0 @ 2 3 −1 1 A encontre a matriz das coordenadas de v em relac¸ ˜ao a base B, isto ´e, (v)B. Ex. 6.10 Considere as bases ordenadas B = © 1, 1 + t, 1 + t2 ª e C = © 1, t, t2 ª de P2(R). 1. Encontre as matrizes de mudanc¸a da base B para a base C, isto ´eMC B , e da base C para a base B, isto ´e MB C . 2. Se (v)B = 0 @ 1 −4 6 1 A encontre (v)C. 3. Se (v)C = 0 @ 8 −1 3 1 A encontre (v)B. 4. Se D = © 1, t, t2 ª ´e a base canˆonica de P2(R), encontre as matrizes de mudanc¸a da base B para a base D e da base D para a base C, isto ´e, MBD e MDC, respectivamente. Ex. 6.11 Considere o seguinte subespac¸o de M2(R); W = ½µ x y z t ¶ 2 M2(R); x − y − z = 0 ¾ . 1. Mostre que B = ½µ 1 1 0 0 ¶ , µ 1 0 1 0 ¶ , µ 0 0 0 1 ¶¾ e C = ½µ 1 0 1 0 ¶ , µ 0 −1 1 0 ¶ , µ 0 0 0 1 ¶¾ s˜ao bases de W. 2. Encontre as matrizes de mudanc¸a da base B para a base C e da base C para a base B, isto ´e, MC B e MB C , respectivamente.
  • 58. 58 CAP´ITULO 6. MUDANC¸A DE BASE 3. Encontre uma base D de W, tal que a matriz P = 0 @ 1 1 0 0 0 2 0 3 1 1 A seja a matriz de mudanc¸a da base D para a base B, isto ´e, P = MB D.
  • 59. Cap´ıtulo 7 Exerc´ıcios Resolvidos – Uma Revis˜ao Ex. Resolvido 7.1 Verifique se V = {(x, y, z,w) 2 R4; y = x, z = w2} com as operac¸ ˜oes usuais de R4 ´e um espac¸o vetorial. Resoluc¸ ˜ao: Note que (0, 0, 1, 1) 2 V mas −1(0, 0, 1, 1) = (0, 0,−1,−1)62 V. Assim, V n˜ao ´e um espac¸o vetorial. ¤ Ex. Resolvido 7.2 Seja A 2 Mn(R) uma matriz quadrada de ordem n. Verifique se W = {X 2 Mn×1(R);AX = 0} ´e um subespac¸o vetorial de Mn×1(R), com as operac¸ ˜oes usuais. Resoluc¸ ˜ao: 1. Seja O = (0) a matriz n × 1 nula. Como AO = O, temos que O 2 W. 2. Se X, Y 2 W e ¸ 2 R, ent˜ao, pelas propriedades da soma e da multiplicac¸ ˜ao por escalar usuais entre as matrizes e, tamb´em, pelas propriedades do produto entre matrizes, temos A(X + ¸Y ) = AX + A(¸Y ) = AX + ¸AY = O + ¸O = O. Portanto X + ¸Y 2 W. Conclu´ımos que W ´e um subespac¸o vetorial de Mn×1(R). ¤ 59
  • 60. 60 CAP´ITULO 7. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS – UMA REVIS ˜AO Ex. Resolvido 7.3 Encontre o subespac¸o vetorial de P3(R) gerado por S = {1, t, t2, 1 + t3}. Resoluc¸ ˜ao: Note que t3 = (t3 + 1) − 1. Assim, dado p(t) = a0 + a1t + a2t2 + a3t3 2 P3(R) podemos escrever p(t) = (a0 − a3) + a1t + a2t2 + a3(t3 + 1) 2 [S]. Logo, P3(R) = [S]. ¤ Ex. Resolvido 7.4 Encontre o subespac¸o vetorial de M2(R) gerado por S = ½µ 0 1 0 0 ¶ , µ 0 0 −1 0 ¶¾ Resoluc¸ ˜ao: Temos que A 2 [S] se e somente se existem ®, ¯ 2 R tais que A = ® µ 0 1 0 0 ¶ + ¯ µ 0 0 −1 0 ¶ = µ 0 ® −¯ 0 ¶ , ou seja, A 2 [S] se e somente se os elementos da diagonal principal de A s˜ao nulos. ¤ Ex. Resolvido 7.5 Encontre um conjunto finito de geradores para W = {X 2 M3×1(R) : AX = 0}, onde A = 0 @ 0 1 0 2 1 0 1 1 4 1 A. Resoluc¸ ˜ao: X = 0 @ ® ¯ ° 1 A 2 W () 0 @ 1 A 0 1 0 2 1 0 1 1 4 0 @ ® ¯ ° 1 A = 0 @ 1 A 0 0 0 () 0 @ 1 A 1 1 4 2 1 0 0 1 0 0 @ ® ¯ ° 1 A = 0 @ 0 0 0 1 A () 0 @ 1 1 4 0 −1 −4 0 1 0 1 A 0 @ ® ¯ ° 1 A = 0 @ 0 0 0 1 A () 0 @ 1 A 1 1 4 0 1 4 0 1 0 0 @ ® ¯ ° 1 A = 0 @ 1 A () 0 0 0 0 @ 1 1 4 0 1 4 0 0 −4 1 A 0 @ ® ¯ ° 1 A = 0 @ 1 A 0 0 0
  • 61. 61 () 0 @ 1 A 1 1 4 0 1 4 0 0 1 0 @ ® ¯ ° 1 A = 0 @ 1 A () ® = ¯ = ° = 0, 0 0 0 portanto, W = 8< : 0 @ 1 A 0 0 0 9= ;. ¤ Ex. Resolvido 7.6 Encontre um conjunto finito de geradores para W = {X 2 M4×1(R) : AX = 0}, onde A = 0 BB@ 1 1 −1 0 2 0 1 1 3 1 0 1 0 −2 3 1 1 CCA . Resoluc¸ ˜ao: X = 0 BB@ ® ¯ ° ± 1 CCA 2 W () 0 BB@ 1 1 1 −1 0 2 0 1 1 3 1 0 1 0 −2 3 1 CCA 0 BB@ ® ¯ ° ± 1 CCA = 0 0 0 0 0 BB@ 1 CCA () 0 BB@ 1 1 −1 0 0 −2 3 1 0 −2 3 1 0 −2 3 1 1 CCA 0 BB@ ® ¯ ° ± 1 CCA = 0 0 0 0 0 BB@ 1 CCA () 0 1 1 −1 0 0 −2 3 1 0 0 0 0 0 0 0 0 BB@ 1 CCA 0 BB@ ® ¯ ° ± 1 CCA = 0 0 0 0 0 BB@ 1 CCA () 0 BB@ 1 1 −1 0 0 1 −3/2 −1/2 0 0 0 0 0 0 0 0 1 CCA 0 ® ¯ ° ± BB@ 1 CCA = 0 0 0 0 0 BB@ 1 CCA () 0 BB@ 1 0 1/2 1/2 0 1 −3/2 −1/2 0 0 0 0 0 0 0 0 1 CCA 0 ® ¯ ° ± BB@ 1 CCA = 0 0 0 0 0 BB@ 1 CCA
  • 62. 62 CAP´ITULO 7. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS – UMA REVIS ˜AO () ( ® = −°/2 − ±/2 ¯ = 3°/2 + ±/2 , isto ´e, X = 0 BB@ −°/2 − ±/2 3°/2 + ±/2 ° ± 1 CCA = ° 0 −1/2 3/2 1 0 BB@ 1 CCA + ± 0 −1/2 1/2 0 1 BB@ 1 CCA , portanto, W = 0 2 BB@ 664 −1/2 3/2 1 0 1 CCA , 0 BB@ 1 −1/2 1/2 0 1 CCA 3 775 . ¤ Ex. Resolvido 7.7 Encontre uma base para o subespac¸o vetorial de R3 dado por U = [(1, 0, 1), (1, 2, 0), (0, 2,−1)]. Resoluc¸ ˜ao: Primeiro Modo: (x, y, z) 2 U se e somente se existem ®, ¯, ° 2 R tais que ®(1, 0, 1) + ¯(1, 2, 0) + °(0, 2,−1) = (x, y, z), ou seja, (x, y, z) 2 U se e somente se o sistema abaixo admite soluc¸ ˜ao 0 @ 1 1 0 0 2 2 1 0 −1 1 A 0 @ ® ¯ ° 1 A = 0 @ 1 A () x y z 0 @ 1 1 0 0 2 2 0 −1 −1 1 A 0 @ ® ¯ ° 1 A = 0 @ 1 A x y z − x 0 @ 1 1 0 0 1 1 0 −1 −1 1 A 0 @ ® ¯ ° 1 A = 0 @ 1 A () x y/2 z − x 0 @ 1 A 1 1 0 0 1 1 0 0 0 0 @ ® ¯ ° 1 A = 0 @ x y/2 z − x + y/2 1 A () 0 @ 1 0 −1 0 1 1 0 0 0 1 A 0 @ ® ¯ ° 1 A = 0 @ x − y/2 y/2 z − x + y/2 1 A
  • 63. 63 que possui soluc¸ ˜ao, e esta ´e dada por ® = ° + x − y/2, ¯ = −° + y/2, ° 2 R, se e somente se z = x − y/2. Dessa forma, (x, y, z) = (° + x − y/2)(1, 0, 1) + (−° + y/2)(1, 2, 0) + °(0, 2,−1) = = (x, y, x − y/2) = x(1, 0, 1) + y(0, 1,−1/2) e como (1, 0, 1), (0, 1,−1/2) (7.8) s˜ao l.i., segue-se que formam uma base de U. SegundoModo: Note que os vetores (1, 0, 1) e (1, 2, 0) s˜ao l.i. e pertencem a U. Vejamos se estes vetores juntamente com (0, 2,−1) s˜ao l.d. ou l.i.: ®(1, 0, 1) + ¯(1, 2, 0) + °(0, 2,−1) = (0, 0, 0) () (® + ¯, 2¯ + 2°, ® − °) = (0, 0, 0) () 8>< >: ® + ¯ = 0 ¯ + ° = 0 ® − ° = 0 () ® = −¯ = °, ou seja, os vetores (1, 0, 1), (1, 2, 0), (0, 2,−1) s˜ao l.d.. Portanto, (1, 0, 1), (1, 2, 0) (7.9) formam uma base de U. Embora as bases 7.8 e 7.9 n˜ao coincidam, ambas est˜ao corretas. Basta observar que (1, 2, 0) = (1, 0, 1) + 2(0, 1,−1/2). ¤ Ex. Resolvido 7.10 Dados U = {A 2 M2(R) : At = A} e W = ·µ 1 1 0 1 ¶¸ , em M2(R), encontre uma base para U,W, U W e U +W, no caso em que n˜ao se reduzam a {0}. Resoluc¸ ˜ao:
  • 64. 64 CAP´ITULO 7. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS – UMA REVIS ˜AO U : A = µ a b c d ¶ () c = b, portanto, A 2 U se e somente se existirem ®, ¯, ° 2 R tais que A = ® µ 1 0 0 0 ¶ + ¯ µ 0 1 1 0 ¶ + ° µ 0 0 0 1 ¶ . A mesma equac¸ ˜ao acima tomada com A = 0, mostra que as matrizes µ 1 0 0 0 ¶ , µ 0 1 1 0 ¶ , µ 0 0 0 1 ¶ s˜ao l.i. e, portanto, como geram U, formam uma base de U. Note que dimU = 3. W : Como a matriz µ ¶ 1 1 0 1 gera W e ´e n˜ao nula, ela serve de base para W. Note que dimW = 1. U W : A 2 U W () A = At e existe ¸ 2 R tal que A = µ ¸ ¸ 0 ¸ ¶ , isto ´e, se e somente se existir ¸ 2 R tal que µ ¸ ¸ 0 ¸ ¶ = µ ¸ 0 ¸ ¸ ¶ , que ´e satisfeita se e somente se ¸ = 0, ou seja, A = O. Desse modo, U W = {O} e dim(U W) = 0. U +W : Temos dim(U +W) = dimU + dimW − dim(U W) = 4 = dimM2(R); portanto, U +W = M2(R) e uma base pode ser dada por µ 1 0 0 0 ¶ , µ 0 1 0 0 ¶ , µ 0 0 1 0 ¶ , µ 0 0 0 1 ¶ . ¤
  • 65. 65 Ex. Resolvido 7.11 Sejam U = {p 2 P2(R) : p0(t) = 0, 8t 2 R}, W = {p 2 P2(R) : p(0) = p(1) = 0} subespac¸os vetoriais de V = P2(R). Encontre uma base para U, W, U W e U +W, no caso em que n˜ao se reduzam a {0}. U : p(t) = a0 + a1t + a2t2 2 U () p0(t) = a1 + 2a2t = 0 () a1 = a2 = 0 () p(t) = a0 () p(t) 2 [1]. Logo, 1 ´e uma base de U e dimU = 1. W : p(t) = a0 + a1t + a2t2 2 U () ( p(0) = a0 = 0 p(1) = a0 + a1 + a2 = 0 () p(t) = a1t − a1t2 = a1(t − t2), isto ´e, p(t) 2 [t − t2]. Assim t − t2 ´e uma base de W e dimW = 1. U W : p(t) 2 U W = [1] [t − t2] se e somente se existem ¸, μ 2 R tais que p(t) = ¸ = μ(t − t2). Claramente, isto s´o ´e poss´ıvel quando ¸ = μ = 0, ou seja, quando p(t) = 0. Assim, U W = {0} e dimU W = 0. U +W : Temos dim(U +W) = dimU + dimW − dim(U W) = 1 + 1 − 0 = 2 e como a soma ´e direta podemos tomar 1, t − t2 como base de U W. ¤ Ex. Resolvido 7.12 Seja V um espac¸o vetorial. Sejam B e C bases de V formadas pelos vetores e1, e2, e3 e g1, g2, g3, respectivamente, relacionados da seguinte forma: 8< : g1 = e1 + e2 − e3 g2 = 2e2 + 3e3 g3 = 3e1 + e3 1. Determine as matrizes de mudanc¸a da base B para a base C, isto ´e, MC B , e da base C para a base B, isto ´e, MB C . 2. Se as coordenadas do vetor v em relac¸ ˜ao a base B, 0 isto e´, vB, sa˜o dadas por @ 1 3 2 1 A encontre as coordenadas de v em relac¸ ˜ao a base C, isto ´e, vC.
  • 66. 66 CAP´ITULO 7. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS – UMA REVIS ˜AO 3. Se as coordenadas do vetor v em relac¸ ˜ao a base C, 0 isto e´, vC, sa˜o dadas por @ 2 3 −1 1 A encontre as coordenadas de v em relac¸ ˜ao a base B, isto ´e, vB. Resoluc¸ ˜ao: 1. Temos MC B = 0 @ 1 A. 1 0 3 1 2 0 −1 3 1 Como MB C = ¡ MC B ¢ −1 , passemos a encontrar a inversa de MC B : 0 CCA » BB@ 1 0 3 ... 1 1 0 0 1 2 0 ... CCA 0 1 0 −1 3 1 ... 0 0 1 » 0 BB@ 1 0 3 ... 1 1 0 0 0 2 −3 ... −1 1 0 0 3 4 ... 1 0 1 0 1 0 3 BB@ ... 1 1 0 0 0 1 −3 2 ... −1 2 CCA 1 2 0 0 3 4 ... 1 0 1 » 0 1 0 3 BB@ ... 1 1 0 0 0 1 −3 2 ... −1 2 CCA 1 2 0 0 0 17 2 ... 5 2 −3 2 1 » 0 BB@ 1 0 3 ... 1 0 0 0 1 −3 2 ... −1 2 1 2 0 0 0 1 ... 5 17 − 3 17 2 17 1 CCA » 0 BB@ 1 0 0 ... 2 17 9 17 − 6 17 0 1 0 ... − 1 17 4 17 3 17 0 0 1 ... 5 17 − 3 17 2 17 1 CCA Portanto, MB C = 0 @ 2 17 9 17 − 6 17 − 1 17 4 17 3 17 5 17 − 3 17 2 17 1 A 2. Como vC = MB C vB, vC = 0 @ 2 17 9 17 − 6 17 − 1 17 4 17 3 17 5 17 − 3 17 2 17 1 A 0 @ 1 A = 1 3 2 0 @ 1 A. 1 1 0
  • 67. 67 3. Como vB = MC B vC, vB = 0 @ 1 0 3 1 2 0 −1 3 1 1 A 0 @ 2 3 −1 1 A = 0 @−1 8 6 1 A. ¤ Ex. Resolvido 7.13 Considere o seguinte subespac¸o de M2(R): W = ½µ x y z t ¶ 2 M2(R); x − y − z = 0 ¾ . a) Mostre que B dada pelas matrizes B1 = µ 1 1 0 0 ¶ ,B2 = µ 1 0 1 0 ¶ ,B3 = µ 0 0 0 1 ¶ e C dada pelas matrizes C1 = µ 1 0 1 0 ¶ ,C2 = µ 0 −1 1 0 ¶ ,C3 = µ 0 0 0 1 ¶ s˜ao bases de W. b) Encontre as matrizes de mudanc¸a da base B para a base C e da base C para a base B. c) Encontre uma base D de W, tal que a matriz P = 0 @ 1 1 0 0 0 2 0 3 1 1 A seja a matriz de mudanc¸a da base D para a base B, isto ´e, P = MB D. Resoluc¸ ˜ao: a) A = µ x y z t ¶ 2 W () x = y + z.
  • 68. 68 CAP´ITULO 7. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS – UMA REVIS ˜AO Assim, A 2 W se e somente se existirem x, y, z 2 R tais que A = y µ 1 1 0 0 ¶ + z µ 1 0 1 0 ¶ + t µ 0 0 0 1 ¶ , (7.14) isto ´e, W = ·µ ¶ , 1 1 0 0 µ 1 0 1 0 ¶ , µ 0 0 0 1 ¶¸ . A equac¸ ˜ao 7.14 tomada com A = O mostra que as matrizes acima que geram W s˜ao de fato l.i. e, portanto, formam uma base de W. Al´em do mais, dimW = 3. Como C ´e formado por trˆes vetores deW e a dimens˜ao deW ´e trˆes, basta verificar que tais vetores s˜ao l.i.. De fato, ® µ 1 0 1 0 ¶ + ¯ µ 0 −1 1 0 ¶ + ° µ 0 0 0 1 ¶ = µ 0 0 0 0 ¶ () µ ® −¯ ® + ¯ ° ¶ = µ 0 0 0 0 ¶ () ® = ¯ = ° = 0. b) Basta notar que C1 = B2 C2 = −B1 + B2 C3 = B3 e da´ı, MC B = 0 @ 1 A. 0 −1 0 1 1 0 0 0 1 Quanto a MB C , vemos que B1 = C1 − C2 B2 = C1 B3 = C3 e assim, MB C = 0 @ 1 A. 1 1 0 −1 0 0 0 0 1
  • 69. 69 c) Procuremos D1,D2 e D3 emW de modo que formem uma baseW tal queMB D = P. Isto ocorre se e somente se B1 = 1D1 + 0D2 + 0D3 = D1 B2 = 1D1 + 0D2 + 3D3 = D1 + 3D3 B3 = 0D1 + 2D2 + 1D3 = 2D2 + D3 , ou seja, D1 = B1, D3 = (B2 − B1)/3 e D2 = (B3 − (B2 − B1)/3)/2 = (3B3 + B1 − B2)/6. Assim, a base D formada por D1, D2 e D3 ´e dada pelas matrizes µ ¶ , 1 1 0 0 µ 0 1/6 −1/6 1/2 ¶ , µ 0 −1/3 1/3 0 ¶ .
  • 70. 70 CAP´ITULO 7. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS – UMA REVIS ˜AO
  • 71. Cap´ıtulo 8 Transformac¸ ˜oes Lineares 8.1 Introduc¸ ˜ao e Exemplos Definic¸ ˜ao 8.1 Sejam U e V espac¸os vetoriais. Dizemos que uma func¸ ˜ao T : U ! V ´e uma transformac¸ ˜ao linear se forem verificadas as seguintes condic¸ ˜oes: 1. T(u + v) = T(u) + T(v), 8u, v 2 U; 2. T(¸u) = ¸T(u), 8u 2 U, 8¸ 2 R. Observac¸ ˜ao 8.2 Note que T : U ! V ´e uma transformac¸ ˜ao linear se e somente se T(¸u + μv) = ¸T(u) + μT(v), para todo u, v 2 U, ¸, μ 2 R. Observac¸ ˜ao 8.3 Note que pela propriedade 2 temos T(0) = T(00) = 0T(0) = 0. Ou seja, toda transformac¸ ˜ao linear de U em V leva o elemento neutro de U no elemento neutro de V. A seguir listamos alguns exemplos de transformac¸ ˜oes lineares definidas em v´arios espac¸os vetoriais que j´a tratamos no decorrer do curso. 1. T : U ! V dada por T(u) = 0, para todo u 2 U. T ´e chamada de transformac¸ ˜ao nula. 2. T : U ! U dada por T(u) = u, para todo u 2 U. T ´e chamada de transformac¸ ˜ao identidade. 71
  • 72. 72 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 3. T : Pn(R) ! Rn+1 dada por T(a0 + a1x + · · · + anxn) = (a0, . . . , an). 4. Se A 2 Mm×n(R) ´e uma matriz dada, definimos T : Mn×1(R) ! Mm×1(R) por T(X) = AX, o produto de A com X, para todo X 2 Mn×1(R). 5. T : C([0, 1];R) ! R dada por T(f) = Z 1 0 f(x) dx, para toda func¸ ˜ao f 2 C([0, 1];R). 6. T : C1([0, 1];R) ! C([0, 1];R) dada por T(f) = f0, a derivada de f, para toda f 2 C1([0, 1];R). Os exemplos abaixo s˜ao de func¸ ˜oes entre espac¸os vetoriais que n˜ao s˜ao transforma-c ¸ ˜oes lineares. 1. T : R3 ! R dada por T(x, y, z) = x + y + z + 1. Note que T(0, 0, 0) = 16= 0. 2. T : C([0, 1];R) ! R dada por T(f) = Z 1 0 |f(x)| dx, para toda func¸ ˜ao f 2 C([0, 1];R). Se T fosse linear dever´ıamos ter por 2, T(−f) = −T(f) para toda func¸ ˜ao f 2 C([0, 1];R). Para ver que isto n˜ao ocorre, basta tomar f como sendo a func¸ ˜ao constante igual a 1. Temos neste caso que T(−1) = 1 = T(1). 3. T : R ! R dada por T(x) = x2. Observe que T(−1) = 1 = T(1). Logo, n˜ao temos T(−1) = −T(1). Proposic¸ ˜ao 8.4 Seja U um espac¸o vetorial com base u1, . . . , un. Toda transformac¸ ˜ao linear T : U ! V fica determinada por T(u1), . . . , T(un), ou seja, conhecidos estes vetores, conhece-se T(u) para qualquer u 2 U.
  • 73. 8.2. O ESPAC¸O VETORIAL L(U, V ) 73 Prova: J´a que u1, . . . , un formam uma base de U, dado u 2 U existem ®1, . . . , ®n 2 R tais que u = ®1u1 + · · · + ®nun. Deste modo, T(u) = T(®1u1 + · · · + ®nun) = ®1T(u1) + · · · + ®nT(un). Ex. Resolvido 8.5 Encontre uma transformac¸ ˜ao linear T : R2 ! R2 tal que T(1, 2) = (3,−1) e T(0, 1) = (1, 2). Resoluc¸ ˜ao: Note que (1, 2) e (0, 1) formam uma base de R2. Se (x, y) 2 R2 ent˜ao, como ´e f´acil verificar, temos (x, y) = x(1, 2) + (y − 2x)(0, 1). Deste modo, a transformac¸ ˜ao T deve satisfazer T(x, y) = T(x(1, 2) + (y − 2x)(0, 1)) = xT(1, 2) + (y − 2x)T(0, 1) = x(3,−1) + (y − 2x)(1, 2) = (x + y, 2y − 5x). Verifica-se facilmente que a transformac¸ ˜ao T definida como acima, isto ´e, T(x, y) = (x + y, 2y − 5x), ´e linear e satisfaz as condic¸ ˜oes pedidas. ¤ 8.2 O Espac¸o Vetorial L(U, V ) Definic¸ ˜ao 8.6 Sejam U e V espac¸os vetoriais. Denotaremos por L(U, V ) o conjunto das transformac¸ ˜oes lineares T : U ! V. Quando U = V denotaremos L(U,U) = L(U). Dadas T, S 2 L(U, V ) podemos definir T + S : U ! V por (T + S)(u) = T(u) + S(u), u 2 U. Vˆe-se claramente que T + S 2 L(U, V ). Se T 2 L(U, V ) e ¸ 2 R definimos ¸T : U ! V como (¸T)(u) = ¸(T(u)). Tamb´em, ¸T 2 L(U, V ). ´E um simples exerc´ıcio de verificac¸ ˜ao o fato deL(U, V ) com as operac¸ ˜oes definidas acima ser um espac¸o vetorial. Note que o elemento neutro da adic¸ ˜ao ´e a transformac¸ ˜ao nula, isto ´e, T 2 L(U, V ) definida por T(u) = 0, u 2 U. Registraremos isto na seguinte Proposic¸ ˜ao 8.7 L(U, V ) com as operac¸ ˜oes acima ´e um espac¸o vetorial.
  • 74. 74 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES Definic¸ ˜ao 8.8 Se U ´e um espac¸o vetorial, definimos o espac¸o dual de U como sendo U0 .= L(U,R), isto ´e, U0 ´e formado pelas transformac¸ ˜oes lineares T : U ! R. Estas transformac¸ ˜oes lineares tamb´em s˜ao chamadas de funcionais lineares definidos em U. Teorema 8.9 Se U ´e um espac¸o vetorial de dimens˜ao n e V ´e um espac¸o vetorial de dimens˜ao m ent˜ao L(U, V ) tem dimens˜ao mn. Prova: Fixemos duas bases, uma formada por vetores u1, . . . , un de U e outra formada por v1, . . . , vm, vetores de V. Para cada 1 · i · n e 1 · j · m defina Tij(x1u1 + · · · + xnun) = xivj , x1, . . . , xn 2 R. Note que Tij(uk) = ( vj se i = k 0 se i6= k . Verifiquemos que Tij 2 L(U, V ): Tij((x1u1 + · · · + xnun) + (y1u1 + · · · + ynun)) = Tij((x1 + y1)u1 + · · · + (xn + yn)un) = (xi + yi)vj = xivj + yivj = Tij(x1u1 + · · · + xnun) + Tij(y1u1 + · · · + ynun). Tamb´em, para todo ¸ 2 R, Tij(¸(x1u1 + · · · + xnun)) = Tij(¸x1u1 + · · · + ¸xnun) = ¸xivj = ¸Tij(x1u1 + · · · + xnun). Mostremos Pque Tij , 1 · i · n e 1 · j · m, formam uma base de L(U, V ). Se n i=1 Pm j=1 aijTij = 0 ent˜ao, para cada 1 · k · n, 0 = Xn i=1 Xm j=1 aijTij(uk) = Xm j=1 Xn i=1 aijTij(uk) = Xm j=1 akjTkj(uk) = Xm j=1 akjvj e como v1, . . . , vm s˜ao linearmente independentes, segue-se que ak1 = · · · = akm = 0. Portanto T11, . . . , Tnm s˜ao linearmente independentes.
  • 75. 8.2. O ESPAC¸O VETORIAL L(U, V ) 75 Seja T 2 L(U, V ). Se u 2 U ent˜ao u = x1u1 + · · · + xnun, para certos n´umeros reais x1, . . . , xn. Como T ´e linear T(u) = x1T(u1) + · · · + xnT(un). Como T(ui) 2 V, podemos escrever, para cada 1 · i · n, T(ui) = ®1iv1 + · · · + ®mivm. Por´em, como para cada 1 · j · m, 1 · i · n, Tij(u) = xivj , obtemos T(u) = x1T(u1) + · · · + xnT(un) = x1(®11v1 + · · · + ®m1vm) + · · · + xn(®1nv1 + · · · + ®mnvm) = ®11x1v1 + · · · + ®m1x1vm + · · · + ®1nxnv1 + · · · + ®mnxnvm = ®11T11(u) + · · · + ®m1T1m(u) + · · · + ®1nT1n(u) + · · · + ®mnTnm(u), ou seja T = ®11T11 + · · · + ®m1T1m + · · · + ®1nT1n + · · · + ®mnTnm. Corol´ario 8.10 Se V ´e um espac¸o de dimens˜ao n ent˜ao o seu dual tamb´em tem di-mens ˜ao n. Pelo corol´ario 8.10, se U tem dimens˜ao n ent˜ao o seu dual, U0, tem a mesma dimens˜ao. Seguindo os passos da demonstrac¸ ˜ao do teorema 8.9, se u1, . . . , un for-mam uma base B de U ent˜ao os funcionais lineares f1, . . . , fn : U ! R dados por fj(u) = fj(x1u1 +· · ·+xnun) = xj , j = 1, . . . , n, formam uma base de U0. Esta base ´e chamada de base dual da base B. Ex. Resolvido 8.11 Considere a base B de R3 formada por u1 = (1, 1, 1), u2 = (1, 1, 0) e u3 = (1, 0, 0). Encontre a base dual de B. Resoluc¸ ˜ao: Dado (x, y, z) 2 R3, temos (x, y, z) = z(1, 1, 1) + (y − z)(1, 1, 0) + (x − y)(1, 0, 0). Deste modo, a base dual de B, ´e dada pelos funcionais lineares f1, f2 e f3 onde f1(x, y, z) = z, f2(x, y, z) = y − z e f3(x, y, z) = x − y. ¤
  • 76. 76 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES Definic¸ ˜ao 8.12 Sejam U, V e W espac¸os vetoriais. Se T 2 L(U, V ) e S 2 L(V,W) definimos a composta S ± T : U ! W por S ± T(u) = S(T(u)), u 2 U. Exemplo 8.13 Considere T, S 2 L(R2) dadas por T(x, y) = (x + y, 0) e S(x, y) = (x, 2y). Encontre T ± S e S ± T. T ± S(x, y) = T(S(x, y)) = T(x, 2y) = (x + 2y, 0). S ± T(x, y) = S(T(x, y)) = S(x + y, 0) = (x + y, 0). Note que T ± S6= S ± T. Definic¸ ˜ao 8.14 Se T 2 L(U), definimos T1 = T e Tn = T ± Tn−1 para n ¸ 2. Definic¸ ˜ao 8.15 T 2 L(U) ´e chamada de nilpotente se existir algum inteiro positivo n tal que Tn = 0, a transformac¸ ˜ao nula. Obviamente a transformac¸ ˜ao nula ´e um exemplo de uma transformac¸ ˜ao nilpotente. Exemplo 8.16 Mostre que T : R2 ! R2 dada por T(x, y) = (0, x) ´e um operador nilpotente. Vejamos: T2(x, y) = T(T(x, y)) = T(0, x) = (0, 0). Assim, T2 = 0. Proposic¸ ˜ao 8.17 Se T 2 L(U, V ) e S 2 L(V,W) ent˜ao S ± T 2 L(U,W). Prova: Dados u, v 2 U e ¸, μ 2 R temos S ± T(¸u + μv) = S(T(¸u + μv)) = S(¸T(u) + μT(v)) = S(¸T(u)) + S(μT(v)) = ¸S(T(u)) + μS(T(v)) = ¸S ± T(u) + μS ± T(v). Proposic¸ ˜ao 8.18 Sejam T 2 L(U, V ), S 2 L(V,W) e R 2 L(W,X), onde U, V,W e X s˜ao espac¸os vetoriais. Ent˜ao (R ± S) ± T = R ± (S ± T).
  • 77. 8.2. O ESPAC¸O VETORIAL L(U, V ) 77 Prova: Para todo u 2 U, temos (R ± S) ± T(u) = (R ± S)(T(u)) = R(S(T(u))) e por outro lado R ± (S ± T)(u) = R((S ± T)(u)) = R(S(T(u))). Comparando as express˜oes chegamos ao resultado desejado. Proposic¸ ˜ao 8.19 Se S, T 2 L(U, V ), R 2 L(V,W) ent˜ao R±(S+T) = R±S+R±T. Prova: Dado u 2 U, temos R ± (S + T)(u) = R((S + T)(u)) = R(S(u) + T(u)) = R(S(u)) + R(T(u)) = R ± S(u) + R ± T(u) = (R ± S + R ± T)(u). Proposic¸ ˜ao 8.20 Se T 2 L(U, V ) e IV 2 L(V ) ´e a identidade em V, isto ´e, I(v) = v, v 2 V, e IU 2 L(U) ´e a identidade em U, ent˜ao IV ± T = T e T ± IU = T. Prova: Dado u 2 U, temos IV ± T(u) = IV (T(u)) = T(u) e T ± IU(u) = T(IU(u)) = T(u). Definic¸ ˜ao 8.21 Diremos que T 2 L(U, V ) possui inversa se existir S : V ! U tal que S ± T(u) = u para todo u 2 U e T ± S(v) = v para todo v 2 V. Em outras palavras, T ± S = IV e S ± T = IU, onde IU : U ! U ´e a identidade em U e IV : V ! V ´e a identidade em V. Proposic¸ ˜ao 8.22 Se T 2 L(U, V ) possui uma inversa ent˜ao esta inversa ´e ´unica.
  • 78. 78 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES Suponha que T possua inversas R, S 2 L(V,U). Como IV = T ± R e IU = S ± T, temos S = S ± IV = S ± (T ± R) = (S ± T) ± R = IU ± R = R. Denotaremos a inversa de T por T−1. Definic¸ ˜ao 8.23 Uma transformac¸ ˜ao linear T : U ! V ´e 1. injetora se T(u) = T(v) implicar em u = v; 2. sobrejetora se para todo v 2 V existir u 2 U tal que T(u) = v; 3. bijetora se for injetora e sobrejetora. Proposic¸ ˜ao 8.24 Uma transformac¸ ˜ao linear T : U ! V ´e injetora se e somente se T(u) = 0 implicar em u = 0. Prova: Suponha que T seja injetora. Se T(u) = 0 ent˜ao T(u) = T(0) e como T ´e injetora, segue-se que u = 0. Reciprocamente suponha que a ´unica soluc¸ ˜ao de T(u) = 0 seja u = 0. Se T(u) = T(v) ent˜ao T(u − v) = 0 e, por hip´otese, u − v = 0, isto ´e, u = v. Proposic¸ ˜ao 8.25 A fim de que T 2 L(U, V ) possua inversa ´e necess´ario e suficiente que T seja bijetora. Prova: Suponha que T possua inversa. Se T(u) = T(v) ent˜ao u = T−1(T(u)) = T−1(T(v)) = v e, portanto, T ´e injetora. Dado v 2 V vemos que T(T−1(v)) = v e, portanto, T tamb´em ´e sobrejetora. Assim, T ´e bijetora. Suponha agora que T seja bijetora. Dado v 2 V existe um ´unico uv 2 U tal que v = T(uv). Defina S : V ! U por S(v) = uv. Mostremos que S ´e a inversa de T. Se v 2 V ent˜ao T(S(v)) = T(uv) = v. Se u 2 U ent˜ao S(T(u)), pela definic¸ ˜ao de S, ´e o ´unico elemento u0 em U tal que T(u0) = T(u). Como T ´e injetora, temos u0 = u e, assim, S(T(u)) = u. Proposic¸ ˜ao 8.26 Se T 2 L(U, V ) possui inversa T−1 : V ! U ent˜ao T−1 2 L(V,U).
  • 79. 8.3. IMAGEM E N ´UCLEO 79 Prova: Devemos mostrar que T−1 : V ! U ´e linear. Sejam v1, v2 2 V e ¸1, ¸2 2 R. Como T ´e sobrejetora existem u1, u2 2 U tais que T(u1) = v1 e T(u2) = v2. Assim, T−1(¸1v1 + ¸2v2) = T−1(¸1T(u1) + ¸2T(u2)) = T−1(T(¸1u1 + ¸2u2)) = ¸1u1 + ¸2u2 = ¸1T−1(v1) + ¸2T−1(v2). 8.3 Imagem e N´ucleo Definic¸ ˜ao 8.27 Seja T : U ! V uma transformac¸ ˜ao linear. 1. Se X ½ U, definimos a imagem de X por T como sendo o conjunto T(X) = {T(x); x 2 X}. 2. Se Y ½ V, definimos a imagem inversa de Y por T como sendo o conjunto T−1(Y ) = {u 2 U; T(u) 2 Y }. Ex. Resolvido 8.28 Seja V um espac¸o de dimens˜ao 1. Mostre que qualquer transforma-c ¸ ˜ao linear n˜ao nula T : U ! V ´e sobrejetora. Resoluc¸ ˜ao: Como T ´e n˜ao nula existe uo 2 U tal que T(uo)6= 0. J´a que V tem dimens˜ao 1 ent˜ao qualquer base de V ´e constitu´ıda por um elemento e como T(uo) 2 V ´e n˜ao nulo (portanto, l.i.), ele pr´oprio forma uma base de V. Assim, dado v 2 V existe ® 2 R tal que v = ®T(uo) = T(®uo), ou seja, T ´e sobrejetora. ¤ Proposic¸ ˜ao 8.29 Seja T : U ! V uma transformac¸ ˜ao linear. Temos 1. Se W ´e um subespac¸o vetorial de U ent˜ao T(W) ´e um subespac¸o vetorial de V. 2. Se W ´e um subespac¸o vetorial de V ent˜ao T−1(W) ´e um subespac¸o vetorial de U. Prova: 1. Seja W um subespac¸o vetorial de U. Como 0 2 W vemos que 0 = T(0) 2 T(W). Se x, y 2 T(W) ent˜ao existem u,w 2 W tais que x = T(u) e y = T(w). Como W ´e um subespac¸o vetorial, temos que, para qualquer ¸ 2 R, u + ¸w 2 W. Desse modo x + ¸y = T(u) + ¸T(w) = T(u) + T(¸w) = T(u + ¸w) 2 T(W).
  • 80. 80 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 2. Seja W um subespac¸o vetorial de V. Como T(0) = 0 2 W, segue-se que 0 2 T−1(W). Se x, y 2 T−1(W) ent˜ao T(x), T(y) 2 W. ComoW ´e um subespac¸o vetorial temos que, para qualquer ¸ 2 R, T(x) + ¸T(y) 2 W. Mas T(x + ¸y) = T(x) + ¸T(y) 2 W e, portanto, x + ¸y 2 T−1(W). Definic¸ ˜ao 8.30 O n´ucleo de uma transformac¸ ˜ao linear T : U ! V ´e o subespac¸o veto-rial de U dado por T−1({0}), ou seja, ´e o conjunto {u 2 U; T(u) = 0}. Denotaremos o n´ucleo de T por N (T). Proposic¸ ˜ao 8.31 Seja T : U ! V uma transformac¸ ˜ao linear. T ´e injetora se e somente se N (T) = {0}. Prova: Pela proposic¸ ˜ao 8.24 T ´e injetora se e somente se a equac¸ ˜ao T(u) = 0 possui como ´unica soluc¸ ˜ao u = 0. Isto ´e o mesmo que dizer que o conjunto N (T) ´e formado somente pelo elemento 0. Ex. Resolvido 8.32 Seja T 2 L(U). Mostre que T2 = 0 se e somente se T(U) ½ N (T). Resoluc¸ ˜ao: Suponha que T2 = 0. Se v 2 T(U) ent˜ao existe u 2 U tal que v = T(u) e, portanto, T(v) = T2(u) = 0. Logo, v 2 N (T). Suponha agora que T(U) ½ N (T). Dado u 2 U, como T(u) 2 T(U) ½ N (T), temos T2(u) = T(T(u)) = 0. ¤ Ex. Resolvido 8.33 Seja µ 2 R. Encontre o n´ucleo da transformac¸ ˜ao linear T : R2 ! R2 dada por T(x, y) = (x cos µ − y sen µ, x sen µ + y cos µ). Resoluc¸ ˜ao: Por definic¸ ˜ao, (x, y) 2 N (T) se e somente se T(x, y) = (0, 0), isto ´e, se e somente se (x cos µ − y sen µ, x sen µ + y cos µ) = (0, 0) () ( x cos µ − y sen µ = 0 x sen µ + y cos µ = 0 () (x, y) = (0, 0). Portanto, N (T) = {(0, 0)}.
  • 81. 8.3. IMAGEM E N ´UCLEO 81 Teorema 8.34 (Teorema do N´ucleo e da Imagem) Sejam U e V espac¸os vetoriais de dimens˜ao finita e T : U ! V uma transformac¸ ˜ao linear. Temos dimU = dimN (T) + dimT(U). Prova: Seja B1 uma base de N (T) formada pelos vetores u1, . . . , up. Pelo teorema do completamento, existem vetores v1, . . . , vq 2 U tais que u1, . . . , up, v1, . . . , vq formam uma base de U. Note que com esta notac¸ ˜ao temos dimU = p + q e dimN (T) = p. Resta mostrar que dimT(U) = q e, para isto, mostraremos que T(v1), . . . , T(vq) formam uma base de T(U). Se ®1T(v1) + · · · + ®qT(vq) = 0 ent˜ao T(®1v1 + · · · + ®qvq) = 0, isto ´e, ®1v1 + · · ·+®qvq 2 N (T). Desta forma, existem ¯1, . . . , ¯p 2 R tais que ®1v1+· · ·+®qvq = ¯1u1 + · · · + ¯pup, isto ´e, ¯1u1 + · · · + ¯pup − ®1v1 − · · · − ®qvq = 0. Como u1, . . . , up, v1, . . . , vq formam uma base de U, segue-se que ®1 = · · · = ®q = ¯1 = · · · = ¯p = 0 e, portanto, T(v1), . . . , T(vq) s˜ao linearmente independentes. Mostremos que T(v1), . . . , T(vq) geram T(U). Seja v 2 T(U). Logo, existe u 2 U tal que T(u) = v. Como u1, . . . , up, v1, . . . , vq formam uma base de U, existem ®1, . . . , ®q, ¯1, . . . , ¯p 2 R tais que u = ®1u1 + · · · + ®pup + ¯1v1 + · · · + ¯qvq e da´ı, v = T(u) = T(®1u1 + · · · + ®pup + ¯1v1 + · · · + ¯qvq) = ®1T(u1)+· · ·+®pT(up)+¯1T(v1)+· · ·+¯qT(vq) = ¯1T(v1)+· · ·+¯qT(vq), j´a que u1, . . . , up 2 N (T). Corol´ario 8.35 Se U e V s˜ao espac¸os vetoriais de dimens˜ao finita tais que dimU = dimV e se T : U ! V ´e uma transformac¸ ˜ao linear ent˜ao as seguintes condic¸ ˜oes s˜ao equivalentes: 1. T ´e sobrejetora; 2. T ´e injetora; 3. T ´e bijetora;
  • 82. 82 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 4. T leva bases de U em bases de V. Prova: (1) =) (2): Se T ´e sobrejetora ent˜ao T(U) = V e pelo teorema anterior, dimU = dimN (T) + dimV. Mas como dimU = dimV segue que dimN (T) = 0, isto ´e, N (T) = {0}. Pela proposic¸ ˜ao 8.31, T ´e injetora. (2) =) (3): Se T ´e injetora ent˜ao dimN (T) = 0. Pelo teorema anterior segue-se que dimU = dimT(U). Como dimU = dimV segue-se que T(U) ´e um subespac¸o de V com a mesma dimens˜ao de V. Logo, T(U) = V, isto ´e, T ´e sobrejetora. Dessa forma, T ´e bijetora. (3) =) (4): Suponha que T seja bijetora. Considere uma base de U formada por vetores u1, . . . , un. Precisamos mostrar que T(u1), . . . , T(un) formam uma base de V. Se ®1T(u1)+· · ·+®nT(un) = 0 ent˜ao T(®1u1 +· · ·+®nun) = 0, isto ´e, ®1u1 + · · · + ®nun 2 N (T). Como T ´e injetora temos N (T) = {0} e, conseq¨uentemente, ®1u1 + · · · + ®nun = 0. Como u1, . . . , un formam uma base de U temos ®1 = · · · = ®n = 0 e, portanto, T(u1), . . . , T(un) s˜ao linearmente independentes. Seja v 2 V. Como T ´e sobrejetora, existe u 2 U tal que v = T(u). Escrevendo u como ®1u1 + · · · + ®nun vemos que v = T(®1u1 + · · · + ®nun) = ®1T(u1) + · · · + ®nT(un), isto ´e, T(u1), . . . , T(un) geram V. Observe que j´a hav´ıamos provado isto na proposic¸ ˜ao 8.4 (4) =) (1): Seja u1, . . . , un uma base de U. Por hip´otese, T(u1), . . . , T(un) for-mam uma base de V. Assim, dado v 2 V existem ®1, . . . , ®n 2 R tais que v = ®1T(u1) + · · · + ®nT(un). Deste modo, v = T(®1u1 + · · · + ®nun), isto ´e, T ´e sobrejetora. Ex. Resolvido 8.36 Mostre que toda transformac¸ ˜ao linear bijetora T : R2 ! R2 leva retas em retas, isto ´e, a imagem de uma reta por T ´e uma reta. Resoluc¸ ˜ao: Dada uma reta r no plano usaremos a equac¸ ˜ao vetorial para representar seus pontos, isto ´e, um ponto P 2 r ´e da forma Po + ¸~v, onde Po ´e um ponto sobre a reta, ~v ´e um vetor direc¸ ˜ao da reta e ¸ 2 R. A imagem de r por T ´e T(r) = {T(P); P 2 r}. Assim, todo ponto em T(r) ´e da forma T(P) = T(Po) + ¸T(~v), ¸ 2 R. Como T ´e injetora e ~v6= ~0 temos que T(~v)6= ~0, ou seja, T(r) ´e uma reta que passa por T(Po) e tem direc¸ ˜ao T(~v). ¤ Ex. Resolvido 8.37 Sejam a1, . . . , an 2 R n˜ao todos nulos. Mostre que o subespac¸o H = {(x1, . . . , xn) 2 Rn; a1x1 + · · · + anxn = 0} tem dimens˜ao n − 1.
  • 83. 8.3. IMAGEM E N ´UCLEO 83 Resoluc¸ ˜ao: Note que H ´e o n´ucleo da transformac¸ ˜ao linear T : Rn ! R dada por T(x1, . . . , xn) = a1x1 + · · · + anxn. Como nem todos os aj s˜ao nulos, segue-se que T ´e n˜ao nula e pelo exerc´ıcio 8.28, T ´e sobrejetora. Deste modo, pelo teorema 8.34, temos n = dimRn = dimH + dimT(Rn) = dimH + 1, ou seja, dimH = n − 1. ¤ Ex. Resolvido 8.38 Sejam A = µ 1 2 0 1 ¶ e T : M2(R) ! M2(R) dada por T(X) = AX − XA. Encontre o n´ucleo e a imagem de T. Resoluc¸ ˜ao: N´ucleo: X 2 N (T) se e somente se AX = XA. Se denotarmos X = µ a b c d ¶ , vemos que X 2 N (T) se e somente se µ 1 2 0 1 ¶µ a b c d ¶ = µ a b c d ¶µ ¶ , 1 2 0 1 isto ´e, µ a + 2c b + 2d c d ¶ = µ a 2a + b c 2c + d ¶ que equivale a 8>>>>< a + 2c = a b + 2d = 2a + b c = c d = 2c + d >>>>: () c = 0 e a = d. Portanto, X = µ a b 0 a ¶ = a µ 1 0 0 1 ¶ + b µ 0 1 0 0 ¶ .
  • 84. 84 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES Dessa forma, o n´ucleo de T ´e o subespac¸o vetorial gerado pela base (note que as matrizes s˜ao l.i.) formada pelas matrizes µ 1 0 0 1 ¶ e µ 0 1 0 0 ¶ . Imagem de T: Temos que Y = µ x y z t ¶ 2 T(M2(R)) se e somente se existir X = µ a b c d ¶ tal que Y = AX − XA, isto ´e, µ x y z t ¶ = µ 1 2 0 1 ¶µ a b c d ¶ − µ a b c d ¶µ 1 2 0 1 ¶ = µ a + 2c b + 2d c d ¶ − µ a 2a + b c 2c + d ¶ = µ 2c 2d − 2a 0 −2c ¶ = 2c µ 1 0 0 −1 ¶ + 2(d − a) µ 0 1 0 0 ¶ , ou seja, a imagem de T ´e gerada pela base (note que as matrizes s˜ao l.i.) formada pelas matrizes µ 1 0 0 −1 ¶ e ¶ . µ 0 1 0 0 Uma outra maneira para encontrar uma base para a imagem de T ´e fazer uso da prova do teorema 8.34. Isto ´e, sabemos que µ 1 0 0 1 ¶ e µ 0 1 0 0 ¶ formam uma base do n´ucleo de T e, como no referido teorema, a completamos at´e uma base de M2(R) como, por exemplo, µ 1 0 0 1 ¶ , µ 0 1 0 0 ¶ , µ 0 0 1 0 ¶ e µ 0 0 0 1 ¶
  • 85. 8.4. ISOMORFISMO E AUTOMORFISMO 85 e, pelo mesmo teorema, T µµ ¶¶ 0 0 1 0 = µ 2 0 0 −2 ¶ e T µµ ¶¶ 0 0 0 1 = µ 0 1 0 0 ¶ formam uma base para a imagem de T. ¤ Definic¸ ˜ao 8.39 Dizemos que T 2 L(U) ´e idempotente se T2 = T. Exemplo 8.40 I : U ! U, a identidade de U ´e idempotente. Exemplo 8.41 T : R2 ! R2 dada por T(x, y) = (x, 0) ´e idempotente. Note que T2(x, y) = T(x, 0) = (x, 0) = T(x, y). Proposic¸ ˜ao 8.42 Mostre que se T 2 L(U) ´e idempotente ent˜ao U = T(U) ©N (T). Prova: Dado u 2 U podemos escrever u = T(u) + (u − T(u)). Claramente, T(u) 2 T(U) e T(u−T(u)) = T(u)−T2(u) = T(u)−T(u) = 0. Logo, U = T(U) +N (T) e resta mostrarmos que a soma ´e direta. Se u 2 T(U) N (T) ent˜ao existe v 2 U tal que u = T(v) e T(u) = 0. Por´em, como T = T2, temos u = T(v) = T2(v) = T(T(v)) = T(u) = 0, ou seja, T(U) N (T) = {0}. 8.4 Isomorfismo e Automorfismo Definic¸ ˜ao 8.43 Dizemos que uma transformac¸ ˜ao linear T : U ! V ´e isomorfismo quando ela for bijetora. No caso em que U = V diremos que T ´e um automorfismo. Definic¸ ˜ao 8.44 Dizemos que os espac¸os vetoriais U e V s˜ao isomorfos se existir um isomorfismo T : U ! V.
  • 86. 86 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES As seguintes transformac¸ ˜oes s˜ao exemplos de isomorfismos e, portanto, os respecti-vos espac¸os vetoriais s˜ao isomorfos. 1. T : U ! U dada por T(u) = u. 2. T : Rn ! Pn−1(R) dada por T(x1, . . . , xn) = x1 + x2t + · · · + xntn−1. 3. T : Mm×n(R) ! Rmn que associa a cada matriz A = (aij) de Mm×n(R) o seguinte elemento de Rn (a11, . . . , a1n, . . . , am1, . . . , amn). Ex. Resolvido 8.45 Verifique se T(x, y, z) = (x − y, x − z, z − y) ´e um automorfismo de R3. Resoluc¸ ˜ao: Se T(x, y, z) = (0, 0, 0) ent˜ao 8>< >: x − y = 0 x − z = 0 z − y = 0 () x = y = z. Logo, T ´e n˜ao ´e injetora, pois T(1, 1, 1) = (0, 0, 0). Assim, T n˜ao ´e um isomorfismo. ¤ Proposic¸ ˜ao 8.46 Se T : U ! V ´e um isomorfismo e U tem dimens˜ao finita ent˜ao dimU = dimV. Prova: Como T ´e injetora, N (T) = {0} e, portanto, dimN (T) = 0. Como T ´e sobrejetora, T(U) = V. Segue do teorema do n´ucleo e da imagem 8.34, que dimU = dimN (T) + dimT(U) = dimV. A rec´ıproca da proposic¸ ˜ao acima ´e v´alida e ´e dada pela proposic¸ ˜ao a seguir. Proposic¸ ˜ao 8.47 Sejam U e V espac¸os de dimens˜ao n. Se u1, . . . , un e v1, . . . , vn formam bases de U e V, respectivamente, ent˜ao T(x1u1 + · · · + xnun) = x1v1 + · · · + xnvn, x1, . . . , xn 2 R, define um isomorfismo entre U e V. Note que T(uj) = vj , j = q, . . . , n.
  • 87. 8.5. MATRIZ DE UMA TRANSFORMAC¸ ˜AO LINEAR 87 Prova: Primeiramente, note que T, de fato, define uma func¸ ˜ao pois as coordenadas de um vetor com relac¸ ˜ao a uma base s˜ao unicamente determinadas por ele e pela base. Verifiquemos que T ´e linear. Se w1,w2 2 U ent˜ao podemos escrever w1 = Pn i=1 xiui e w2 = Pn i=1 yiui, onde xi, yi 2 R, i = 1, . . . , n. Se ¸1, ¸2 2 R, temos T(¸1w1 + ¸2w2) = T Ã Xn i=1 (¸1xi + ¸2yi)ui ! = Xn i=1 (¸1xi + ¸2yi)vi = ¸1 Xn i=1 xivi + ¸2 Xn i=1 yivi = ¸1T(w1) + ¸2T(w2). Seja w = Pn i=1 xiui tal que T(w) = 0. Mas T(w) = x1v1 + · · · + xnvn = 0 e, portanto, x1 = · · · = xn = 0, ou seja, w = 0. Portanto, T ´e injetora e pelo corol´ario 8.35, segue-se que T ´e um isomorfismo. Corol´ario 8.48 Se dois espac¸os tˆem a mesma dimens˜ao finita ent˜ao eles s˜ao isomorfos. Prova: Basta tomar o isomorfismo do teorema anterior. Combinando o corol´ario acima com a proposic¸ ˜ao 8.46 vemos que dois espac¸os de dimens˜ao finita s˜ao isomorfos se e somente se eles possuem a mesma dimens˜ao. Corol´ario 8.49 Se U ´e um espac¸o vetorial de dimens˜ao n e V ´e um espac¸o vetorial de dimens˜ao m ent˜ao L(U, V ) ´e isomorfo a Mm×n(R). Prova: Note que tanto L(U, V ) como Mm×n(R) tˆem a mesma dimens˜ao: mn. 8.5 Matriz de uma Transformac¸ ˜ao Linear 8.5.1 Definic¸ ˜ao e Exemplos Sejam U e V espac¸os vetoriais de dimens˜ao finita. Fixemos uma base B de U formada por vetores u1, . . . , un e uma base V formada por vetores v1, . . . , vm. Se T 2 L(U, V ) podemos escrever T(uj) = a1jv1 + · · · + amjvm, = 1, . . . , n.
  • 88. 88 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES A matriz 0 BBB@ a11 a12 . . . a1n a21 a22 . . . a1n ... ... . . . ... am1 am2 . . . amn 1 CCCA 2 Mm×n(R) ´e chamada de matriz da transformac¸ ˜ao T com relac¸ ˜ao `as bases B e C e ´e denotada por [T]B,C. No caso em que U = V e B = C usaremos a notac¸ ˜ao [T]B. Ex. Resolvido 8.50 Encontre a matriz de T : R3 ! R2 dada por T(x, y, z) = (x + y, x − z) com relac¸ ˜ao `as bases canˆonicas de R3 (B : (1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)) e R2 (C : (1, 0), (0, 1)). Resoluc¸ ˜ao: Temos T(1, 0, 0) = (1, 1) = 1(1, 0) + 1(0, 1), T(0, 1, 0) = (1, 0) = 1(1, 0) + 0(0, 1) e T(0, 0, 1) = (0,−1) = 0(1, 0) − 1(0, 1). Assim, [T]B,C = µ 1 1 0 1 0 −1 ¶ . ¤ Ex. Resolvido 8.51 Encontre a matriz de T : R3 ! R2 dada por T(x, y, z) = (x + y, x − z) com relac¸ ˜ao `as bases canˆonicas de R3 (B : (1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)) e R2 (C0 : (1, 1), (0, 1)). Resoluc¸ ˜ao: Temos T(1, 0, 0) = (1, 1) = 1(1, 1) + 0(0, 1), T(0, 1, 0) = (1, 0) = 1(1, 1) − 1(0, 1) e T(0, 0, 1) = (0,−1) = 0(1, 1) − 1(0, 1). Assim, [T]B,C0 = µ 1 1 0 0 −1 −1 ¶ . ¤
  • 89. 8.5. MATRIZ DE UMA TRANSFORMAC¸ ˜AO LINEAR 89 8.5.2 Propriedades Proposic¸ ˜ao 8.52 Sejam U e V espac¸os vetorial de dimens˜ao finita com bases B e C, respectivamente. Se T, S 2 L(U, V ) e ¸, μ 2 R ent˜ao [¸T + μS]B,C = ¸[T]B,C + μ[S]B,C. Prova: Colocando B : u1, . . . , un, C : v1, . . . , vm, [T]B,C = (®ij) e [S]B,C = (¯ij) temos (¸T + μS)(uj) = ¸T(uj) + μS(uj) = ¸(®1jv1 + · · · + ®mjvm) + μ(¯1jv1 + · · · + ¯mjvm) = (¸®1j + μ¯1j)v1 + · · · + (¸®mj + μ¯mj)vm e, desse modo, [¸T + μS]B,C = 0 B@ ¸®11 + μ¯11 · · · ¸®1n + μ¯1n ... . . . ... ¸®m1 + μ¯m1 · · · ¸®mn + μ¯mn 1 CA = ¸[T]B,C + μ[S]B,C. Corolario ´8.53 Sejam U e V espac¸os vetorial de dimensao ˜finita com bases B e C, respectivamente. Se T 2 L(U, V ) e ´a transformac¸ ao ˜nula entao ˜[T]B,C = 0. Proposic¸ ao ˜8.54 Se B e C sao ˜bases de um espac¸o vetorial V de dimensao ˜finita e I 2 L(V, V ) e ´a identidade de V entao ˜[I]B,C = MB . C Prova: Sejam B : u1, . . . , un, C : v1, . . . , vn e [I]B,C = (®ij). Como uj = I(uj) = ®1jv1 + · · · + ®njvn vˆe-se que [I]B,C = MB C . Proposic¸ ˜ao 8.55 Sejam U, V e W espac¸os vetoriais de dimens˜ao finita. Sejam T 2 L(U, V ) e S 2 L(V,W). Se B,C e D s˜ao bases de U, V e W, respectivamente, ent˜ao [S ± T]B,D = [S]C,D[T]B,C.
  • 90. 90 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES Prova: Coloquemos B : u1, . . . , un, C : v1, . . . , vm e D : w1, . . . ,wp. Se [T]B,C = (®ij) e [S]C,D = (¯kl) ent˜ao S ± T(uj) = S(T(uj)) = S à Xm i=1 ®ijvi ! = Xm i=1 ®ijS(vi) = Xm i=1 ®ij à Xp k=1 ¯kiwk ! = Xp k=1 à Xm i=1 ¯ki®ij ! wk. Portanto, [S ± T]B,D = à Xm i=1 ¯ki®ij ! = [S]C,D[T]B,C. Proposic¸ ao ˜8.56 Sejam U e V espac¸os vetorial de dimensao ˜finita com bases B e C, respectivamente. Se T 2 L(U, V ) possui inversa T−1 entao ˜[T−1]C,B = [T]−1 . B,CProva: Seja n = dimU = dimV. Temos [T]B,C[T−1]C,B = [T ± T−1]C,C = [I]C,C = In onde In ´e a matriz identidade de ordem n. Analogamente, [T−1]C,B[T]B,C = [T−1 ± T]B,B = [I]B,B = In. Portanto, [T−1]C,B = [T]−1 B,C. Proposic¸ ˜ao 8.57 Sejam U e V espac¸os vetorial de dimens˜ao finita com bases B e C, respectivamente. Se T 2 L(U, V ) e u 2 U ent˜ao, representando por T(u)C e uB as coordenadas dos vetores T(u) e u, respectivamente, temos T(u)C = [T]B,CuB. Prova: Coloque B : u1, . . . , un, C : v1, . . . , vm, [T]B,C = (®ij) e uB = 0 B@ a1 ... an 1 CA .
  • 91. 8.5. MATRIZ DE UMA TRANSFORMAC¸ ˜AO LINEAR 91 Temos T(u) = T(a1u1 + · · · + anun) = a1T(u1) + · · · + anT(un) = a1(®11v1 + · · · + ®m1vm) + · · · + an(®1nv1 + · · · + ®mnvm) = (a1®11 + · · · + an®1n)v1 + · · · + (a1®m1 + · · · + an®mn)vm, ou seja, T(u)C = 0 B@ a1®11 + · · · + an®1n ... a1®m1 + · · · + an®mn 1 CA = 0 B@ ®11 · · · ®1n ... . . . ... ®m1 · · · ®mn 1 CA 0 B@ a1 ... an 1 CA , isto ´e, T(u)C = [T]B,CuB. Proposic¸ ˜ao 8.58 Sejam U e V espac¸os vetorial de dimens˜ao finita com bases B e C, respectivamente. Ent˜ao T 2 L(U, V ) ´e um isomorfismo se e somente se [T]B,C possui inversa. Prova: Se T ´e um isomorfismo ent˜ao pela proposic¸ ˜ao 8.56 [T]B,C possui inversa dada por [T−1]C,B. Reciprocamente, suponha que [T]B,C possua inversa. Pelo corol´ario 8.35, basta mostrar que T ´e injetora. Se T(u) = 0 ent˜ao uB = [T]−1 B,CT(u)C = [T]−1 B,C0 = 0. Como todas as coordenadas de u s˜ao iguais a zero, obtemos u = 0 e, portanto, T ´e injetora. Ex. Resolvido 8.59 Verifique se T : R2 ! P1(R) dada por T(a, b) = a + (a + b)x ´e um isomorfismo. Resoluc¸ ˜ao: Consideremos as bases canˆonicas de R2 eP1(R). Como T(1, 0) = 1+x e T(0, 1) = x, a matriz de T com relac¸ ˜ao a estas bases ´e dada por µ 1 0 1 1 ¶ . Como a matriz acima possui inversa, segue-se que T ´e um isomorfismo. ¤
  • 92. 92 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES Proposic¸ ˜ao 8.60 Seja V um espac¸o de dimens˜ao finita. Se T 2 L(V, V ) e B e C s˜ao bases de V ent˜ao [T]C,C = MB C [T]B,BMC B . Prova: Como [I]B,C = MB C e [I]C,B = MC B , temos MB C [T]B,BMC B = [I]B,C[T]B,B[I]C,B = [I]B,C[T]C,B = [T]C,C. Ex. Resolvido 8.61 Considere, B, a base de R2 formada pelos vetores (1, 1) e (1,−1). Seja T 2 L(R2) tal que TB,B = ¶ . µ 1 0 0 5 Encontre [T]C,C, onde C ´e a base canˆonica de R2. Resoluc¸ ˜ao: Como (1, 0) = 1 2 (1, 1) + 1 2 (1,−1) e (0, 1) = 1 2 (1, 1) − 1 2 (1,−1), obtemos MC B = µ1 2 1 2 1 2 −1 2 ¶ e MB C = ¡ MC B ¢ −1 = µ 1 1 1 −1 ¶ . Assim, [T]C,C = MB C [T]B,BMC B = µ 1 1 1 −1 ¶µ ¶µ1 1 0 0 5 2 1 2 1 2 −1 2 ¶ = µ 3 −2 −2 3 ¶ . Note que T(x, y) = T(x(1, 0) + y(0, 1)) = xT((1, 0)) + yT((0, 1)) = x(3(1, 0) − 2(0, 1)) + y(−2(1, 0) + 3(0, 1)) = = x(3,−2) + y(−2, 3) = (3x − 2y, 3y − 2x). ¤
  • 93. 8.6. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS 93 8.6 Exerc´ıcios Resolvidos Ex. Resolvido 8.62 Encontre uma base para o n´ucleo e outra para a imagem de T : P2(R) ! P2(R) dada por T(p) = p0 + p00. Resoluc¸ ˜ao: Note que p(x) = a0 +a1x+a2x2 2 N (T) se e somente se (a1 +2a2x)+ 2a2 = 0, isto ´e, se e somente se a1 = a2 = 0. Desta forma, p(x) 2 N (T) se e somente se p(x) = a0. Desta forma o polinˆomio 1 ´e uma base de mathcalN(T). Como 1, x, x2 ´e uma base de P2(R) que completa a base de N (T), vemos que pela demonstrac¸ ˜ao do teorema 8.34, T(x) = 1 e T(x2) = 2x + 2 formam uma base da imagem de T. ¤ Ex. Resolvido 8.63 Encontre uma base para o n´ucleo e outra para a imagem de T : M2(R) ! M2(R) dada por T(X) = AX + X, onde A = µ 1 4 2 3 ¶ . Resoluc¸ ˜ao: Observe que se T(X) = (A + I)X, onde I ´e a matriz identidade de ordem dois. Se X = µ a b c d ¶ vemos que X 2 N (T) se e somente se µ 2 4 2 4 ¶µ ¶ a b c d = µ 0 0 0 0 ¶ () µ 1 2 0 0 ¶µ a b c d ¶ = µ 0 0 0 0 ¶ () ( a + 2c = 0 b + 2d = 0 () X = µ −2c −2d c d ¶ = c µ −2 0 ¶ + d 1 0 µ 0 −2 0 1 ¶ . Vˆe-se claramente que M1 = µ −2 0 ¶ 1 0 e M2 = µ 0 −2 0 1 ¶ formam uma base de N (T).
  • 94. 94 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES A seguir, procuraremos matrizes M3 e M4 tais que M1, . . . ,M4 formem uma base de M2(R). Isto ´e, equivalente a encontrar M2 e M3 tais que a ´unica soluc¸ ˜ao de ®M1 + ¯M2 + °M3 + ±M4 = 0 seja a trivial. Colocando M3 = µ a b c d ¶ e M4 = µ x y z t ¶ obtemos ® µ −2 0 ¶ + ¯ 1 0 µ 0 −2 0 1 ¶ + ° µ a b c d ¶ + ± µ x y z t ¶ = µ 0 0 0 0 ¶ , que equivale `a equac¸ ˜ao 0 BB@ 1 −2 0 a x 1 0 c z 0 −2 b y 0 1 d t CCA 0 ® ¯ ° ± BB@ 1 CCA = 0 0 0 0 0 BB@ 1 CCA que apresenta uma ´unica soluc¸ ˜ao se e somente se o determinante da matriz de ordem quatro acima for diferente de zero. Como este determinante ´e ¢ = −2(2c + a)(2t + y) + (2z + x)(2d + b), vemos que ¢6= 0 se e somente se (2z + x)(2d + b)6= 2(2c + a)(2t + y). Dessa forma podemos tomar M3 = µ a b c d ¶ = µ 1 −2 0 1 ¶ e M4 = µ x y z t ¶ = µ ¶ . 1 1 −2 0 Segue da demonstrac¸ ˜ao do teorema 8.34 que T µµ 1 −2 0 1 ¶¶ = µ 2 0 2 0 ¶ e T µµ ¶¶ 1 1 −2 0 = µ −6 2 −6 2 ¶ formam uma base da imagem de T. ¤
  • 95. 8.6. EXERC´ICIOS RESOLVIDOS 95 Ex. Resolvido 8.64 Determinar uma transformac¸ ˜ao linear T : R3 ! R3 cuja imagem seja gerada pelos vetores (1, 2, 0) e (1, 1, 1). Resoluc¸ ˜ao: Como (1, 2, 0) e (1, 1, 1) s˜ao linearmente independentes, o subespac¸o ge-rado por estes vetores tem dimens˜ao dois. Logo, a transformac¸ ˜ao procurada dever´a ter necessariamente n´ucleo unidimensional. O que faremos ´e definir uma transformac¸ ˜ao tal que T(1, 0, 0) = (1, 2, 0), T(0, 1, 0) = (1, 1, 1) e T(0, 0, 1) = (0, 0, 0), ou seja, T(x, y, z) = x(1, 2, 0) + y(1, 1, 1) = (x + y, 2x + y, y) assim definida, ´e linear e satisfaz a propriedade desejada. ¤ Ex. Resolvido 8.65 Determinar um T 2 L(P3(R),P2(R)) cujo n´ucleo seja gerado pelos polinˆomios 1 + x3 e 1 − x2. Resoluc¸ ˜ao: Como dimP3 = 4 e o subespac¸o gerado por 1+x3 e 1−x2 tem dimens˜ao dois, vemos que a imagem da transformac¸ ˜ao procurada dever´a ter necessariamente di-mens ˜ao dois. O primeiro passo ´e completar a seq¨uˆencia de vetores 1 + x3 e 1 − x2 a uma base de P3(R). Para isto, basta acrescentarmos os polinˆomios 1 e x, como se vˆe: ®1 + ¯x + °(1 + x3) + ±(1 − x2) = ® + ° + ± + ¯x − ±x2 + °x3 = 0 se e somente se ® = ¯ = ° = ± = 0. Assim, a imagem dos polinˆomios 1 e x, pela transformac¸ ˜ao procurada precisam necessariamente ser linearmente independentes. Para isto, o que faremos ´e definir T : P3 ! P2 tal que T(1) = 1, T(x) = x, T(1 + x3) = 0 e T(1 − x2) = 0. Dado p(x) = a0 +a1x+a2x2 +a3x3, reescrevemos p(x) = a0 +a2 −a3 +a1x+ a3(1 + x3) − a2(1 − x2) e colocamos T(p(x)) = T(a0 + a2 − a3 + a1x + a3(1 + x3) − a2(1 − x2)) = (a0 + a2 − a3)1 + a1x = a0 + a2 − a3 + a1x, que e ´uma transformac¸ ao ˜linear cujo nucleo ´e ´gerado por 1 + x3 e 1 − x2. ¤ R Ex. Resolvido 8.66 Seja T : P2(R) ! R dado por T(p(x)) = 1 p(x)dx. Encontre a 0 matriz de T com relac¸ ˜ao `as bases canˆonicas deP2(R) e R.
  • 96. 96 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES Resoluc¸ ˜ao: Temos T(1) = 1, T(x) = 1 2 , T(x2) = 1 3 . Assim, a matriz de T com relac¸ ˜ao `as bases canˆonicas ´e dada por 0 @ 1 1 21 3 1 A. ¤ Ex. Resolvido 8.67 Seja T : P3(R) ! P3(R) dado por T(p(x)) = p0(x). Encontre a matriz de T com relac¸ ˜ao `as bases canˆonicas deP3(R) eP2(R). Resoluc¸ ˜ao: Temos T(1) = 0 = 0 + 0x + 0x2, T(x) = 1 = 1 + 0x + 0x2, T(x2) = 2x = 0 + 2x + 0x2, T(x3) = 3x2 = 0 + 0x + 3x2 e a matriz de T com relac¸ ˜ao `as bases canˆonicas ´e dada por 0 @ 1 A. 0 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 3 ¤ Ex. Resolvido 8.68 Seja T : R3 ! R3 a transformac¸ ˜ao linear dada por T(x, y, z) = (x + z, y + z, x + y + 2z). Encontre as matrizes de T com relac¸ ˜ao `a base canˆonica, C, e com relac¸ ˜ao `a base B formada pelos vetores u = (1, 1, 2), v = (−1, 1, 0),w = (−1,−1, 1). Resoluc¸ ˜ao: Com relac¸ ˜ao `a base canˆonica e1 = (1, 0, 0), e2 = (0, 1, 0) e e3 = (0, 0, 1), temos T(e1) = T(1, 0, 0) = (1, 0, 1) = e1 + 0e2 + e3 T(e2) = T(0, 1, 0) = (0, 1, 1) = 0e1 + e2 + e3 T(e3) = T(0, 0, 1) = (1, 1, 2) = e1 + e2 + 2e3
  • 97. 8.7. EXERC´ICIOS 97 e, portanto, [T]C = 0 @ 1 A. 1 0 1 0 1 1 1 1 2 Com relac¸ ˜ao `a base B, temos T(u) = T(1, 1, 2) = (3, 3, 6) = 3u = 3u + 0v + 0w T(v) = T(−1, 1, 0) = (−1, 1, 0) = v = 0u + v + 0w T(w) = T(−1,−1, 1) = (0, 0, 0) = 0u + 0v + 0w e, portanto, [T]B = 0 @ 1 A. 3 0 0 0 1 0 0 0 0 ¤ Ex. Resolvido 8.69 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U) uma transformac¸ ˜ao idempotente (Cf. 8.39). Sabemos, pela proposic¸ ˜ao 8.42, que U = N (T) © T(U). Seja B uma base de U formada pelos vetores u1, . . . , up, que formam uma base de N (T), juntamente com v1, . . . , vq, que formam uma base de T(U). En-contre [T]B. Resoluc¸ ˜ao: Como T(u1) = · · · = T(up) = 0, pois uj 2 N (T) e T(vj) = ®1jv1 + · · · + ®qjvq, j´a que T(vj) 2 T(U), vemos que [T]B tem a seguinte forma 0 0 · · · 0 0 · · · 0 BBBBBBBB@ ... . . . ... ... . . . ... 0 · · · 0 0 · · · 0 0 · · · 0 ®11 · · · ®1q ... . . . ... ... . . . ... 0 · · · 0 ®q1 · · · ®qq 1 CCCCCCCCA 8.7 Exerc´ıcios Ex. 8.70 Verifique se as transformac¸ ˜oes abaixo s˜ao lineares; 1. T : R3 ! R, T(x, y, z) = x + 5y − z, (x, y, z) 2 R3.
  • 98. 98 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES 2. T : R3 ! R, T(x, y, z) = x + 5y − z + 1, (x, y, z) 2 R3. 3. T : R3 ! R, T(x, y, z) = x2 + 5y − z, (x, y, z) 2 R3. 4. T : Mn×1(R) ! Mn×1(R), T(X) = AX + X, X 2 Mn×1(R) onde A 2 Mn(R) ´e fixa . 5. T : Pn(R) ! Pn(R), T(p) = p0 + p00, p 2 Pn(R). 6. T : M2(R) ! M2(R), T(X) = AX, X 2 M2(R), onde A 2 M2(R) est´a fixada. 7. T : P2(R) ! P2(R), T(p) = p + q, p 2 P2(R) e q(t) = t2 + 1, t 2 R. Ex. 8.71 Determinar o n´ucleo das transformac¸ ˜oes lineares abaixo e descreva-os geo-metricamente. 1. T : R2 ! R, T(x, y) = y + 2x, (x, y) 2 R2. 2. T : R3 ! R, T(x, y, z) = z − 2x, (x, y, z) 2 R3. 3. T : R2 ! R2, T(x, y) = (2x + 2y, x + y), (x, y) 2 R2. 4. T : R2 ! R2, T(x, y) = (x + y, x − y), (x, y) 2 R2. 5. T : R3 ! R3, T(x, y, z) = (z − x, z − 2x, z − 3x), (x, y, z) 2 R3. Ex. 8.72 Determinar bases para o n´ucleo e para a imagem das transformac¸ ˜oes lineares abaixo. 1. T : R3 ! R3, T(x, y, z) = (x + y, 2x + y, 3x + y), (x, y, z) 2 R3. 2. T : R2 ! R, T(x, y) = y + 2x, (x, y) 2 R2. µ 3. T : M2(R) ! M2(R), T(X) = AX, X 2 M2(R), onde A = 1 2 2 4 ¶ . 4. T : P2(R) ! P2(R), T(p) = p0, p 2 P2(R). 5. T : vP2(R) ! P2(R), T(p) = p0 + p00, p 2 P2(R). 6. T : M2(R) ! M2(R), T(X) = AX + X, X 2 M2(R), onde A = µ 1 4 2 3 ¶ .
  • 99. 8.7. EXERC´ICIOS 99 Ex. 8.73 Seja T : R3 ! R3 um operador linear tal que T((1, 0, 0)) = (2, 3, 1), T((1, 1, 0)) = (5, 2, 7), e T((1, 1, 1)) = (−2, 0, 7). 1. Encontre T((x, y, z)) para (x, y, z) 2 R3. 2. T ´e sobrejetora? Justifique sua resposta. 3. T ´e injetora? Justifique sua resposta. 4. T ´e bijetora? Justifique sua resposta. Ex. 8.74 Seja T : P2(R) ! P2(R) um operador linear tal que (T(p0))(t) = 1 + t, (T(p1))(t) = t + t2 e (T(p2))(t) = 1 + t − 2t2, onde pi(t) = ti, i = 0, 1, 2. 1. Encontre T(p) para p 2 P2(R). 2. T ´e sobrejetora? Justifique sua resposta. 3. T ´e injetora? Justifique sua resposta. 4. T ´e bijetora? justifique sua resposta. Ex. 8.75 Seja T : M2(R) ! M2(R) um operador linear tal que µ T( 1 0 0 0 ¶ ) = µ 1 4 2 3 ¶ , T( µ 1 1 0 0 ¶ ) = µ −1 0 0 3 ¶ , µ T( 0 0 1 0 ¶ ) = µ 0 0 2 1 ¶ , T( µ 0 0 0 1 ¶ ) = µ 1 0 2 0 ¶ 1. Encontre T(X) para X 2 M2(R). 2. T ´e sobrejetora? Justifique sua resposta. 3. T ´e injetora? Justifique sua resposta. 4. T ´e bijetora? Justifique sua resposta.
  • 100. 100 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES Ex. 8.76 Determinar um operador linear em R4 cujo n´ucleo ´e gerado pelos vetores (1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0). Ex. 8.77 Determinar um operador linear em R4 cujo n´ucleo e a imagem sejam gerados pelos vetores (1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0). Ex. 8.78 Determinar um operador linear em R3 cujo n´ucleo tem dimens˜ao 1. Ex. 8.79 Determinar um operador linear em R3 cujo n´ucleo ´e gerado pelos vetores (1, 1, 0), (0, 0, 1) e a imagem gerado pelo vetor (1,−1, 1). Ex. 8.80 Determinar T 2 L(R3,R4) tal que T(R3) = [(2, 2, 3, 2), (3, 2, 0, 2)]. Ex. 8.81 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R5 ! R3 tal que T(R5) = [(1, 0, 0), (0, 1, 0), (1, 1, 1)] e N (T) = [(1, 1, 1, 1, 1), (1, 1, 1, 1, 0)]. Ex. 8.82 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R3 ! R2 tal que T(1, 0, 0) = (1, 2), T(0, 1, 0) = (3, 4), T(0, 0, 1) = (0, 0). Ex. 8.83 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R5 ! R3 tal que dimN (T) = 2, dimT(R5) = 3. Ex. 8.84 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R3 ! R4 tal que N (T) = [(1, 0, 1)]. Ex. 8.85 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R4 ! R4 tal que N (T) = T(R4) = [(1, 0, 1, 0)]. Ex. 8.86 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R2 ! R3 tal que T(R2) = [(1, 1, 1), (1, 2, 0)]. Ex. 8.87 Determinar uma aplicac¸ ˜ao linear T : R2 ! R3 tal que T(R2) = [(1, 1, 1)] e N (T) = [(1, 1)]. Ex. 8.88 Verifique se os operadores lineares em R3 abaixo s˜ao isomorfismos e em caso afirmativo determinar o isomorfismo inverso. a) T(x, y, z) = (x − 3y − 2z, y − 4z, z) b) T(x, y, z) = (x, x − y, 2x + y − z).
  • 101. 8.7. EXERC´ICIOS 101 Ex. 8.89 Considere o operador linear em R3 tal que T(1, 0, 0) = (1, 1, 1), T(0, 0, 1) = (1, 0, 1), F(0, 1, 2) = (0, 0, 4). Pergunta-se: T ´e um isomorfismo? Em caso afirmativo, obtenha o isomorfismo inverso. Ex. 8.90 Verifique, em cada um dos itens abaixo, se os espac¸os vetoriais U e V s˜ao isomorfos, justificando a resposta. 1. U = R2, V = © (x, y, z) 2 R3; z = 0 ª . 2. U = M2×3(R), V = {p 2 P4(R); p0(t) = 0, 8t 2 R} . 3. U = R3, V = © A 2 M2(R);At = A ª . 4. U = ½µ a 0 0 0 ¶ ; a 2 R ¾ , V = {p 2 P3(R); p0(t) = 0, 8t 2 R} . Ex. 8.91 Considere T : R2 ! R2 dada por T(x, y) = (y, x), (x, y) 2 R2. Determine Tn(x, y), onde n 2 N e (x, y) 2 R2. Ex. 8.92 Mostre que T,R, S 2 L(R2), dados por T(x, y) = (x, 2y), R(x, y) = (x, x + y), S(x, y) = (0, x), (x, y) 2 R2 formam um subconjunto l.i. em L(R2). Ex. 8.93 Sejam U, V,W espac¸os vetoriais, T 2 L(U, V ) e R 2 L(V,W) tais que N (T) = {0} e N (S) = {0} . Mostre que N (S ± T) = {0} . Ex. 8.94 Determinar as matrizes das seguintes transformac¸ ˜oes lineares em relac¸ ˜ao as bases canˆonicas dos respectivos espac¸os vetoriais. 1. T : R3 ! R2, T(x, y, z) = (x + y, z), (x, y, z) 2 R3. 2. T : R4 ! R, T(x, y, z, t) = 2x + y − z + 3t, (x, y, z, t) 2 R4. 3. T : R ! R3, T(x) = (x, 2x, 3x), x 2 R. Ex. 8.95 Considere M = µ 1 2 0 −1 ¶ . Determinar a matriz do operador linear T : M2(R) ! M2(R) dado por T(X) = MX − XM, X 2 M2(R) em relac¸ ˜ao `a base canˆonica de M2(R).
  • 102. 102 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES Ex. 8.96 Seja T : R2 ! µ R2 operador linear cuja matriz em relac¸ ao ˜a `base B = e ´1 1 {(1, 0), (1, 4)} [T]B = 5 1 ¶ . Determinar a matriz de T em relac¸ ˜ao `a base canˆonica de R2. Ex. 8.97 Seja T : P2(R) ! R transformac¸ ˜ao linear definida por T(p) = Z 1 −1 p(t) dt, p 2 P2(R). Determine a matriz de T em relac¸ ˜ao as seguintes bases. a)B = © 1, t, t2ª , C = {1} . b)B = © 1, 1 + t, 1 + t + t2ª , C = {−2} . Ex. 8.98 0 Se a matriz de um operador linear T : R3 ! R3 em relac¸ ao ˜a base canonica ˆe ´dada por @ 1 1 0 0 1 0 0 1 −1 1 Ae se S : R3 ! R3 ´e dado por S = I+T +2T2, determinar a matriz de S em relac¸ ao ˜a `base canonica ˆde R3. Encontre tambem ´S(x, y, z), (x, y, z) 2 R3. Ex. 8.99 Seja T : P2(R) © ! P2(R) operador ª linear © dado por ª (T(p))(t) = p(t)−p(1), p 2 P2(R). Se B = 1, t − 1, (t − 1)2 e C = 1, t, t2 encontrar [T]B,C, [T]B e [T]C. Ex. 8.100 Seja B = {e1, e2, e3} uma base de um espac¸o vetorial V. Se T, S : V ! V s˜ao operadores lineares em V tais que T(e1) = 2e1 − 3e2 + e3 S(e1) = 3e1 + 2e2 T(e2) = e1 + e2 S(e2) = e1 − e2 − e3 T(e3) = e2 + e3 S(e3) = e1 + e2 − 2e3 Determine as seguintes matrizes [T]B, [S]B, [S ± T]B, [S2 + I]B e [T3 − S2]B. Ex. 8.101 Sejam U = R3 , V = R2, B = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} e C = {(1, 0), (0, 1)} bases de U e V , respectivamente. Encontrar, em cada um dos itens abaixo, T 2 L(U, V ) tal que [T]B,C seja a matriz; a) µ 1 2 3 4 5 1 ¶ b) µ 0 0 1 0 1 0 ¶ c) µ 10 5 −3 2 −1 4 ¶
  • 103. 8.7. EXERC´ICIOS 103 Ex. 8.102 Sejam V espac¸o vetorial e T : V ! V um operador linear idempotente, isto ´e, T2 = T. Mostrar que V = N (T) © T(V ). Ex. 8.103 Seja T : R3 ! R3 o operador linear dado por T(x, y, z) = (3x, x − y, 2x + y + z), (x, y, z) 2 R3. Mostre que (T2 − I) ± (T − 3I) = 0.
  • 104. 104 CAP´ITULO 8. TRANSFORMAC¸ ˜OES LINEARES
  • 105. Cap´ıtulo 9 Autovalores e Autovetores 9.1 Definic¸ ˜ao, Exemplos e Generalidades Definic¸ ˜ao 9.1 Sejam U um espac¸o vetorial e T 2 L(U). Dizemos que um vetor n˜ao nulo u 2 U ´e um autovetor de T se existir ¸ 2 R tal que T(u) = ¸u. Observac¸ ˜ao 9.2 Se u6= 0 ´e tal que T(u) = ¸u = μu ent˜ao ¸ = μ. De fato, esta igualdade implica que (¸ − μ)u = 0, ou seja, ¸ − μ = 0. Definic¸ ˜ao 9.3 Sejam U um espac¸o vetorial, T 2 L(U) e u um autovetor de T. O n´umero ¸ tal que T(u) = ¸u ´e chamado de autovalor de T associado ao autovetor u. Definic¸ ˜ao 9.4 Sejam U um espac¸o vetorial, T 2 L(U) e ¸ um autovalor de T. O subespac¸o vetorial V (¸) = {u 2 U; T(u) = ¸u} = N (T − ¸I) ´e chamado de subespac¸o pr´oprio do autovalor ¸. Se U tem dimens˜ao finita, diremos que a dimens˜ao de V (¸) ´e a multiplicidade geom´etrica de ¸. Observac¸ ˜ao 9.5 Note que todo u 2 V (¸), u6= 0, ´e um autovetor de T associado ao autovalor ¸. Observac¸ ˜ao 9.6 V (¸) ´e um subespac¸o invariante por T, isto ´e, T(V (¸)) ½ V (¸). Basta notar que se u 2 V (¸) ent˜ao T(u) = ¸u 2 V (¸). 105
  • 106. 106 CAP´ITULO 9. AUTOVALORES E AUTOVETORES Ex. Resolvido 9.7 Seja T : R2 ! R2 dada por T(x, y) = (y, 4x). Encontre os auto-valores de T, os respectivos subespac¸os pr´oprios e a multiplicidade geom´etrica de cada autovalor. Resoluc¸ ˜ao: ¸ 2 R ´e um autovalor de T se e somente se existir (x, y)6= (0, 0) tal que T(x, y) = ¸(x, y), ou seja, se e somente se existir (x, y)6= (0, 0) tal que (y, 4x) = (¸x, ¸y). Isto equivale a que o sistema ( y − ¸x = 0 4x − ¸y = 0 possua uma soluc¸ ˜ao n˜ao trivial. Isto acontece se e somente se o determinante da matriz µ −¸ 1 4 −¸ ¶ for igual a zero. Como este determinante ´e ¸2 − 4, vemos que os ´unicos autovalores de T s˜ao ¸1 = −2 e ¸2 = 2. Temos V (−2) = {(x, y) 2 R2; (y, 4x) = −2(x, y)} = {(x, y) 2 R2;−2x = y} = [(1,−2)]. Assim, a multiplicidade geom´etrica de −2 ´e um. Tamb´em, V (2) = {(x, y) 2 R2; (y, 4x) = 2(x, y)} = {(x, y) 2 R2; 2x = y} = [(1, 2)]. Assim, a multiplicidade geom´etrica de 2 ´e um. Note que (1,−2) ´e um autovetor associado ao autovalor −2 e e (1, 2) ´e um autovetor associado ao autovalor 2. ¤ Ex. Resolvido 9.8 Ainda com relac¸ ˜ao ao exerc´ıcio anterior, encontre a matriz de T com relac¸ ˜ao `a base (1,−2) e (1, 2) formada pelos autovetores de T. Resoluc¸ ˜ao: Temos T(1,−2) = (−2, 4) = −2(1,−2) + 0(1, 2) T(1, 2) = (2, 4) = 0(1,−2) + 2(1, 2) . Logo, a matriz de T com relac¸ ˜ao a esta base ´e a matriz diagonal µ −2 0 ¶ . 0 2 ¤
  • 107. 9.1. DEFINIC¸ ˜AO, EXEMPLOS E GENERALIDADES 107 Ex. Resolvido 9.9 Fac¸a o mesmo o que se pede no exerc´ıcio 9.7 para a transformac¸ ˜ao T(x, y) = (−y, x). Resoluc¸ ˜ao: ¸ 2 R ´e um autovalor de T se e somente se existir (x, y)6= (0, 0) tal que T(x, y) = ¸(x, y), ou seja, se e somente se existir (x, y)6= (0, 0) tal que (−y, x) = (¸x, ¸y). Isto equivale a que o sistema ( ¸x + y = 0 x − ¸y = 0 possua uma soluc¸ ˜ao n˜ao trivial. Isto acontece se e somente se o determinante da matriz µ ¸ 1 1 −¸ ¶ for igual a zero. Como este determinante ´e −¸2 − 1 < 0, vemos que n˜ao existem autovalores associados `a transformac¸ ˜ao T. ¤ Ex. Resolvido 9.10 Seja T : Pn(R) ! Pn(R) dada por T(p(x)) = p0(x). Verifique que 0 ´e o ´unico autovalor desta transformac¸ ˜ao. Encontre V (0). Resoluc¸ ˜ao: Note que ¸ 2 R ´e um autovalor de T se e somente se existir p(x)6= 0 tal que p0(x) = ¸p(x). Se ¸6= 0 esta equac¸ ˜ao s´o ´e verdadeira para o polinˆomio nulo, posto que para qualquer outro polinˆomio os graus de p0(x) e ¸p(x) s˜ao distintos. Desta forma, ¸6= 0 n˜ao ´e autovalor de T. Agora, se ¸ = 0, ent˜ao p0(x) = 0 apresenta como soluc¸ ˜ao todos os polinˆomios constantes. Logo, ¸ = 0 ´e um autovalor associado, por exemplo, ao autovetor p(x) = 1. Quanto a V (0), basta ver que V (0) = N (T) = [1], isto ´e, o subespac¸o gerado pelo polinˆomio 1. ¤ Ex. Resolvido 9.11 Seja T : R3 ! R3 dada por T(x, y, z) = (x, y, x). Encontre os autovalores de T e os respectivos subespac¸os pr´oprios e a multiplicidade geom´etrica de cada autovalor. Resoluc¸ ˜ao: ¸ 2 R ´e um autovalor de T se e somente se existir (x, y, z)6= (0, 0, 0) tal que T(x, y, z) = ¸(x, y, z), isto ´e, se e somente se existir (x, y, z)6= (0, 0, 0) tal que (x, y, x) = (¸x, ¸y, ¸z). Isto equivale a que o sistema 8>< >: (1 − ¸)x = 0 (1 − ¸)y = 0 ¸z − x = 0
  • 108. 108 CAP´ITULO 9. AUTOVALORES E AUTOVETORES possua uma soluc¸ ˜ao n˜ao trivial. Isto acontece se e somente se o determinante da matriz 0 @ 1 − ¸ 0 0 0 1 − ¸ 0 −1 0 ¸ 1 A for igual a zero. Como este determinante ´e ¸(1 − ¸)2, vemos que os ´unicos autovalores de T s˜ao ¸1 = 0 e ¸2 = 1. Quanto aos subespac¸os pr´oprios, temos V (0) = {(x, y, z) 2 R3; (x, y, x) = (0, 0, 0)} = [(0, 0, 1)]. Assim, a multiplicidade geom´etrica de 0 ´e 1. V (1) = {(x, y, z) 2 R3; (x, y, x) = (x, y, z)} = {(x, y, z) 2 R3; x = z} = [(1, 0, 1)]. Assim, a multiplicidade geom´etrica de 1 ´e um. Proposic¸ ˜ao 9.12 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T em L(U). Supo-nha que T possua autovetores u1, . . . , un associados a autovalores ¸1, . . . , ¸n, respec-tivamente. Se ¸i6= ¸j , quando i6= j ent˜ao u1, . . . , un s˜ao linearmente independentes. Prova: A prova ser´a por induc¸ ˜ao sobre o n´umero de autovalores. Se ¯1u1 + ¯2u2 = 0 ent˜ao T(¯1u1 + ¯2u2) = ¯1T(u1) + ¯2T(u2) = ¯1¸1u1 + ¯2¸2u2 = 0. Portanto, ¯2(¸2 − ¸1)u2 = 0 e, como u26= 0 e ¸16= ¸2, resulta que ¯2 = 0. Da´ı, ¯1u1 = 0 e, como u16= 0, temos ¯1 = 0. Assim, ¯2u2 = 0, que implica em ¯2 = 0 pois u26= 0. Portanto, u1 e u2 s˜ao linearmente independentes. Suponhamos, como hip´otese de induc¸ ˜ao, que n − 1 autovetores de uma transforma-c ¸ ˜ao linear associados a n − 1 autovalores dois a dois distintos sejam linearmente inde-pendentes. Devemos mostrar que o mesmo resultado vale para n autovetores associados a n autovalores dois a dois distintos. Sejam ent˜ao u1, . . . , un autovetores associados aos autovalores ¸1, . . . , ¸n, dois a dois distintos. Se u1, . . . , un n˜ao fossem linearmente independentes, pelo menos um
  • 109. 9.1. DEFINIC¸ ˜AO, EXEMPLOS E GENERALIDADES 109 deles se escreveria como combinac¸ ˜ao linear dos outros. Para simplificar a notac¸ ˜ao, su-ponhamos que u1 = ®2u2 + · · · + ®nun (9.13) ent˜ao T(u1) = T(®2u2 + · · · + ®nun) = ®2T(u2) + · · · + ®nT(un) ¸1u1 = ®2¸2u2 · · · + ®n¸nun, (9.14) De 9.13 e 9.14 resulta que 0 = ®2(¸2 − ¸1)u2 + · · · + ®n(¸n − ¸1)un e pela hip´otese de induc¸ ˜ao, ®2(¸2 − ¸1) = · · · = ®n(¸n − ¸1) = 0, mas como ¸16= ¸j para j = 2, . . . , n, temos ®2 = · · · = ®n = 0. Assim, pela equac¸ ˜ao 9.13, u1 = 0, o que ´e imposs´ıvel pois u1 ´e um autovetor. Proposic¸ ˜ao 9.15 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T em L(U). Su-ponha que T possua autovalores ¸1, . . . , ¸n, distintos. Ent˜ao a soma dos subespac¸os pr´oprios de T ´e direta, isto ´e, para cada j = 1, . . . , n, temos V (¸j) (V (¸1) + · · · + V (¸j−1) + V (¸j+1) + · · · + V (¸n)) = {0}. Prova: A prova ser´a por induc¸ ˜ao sobre o n´umero de autovalores. Primeiramente, mostre-mos que V (¸1) V (¸2) = {0}. Fixe v(1) 1 , . . . , v(1) m1 uma base de V (¸1) e v(2) 1 , . . . , v(2) m2 uma base de V (¸2). Se u 2 V (¸1) V (¸2) ent˜ao u = ®(1) 1 v(1) 1 + · · · + ®(1) m1 = ®(2) m1v(1) 1 v(2) 1 + · · · + ®(2) m2v(2) m2 . (9.16) Logo, T(u) ´e dado por ®(1) 1 T(v(1) 1 ) + · · · + ®(1) m1T(v(1) m1) = ®(2) 1 T(v(2) 1 ) + · · · + ®(2) m2T(v(2) m2),
  • 110. 110 CAP´ITULO 9. AUTOVALORES E AUTOVETORES ou seja, ®(1) 1 ¸1v(1) 1 + · · · + ®(1) m1¸1v(1) m1 = ®(2) 1 ¸2v(2) 1 + · · · + ®(2) m2¸2v(2) m2 . (9.17) Multiplicando a equac¸ ˜ao 9.16 por ¸1 e subtraindo-a de 9.17, obtemos ®(2) 1 (¸2 − ¸1)v(2) 1 + · · · + ®(2) m2(¸2 − ¸1)v(2) m2 = 0. Como v(2) 1 , . . . , v(2) m2 ´e uma base de V (¸2), temos ®(2) 1 (¸2 − ¸1) = · · · = ®(2) m2(¸2 − ¸1) = 0 e, como ¸16= ¸2, resulta que ®(2) 1 = · · · = ®(2) m2 = 0. Segue-se de 9.16 que u = 0. Suponhamos agora, por induc¸ ˜ao, que a soma de n − 1 espac¸os pr´oprios de T refe-rentes a n − 1 autovalores distintos seja direta. Precisamos mostrar que este resultado ´e v´alido quando T apresenta n autovalores distintos. Para cada j = 1, . . . , n selecione uma base Bj de V (¸j) constitu´ıda por vetores que denotaremos por v(j) 1 , . . . , v(j) mj . Note que cada v(j) i ´e um autovetor associado ao autovalor ¸j e que mj ´e a multiplicidade geom´etrica deste autovalor. Se u 2 V (¸j) (V (¸1) + · · · + V (¸j−1) + V (¸j+1) + · · · + V (¸n)) , ent˜ao u = ®(j) 1 v(j) 1 + · · · + ®(j) mj v(j) mj = ®(1) 1 v(1) 1 + · · · mj−1 v(j−1) mj−1 + ®(j+1) + ®(j−1) 1 v(j+1) 1 + · · · + ®(n) mnv(n) mn. (9.18) Assim, T(u) ´e dado por ®(j) 1 T(v(j) 1 ) + · · · + ®(j) mjT(v(j) mj ) = ®(1) 1 T(v(1) 1 ) + · · · mj−1T(v(j−1) mj−1 ) + ®(j+1) + ®(j−1) 1 T(v(j+1) 1 ) + · · · + ®(n) mnT(v(n) mn) isto ´e, ®(j) 1 ¸jv(j) 1 + · · · + ®(j) mj¸jv(j) mj = ®(1) 1 ¸1v(1) 1 + · · · + ®(j−1) mj−1 + ®(j+1) mj−1¸j−1v(j−1) 1 ¸j+1v(j+1) 1 + · · · + ®(n) mn¸nv(n) mn. (9.19)
  • 111. 9.2. POLIN ˆOMIO CARACTER´ISTICO 111 Multiplicando a equac¸ ˜ao 9.18 por ¸j e subtraindo-a de 9.19, obtemos ®(1) 1 (¸1 − ¸j)v(1) 1 + · · · + ®(j−1) mj−1 (¸j−1 − ¸j)v(j−1) mj−1+ ®(j+1) 1 (¸j+1 − ¸j)v(j+1) 1 + · · · + ®(n) mn(¸n − ¸j)v(n) mn = 0 Usando a nossa hip´otese de induc¸ ˜ao e o fato que ¸j6= ¸i, quando i6= j, obtemos ®i1 i = 0 para todo i = 1, . . . , j − 1, j + 1, . . . , n. Disto e da equac¸ ˜ao 9.18 = · · · = ®im resulta que u = 0. Como quer´ıamos. 9.2 Polinˆomio Caracter´ıstico Definic¸ ˜ao 9.20 Dada A 2 Mn×n(R) definimos o polinˆomio caracter´ıstico de A como sendo o determinante pA(¸) = det (A − ¸I), onde I ´e a matriz identidade de ordem n. Definic¸ ˜ao 9.21 Sejam A,B 2 Mn×n(R). Dizemos que A e B s˜ao semelhantes se existir M 2 Mn×n(R) invert´ıvel tal que A = M−1BM. Proposic¸ ˜ao 9.22 Se A,B 2 Mn×n(R) s˜ao matrizes semelhantes ent˜ao seus polinˆomios caracter´ısticos s˜ao iguais. Prova: Temos pA(¸) = det (A − ¸I) = det (M−1BM − ¸M−1IM) = det (M−1(BM − ¸IM)) = det (M−1(B − ¸I)M) = detM−1 det (B − ¸I) detM = 1 detM det (B − ¸I) detM = pB(¸). Lembre que se T 2 L(U), onde U ´e um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita, e se B e C s˜ao bases de U ent˜ao [T]C = MB C [T]BMC B = £ MC B ¤ −1 [T]BMC B .
  • 112. 112 CAP´ITULO 9. AUTOVALORES E AUTOVETORES Desta forma, p[T]B(¸) = p[T]C (¸), ou seja, o polinˆomio caracter´ıstico da matriz de uma transformac¸ ˜ao linear independe da escolha da base. Podemos assim, sem causar ambig¨uidades, definir o polinˆomio caracter´ıstico de T como sendo pT (¸) = p[T]B(¸), onde B ´e uma base qualquer de U. Ex. Resolvido 9.23 Seja T : R2 ! R2 dada por T(x, y) = (ax + by, cx + dy). Encontre pT (¸). Resoluc¸ ˜ao: Usaremos a base canˆonica, C, de R2. Como T(1, 0) = (a, c) e T(0, 1) = (b, d), vemos que [T]C = µ a b c d ¶ . Assim, pT (¸) = det µµ a b c d ¶ − ¸ µ 1 0 0 1 ¶¶ = det µ a − ¸ b c d − ¸ ¶ = ¸2 − (a + d)¸ + ad − bc. ¤ Proposic¸ ˜ao 9.24 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T em L(U). Ent˜ao, ¸ ´e um autovalor de T se e somente se pT (¸) = 0. Em outras, palavras, os autovalores de T s˜ao as ra´ızes reais de seu polinˆomio caracter´ıstico. Prova: Fixe B uma base de U. Suponha que ¸ seja um autovalor de T. Ent˜ao existe u6= 0 tal que T(u) = ¸u, ou seja, (T −¸I)(u) = 0. Desta forma, vemos que a transformac¸ ˜ao linear T −¸I : U ! U n˜ao ´e injetora e, conseq¨uentemente, n˜ao ´e um isomorfismo. Disto resulta que [T −¸I]B n˜ao ´e invert´ıvel, ou equivalentemente, pT (¸) = det [T − ¸I]B = 0. Reciprocamente, se pT (¸) = 0 ent˜ao a matriz [T −¸I]B tem determinante nulo. Isto implica que a transformac¸ ˜ao T − ¸I : U ! U n˜ao ´e um isomorfismo e, portanto, n˜ao ´e injetora. Logo, existe u6= 0 tal que (T −¸I)(u) = 0. Portanto, T(u) = ¸u, u6= 0, isto ´e, ¸ ´e um autovalor de T.
  • 113. 9.2. POLIN ˆOMIO CARACTER´ISTICO 113 Exerc´ıcio 9.25 Refac¸a os exerc´ıcios resolvidos 9.7, 9.9, 9.10 e 9.11 tendo como base a proposic¸ ˜ao anterior. Definic¸ ˜ao 9.26 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U). Se ¸ ´e um autovalor de T, definimos a multiplicidade alg´ebrica de ¸ como sendo a multiplicidade de ¸ como raiz do polinˆomio caracter´ıstico de T. Proposic¸ ˜ao 9.27 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T em L(U). Se ¸o ´e um autovalor de T ent˜ao a sua multiplicidade geom´etrica n˜ao excede a sua multipli-cidade alg´ebrica. Prova: Seja n a dimens˜ao de U. Denotemos por m e r as multiplicidades alg´ebrica e geom´etrica de ¸o, respectivamente. Como dimV (¸o) = r, existem u1, . . . , ur 2 V (¸o) linearmente independentes. Completando estes vetores a uma base de U, vemos que a matriz de T com relac¸ ˜ao a esta base ´e da forma 0 BBBBB@ 2 ¸o · · · 0 0 · · · 0 6664 ... . . . ... 0 · · · ¸o 3 7775 r×r Ar×(n−r) 0(n−r)×r B(n−r)×(n−r) 1 CCCCCA n×n vemos que o fator (¸ − ¸o)r aparece na fatorac¸ ˜ao do polinˆomio pT (¸). Por outro lado, como a multiplicidade alg´ebrica de ¸o ´e m, obtemos r · m. Ex. Resolvido 9.28 Seja T : R2 ! R2 dada por T(x, y) = (ax + by, cx + dy). Analise quando esta transformac¸ ˜ao possui autovalores e o n´umero deles. Resoluc¸ ˜ao: Sabemos do exerc´ıcio resolvido 9.23 que pT (¸) = ¸2 − (a + d)¸ + ad − bc. Pela proposic¸ ˜ao 9.24 que ¸ ´e um autovalor de T se e somente se pT (¸) = 0, isto ´e, se e somente se ¸2 − (a + d)¸ + ad − bc = 0
  • 114. 114 CAP´ITULO 9. AUTOVALORES E AUTOVETORES e esta equac¸ ˜ao possui soluc¸ ˜ao (real) se e somente se (a+d)2 −4(ad−bc) ¸ 0. Quando (a+d)2 = 4(ad−bc) vemos que T apresenta somente um autovalor, dado por (a+d)/2; quando (a + d)2 − 4(ad − bc) > 0, T apresenta dois autovalores distintos dados por a + d + p (a + d)2 − 4(ad − bc) 2 e a + d − p (a + d)2 − 4(ad − bc) 2 . 9.3 Exerc´ıcios Ex. 9.29 Encontrar os autovalores e autovetores do operador linear T : V ! V nos seguintes casos: a) V = R2, T(x, y) = (x + y, x − y). b) V = R3, T(1, 0, 0) = (2, 0, 0), T(0, 1, 0) = (2, 1, 2), T(0, 0, 1) = (3, 2, 1). c) V = R4 e [T]B = 0 BB@ 3 1 0 0 0 3 0 0 0 0 4 0 0 0 0 3 1 CCA , onde B ´e base canˆonica de R4. Ex. 9.30 a) Seja A 2 Mn(R) uma matriz triangular, isto ´e, A = (aij) onde aij = 0, sempre que i > j (ou sempre que i < j). Qual o polinˆomio caracter´ıstico de A? b) Sejam A,B 2 Mn(R) matrizes triangulares com a mesma diagonal principal. Existe alguma relac¸ ˜ao entre seus polinˆomios caracter´ısticos? Qual? c) Mostre que se ¸ ´e autovalor de T 2 L(V ) ent˜ao ¸n ´e autovalor de Tn. d) Mostre que se p = p(t) ´e um polinˆomio e ¸ ´e autovalor de T 2 L(V ) ent˜ao p(¸) ´e autovalor de p(T), onde p(T) = aoI +a1T +· · ·+anTn, com p(t) = a0 +a1t+· · ·+ antn.
  • 115. Cap´ıtulo 10 Diagonalizac¸ ˜ao 10.1 Definic¸ ˜ao e Caracterizac¸ ˜ao Definic¸ ˜ao 10.1 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U). Dizemos que T ´e diagonaliz´avel se existir uma base de U formada por autovetores de T. Note que se T 2 L(U) ´e diagonaliz´avel e se u1, . . . , un formam uma base B de U formada autovetores de T associados, respectivamente, aos autovalores ¸1, . . . , ¸n, ent˜ao a matriz de T com relac¸ ˜ao a esta base ´e [T]B = 0 ¸1 0 · · · 0 0 ¸2 · · · 0 BBB@ ... 0 0 ... · · ... · ¸n . . . 1 CCCA , ou seja, [T]B ´e uma matriz diagonal, isto ´e, uma matriz quadrada (aij) tal que aij = 0 se i6= j. Reciprocamente, se existir uma base C : v1, . . . , vn de U com relac¸ ˜ao a qual a matriz de T 2 L(U) ´e diagonal, ent˜ao T ´e diagonaliz´avel. De fato, se [T]C = 0 BBB@ μ1 0 · · · 0 0 μ2 · · · 0 ... ... . . . ... 0 0 · · · μn 1 CCCA 115
  • 116. 116 CAP´ITULO 10. DIAGONALIZAC¸ ˜AO ent˜ao, pela pr´opria definic¸ ˜ao de matriz de uma transformac¸ ˜ao linear, vemos que T(v1) = μ1v1, . . . , T(vn) = μnvn, ou seja, a base C ´e formada por autovetores de T. Resumire-mos este fato no seguinte Teorema 10.2 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U). Ent˜ao T ´e diagonaliz´avel se e somente se existir uma base de U com relac¸ ˜ao a qual a matriz de T ´e diagonal. Note que se T 2 L(U) ´e diagonaliz´avel ent˜ao existe uma base B formada por autovetores de T com relac¸ ˜ao a qual a matriz de T ´e diagonal. Se C ´e uma outra base de U sabemos que [T]B = (MB C )−1[T]CMB C . Esta ´ultima igualdade nos sugere a seguinte Definic¸ ˜ao 10.3 Dizemos que uma matriz A 2 Mn×n(R) ´e diagonaliz´avel se existir M 2 Mn×n(R) invert´ıvel tal que M−1AM seja uma matriz diagonal. Proposic¸ ˜ao 10.4 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita, T 2 L(U) e C uma base qualquer de U. Ent˜ao T ´e diagonaliz´avel se e somente se a matriz [T]C for diago-naliz ´avel. Prova: J´a vimos que se T for diagonaliz´avel ent˜ao [T]C ´e uma matriz diagonaliz´avel. Reciprocamente, suponha que [T]C seja diagonaliz´avel. Assim, existeM = (aij) 2 Mn×n(R) invert´ıvel tal que M−1[T]CM ´e uma matriz diagonal. Se u1, . . . , un s˜ao os vetores da base C ent˜ao, colocando vj = a1ju1 + · · · + anjun, vemos que v1, . . . , vn formam uma base B de U pois M ´e invert´ıvel. Al´em do mais, M = MB C . Deste modo, C )−1[T]CMB C = M−1[T]CM [T]B = (MB ´e diagonal, isto ´e, T ´e diagonaliz´avel. Note que pelo teorema acima, para verificar se um operador ´e diagonaliz´avel, basta verificar se a matriz de T com relac¸ ˜ao a uma base qualquer de U ´e diagonaliz´avel. Observac¸ ˜ao 10.5 Note que se T for diagonaliz´avel, o seu polinˆomio caracter´ıstico ´e da forma pT (¸) = (¸1 − ¸) · · · (¸n − ¸), onde os n´umeros reais ¸1, . . . , ¸n s˜ao todos os autovalores de T. Teorema 10.6 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U). Ent˜ao, T ´e diagonaliz´avel se e somente se os autovalores ¸1, . . . , ¸n de T forem tais que U = V (¸1) © · · · © V (¸n).
  • 117. 10.1. DEFINIC¸ ˜AO E CARACTERIZAC¸ ˜AO 117 Prova: Se U = V (¸1) © · · · © V (¸n) ent˜ao podemos formar uma base B de U formada por bases Bj de V (¸j), j = 1, . . . , n. Como cada elemento de Bj ´e um autovetor de T, segue-se, pelo teorema 10.2 que T ´e diagonaliz´avel. Reciprocamente, se T for diagonaliz´avel existe uma base B de U formada por auto-vetores de T. Como cada autovetor est´a associado a algum autovalor de T, vemos que cada elemento de B est´a contido em algum V (¸j). Desta forma, a soma de todos os subespac¸os pr´oprios de T cont´em B e, portanto, ´e o pr´oprio U. Pelo teorema 9.15 esta soma ´e direta, ou seja, U = V (¸1) © · · · © V (¸n). Exemplo 10.7 As transformac¸ ˜ao do exerc´ıcio resolvido 9.7 ´e diagonaliz´avel. J´a a transformac¸ ˜ao do 9.11 n˜ao ´e pois possui apenas dois auto-espac¸os cuja soma n˜ao ´e R3, isto ´e, V (0) © V (1) = [(0, 0, 1), (1, 0, 1)]6= R3. Tamb´em n˜ao ´e diagonaliz´avel a transformac¸ ˜ao do exerc´ıcio resolvido 9.9 pois n˜ao possui autovetores. Quanto a transformac¸ ˜ao do 9.10 vemos que tamb´em n˜ao ´e diagonaliz´avel se n ¸ 1, pois todo autovetor de T pertence a V (0), que ´e unidimensional, e dimPn(R) = n + 1 ¸ 2. Vejamos como ´e poss´ıvel decidir sobre a diagonalizac¸ ˜ao de um operador linear a partir das multiplicidades alg´ebrica e geom´etrica de seus autovalores. Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao m e T 2 L(U). Primeiramente, pela observac¸ ˜ao 10.5, T n˜ao pode ser diagonaliz´avel se o seu polinˆomio caracter´ıstico tiver ra´ızes complexas. Desta forma, podemos supor que o polinˆomio caracter´ıstico de T apresente somente ra´ızes reais. Se ¸1, . . . , ¸n s˜ao autovalores de T dois a dois distintos ent˜ao o polinˆomio carac-ter ´ıstico de T ´e dado por pT (¸) = (¸1 − ¸)m1 · · · (¸n − ¸)mn, (10.8) onde mj ´e a multiplicidade alg´ebrica de ¸j . Note que m = m1 + · · · + mn. Se denotarmos por rj a multiplicidade geom´etrica de ¸j , isto ´e, rj = dimV (¸j) ent˜ao, pelo teorema 10.6, T ´e diagonaliz´avel se e somente se m = r1 + · · · + rn. Por este mesmo teorema, T ´e diagonaliz´avel se e somente se U possuir uma base formada pela reuni˜ao das bases dos espac¸os pr´oprios de T, visto que isto ´e equivalente a dizer
  • 118. 118 CAP´ITULO 10. DIAGONALIZAC¸ ˜AO que a soma destes subespac¸os ´e direta. Como com relac¸ ˜ao a uma tal base a matriz de T ´e da forma 2 0 6664 BBBBBBBBBBBBBBB@ ¸1 · · · 0 0 · · · 0 ... . . . ... 0 · · · ¸1 3 7775 r1×r1 . . . 2 ¸n · · · 0 0 · · · 0 6664 ... . . . ... 0 · · · ¸n 3 7775 rn×rn 1 CCCCCCCCCCCCCCCA m×m vemos que T ´e diagonaliz´avel se e somente se o seu polinˆomio caracter´ıstico ´e dado por pT (¸) = (¸1 − ¸)r1 · · · (¸n − ¸)rn, (10.9) onde rj ´e a multiplicidade geom´etrica de ¸j , j = 1, . . . , n. Comparando 10.8 e 10.9, obtemos o importante Teorema 10.10 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U). Ent˜ao T ´e diagonaliz´avel se e somente se ambas condic¸ ˜oes forem verificadas 1. para cada autovalor de T as suas multiplicidades alg´ebrica e geom´etrica s˜ao iguais; 2. a soma das multiplicidades geom´etricas de todos os autovalores de T coincide com a dimens˜ao de U. Corol´ario 10.11 Sejam U um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita e T 2 L(U). Se pT (¸) = (¸1 − ¸) · · · (¸n − ¸), onde ¸1, . . . , ¸n 2 R s˜ao dois a dois distintos ent˜ao T ´e diagonaliz´avel. Prova: Como os autovalores de T s˜ao dois a dois distintos, vˆe-se que as ra´ızes de pT (¸), s˜ao todas simples, isto ´e, tˆem multiplicidade um. Desta forma, se ¸ ´e um autovalor de T ent˜ao a sua multiplicidade geom´etrica ´e um. Pela proposic¸ ˜ao 9.27, a multiplicidade geom´etrica de ¸ ´e menor do que ou igual a um. Como dimV (¸) ¸ 1, segue-se que a a multiplicidade geom´etrica de ¸ ´e um, ou seja, igual `a sua multiplicidade alg´ebrica.
  • 119. 10.1. DEFINIC¸ ˜AO E CARACTERIZAC¸ ˜AO 119 Ex. Resolvido 10.12 Verifique se T : R3 ! R3 da por T(x, y, z) = (x + z, y + z, x + y + 2z) ´e diagonaliz´avel. Resoluc¸ ˜ao: Com relac¸ ˜ao `a base canˆonica, a matriz de T ´e dada por 0 @ 1 A. 1 0 1 0 1 1 1 1 2 Assim, pT (¸) = det 0 @ 1 − ¸ 0 1 0 1 − ¸ 1 1 1 2 − ¸ 1 A = (1−¸)((1−¸)(2−¸)−1)+1(−(1−¸)) = (1 − ¸)(¸2 − 3¸) = ¸(1 − ¸)(¸ − 3). Desta forma, vemos que PT (¸) apresenta todas as ra´ızes reais e simples e, pelo corol´ario 10.11, segue-se que T ´e diagonaliz´avel. ¤ Ex. Resolvido 10.13 Encontre uma base de autovetores para o operador do exerc´ıcio anterior. Encontre tamb´em a matriz de T com relac¸ ˜ao a esta base. Resoluc¸ ˜ao: autovalor 0: Precisamos encontrar (x, y, z) n˜ao nulo tal que T(x, y, z) = (0, 0, 0). Temos 8>< >: x + z = 0 y + z = 0 x + y + 2z = 0 () ( x = y = −z x + y + 2z = 0 () x = y = −z, assim, podemos tomar como autovetor associado ao autovalor 0, o vetor u = (1, 1,−1). autovalor 1: Precisamos encontrar (x, y, z) n˜ao nulo tal que T(x, y, z) = (x, y, z). Temos 8>< x + z = x y + z = y x + y + 2z = z >: () ( z = 0 x = −y ,
  • 120. 120 CAP´ITULO 10. DIAGONALIZAC¸ ˜AO assim, podemos tomar como autovetor associado ao autovalor 1, o vetor v = (1,−1, 0). autovalor 3: Precisamos encontrar (x, y, z)6= (0, 0, 0) satisfazendo T(x, y, z) = (3x, 3y, 3z). Temos 8>< >: x + z = 3x y + z = 3y x + y + 2z = 3z () z = 2x = 2y, assim, podemos tomar como autovetor associado ao autovalor 3, o vetor v = (1, 1, 2). ´E claro que a matriz de T com relac¸ ˜ao `a base formada por u, v e w ´e dada por 0 @ 1 A. 0 0 0 0 1 0 0 0 3 ¤ Ex. Resolvido 10.14 Seja T : R2 ! R2 cuja matriz com relac¸ ˜ao a alguma base ´e dada por A = µ a b b c ¶ . Mostre que T diagonaliz´avel. Resoluc¸ ˜ao: O polinˆomio caracter´ıstico de T ´e dado por pT (¸) = ¸2 − (a + c)¸ + ac − b2. Vemos que pT (¸) apresenta duas ra´ızes reais simples, isto ´e, com multiplicidade um, se e somente se o discriminante (a + c)2 − 4(ac − b2) for positivo. Assim, (a + c)2 − 4(ac − b2) = a2 + c2 − 2ac + 4b2 = (a − c)2 + 4b2 > 0 se e somente se a6= c ou b6= 0. Vemos assim que, se a6= c ou b6= 0 as multiplicidades alg´ebrica e geom´etrica de cada um dos autovalores de T (as ra´ızes de pT (¸)) coincidem e, portanto, T ´e diagonaliz´avel. Se a = c e b = 0 ent˜ao vˆe-se claramente que T ´e diagonaliz´avel pois, neste caso, A ´e diagonal. ¤
  • 121. 10.1. DEFINIC¸ ˜AO E CARACTERIZAC¸ ˜AO 121 Ex. Resolvido 10.15 Verifique se T : P2(R) ! P2(R) dado por T(p(t)) = p00(t) − 2p0(t) + p(t) ´e diagonaliz´avel. Resoluc¸ ˜ao: A matriz de T com relac¸ ˜ao `a base canˆonica ´e dada por A = 0 @ 1 A. 1 −2 2 0 1 −4 0 0 1 Assim, PT (¸) = (1−¸)3 e, desta forma, 1 ´e o ´unico autovalor de T. Como pelo teorema 10.10 T ´e diagonaliz´avel se e somente se dimV (1) = 3, vejamos qual ´e a dimens˜ao deste subespac¸o pr´oprio. (x, y, z) 2 V (1) () 0 @ 0 −2 2 0 0 −4 0 0 0 1 A 0 @ 1 A = x y z 0 @ 1 A () y = z = 0. 0 0 0 Portanto, V (1) = [(1, 0, 0)] e T n˜ao ´e diagonaliz´avel. ¤ Ex. Resolvido 10.16 Verifique se T : R4 ! R4 dada por T(x, y, z, t) = (x + y, y, 2z + t, 2z + t) ´e diagonaliz´avel. Encontre tamb´em os espac¸os pr´oprios de T. Resoluc¸ ˜ao: A matriz de T com relac¸ ˜ao `a base canˆonica ´e dada por 0 BB@ 1 1 1 0 0 0 1 0 0 0 0 2 1 0 0 2 1 CCA e o seu polinˆomio caracter´ıstico ´e pT (¸) = det 0 BB@ 1 − ¸ 1 0 0 0 1 − ¸ 0 0 0 0 2 − ¸ 1 0 0 2 1 − ¸ 1 CCA = (1 − ¸)2((2 − ¸)(1 − ¸) − 2)
  • 122. 122 CAP´ITULO 10. DIAGONALIZAC¸ ˜AO = (1 − ¸)2(¸2 − 3¸) = ¸(¸ − 3)(1 − ¸)2. (i) autovalor 0: (x, y, z, t) 2 V (0) () (x + y, y, 2z + t, 2z + t) = (0, 0, 0, 0) () 8>>>>< >>>>: x + y = 0 y = 0 2z + t = 0 2z + t = 0 () ( x = y = 0 t = −2z () (x, y, z, t) = z(0, 0, 1,−2). Logo, V (0) = [(0, 0, 1,−2)]. (ii) autovalor 3: (x, y, z, t) 2 V (3) () (x + y, y, 2z + t, 2z + t) = (3x, 3y, 3z, 3t) () 8>>>>< >>>>: x + y = 3x y = 3y 2z + t = 3z 2z + t = 3t () ( x = y = 0 t = z () (x, y, z, t) = z(0, 0, 1, 1). Logo, V (3) = [(0, 0, 1, 1)]. (iii) autovalor 1: (x, y, z, t) 2 V (1) () (x + y, y, 2z + t, 2z + t) = (x, y, z, t) () 8>>>>< >>>>: x + y = x y = y 2z + t = z 2z + t = t () y = z = t = 0 () (x, y, z, t) = x(1, 0, 0, 0). Logo, V (1) = [(1, 0, 0, 0)]. Como a multiplicidade alg´ebrica do autovalor 1 ´e dois e a sua multiplicidade geo-m ´etrica ´e um, vemos que T n˜ao ´e diagonaliz´avel. ¤ Ex. Resolvido 10.17 Ainda com relac¸ ˜ao ao operador do exerc´ıcio anterior, encontre a matriz de T com relac¸ ˜ao `a base B formada pelos vetores u = (0, 0, 1,−2), v = (0, 0, 1, 1), w = (1, 0, 0, 0) e p = (0, 1, 0, 0).
  • 123. 10.2. EXERC´ICIOS 123 Resoluc¸ ˜ao: J´a sabemos que T(u) = 0, T(v) = 3v e T(w) = w. Agora, como T(p) = T(0, 1, 0, 0) = (1, 1, 0, 0) = w + p, vemos que [T]B = 0 BB@ 1 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 1 1 0 0 0 1 CCA . ¤ 10.2 Exerc´ıcios Ex. 10.18 Determinar M 2 M2(R), se existir, de modo que M−1AM seja uma matriz diagonal nos seguintes casos: a)A = µ 2 4 3 13 ¶ b)A = µ 3 −2 2 1 ¶ Ex. 10.19 Verificar em cada um dos itens abaixo se o operador T 2 L(R3) dado pela sua matriz com relac¸ ˜ao `a base canˆonica ´e diagonaliz´avel. a) [T]C = 0 @ 1 2 −2 2 1 −2 2 2 −3 1 A b) [T]C = 0 @ 1 0 0 m 2 0 n 0 2 1 A Ex. 10.20 Verificar em cada um dos itens abaixo se o operador T 2 L(R4) dado pela sua matriz com relac¸ ˜ao `a base canˆonica ´e diagonaliz´avel. c) [T]C = 0 BB@ −1 −4 −2 −2 −4 −1 −2 −2 2 2 1 4 2 2 4 1 1 CCA d) [T]C = 0 BB@ 1 1 1 1 1 1 −1 −1 1 −1 1 −1 1 −1 −1 1 1 CCA
  • 124. 124 CAP´ITULO 10. DIAGONALIZAC¸ ˜AO
  • 125. Cap´ıtulo 11 Forma Canˆonica de Jordan Como vimos, nem todo operador linear ´e diagonaliz´avel. No entanto, se T 2 L(U), onde U ´e um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita, existe uma base com relac¸ ˜ao a qual, a matriz de T ´e pr´oxima de uma matriz diagonal. A seguir daremos uma pequena descric¸ ˜ao de como ´e a forma desta matriz, mas antes precisamos de algumas notac¸ ˜oes. Seja pT (¸) o polinˆomio caracter´ıstico de T. A primeira observac¸ ˜ao a ser feita ´e que pT (¸) se fatora como pT (¸) = (¸1 − ¸)m1 · · · (¸n − ¸)mn((¸ − ®1)2 + ¯2 1 )p1 · · · ((¸ − ®k)2 + ¯2 k)pk onde ¸r6= ¸s, e (®r, ¯r)6= (®s, ¯s) se r6= s. Note que cada ®r + i¯r ´e uma raiz complexa de pT (¸). Note tamb´em que m1 + · · · + mn + 2p1 + · · · 2pk = dimU. Se ¸ 2 R ´e um autovalor de T, denotaremos por J(¸; r) a matriz quadrada de ordem r com todos os elementos da diagonal principal iguais a ¸ e todos os elementos logo acima desta, iguais a 1, ou seja, J(¸; r) = 0 BBBBB@ ¸ 1 0 · · · 0 0 ¸ 1 · · · 0 0 0 ¸ · · · 0 ... ... ... . . . ... 0 0 0 · · · ¸ 1 CCCCCA r×r 125
  • 126. 126 CAP´ITULO 11. FORMA CAN ˆONICA DE JORDAN = ¸ 0 1 0 0 · · · 0 0 1 0 · · · 0 0 0 1 · · · 0 BBBBB@ ... ... ... . . . ... 0 0 0 · · · 1 1 CCCCCA r×r + 0 BBBBB@ 0 1 0 · · · 0 0 0 1 · · · 0 0 0 0 · · · 0 ... ... ... . . . ... 0 0 0 · · · 0 1 CCCCCA r×r = ¸I + N, onde I ´e a matriz identidade de ordem r e N = 0 BBBBB@ 0 1 0 · · · 0 0 0 1 · · · 0 0 0 0 · · · 0 ... ... ... . . . ... 0 0 0 · · · 0 1 CCCCCA r×r . Note que Nr ´e a matriz nula, isto ´e, N ´e uma matriz nilpotente. Se ® + i¯ ´e uma raiz complexa de pT (¸) e r ´e um n´umero par, definimos R(®, ¯; r) = 0 ® ¯ 1 0 · · · 0 0 −¯ ® 0 1 · · · 0 0 0 0 ® ¯ · · · 0 0 0 0 −¯ ® · · · 0 0 BBBBBBBBB@ ... ... ... ... . . . ... ... 0 0 0 0 · · · ® ¯ 0 0 0 0 · · · −¯ ® 1 CCCCCCCCCA r×r . Se B1, . . . ,Bk s˜ao matrizes quadradas, n˜ao necessariamente de ordens iguais, de-finimos diag (B1, . . . ,Bk) como sendo a matriz quadrada de ordem igual `a soma das ordens de B1, . . . ,Bk dada por 0 BBB@ B1 0 · · · 0 0 B2 · · · 0 ... ... . . . ... 0 0 · · · Bk 1 CCCA , por exemplo, se B1 = 0 @ 1 A,B2 = 2 1 0 0 2 1 0 0 2 0 3 4 1 0 −4 3 0 1 0 0 3 4 0 0 −4 3 BB@ 1 CCA
  • 127. 127 ent˜ao diag (B1,B2) = 0 BBBBBBBB@ 1 2 1 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 3 4 1 0 0 0 0 −4 3 0 1 0 0 0 0 0 3 4 0 0 0 0 0 −4 3 CCCCCCCCA . Teorema 11.1 (Forma Canˆonica de Jordan) Sejam U um espac¸o vetorial de dimen-s ˜ao finita e T 2 L(U). Se pT (¸) = (¸1 − ¸)m1 · · · (¸n − ¸)mn((¸ − ®1)2 + ¯2 1 )p1 · · · ((¸ − ®k)2 + ¯2 k)pk onde ¸r6= ¸s, (®r, ¯r)6= (®s, ¯s) se r6= s, e ¯r > 0, ent˜ao existe uma base de U com relac¸ ˜ao a qual a matriz de T ´e da forma J = diag (J1, . . . , Jp,R1, . . . ,Rq), (11.2) onde J1, . . . , Jp s˜ao da forma J(¸; r) para algum r 2 N e ¸ 2 {¸1, . . . , ¸n} e R1, . . . ,Rq s˜ao da forma R(®, ¯; s) para algum s 2 N e (®, ¯) 2 {(®1, ¯1), . . . , (®k, ¯k)}. Observac¸ ˜ao 11.3 A matriz 11.2 ´e ´unica a menos de permutac¸ ˜oes dos seus blocos que comp˜oem a sua diagonal. Observac¸ ˜ao 11.4 Se ¸ ´e um autovalor de T ent˜ao a soma das ordens dos blocos J(¸; s) ´e igual `a multiplicidade alg´ebrica de ¸. Observac¸ ˜ao 11.5 Se ® + i¯ ´e uma raiz complexa de pT (¸) ent˜ao a soma das ordens dos blocos R(®, ¯; s) ´e igual ao dobro da multiplicidade da raiz ® + i¯. Observac¸ ˜ao 11.6 Se ¸ ´e um autovalor de T com multiplicidade geom´etrica r ent˜ao existem r blocos J(¸; s) associados ao autovalor ¸. Observac¸ ˜ao 11.7 Suponha que pT (¸) = (¸1 − ¸)m1 · · · (¸n − ¸)mn onde ¸i6= ¸j , se i6= j. Se mj tamb´em ´e multiplicidade geom´etrica de ¸j ent˜ao o teorema de Jordan diz simplesmente que T ´e diagonaliz´avel.
  • 128. 128 CAP´ITULO 11. FORMA CAN ˆONICA DE JORDAN Observac¸ ˜ao 11.8 O teorema de Jordan diz que a matriz de um operador T com relac¸ ˜ao a uma base arbitr´aria ´e semelhante a uma matriz da forma 11.2 Ex. Resolvido 11.9 Encontre as poss´ıveis matrizes na forma canˆonica de Jordan para a um operador cujo polinˆomio caracter´ıstico ´e dado por pT (¸) = (2 − ¸)3(1 − ¸). Resoluc¸ ˜ao: Note que T apresenta apenas os autovalores 2 e 1. Como as multiplicidades alg´ebricas e geom´etrica do autovalor 1 s˜ao iguais a um, vemos que o ´unico bloco correspondente a este autovalor ´e J(1; 1) = (1). Com relac¸ ˜ao ao autovalor 2, a sua multiplicidade alg´ebrica ´e trˆes. Se sua multipli-cidade geom´etrica for trˆes ent˜ao existem trˆes blocos associados a este autovalor e todos eles s˜ao iguais a (2). Neste caso, a matriz da forma canˆonica de Jordan para este operador ´e 0 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 2 BB@ 1 CCA . Se a multiplicidade geom´etrica do autovalor 2 for dois, ent˜ao existem dois blocos correspondentes a este autovalor que s˜ao da forma J(2; 1) = (2) J(2; 2) = µ 2 1 0 2 ¶ . Assim, a matriz da forma canˆonica de Jordan para este operador ´e 0 1 0 0 0 0 2 1 0 0 0 2 0 0 0 0 2 BB@ 1 CCA. Se a multiplicidade geom´etrica do autovalor 2 for um, ent˜ao existe um bloco corres-pondente a este autovalor que ´e J(2; 3) = 0 @ 1 A. 2 1 0 0 2 1 0 0 2
  • 129. 129 Assim, a matriz da forma canˆonica de Jordan para este operador ´e 0 1 0 0 0 0 2 1 0 0 0 2 1 0 0 0 2 BB@ 1 CCA . Ex. Resolvido 11.10 Encontre as poss´ıveis matrizes na forma canˆonica de Jordan para a um operador cujo polinˆomio caracter´ıstico ´e dado por pT (¸) = (1 − ¸)2(4 + ¸2). Utilizando a notac¸ ˜ao do teorema 11.1 temos ¸1 = 1, ® = 0 e ¯ = 2. Como 0 + i2 tem multiplicidade um (como raiz de pT (¸)), existe apenas um bloco da forma R(0, 2; 2) = µ ¶ . 0 2 −2 0 Se a multiplicidade geom´etrica do autovalor 1 for dois ent˜ao existem apenas dois blocos associados a este autovalor e s˜ao iguais a (1). Neste caso, a matriz da forma canˆonica de Jordan para este operador ´e 0 BB@ 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0 0 −2 0 CCA . Se a multiplicidade geom´etrica do autovalor 1 for um ent˜ao existe apenas um bloco de ordem dois associado a este autovalor que ´e dado por J(1; 2) = µ 1 1 0 1 ¶ . Neste caso, a matriz da forma canˆonica de Jordan para este operador ´e 0 BB@ 1 1 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0 0 −2 0 CCA . Ex. Resolvido 11.11 Encontre uma base de R4 com relac¸ ˜ao a qual a matriz da trans-formac ¸ ˜ao T(x, y, z, t) = (2x + y + z + t, 2y − z − t, 3z − t, 4t) est´a na forma canˆonica de Jordan.
  • 130. 130 CAP´ITULO 11. FORMA CAN ˆONICA DE JORDAN Resoluc¸ ˜ao: Com relac¸ ˜ao `a base canˆonica de R4, a matriz de T ´e dada por 0 BB@ 2 1 1 1 0 2 −1 −1 0 0 3 −1 0 0 0 4 1 CCA . ´O polinE omio ˆcaracter´ıstico de T e ´pT (¸) = (3−¸)(4−¸)(2−¸)2. Desta forma vemos que dimV (3) = dimV (4) = 1. simples ver que V (3) = [(0, 1,−1, 0)] e V (4) = [(0, 0, 1,−1)]. Vejamos qual a dimens˜ao de dimV (2). Temos que (x, y, z, t) 2 V ((2) se e somente se 0 BB@ 0 1 1 1 0 0 −1 −1 0 0 1 −1 0 0 0 2 1 CCA 0 BB@ 1 x y z t CCA = 0 BB@ 1 0 0 0 0 CCA , ou seja, (x, y, z, t) = x(1, 0, 0, 0). Assim, dimV (2) = 1 e T n˜ao ´e diagonaliz´avel. Sendo assim, a matriz de T na forma canˆonica de Jordan ´e da forma 0 2 1 0 0 0 2 0 0 0 0 3 0 0 0 0 4 BB@ 1 CCA . Note que se colocarmos u1 = (1, 0, 0, 0), u3 = (0, 1,−1, 0) e u4 = (0, 0, 1,−1) ent˜ao para que u1, u2, u3, u4 seja a base procurada, o vetor u2 deve satisfazer T(u2) = u1 + 2u2, ou seja, (T − 2I)(u2) = u1. Desta forma, colocando u = (a, b, c, d), temos 0 0 1 1 1 0 0 −1 −1 0 0 1 −1 0 0 0 2 BB@ 1 CCA 0 a b c d BB@ 1 CCA = 0 1 0 0 0 BB@ 1 CCA cuja soluc¸ ˜ao geral ´e da forma (a, 1, 0, 0). Tomamos, por exemplo, u2 = (0, 1, 0, 0) e isto nos fornece a base procurada.
  • 131. 11.1. EXERC´ICIO 131 11.1 Exerc´ıcio Ex. 11.12 Se uma matriz 3 × 3 tem os auto-valores 3, 3 e 3, quais s˜ao as poss´ıveis formas canˆonicas de Jordan dessa matriz?
  • 132. 132 CAP´ITULO 11. FORMA CAN ˆONICA DE JORDAN
  • 133. Cap´ıtulo 12 Espac¸os Euclidianos 12.1 Produto Interno Definic¸ ˜ao 12.1 Seja V um espac¸o vetorial. Um produto interno sobre V ´e uma aplica-c ¸ ˜ao que a cada par (u, v) 2 V × V associa um n´umero real denotado por hu, vi satis-fazendo as seguintes propriedades (i) hu + v,wi = hu,wi + hv,wi para todo u, v,w 2 V ; (ii) h®u, vi = ®hu, vi para todo u, v 2 V e ® 2 R; (iii) hu, vi = hv, ui para todo u, v 2 V ; (iv) hu, ui > 0 se u6= 0. O espac¸o vetorial V munido de um produto interno ´e chamado de espac¸o euclidiano. Algumas propriedades seguem-se imediatamente. Por exemplo, vemos que h0, ui = 0 para todo u 2 V, pois h0, ui = h0 + 0, ui = h0, ui + h0, ui, e o resultado segue por cancelamento. Outra propriedade ´e que hu, v + ®wi = hu, vi + ®hu,wi, para todo u, v,w 2 V e ® 2 R. Basta combinar as propriedades (i), (ii) e (iii) acima. Desta maneira, vemos que o produto interno ´e linear em cada vari´avel. A seguir apresentamos alguns exemplos de produto interno em v´arios espac¸os veto-riais. A verificac¸ ˜ao das propriedades (i) a (iv) ´e deixada como exerc´ıcio. 133
  • 134. 134 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS Exemplo 12.2 Se x = (x1, . . . , xn), y = (y1, . . . , yn) 2 Rn definimos hx, yi = x1y1 + · · · + xnyn (12.3) Ex. Resolvido 12.4 Com relac¸ ˜ao ao exemplo anterior, calcule o produto interno entre os vetores (1,−1, 1), (0, 2, 4) 2 R3. Resoluc¸ ˜ao: Basta notar que h(1,−1, 1), (0, 2, 4)i = 1 · 0 + (−1) · 2 + 1 · 4 = 2. ¤ Ex. Resolvido 12.5 Com relac¸ ˜ao ao produto interno dado por 12.3, calcule hu, vi onde u = (cos µ, sen µ) e v = (cos ®, sen ®). Resoluc¸ ˜ao: Temos hu, vi = h(cos µ, sen µ), (cos ®, sen ®)i = cos µ cos ® + sen µ sen ® = cos(µ − ®). ¤ H´a v´arios outros tipos de produto interno no Rn al´em do apresentado em 12.3. Ve-jamos um exemplo no R3 : Exemplo 12.6 Se (x, y, z), (x0, y0, z0) 2 R3, definimos h(x, y, z), (x0, y0, z0)i = xx0 2 + yy0 3 + zz0 4 . ´E f´acil verificar que a express˜ao acima define um produto interno em R3. Ex. Resolvido 12.7 Com relac¸ ˜ao ao produto interno apresentado no exemplo anterior, calcule h(1,−1, 1), (0, 2, 4)i. Resoluc¸ ˜ao: h(1,−1, 1), (0, 2, 4)i = 1 · 0 2 + −1 · 2 3 + 1 · 4 4 = 1 3 . ¤
  • 135. 12.1. PRODUTO INTERNO 135 Exemplo 12.8 Se f, g 2 C([a, b];R) definimos hf, gi = Z b a f(x)g(x) dx, (12.9) que ´e um produto interno. Ex. Resolvido 12.10 Com relac¸ ˜ao ao produto interno apresentado no exemplo anterior, calcule o produto interno entre sen , cos 2 C([0, 2¼];R). Resoluc¸ ˜ao: h sen , cos i = Z 2¼ 0 sen x cos x dx = sen 2x 2 ¯¯¯¯ 2¼ 0 = 0. ¤ Exemplo 12.11 Se A = (aij),B = (bij) 2 Mm×n(R) definimos hA,Bi = Xm i=1 Xn j=1 aijbij . Ex. Resolvido 12.12 Com relac¸ ˜ao ao produto interno apresentado no exemplo anterior, calcule o produto interno entre A = µ 1 1 0 2 ¶ e B = µ −2 0 ¶ . 1 1 Resoluc¸ ˜ao: hA,Bi = 1 · (−2) + 1 · 0 + 0 · 1 + 2 · 1 = 0. ¤ Exerc´ıcio 12.13 O trac¸o de uma matriz quadrada A ´e a soma dos elementos da diago-nal da matriz e ´e denotado por trA. Mostre que se A,B 2 Mn(R) ent˜ao hA,Bi = tr (BtA) define um produto interno em Mn(R).
  • 136. 136 CAPITULO ´12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 12.2 Norma Definic¸ ao p ˜12.14 Se V e ´um espac¸o euclidiano, definimos para cada u 2 o numero ´||u|| = hu, ui. Este valor e ´chamado de norma de u. Observac¸ ˜ao 12.15 Note que ´e poss´ıvel extrair a raiz quadrada de hu, ui pois este n´u-mero ´e n˜ao negativo. Exemplo 12.16 Em Rn, com o produto interno dado por 12.3, a norma de x = (x1, . . . , xn) ´e dada por ||x|| = q x21 + · · · + x2 n. Note que a norma de x representa o comprimento deste vetor. Exemplo 12.17 Em C([a, b];R) com o produto interno definido por 12.9, a norma de f 2 C([a, b];R) ´e dada por ||f|| = sZ b a [f(x)]2 dx. Proposic¸ ˜ao 12.18 Seja V um espac¸o vetorial com um produto interno. Temos 1. ||®u|| = |®|||u||, 8 u 2 V, 8 ® 2 R; 2. ||u|| ¸ 0 8 u 2 V ; 3. ||u|| = 0 se e somente se u = 0; 4. |hu, vi| · kuk kvk 8 u, v 2 V (desigualdade de Cauchy-Schwarz); 5. ku + vk · kuk + kvk 8 u, v 2 V (desigualdade triangular). Prova: 1. ||®u|| = p h®u, ®ui = p ®2hu, ui = |®| p hu, ui = |®| ||u||. 2. Obvio pois a raiz quadrada e ´nao ˜negativa. p 3. Se u = 0 entao ˜kuk = h0, 0i = 0. ´Reciprocamente, se u6= 0 ent˜ao hu, ui > 0 e kuk = p hu, ui > 0.
  • 137. 12.2. NORMA 137 4. Se v = 0 ent˜ao |hu, 0i| = 0 = kuk k0||. Suponha que v6= 0. Para todo ® 2 R, temos ku + ®vk2 ¸ 0. Logo, 0 · hu + ®v, u + ®vi = hu, ui + 2hu, vi® + hv, vi®2 = ||u||2 + 2®hu, vi + ||v||2®2. Assim, o discriminante ¢ = 4hu, vi2 − 4||u||2||v||2 · 0, ou seja, hu, vi2 · ||u||2||v||2. Extraindo a raiz quadrada, obtemos |hu, vi| · kuk kvk. 5. A seguir usaremos a desigualdade de Cauchy-Schwarz ||u + v||2 = hu + v, u + vi = ||u||2 + ||v||2 + 2hu, vi · ||u||2 + ||u||2 + 2||u||||v|| = [||u|| + ||v||]2. Extraindo a raiz quadrada, segue o resultado desejado. Observe que a desigualdade de Cauchy-Schwarz aplicada ao produto interno do Rn dado por 12.3 nos diz que (x1y1 + · · · + xnyn)2 · (x21 + · · · + x2 n)(y2 1 + · · · + y2n ). A mesma desigualdade aplicada ao produto interno em C([a, b, ];R) fornece µZ b a f(x)g(x) dx ¶2 · Z b a [f(x)]2 dx Z b a [g(x)]2 dx. Proposic¸ ˜ao 12.19 (Identidade do Paralelogramo) Sejam u e v vetores de um espac¸o euclidiano. Ent˜ao ku + vk2 + ku − vk2 = 2(kuk2 + kvk2). Prova: ku + vk2 + ku − vk2 = hu + v, u + vi + hu − v, u − vi = hu, ui + hv, vi + 2hu, vi + hu, ui + hv, vi − 2hu, vi = 2hu, ui + 2hv, vi = 2(kuk2 + kvk2). A pr´oxima proposic¸ ˜ao mostra como se pode obter o produto interno entre dois veto-res a partir das normas de suas soma e diferenc¸a.
  • 138. 138 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS Proposic¸ ˜ao 12.20 Sejam u e v vetores de um espac¸o euclidiano. Ent˜ao ku + vk2 − ku − vk2 = 4hu, vi. Prova: ku + vk2 − ku − vk2 = hu + v, u + vi − hu − v, u − vi = hu, ui + hv, vi + 2hu, vi − hu, ui − hv, vi + 2hu, vi = 4hu, vi. Ex. Resolvido 12.21 Calcule hu, vi sabendo-se que ku + vk = 1 e ku − vk = 1. Resoluc¸ ˜ao: Temos hu, vi = 1 4 (ku + vk2 − ku − vk2) = 0. ¤ 12.3 Distˆancia Definic¸ ˜ao 12.22 Num espac¸o euclidiano V definimos a distˆancia entre u, v 2 V como d(u, v) = ku − vk. Resulta da proposic¸ ˜ao acima que a distˆancia satisfaz as seguintes propriedades. Proposic¸ ˜ao 12.23 Num espac¸o euclidiano V temos 1. d(u, v) ¸ 0 para todo u, v 2 V ; 2. d(u, v) = 0 se e somente se u = v; 3. d(u, v) = d(v, u); 4. d(u, v) · d(u,w) + d(w, v) para todo u, v,w 2 V. Ex. Resolvido 12.24 Com relac¸ ˜ao ao produto interno 12.3 calcule a distˆancia entre os pontos u = (1, 1, 3, 2) e v = (2, 2, 1, 0) de R4.
  • 139. 12.4. ˆANGULO 139 Resoluc¸ ˜ao: Temos d(u, v) = p (1 − 2)2 + (1 − 2)2 + (3 − 1)2 + (2 − 0)2 = p10 ¤ Ex. Resolvido 12.25 Com relac¸ ˜ao ao produto interno 12.9 calcule a distˆancia entre as func¸ ˜oes sen e cos de C([0, 2¼];R) Resoluc¸ ˜ao: Temos d( sen , cos)2 = Z 2¼ 0 [ sen x − cos x]2 dx = Z 2¼ 0 [ sen 2x + cos2 x − 2 sen x cos x] dx = Z 2¼ 0 [1 − 2 sen x cos x] dx = ¯ ¯2¼ = x − sen 2x 0 = 2¼. Portanto, d( sen , cos) = p2¼. ¤ 12.4 ˆA ngulo Sejam V um espac¸o euclidiano e u, v 2 V ambos n˜ao nulos. Pela desigualdade de Cauchy-Schwarz (veja proposic¸ ˜ao 12.18) temos −kuk kvk · hu, vi · kuk kvk ou ainda, −1 · hu, vi kuk kvk · 1. Desta forma, existe um ´unico n´umero real µ 2 [0, ¼] tal que cos µ = hu, vi kuk kvk . Este n´umero µ ´e chamado de ˆangulo entre os vetores u e v. Ex. Resolvido 12.26 Calcule o ˆangulo entre as func¸ ˜oes seno e co-seno definidas em [0, 2¼] com o produto interno dado por 12.9.
  • 140. 140 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS Resoluc¸ ˜ao: h sen , cos i = Z 2¼ 0 sen x cos x dx = 1 2 ¯¯¯¯ sen 2x 2¼ 0 = 0. Desta forma, o ˆangulo entre seno e co-seno ´e ¼ 2 . ¤ Ex. Resolvido 12.27 Sabe-se que kuk = kvk = 1 e ku − vk = 2. Calcule o ˆangulo entre u e v. Resoluc¸ ˜ao: Como ku − vk = 2 ent˜ao 4 = ku − vk2 = hu − v, u − vi = kuk + kvk − 2hu, vi = 2 − 2hu, vi. Assim, hu, vi = −1 e cos µ = hu, vi kuk kvk = −1, ou seja, µ = ¼. 12.5 Ortogonalidade Definic¸ ˜ao 12.28 Seja V um espac¸o euclidiano. Dizemos que u, v 2 V s˜ao ortogonais se hu, vi = 0 e, neste caso, denotaremos u?v. Diremos que um conjunto S = {u1, . . . , un} ½ V ´e ortogonal se ui?uj quando i6= j. Diremos que um conjunto ortogonal S = {u1, . . . , un} ½ V ´e ortonormal se kujk = 1, j = 1, . . . , n. Diremos que u 2 V ´e ortogonal a um subconjunto n˜ao vazio S de V se u for ortogonal a todos os elementos de S. Neste caso usaremos a definic¸ ˜ao u?S. Exemplo 12.29 S = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} ½ R3 ´e um conjunto ortonormal com relac¸ ˜ao ao produto interno dado por 12.3. Observac¸ ˜ao 12.30 Se u = 0 ou v = 0 ent˜ao u?v. Se u6= 0 e v6= 0 ent˜ao u?v se e somente se o ˆangulo entre u e v ´e ¼/2.
  • 141. 12.5. ORTOGONALIDADE 141 Observac¸ ˜ao 12.31 Se S = {u1, . . . , un} ½ V ´e um conjunto ortogonal com uj6= 0, j = 1, . . . , n ent˜ao ½ u1 ku1k , . . . , un kunk ¾ ´e um conjunto ortonormal. Proposic¸ ˜ao 12.32 Sejam V um espac¸o euclidiano e S = {u1, . . . , un} ½ V um con-junto ortonormal. Ent˜ao u1, . . . , un s˜ao linearmente independentes. Prova: Se ®1u1 + · · · + ®nun = 0 (12.33) ent˜ao, tomando o produto interno do vetor acima com u1 e lembrando que hu1, u1i = ku1k2 = 1 e huj , u1i = 0, se j = 2, . . . , n, obtemos ®1 = ®1hu1, u1i + · · · + ®nhun, u1i = h0, u1i = 0, isto ´e, ®1 = 0, e 12.33 fica ®2u2 + · · · + ®nun = 0. Tomando o produto interno do vetor acima com u2, obtemos, como acima, que ®2 = 0. Repetindo o processo chegamos `a conclus˜ao que a ´unica possibilidade para 12.33 ´e ®1 = · · · = ®n = 0. Observac¸ ˜ao 12.34 A proposic¸ ˜ao acima continua v´alida se S for apenas um conjunto ortogonal com elementos n˜ao nulos. Definic¸ ˜ao 12.35 Se V ´e um espac¸o euclidiano de dimens˜ao n e se u1, . . . , un formam um conjunto ortonormal, ent˜ao diremos que u1, . . . , un formam uma base ortonormal de V. Proposic¸ ˜ao 12.36 Sejam V um espac¸o euclidiano que possui uma base ortonormal dada por u1, . . . , un. Ent˜ao, se u 2 V temos u = hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun.
  • 142. 142 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS Prova: Como u1, . . . , un formam uma base de V, existem ®1, . . . , ®n 2 R tais que u = ®1u1 + · · · + ®nun. Tomando o produto interno de u com u1, temos hu, u1i = ®1hu1, u1i + · · · + ®nhun, u1i = ®1, pois a base ´e ortonormal. O resultado segue tomando o produto interno de u por u2, u3, etc. Ex. Resolvido 12.37 Encontre as coordenadas de (1, 1) 2 R2 com relac¸ ˜ao `a base for-mada por ( p2 2 , p2 2 ) e ( p2 2 ,− p2 2 ). Resoluc¸ ˜ao: Como a base em quest˜ao ´e ortonormal, pela proposic¸ ˜ao anterior, temos que (1, 1) = h(1, 1), ( p2 2 , p2 2 )i( p2 2 , p2 2 ) + h(1, 1), ( p2 2 ,− p2 2 )i( p2 2 ,− p2 2 ) = p2( p2 2 , p2 2 ) + 0( p2 2 ,− p2 2 ). Desta forma as coordenadas de (1, 1) com relac¸ ˜ao `a base acima s˜ao µp2 0 ¶ . ¤ Proposic¸ ˜ao 12.38 Sejam V um espac¸o euclidiano e U = [u1, . . . , un] o subespac¸o ge-rado por um conjunto ortonormal S = {u1, . . . , un}. Ent˜ao, para qualquer u 2 V o vetor dado por v = u − hu, u1iu1 − · · · − hu, uniun ´e ortogonal a todo w 2 U, isto ´e, v?U. Al´em do mais, v = 0 se e somente se u = hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun, isto ´e, se e somente se u 2 [u1, . . . , un].
  • 143. 12.5. ORTOGONALIDADE 143 Prova: Seja w 2 U. Podemos escrever w = Pn j=1 ®juj . Precisamos mostrar que hw, vi = 0, isto ´e, h Pn j=1 ®juj , vi = Pn j=1 ®jhuj , vi = 0. Portanto, basta verificar que huj , vi = 0 para cada j = 1, . . . , n. Como u1, . . . , un formam um conjunto orto-normal, temos huj , vi = huj , u − hu, u1iu1 − · · · − hu, uniuni = huj , ui − hu, u1ihuj , u1i − · · · − hu, unihuj , uni = huj , ui − hu, ujihuj , uji = huj , ui − hu, uji = 0 Proposic¸ ˜ao 12.39 Sejam V um espac¸o vetorial e U um subespac¸o de V. Se u 2 U e u?U ent˜ao u = 0. Prova: Como u 2 U e u ´e ortogonal a todo vetor de U, devemos ter ||u||2 = hu, ui = 0, ou seja, u = 0. Proposic¸ ˜ao 12.40 Sejam S = {u1, . . . , un} e R = {v1, . . . , vn} conjuntos ortonormais de um espac¸o euclidiano V tais que [S] = [R]. Ent˜ao, para u 2 V, temos hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun = hu, v1iv1 + · · · + hu, vnivn. Prova: Seja u 2 V. Coloque U = [R] = [S], u1 = u − (hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun) e u2 = u − (hu, v1iv1 + · · · + hu, vnivn) . Pela proposic¸ ˜ao 12.38, u1, u2?U. Logo, para todo w 2 U, temos hu1 − u2,wi = hu1,wi − hu2,wi = 0, isto ´e, (u1 − u2)?U. Note tamb´em que u1 − u2 = hu, v1iv1 + · · · + hu, vnivn − (hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun) 2 U. Segue da proposic¸ ˜ao 12.39 que u1 − u2 = 0, isto ´e, hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun = hu, v1iv1 + · · · + hu, vnivn.
  • 144. 144 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS Definic¸ ˜ao 12.41 Sejam S = {u1, . . . , un} ½ V um conjunto ortonormal de um espac¸o euclidiano V e U = [u1, . . . , un]. Se u 2 V, o vetor hu, u1iu1 + · · · + hu, uniun ´e chamado de projec¸ ˜ao ortogonal de u sobre o subespac¸o U. Observac¸ ˜ao 12.42 Se v 2 V ´e um vetor n˜ao nulo ent˜ao S = { v kvk} ´e um conjunto ortonormal. Assim, se u 2 V, a projec¸ ˜ao ortogonal de u sobre [S] nada mais ´e do que o vetor w = hu, v kvki v kvk = hu, vi kvk2 v. Neste caso, w ´e chamado de projec¸ ˜ao ortogonal de u sobre v. Ex. Resolvido 12.43 Com relac¸ ˜ao ao produto interno usual de R3, verifique que os vetores u1 = ( 1 p3 ,− 1 p3 , 1 p3 ) e u2 = ( 1 p2 , 1 p2 , 0) formam um conjunto ortonormal e encontre a projec¸ ˜ao ortogonal de u = (2, 3, 1) sobre o subespac¸o gerado por u1 e u2. Resoluc¸ ˜ao: Claramente, ku1k2 = 1 3 + 1 3 + 1 3 = 1 e ku2k2 = 1 2 + 1 2 = 1. Tamb´em, hu1, u2i = 1 p3 1 p2 − 1 p3 1 p2 + 1 p3 0 = 0. Assim, a projec¸ ˜ao ortogonal de u = (2, 3, 1) sobre [u1, u2] ´e w = hu, u1iu1 + hu, u2iu2 = h(2, 3, 1), ( 1 p3 ,− 1 p3 , 1 p3 )i( 1 p3 ,− 1 p3 , 1 p3 ) + h(2, 3, 1), ( 1 p2 , 1 p2 , 0)i( 1 p2 , 1 p2 , 0) = ( 5 2 , 5 2 , 0). ¤
  • 145. 12.6. PROCESSO DE ORTONORMALIZAC¸ ˜AO DE GRAM-SCHMIDT 145 Ex. Resolvido 12.44 ConsidereP3(R) com o produto interno dado por hp, qi = Z 1 0 p(x)q(x) dx. Encontre a projec¸ ˜ao de p(x) = 1 + x + x2 + x3 sobre [q(x)] = [x3 − x]. Resoluc¸ ˜ao: Temos kqk2 = Z 1 0 (x3 − x)2 dx = Z 1 0 (x6 + x2 − 2x4) dx = x7 7 + x3 3 − 2x5 5 ¯¯¯¯ 1 0 = 1 7 + 1 3 − 2 5 = 8 105 ; hp, qi = h1 + x + x2 + x3, x3 − xi = Z 1 0 (1 + x + x2 + x3)(x3 − x) dx = Z 1 0 (−x − x2 + x5 + x6) dx = −11/21. Assim a projec¸ ˜ao ortogonal de p(x) sobre q(x) ´e r(x) = − 11 21 · 105 8 (x3 − x) = − 55 8 (x3 − x). ¤ 12.6 Processo de Ortonormalizac¸ ˜ao de Gram-Schmidt A demonstrac¸ ˜ao do pr´oximo teorema fornece um m´etodo para se conseguir uma base ortonormal de um espac¸o euclidiano a partir de uma base dada. Teorema 12.45 Todo espac¸o euclidiano de dimens˜ao finita possui uma base ortonor-mal. Prova: A prova ´e por induc¸ ˜ao sobre a dimens˜ao do espac¸o. Seja V um espac¸o euclidiano de dimens˜ao finita. Se dimV = 1 ent˜ao existe v1 2 V, tal que V = [v1]. Como v16= 0, tomamos u1 = v1 kv1k
  • 146. 146 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS e, dessa forma, {u1} ´e um conjunto ortonormal e V = [u1], ou seja, u1 forma uma base ortonormal de V. Se dimV = 2 ent˜ao existem v1, v2 2 V tais que V = [v1, v2]. Coloque u1 = v1 kv1k . Nosso trabalho se resume em encontrar um vetor ortogonal a u1 e que tenha norma 1. Primeiramente vamos encontrar um vetor ortogonal a u1. Ora, pela proposic¸ ˜ao 12.38, basta tomarmos u02 = v2 − hv2, u1iu1. Note que u026= 0, pois v1 e v2 s˜ao linearmente independentes. Resta agora normalizar u02, isto ´e, definimos u2 = u02 ku02k e ent˜ao u1 = v1 kv1k e u2 = v2 − hv2, u1iu1 kv2 − hv2, u1iu1k formam uma base ortonormal de V. Dado n 2 N, suponha que tenhamos provado o teorema para todos os espac¸os eucli-dianos de dimens˜ao n − 1. Queremos provar que o mesmo ´e verdade para todo espac¸o euclidiano de dimens˜ao n. Se dimV = n ¸ 2 ent˜ao existem v1, . . . , vn que formam uma base de V. Note que U = [v1, . . . , vn−1] ´e um subespac¸o de V de dimens˜ao n − 1. Desse modo, usando a nossa hip´otese de induc¸ ˜ao, ´e poss´ıvel tomar uma base ortonormal de U. Chamemos estes vetores da base ortonormal de U por u1, . . . , un−1. Como vn62 U ent˜ao, pela proposic¸ ˜ao 12.38, o vetor u0n = vn − hvn, u1iu1 − · · · − hvn, un−1iun−1 ´e n˜ao nulo e ortogonal a todos os elementos de U (portanto, ortogonal a u1, · · · , un−1). Para finalizar, tomamos como base de V os vetores u1, · · · , un−1, un onde un = u0n ku0nk = vn − hvn, u1iu1 − · · · − hvn, un−1iun−1 kvn − hvn, u1iu1 − · · · − hvn, un−1iun−1k .
  • 147. 12.6. PROCESSO DE ORTONORMALIZAC¸ ˜AO DE GRAM-SCHMIDT 147 Observac¸ ˜ao 12.46 No caso de um espac¸o euclidiano tridimensional, se v1, v2, v3 for-mam uma base, ent˜ao uma base ortonormal para este espac¸o pode ser dada por u1 = v1 kv1k , u2 = v2 − hv2, u1iu1 kv2 − hv2, u1iu1k e u3 = v3 − hv3, u1iu1 − hv3, u2iu2 kv3 − hv3, u1iu1 − hv3, u2iu2k . Ex. Resolvido 12.47 Encontre uma base ortonormal de P2(R) munido do produto in-terno hp, qi = R 1 0 p(x)q(x) dx. Resoluc¸ ˜ao: Usaremos o processo de Gram-Schmidt para construir uma base ortonormal a partir da base formada pelos polinˆomios 1, x e x2. Temos k1k2 = Z 1 0 12 dx = 1 e colocamos p1(x) = 1. Seguindo o processo, definimos p2(x) = x − hx, 1i1 kx − hx, 1i1k , onde hx, 1i = Z 1 0 x dx = 1 2 e kx − hx, 1i1k2 = Z 1 0 (x − 1 2 )2 dx = 1 12 . 2 ) = p3(2x − 1). Por fim, colocamos Assim, p2(x) = p12(x − 1 p3(x) = x2 − hx2, 1i1 − hx2,p3(2x − 1)ip3(2x − 1) kx2 − hx2, 1i1 − hx2,p3(2x − 1)ip3(2x − 1)k , onde hx2, 1i = Z 1 0 x2 dx = 1 3 , hx2,p3(2x − 1)i = p3 Z 1 0 x2(2x − 1) dx = p3 6 e kx2 − hx2, 1i1 − hx2,p3(2x − 1)i p3(2x − 1)k2 = kx2 − x + 1 6k2 = = Z 1 0 (x2 − x + 1 6 )2 dx = 1 180 .
  • 148. 148 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS Assim, p3(x) = p180(x2 − x + 1 6 ) = p5(6x2 − 6x + 1). Desta forma, uma base ortonormal paraP2(R) ´e dada por p1(x) = 1, p2(x) = p3(2x − 1) e p3(x) = p5(6x2 − 6x + 1). ¤ Ex. Resolvido 12.48 Encontre uma base ortonormal para W = {(x, y, z) 2 R3; x − 2y = 0}. Resoluc¸ ˜ao: Note que (x, y, z) 2 W se e somente se (x, y, z) = (2y, y, z) = y(2, 1, 0) + z(0, 0, 1). Desta forma (2, 1, 0) e (0, 0, 1) formam uma base de W. Tomaremos como u1 = (0, 0, 1), pois este vetor ´e unit´ario (tem norma 1). Pelo processo de Gram-Schmidt, u2 ´e a projec¸ ˜ao ortogonal unit´aria de (2, 1, 0) sobre u1, isto ´e u2 = (2, 1, 0) − h(2, 1, 0), (0, 0, 1)i(0, 0, 1) k(2, 1, 0) − h(2, 1, 0), (0, 0, 1)i(0, 0, 1)k = (2, 1, 0) k(2, 1, 0)k = ( 2 p5 , 1 p5 , 0). ¤ Ex. Resolvido 12.49 Encontre uma base ortonormal para W = {(x, y, z, t) 2 R4; x+ y + z + t = 0}. Resoluc¸ ˜ao: Temos que (x, y, z, t) 2 W se somente se (x, y, z, t) = (−y − z − t, y, z, t) = y(−1, 1, 0, 0) + z(−1, 0, 1, 0) + t(−1, 0, 0, 1). Como (−1, 1, 0, 0), (−1, 0, 1, 0) e (−1, 0, 0, 1) s˜ao linearmente independentes, segue-se que formam uma base para W. Coloquemos u1 = (−1, 1, 0, 0) k(−1, 1, 0, 0)k = (− 1 p2 , 1 p2 , 0, 0).
  • 149. 12.7. COMPLEMENTO ORTOGONAL 149 u2 = (−1, 0, 1, 0) − h(−1, 0, 1, 0), (− 1 p2 , 1 p2 , 0, 0)i(− 1 p2 , 1 p2 , 0, 0) k(−1, 0, 1, 0) − h(−1, 0, 1, 0), (− 1 p2 , 1 p2 , 0, 0)i(− 1 p2 , 1 p2 , 0, 0)k = 2 ,−1 (−1 2 , 1, 0) k(−1 2 ,−1 2 , 1, 0)k = 1 p6 (−1,−1, 2, 0). u3 = (−1, 0, 0, 1) − h(−1, 0, 0, 1), u1iu1 − h(−1, 0, 0, 1), u2iu2 k(−1, 0, 0, 1) − h(−1, 0, 0, 1), u1iu1 − h(−1, 0, 0, 1), u2iu2k onde h(−1, 0, 0, 1), u1i = h(−1, 0, 0, 1), (− 1 p2 , 1 p2 , 0, 0)i = 1 p2 h(−1, 0, 0, 1), u2i = h(−1, 0, 0, 1), 1 p6 (−1,−1, 2, 0)i = 1 p6 . Assim, (−1, 0, 0, 1) − h(−1, 0, 0, 1), u1iu1 − h(−1, 0, 0, 1), u2iu2 = (−1, 0, 0, 1) − 1 p2 (− 1 p2 , 1 p2 , 0, 0) − 1 p6 1 p6 (−1,−1, 2, 0) = (−1, 0, 0, 1) + ( 1 2 ,− 1 2 , 0, 0) + ( 1 6 , 1 6 ,− 1 3 , 0) = (− 1 3 ,− 1 3 ,− 1 3 , 1). Desta forma, u3 = 3 ,−1 (−1 3 ,−1 3 , 1) k(−1 3 ,−1 3 ,−1 3 , 1)k = 1 2 p3(− 1 3 ,− 1 3 ,− 1 3 , 1) ¤ 12.7 Complemento Ortogonal Definic¸ ˜ao 12.50 Sejam V um espac¸o euclidiano e U um subespac¸o vetorial de V. O complemento ortogonal de U ´e o conjunto U? = {v 2 V ; hu, vi = 0, 8 u 2 U}. Proposic¸ ˜ao 12.51 U? ´e um subespac¸o vetorial de V.
  • 150. 150 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS Prova: Temos 0 2 U? pois h0, ui = 0 para todo u 2 U. Se v,w 2 U? e ® 2 R, ent˜ao para todo u 2 U, temos hv + ®w, ui = hv, ui + ®hw, ui = 0. Portanto, v + ®w 2 U?. Observac¸ ˜ao 12.52 Se V tem dimens˜ao finita ent˜ao u 2 U? se e somente se u ´e ortogo-nal a todos os vetores de uma base qualquer de U. Ex. Resolvido 12.53 Encontre U? se U = {(x, y, z) 2 R3; x − y − z = 0}. Resoluc¸ ˜ao: Temos (x, y, z) 2 U se somente se (x, y, z) = (y + z, y, z) = y(1, 1, 0) + z(1, 0, 1). Vemos que (1, 1, 0) e (1, 0, 1) formam uma base para U. Assim, (x, y, z) 2 U? se somente se h(x, y, z), (1, 1, 0)i = 0 e h(x, y, z), (1, 0, 1)i = 0, ou seja, ( x + y = 0 x + z = 0 () (x, y, z) = x(1,−1,−1). Assim, U? = [(1,−1,−1)]. ¤ Teorema 12.54 Sejam V um espac¸o euclidiano de dimens˜ao finita e U um subespac¸o vetorial de V. Ent˜ao V = U © U?. Prova: Dado v 2 V, seja w a projec¸ ˜ao ortogonal de v sobre U. Temos v = w+(v−w) e pela proposic¸ ˜ao 12.38, w 2 U e para todo u 2 U, hv −w, ui = 0, ou seja, v 2 U +U?. Agora, se u 2 U U? ent˜ao hu, ui = 0 e, portanto, u = 0. 12.8 Isometria Definic¸ ˜ao 12.55 Sejam U e V espac¸os euclidianos. Dizemos que T 2 L(U, V ) ´e uma isometria se hT(u1), T(u2)i = hu1, u2i para todo u1, u2 2 U.
  • 151. 12.8. ISOMETRIA 151 Observac¸ ˜ao 12.56 Note que os produtos internos acima, embora representados pelo mesmo s´ımbolo, s˜ao produtos internos de V e de U, respectivamente. Exemplo 12.57 (rotac¸ ˜ao) T : R2 ! R2 dada por T(x, y) = (x cos µ − y sen µ, x sen µ + y cos µ) ´e uma isometria, onde µ 2 R. De fato, hT(x1, y1), T(x2, y2)i = h(x1 cos µ − y1 sen µ, x1 sen µ + y1 cos µ), (x2 cos µ − y2 sen µ, x2 sen µ + y2 cos µ)i = x1x2(cos2 µ + sen 2µ) − y1x2(−cos µ sen µ + cos µ sen µ) − x1y2(cos µ sen µ − cos µ sen µ) + y1y2(cos2 µ + sen 2µ) = x1x2 + y1y2 = h(x1, y1), (x2, y2)i. Teorema 12.58 Sejam U, V espac¸os euclidianos e T 2 L(U, V ). S˜ao equivalentes: 1. T ´e uma isometria; 2. kT(u)k = kuk para todo u 2 U; 3. kT(u) − T(v)k = ku − vk para todo u, v 2 U; 4. Se {u1, . . . , un} ´e um conjunto ortonormal de U ent˜ao {T(u1), . . . , T(un)} ´e um conjunto ortonormal de V. Prova: (1 =) 2) Como T ´e uma isometria temos que hT(u), T(v)i = hu, vi para todo u, v 2 U. Em particular, tomando u = v, obtemos kT(u)k2 = hT(u), T(u)i = hu, ui = kuk2, ou seja, kT(u)k = kuk. (2 =) 3) Para todo u, v 2 U, temos kT(u) − T(v)k = kT(u − v)k = ku − vk.
  • 152. 152 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS (3 =) 1) Note que kT(u) + T(v)k = kT(u) − T(−v)k = ku − (−v)k = ku + vk. Pela proposic¸ ˜ao 12.20, temos hT(u), T(v)i = 1 4 (kT(u) + T(v)k2 − kT(u) − T(v)k2) = 1 4 (ku + vk2 − ku − vk2) = hu, vi. (1 =) 4) Se {u1, . . . , un} ´e um conjunto ortonormal de U ent˜ao, como T ´e uma isometria, temos hT(ui), T(uj)i = hui, uji = ( 1, se i = j 0, se i6= j, ou seja, {T(u1), . . . , T(un)} ´e um conjunto ortonormal. (4 =) 1) Seja u1, . . . , un uma base ortonormal de U. Por hip´otese, T(u1), . . . , T(un) formam um conjunto ortonormal. Dados u, v 2 U, escrevemos u = ®1u1 + · · · + ®nun e v = ¯1u1 + · · · + ¯nun e obtemos hT(u), T(v)i = h Xn i=1 ®iT(ui), Xn j=1 ¯jT(uj)i = Xn i=1 Xn j=1 ®i¯jhT(ui), T(uj)i = Xn i=1 ®i¯i. Por outro lado, hu, vi = h Xn i=1 ®iui, Xn j=1 ¯juji = Xn i=1 Xn j=1 ®i¯jhui, uji = Xn i=1 ®i¯i. Comparando as express˜oes acima, conclu´ımos que T ´e uma isometria.
  • 153. 12.9. OPERADOR AUTO-ADJUNTO 153 Corol´ario 12.59 Se T 2 L(U, V ) ´e uma isometria ent˜ao T ´e injetora. Prova: Basta ver que se T(u) = 0 ent˜ao kuk = kT(u)k = 0, portanto, u = 0. Corol´ario 12.60 Se T 2 L(U, V ) ´e uma isometria e dimU = dimV ent˜ao T ´e um isomorfismo. Prova: Como U e V tˆem a mesma dimens˜ao e T ´e injetora, segue-se que T ´e uma bijec¸ ˜ao, isto ´e, um isomorfismo. Ex. Resolvido 12.61 Seja T 2 R2 tal que a matriz de T som relac¸ ˜ao a uma base orto-normal de R2 ´e dada por µ ¶ . 1 2 −2 1 T ´e uma isometria? Resoluc¸ ˜ao: Vejamos, se u, v ´e uma base ortonormal de R2 e µ a b c d ¶ ´e a matriz de uma isometria S com relac¸ ˜ao a esta base ent˜ao pelo teorema anterior kS(u)k = kS(v)k = 1. Al´em do mais, hS(u), S(v)i = 0. Como S(u) = au + cv e S(v) = bu + dv, ter´ıamos 8>< a2 + c2 = 1 b2 + d2 = 1 ab + cd = 0 >: . Deste modo, T n˜ao pode se uma isometria pois, por exemplo, 12 + 22 = 56= 1. ¤ 12.9 Operador Auto-adjunto Definic¸ ˜ao 12.62 Sejam U um espac¸o euclidiano e T 2 L(U). Dizemos que T ´e um operador auto-adjunto se hT(u), vi = hu, T(v)i para todo u, v 2 U. Ex. Resolvido 12.63 Seja T 2 L(R2) dado por T(x, y) = (ax+by, bx+cy). Verifique que T ´e um operador auto-adjunto.
  • 154. 154 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS Resoluc¸ ˜ao: Temos hT(x, y), (z, t)i = h(ax + by, bx + cy), (z, t)i = axz + byz + bxt + cyt. Por outro lado, h(x, y), T(z, t)i = h(x, y), (az + bt, bz + ct)i = axz + bxt + byz + cyt. Comparando as express˜oes vemos que hT(x, y), (z, t)i = h(x, y), T(z, t)i. ¤ Note que a matriz do operador do exemplo anterior com relac¸ ˜ao `a base canˆonica ´e uma matriz sim´etrica. Isto, como diz o pr´oximo teorema, n˜ao ´e uma simples coin-cid ˆencia. Teorema 12.64 Seja U um espac¸o euclidiano de dimens˜ao finita. Ent˜ao, um operador T 2 L(U) ´e auto-adjunto se e somente se a matriz de T com relac¸ ˜ao a uma base ortonormal de U for sim´etrica. Prova: Suponha que T seja auto-adjunto e seja A = (aij) a matriz de T com relac¸ ˜ao a alguma base ortonormal de U. Queremos mostrar que aij = aji. Se u1, . . . , un s˜ao os vetores de uma tal base, temos T(uk) = a1ku1 + · · · + ankun, (12.65) para todo k = 1, . . . , n. Se i, j 2 {1, . . . , n} ent˜ao tomando o produto interno de 12.65 com k = i com o vetor uj , obtemos hT(ui), uji = a1ihu1, uji + · · · + anihun, uji = aji. (12.66) Por outro lado, tomando o produto interno de ui com T(uj) temos hui, T(uj)i = a1jhui, u1i + · · · + anjhui, uni = aij . Como T ´e auto-adjunto, segue-se que aij = aji. Reciprocamente, suponha que a matriz (aij) de T com relac¸ ˜ao a uma base ortonor-mal, u1, . . . , un seja sim´etrica. Devemos mostrar que hT(u), vi = hu, T(v)i. Note que se u = ®1u1 + · · · + ®nun
  • 155. 12.9. OPERADOR AUTO-ADJUNTO 155 e v = ¯1u1 + · · · + ¯nun, ent˜ao, como o produto interno ´e linear em cada vari´avel e a base acima ´e ortonormal, temos hT(u), vi = h Xn i=1 ®iT(ui), Xn j=1 ¯juji = Xn i=1 Xn j=1 ®i¯jhT(ui), uji e, analogamente, hu, T(v)i = Xn j=1 ®i¯jhui, T(uj)i. Desta forma, basta mostrar que hT(ui), uji = hui, T(uj)i. Como (aij) ´e a matriz de T com relac¸ ˜ao a esta base, temos por 12.65 que aij = hui, T(uj)i e aji = hT(ui), uji e como a matriz ´e sim´etrica obtemos que hT(ui), uji = hui, T(uj)i, como quer´ıamos. Teorema 12.67 Se T 2 L(U) ´e um operador auto-adjunto e se ¸ e μ s˜ao autovalores distintos de T ent˜ao os autovetores correspondentes s˜ao ortogonais. Prova: Sejam u e v autovetores correspondentes a ¸ e μ respectivamente. Temos (¸ − μ)hu, vi = h¸u, vi − hu, μvi = hT(u), vi − hu, T(v)i = 0 pois T ´e auto-adjunto. Como ¸6= μ, segue-se que hu, vi = 0. Finalizamos este cap´ıtulo com o seguinte resultado que provaremos apenas no caso bidimensional. O caso unidimensional ´e trivial. Para a prova no caso geral, indicamos a leitura do livro ´A lgebra Linear, de Elon L. Lima, Colec¸ ˜ao Matem´atica Universit´aria [L]. Teorema 12.68 Sejam U um espac¸o euclidiano de dimens˜ao finita e T 2 L(U) um operador auto-adjunto. Ent˜ao existe uma base ortonormal de U formada por autoveto-res de T. Note que todo operador auto-adjunto ´e diagonaliz´avel. Prova do caso bidimensional: Seja u, v uma base ortonormal de U. Sabemos pelo teorema 12.64 que a matriz de T ´e sim´etrica, ou seja, da forma A = µ a b b c ¶ .
  • 156. 156 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS Desta forma, o polinˆomio caracter´ıstico de T ´e da forma pT (¸) = ¸2 − (a + c)¸ + ac − b2. Como (a + c)2 − 4(ac − b2) = a2 + c2 − 2ac + 4b2 = (a − c)2 + 4b2 ¸ 0 vemos que pT (¸) s´o apresenta ra´ızes reais. Se a = c e b = 0 ent˜ao A = aI e a pr´opria base u, v serve para provar o teorema. Agora, se a6= c ou b6= 0 ent˜ao pT (¸) possui duas ra´ızes reais distintas, isto ´e, T apresenta dois autovalores distintos. Pelo teorema 12.67 os autovetores correspondentes s˜ao ortogonais. Basta tomar como base dois autovetores unit´arios correspondentes a cada um dos autovalores. 12.10 Exerc´ıcios Ex. 12.69 Verifique em cada um dos itens abaixo se a func¸ ˜ao h , i ´e um produto interno no espac¸o vetorial V. 1. V = R2, u = (x1, y1), w = (x2, y2) e hu,wi = 2x1x2 + 4y1y2. 2. V = P3(R), p(t) = a0 + a1t + a2t2 + a3t3, q(t) = b0 + b1t + b2t2 + b3t3 e hp, qi = a0b0 + a1b1 + a2b2 + a3b3. 3. V = M2(R), A,B 2 M2(R) e hA,Bi = tr(AtB), onde tr(A) ´e o trac¸o de A. 4. V = R3, u = (x1, y1, z1), w = (x2, y2, z2) e hu,wi = x1x2 + y1y2. 5. V = R4, u = (x1, y1, z1, t1), w = (x2, y2, z2, t2) e hu,wi = x1x2 + y1y2 + z1z2 − t1t2. Ex. 12.70 Para cada um dos itens abaixo determinar; a) hu, vi b) kuk, kvk c) o ˆangulo entre u e v. 1. V = R2, com o produto interno usual, u = (1, 2, 1), w = (3, 4, 2). 2. V = P2(R), com produto interno hp, qi = R 1 0 p(t)q(t) dt, u = p(t) = 1+t+4t2, v = q(t) = 2 + 5t2.
  • 157. 12.10. EXERC´ICIOS 157 3. V = M2(R), com produto interno hA,Bi = tr(AtB) , A = µ 1 2 4 12 ¶ , B = µ 8 −1 4 3 ¶ . Ex. 12.71 Em cada um dos itens abaixo determinar d(u, v). 1. V = R4, com o produto interno usual, u = (1, 1, 1, 1), v = (0, 0, 1, 1). 2. V = P2(R), com produto interno hp, qi = R 1 0 p(t)q(t) dt , u = 1+t, v = 3 4 t+3t2, t 2 R. 3. V = M3(R), com produto interno hA,Bi = tr(AtB) , u = 0 @ 1 2 3 4 5 6 1 1 1 1 A e v = 0 @ 1 2 1 0 0 1 2 2 2 1 A. Ex. 12.72 Verifique se o subconjunto S do espac¸o com produto interno V ´e ortogonal. 1. V = R3, com o produto interno usual , S = {(0, 1, 1), (1, 1, 0)} . R 2. V = P2(R), com produto interno hp, qi = 1 p(t)q(t) dt , S = 0 © t, t2 ª . 3. V = M3(R), com produto interno hA,Bi = tr(AtB) , S = ½µ 1 0 0 0 ¶ , µ 0 1 0 1 ¶ , µ 0 0 1 0 ¶¾ . Ex. 12.73 Com relac¸ ˜ao ao exerc´ıcio anterior, quais conjuntos s˜ao ortonormais? Ex. 12.74 Determinar uma base ortonormal para cada um dos subespac¸os vetoriaisW do espac¸o com produto interno V abaixo, utilizando o processo de Gram-Schmidt. 1. V = R4, com o produto interno usual , W = [(1, 1, 0, 0), (0, 1, 2, 0), (0, 0, 3, 4)]. 2. V = P2(R), com produto interno hp, qi = R 1 0 p(t)q(t) dt , W = [1, 1 + t, t2].
  • 158. 158 CAP´ITULO 12. ESPAC¸OS EUCLIDIANOS 3. V = M3(R), com produto interno hA,Bi = tr(AtB) , W = ·µ 1 0 0 0 ¶ , µ 0 1 0 1 ¶ , µ 0 0 1 1 ¶¸ . Ex. 12.75 Determine m 2 R de modo que T : R3 ! R3 dada por T(x, y, z) = ( 1 p3 x + 1 p3 y + mz,− 1 p6 x + 2 p6 y − 1 p6 z,− 1 p2 x + 1 p2 z) seja uma isometria. Ex. 12.76 Determinar uma isometria emP2(R) cuja matriz em relac¸ ˜ao a base canˆoni-ca ´e 0 @ 1 p2 1 p2 0 0 0 1 x y z 1 A (onde x, y, z 2 R devem ser determinados). Ex. 12.77 Verifique se T : M2(R) ! M2(R) dada por T(A) = At, A 2 M2(R), ´e uma isometria.
  • 159. Referˆencias Bibliogr´aficas [CDC] Callioli, C. A., Domingues, H. H., Costa, R. C. F., ´A lgebra Linear e Aplicac¸ ˜oes, 2a edic¸ ˜ao, Atual Editora Ltda, 1978. [L] Lima, E. L., ´A lgebra Linear, Colec¸ ˜ao Matem´atica Universit´aria, IMPA, CNPq, Rio de Janeiro, 1995. 12.9 159
  • 160. ´Indice Remissivo ˆangulo, 139 automorfismo, 85 autovalor, 105 autovetor, 105 base, 37 dual, 75 ortonormal, 141 complemento ortogonal, 149 composta, 76 conjunto ortogonal, 140 ortonormal, 140 coordenada, 45 dimens˜ao da soma de subespac¸os, 41 de um espac¸o vetorial, 39 distˆancia, 138 espac¸o dual, 74 vetorial, 9 espac¸os isomorfos, 85 forma canˆonica de Jordan, 127 funcional linear, 74 gerador, 24 imagem, 79 imagem inversa, 79 isometria, 150 isomorfismo, 85 matriz de mudanc¸a de base, 52 diagonal, 115 diagonaliz´avel, 116 semelhante, 111 multiplicidade alg´ebrica, 112 geom´etrica, 105 n´ucleo, 80 norma, 136 operador auto-adjunto, 153 ortogonalidade, 140 polinˆomio caracter´ıstico, 111 de uma transformac¸ ˜ao linear, 111 produto interno, 133 projec¸ ˜ao ortogonal, 144 subespac¸o pr´oprio, 105 160
  • 161. ´INDICE REMISSIVO 161 vetorial definic¸ ˜ao, 15 gerador, 24 soma de, 17 soma direta de, 18 teorema do completamento, 40 do n´ucleo e da imagem, 81 transformac¸ ˜ao bijetora, 78 diagonaliz´avel, 115 idempotente, 85 injetora, 78 linear, 71 matriz de uma, 88 nilpotente, 76 sobrejetora, 78