O PERCURSO HISTORIOGRÁFICO DO AMOR ROMÂNTICO ATRAVÉS DAS ERAS Prof. Thiago de Almeida (Psicólogo e pesquisador do Instituto de Psicologia – Departamento de Psicologia Clínica) Home page:  www.thiagodealmeida.com.br
"Uma verdadeira viagem de descoberta não é procurar novas terras, mas ter um olhar novo" (Marcel Proust).   “O Amor é uma ciência, que não pode haver maior, pois por mais que o Amor se estude, ninguém sabe o que é o Amor” (Caldas Barbosa). “Buscar o amor é bom, melhor é achá-lo” (Shakespeare, na obra ‘Noite de reis’)
Introdução Em muitas pesquisas realizadas, a maioria das pessoas reporta que a intimidade com outros seres humanos é isoladamente, o aspecto mais gratificante da vida (Davidoff, 1983; Bytronski, 1992; 1995).
"Os homens são seres que vivem em relação. Alimentam-se tanto de carícias e de atenções como de pão. Privados de comunicação, sofrem. Aliás, o isolamento é a punição preferencial destinada aos prisioneiros rebeldes e  também é utilizada como instrumento de tortura”  (Isabelle Filiozat,  em “ A Inteligência do Coração” )
Questionamentos Quais as idéias que uniram as pessoas ao longo do tempo ao amor relacionadas? Qual é o berço cultural do que se concebe por amor romântico? Será mesmo que o amor romântico sempre existiu em todas as culturas e em todos os tempos?  Será que o amor e os estados a ele relacionados, como a paixão, por exemplo, sempre foram tão valorizados positivamente como o são atualmente?  Qual é o prognóstico do mecanismo de casamento, freqüentemente relacionado ao amor, a despeito dos seus inúmeros modelos, percursos e de, por vezes, estar desacreditado, ao menos para a sociedade ocidental?
O que se concebe por AMOR nesta palestra... ♥   Amor  ≠  relacionamento amoroso  ≠ sexo e relacionamento sexual ;   ♥   O amor  é um sistema complexo e dinâmico que envolve cognições, emoções e comportamentos freqüentemente relacionados à felicidade para o ser humano;   ♥ Já, o relacionamento amoroso refere-se ao envolvimento com o outro na relação. Nessa interação com o outro pode ou não haver amor que envolve laços de afeto, apego,libido, dentre outras características.   ♥   A relação amorosa não tem a função de preencher vazios ou ainda, solucionar a vida de qualquer pessoa.
Embora expresso de maneiras diferenciadas, o amor é sumamente importante para o desenvolvimento da personalidade e crescimento da humanidade; Ao que se sabe o desenvolvimento emocional se dá imediatamente após o nascimento e percorre um longo caminho através das etapas determinadas pela idade e cultura, que caracterizam a evolução do ser humano (Bowlby, 1989); Infelizmente, tal importância é mais bem percebida quando as pessoas se deparam com problemas como a carência amorosa, o ciúme e a infidelidade, dentre outros. Quando isso acontece, tanto o nosso humor, quanto a nossa capacidade de concentração, a nossa energia, nossa auto-estima, o nosso trabalho e a nossa saúde, dentre outras dimensões das nossas vidas, podem ser profundamente afetados.
Há que se ter em mente que o amor, a princípio, é uma crença emocional. E como toda e qualquer crença “pode ser mantida, alterada, dispensada, trocada, melhorada, piorada ou abolida. Nenhum dos seus constituintes afetivos é fixo por natureza” (Costa, 1999, p. 12). Segundo a autora Mary Del Priore (2006) o amor é um milagre de encantamento, uma espécie de presente que atravessa os séculos.
E por que devemos refletir a respeito do amor? pensar a respeito do amor nos coloca frente deste fenômeno que conhecemos desde a mais tenra idade, e o experimentamos diariamente, através das fortes emoções que os acompanham, mas não refletimos sobre as concepções que eles podem assumir; Grande parte dos seres humanos não vive a plenitude do amor, muitas vezes, por ter errôneos ou idealizados conceitos e imagens distorcidas do que este seja. Dessa forma, recorrem a estereotipagens amorosas, resultando arremedos afetivos que empobrecem o que concebem por amor e que tanto desgastam as pessoas.
O amor e a paixão: pontos de intersecção e de ruptura Concepção greco-romana do amor; Segundo Buss (2000): “Geralmente pensamos a paixão como restrita ao sexo ou amor, o amplexo ardente ou o desejo constante” (p. 13); Compreensão grega da passividade da paixão e de seu aspecto inerentemente destrutivo.  Mecanismos fisiológicos para o Amor e para a Paixão.
Mas, o que é o amor? O amor é um sistema complexo e dinâmico que envolve cognições, emoções e comportamentos relacionados muitas vezes à felicidade para o ser humano; diferiria da paixão por sua maior permanência e menor efusividade que a paixão, embora não se omitam os estados de alegria e de tristeza relacionados à sua presença ou mesmo a sua ausência para o ser humano.
Entra-se em contato com o perfil amoroso de cada época por meio do que se é produzido em cada período, tal como suas músicas, artes plásticas, literaturas, teatros dentre outras fontes orais e escritas (Murstein, 1988). Esses construtos refletem as visões do amor de cada época retratando suas peculiaridades.  É claro que nem toda realidade é suscetível a se transmutar em obras como poemas, epopéias, ou pinturas.  Contudo, mesmo os legados culturais transmitem suas ideologias particulares que acabam consolidando, muitas vezes, os ideais de uma época (Grimal, 1991).
 
Pré-História Aproximadamente 1.600.000 a.C. a 4.000 a.C.; Para a etologia, ciência que estuda as origens dos comportamentos dos seres humanos e animais, esse contrato determinaria que, em troca de recursos trazidos por um homem para garantir a alimentação, o abrigo e a proteção da mulher e dos filhos dele, esta, em contrapartida, disponibilizaria o seu útero, com exclusividade, à disposição do mesmo.
Idade Antiga   4.000 a.C. --  476 d.C. Das primeiras civilizações letradas como no Egito, na China, na Grécia e em Roma, às sociedade pré-letradas como em sociedades indígenas americanas, australianas, da Índia, da Indonésia e das ilhas do Oceano Pacífico,  há diversos relatos e registros explícitos que apontam que tanto bem como nas sociedades pré-letradas conhecem-se manifestações culturais que expressavam  as vicissitudes. Da paixão e do amor.
O amor no Egito Antigo Do Egito, há aproximadamente 1500 anos a.C., temos retratado em papiros os remotos cânticos amorosos (Montet, 1989). Ainda, no Egito, no ano 1000 a.C., no antigo Egito, o amor já era retratado como um esmagamento do eu, e, portanto, semelhante a uma espécie de doença (Malinowski, 1970, 1955).
Enquanto isso na China… Segundo Joppert (1979) e Watson (1969), na China, na época da Primeira Dinastia Shang (séculos XVIII-XII a.C.), os primeiros poemas de amor foram compostos.
O amor greco-romano Todavia, ao contrário do que se observa atualmente, os homens gregos geralmente não nutriam amor por mulheres (Grimal, 1991; S. S. Hendrick e C. Hendrick, 1992). Independentemente disso, o amor para eles era uma temática muito importante para sua filosofia (Philippe, 1999).
Hesíodo, com sua  Teogonia,  e Parmênides de Eléia (século V a.C.), foram os pioneiros ao sugerir que o amor é a força que impulsiona as coisas, que as conduz e as mantém juntas; Empédocles (século V a.C.), reconheceu o amor como a força que conserva unidos os quatro elementos e na discórdia a força que os separa; Platão (427-347 a.C.) contribuirá para a historiografia do amor com o primeiro tratado filosófico amoroso intitulado de: “O Banquete”
Idade Média   476 d.C. – 1453 d.C.; Com o advento do Cristianismo, a noção de amor é acentuadamente influenciada sob duas égides. Por um lado, é entendido como uma relação ou um tipo de relações que se devem estender a todas as pessoas entendidas como “próximos”. Por outro lado, foi eleito como um mandamento, que não tinha conexões com as situações de fato, e que se propõe a transformar estas situações e criar uma comunidade que ainda não existe, mas que deverá tornar irmãos todos os homens: o reino de Deus. Assim, o amor agápico é evidenciado e apontado como uma realidade absoluta e primordial.
E o casamento para a Idade Média? Na Idade Média, o casamento, tinha uma diretriz diferente da qual se tem hoje por referência. Algo que desse vazão aos sentimentos, como amor, era considerados impróprio para o casamento (Batten, 1995); O  “Jus primae noctis”; Na realidade, o casamento era uma instituição que visava à estabilidade de uma sociedade, e desempenhava apenas a função da reprodução, união e manutenção de riquezas, assim, dando continuidade à estrutura. A partir do momento em que o amor aparece no casamento, esses sustentáculos, como a reprodução e união de riquezas foram relegados a um segundo plano, ameaçando toda essa organização social.
O amor cortês e o feudalismo do amoroso Segundo S.S. Hendrick e C. Hendrick, o amor cortês vigorou, aproximadamente no século XII, embora tenha sido semeadas as primeiras manifestações alguns séculos antes; Era essencialmente aristocrático, reservado às elites que freqüentam as cortes. Considerado uma ocupação de ociosos, libertos de qualquer preocupação material; Funcionalmente, foi um meio de educar os cavaleiros, civilizá-los, ou seja, apenas uma estratégia, na qual a mulher era o engodo para subordiná-los à vontade de seus senhores (Costa, 1999; Heer, 1976).
Renascimento e Idade Moderna   1453 d.C. – 1789 d.C.; No decurso de tais acontecimentos, a nobreza tem um enriquecimento e, assim, torna-se mais liberal perante os filhos. O medo de dissipar as fortunas devido ao grande número de filhos vai desaparecendo e as famílias começam a permitir o casamento dos filhos que não quisessem seguir a carreira eclesiástica; Uma vez estabilizado o amor romântico, como forma de conduta emocional na Europa, foram atendidos os anseios de autonomia e felicidade pessoais para a classe burguesa, legitimando-a no poder. “Sua íntima associação com a vida privada burguesa o transformou em um elemento de equilíbrio indispensável entre o desejo de felicidade individual e o compromisso com idéias coletivos” (Costa, 1999, p.19) .
Alguns pensadores expoentes… Rousseau  (1712-1778), realça o que considera imperativo para a humanidade: voltar ao "estado de natureza", pois o progresso tornou os homens egoístas, violentos e desordenados. O amor deve encontrar de novo sua dimensão mais autêntica, aquela que a própria natureza lhe atribuiu e os seres humanos distorceram; Spinoza  (1632-1677) identifica o amor como uma forma suprema de racionalidade, possível quando o conhecimento liberta o espírito dos desejos, aproximando o homem da felicidade completa.
Idade Contemporânea   1789 d.C – até os dias atuais; Contribuições principais: Movimento Literário Romântico e da Psicanálise freudiana (dentre outras); Considerada a “Idade do Amor”; Surgimento do casamento por amor; Surgimento do estudo do amor enquanto um objeto da ciência; Influência da mídia e a “ditadura do orgasmo”
Marcado pelo pessimismo, o pensador  Arthur Schopenhauer  (1788-1860) classifica o amor como um sentimento falso e enganoso. Segundo ele, por mais etéreo que possa parecer, o sentimento amoroso está sempre enraizado no instinto sexual e seu objetivo final é o ardente desejo de reproduzir. Consoante este autor, em nome do amor, o ser humano está disposto a cometer qualquer perversidade e aceitar qualquer sofrimento.
Relacionamentos amorosos e  internet Ao contrário dos outros séculos, uma novidade que veio para interagir com a questão dos relacionamentos amorosos é a participação da  internet  no cotidiano, sobretudo, em relação aos relacionamentos amorosos; Mais do que um fenômeno circunscrito aos  teens,  ou ainda, a adultos solitários, os relacionamentos românticos via  internet  tendem a se expandir em um futuro próximo e devem, como conseqüência, provocar um relaxamento das normas sociais e morais tais como as entendemos hoje.
O “Ficar” “ O estabelecimento de relações sociais mais temporárias, de comunidades abertas e mais frouxamente ligadas pode fazer com que o indivíduo se sinta mais só e desamparado, e se veja obrigado a uma constante negociação com o outro e com ele mesmo visando à continuidade ou quebra do vínculo forjado. Entretanto, a fluidez dessas relações possibilita a constituição de redes, a vivência de novas e diversas formas relacionais que pode, paradoxalmente, minimizar essa solidão e lhe dar segurança e apoio. Isto acontece, por exemplo, no estar-junto; ao mesmo tempo em que ele é marcado por uma certa superficialidade e fugacidade, também propicia o compartilhamento espontâneo de experiências vividas, sentimentos, desejos e interesses. Além disso, por se caracterizar como um ajuntamento efêmero, no qual os indivíduos não cobram, por exemplo, fidelidade, profundidade de sentimento ou investimento afetivo, o estar-junto facilita o trânsito e o vínculo com outras pessoas e grupos” (Chaves, 2003, p. 87-88).
“ A idéia de que o amor como o conhecemos é uma experiência universal e atemporal decorre, fundamentalmente, de nossa certeza de, no amor, encontrar a expressão mais completa de nossa possibilidade de entrega, doação e, na mesma medida, nossa maior capacidade de receber, compreender, aceitar e desejar outra pessoa escolhida por nós e que, por sua vez nos escolheu”  (Lázaro,  1996, p. 199).
A questão do etnocentrismo e do a-historiscismo no estudo do amor No dicionário, o etnocentrismo é definido como a “tendência do homem para menosprezar sociedades ou povos, cujos costumes divergem dos da sua própria sociedade ou povo”, ou ainda como a, “disposição habitual de julgar povos ou grupos estrangeiros pelos padrões e práticas de sua própria cultura ou grupo étnico” (Dicionário eletrônico Michaelis). Dion e Dion (1988) o definem como “a tendência para usar o próprio grupo e seus valores como o padrão de comparação e avaliação para si mesmo e para os outros” (Dion & Dion, 1988, p. 281). Portanto, corresponde a uma percepção da vida e da sociedade do ponto de vista do observador que faz de sua cultura, a norma ou a referência na análise de outras realidades sociais (Rocha, 1994).
“ Quando se julgam pessoas de outros períodos ou sociedades, há a tendência para começar com os valores que são importantes no tempo de quem julga, selecionando-se fatos relevantes à luz desses valores.  Esta abordagem impede o acesso ao contexto especial das pessoas que se procura compreender. Elas são separadas das estruturas que formam com outras pessoas, e dispostas de forma heteronômica em contextos determinados por valores contemporâneos, aos quais não pertencem”  (Norbert Elias, citado por Casey, 1992, p. 13).
O a-historiscismo Outro problema da mais recente pesquisa no amor é a questão do a-historiscismo. Consoante ao dicionário o a-historiscismo é definido como sinônimo de “1. Não histórico; alheio à história; aistórico. 2. Contrário à história; anti-histórico” (Ferreira, 1999, p. 144). Assim, podemos compreender o a-historiscismo enquanto a falta de consciência histórica do contexto que está em foco (Lee, 1988).
Conclusões O amor entre duas pessoas não é um fenômeno local ou contemporâneo; Ao longo dos séculos, muitos pensadores manifestaram suas idéias a respeito do amor, quer ressaltando seu valor positivo e exclusivamente humano, quer identificando nele a expressão inefável da transcendência, ou ainda, tratando-o como meta inalcançável, e considerando-o como algo alienador e, portanto, execrável.
Nas palavras de Grimal (1991, p. 1): o amor “está sujeito a modas” de forma que se pode dizer que “no reinado de Luís XIII não se amava como na época de Carlos X” (Grimal,1991, p. 1); um tipo de amor, ou ainda de ideologias amorosas, não devem ser vistos como superiores, ou mais verdadeiros do que outros, prevalecendo sobre os demais (Lee, 1988).
pode-se observar que embora sejam grandes as diferenças entre as concepções amorosas da Grécia Antiga até a Idade Contemporânea. Costa evidencia um paralelo em comum: “o amor sempre buscava um Bem objetivo, independente do sujeito. O Supremo Bem greco-romano; o Deus cristão, A Dama do amor cortês; ou a posição social nas artes da sedução e da galanteria no Renascimento e nas sociedades de Corte” (Costa, 1999, p. 41), e assim, por diante. Em suma, segundo Rougemont (1988) a teleologia amorosa vinha do objeto contemplado. E todos estes fatores configuram e servem de  background  para o que se concebe atualmente sobre o amor;
Não podemos inferior, contudo, se as pessoas de épocas remotas que nos precederam utilizavam concepções próximas as nossas na tentativa de descreverem o que convencionalmente identificamos como amor; Expresso de maneiras diferenciadas, o amor, sobretudo o de natureza romântica, é sumamente importante para o desenvolvimento da personalidade e crescimento da humanidade. E, certamente, a evolução do que se concebe por amor evoluiu e continua a evoluir constantemente, e acompanha o pensamento das pessoas da época no qual ele está inserido;
  Um último e oportuno questionamento é divagar o quão imersas vivem as pessoas em suas próprias culturas e embasadas em seus próprios referenciais a ponto de desconsiderarem outros paradigmas amorosos, como os retratados por esta palestra, e passar a definir e caracterizar outras culturas a partir destes, sobretudo no que diz respeito ao estudo do amor?
A todos vocês, pela atenção recebida, o meu muito obrigado e… Ao amor… Sempre!!

Mais conteúdo relacionado

PPT
O Percurso Do Amor RomâNtico E Dos Seus Desdobramentos Até Os Dias Atuais ...
PDF
Afetos paixões e feminismo
PDF
As praticas amorosas na contemporaneidade jurandir freire
PDF
Feres carneiro 1998
PPS
RECIFE. Apesar de tudo.
PPTX
Recife pernambuco
PPT
Cidade do recife
PPTX
Arquitetura de Brasília
O Percurso Do Amor RomâNtico E Dos Seus Desdobramentos Até Os Dias Atuais ...
Afetos paixões e feminismo
As praticas amorosas na contemporaneidade jurandir freire
Feres carneiro 1998
RECIFE. Apesar de tudo.
Recife pernambuco
Cidade do recife
Arquitetura de Brasília

Semelhante a ApresentaçãO No Recife (20)

PDF
Intimidade & amor
PDF
O amor em prosa
PPT
Sexualidade amor paixão
PPT
Amor e Filosofia.ppt
PPTX
Amor barbara sabino
DOC
Amor cortês - Literatura Portuguesa
PPTX
O Amor E A Capacidade De Amar
ODP
Amor raissa e jessica
PPT
4 Aula IntrodutóRia Amor No Imperio2
PPT
Aula Introdutória: Amor No Imperio
PPTX
Sentido do Amor na filosofia
ODP
Amor evilene
PPTX
Amor e filosofia
PPT
Mediunidade no relacionamento
PDF
O livro do amor volume 2 - regina navarro lins (1)
ODP
Amor erikarla e fernanda
PDF
Amar pode dar_certo_-_roberto_shinyashiki
PPTX
Sexo, amor e outras drogas
PPTX
S valentim
Intimidade & amor
O amor em prosa
Sexualidade amor paixão
Amor e Filosofia.ppt
Amor barbara sabino
Amor cortês - Literatura Portuguesa
O Amor E A Capacidade De Amar
Amor raissa e jessica
4 Aula IntrodutóRia Amor No Imperio2
Aula Introdutória: Amor No Imperio
Sentido do Amor na filosofia
Amor evilene
Amor e filosofia
Mediunidade no relacionamento
O livro do amor volume 2 - regina navarro lins (1)
Amor erikarla e fernanda
Amar pode dar_certo_-_roberto_shinyashiki
Sexo, amor e outras drogas
S valentim
Anúncio

Mais de Thiago de Almeida (20)

PPT
Infidelidade amorosa - como superá-la?
PPTX
Gamofobia : o medo persistente de entrar de cabeça nos relacionamentos amorosos
PPTX
Gamofobia o medo persistente de entrar de cabeça nos relacionamentos amorosos
PPT
Psicologia escolar e educacional
PPT
Ciúme e inveja
PPT
A relação família-escola
PPT
Como ensinar os conceitos de Sexo e de Sexualidade na escola?
PPT
Educação inclusiva: feitos e efeitos
PPT
Violência Doméstica Contra Crianças e Adolescentes: o que é e como combatê-la
PPT
Henri Wallon e sua teoria
PPT
Vaginismo o que é como superar
PPT
John Bowlby e a Teoria do Apego
PPT
Teoria psicossexual do desenvolvimento humano
PPT
Piaget e a teoria psicogenética
PPT
Modelo bioecológico do desenvolvimento de Bronfenbrenner
PPT
Psicologia do desenvolvimento
PPT
Vygotsky e a teoria sociohistórica
PPT
A teoria do desenvolvimento humano segundo Erik Erikson
PPT
Bullying: o que é e como combatê-lo?
PPTX
Fracasso escolar: o que é e como combatê-lo?
Infidelidade amorosa - como superá-la?
Gamofobia : o medo persistente de entrar de cabeça nos relacionamentos amorosos
Gamofobia o medo persistente de entrar de cabeça nos relacionamentos amorosos
Psicologia escolar e educacional
Ciúme e inveja
A relação família-escola
Como ensinar os conceitos de Sexo e de Sexualidade na escola?
Educação inclusiva: feitos e efeitos
Violência Doméstica Contra Crianças e Adolescentes: o que é e como combatê-la
Henri Wallon e sua teoria
Vaginismo o que é como superar
John Bowlby e a Teoria do Apego
Teoria psicossexual do desenvolvimento humano
Piaget e a teoria psicogenética
Modelo bioecológico do desenvolvimento de Bronfenbrenner
Psicologia do desenvolvimento
Vygotsky e a teoria sociohistórica
A teoria do desenvolvimento humano segundo Erik Erikson
Bullying: o que é e como combatê-lo?
Fracasso escolar: o que é e como combatê-lo?
Anúncio

Último (12)

PDF
eBook - GUIA DE CONSULTA RAPIDA EM ROTEADORES E SWITCHES CISCO - VOL I.pdf
PPTX
Tipos de servidor em redes de computador.pptx
PPTX
Viasol Energia Solar -Soluções para geração e economia de energia
PPTX
Utilizando code blockes por andre backes
PPTX
Proposta de Implementação de uma Rede de Computador Cabeada.pptx
PPTX
Analise Estatica de Compiladores para criar uma nova LP
PDF
Jira Software projetos completos com scrum
PPT
Conceitos básicos de Redes Neurais Artificiais
PDF
Termos utilizados na designação de relação entre pessoa e uma obra.pdf
PDF
Manejo integrado de pragas na cultura do algodão
PPTX
Aula 9 - Funções em Python (Introdução à Ciência da Computação)
PDF
Processos no SAP Extended Warehouse Management, EWM100 Col26
eBook - GUIA DE CONSULTA RAPIDA EM ROTEADORES E SWITCHES CISCO - VOL I.pdf
Tipos de servidor em redes de computador.pptx
Viasol Energia Solar -Soluções para geração e economia de energia
Utilizando code blockes por andre backes
Proposta de Implementação de uma Rede de Computador Cabeada.pptx
Analise Estatica de Compiladores para criar uma nova LP
Jira Software projetos completos com scrum
Conceitos básicos de Redes Neurais Artificiais
Termos utilizados na designação de relação entre pessoa e uma obra.pdf
Manejo integrado de pragas na cultura do algodão
Aula 9 - Funções em Python (Introdução à Ciência da Computação)
Processos no SAP Extended Warehouse Management, EWM100 Col26

ApresentaçãO No Recife

  • 1. O PERCURSO HISTORIOGRÁFICO DO AMOR ROMÂNTICO ATRAVÉS DAS ERAS Prof. Thiago de Almeida (Psicólogo e pesquisador do Instituto de Psicologia – Departamento de Psicologia Clínica) Home page: www.thiagodealmeida.com.br
  • 2. "Uma verdadeira viagem de descoberta não é procurar novas terras, mas ter um olhar novo" (Marcel Proust). “O Amor é uma ciência, que não pode haver maior, pois por mais que o Amor se estude, ninguém sabe o que é o Amor” (Caldas Barbosa). “Buscar o amor é bom, melhor é achá-lo” (Shakespeare, na obra ‘Noite de reis’)
  • 3. Introdução Em muitas pesquisas realizadas, a maioria das pessoas reporta que a intimidade com outros seres humanos é isoladamente, o aspecto mais gratificante da vida (Davidoff, 1983; Bytronski, 1992; 1995).
  • 4. "Os homens são seres que vivem em relação. Alimentam-se tanto de carícias e de atenções como de pão. Privados de comunicação, sofrem. Aliás, o isolamento é a punição preferencial destinada aos prisioneiros rebeldes e também é utilizada como instrumento de tortura” (Isabelle Filiozat, em “ A Inteligência do Coração” )
  • 5. Questionamentos Quais as idéias que uniram as pessoas ao longo do tempo ao amor relacionadas? Qual é o berço cultural do que se concebe por amor romântico? Será mesmo que o amor romântico sempre existiu em todas as culturas e em todos os tempos? Será que o amor e os estados a ele relacionados, como a paixão, por exemplo, sempre foram tão valorizados positivamente como o são atualmente? Qual é o prognóstico do mecanismo de casamento, freqüentemente relacionado ao amor, a despeito dos seus inúmeros modelos, percursos e de, por vezes, estar desacreditado, ao menos para a sociedade ocidental?
  • 6. O que se concebe por AMOR nesta palestra... ♥ Amor ≠ relacionamento amoroso ≠ sexo e relacionamento sexual ; ♥ O amor é um sistema complexo e dinâmico que envolve cognições, emoções e comportamentos freqüentemente relacionados à felicidade para o ser humano; ♥ Já, o relacionamento amoroso refere-se ao envolvimento com o outro na relação. Nessa interação com o outro pode ou não haver amor que envolve laços de afeto, apego,libido, dentre outras características. ♥ A relação amorosa não tem a função de preencher vazios ou ainda, solucionar a vida de qualquer pessoa.
  • 7. Embora expresso de maneiras diferenciadas, o amor é sumamente importante para o desenvolvimento da personalidade e crescimento da humanidade; Ao que se sabe o desenvolvimento emocional se dá imediatamente após o nascimento e percorre um longo caminho através das etapas determinadas pela idade e cultura, que caracterizam a evolução do ser humano (Bowlby, 1989); Infelizmente, tal importância é mais bem percebida quando as pessoas se deparam com problemas como a carência amorosa, o ciúme e a infidelidade, dentre outros. Quando isso acontece, tanto o nosso humor, quanto a nossa capacidade de concentração, a nossa energia, nossa auto-estima, o nosso trabalho e a nossa saúde, dentre outras dimensões das nossas vidas, podem ser profundamente afetados.
  • 8. Há que se ter em mente que o amor, a princípio, é uma crença emocional. E como toda e qualquer crença “pode ser mantida, alterada, dispensada, trocada, melhorada, piorada ou abolida. Nenhum dos seus constituintes afetivos é fixo por natureza” (Costa, 1999, p. 12). Segundo a autora Mary Del Priore (2006) o amor é um milagre de encantamento, uma espécie de presente que atravessa os séculos.
  • 9. E por que devemos refletir a respeito do amor? pensar a respeito do amor nos coloca frente deste fenômeno que conhecemos desde a mais tenra idade, e o experimentamos diariamente, através das fortes emoções que os acompanham, mas não refletimos sobre as concepções que eles podem assumir; Grande parte dos seres humanos não vive a plenitude do amor, muitas vezes, por ter errôneos ou idealizados conceitos e imagens distorcidas do que este seja. Dessa forma, recorrem a estereotipagens amorosas, resultando arremedos afetivos que empobrecem o que concebem por amor e que tanto desgastam as pessoas.
  • 10. O amor e a paixão: pontos de intersecção e de ruptura Concepção greco-romana do amor; Segundo Buss (2000): “Geralmente pensamos a paixão como restrita ao sexo ou amor, o amplexo ardente ou o desejo constante” (p. 13); Compreensão grega da passividade da paixão e de seu aspecto inerentemente destrutivo. Mecanismos fisiológicos para o Amor e para a Paixão.
  • 11. Mas, o que é o amor? O amor é um sistema complexo e dinâmico que envolve cognições, emoções e comportamentos relacionados muitas vezes à felicidade para o ser humano; diferiria da paixão por sua maior permanência e menor efusividade que a paixão, embora não se omitam os estados de alegria e de tristeza relacionados à sua presença ou mesmo a sua ausência para o ser humano.
  • 12. Entra-se em contato com o perfil amoroso de cada época por meio do que se é produzido em cada período, tal como suas músicas, artes plásticas, literaturas, teatros dentre outras fontes orais e escritas (Murstein, 1988). Esses construtos refletem as visões do amor de cada época retratando suas peculiaridades. É claro que nem toda realidade é suscetível a se transmutar em obras como poemas, epopéias, ou pinturas. Contudo, mesmo os legados culturais transmitem suas ideologias particulares que acabam consolidando, muitas vezes, os ideais de uma época (Grimal, 1991).
  • 13.  
  • 14. Pré-História Aproximadamente 1.600.000 a.C. a 4.000 a.C.; Para a etologia, ciência que estuda as origens dos comportamentos dos seres humanos e animais, esse contrato determinaria que, em troca de recursos trazidos por um homem para garantir a alimentação, o abrigo e a proteção da mulher e dos filhos dele, esta, em contrapartida, disponibilizaria o seu útero, com exclusividade, à disposição do mesmo.
  • 15. Idade Antiga 4.000 a.C. -- 476 d.C. Das primeiras civilizações letradas como no Egito, na China, na Grécia e em Roma, às sociedade pré-letradas como em sociedades indígenas americanas, australianas, da Índia, da Indonésia e das ilhas do Oceano Pacífico, há diversos relatos e registros explícitos que apontam que tanto bem como nas sociedades pré-letradas conhecem-se manifestações culturais que expressavam as vicissitudes. Da paixão e do amor.
  • 16. O amor no Egito Antigo Do Egito, há aproximadamente 1500 anos a.C., temos retratado em papiros os remotos cânticos amorosos (Montet, 1989). Ainda, no Egito, no ano 1000 a.C., no antigo Egito, o amor já era retratado como um esmagamento do eu, e, portanto, semelhante a uma espécie de doença (Malinowski, 1970, 1955).
  • 17. Enquanto isso na China… Segundo Joppert (1979) e Watson (1969), na China, na época da Primeira Dinastia Shang (séculos XVIII-XII a.C.), os primeiros poemas de amor foram compostos.
  • 18. O amor greco-romano Todavia, ao contrário do que se observa atualmente, os homens gregos geralmente não nutriam amor por mulheres (Grimal, 1991; S. S. Hendrick e C. Hendrick, 1992). Independentemente disso, o amor para eles era uma temática muito importante para sua filosofia (Philippe, 1999).
  • 19. Hesíodo, com sua Teogonia, e Parmênides de Eléia (século V a.C.), foram os pioneiros ao sugerir que o amor é a força que impulsiona as coisas, que as conduz e as mantém juntas; Empédocles (século V a.C.), reconheceu o amor como a força que conserva unidos os quatro elementos e na discórdia a força que os separa; Platão (427-347 a.C.) contribuirá para a historiografia do amor com o primeiro tratado filosófico amoroso intitulado de: “O Banquete”
  • 20. Idade Média 476 d.C. – 1453 d.C.; Com o advento do Cristianismo, a noção de amor é acentuadamente influenciada sob duas égides. Por um lado, é entendido como uma relação ou um tipo de relações que se devem estender a todas as pessoas entendidas como “próximos”. Por outro lado, foi eleito como um mandamento, que não tinha conexões com as situações de fato, e que se propõe a transformar estas situações e criar uma comunidade que ainda não existe, mas que deverá tornar irmãos todos os homens: o reino de Deus. Assim, o amor agápico é evidenciado e apontado como uma realidade absoluta e primordial.
  • 21. E o casamento para a Idade Média? Na Idade Média, o casamento, tinha uma diretriz diferente da qual se tem hoje por referência. Algo que desse vazão aos sentimentos, como amor, era considerados impróprio para o casamento (Batten, 1995); O “Jus primae noctis”; Na realidade, o casamento era uma instituição que visava à estabilidade de uma sociedade, e desempenhava apenas a função da reprodução, união e manutenção de riquezas, assim, dando continuidade à estrutura. A partir do momento em que o amor aparece no casamento, esses sustentáculos, como a reprodução e união de riquezas foram relegados a um segundo plano, ameaçando toda essa organização social.
  • 22. O amor cortês e o feudalismo do amoroso Segundo S.S. Hendrick e C. Hendrick, o amor cortês vigorou, aproximadamente no século XII, embora tenha sido semeadas as primeiras manifestações alguns séculos antes; Era essencialmente aristocrático, reservado às elites que freqüentam as cortes. Considerado uma ocupação de ociosos, libertos de qualquer preocupação material; Funcionalmente, foi um meio de educar os cavaleiros, civilizá-los, ou seja, apenas uma estratégia, na qual a mulher era o engodo para subordiná-los à vontade de seus senhores (Costa, 1999; Heer, 1976).
  • 23. Renascimento e Idade Moderna 1453 d.C. – 1789 d.C.; No decurso de tais acontecimentos, a nobreza tem um enriquecimento e, assim, torna-se mais liberal perante os filhos. O medo de dissipar as fortunas devido ao grande número de filhos vai desaparecendo e as famílias começam a permitir o casamento dos filhos que não quisessem seguir a carreira eclesiástica; Uma vez estabilizado o amor romântico, como forma de conduta emocional na Europa, foram atendidos os anseios de autonomia e felicidade pessoais para a classe burguesa, legitimando-a no poder. “Sua íntima associação com a vida privada burguesa o transformou em um elemento de equilíbrio indispensável entre o desejo de felicidade individual e o compromisso com idéias coletivos” (Costa, 1999, p.19) .
  • 24. Alguns pensadores expoentes… Rousseau (1712-1778), realça o que considera imperativo para a humanidade: voltar ao "estado de natureza", pois o progresso tornou os homens egoístas, violentos e desordenados. O amor deve encontrar de novo sua dimensão mais autêntica, aquela que a própria natureza lhe atribuiu e os seres humanos distorceram; Spinoza (1632-1677) identifica o amor como uma forma suprema de racionalidade, possível quando o conhecimento liberta o espírito dos desejos, aproximando o homem da felicidade completa.
  • 25. Idade Contemporânea 1789 d.C – até os dias atuais; Contribuições principais: Movimento Literário Romântico e da Psicanálise freudiana (dentre outras); Considerada a “Idade do Amor”; Surgimento do casamento por amor; Surgimento do estudo do amor enquanto um objeto da ciência; Influência da mídia e a “ditadura do orgasmo”
  • 26. Marcado pelo pessimismo, o pensador Arthur Schopenhauer (1788-1860) classifica o amor como um sentimento falso e enganoso. Segundo ele, por mais etéreo que possa parecer, o sentimento amoroso está sempre enraizado no instinto sexual e seu objetivo final é o ardente desejo de reproduzir. Consoante este autor, em nome do amor, o ser humano está disposto a cometer qualquer perversidade e aceitar qualquer sofrimento.
  • 27. Relacionamentos amorosos e internet Ao contrário dos outros séculos, uma novidade que veio para interagir com a questão dos relacionamentos amorosos é a participação da internet no cotidiano, sobretudo, em relação aos relacionamentos amorosos; Mais do que um fenômeno circunscrito aos teens, ou ainda, a adultos solitários, os relacionamentos românticos via internet tendem a se expandir em um futuro próximo e devem, como conseqüência, provocar um relaxamento das normas sociais e morais tais como as entendemos hoje.
  • 28. O “Ficar” “ O estabelecimento de relações sociais mais temporárias, de comunidades abertas e mais frouxamente ligadas pode fazer com que o indivíduo se sinta mais só e desamparado, e se veja obrigado a uma constante negociação com o outro e com ele mesmo visando à continuidade ou quebra do vínculo forjado. Entretanto, a fluidez dessas relações possibilita a constituição de redes, a vivência de novas e diversas formas relacionais que pode, paradoxalmente, minimizar essa solidão e lhe dar segurança e apoio. Isto acontece, por exemplo, no estar-junto; ao mesmo tempo em que ele é marcado por uma certa superficialidade e fugacidade, também propicia o compartilhamento espontâneo de experiências vividas, sentimentos, desejos e interesses. Além disso, por se caracterizar como um ajuntamento efêmero, no qual os indivíduos não cobram, por exemplo, fidelidade, profundidade de sentimento ou investimento afetivo, o estar-junto facilita o trânsito e o vínculo com outras pessoas e grupos” (Chaves, 2003, p. 87-88).
  • 29. “ A idéia de que o amor como o conhecemos é uma experiência universal e atemporal decorre, fundamentalmente, de nossa certeza de, no amor, encontrar a expressão mais completa de nossa possibilidade de entrega, doação e, na mesma medida, nossa maior capacidade de receber, compreender, aceitar e desejar outra pessoa escolhida por nós e que, por sua vez nos escolheu” (Lázaro, 1996, p. 199).
  • 30. A questão do etnocentrismo e do a-historiscismo no estudo do amor No dicionário, o etnocentrismo é definido como a “tendência do homem para menosprezar sociedades ou povos, cujos costumes divergem dos da sua própria sociedade ou povo”, ou ainda como a, “disposição habitual de julgar povos ou grupos estrangeiros pelos padrões e práticas de sua própria cultura ou grupo étnico” (Dicionário eletrônico Michaelis). Dion e Dion (1988) o definem como “a tendência para usar o próprio grupo e seus valores como o padrão de comparação e avaliação para si mesmo e para os outros” (Dion & Dion, 1988, p. 281). Portanto, corresponde a uma percepção da vida e da sociedade do ponto de vista do observador que faz de sua cultura, a norma ou a referência na análise de outras realidades sociais (Rocha, 1994).
  • 31. “ Quando se julgam pessoas de outros períodos ou sociedades, há a tendência para começar com os valores que são importantes no tempo de quem julga, selecionando-se fatos relevantes à luz desses valores. Esta abordagem impede o acesso ao contexto especial das pessoas que se procura compreender. Elas são separadas das estruturas que formam com outras pessoas, e dispostas de forma heteronômica em contextos determinados por valores contemporâneos, aos quais não pertencem” (Norbert Elias, citado por Casey, 1992, p. 13).
  • 32. O a-historiscismo Outro problema da mais recente pesquisa no amor é a questão do a-historiscismo. Consoante ao dicionário o a-historiscismo é definido como sinônimo de “1. Não histórico; alheio à história; aistórico. 2. Contrário à história; anti-histórico” (Ferreira, 1999, p. 144). Assim, podemos compreender o a-historiscismo enquanto a falta de consciência histórica do contexto que está em foco (Lee, 1988).
  • 33. Conclusões O amor entre duas pessoas não é um fenômeno local ou contemporâneo; Ao longo dos séculos, muitos pensadores manifestaram suas idéias a respeito do amor, quer ressaltando seu valor positivo e exclusivamente humano, quer identificando nele a expressão inefável da transcendência, ou ainda, tratando-o como meta inalcançável, e considerando-o como algo alienador e, portanto, execrável.
  • 34. Nas palavras de Grimal (1991, p. 1): o amor “está sujeito a modas” de forma que se pode dizer que “no reinado de Luís XIII não se amava como na época de Carlos X” (Grimal,1991, p. 1); um tipo de amor, ou ainda de ideologias amorosas, não devem ser vistos como superiores, ou mais verdadeiros do que outros, prevalecendo sobre os demais (Lee, 1988).
  • 35. pode-se observar que embora sejam grandes as diferenças entre as concepções amorosas da Grécia Antiga até a Idade Contemporânea. Costa evidencia um paralelo em comum: “o amor sempre buscava um Bem objetivo, independente do sujeito. O Supremo Bem greco-romano; o Deus cristão, A Dama do amor cortês; ou a posição social nas artes da sedução e da galanteria no Renascimento e nas sociedades de Corte” (Costa, 1999, p. 41), e assim, por diante. Em suma, segundo Rougemont (1988) a teleologia amorosa vinha do objeto contemplado. E todos estes fatores configuram e servem de background para o que se concebe atualmente sobre o amor;
  • 36. Não podemos inferior, contudo, se as pessoas de épocas remotas que nos precederam utilizavam concepções próximas as nossas na tentativa de descreverem o que convencionalmente identificamos como amor; Expresso de maneiras diferenciadas, o amor, sobretudo o de natureza romântica, é sumamente importante para o desenvolvimento da personalidade e crescimento da humanidade. E, certamente, a evolução do que se concebe por amor evoluiu e continua a evoluir constantemente, e acompanha o pensamento das pessoas da época no qual ele está inserido;
  • 37. Um último e oportuno questionamento é divagar o quão imersas vivem as pessoas em suas próprias culturas e embasadas em seus próprios referenciais a ponto de desconsiderarem outros paradigmas amorosos, como os retratados por esta palestra, e passar a definir e caracterizar outras culturas a partir destes, sobretudo no que diz respeito ao estudo do amor?
  • 38. A todos vocês, pela atenção recebida, o meu muito obrigado e… Ao amor… Sempre!!