CAPÍTULO 3
A ciência moderna nos primórdios – Kant e Rousseau – A moderna ciência
moderna –
A moderna mortalidade moderna – Hegel – Kierkegaard e a linha do
desespero
A CIÊNCIA MODERNA NOS PRIMÓRDIOS
     A ciência moderna em seus primórdios foi o
    produto daqueles que viveram no consenso e
    cenário do Cristianismo.

     O cristianismo era necessário para o começo da
    ciência moderna pela simples razão de que o
    cristianismo criou um clima de pensamento que
    colocou o homem em posição de investigar a forma
    do universo.
   Francis Bacon, que afirmou, na obra
    Novum Organum Scientiarum (O
    novo órgão das ciências): “O homem
    pela queda decaiu ao mesmo tempo
    do estado de inocência e do domínio
    sobre a natureza. Ambas essas
    perdas, entretanto, podem ser
    mesmo nesta vida reparadas em
    parte; a primeira religião e pela fé, a
    segunda pelas artes e ciências”.

   Portanto, a ciência como ciência (e a
    arte como arte) foi admitida, no
    melhor sentido, como atividade
    religiosa.

   Bacon não via a ciência como
    autônoma, pois se situava no âmbito
    da revelação das Escrituras ao ponto
    da Queda.

   Todavia, dentro dessa “forma”, a
    ciência (e a arte) era livre e de valor
    intrínseco não só diante dos homens
    como também de Deus.

                                              Francis,Bacon (1561-1626)
Kant (1724-1804)

                       KANT E ROUSSEAU




Rousseau (1712-1778)
KANT E ROUSSEAU
   Quando se chega ao tempo de Kant e Rousseau, o
    senso de autonomia, derivado que foi de Tomás de
    Aquino, já se encontra plenamente desenvolvido.

   Enquanto os homens haviam previamente falado
    de natureza e graça, a esta altura já não mais
    restava qualquer ideia de graça.

   Consequentemente o problema se definia agora
    não em termos de “natureza e graça”, mas de
    “natureza e liberdade”.
   Mudança titânica é esta, que expressa uma situação
    secularizada. A natureza devorou totalmente a graça e o
    que lhe foi deixado em seu lugar no “andar de cima” foi o
    termo “liberdade”.

   A natureza é agora em verdade tão completamente
    autônoma que o determinismo começa a emergir.
    Determinismo que outrora se encontrava somente á porção
    mecânica do universo.

   Determinismo X Liberdade

   homem começa a sentir o peso da máquina a oprimi-
    lo, Rousseau e outros esconjuram e praguejam, por assim
    dizer, a ciência que lhes ameaça a liberdade humana. A
    liberdade que advogam é autônoma em que nada há a
    restringi-la. É a liberdade sem limitações.
   Para apreciarmos a significação deste estágio da formação do
    homem moderno, devemos lembrar que até esta data as
    escolas de filosofia do Ocidente, a partir da era dos
    gregos, tinham três importantes princípios em comum.

   O primeiro é que eram todas racionalistas. Com isto
    queremos dizer que o homem começa absoluta e totalmente
    de si mesmo, coleciona a informação a respeito dos
    particulares e formula os universais.

   Segundo, todas criam no racional. Agiam firmadas no
    pressuposto de que a aspiração humana pela validez da
    razão era bem fundada. Pensavam em termos de antítese. Se
    algo fosse verdadeiro, o oposto não o poderia ser. No campo
    da moral, se um determinado preceito fosse certo, seria
    errado o preceito contrário. Isto é algo que se projeta
    recessivamente até onde pode alcançar o pensamento
    humano.
   O terceiro elemento com que sempre sonharam os
    pensadores no campo da filosofia era o serem capazes
    de construir um todo unificado de conhecimento.
A MODERNA CIÊNCIA MODERNA E A MODERNA
            MORALIDADE MODERNA
   Ciência moderna: uniformidade das causas
    naturais.

   Moderna ciência moderna: uniformidade das
    causas naturais em um sistema fechado.

   Qual, porém o resultado de seu anseio por um
    campo unificado? Vemos que incluem em seu
    naturalismo não mais apenas a física; também a
    psicologia e a ciência social estão agora
    incorporadas à maquina. Afirmam que deve haver
    unidade, não divisão. Entretanto, o único modo de
    atingir-se unidade nesta base é excluindo
    simplesmente a liberdade.
   Em outras palavras, o que realmente aconteceu é que a linha foi removida e
    posta acima de tudo – e no andar superior nada mais se encontra.




   Isto, é claro, tem repercussão na esfera da moral, como:

Se a vida em seu todo é apenas um mecanismo – se isso é tudo o que já – então
a moral na realidade não importa. Não é nada mais que uma palavra para
designar a expressão sociológica.
HEGEL
   Hegel argumentou que por milhares
    de anos tentativas se fizeram para
    achar uma resposta com base na
    antítese e a nenhum resultado
    positivo se havia chegado. O
    pensamento filosófico humanista
    tentara apegar-se ao
    racionalismo, à racionalidade e a
    um campo unificado, mas
    falhara, não lograra êxito.
    Logo, concluiu ele, temos de
    procurar outra maneira de enfrentar
    o problema.

   A nova proposta de Hegel foi a
    seguinte:O pensamento cientifico
    não seria somente baseado na
    antítese mas em uma função entre      Hegel(1770-1831)
    antítese e tese que resultaria em
    uma síntese.
KIERKEGAARD E A LINHA DO DESESPERO
   Kierkegaard abandonou a
    esperança de um campo
    unificado de conhecimento.



                                 Kierkegaard (1813-1855)
Capítulo 3
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A Morte da Razão

Capítulo 3

  • 1. CAPÍTULO 3 A ciência moderna nos primórdios – Kant e Rousseau – A moderna ciência moderna – A moderna mortalidade moderna – Hegel – Kierkegaard e a linha do desespero
  • 2. A CIÊNCIA MODERNA NOS PRIMÓRDIOS  A ciência moderna em seus primórdios foi o produto daqueles que viveram no consenso e cenário do Cristianismo.  O cristianismo era necessário para o começo da ciência moderna pela simples razão de que o cristianismo criou um clima de pensamento que colocou o homem em posição de investigar a forma do universo.
  • 3. Francis Bacon, que afirmou, na obra Novum Organum Scientiarum (O novo órgão das ciências): “O homem pela queda decaiu ao mesmo tempo do estado de inocência e do domínio sobre a natureza. Ambas essas perdas, entretanto, podem ser mesmo nesta vida reparadas em parte; a primeira religião e pela fé, a segunda pelas artes e ciências”.  Portanto, a ciência como ciência (e a arte como arte) foi admitida, no melhor sentido, como atividade religiosa.  Bacon não via a ciência como autônoma, pois se situava no âmbito da revelação das Escrituras ao ponto da Queda.  Todavia, dentro dessa “forma”, a ciência (e a arte) era livre e de valor intrínseco não só diante dos homens como também de Deus. Francis,Bacon (1561-1626)
  • 4. Kant (1724-1804) KANT E ROUSSEAU Rousseau (1712-1778)
  • 5. KANT E ROUSSEAU  Quando se chega ao tempo de Kant e Rousseau, o senso de autonomia, derivado que foi de Tomás de Aquino, já se encontra plenamente desenvolvido.  Enquanto os homens haviam previamente falado de natureza e graça, a esta altura já não mais restava qualquer ideia de graça.  Consequentemente o problema se definia agora não em termos de “natureza e graça”, mas de “natureza e liberdade”.
  • 6. Mudança titânica é esta, que expressa uma situação secularizada. A natureza devorou totalmente a graça e o que lhe foi deixado em seu lugar no “andar de cima” foi o termo “liberdade”.  A natureza é agora em verdade tão completamente autônoma que o determinismo começa a emergir. Determinismo que outrora se encontrava somente á porção mecânica do universo.  Determinismo X Liberdade  homem começa a sentir o peso da máquina a oprimi- lo, Rousseau e outros esconjuram e praguejam, por assim dizer, a ciência que lhes ameaça a liberdade humana. A liberdade que advogam é autônoma em que nada há a restringi-la. É a liberdade sem limitações.
  • 7. Para apreciarmos a significação deste estágio da formação do homem moderno, devemos lembrar que até esta data as escolas de filosofia do Ocidente, a partir da era dos gregos, tinham três importantes princípios em comum.  O primeiro é que eram todas racionalistas. Com isto queremos dizer que o homem começa absoluta e totalmente de si mesmo, coleciona a informação a respeito dos particulares e formula os universais.  Segundo, todas criam no racional. Agiam firmadas no pressuposto de que a aspiração humana pela validez da razão era bem fundada. Pensavam em termos de antítese. Se algo fosse verdadeiro, o oposto não o poderia ser. No campo da moral, se um determinado preceito fosse certo, seria errado o preceito contrário. Isto é algo que se projeta recessivamente até onde pode alcançar o pensamento humano.
  • 8. O terceiro elemento com que sempre sonharam os pensadores no campo da filosofia era o serem capazes de construir um todo unificado de conhecimento.
  • 9. A MODERNA CIÊNCIA MODERNA E A MODERNA MORALIDADE MODERNA  Ciência moderna: uniformidade das causas naturais.  Moderna ciência moderna: uniformidade das causas naturais em um sistema fechado.  Qual, porém o resultado de seu anseio por um campo unificado? Vemos que incluem em seu naturalismo não mais apenas a física; também a psicologia e a ciência social estão agora incorporadas à maquina. Afirmam que deve haver unidade, não divisão. Entretanto, o único modo de atingir-se unidade nesta base é excluindo simplesmente a liberdade.
  • 10. Em outras palavras, o que realmente aconteceu é que a linha foi removida e posta acima de tudo – e no andar superior nada mais se encontra.  Isto, é claro, tem repercussão na esfera da moral, como: Se a vida em seu todo é apenas um mecanismo – se isso é tudo o que já – então a moral na realidade não importa. Não é nada mais que uma palavra para designar a expressão sociológica.
  • 11. HEGEL  Hegel argumentou que por milhares de anos tentativas se fizeram para achar uma resposta com base na antítese e a nenhum resultado positivo se havia chegado. O pensamento filosófico humanista tentara apegar-se ao racionalismo, à racionalidade e a um campo unificado, mas falhara, não lograra êxito. Logo, concluiu ele, temos de procurar outra maneira de enfrentar o problema.  A nova proposta de Hegel foi a seguinte:O pensamento cientifico não seria somente baseado na antítese mas em uma função entre Hegel(1770-1831) antítese e tese que resultaria em uma síntese.
  • 12. KIERKEGAARD E A LINHA DO DESESPERO  Kierkegaard abandonou a esperança de um campo unificado de conhecimento. Kierkegaard (1813-1855)