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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
REFLEXÕES SOBRE A MÍDIA: O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA
FORMAÇÃO DE UM OLHAR CRÍTICO
Por: Edmilson de Oliveira Sousa
Orientadora
Profª.: Adélia Maria Oliveira de Araújo
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
REFLEXÕES SOBRE A MÍDIA: O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA
FORMAÇÃO DE UM OLHAR CRÍTICO
Apresentação de Monografia à Universidade Candido
Mendes como condição prévia para a conclusão do
Curso de Pós-Graduação “Latu Sensu” em Tecnologia
Educacional.
Por: Edmilson de Oliveira Sousa.
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, a minha família,
aos amigos que tanto ajudaram
escutando e apoiando as minhas idéias e
a professora Adélia Maria pela orientação
na realização desse trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia aos meus pais e
irmãos que sempre me incentivam nos
estudos e acreditam no meu trabalho e
também aos amigos que estão sempre
por perto.
5
RESUMO
Pensar a tecnologia como um recurso que facilita o trabalho do ser humano,
permite-nos empregá-la no meio educacional não apenas para aprimorar a prática
de ensino do docente, que é uma técnica, mas também para instigar os alunos ao
aprendizado sobre a realidade em que estão inseridos de forma crítica e criativa.
Ainda mais porque as diferentes tecnologias estão presentes no nosso cotidiano e
que os jovens aprendem com elas, mas que muitas vezes são mal aproveitadas,
abrindo então uma brecha para a utilização que dos docentes podem fazer a fim
de orientar os jovens a refletir sobre a linguagem e o conteúdo que recebem dos
veículos de divulgação de mensagens que muitas vezes determinam o
comportamento deles, tornando-os passivos no que diz respeito ao consumo e
apáticos quanto à realidade em que vivem.
No capítulo I, O Conteúdo Midiático, a abordagem é sobre o conteúdo e as
estratégias utilizadas pelos veículos de divulgação de mensagens para a formação
de consumidores passivos, além de enriquecer a fantasia das pessoas para
conquistar a felicidade de maneira mais fácil possível. No capítulo II, Espectadores
Acríticos, a ênfase é dada no poder da imagem sobre o pensamento e no
comportamento das pessoas, tornando-as infantis e intolerantes. No Capítulo III,
Professores Mediadores, enfatiza-se a necessidade dos professores estarem
preparados para o uso das diferentes tecnologias na sua prática de ensino e quais
são os instrumentos que podem ser utilizados para a formação da criatividade e
do olhar crítico dos jovens sobre a realidade em que vivem e as imagens que
recebem.
Desse modo, concluímos que a escola não deve estar simplesmente
voltada para o mercado de trabalho, mas também para uma alfabetização sobre
as imagens, além de permitir que os alunos participem na construção do
conhecimento.
6
METODOLOGIA
O desenvolvimento do trabalho será realizado através de uma pesquisa de
caráter exploratório, utilizando como ferramenta para coleta de dados e a
explicitação do assunto os seguintes aspectos:
- a leitura prévia de artigos, livros, reportagens e sites que abordam o
assunto;
- a delimitação do assunto, tratando-o em linhas gerais;
- a seleção de informações e argumentos para sustentação o assunto
e a sua relevância;
- elaboração do texto monográfico.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------------- 8
CAPÍTULO I
O CONTEÚDO MIDIÁTICO -------------------------------------------------------------------- 10
CAPÍTULO II
ESPECTADORES ACRÍTICOS ------------------------------------------------------------- 19
CAPÍTULO III
PROFESSORES MEDIADORES ----------------------------------------------------------- 29
CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------------------------ 40
BIBLIOGRAFIA ----------------------------------------------------------------------------------- 42
ANEXO -------------------------------------------------------------------------------------------- 44
ÍNDICE -------------------------------------------------------------------------------------------- 46
8
INTRODUÇÃO
A presença de diferentes tecnologias no dia-a-dia dos jovens indica-nos a
relevância de pensar na contribuição que esses recursos podem trazer para os
educadores ao utilizá-los como ferramentas de forma crítica e criativa de modo a
contribuir para a formação de jovens autônomos, capazes de analisar e escolher
aquilo que veem ao invés de terem o comportamento determinado pela cultura
midiática.
Os estudiosos na área de tecnologia educacional abrem margens para a
necessidade de incentivar o educador a utilizar as diferentes tecnologias e a
modificar, na sua prática de ensino, a relação existente entre os jovens e a
linguagem midiática de modo a formar jovens que tenham o domínio dessa
linguagem, aprimorando sua percepção sobre a realidade e seu desenvolvimento
intelectual.
Vemos, portanto, que apesar da tecnologia servir como ferramenta pelos
docentes na sua prática de ensino, é certo também que o seu uso sem orientação
não colabora para aproximar os jovens da realidade, pelo contrário, pode
distanciá-los da realidade física, social e afetiva, tornando-os passivos diante dos
fatos, individualistas e impacientes devido a facilidade de escolhas que fazem
diante da máquina considerando o conteúdo que ela oferece e a interatividade que
coloca a disposição.
Além disso, os recursos midiáticos podem determinar o comportamento
das pessoas ao oferecer aquilo que elas desejam ouvir e ver, invadindo nossa
9
cultura com muitas imagens e mensagens, mais especificamente direcionadas aos
jovens, tornando-os muitas vezes infantis e consumidores irreflexivos.
Sem condições de analisar o que vêem e saber o que está por traz da
linguagem midiática, dificilmente podemos dizer que os jovens hoje em dia são
livres, pois escolhem ser como todos os outros são e quem escolheu como os
outros são foi a própria mídia; se, por outro lado, sabem discernir e verificar o que
é válido para si, o que compõe a sua individualidade, então serão indivíduos
autônomos, libertando-se das formas de dominação.
Cabe aqui ressaltar que as Novas Tecnologias oferecem informações
relevantes e materiais de alto conteúdo que podem ser facilmente difundidos,
colaborando para a democratização do conhecimento, mas que exige pessoas
com capacidade de refletir sobre todo esse material a fim de utilizá-lo de modo
apropriado.
Nesse contexto entra o papel do docente como mediador no uso desses
instrumentos direcionando essa linguagem midiática para formar jovens
expectadores ativos capazes de analisar criticamente as imagens, as mensagens,
as informações e refletir sobre a realidade a fim de modificá-la.
10
CAPÍTULO I
O CONTEÚDO MIDIÁTICO
Certamente a presença da mídia nas várias esferas da sociedade, em casa,
no trabalho, no transporte, nas ruas, mostra-se um grande aliado na formação de
consumidores passivos alimentando o capitalismo que se baseia na produção,
circulação e venda de mercadorias para a obtenção de lucros.
A mídia, ou seja, os meios de divulgação de mensagens como, por
exemplo, a televisão, o rádio, o outdoor, os jornais e revistas, podem atingir
atualmente uma grande quantidade de pessoas, sendo utilizados como veículos
para gerar necessidades de consumo, além de formar uma realidade fantasiosa,
onde as pessoas não percebem as idéias que recebem, como seu comportamento
está sendo orientado e que muitas vezes nem se preocupam com isso, mais tão
somente em serem vistos, em aparecer, revelando um modo de ser efêmero, fútil
e superficial.
Esse efeito de superficialidade no modo de ser é efeito das mensagens
apresentadas de forma sedutora, mostrando o que as pessoas devem valorizar, o
que comprar, como agir, como serem felizes, bem sucedidos, revelando-se como
extremamente capaz de determinar o comportamento e o pensamento das
pessoas que muitas vezes não possuem capacidade crítica de analisar essas
mensagens e sem perceber que associam o consumo ao prazer instantâneo, ao
bem-estar, a fama, ao status social, ou seja, a posição que ocupam na sociedade
devido a possibilidade de aquisição de um produto.
11
“Embora os apologistas da indústria da publicidade
argumentem que a publicidade é predominantemente
informativa, um exame cuidadoso das revistas, da televisão
e de outros anúncios imagéticos indicam que ela é
avassaladoramente persuasiva e simbólica e que suas
imagens não apenas tentam vender o produto, ao associá-lo
com certas qualidades socialmente desejáveis, mas que
elas vendem também uma visão de mundo, um estilo de
vida e um sistema de valor congruentes com o imperativos
do capitalismo de consumo.” (KELLNER, 1995, p.113).
A influência da mídia no comportamento das pessoas é facilmente
observado no cotidiano, vemos crianças com um telefone celular que tem várias
mídias integradas, como se elas realmente precisassem daquilo; o tênis que todos
sabem que é caro mostrando que o seu valor não está no uso que pode ser feito
dele, mas na marca, no símbolo estampado; vemos a facilidade com que muitas
pessoas podem comprar um carro novo pelas infinitas prestações, isso tudo
associado a constante inovação do desempenho e o novo desenho dos objetos.
As estratégias utilizadas pelas propagandas também são facilmente
identificadas como é o caso das músicas que facilitam a memorização e que
despertam determinadas emoções, a utilização de pessoas conhecidas e bonitas
como, por exemplo, os artistas, normalmente pessoas jovens, felizes que se
divertem; as mensagens são curtas e objetivas, não precisam que as pessoas
pensem muito para entender, ou até mesmo fazem com que o telespectador sinta-
se inferiorizado por não ter o produto anunciado, como se existisse uma realidade
perfeita da qual é preciso fazer parte, caso contrário, é visto como brega, antigo,
ou infeliz, como se a vida não tivesse sentido.
12
A mídia com seus recursos imagéticos, cores e sons, cria uma realidade
que imita o cotidiano, aperfeiçoando-o; isso acontece quando contratam uma bela
atriz para apresentar um shampoo, conferindo a idéia de que qualquer mulher ao
consumi-lo ficará igual a ela, ou quando associam a cerveja com o verão, a praia,
o esporte, a conquista de mulheres bonitas, ou seja, são situações que mexem
com a fantasia das pessoas e que surtem efeitos positivos para o sistema
econômico, porque conseguem convencer as pessoas de que elas realmente
podem estar naquela situação.
“Sob os auspícios da perfeição tecnológica rendemo-
nos à indistinção entre imagem e realidade. Impressoras,
televisores, material esportivo, roupas, automóveis, navios
em cruzeiro ou quaisquer outros produtos absorvem a vida e
o mundo através de uma linguagem midiática que ultrapassa
os respectivos valores de uso. Essa estética, que aciona
freqüentemente imagens de maneiras prazerosas de viver
ou performances bem-sucedidas, oferece sexo, corpos
bonitos, sorrisos radiantes, estar à vontade no mundo, ser
charmoso, cativante, gostoso, ‘elaborado’ e tudo o mais.”
(FRIDMAN, 2000, p. 31-32)
Podemos ressaltar o fato da mídia utilizar pessoas selecionadas,
aproveitando-se de situações que existem, porém elas são reformuladas, ganham
um novo contexto, como o caso da propaganda do carro de um famoso fabricante
onde quem dirige é um jovem cujo destino é interrompido pela admiração de uma
bela moça, ou da propaganda de um outro carro do mesmo fabricante onde uma
mulher salta de um outdoor para fazê-lo companhia; há ainda uma em que dois
jovens conversando ficam bonitos dentro do carro e feios fora dele. São
propagandas que criam a ilusão de que qualquer um pode estar naquela situação,
13
de que conquistará a moça com o carro novo, de que será visto, admirado ou
amado. Essa realidade aperfeiçoada nos faz lembrar da noção de simulacro
desenvolvida por Jean Baudrillard, conforme apresenta Luis Carlos Fridman:
“Desse horizonte de percepção surgiu a teoria do simulacro desenvolvida por Jean
Baudrillard, que é ancorada na idéia de que o real é substituído por imagens e que
o referente vivido desapareceu.” (FRIDMAN, 2000, p.28)
Somos constantemente invadidos por mensagens que defendem o corpo
feminino como sendo magro, daí a necessidade das mulheres consumirem tantos
shakes, ao de precisarem esculpir seus corpos com o recém lançado aparelho de
ginástica. Através de um olhar mais atento sobre o conteúdo midiático vemos
como ele está o tempo todo dizendo o que temos que fazer, como ser, o que
comprar, o que valorizar, ou seja, orientam-nos a dar importância sempre às
mercadorias.
As telenovelas também representam o cotidiano, recriando-o e que
influencia as relações sociais, assim são as questões morais levantadas, como é o
caso do vilão que muitas vezes se sai bem ao mentir; as escolas que mais são um
shopping, um local de diversão do que de concentração, além das conquistas,
intrigas; do homem que agride a mulher, da mulher que trai e precisa do perdão do
homem. Vemos também muitos preconceitos que podem ser formados, como é o
caso do negro pobre que fica rico e que toma decisões precipitadas, sua esposa
também negra que para viver num clima europeu pede ao empregado que diminua
a temperatura do ar condicionado, além do político negro corrupto, ou seja,
situações que mostram como um negro não pode ser rico, ou político porque
necessariamente será orgulhoso e corrupto.
14
“O indivíduo vive este simulacro: sua vida cotidiana é
invadida por imagens de homens políticos, personagens de
novela, locutores esportivos e de acontecimentos
importantes, que se misturam às perspectivas e relações da
vida real, muitas vezes fornecendo os conteúdos destas
relações, outras vezes aliviando tensões, eludindo os
conflitos no ambiente familiar. As pessoas realmente se
envolvem com a trama das novelas, tomam partido pelos
heróis, torcem por sua vitória e sofrem com sua dor.”
(BELLONI, 2005, p.64).
Existem imagens que claramente servem para substituir palavras, ou seja,
as imagens também podem ser lidas e são assim valorizadas, por exemplo, pelos
jornais, considerando o público ao qual o ele é destinado; uma linguagem mais
vulgar para aqueles que podem pagar pouco por um jornal, que lêem rapidamente
no ônibus, ou no trem a caminho do trabalho, ou seja, para o público menos
favorecido financeiramente, não importa um artigo criticando a situação política do
país, ou como está a cotação do dólar, pelo contrário, vemos muitas imagens
fáceis de serem lidas, muito mais do que textos, que por sinal são bem curtos;
diferente dos jornais destinados ao público com melhor poder aquisitivo, onde os
textos são mais extensos e normalmente com uma linguagem mais erudita. Além
disso, vemos as notícias expostas como sendo aquelas que alguém considerou as
mais relevantes.
Isso tudo parece bem óbvio, quando normalmente, não necessariamente,
pessoas com baixo poder aquisitivo tem menor grau de instrução, coloca-se então
mais imagens para que ele tenha facilidade em saber o que acontece, e textos
curtos com uma linguagem própria do seu cotidiano. Porém, se pararmos para
analisar tal situação, verificamos que simplificar uma linguagem, ou utilizar
15
imagens exageradamente,serve para manter as pessoas na situação a que
pertence, privando-as da possibilidade de entender uma crônica bem escrita, ou o
texto de um cientista político. Na verdade ao manterem uma linguagem própria
para um público, e uma outra linguagem para um outro público, mais parece
manter a desigualdade social que tanto é alvo de estudiosos.
1.1 - A sociedade narcisista
O assalto de imagens a que nosso campo visual está sujeito quando
ligamos a televisão, abrimos os jornais ou revistas e saímos nas ruas, conduz as
pessoas a agirem de uma certa maneira, até chegar ao ponto em que as próprias
pessoas passam a cobrar umas das outras um determinado modo de ser e se
vestir, de se comportar, de falar, do que comprar, ou seja, as imagens expostas
nas publicidades conseguem criar novas relações que são interiorizadas pela
sociedade.
Numa sociedade onde dão muita importância à aparência, ao elogio, a fama
e a glória, porque é assim que a publicidade anuncia o produto, ou seja,
acompanha o consumo à admiração que conquistará das pessoas, há evidentes
motivos para que o narcisismo se desenvolva. Isso significa que cada vez mais as
pessoas vêm se tornando vazias, extremamente preocupadas com si mesmas,
além de querer chegar a qualquer custo à juventude.
Quanto a este último aspecto, raramente vemos propagandas destinadas a
pessoas idosas, pelo contrário, normalmente são destinadas aos jovens, não só
porque, ao que parece, é mais fácil de convencê-los, como também pela facilidade
de formar novos viciados em cigarros, bebidas, ou estar na moda como os
amigos.
16
Outro fator relevante que pode ser lembrado para enfatizar a preocupação
com a juventude e o desprezo pela velhice é o da realização de cirurgias plásticas,
a indústria de cosméticos que fatura milhões, as dietas que parecem milagrosas,
ou seja, o padrão de beleza é imposto e como resultado vemos garotas sofrendo
de anorexia, doença que vem matando jovens; ou mesmo gerando distúrbios
alimentares; parecida é a influência recebida pelos homens, de que seus corpos
precisam ser esculpidos, fortes, o que levam muitos a passar horas na academia
muitas vezes comprometendo as relações sociais, ou mesmo a própria saúde
quando utilizam anabolizantes para obter o efeito desejado e imposto de forma
mais rápida possível.
“O fantástico mundo de mercadorias – a outra faceta do
trabalho industrial robotizado – leva o homem à submissão
ao ‘sistema’. Produção e consumo de massa desencorajam
o espírito de iniciativa e de autoconfiança, diminuindo a
possibilidade de o indivíduo decidir a partir do seu próprio
julgamento. A sociedade organizada estimula a
dependência, a passividade, o estado de espírito de
espectador.” (BELLONI, 2005, p. 61)
Na verdade, a sociedade, sem observar que sua autonomia foi extirpada,
age segundo a vontade de um sistema que a todo tempo, nas vitrines, nos jornais,
nas novelas, nos filmes alimentam o sistema com a ilusão de prazer momentâneo
e de felicidade, esperar não vale a pena, tal como vemos jovens atualmente que
dificilmente pensam em terminar uma faculdade para ter uma casa, ou se casar,
preferem imediatamente trabalhar para conseguir dinheiro e consumir o que
desejam. Facilmente vemos como esses mesmos jovens esperam a facilidade, ou
17
seja, serem como um jogador de futebol que não precisou estudar para ser feliz,
ou ganhar dinheiro, além de ter muitas mulheres e ser famoso, fato que mostra
como a perspectiva sobre os estudos, a de garantir melhores condições de
conseguir um emprego e de vida digna vem sendo deixada de lado, prefere-se
tudo de modo mais rápido e mais fácil possível.
Na sociedade narcisista tudo é válido para se tornar famoso, assim vemos
milhares de pessoas tentando uma vaga para um reality show mesmo sujeitas a
ter a vida intima revelada, ou na tentativa de se tornar uma estrela nos palcos
através da música, ou mesmo nos programas para conseguir o par perfeito, tudo
parece válido para estar na televisão. Conforme apresenta Belloni:
“A celebridade é um mito típico das sociedades
contemporâneas. ‘Aparecer na televisão’, mesmo que seja
para ser humilhado pelo célebre apresentador; ter sua carta
sorteada pelo ‘Baú da Felicidade’ ou pela ‘Xuxa’; ser
‘descoberta’ por um diretor e virar uma estrela do cinema da
noite para o dia; encontrar o príncipe encantado que, por
amor, abrirá à mocinha pobre as portas do mundo radioso
dos personagens célebres; muitas são as formas deste
sonho coletivo, continuamente renovado pela televisão.”
(BELLONI, 2005, p. 63).
Muitas crianças já seguem este caminho, vemos as sandálias da “Xuxa”
sendo lançada, ou da Ivete Sangalo, ou da Sandy, isto é, até as crianças já são
orientadas a gostar e preferir vestir-se de tal maneira de modo que já começam a
exigir um tipo de roupa dos pais, deixando de lado muitas vezes a própria infância
para comportarem-se como pequenos adultos.
18
Com todo esse cenário onde vemos a mídia inventar novos valores, e onde
as pessoas passam a mudar e a exigir de si e dos outros não há uma necessidade
de formar pessoas críticas? Será que há escolha quando as pessoas interiorizam
os padrões apresentados não percebendo quais são os objetivos de tantas
imagens que adentram o nosso campo visual? Pode-se falar de autonomia
quando uns cobram dos outros determinados modos de ser? É a televisão que
tem a função de formar pessoas críticas ou ela só está fazendo o papel de
informar?
É preciso pensar na necessidade de formar pessoas capazes de escolher,
mas que para isso sejam antes capazes de analisar o que vêem, o que exige
instrução, ou seja, ser alfabetizado para ler criticamente o que recebe, deixando
de lado a ingenuidade de que as coisas são como são por acaso.
No entanto, antes de investigar como a mídia pode ser utilizada como
meios para formação de telespectadores críticos, por exemplo, veremos que
outros efeitos a mídia gera nas pessoas como, por exemplo, a intolerância e como
isso repercute na sala de aula. Por outro lado, a interatividade pode ser um grande
aliado para tirar as pessoas da passividade e incentivá-las a utilizar a criatividade.
19
CAPÍTULO II
ESPECTADORES ACRÍTICOS
Vimos como o conteúdo midiático pode orientar o comportamento das
pessoas, trazendo mudanças nos padrões de consumo, mas cabe-nos também
compreender que outras atitudes são comprometidas no dia-a-dia das pessoas,
como é o caso da concentração, da tolerância e da participação, devido ao uso da
televisão, do computador e de outros aparelhos com várias mídias integradas.
Afinal de contas, as Novas Tecnologias da Comunicação e Informação aprimoram
a percepção, tornam as pessoas mais atentas, ou mais intolerantes pelas várias
possibilidades de escolhas que permitem que o espectador faça?
2.1 - A cultura oral, impressa e imagética
Estudiosos apontam como numa época de tradição oral a narrativa exigia
atenção do espectador e, principalmente, sua capacidade de interpretar o que
estava sendo contado pelo narrador. Este, por sua vez, fazia uso de gestos e
também da experiência própria ao manter vivo os acontecimentos passados na
memória do povo que tinha a oportunidade de imaginar, espantar-se, admirar-se e
aprender com os acontecimentos passados além de ouvir a história na companhia
de outras pessoas e não sozinho.
Com o advento da imprensa na Idade Moderna, verifica-se a decadência da
narrativa, a sua autenticidade, presente no testemunho histórico por parte do
narrador que lhe conferia realidade, foi substituída pelo romance, pela
dependência do livro, pelo leitor solitário em busca do sentido da vida; além disso,
20
com o surgimento da imprensa a escrita e a informação passaram a ser
valorizadas e, no caso da informação, a explicação, que exige o momento
presente, a coerência, a prova.
“A notícia que vinha da distância – fosse ela a distância
espacial de terras estranhas ou a temporal da tradição –
dispunha de uma autoridade que lhe conferia validade,
mesmo nos casos onde não era submetida a controle. A
informação, porém, coloca a exigência de pronta
verificabilidade. O que nela adquire primazia é o fato de ser
‘inteligível por si mesma’. Freqüentemente ela não é mais
exata do que fora a notícia a séculos precedentes. Mas ao
passo que esta gostava de recorrer ao milagre, é
indispensável à informação que soe plausível. Com isso ela
mostra ser incompatível com o espírito da narrativa”.
(BENJAMIM, 1983, p. 61)
É verdade então que com o surgimento da imprensa, a atenção voltou-se
para os fatos presentes e não tanto para os relatos históricos, ou seja, quebrou-se
o caráter narrativo de uso da memória, da recriação e, principalmente, da
interpretação do ouvinte conforme o seu entendimento.
“Cada manhã nos informa sobre as novidades do universo.
No entanto somos pobres em histórias notáveis. Isso ocorre
porque não chega até nós nenhum fato que não tenha sido
impregnado de explicações. Em outras palavras: quase mais
nada do que acontece beneficia a narrativa, tudo reverte em
proveito da informação”. (BENJAMIN, 1983, p. 61)
21
Não podemos negar que tanto no ato de ouvir uma história, como no de ler
um livro observamos a concentração e a interpretação, a capacidade de fantasiar
tal como é, por exemplo, o que acontece ao apreciar uma pintura, algo que exige
contemplação e paciência; entretanto quando lembramos da cultura invadida por
imagens, uma cultura destinada à massa como é o caso, por exemplo, do cinema,
já observamos o encadeamento de imagens que modifica a nossa percepção,
porque consegue apreender a realidade de forma a surpreender o espectador,
apreensão tão clara que não é vista quando lemos um livro, quando
contemplamos uma pintura ou ouvimos uma história.
“Alargando o mundo dos objetos dos quais tomamos
conhecimento, tanto no sentido visual como no auditivo, o
cinema acarretou, em consequência um aprofundamento da
percepção. E é em decorrência disso que as suas
realizações podem ser analisadas de forma bem mais exata
e com número bem maior de perspectivas do que aquelas
oferecidas pelo teatro ou pintura. Com relação a pintura, a
superioridade do cinema se justifica naquilo que lhe permite
melhor analisar o conteúdo dos filmes e pelo fato de fornece
ele assim, um levantamento da realidade
incomparavelmente mais preciso”. (BENJAMIN, 1983, p. 22)
A imagem mostra então como ações pouco percebidas pelo olhar das
pessoas no cotidiano passaram a ser vistas, como o próprio olhar, a expressão
facial, pelos cortes de imagens e isolamentos que o recurso técnico
cinematográfico pode fazer.
22
Porém, apesar do cinema exigir nossa atenção devido as constantes
imagens isoladas e que são seqüenciadas, não nos dá condições de fixarmos o
olhar, tal como é possível na contemplação de uma pintura, mas simplesmente em
estarmos atentos para não perdemos o meado da história, além disso, as imagens
em movimento não exigem e não permitem que o espectador as interprete, ou
seja, as imagens captam tão claramente a realidade que substituem o
pensamento, não é mais preciso pensar, tudo já está dado.
Outro aspecto que pode ser lembrado e que acompanha o cinema é o da
diversão, pois a sonoridade, os diferentes ambientes, os cortes contínuos, a
seleção de imagens, e a velocidade na apresentação delas acabam invadindo o
espectador, aí é que está, ao que parece, um dos fatores de maior diferença entre
o cinema e a pintura, pois segundo Benjamim, “aquele que se concentra, diante de
uma obra de arte, mergulha dentro dela .... Pelo contrário, o caso da diversão, é a
obra de arte que penetra na massa”. (BENJAMIN, 1983, p. 26).
Apesar das imagens serem apresentadas em sequência, e numa
determinada velocidade exigindo que a percepção esteja atenta, faz parte desse
cenário de divertimento a distração do espectador, porque ele não consegue ir a
fundo numa imagem para pensá-la.
Conforme o que é apresentado por Walter Benjamin (1983) quanto ao
cinema, podemos compreender como a televisão hoje, em cada lar, colabora para
esse comodismo no que diz respeito à interpretação, e a concentração, ou seja, as
imagens, os sons, principalmente também devido aos intervalos comerciais que
duram pouco tempo associados a produtos que prometem resultados rápidos e
eficientes acabam fazendo com que as pessoas não queiram esperar por muito
tempo o outro capítulo da novela, ou do filme.
23
O resultado disso é o de jovens que preferem ver um documentário na
televisão, ou a um filme sobre um livro do que ler sobre o próprio assunto, ou seja,
a imagem ganhou dimensões imensas nas exigências para se interessar por algo,
ou que facilite o exercício do raciocínio tal como é, por exemplo, mais fácil assistir
a um filme dublado do que legendado, isto é, que tudo já tenha sido pensado,
imaginado, interpretado, traduzido.
Dessa forma, passamos a viver numa sociedade onde a concentração e a
tolerância foram substituídas pela dispersão e intolerância, assim atualmente, um
adulto ou um jovem que utiliza o controle remoto para escolher o programa que
mais lhe agrada, dentre os vários canais, ou então que pode escolher a música ao
mudar a estação do rádio, ou apagar a foto na câmera digital que ficou distorcia
está a todo tempo escolhendo o que agrada ao seu ouvido e à sua visão.
Conforme apresenta Marilena Chauí:
“Vale a pena, também, mencionar dois outros efeitos que a
mídia produz em nossas mentes: a dispersão e a
infantilização.
Para atender aos interesses econômicos dos
patrocinadores, a mídia divide a programação em blocos
que duram de sete a dez minutos, cada bloco sendo
interrompido pelos comerciais. Essa divisão do tempo nos
leva a concentrar a atenção durante os sete ou dez minutos
de programa e a desconcentra-la durante as pausas para a
publicidade.
Pouco a pouco, isso se torna um hábito. Artistas de
teatro afirmam que, durante um espetáculo, sentem o
24
público ficar desatento a cada sete minutos. Professores
observam que seus alunos perdem a atenção a cada dez
minutos e só voltam a se concentrar após uma pausa que
dão a si mesmos, como se dividissem a aula em ‘programa’
e ‘comercial’.
Ora, um dos resultados dessa mudança mental
transparece quando criança e jovem tentam ler um livro: não
conseguem ler mais do que sete a dez minutos de cada vez,
não conseguem suportar a ausência de imagens e
ilustrações no texto, não suportam a idéia de precisar ler ‘um
livro inteiro’. A atenção e a concentração, a capacidade de
abstração intelectual e de exercício do pensamento foram
destruídas. Como esperar que possam desejar e interessar-
se pelas obras de arte e de pensamento?”
(CHAUÍ, 1995, p. 332)
Muitos estudiosos apresentam que esses efeitos que a mídia gera nas
pessoas prejudicam a capacidade de análise crítica e também de desenvolvimento
da escrita por parte principalmente dos jovens, ou seja, vemos que tal como houve
uma passagem de uma cultura pautada na oralidade para uma cultura do
impresso, há uma passagem da cultura impressa para a cultura da imagem.
Ademais é possível analisar como essas imagens fragmentadas sobre o contexto
também danifica a compreensão histórica dos fatos, ou até mesmo gera uma crise
de valores na sociedade, pois muitas ações vistas como importantes para o bom
convívio social há algum tempo atrás, os valores fixos do passado, já não são
mais reconhecidos como válidos pelos jovens de hoje. Esse fato, ao que parece,
também pode estar associado a falta de muitos valores e normas de conduta no
uso da rede internacional de computadores, porque cada um pode se apresentar
25
da maneira que quiser num chat, como também postar o que quiser e acessar o
somente o que dá prazer.
2.2 – A interatividade
A interatividade disponível nas Novas Tecnologias da Informação e
Comunicação apesar de ser defendida como aquela que tira o espectador da
passividade, também pode ser analisada como um fator que permite a escolha
constante daquilo que agrada ao espectador, principalmente quando se trata de
diversão, ou seja, escolhe-se o que gera prazer, conforme já foi apresentado, é a
música gravada no MP3, a página da Internet mais bem ilustrada e com jogos, a
TV a cabo que disponibiliza vários canais e que sabem do que o telespectador
gosta até mesmo porque a própria interatividade permite que os produtores do
conteúdo das diferentes mídias recebam uma resposta por parte dos
consumidores.
Dessa forma, cada vez mais oferecem uma programação que atende aos
interesses e prazeres dos espectadores e recebem uma resposta para isso a fim
de aprimorar o próprio conteúdo cumprindo com as exigências dos consumidores.
Assim, os sites de busca podem, ou até mesmo outros mecanismos da rede
mundial de computadores, criar um perfil sobre as pessoas, sabendo o que elas
desejam para que o mesmo seja oferecido, ou seja, observamos claramente um
controle sobre a sociedade, a perda da privacidade, e perda da autonomia.
“ Bancos de dados que centralizam desde o código genético
à história médica de cada um, leis que obrigam os
provedores da Internet a guardar cópias de todos os e-mails,
26
câmeras que registram passo a passo no trabalho, nas ruas
ou lojas, sistemas de rastreamento dos movimentos dos
usuários de Internet, cartões de crédito que já permitem a
reconstrução de todos os gastos, interesses e de movimento
pessoal (já que na sociedade moderna consumir/pagar
permeia praticamente cada ato social), o uso de sistemas
eletrônicos para pagamento de pedágio, telefones celulares
com câmeras e GPS, novos recursos de reconhecimento
biométricos e, no futuro não distante, o implante no corpo de
microships com funções médicas, ou não, convergem no
sentido de destruir a noção de privacidade e constituem um
enorme potencial de controle social e destruição da
liberdade.” (SORJ, 2003, p 57)
Não é por menos a necessidade de se formar pessoas capazes de também
saber analisar os conteúdos presentes na Internet, visto que a falta de critérios na
busca por um assunto faz com que muitas vezes as pessoas acessem um
conteúdo de baixa qualidade, além de agir mecanicamente, recortando e colando,
tal como muitos jovens fazem, pois afinal de contas, já existem em muitos casos a
dificuldade de interpretar um texto e transcrever isso para o papel, procura-se
então o mais fácil, ou seja, recortar e colar.
“A informação de baixo conteúdo se refere a um fato cuja
compreensão é mecânica, não exige nenhum treinamento
intelectual específico e se esgota na sua função imediata
(por exemplo, encontrar o nome de uma rua, uma imagem
pornográfica, um saldo bancário ou fazer uma compra). Na
informação de alto conteúdo, seu valor depende da
capacidade de análise do usuário e que, depois de
27
integrada, afeta a sua competência e capacitação
intelectual. Como veremos, a capacitação intelectual prévia
do usuário é determinante na transformação da Internet num
potenciador da cultura e da criatividade social.”
(SORJ, 2003, P 43)
É verdade também que devido as Novas Tecnologias passamos a ser
invadidos por muitas informações ao mesmo tempo, foi-se a época em que
quando saíamos de casa não precisávamos atender a um telefone na rua, algo
que pode mudar o nosso rumo hoje em dia. Percebemos como o nosso lar se
tornou uma extensão do trabalho devido ao computador ligado, o telefone
tocando, e-mails sendo enviados e recebidos, revistas, jornais, rádio, todos esses
aparatos tecnológicos que facilitam a comunicação e a divulgação da informação
fazem com que tenhamos que dar atenção a várias coisas ao mesmo tempo, mas
que não permitem uma concentração exata sobre uma única coisa e, como
resultado, vemos pessoas sobrecarregadas de tarefas, cansadas, estressadas,
intolerantes.
Como estamos em contato com muita informação, cria-se também uma
exigência de estar atualizado, de ser flexível às mudanças e de se adaptar às
necessidades, porém é possível perguntar: O que fazer com tanta informação?
Podemos gerenciar toda informação que recebemos? Isso não sobrecarrega o
cérebro?
“Os especialistas depois confirmaram, em estudos
sucessivos, que, depois de um indivíduo ser interrompido ou
alternar-se entre diferentes ações, tem sempre mais
dificuldade de recuperar a concentração na tarefa anterior.
28
De acordo com um estudo realizado pela Universidade de
Michigan, a interrupção constante diminui em até 40% a
eficiência dos profissionais. Em alguns casos, pode até
causar uma espécie de cegueira momentânea.”
(ARANHA, 2006, p. 56).
A tecnologia que existe para aprimorar os equipamentos e facilitar o
trabalho, na verdade está lançando as pessoas para novas atividades que antes
não executavam, pelo menos não ao mesmo tempo em que uma outra atividade
estava sendo realizada.
A interatividade e a variedade de conteúdos que seduzem o olhar estão
tornando as pessoas impacientes, as propagandas que tanto associam o produto
à felicidade e à facilidade de consumo estão gerando adultos infantis. Os vários
aparelhos eletrônicos utilizados ao mesmo tempo estão estressando as pessoas.
Porém, é verdade que podemos ver o outro lado da questão, ou seja, de
que forma as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação podem ser
utilizadas como ferramentas de aprendizado, ou como o conteúdo midiático pode
ser utilizado por profissionais preparados para tornar pessoas com capacidade
crítica de analisar aquilo que recebem, a fim de serem pessoas autônomas e com
condições de fazer escolhas conscientes? Como formar espectadores críticos?
.
29
CAPÍTULO III
PROFESSORES MEDIADORES
Conscientes de que a mídia está presente no cotidiano das pessoas e que
muitas vezes determinam o comportamento delas, além de comprometer algumas
habilidades como a concentração, por exemplo, faz-se necessário pensar de que
forma as tecnologias podem servir de ferramentas para formar, principalmente,
jovens críticos, capazes de serem autônomos e não alienados.
Belloni (2005) ao questionar a relação entre os jovens e a mídia constata
que muitas crianças e jovens não estão preparados para refletir e criticar as
mensagens apresentadas pela televisão, conseguindo então convencê-los a
consumir passivamente. Enfatiza também que mesmo aqueles que pertencem a
uma classe social mais favorecida não têm desenvolvido condições de utilizar os
instrumentos tecnológicos de forma vantajosa, pelo contrário, os efeitos são
muitas vezes até negativos, pois compromete o desenvolvimento afetivo, social e
intelectual.
Apesar de estudiosos observarem que os aparatos tecnológicos estão
comprometendo muitas vezes o aprendizado de conhecimento pelos jovens, como
a compreensão e a redação de textos, a solução não é a de proibi-los de utilizar o
computador, o videogame, a televisão, o celular, mas de orientá-los, como é o
caso de selecionar os jogos do videogame, o horário de ficar na frente da tv, pois
caso contrário, ao passarem muito tempo na frente da tv, nas salas de bate papo,
ou utilizando o videogame podem ficar viciados, prejudicando a saúde e as
relações sociais, pelo menos.
30
Podemos também acrescentar como o exagero nas relações sociais
estabelecidas na Internet, por exemplo, faz com que os jovens fiquem isolados
entre si perdendo o contato muitas vezes com os adultos comprometendo a
formação de sua maturidade, da responsabilidade, o diálogo, aguçando ainda a
ansiedade que sentem pelo desejo de receberem mensagens dos amigos através
do celular, do e-mail, ou pelo Orkut, conforme apresenta o educador Bauerlein
(2008):
“... Os jovens precisam conviver com os adultos,
precisam conversar com quem tem mais experiência que
eles. Isso os ajuda a amadurecer. Ironicamente, os garotos
não parecem gostar de viver desse jeito. A primeira coisa
que fazem quando saem da aula é ligar o celular e ver se
receberam alguma mensagem. Basta olhar a cara deles
para notar que não estão felizes, parecem apreensivos,
como que pensando:’E se ninguém tiver escrito para mim?’”
(BAUERLEIN, 2008, p 114.)
Entretanto, não cabe apenas aos pais a função de orientar seus filhos no
uso das tecnologias, a escola atualmente deve ser vista como um meio social que
prepara os jovens não apenas para o mercado de trabalho, mas também para a
sua emancipação, aproveitando até mesmo o que eles sabem ao manusearem as
tecnologias que possuem, ou seja, muitos sabem utilizar o computador, a Internet,
gravar um vídeo, fotografar; habilidades que servem para produzir algo que tenha
significado para eles e que aprendam de forma lúdica um conteúdo mínimo para
argumentar, escrever, criticar, opinar, e ter a compreensão da realidade em que
vivem, ao invés de ficarem a margem dos fatos históricos, das decisões políticas,
das razões dos problemas sociais, ou seja, de serem apáticos.
31
3.1 – A escola e a ação do docente
Segundo Belloni (2005) o avanço tecnológico a que os jovens têm contato
não pode ser ignorado pela escola a ponto dela ficar para trás, pelo contrário, é
possível que os docentes venham utilizá-las de forma crítica e criativa,
contribuindo com o aprendizado dos alunos e até mesmo pela capacidade
cognitiva e perceptiva que as novas tecnologias desenvolvem neles.
Essa inserção das Novas Tecnologias na escola exige a formação de
professores, o acesso a equipamentos, materiais didáticos e também criatividade,
ou seja, não adianta inserir novos equipamentos na sala de aula utilizando
métodos antigos.
Para Jacquinot (1998) a escola ainda no século XXI funciona no ritmo da
máquina a vapor, o que pode ser feito é um confronto entre a escola tradicional e
a apropriação da cultura mediática dos alunos para que a educação promova ao
mesmo tempo um espírito crítico no cidadão. Além disso, a escola pode ser
aproximada dos meios, e um dos fatores que facilita isso é o fato dos alunos
aprenderem com eles, algo que não pode ser ignorado, ademais o que se aprende
na escola pode ajudar a compreender os meios e vice-versa. Se os alunos
demonstram adquirir conhecimento pelos meios, eles então podem ser utilizados
na escola para que os alunos participem na construção do conhecimento,
apresentam-se dessa forma de modo ativo, participativo e não mais passivo diante
do professor que detêm o conhecimento como caracteriza a escola tradicional.
Para tanto, é preciso do que Jacquinot (1998) chama de educomunicador,
ou seja, é aquele que utiliza diversos meios na sua prática de ensino, não é um
32
professor que ensina como utilizá-los. O educomunicador ainda não é aquele que
acumula conhecimento, mas que se serve dos conhecimentos para construir uma
certa representação do mundo, foca-se na interpretação e construção do
conhecimento e não na sua transmissão. Desse modo, a formação contínua dos
professores é indispensável para que a educação para os meios seja um
componente de toda educação.
Uma experiência realizada por Belloni (2005) chamada de “Programa
Formação do Telespectador” a fim de preparar jovens para uma visão crítica sobre
a linguagem televisiva mostrou como é possível atrair a atenção deles e a
necessidade da formação do professor:
“As primeiras experiências de utilização do Programa
revelaram que nosso otimismo é válido quanto à primeira
hipótese: sempre que a experiência foi realizada com um
mínimo de qualidade, os alunos mostraram-se interessados
e responderam positivamente ao apelo do Programa,
exercendo sua capacidade crítica, participando ativamente e
demandando a continuidade do trabalho.
A segunda hipótese, porém foi totalmente desmentida
pela dura realidade do trabalho docente na escola pública
brasileira: as experiências que funcionaram foram aquelas
organizadas de cima para baixo, com preparação prévia dos
professores envolvidos. A simples existência do material e
do equipamento na escola não parece ser suficiente para
que o professor tome a iniciativa de integrar um novo tema e
um material inovador em sua prática pedagógica cotidiana,
ainda que este material seja de boa qualidade e
33
corresponda aos interesses dos alunos e mesmo às
preocupações do professor.” (BELLONI , 2005, p 70.)
Uma das possibilidades levantadas para o despreparo de muitos
professores de integrar as tecnologias disponíveis na sua prática de ensino está
na própria formação do professor, como podemos pensar na acomodação às
antigas técnicas de ensino e aprendizagem.
3.2 – Os instrumentos de aprendizagem
Voltamos a abordar a interatividade, ela foi apresentada aqui como recurso
que pode tornar as pessoas bastante intolerantes e dispersas, por outro lado, bem
orientado, o jovem ao interagir com a máquina, ao escolher o conteúdo, há
também a possibilidade deste ser construído, fazendo com que ocorra uma
passagem da passividade para a participação, colaborando para a formação de
sua autonomia.
O computador, por exemplo, que agrega várias mídias, conectado a rede
mundial de computadores, Internet, pode ser considerado um excelente
mecanismo de uso dos professores ao orientar os alunos à construção do
conhecimento, como é o caso da criação de um blog, onde comentários podem
ser feitos sobre o conteúdo existente, de fóruns, de comunidades para discussão
de assuntos afins, sobretudo dos sites de colaboração na postagem textos que
podem ser modificados e aprimorados, além de vídeos e fotos.
Quanto a esse aspecto, Pierre Lévy (1999) apresenta, por exemplo, que as
“comunidades virtuais” desenvolvidas através do uso da Internet são construídas
34
segundo interesses afins possibilitando o contato entre grupos, a troca de
conhecimentos, os laços sociais, a aprendizagem de modo cooperativo; desse
modo, um texto não está disponível muitas vezes somente para a leitura, mas ao
convidar o leitor a participar da sua construção incentiva também a escrita.
Outro exemplo de interatividade presente no uso da Internet está no uso do
hipertexto, ou seja, a conexão de um texto com vários outros textos, onde o leitor
pode escolher a sua trajetória de leitura, caracterizando uma leitura não-linear;
também porque disponibiliza várias possibilidades de consultas a diferentes
informações que abrange não só textos, mas também fotos, vídeos, imagens e
outros sites de assuntos relacionados.
“E, em rede (Internet), a disposição de processamento
hipertextual do computador permite ao usuário múltiplas
recorrências e navegações: permite-lhe selecionar, receber,
tratar e enviar qualquer tipo de informação desde seu
terminal para qualquer outro ponto da rede...”
(SILVA, 2006, p. 14)
As pesquisas realizadas nos sites de busca também devem ser orientadas,
ou seja, muitas vezes os jovens não lêem ou analisam o conteúdo proveniente do
resultado da busca, porém a Internet disponibiliza um vasto conteúdo antes
inacessível, ou de difícil acesso onde era preciso que muitas pessoas se
deslocassem até uma biblioteca. Atualmente, sites podem ser sugeridos pelo
docente, o material acessado pode ser visto e revisto, referências analisadas e
mesmo utilizadas na construção de textos pelos jovens.
35
Entretando, ainda que a era digital esteja presente, a Internet não invalida
outros recursos que doravante dominaram a divulgação da informação, como é o
caso dos jornais e o rádio, por exemplo, para serem utilizados na prática de
ensino, como também as revistas, a fotografia, os livros que são considerados
tecnologias.
No caso dos jornais e revistas eles funcionam como ferramentas de
aprendizado em sala de aula devido ao esclarecimento que o docente pode
realizar acerca das diferentes linguagens utilizadas e o público a que são
destinados, tal como pode ser questionado se essas diferenças reproduzem ou
não a desigualdade social.
Os artigos, as charges, as crônicas, os fatos abordados podem ser
trabalhos com os alunos sob um olhar crítico a fim de compreenderem esses fatos
a que estão se referindo, o que permite que os alunos também percebam em que
realidade eles mesmos estão inseridos.
Ademais, sabendo como um jornal é elaborado, os alunos podem criar um
jornal de circulação na escola e na comunidade local com artigos produzidos por
eles mesmos sobre assuntos de interesse comum ou particular, incentivando a
participação, a criatividade, a leitura e a redação.
“A realização da proposta de construção de um jornal
permite que cada grupo execute atividades diferentes ao
mesmo tempo. O jornal é um excelente recurso para
socializar as informações pesquisadas e coletadas ao longo
do processo; cada parte do jornal ou cada texto feito é
original, pois supõe-se que seja construído pelo aluno, a
36
partir das informações coletadas. Fazer um jornal na escola
é um trabalho interessante, envolvente, que exige
organização pelo aluno da matéria obtida, domínio de
diversas ferramentas (editor de textos, navegação na
Internet, uso de e-mail, ferramentas de editoração do jornal,
manuseio de figuras) e envolve um extenso processo de
pesquisa na Internet e nos meios convencionais.”
(MEC – Mídias na Educação, 2008.)
A rádio na escola é uma outra estratégia a criatividade, um projeto que
direciona um grupo de alunos a ficarem responsáveis por criar um conteúdo a ver
divulgado, além de valorizar as pesquisas realizadas por eles, proporciona a
criação de paródias, poesias, de uma novela radiofônica, a realização de
entrevistas, a produção de vinhetas, pausas comerciais e a divulgação de
informações internas de interesse dos alunos.
Uma rádio escolar mobiliza não só os alunos a se organizarem para
produzir um material, mas os capacita na aquisição de conhecimento técnico
sobre funcionamento de uma rádio.
Além da rádio e dos jornais, lembremos que a fotografia representa um
excelente recurso didático a ser utilizado na prática de ensino pelo professor sobre
temas diversos, não só pelo seu caráter ilustrativo, algo que facilita a
memorização, a apreensão com bastante realismo de um fato, mas também pelos
recursos tecnológicos disponíveis hoje em dia e que até mesmo muitos alunos têm
acesso, como é o caso da câmera digital e de muitos aparelhos celulares que
possuem essa mídia integrada.
37
Dessa modo, uma fotografia pode ser selecionada pelo docente como, por
exemplo, uma imagem de jovens sendo submetidos ao trabalho forçado a fim de
fazer referência e analisar criticamente a escravidão presente no século XXI, como
também o desrespeito às leis trabalhista a que muitos cidadãos estão sujeitos.
Outra estratégia quanto ao uso de fotografias, seria os próprios alunos
fotografarem situações que revelam o respeito e/ou desrespeito aos direitos
humanos, uma forma de trabalhar a teoria com a prática, desenvolvendo neles um
senso crítico sobre a realidade social.
Esse material produzido pode ser exposto em forma de cartazes na escola,
ou postados num blog, podem criar uma fotonovela, histórias em quadrinho, uma
charge que podem até mesmo servir de base para um debate, uma discussão
orientada pelo docente em que os alunos venham a opinar sobre o que viram e
criaram.
Recorrer à leitura de imagens de forma crítica pelo professor funciona para
explicitar as estratégias das propagandas presentes nas revistas, tal como o uso
de determinadas cores, pessoas, o ambiente, o vestuário, trabalhar o uso da
linguagem não-verbal, visando que os alunos desenvolvam uma percepção mais
apurada sobre o que recebem, principalmente, porque estão em contato
cotidianamente com essas imagens em jornais, outdoor, ou mesmo na televisão.
“Adquirir um alfabetismo crítico no domínio da aprendizagem
da leitura crítica da cultura popular e da mídia envolve
aprender as habilidades de desconstrução, de compreender
como os textos culturais funcionam, como eles significam e
produzem significado, como eles influenciam e moldam
38
seus/suas leitores/as. Ao ensinar essas habilidades,
experimentei muitas vezes o fortalecimento dos/as
estudantes que aprendem a compreender e a avaliar
criticamente aspectos de sua cultura que normalmente são
tidos como naturais. Invarialvelmente, eles/elas rapidamente
dedicam-se à atividade de adquirir um alfabetismo crítico e
rapidamente tornam-se decodificadores e críticos hábeis de
sua cultura.” (KELLNER, 1995, p. 126)
Algumas propagandas além de visualizadas nas revistas, também podem
ser gravadas e exibidas na sala de aula, tal como cenas de novelas que
expressem violência, estabelecem valores, normas de conduta e expressam
preconceitos, além de filmes que podem ser ideológicos ao camuflar a verdade
existente sobre um assunto, ou mesmo denunciar algum problema social; um
roteiro pode orientar a visão dos alunos sobre determinados aspectos para que
não passem despercebidos.
Não podemos esquecer que o livro representa uma tecnologia educacional,
os textos impressos não devem ser excluídos, mas serem considerados como
meios de alfabetização, pois a leitura aprimora o vocabulário, melhora a redação;
porém diferentemente do que era na escola tradicional, onde cabia ao aluno ser
objetivo ao manter a visão do autor como sendo algo absoluto; pretende-se
atualmente que o texto seja trabalho de modo que possa ser questionado,
debatido, valorizando a multiplicidade de interpretações.
Além disso, os próprios textos redigidos pelos alunos representam um
instrumento que pode ser trabalhado em sala, quando são trocados, por exemplo,
39
para que o outro tenha a experiência de interpretá-lo, questioná-lo e mesmo
aprender com as idéias ali expressas.
40
CONCLUSÃO
Inseridos num contexto de tantas imagens que saltam diante de nós, e que
apresentam significados que são capazes de orientar o comportamento das
pessoas, tornando-as alienadas, devemos atribuir à educação um papel que
visamos explicitar ser o de esclarecer o objetivo dessas imagens, da linguagem e
dos recursos utilizados para que conscientes do que vêem, as pessoas possam
pensar sobre as escolhas que fazem.
Esse papel da educação fica claro quando analisamos o conteúdo midiático
e constatamos que não há o objetivo de desenvolver o raciocínio crítico, mas em
gerar valores, condutas, escolhas que atendam ao consumo passivo, atribuindo às
pessoas a confusão entre o “ser” e o “ter”, dando a falsa impressão de felicidade
momentânea.
O processo de alfabetização para a formação de uma consciência crítica
sobre o conteúdo midiático exige da comunidade escolar um desempenho dos
docentes, partindo do princípio que atuem com vontade e objetivos claros a serem
alcançados, e também estejam preparados para utilizar as tecnologias
educacionais como instrumentos de aprendizado para a formação, principalmente,
de jovens esclarecidos.
A escola não pode ficar a margem da sociedade com propostas de trabalho
tradicionais, mas atender ao que os alunos já sabem para instigá-los a construir o
conhecimento, tirando-os da passividade ao criar um ambiente de confiança e
atividades colaborativas mostrando que os docentes não são mais os detentores
41
do saber, mas aqueles que valorizam a criatividade do aluno, ou seja, a sua
autonomia.
É verdade que se por um lado a mídia com seu conteúdo impregnado de
idéias têm condições de tornar os jovens infantis, passivos, intolerantes, e até
mesmo comprometer o aprendizado, por outro lado, ela pode ser utilizada pelos
docentes para desenvolver seu senso crítico. Dessa forma, os docentes seriam
mediadores no uso das tecnologias a fim de dar condições dos alunos fazerem
uso da razão, da curiosidade, do questionamento o que permite que tenham uma
percepção mais apurada sobre a realidade.
As tecnologias a que muitos jovens têm acesso hoje, não podem ser vistas
como apenas artifícios de diversão, fazendo com que eles apenas desejem isso,
mas essa diversão pode ser orientada quando as tecnologias são utilizadas no
meio educacional.
Desse modo, a própria interatividade que as tecnologias atualmente
dispõem aos jovens, funciona como dispositivo para a participação na produção
pelos jovens de um texto, de um vídeo, uma charge, de um blog, um jornal, em
fim, de maneira que estejam conscientes do contexto a que estão inseridos, e que
possam atuar sobre ele a fim de transformá-lo.
42
BIBLIOGRAFIA
ARANHA, Ana. Somos todos hiperativos? Como não deixar o cérebro entrar em
colapso numa era em que fazemos tantas coisas ao mesmo tempo. Época. Nº
406, 27 fev. 2006, p. 52-60.
BAUERLEIN, Mark. “O americano de 16 anos é um idiota”. Época. Nº 552, 15
dez. 2008, p. 112-114. Entrevista concedida a Peter Moon.
BELLONI, Maria Luiza. O que é mídia-educação. Campinas, SP: Autores
Associados, 2005.
BENJAMIM, Walter. Textos Escolhidos. Col. Os Pensadores. Tradução de J. L.
Grunnewald, São Paulo: Abril Cultural, 1983.
CHAUÍ, Marilena. Convite á filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
FRIEDMAN, Luis Carlos. Vertigens Pós-Modernas: configurações institucionais
contemporâneas. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000.
GREEN, Bill; BIGUM, Cris. Alienígenas na Sala de Aula. . In. SILVA, Tomaz
Tadeu da (org.). Alienígenas na sala de aula: Uma introdução aos estudos
culturais da educação, Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
43
JACQUINOT, Geneviève; O que é um educomunicador? Papel da comunicação
na formação dos professores, I Congresso Internacional de Comunicação e
Educação, São Paulo, 1998.
KELLNER, Douglas. Lendo Imagens Criticamente: Em Direção a Uma Pedagogia
Pós-moderna. In. SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Alienígenas na sala de aula:
Uma introdução aos estudos culturais da educação, Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
LÉVY, Pierre. Cibercultura, Tradução de Carlos Irineu da Costa, São Paulo: Ed.
34, 1999.
MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Programa de Formação Continuada em Mídias
na Educação: Mídias Impressas na Sala de Aula. Disponível na Internet.
http://www.webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/Modulos%20Portal/Impresso/Pro
f.%20Luís%20Paulo%20Leopoldo%20Mercado/Mídias%20%20Material%20Impre
sso/e3_assuntos_a6.html , acesso em 09/01/2009.
PINTO, Renata de C. P., A influência da tecnologia sobre o comportamento da
sociedade pós-moderna, RJ: Universidade Cândido Mendes. Pós-Graduação Lato
Sensu, 2005. www.avezdomestre..com.br, acessado em 19/09/2008.
SILVA, Marco. Sala de aula interativa, Rio de Janeiro: Quartet, 4° Ed. 2006.
SORJ, Bernardo. brasil@povo.com: A Luta contra a Desigualdade na Sociedade
da Informação. RJ: Jorge Zahar, 2003.
44
ANEXO
45
46
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 8
CAPÍTULO I
O CONTEÚDO MEDIÁTICO -------------------------------------------------------------------10
1.1 A Sociedade Narcisista ----------------------------------------------------------- 15
CAPÍTULO II
ESPECTADORES ACRÍTICOS -------------------------------------------------------------- 19
2.1 A cultura oral, impressa e imagética -------------------------------------------19
2.2 A interatividade ---------------------------------------------------------------------- 25
CAPÍTULO III
PROFESSORES MEDIADORES ----------------------------------------------------------- 29
3.1 A escola e a ação do docente --------------------------------------------------31
3.2 Os instrumentos de aprendizagem ------------------------------------------- 33
CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 40
BIBLIGRAFIA ---------------------------------------------------------------------------------------42
ANEXO -----------------------------------------------------------------------------------------------44
INDICE -----------------------------------------------------------------------------------------------46

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C203345

  • 1. UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE REFLEXÕES SOBRE A MÍDIA: O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DE UM OLHAR CRÍTICO Por: Edmilson de Oliveira Sousa Orientadora Profª.: Adélia Maria Oliveira de Araújo Rio de Janeiro 2009
  • 2. 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE REFLEXÕES SOBRE A MÍDIA: O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DE UM OLHAR CRÍTICO Apresentação de Monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Latu Sensu” em Tecnologia Educacional. Por: Edmilson de Oliveira Sousa.
  • 3. 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, a minha família, aos amigos que tanto ajudaram escutando e apoiando as minhas idéias e a professora Adélia Maria pela orientação na realização desse trabalho.
  • 4. 4 DEDICATÓRIA Dedico essa monografia aos meus pais e irmãos que sempre me incentivam nos estudos e acreditam no meu trabalho e também aos amigos que estão sempre por perto.
  • 5. 5 RESUMO Pensar a tecnologia como um recurso que facilita o trabalho do ser humano, permite-nos empregá-la no meio educacional não apenas para aprimorar a prática de ensino do docente, que é uma técnica, mas também para instigar os alunos ao aprendizado sobre a realidade em que estão inseridos de forma crítica e criativa. Ainda mais porque as diferentes tecnologias estão presentes no nosso cotidiano e que os jovens aprendem com elas, mas que muitas vezes são mal aproveitadas, abrindo então uma brecha para a utilização que dos docentes podem fazer a fim de orientar os jovens a refletir sobre a linguagem e o conteúdo que recebem dos veículos de divulgação de mensagens que muitas vezes determinam o comportamento deles, tornando-os passivos no que diz respeito ao consumo e apáticos quanto à realidade em que vivem. No capítulo I, O Conteúdo Midiático, a abordagem é sobre o conteúdo e as estratégias utilizadas pelos veículos de divulgação de mensagens para a formação de consumidores passivos, além de enriquecer a fantasia das pessoas para conquistar a felicidade de maneira mais fácil possível. No capítulo II, Espectadores Acríticos, a ênfase é dada no poder da imagem sobre o pensamento e no comportamento das pessoas, tornando-as infantis e intolerantes. No Capítulo III, Professores Mediadores, enfatiza-se a necessidade dos professores estarem preparados para o uso das diferentes tecnologias na sua prática de ensino e quais são os instrumentos que podem ser utilizados para a formação da criatividade e do olhar crítico dos jovens sobre a realidade em que vivem e as imagens que recebem. Desse modo, concluímos que a escola não deve estar simplesmente voltada para o mercado de trabalho, mas também para uma alfabetização sobre as imagens, além de permitir que os alunos participem na construção do conhecimento.
  • 6. 6 METODOLOGIA O desenvolvimento do trabalho será realizado através de uma pesquisa de caráter exploratório, utilizando como ferramenta para coleta de dados e a explicitação do assunto os seguintes aspectos: - a leitura prévia de artigos, livros, reportagens e sites que abordam o assunto; - a delimitação do assunto, tratando-o em linhas gerais; - a seleção de informações e argumentos para sustentação o assunto e a sua relevância; - elaboração do texto monográfico.
  • 7. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------------- 8 CAPÍTULO I O CONTEÚDO MIDIÁTICO -------------------------------------------------------------------- 10 CAPÍTULO II ESPECTADORES ACRÍTICOS ------------------------------------------------------------- 19 CAPÍTULO III PROFESSORES MEDIADORES ----------------------------------------------------------- 29 CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------------------------ 40 BIBLIOGRAFIA ----------------------------------------------------------------------------------- 42 ANEXO -------------------------------------------------------------------------------------------- 44 ÍNDICE -------------------------------------------------------------------------------------------- 46
  • 8. 8 INTRODUÇÃO A presença de diferentes tecnologias no dia-a-dia dos jovens indica-nos a relevância de pensar na contribuição que esses recursos podem trazer para os educadores ao utilizá-los como ferramentas de forma crítica e criativa de modo a contribuir para a formação de jovens autônomos, capazes de analisar e escolher aquilo que veem ao invés de terem o comportamento determinado pela cultura midiática. Os estudiosos na área de tecnologia educacional abrem margens para a necessidade de incentivar o educador a utilizar as diferentes tecnologias e a modificar, na sua prática de ensino, a relação existente entre os jovens e a linguagem midiática de modo a formar jovens que tenham o domínio dessa linguagem, aprimorando sua percepção sobre a realidade e seu desenvolvimento intelectual. Vemos, portanto, que apesar da tecnologia servir como ferramenta pelos docentes na sua prática de ensino, é certo também que o seu uso sem orientação não colabora para aproximar os jovens da realidade, pelo contrário, pode distanciá-los da realidade física, social e afetiva, tornando-os passivos diante dos fatos, individualistas e impacientes devido a facilidade de escolhas que fazem diante da máquina considerando o conteúdo que ela oferece e a interatividade que coloca a disposição. Além disso, os recursos midiáticos podem determinar o comportamento das pessoas ao oferecer aquilo que elas desejam ouvir e ver, invadindo nossa
  • 9. 9 cultura com muitas imagens e mensagens, mais especificamente direcionadas aos jovens, tornando-os muitas vezes infantis e consumidores irreflexivos. Sem condições de analisar o que vêem e saber o que está por traz da linguagem midiática, dificilmente podemos dizer que os jovens hoje em dia são livres, pois escolhem ser como todos os outros são e quem escolheu como os outros são foi a própria mídia; se, por outro lado, sabem discernir e verificar o que é válido para si, o que compõe a sua individualidade, então serão indivíduos autônomos, libertando-se das formas de dominação. Cabe aqui ressaltar que as Novas Tecnologias oferecem informações relevantes e materiais de alto conteúdo que podem ser facilmente difundidos, colaborando para a democratização do conhecimento, mas que exige pessoas com capacidade de refletir sobre todo esse material a fim de utilizá-lo de modo apropriado. Nesse contexto entra o papel do docente como mediador no uso desses instrumentos direcionando essa linguagem midiática para formar jovens expectadores ativos capazes de analisar criticamente as imagens, as mensagens, as informações e refletir sobre a realidade a fim de modificá-la.
  • 10. 10 CAPÍTULO I O CONTEÚDO MIDIÁTICO Certamente a presença da mídia nas várias esferas da sociedade, em casa, no trabalho, no transporte, nas ruas, mostra-se um grande aliado na formação de consumidores passivos alimentando o capitalismo que se baseia na produção, circulação e venda de mercadorias para a obtenção de lucros. A mídia, ou seja, os meios de divulgação de mensagens como, por exemplo, a televisão, o rádio, o outdoor, os jornais e revistas, podem atingir atualmente uma grande quantidade de pessoas, sendo utilizados como veículos para gerar necessidades de consumo, além de formar uma realidade fantasiosa, onde as pessoas não percebem as idéias que recebem, como seu comportamento está sendo orientado e que muitas vezes nem se preocupam com isso, mais tão somente em serem vistos, em aparecer, revelando um modo de ser efêmero, fútil e superficial. Esse efeito de superficialidade no modo de ser é efeito das mensagens apresentadas de forma sedutora, mostrando o que as pessoas devem valorizar, o que comprar, como agir, como serem felizes, bem sucedidos, revelando-se como extremamente capaz de determinar o comportamento e o pensamento das pessoas que muitas vezes não possuem capacidade crítica de analisar essas mensagens e sem perceber que associam o consumo ao prazer instantâneo, ao bem-estar, a fama, ao status social, ou seja, a posição que ocupam na sociedade devido a possibilidade de aquisição de um produto.
  • 11. 11 “Embora os apologistas da indústria da publicidade argumentem que a publicidade é predominantemente informativa, um exame cuidadoso das revistas, da televisão e de outros anúncios imagéticos indicam que ela é avassaladoramente persuasiva e simbólica e que suas imagens não apenas tentam vender o produto, ao associá-lo com certas qualidades socialmente desejáveis, mas que elas vendem também uma visão de mundo, um estilo de vida e um sistema de valor congruentes com o imperativos do capitalismo de consumo.” (KELLNER, 1995, p.113). A influência da mídia no comportamento das pessoas é facilmente observado no cotidiano, vemos crianças com um telefone celular que tem várias mídias integradas, como se elas realmente precisassem daquilo; o tênis que todos sabem que é caro mostrando que o seu valor não está no uso que pode ser feito dele, mas na marca, no símbolo estampado; vemos a facilidade com que muitas pessoas podem comprar um carro novo pelas infinitas prestações, isso tudo associado a constante inovação do desempenho e o novo desenho dos objetos. As estratégias utilizadas pelas propagandas também são facilmente identificadas como é o caso das músicas que facilitam a memorização e que despertam determinadas emoções, a utilização de pessoas conhecidas e bonitas como, por exemplo, os artistas, normalmente pessoas jovens, felizes que se divertem; as mensagens são curtas e objetivas, não precisam que as pessoas pensem muito para entender, ou até mesmo fazem com que o telespectador sinta- se inferiorizado por não ter o produto anunciado, como se existisse uma realidade perfeita da qual é preciso fazer parte, caso contrário, é visto como brega, antigo, ou infeliz, como se a vida não tivesse sentido.
  • 12. 12 A mídia com seus recursos imagéticos, cores e sons, cria uma realidade que imita o cotidiano, aperfeiçoando-o; isso acontece quando contratam uma bela atriz para apresentar um shampoo, conferindo a idéia de que qualquer mulher ao consumi-lo ficará igual a ela, ou quando associam a cerveja com o verão, a praia, o esporte, a conquista de mulheres bonitas, ou seja, são situações que mexem com a fantasia das pessoas e que surtem efeitos positivos para o sistema econômico, porque conseguem convencer as pessoas de que elas realmente podem estar naquela situação. “Sob os auspícios da perfeição tecnológica rendemo- nos à indistinção entre imagem e realidade. Impressoras, televisores, material esportivo, roupas, automóveis, navios em cruzeiro ou quaisquer outros produtos absorvem a vida e o mundo através de uma linguagem midiática que ultrapassa os respectivos valores de uso. Essa estética, que aciona freqüentemente imagens de maneiras prazerosas de viver ou performances bem-sucedidas, oferece sexo, corpos bonitos, sorrisos radiantes, estar à vontade no mundo, ser charmoso, cativante, gostoso, ‘elaborado’ e tudo o mais.” (FRIDMAN, 2000, p. 31-32) Podemos ressaltar o fato da mídia utilizar pessoas selecionadas, aproveitando-se de situações que existem, porém elas são reformuladas, ganham um novo contexto, como o caso da propaganda do carro de um famoso fabricante onde quem dirige é um jovem cujo destino é interrompido pela admiração de uma bela moça, ou da propaganda de um outro carro do mesmo fabricante onde uma mulher salta de um outdoor para fazê-lo companhia; há ainda uma em que dois jovens conversando ficam bonitos dentro do carro e feios fora dele. São propagandas que criam a ilusão de que qualquer um pode estar naquela situação,
  • 13. 13 de que conquistará a moça com o carro novo, de que será visto, admirado ou amado. Essa realidade aperfeiçoada nos faz lembrar da noção de simulacro desenvolvida por Jean Baudrillard, conforme apresenta Luis Carlos Fridman: “Desse horizonte de percepção surgiu a teoria do simulacro desenvolvida por Jean Baudrillard, que é ancorada na idéia de que o real é substituído por imagens e que o referente vivido desapareceu.” (FRIDMAN, 2000, p.28) Somos constantemente invadidos por mensagens que defendem o corpo feminino como sendo magro, daí a necessidade das mulheres consumirem tantos shakes, ao de precisarem esculpir seus corpos com o recém lançado aparelho de ginástica. Através de um olhar mais atento sobre o conteúdo midiático vemos como ele está o tempo todo dizendo o que temos que fazer, como ser, o que comprar, o que valorizar, ou seja, orientam-nos a dar importância sempre às mercadorias. As telenovelas também representam o cotidiano, recriando-o e que influencia as relações sociais, assim são as questões morais levantadas, como é o caso do vilão que muitas vezes se sai bem ao mentir; as escolas que mais são um shopping, um local de diversão do que de concentração, além das conquistas, intrigas; do homem que agride a mulher, da mulher que trai e precisa do perdão do homem. Vemos também muitos preconceitos que podem ser formados, como é o caso do negro pobre que fica rico e que toma decisões precipitadas, sua esposa também negra que para viver num clima europeu pede ao empregado que diminua a temperatura do ar condicionado, além do político negro corrupto, ou seja, situações que mostram como um negro não pode ser rico, ou político porque necessariamente será orgulhoso e corrupto.
  • 14. 14 “O indivíduo vive este simulacro: sua vida cotidiana é invadida por imagens de homens políticos, personagens de novela, locutores esportivos e de acontecimentos importantes, que se misturam às perspectivas e relações da vida real, muitas vezes fornecendo os conteúdos destas relações, outras vezes aliviando tensões, eludindo os conflitos no ambiente familiar. As pessoas realmente se envolvem com a trama das novelas, tomam partido pelos heróis, torcem por sua vitória e sofrem com sua dor.” (BELLONI, 2005, p.64). Existem imagens que claramente servem para substituir palavras, ou seja, as imagens também podem ser lidas e são assim valorizadas, por exemplo, pelos jornais, considerando o público ao qual o ele é destinado; uma linguagem mais vulgar para aqueles que podem pagar pouco por um jornal, que lêem rapidamente no ônibus, ou no trem a caminho do trabalho, ou seja, para o público menos favorecido financeiramente, não importa um artigo criticando a situação política do país, ou como está a cotação do dólar, pelo contrário, vemos muitas imagens fáceis de serem lidas, muito mais do que textos, que por sinal são bem curtos; diferente dos jornais destinados ao público com melhor poder aquisitivo, onde os textos são mais extensos e normalmente com uma linguagem mais erudita. Além disso, vemos as notícias expostas como sendo aquelas que alguém considerou as mais relevantes. Isso tudo parece bem óbvio, quando normalmente, não necessariamente, pessoas com baixo poder aquisitivo tem menor grau de instrução, coloca-se então mais imagens para que ele tenha facilidade em saber o que acontece, e textos curtos com uma linguagem própria do seu cotidiano. Porém, se pararmos para analisar tal situação, verificamos que simplificar uma linguagem, ou utilizar
  • 15. 15 imagens exageradamente,serve para manter as pessoas na situação a que pertence, privando-as da possibilidade de entender uma crônica bem escrita, ou o texto de um cientista político. Na verdade ao manterem uma linguagem própria para um público, e uma outra linguagem para um outro público, mais parece manter a desigualdade social que tanto é alvo de estudiosos. 1.1 - A sociedade narcisista O assalto de imagens a que nosso campo visual está sujeito quando ligamos a televisão, abrimos os jornais ou revistas e saímos nas ruas, conduz as pessoas a agirem de uma certa maneira, até chegar ao ponto em que as próprias pessoas passam a cobrar umas das outras um determinado modo de ser e se vestir, de se comportar, de falar, do que comprar, ou seja, as imagens expostas nas publicidades conseguem criar novas relações que são interiorizadas pela sociedade. Numa sociedade onde dão muita importância à aparência, ao elogio, a fama e a glória, porque é assim que a publicidade anuncia o produto, ou seja, acompanha o consumo à admiração que conquistará das pessoas, há evidentes motivos para que o narcisismo se desenvolva. Isso significa que cada vez mais as pessoas vêm se tornando vazias, extremamente preocupadas com si mesmas, além de querer chegar a qualquer custo à juventude. Quanto a este último aspecto, raramente vemos propagandas destinadas a pessoas idosas, pelo contrário, normalmente são destinadas aos jovens, não só porque, ao que parece, é mais fácil de convencê-los, como também pela facilidade de formar novos viciados em cigarros, bebidas, ou estar na moda como os amigos.
  • 16. 16 Outro fator relevante que pode ser lembrado para enfatizar a preocupação com a juventude e o desprezo pela velhice é o da realização de cirurgias plásticas, a indústria de cosméticos que fatura milhões, as dietas que parecem milagrosas, ou seja, o padrão de beleza é imposto e como resultado vemos garotas sofrendo de anorexia, doença que vem matando jovens; ou mesmo gerando distúrbios alimentares; parecida é a influência recebida pelos homens, de que seus corpos precisam ser esculpidos, fortes, o que levam muitos a passar horas na academia muitas vezes comprometendo as relações sociais, ou mesmo a própria saúde quando utilizam anabolizantes para obter o efeito desejado e imposto de forma mais rápida possível. “O fantástico mundo de mercadorias – a outra faceta do trabalho industrial robotizado – leva o homem à submissão ao ‘sistema’. Produção e consumo de massa desencorajam o espírito de iniciativa e de autoconfiança, diminuindo a possibilidade de o indivíduo decidir a partir do seu próprio julgamento. A sociedade organizada estimula a dependência, a passividade, o estado de espírito de espectador.” (BELLONI, 2005, p. 61) Na verdade, a sociedade, sem observar que sua autonomia foi extirpada, age segundo a vontade de um sistema que a todo tempo, nas vitrines, nos jornais, nas novelas, nos filmes alimentam o sistema com a ilusão de prazer momentâneo e de felicidade, esperar não vale a pena, tal como vemos jovens atualmente que dificilmente pensam em terminar uma faculdade para ter uma casa, ou se casar, preferem imediatamente trabalhar para conseguir dinheiro e consumir o que desejam. Facilmente vemos como esses mesmos jovens esperam a facilidade, ou
  • 17. 17 seja, serem como um jogador de futebol que não precisou estudar para ser feliz, ou ganhar dinheiro, além de ter muitas mulheres e ser famoso, fato que mostra como a perspectiva sobre os estudos, a de garantir melhores condições de conseguir um emprego e de vida digna vem sendo deixada de lado, prefere-se tudo de modo mais rápido e mais fácil possível. Na sociedade narcisista tudo é válido para se tornar famoso, assim vemos milhares de pessoas tentando uma vaga para um reality show mesmo sujeitas a ter a vida intima revelada, ou na tentativa de se tornar uma estrela nos palcos através da música, ou mesmo nos programas para conseguir o par perfeito, tudo parece válido para estar na televisão. Conforme apresenta Belloni: “A celebridade é um mito típico das sociedades contemporâneas. ‘Aparecer na televisão’, mesmo que seja para ser humilhado pelo célebre apresentador; ter sua carta sorteada pelo ‘Baú da Felicidade’ ou pela ‘Xuxa’; ser ‘descoberta’ por um diretor e virar uma estrela do cinema da noite para o dia; encontrar o príncipe encantado que, por amor, abrirá à mocinha pobre as portas do mundo radioso dos personagens célebres; muitas são as formas deste sonho coletivo, continuamente renovado pela televisão.” (BELLONI, 2005, p. 63). Muitas crianças já seguem este caminho, vemos as sandálias da “Xuxa” sendo lançada, ou da Ivete Sangalo, ou da Sandy, isto é, até as crianças já são orientadas a gostar e preferir vestir-se de tal maneira de modo que já começam a exigir um tipo de roupa dos pais, deixando de lado muitas vezes a própria infância para comportarem-se como pequenos adultos.
  • 18. 18 Com todo esse cenário onde vemos a mídia inventar novos valores, e onde as pessoas passam a mudar e a exigir de si e dos outros não há uma necessidade de formar pessoas críticas? Será que há escolha quando as pessoas interiorizam os padrões apresentados não percebendo quais são os objetivos de tantas imagens que adentram o nosso campo visual? Pode-se falar de autonomia quando uns cobram dos outros determinados modos de ser? É a televisão que tem a função de formar pessoas críticas ou ela só está fazendo o papel de informar? É preciso pensar na necessidade de formar pessoas capazes de escolher, mas que para isso sejam antes capazes de analisar o que vêem, o que exige instrução, ou seja, ser alfabetizado para ler criticamente o que recebe, deixando de lado a ingenuidade de que as coisas são como são por acaso. No entanto, antes de investigar como a mídia pode ser utilizada como meios para formação de telespectadores críticos, por exemplo, veremos que outros efeitos a mídia gera nas pessoas como, por exemplo, a intolerância e como isso repercute na sala de aula. Por outro lado, a interatividade pode ser um grande aliado para tirar as pessoas da passividade e incentivá-las a utilizar a criatividade.
  • 19. 19 CAPÍTULO II ESPECTADORES ACRÍTICOS Vimos como o conteúdo midiático pode orientar o comportamento das pessoas, trazendo mudanças nos padrões de consumo, mas cabe-nos também compreender que outras atitudes são comprometidas no dia-a-dia das pessoas, como é o caso da concentração, da tolerância e da participação, devido ao uso da televisão, do computador e de outros aparelhos com várias mídias integradas. Afinal de contas, as Novas Tecnologias da Comunicação e Informação aprimoram a percepção, tornam as pessoas mais atentas, ou mais intolerantes pelas várias possibilidades de escolhas que permitem que o espectador faça? 2.1 - A cultura oral, impressa e imagética Estudiosos apontam como numa época de tradição oral a narrativa exigia atenção do espectador e, principalmente, sua capacidade de interpretar o que estava sendo contado pelo narrador. Este, por sua vez, fazia uso de gestos e também da experiência própria ao manter vivo os acontecimentos passados na memória do povo que tinha a oportunidade de imaginar, espantar-se, admirar-se e aprender com os acontecimentos passados além de ouvir a história na companhia de outras pessoas e não sozinho. Com o advento da imprensa na Idade Moderna, verifica-se a decadência da narrativa, a sua autenticidade, presente no testemunho histórico por parte do narrador que lhe conferia realidade, foi substituída pelo romance, pela dependência do livro, pelo leitor solitário em busca do sentido da vida; além disso,
  • 20. 20 com o surgimento da imprensa a escrita e a informação passaram a ser valorizadas e, no caso da informação, a explicação, que exige o momento presente, a coerência, a prova. “A notícia que vinha da distância – fosse ela a distância espacial de terras estranhas ou a temporal da tradição – dispunha de uma autoridade que lhe conferia validade, mesmo nos casos onde não era submetida a controle. A informação, porém, coloca a exigência de pronta verificabilidade. O que nela adquire primazia é o fato de ser ‘inteligível por si mesma’. Freqüentemente ela não é mais exata do que fora a notícia a séculos precedentes. Mas ao passo que esta gostava de recorrer ao milagre, é indispensável à informação que soe plausível. Com isso ela mostra ser incompatível com o espírito da narrativa”. (BENJAMIM, 1983, p. 61) É verdade então que com o surgimento da imprensa, a atenção voltou-se para os fatos presentes e não tanto para os relatos históricos, ou seja, quebrou-se o caráter narrativo de uso da memória, da recriação e, principalmente, da interpretação do ouvinte conforme o seu entendimento. “Cada manhã nos informa sobre as novidades do universo. No entanto somos pobres em histórias notáveis. Isso ocorre porque não chega até nós nenhum fato que não tenha sido impregnado de explicações. Em outras palavras: quase mais nada do que acontece beneficia a narrativa, tudo reverte em proveito da informação”. (BENJAMIN, 1983, p. 61)
  • 21. 21 Não podemos negar que tanto no ato de ouvir uma história, como no de ler um livro observamos a concentração e a interpretação, a capacidade de fantasiar tal como é, por exemplo, o que acontece ao apreciar uma pintura, algo que exige contemplação e paciência; entretanto quando lembramos da cultura invadida por imagens, uma cultura destinada à massa como é o caso, por exemplo, do cinema, já observamos o encadeamento de imagens que modifica a nossa percepção, porque consegue apreender a realidade de forma a surpreender o espectador, apreensão tão clara que não é vista quando lemos um livro, quando contemplamos uma pintura ou ouvimos uma história. “Alargando o mundo dos objetos dos quais tomamos conhecimento, tanto no sentido visual como no auditivo, o cinema acarretou, em consequência um aprofundamento da percepção. E é em decorrência disso que as suas realizações podem ser analisadas de forma bem mais exata e com número bem maior de perspectivas do que aquelas oferecidas pelo teatro ou pintura. Com relação a pintura, a superioridade do cinema se justifica naquilo que lhe permite melhor analisar o conteúdo dos filmes e pelo fato de fornece ele assim, um levantamento da realidade incomparavelmente mais preciso”. (BENJAMIN, 1983, p. 22) A imagem mostra então como ações pouco percebidas pelo olhar das pessoas no cotidiano passaram a ser vistas, como o próprio olhar, a expressão facial, pelos cortes de imagens e isolamentos que o recurso técnico cinematográfico pode fazer.
  • 22. 22 Porém, apesar do cinema exigir nossa atenção devido as constantes imagens isoladas e que são seqüenciadas, não nos dá condições de fixarmos o olhar, tal como é possível na contemplação de uma pintura, mas simplesmente em estarmos atentos para não perdemos o meado da história, além disso, as imagens em movimento não exigem e não permitem que o espectador as interprete, ou seja, as imagens captam tão claramente a realidade que substituem o pensamento, não é mais preciso pensar, tudo já está dado. Outro aspecto que pode ser lembrado e que acompanha o cinema é o da diversão, pois a sonoridade, os diferentes ambientes, os cortes contínuos, a seleção de imagens, e a velocidade na apresentação delas acabam invadindo o espectador, aí é que está, ao que parece, um dos fatores de maior diferença entre o cinema e a pintura, pois segundo Benjamim, “aquele que se concentra, diante de uma obra de arte, mergulha dentro dela .... Pelo contrário, o caso da diversão, é a obra de arte que penetra na massa”. (BENJAMIN, 1983, p. 26). Apesar das imagens serem apresentadas em sequência, e numa determinada velocidade exigindo que a percepção esteja atenta, faz parte desse cenário de divertimento a distração do espectador, porque ele não consegue ir a fundo numa imagem para pensá-la. Conforme o que é apresentado por Walter Benjamin (1983) quanto ao cinema, podemos compreender como a televisão hoje, em cada lar, colabora para esse comodismo no que diz respeito à interpretação, e a concentração, ou seja, as imagens, os sons, principalmente também devido aos intervalos comerciais que duram pouco tempo associados a produtos que prometem resultados rápidos e eficientes acabam fazendo com que as pessoas não queiram esperar por muito tempo o outro capítulo da novela, ou do filme.
  • 23. 23 O resultado disso é o de jovens que preferem ver um documentário na televisão, ou a um filme sobre um livro do que ler sobre o próprio assunto, ou seja, a imagem ganhou dimensões imensas nas exigências para se interessar por algo, ou que facilite o exercício do raciocínio tal como é, por exemplo, mais fácil assistir a um filme dublado do que legendado, isto é, que tudo já tenha sido pensado, imaginado, interpretado, traduzido. Dessa forma, passamos a viver numa sociedade onde a concentração e a tolerância foram substituídas pela dispersão e intolerância, assim atualmente, um adulto ou um jovem que utiliza o controle remoto para escolher o programa que mais lhe agrada, dentre os vários canais, ou então que pode escolher a música ao mudar a estação do rádio, ou apagar a foto na câmera digital que ficou distorcia está a todo tempo escolhendo o que agrada ao seu ouvido e à sua visão. Conforme apresenta Marilena Chauí: “Vale a pena, também, mencionar dois outros efeitos que a mídia produz em nossas mentes: a dispersão e a infantilização. Para atender aos interesses econômicos dos patrocinadores, a mídia divide a programação em blocos que duram de sete a dez minutos, cada bloco sendo interrompido pelos comerciais. Essa divisão do tempo nos leva a concentrar a atenção durante os sete ou dez minutos de programa e a desconcentra-la durante as pausas para a publicidade. Pouco a pouco, isso se torna um hábito. Artistas de teatro afirmam que, durante um espetáculo, sentem o
  • 24. 24 público ficar desatento a cada sete minutos. Professores observam que seus alunos perdem a atenção a cada dez minutos e só voltam a se concentrar após uma pausa que dão a si mesmos, como se dividissem a aula em ‘programa’ e ‘comercial’. Ora, um dos resultados dessa mudança mental transparece quando criança e jovem tentam ler um livro: não conseguem ler mais do que sete a dez minutos de cada vez, não conseguem suportar a ausência de imagens e ilustrações no texto, não suportam a idéia de precisar ler ‘um livro inteiro’. A atenção e a concentração, a capacidade de abstração intelectual e de exercício do pensamento foram destruídas. Como esperar que possam desejar e interessar- se pelas obras de arte e de pensamento?” (CHAUÍ, 1995, p. 332) Muitos estudiosos apresentam que esses efeitos que a mídia gera nas pessoas prejudicam a capacidade de análise crítica e também de desenvolvimento da escrita por parte principalmente dos jovens, ou seja, vemos que tal como houve uma passagem de uma cultura pautada na oralidade para uma cultura do impresso, há uma passagem da cultura impressa para a cultura da imagem. Ademais é possível analisar como essas imagens fragmentadas sobre o contexto também danifica a compreensão histórica dos fatos, ou até mesmo gera uma crise de valores na sociedade, pois muitas ações vistas como importantes para o bom convívio social há algum tempo atrás, os valores fixos do passado, já não são mais reconhecidos como válidos pelos jovens de hoje. Esse fato, ao que parece, também pode estar associado a falta de muitos valores e normas de conduta no uso da rede internacional de computadores, porque cada um pode se apresentar
  • 25. 25 da maneira que quiser num chat, como também postar o que quiser e acessar o somente o que dá prazer. 2.2 – A interatividade A interatividade disponível nas Novas Tecnologias da Informação e Comunicação apesar de ser defendida como aquela que tira o espectador da passividade, também pode ser analisada como um fator que permite a escolha constante daquilo que agrada ao espectador, principalmente quando se trata de diversão, ou seja, escolhe-se o que gera prazer, conforme já foi apresentado, é a música gravada no MP3, a página da Internet mais bem ilustrada e com jogos, a TV a cabo que disponibiliza vários canais e que sabem do que o telespectador gosta até mesmo porque a própria interatividade permite que os produtores do conteúdo das diferentes mídias recebam uma resposta por parte dos consumidores. Dessa forma, cada vez mais oferecem uma programação que atende aos interesses e prazeres dos espectadores e recebem uma resposta para isso a fim de aprimorar o próprio conteúdo cumprindo com as exigências dos consumidores. Assim, os sites de busca podem, ou até mesmo outros mecanismos da rede mundial de computadores, criar um perfil sobre as pessoas, sabendo o que elas desejam para que o mesmo seja oferecido, ou seja, observamos claramente um controle sobre a sociedade, a perda da privacidade, e perda da autonomia. “ Bancos de dados que centralizam desde o código genético à história médica de cada um, leis que obrigam os provedores da Internet a guardar cópias de todos os e-mails,
  • 26. 26 câmeras que registram passo a passo no trabalho, nas ruas ou lojas, sistemas de rastreamento dos movimentos dos usuários de Internet, cartões de crédito que já permitem a reconstrução de todos os gastos, interesses e de movimento pessoal (já que na sociedade moderna consumir/pagar permeia praticamente cada ato social), o uso de sistemas eletrônicos para pagamento de pedágio, telefones celulares com câmeras e GPS, novos recursos de reconhecimento biométricos e, no futuro não distante, o implante no corpo de microships com funções médicas, ou não, convergem no sentido de destruir a noção de privacidade e constituem um enorme potencial de controle social e destruição da liberdade.” (SORJ, 2003, p 57) Não é por menos a necessidade de se formar pessoas capazes de também saber analisar os conteúdos presentes na Internet, visto que a falta de critérios na busca por um assunto faz com que muitas vezes as pessoas acessem um conteúdo de baixa qualidade, além de agir mecanicamente, recortando e colando, tal como muitos jovens fazem, pois afinal de contas, já existem em muitos casos a dificuldade de interpretar um texto e transcrever isso para o papel, procura-se então o mais fácil, ou seja, recortar e colar. “A informação de baixo conteúdo se refere a um fato cuja compreensão é mecânica, não exige nenhum treinamento intelectual específico e se esgota na sua função imediata (por exemplo, encontrar o nome de uma rua, uma imagem pornográfica, um saldo bancário ou fazer uma compra). Na informação de alto conteúdo, seu valor depende da capacidade de análise do usuário e que, depois de
  • 27. 27 integrada, afeta a sua competência e capacitação intelectual. Como veremos, a capacitação intelectual prévia do usuário é determinante na transformação da Internet num potenciador da cultura e da criatividade social.” (SORJ, 2003, P 43) É verdade também que devido as Novas Tecnologias passamos a ser invadidos por muitas informações ao mesmo tempo, foi-se a época em que quando saíamos de casa não precisávamos atender a um telefone na rua, algo que pode mudar o nosso rumo hoje em dia. Percebemos como o nosso lar se tornou uma extensão do trabalho devido ao computador ligado, o telefone tocando, e-mails sendo enviados e recebidos, revistas, jornais, rádio, todos esses aparatos tecnológicos que facilitam a comunicação e a divulgação da informação fazem com que tenhamos que dar atenção a várias coisas ao mesmo tempo, mas que não permitem uma concentração exata sobre uma única coisa e, como resultado, vemos pessoas sobrecarregadas de tarefas, cansadas, estressadas, intolerantes. Como estamos em contato com muita informação, cria-se também uma exigência de estar atualizado, de ser flexível às mudanças e de se adaptar às necessidades, porém é possível perguntar: O que fazer com tanta informação? Podemos gerenciar toda informação que recebemos? Isso não sobrecarrega o cérebro? “Os especialistas depois confirmaram, em estudos sucessivos, que, depois de um indivíduo ser interrompido ou alternar-se entre diferentes ações, tem sempre mais dificuldade de recuperar a concentração na tarefa anterior.
  • 28. 28 De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Michigan, a interrupção constante diminui em até 40% a eficiência dos profissionais. Em alguns casos, pode até causar uma espécie de cegueira momentânea.” (ARANHA, 2006, p. 56). A tecnologia que existe para aprimorar os equipamentos e facilitar o trabalho, na verdade está lançando as pessoas para novas atividades que antes não executavam, pelo menos não ao mesmo tempo em que uma outra atividade estava sendo realizada. A interatividade e a variedade de conteúdos que seduzem o olhar estão tornando as pessoas impacientes, as propagandas que tanto associam o produto à felicidade e à facilidade de consumo estão gerando adultos infantis. Os vários aparelhos eletrônicos utilizados ao mesmo tempo estão estressando as pessoas. Porém, é verdade que podemos ver o outro lado da questão, ou seja, de que forma as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação podem ser utilizadas como ferramentas de aprendizado, ou como o conteúdo midiático pode ser utilizado por profissionais preparados para tornar pessoas com capacidade crítica de analisar aquilo que recebem, a fim de serem pessoas autônomas e com condições de fazer escolhas conscientes? Como formar espectadores críticos? .
  • 29. 29 CAPÍTULO III PROFESSORES MEDIADORES Conscientes de que a mídia está presente no cotidiano das pessoas e que muitas vezes determinam o comportamento delas, além de comprometer algumas habilidades como a concentração, por exemplo, faz-se necessário pensar de que forma as tecnologias podem servir de ferramentas para formar, principalmente, jovens críticos, capazes de serem autônomos e não alienados. Belloni (2005) ao questionar a relação entre os jovens e a mídia constata que muitas crianças e jovens não estão preparados para refletir e criticar as mensagens apresentadas pela televisão, conseguindo então convencê-los a consumir passivamente. Enfatiza também que mesmo aqueles que pertencem a uma classe social mais favorecida não têm desenvolvido condições de utilizar os instrumentos tecnológicos de forma vantajosa, pelo contrário, os efeitos são muitas vezes até negativos, pois compromete o desenvolvimento afetivo, social e intelectual. Apesar de estudiosos observarem que os aparatos tecnológicos estão comprometendo muitas vezes o aprendizado de conhecimento pelos jovens, como a compreensão e a redação de textos, a solução não é a de proibi-los de utilizar o computador, o videogame, a televisão, o celular, mas de orientá-los, como é o caso de selecionar os jogos do videogame, o horário de ficar na frente da tv, pois caso contrário, ao passarem muito tempo na frente da tv, nas salas de bate papo, ou utilizando o videogame podem ficar viciados, prejudicando a saúde e as relações sociais, pelo menos.
  • 30. 30 Podemos também acrescentar como o exagero nas relações sociais estabelecidas na Internet, por exemplo, faz com que os jovens fiquem isolados entre si perdendo o contato muitas vezes com os adultos comprometendo a formação de sua maturidade, da responsabilidade, o diálogo, aguçando ainda a ansiedade que sentem pelo desejo de receberem mensagens dos amigos através do celular, do e-mail, ou pelo Orkut, conforme apresenta o educador Bauerlein (2008): “... Os jovens precisam conviver com os adultos, precisam conversar com quem tem mais experiência que eles. Isso os ajuda a amadurecer. Ironicamente, os garotos não parecem gostar de viver desse jeito. A primeira coisa que fazem quando saem da aula é ligar o celular e ver se receberam alguma mensagem. Basta olhar a cara deles para notar que não estão felizes, parecem apreensivos, como que pensando:’E se ninguém tiver escrito para mim?’” (BAUERLEIN, 2008, p 114.) Entretanto, não cabe apenas aos pais a função de orientar seus filhos no uso das tecnologias, a escola atualmente deve ser vista como um meio social que prepara os jovens não apenas para o mercado de trabalho, mas também para a sua emancipação, aproveitando até mesmo o que eles sabem ao manusearem as tecnologias que possuem, ou seja, muitos sabem utilizar o computador, a Internet, gravar um vídeo, fotografar; habilidades que servem para produzir algo que tenha significado para eles e que aprendam de forma lúdica um conteúdo mínimo para argumentar, escrever, criticar, opinar, e ter a compreensão da realidade em que vivem, ao invés de ficarem a margem dos fatos históricos, das decisões políticas, das razões dos problemas sociais, ou seja, de serem apáticos.
  • 31. 31 3.1 – A escola e a ação do docente Segundo Belloni (2005) o avanço tecnológico a que os jovens têm contato não pode ser ignorado pela escola a ponto dela ficar para trás, pelo contrário, é possível que os docentes venham utilizá-las de forma crítica e criativa, contribuindo com o aprendizado dos alunos e até mesmo pela capacidade cognitiva e perceptiva que as novas tecnologias desenvolvem neles. Essa inserção das Novas Tecnologias na escola exige a formação de professores, o acesso a equipamentos, materiais didáticos e também criatividade, ou seja, não adianta inserir novos equipamentos na sala de aula utilizando métodos antigos. Para Jacquinot (1998) a escola ainda no século XXI funciona no ritmo da máquina a vapor, o que pode ser feito é um confronto entre a escola tradicional e a apropriação da cultura mediática dos alunos para que a educação promova ao mesmo tempo um espírito crítico no cidadão. Além disso, a escola pode ser aproximada dos meios, e um dos fatores que facilita isso é o fato dos alunos aprenderem com eles, algo que não pode ser ignorado, ademais o que se aprende na escola pode ajudar a compreender os meios e vice-versa. Se os alunos demonstram adquirir conhecimento pelos meios, eles então podem ser utilizados na escola para que os alunos participem na construção do conhecimento, apresentam-se dessa forma de modo ativo, participativo e não mais passivo diante do professor que detêm o conhecimento como caracteriza a escola tradicional. Para tanto, é preciso do que Jacquinot (1998) chama de educomunicador, ou seja, é aquele que utiliza diversos meios na sua prática de ensino, não é um
  • 32. 32 professor que ensina como utilizá-los. O educomunicador ainda não é aquele que acumula conhecimento, mas que se serve dos conhecimentos para construir uma certa representação do mundo, foca-se na interpretação e construção do conhecimento e não na sua transmissão. Desse modo, a formação contínua dos professores é indispensável para que a educação para os meios seja um componente de toda educação. Uma experiência realizada por Belloni (2005) chamada de “Programa Formação do Telespectador” a fim de preparar jovens para uma visão crítica sobre a linguagem televisiva mostrou como é possível atrair a atenção deles e a necessidade da formação do professor: “As primeiras experiências de utilização do Programa revelaram que nosso otimismo é válido quanto à primeira hipótese: sempre que a experiência foi realizada com um mínimo de qualidade, os alunos mostraram-se interessados e responderam positivamente ao apelo do Programa, exercendo sua capacidade crítica, participando ativamente e demandando a continuidade do trabalho. A segunda hipótese, porém foi totalmente desmentida pela dura realidade do trabalho docente na escola pública brasileira: as experiências que funcionaram foram aquelas organizadas de cima para baixo, com preparação prévia dos professores envolvidos. A simples existência do material e do equipamento na escola não parece ser suficiente para que o professor tome a iniciativa de integrar um novo tema e um material inovador em sua prática pedagógica cotidiana, ainda que este material seja de boa qualidade e
  • 33. 33 corresponda aos interesses dos alunos e mesmo às preocupações do professor.” (BELLONI , 2005, p 70.) Uma das possibilidades levantadas para o despreparo de muitos professores de integrar as tecnologias disponíveis na sua prática de ensino está na própria formação do professor, como podemos pensar na acomodação às antigas técnicas de ensino e aprendizagem. 3.2 – Os instrumentos de aprendizagem Voltamos a abordar a interatividade, ela foi apresentada aqui como recurso que pode tornar as pessoas bastante intolerantes e dispersas, por outro lado, bem orientado, o jovem ao interagir com a máquina, ao escolher o conteúdo, há também a possibilidade deste ser construído, fazendo com que ocorra uma passagem da passividade para a participação, colaborando para a formação de sua autonomia. O computador, por exemplo, que agrega várias mídias, conectado a rede mundial de computadores, Internet, pode ser considerado um excelente mecanismo de uso dos professores ao orientar os alunos à construção do conhecimento, como é o caso da criação de um blog, onde comentários podem ser feitos sobre o conteúdo existente, de fóruns, de comunidades para discussão de assuntos afins, sobretudo dos sites de colaboração na postagem textos que podem ser modificados e aprimorados, além de vídeos e fotos. Quanto a esse aspecto, Pierre Lévy (1999) apresenta, por exemplo, que as “comunidades virtuais” desenvolvidas através do uso da Internet são construídas
  • 34. 34 segundo interesses afins possibilitando o contato entre grupos, a troca de conhecimentos, os laços sociais, a aprendizagem de modo cooperativo; desse modo, um texto não está disponível muitas vezes somente para a leitura, mas ao convidar o leitor a participar da sua construção incentiva também a escrita. Outro exemplo de interatividade presente no uso da Internet está no uso do hipertexto, ou seja, a conexão de um texto com vários outros textos, onde o leitor pode escolher a sua trajetória de leitura, caracterizando uma leitura não-linear; também porque disponibiliza várias possibilidades de consultas a diferentes informações que abrange não só textos, mas também fotos, vídeos, imagens e outros sites de assuntos relacionados. “E, em rede (Internet), a disposição de processamento hipertextual do computador permite ao usuário múltiplas recorrências e navegações: permite-lhe selecionar, receber, tratar e enviar qualquer tipo de informação desde seu terminal para qualquer outro ponto da rede...” (SILVA, 2006, p. 14) As pesquisas realizadas nos sites de busca também devem ser orientadas, ou seja, muitas vezes os jovens não lêem ou analisam o conteúdo proveniente do resultado da busca, porém a Internet disponibiliza um vasto conteúdo antes inacessível, ou de difícil acesso onde era preciso que muitas pessoas se deslocassem até uma biblioteca. Atualmente, sites podem ser sugeridos pelo docente, o material acessado pode ser visto e revisto, referências analisadas e mesmo utilizadas na construção de textos pelos jovens.
  • 35. 35 Entretando, ainda que a era digital esteja presente, a Internet não invalida outros recursos que doravante dominaram a divulgação da informação, como é o caso dos jornais e o rádio, por exemplo, para serem utilizados na prática de ensino, como também as revistas, a fotografia, os livros que são considerados tecnologias. No caso dos jornais e revistas eles funcionam como ferramentas de aprendizado em sala de aula devido ao esclarecimento que o docente pode realizar acerca das diferentes linguagens utilizadas e o público a que são destinados, tal como pode ser questionado se essas diferenças reproduzem ou não a desigualdade social. Os artigos, as charges, as crônicas, os fatos abordados podem ser trabalhos com os alunos sob um olhar crítico a fim de compreenderem esses fatos a que estão se referindo, o que permite que os alunos também percebam em que realidade eles mesmos estão inseridos. Ademais, sabendo como um jornal é elaborado, os alunos podem criar um jornal de circulação na escola e na comunidade local com artigos produzidos por eles mesmos sobre assuntos de interesse comum ou particular, incentivando a participação, a criatividade, a leitura e a redação. “A realização da proposta de construção de um jornal permite que cada grupo execute atividades diferentes ao mesmo tempo. O jornal é um excelente recurso para socializar as informações pesquisadas e coletadas ao longo do processo; cada parte do jornal ou cada texto feito é original, pois supõe-se que seja construído pelo aluno, a
  • 36. 36 partir das informações coletadas. Fazer um jornal na escola é um trabalho interessante, envolvente, que exige organização pelo aluno da matéria obtida, domínio de diversas ferramentas (editor de textos, navegação na Internet, uso de e-mail, ferramentas de editoração do jornal, manuseio de figuras) e envolve um extenso processo de pesquisa na Internet e nos meios convencionais.” (MEC – Mídias na Educação, 2008.) A rádio na escola é uma outra estratégia a criatividade, um projeto que direciona um grupo de alunos a ficarem responsáveis por criar um conteúdo a ver divulgado, além de valorizar as pesquisas realizadas por eles, proporciona a criação de paródias, poesias, de uma novela radiofônica, a realização de entrevistas, a produção de vinhetas, pausas comerciais e a divulgação de informações internas de interesse dos alunos. Uma rádio escolar mobiliza não só os alunos a se organizarem para produzir um material, mas os capacita na aquisição de conhecimento técnico sobre funcionamento de uma rádio. Além da rádio e dos jornais, lembremos que a fotografia representa um excelente recurso didático a ser utilizado na prática de ensino pelo professor sobre temas diversos, não só pelo seu caráter ilustrativo, algo que facilita a memorização, a apreensão com bastante realismo de um fato, mas também pelos recursos tecnológicos disponíveis hoje em dia e que até mesmo muitos alunos têm acesso, como é o caso da câmera digital e de muitos aparelhos celulares que possuem essa mídia integrada.
  • 37. 37 Dessa modo, uma fotografia pode ser selecionada pelo docente como, por exemplo, uma imagem de jovens sendo submetidos ao trabalho forçado a fim de fazer referência e analisar criticamente a escravidão presente no século XXI, como também o desrespeito às leis trabalhista a que muitos cidadãos estão sujeitos. Outra estratégia quanto ao uso de fotografias, seria os próprios alunos fotografarem situações que revelam o respeito e/ou desrespeito aos direitos humanos, uma forma de trabalhar a teoria com a prática, desenvolvendo neles um senso crítico sobre a realidade social. Esse material produzido pode ser exposto em forma de cartazes na escola, ou postados num blog, podem criar uma fotonovela, histórias em quadrinho, uma charge que podem até mesmo servir de base para um debate, uma discussão orientada pelo docente em que os alunos venham a opinar sobre o que viram e criaram. Recorrer à leitura de imagens de forma crítica pelo professor funciona para explicitar as estratégias das propagandas presentes nas revistas, tal como o uso de determinadas cores, pessoas, o ambiente, o vestuário, trabalhar o uso da linguagem não-verbal, visando que os alunos desenvolvam uma percepção mais apurada sobre o que recebem, principalmente, porque estão em contato cotidianamente com essas imagens em jornais, outdoor, ou mesmo na televisão. “Adquirir um alfabetismo crítico no domínio da aprendizagem da leitura crítica da cultura popular e da mídia envolve aprender as habilidades de desconstrução, de compreender como os textos culturais funcionam, como eles significam e produzem significado, como eles influenciam e moldam
  • 38. 38 seus/suas leitores/as. Ao ensinar essas habilidades, experimentei muitas vezes o fortalecimento dos/as estudantes que aprendem a compreender e a avaliar criticamente aspectos de sua cultura que normalmente são tidos como naturais. Invarialvelmente, eles/elas rapidamente dedicam-se à atividade de adquirir um alfabetismo crítico e rapidamente tornam-se decodificadores e críticos hábeis de sua cultura.” (KELLNER, 1995, p. 126) Algumas propagandas além de visualizadas nas revistas, também podem ser gravadas e exibidas na sala de aula, tal como cenas de novelas que expressem violência, estabelecem valores, normas de conduta e expressam preconceitos, além de filmes que podem ser ideológicos ao camuflar a verdade existente sobre um assunto, ou mesmo denunciar algum problema social; um roteiro pode orientar a visão dos alunos sobre determinados aspectos para que não passem despercebidos. Não podemos esquecer que o livro representa uma tecnologia educacional, os textos impressos não devem ser excluídos, mas serem considerados como meios de alfabetização, pois a leitura aprimora o vocabulário, melhora a redação; porém diferentemente do que era na escola tradicional, onde cabia ao aluno ser objetivo ao manter a visão do autor como sendo algo absoluto; pretende-se atualmente que o texto seja trabalho de modo que possa ser questionado, debatido, valorizando a multiplicidade de interpretações. Além disso, os próprios textos redigidos pelos alunos representam um instrumento que pode ser trabalhado em sala, quando são trocados, por exemplo,
  • 39. 39 para que o outro tenha a experiência de interpretá-lo, questioná-lo e mesmo aprender com as idéias ali expressas.
  • 40. 40 CONCLUSÃO Inseridos num contexto de tantas imagens que saltam diante de nós, e que apresentam significados que são capazes de orientar o comportamento das pessoas, tornando-as alienadas, devemos atribuir à educação um papel que visamos explicitar ser o de esclarecer o objetivo dessas imagens, da linguagem e dos recursos utilizados para que conscientes do que vêem, as pessoas possam pensar sobre as escolhas que fazem. Esse papel da educação fica claro quando analisamos o conteúdo midiático e constatamos que não há o objetivo de desenvolver o raciocínio crítico, mas em gerar valores, condutas, escolhas que atendam ao consumo passivo, atribuindo às pessoas a confusão entre o “ser” e o “ter”, dando a falsa impressão de felicidade momentânea. O processo de alfabetização para a formação de uma consciência crítica sobre o conteúdo midiático exige da comunidade escolar um desempenho dos docentes, partindo do princípio que atuem com vontade e objetivos claros a serem alcançados, e também estejam preparados para utilizar as tecnologias educacionais como instrumentos de aprendizado para a formação, principalmente, de jovens esclarecidos. A escola não pode ficar a margem da sociedade com propostas de trabalho tradicionais, mas atender ao que os alunos já sabem para instigá-los a construir o conhecimento, tirando-os da passividade ao criar um ambiente de confiança e atividades colaborativas mostrando que os docentes não são mais os detentores
  • 41. 41 do saber, mas aqueles que valorizam a criatividade do aluno, ou seja, a sua autonomia. É verdade que se por um lado a mídia com seu conteúdo impregnado de idéias têm condições de tornar os jovens infantis, passivos, intolerantes, e até mesmo comprometer o aprendizado, por outro lado, ela pode ser utilizada pelos docentes para desenvolver seu senso crítico. Dessa forma, os docentes seriam mediadores no uso das tecnologias a fim de dar condições dos alunos fazerem uso da razão, da curiosidade, do questionamento o que permite que tenham uma percepção mais apurada sobre a realidade. As tecnologias a que muitos jovens têm acesso hoje, não podem ser vistas como apenas artifícios de diversão, fazendo com que eles apenas desejem isso, mas essa diversão pode ser orientada quando as tecnologias são utilizadas no meio educacional. Desse modo, a própria interatividade que as tecnologias atualmente dispõem aos jovens, funciona como dispositivo para a participação na produção pelos jovens de um texto, de um vídeo, uma charge, de um blog, um jornal, em fim, de maneira que estejam conscientes do contexto a que estão inseridos, e que possam atuar sobre ele a fim de transformá-lo.
  • 42. 42 BIBLIOGRAFIA ARANHA, Ana. Somos todos hiperativos? Como não deixar o cérebro entrar em colapso numa era em que fazemos tantas coisas ao mesmo tempo. Época. Nº 406, 27 fev. 2006, p. 52-60. BAUERLEIN, Mark. “O americano de 16 anos é um idiota”. Época. Nº 552, 15 dez. 2008, p. 112-114. Entrevista concedida a Peter Moon. BELLONI, Maria Luiza. O que é mídia-educação. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. BENJAMIM, Walter. Textos Escolhidos. Col. Os Pensadores. Tradução de J. L. Grunnewald, São Paulo: Abril Cultural, 1983. CHAUÍ, Marilena. Convite á filosofia. São Paulo: Ática, 2000. FRIEDMAN, Luis Carlos. Vertigens Pós-Modernas: configurações institucionais contemporâneas. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000. GREEN, Bill; BIGUM, Cris. Alienígenas na Sala de Aula. . In. SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Alienígenas na sala de aula: Uma introdução aos estudos culturais da educação, Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
  • 43. 43 JACQUINOT, Geneviève; O que é um educomunicador? Papel da comunicação na formação dos professores, I Congresso Internacional de Comunicação e Educação, São Paulo, 1998. KELLNER, Douglas. Lendo Imagens Criticamente: Em Direção a Uma Pedagogia Pós-moderna. In. SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Alienígenas na sala de aula: Uma introdução aos estudos culturais da educação, Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. LÉVY, Pierre. Cibercultura, Tradução de Carlos Irineu da Costa, São Paulo: Ed. 34, 1999. MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação: Mídias Impressas na Sala de Aula. Disponível na Internet. http://www.webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/Modulos%20Portal/Impresso/Pro f.%20Luís%20Paulo%20Leopoldo%20Mercado/Mídias%20%20Material%20Impre sso/e3_assuntos_a6.html , acesso em 09/01/2009. PINTO, Renata de C. P., A influência da tecnologia sobre o comportamento da sociedade pós-moderna, RJ: Universidade Cândido Mendes. Pós-Graduação Lato Sensu, 2005. www.avezdomestre..com.br, acessado em 19/09/2008. SILVA, Marco. Sala de aula interativa, Rio de Janeiro: Quartet, 4° Ed. 2006. SORJ, Bernardo. brasil@povo.com: A Luta contra a Desigualdade na Sociedade da Informação. RJ: Jorge Zahar, 2003.
  • 45. 45
  • 46. 46 ÍNDICE INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 8 CAPÍTULO I O CONTEÚDO MEDIÁTICO -------------------------------------------------------------------10 1.1 A Sociedade Narcisista ----------------------------------------------------------- 15 CAPÍTULO II ESPECTADORES ACRÍTICOS -------------------------------------------------------------- 19 2.1 A cultura oral, impressa e imagética -------------------------------------------19 2.2 A interatividade ---------------------------------------------------------------------- 25 CAPÍTULO III PROFESSORES MEDIADORES ----------------------------------------------------------- 29 3.1 A escola e a ação do docente --------------------------------------------------31 3.2 Os instrumentos de aprendizagem ------------------------------------------- 33 CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 40 BIBLIGRAFIA ---------------------------------------------------------------------------------------42 ANEXO -----------------------------------------------------------------------------------------------44 INDICE -----------------------------------------------------------------------------------------------46