1	
  
CGL - Módulo 1: “GESTÃO DO NEGÓCIO”
Artigos para Debate
Instrutor: Frederico Amorim
Estudo revela a verdade sobre o ato de
comprar
Pesquisa desvenda o comportamento do consumidor em relação ao varejo e as diferenças e
complementaridades no ato da compra on e off-line.
A explosão do comércio on-line, combinada ao crescimento exponencial da captura e análise de dados
sobre o consumidor (Big Data), está redefinindo as práticas do varejo e as atitudes dos consumidores
mundo afora. Mas, à medida que os consumidores se adaptam às novas tecnologias associadas ao ato
da compra, eles também demonstram certas preocupações: ao afirmar que valorizam o ato de comprar
não apenas como uma transação comercial, mas como uma experiência, os consumidores temem que
a expansão do uso do Big Data defina e restrinja essa experiência.
O novo estudo “Truth About Shopping – a verdade sobre o ato de comprar” analisou as atitudes e os
comportamentos globais dos consumidores em relação às diversas dimensões do ato de comprar –
incluindo a compra on-line, via celular e em lojas físicas –, suas visões sobre dados e privacidade e
suas preferências sobre o ambiente e a experiência de compra.
Conduzido pela McCann Truth Central, a divisão de consumer intelligence do McCann Worldgroup, o
estudo é baseado em entrevistas com mais de 10 mil pessoas em 11 países (África do Sul, Brasil,
Chile, China, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, França, Índia, Inglaterra e México) e
complementado por pesquisas qualitativas nesses e em outros mercados.
No Brasil, foram entrevistadas mil pessoas em todo o país.
A despeito das grandes mudanças observadas no comportamento do consumidor, impactadas por uma
gestão mais científica do varejo por meio da exploração da tecnologia e de dados, o estudo evidencia
que há certos traços que não mudaram com o passar do tempo. “O desafio atual no varejo é: como
manter a arte do ato de comprar viva na era do algoritmo? Acreditamos que é essencial focar na arte da
venda para encontrar um equilíbrio em face da ciência da compra”, pondera Laura Simpson, diretora
global da McCann Truth Central.
Entre os indícios da necessidade desse equilíbrio está o fato de que, para 52% dos respondentes,
 
	
  
	
   2	
  
CGL - Módulo 1: “GESTÃO DO NEGÓCIO”
Artigos para Debate
Instrutor: Frederico Amorim
comprar hoje em dia se tornou algo muito impessoal, sendo que 57% receiam que o uso exacerbado
dos algoritmos restrinja sua capacidade de descobrir novas coisas, caso as empresas sempre mostrem
a elas exatamente aquilo que elas estão procurando.
Ao mesmo tempo, esse receio por parte dos consumidores se mostra uma grande oportunidade para os
varejistas, já que 66% dizem buscar ser inspirados enquanto estão comprando, esperando um toque
pessoal e personalizado.
Isso porque, a despeito do crescente comércio on-line, o comércio “tradicional” ainda tem um grande
espaço na preferência das pessoas e, por consequência, nas vendas. Ao ouvir a palavra “comprar”,
80% dos respondentes (82% no Brasil) disseram estar mais propensos a pensar em compras em lojas
físicas do que on-line (20% globalmente, 18% no Brasil).
“O uso inteligente das informações sobre os consumidores não tem de ser previsível. As marcas
inteligentes estão dominando a prática da surpresa”, avalia Simpson.
On-line x off-line ≠ On-line + off-line
A convergência entre as características do varejo on-line e off-line se mostra a tônica dos desejos do
consumidor atual ao descrever o que seria uma loja ideal. Ou seja, muito mais do que concorrentes,
essas duas dimensões do varejo devem absorver e se inspirar no que a outra tem de melhor a fim de
oferecer uma experiência de compra mais satisfatória como um todo.
Se, por um lado, além da vantagem do toque pessoal, o consumidor também reconhece uma melhoria
geral na qualidade do atendimento off-line nos últimos 10 anos (62% globalmente, 67% no Brasil), por
outro, sua maior familiaridade com os benefícios da compra on-line gera expectativas ainda não
plenamente respondidas pelas lojas físicas.
Entre as queixas mais frequentes ainda estão o atendimento (67% globalmente, 73% no Brasil
concordam que o serviço melhorará na próxima década), a falta de informações e de organização dos
produtos (47% globalmente, 45% no Brasil afirmam que a loja ideal precisa ser muito bem organizada)
e a navegação nas lojas (30% globalmente, 21% no Brasil apontam o quesito como fundamental).
Também chama a atenção o fato de os clientes (24% no Brasil, 11% globalmente) apontarem que uma
loja ideal precisa ter um layout surpreendente, peculiar.
“Alguns parâmetros da experiência on-line que poderiam ser mais absorvidos pelo varejo off-line dizem
respeito a uma melhor organização das lojas, com setores bem identificados e vendedores mais bem
informados”, avalia Luiz Marques, planejador da agência de publicidade WMcCann, responsável pela
supervisão do estudo no Brasil.
Diferentes perfis de compradores
O estudo também buscou mapear os diferentes estilos de compradores, chegando à classificação de 5
perfis, segundo o modo e a categoria de compra: robótico, estudante, apaixonado, explorador e
lutador.
Robótico
Esta é a mentalidade mais negativa e desengajada, presente globalmente em 6% dos consumidores
(3% no Brasil). Os consumidores parecem estar no “piloto automático” em suas experiências de
compra, e é preciso que o lojista faça muito para chamar a sua atenção.
Estudante
Esta é a mentalidade mais prevalecente no mundo (39%), com exceção do Brasil (23%). Os
 
	
  
	
   3	
  
CGL - Módulo 1: “GESTÃO DO NEGÓCIO”
Artigos para Debate
Instrutor: Frederico Amorim
consumidores estão abertos a aprender sobre novos produtos. Eles estão ansiosos para tocar, interagir
e fazer perguntas sobre um item ou uma categoria específica.
Apaixonado
Neste perfil, presente em 14% dos consumidores globais (17% no Brasil), os consumidores estão
buscando ser seduzidos. Eles esperam ser encantados pelos produtos e ofertas, além de receber um
tratamento especial por parte da loja ou dos vendedores.
Explorador
Esta mentalidade é a mais engajada e positiva, presente em 14% dos consumidores globais (17% no
Brasil). Os consumidores estão abertos a experimentar de tudo. Eles querem descobrir, explorar e
realmente ir atrás de suas compras. Eles esperam ser surpreendidos e encantados pela loja ou pelo
produto.
Lutador
Quando os consumidores têm essa mentalidade, eles estão sempre fazendo pesquisas para se armar
com questões e desafios para disparar contra a marca e os seus vendedores. Eles sempre lutam pelo
melhor negócio. Esse é o perfil mais presente entre os brasileiros (40% vs. 27% da média global).
Nesse quesito, a análise também apontou um traço curioso da personalidade do brasileiro. Um quarto
dos entrevistados afirmou que, mesmo gostando de fazer compras, não gosta de ser visto como um
comprador compulsivo ou que esbanja, sendo que 25% afirmaram que se sentiriam ofendidos ou
preocupados se fossem descritos como “shoppers” (compradores). Esse índice é de apenas 12% na
média mundial.
Na contramão, apenas 12% dos brasileiros se sentiriam satisfeitos ou orgulhosos ao ser reconhecidos
como compradores, índice que alcança os 24% mundialmente.
Curiosamente, 89% dos entrevistados brasileiros dizem que as pessoas estão mais materialistas hoje
em comparação a 10 anos atrás. No entanto, apenas 32% deles se consideram “shopaholics”.
Tecnologia é bem-vinda, desde que sutilmente aplicada
Outra tendência identificada pelo Truth About Shopping é a de que os consumidores acolhem bem o
uso da tecnologia no ambiente do varejo desde que ela se faça presente de maneira discreta, intuitiva,
facilitando um comportamento já consolidado do comprador em relação às lojas físicas. “É como se os
compradores já estivessem prontos para as lojas do futuro. 71% dos entrevistados disseram que
gostariam de paredes interativas que permitissem às pessoas experimentar diferentes peças de roupa
sem ter de efetivamente se trocar”, explica Marques. Ainda segundo o executivo, cerca de 50% das
pessoas dizem que se veem no futuro usando meios de pagamento com o uso da digital e da retina.
Nesse contexto, o celular surge como uma plataforma na qual há uma grande necessidade de se criar
uma experiência mais sensorial. Entre os consumidores que fizeram compras pelo celular nos últimos 6
meses, 64% (dado Brasil) se veem comprando exclusivamente pelo aparelho no futuro. Hoje, o mobile-
shopping, no entanto, é mais uma vitrine do que um ambiente de conclusão da compra: boa para
olhar, mas não para comprar (70% globalmente, 63% no Brasil).
“As marcas capazes de formatar suas plataformas mobile a fim de oferecer uma experiência mais rica,
inspiradora, rápida e conveniente, que responda ao desejo momentâneo do consumidor, poderão de
fato explorar todo o potencial do meio”, avalia Marques.
O estudo identificou que, globalmente, incluindo o Brasil, 84% das pessoas estão conscientes de que
as empresas acompanham seu comportamento on-line para recomendar produtos que possam ser do
 
	
  
	
   4	
  
CGL - Módulo 1: “GESTÃO DO NEGÓCIO”
Artigos para Debate
Instrutor: Frederico Amorim
seu agrado. E os clientes, por sua vez, aceitam esse acompanhamento desde que vejam alguma
vantagem na prática: 65% (67% no Brasil) disseram estar dispostos a dividir seus dados se isso os
beneficiarem.
No entanto, 71% se preocupam com a quantidade de informações que as lojas on-line têm sobre eles,
índice que cai drasticamente em se tratando do mercado americano (58%) e que se eleva para 83% no
Brasil.
A análise final da investigação levou o time da McCann Truth Central a estabelecer 5 princípios
recomendados aos varejistas para melhor se relacionarem com o consumidor atual:
seja imperceptível– mescle intuitivamente a tecnologia à experiência física na loja;
seja sensorial– customize a experiência sensorial à plataforma de venda;
seja ludicamente surpreendente– num mundo previsível, é preciso surpreender e divertir;
seja seguro – evolua de uma política de privacidade para uma filosofia de privacidade;
seja social– incremente a experiência social que geralmente já acompanha o ato de comprar.
Fonte: McCann

Mais conteúdo relacionado

PDF
Pesquisa (português) - Varejo - Millenials e a Melhor Idade
DOCX
Release compras online_offline_maio_2015_v2
PDF
Nove em cada dez consumidores virtuais consultam a internet antes de realizar...
PDF
Cgl mod1 artigo_estudos sobre omnishoppers identificam comportamento dos cons...
PDF
10min-total-retail-15
PDF
44% dos consumidores vão pesquisar se descontos da Black Friday são reais
DOCX
Seis em cada dez consumidores virtuais já compraram por impulso na internet
PPT
Os novos rumos do e-commerce no Brasil
Pesquisa (português) - Varejo - Millenials e a Melhor Idade
Release compras online_offline_maio_2015_v2
Nove em cada dez consumidores virtuais consultam a internet antes de realizar...
Cgl mod1 artigo_estudos sobre omnishoppers identificam comportamento dos cons...
10min-total-retail-15
44% dos consumidores vão pesquisar se descontos da Black Friday são reais
Seis em cada dez consumidores virtuais já compraram por impulso na internet
Os novos rumos do e-commerce no Brasil

Mais procurados (20)

PDF
GfK Black Friday 2018
PDF
2012 mkt2866 dimensões de riscos percebidos nas compras realizados em sites
PDF
HSM107-VarejoPwC
DOCX
41% dos brasileiros que compram por impulso estão inadimplentes
PDF
8 em cada 10 consumidores consideram as compras virtuais seguras
PDF
Fatores determinantes da lealdade no varejo eletrônico de intermediação, o pa...
PDF
Report elife - Desejos e intenções de compra da blogosfera
PDF
16a edição | Panorama GS1 Brasil | Agosto 2015
PDF
Marketing digital: Comportamento do consumidor na internet
PDF
Grocery&Drinks 2021 | Relacionamento indústria e consumidor final: diferenci...
PDF
Mobile Life 2013: Showrooming
PDF
Gastos de consumidores virtuais com brinquedos em 2014 chegam a R$ 286,00
PPTX
Por que o mobile veio para ficar.
PPS
ResultsOn Day Negócios Digitais
PDF
EBMQUINTTO Data Report - Mercado Shopping - Agosto/2021
PPTX
O comprador online - MercadoLivre Publicidade
PDF
The Future of E-Commerce - Enterprise | O futuro do e-grocery e seu impacto n...
PDF
Preview - Intenção de Compra (versão light)
PPTX
Planejamento marketing digital
GfK Black Friday 2018
2012 mkt2866 dimensões de riscos percebidos nas compras realizados em sites
HSM107-VarejoPwC
41% dos brasileiros que compram por impulso estão inadimplentes
8 em cada 10 consumidores consideram as compras virtuais seguras
Fatores determinantes da lealdade no varejo eletrônico de intermediação, o pa...
Report elife - Desejos e intenções de compra da blogosfera
16a edição | Panorama GS1 Brasil | Agosto 2015
Marketing digital: Comportamento do consumidor na internet
Grocery&Drinks 2021 | Relacionamento indústria e consumidor final: diferenci...
Mobile Life 2013: Showrooming
Gastos de consumidores virtuais com brinquedos em 2014 chegam a R$ 286,00
Por que o mobile veio para ficar.
ResultsOn Day Negócios Digitais
EBMQUINTTO Data Report - Mercado Shopping - Agosto/2021
O comprador online - MercadoLivre Publicidade
The Future of E-Commerce - Enterprise | O futuro do e-grocery e seu impacto n...
Preview - Intenção de Compra (versão light)
Planejamento marketing digital
Anúncio

Destaque (20)

PPT
Augmented Reality games for the cinema
PPTX
ONE Konferenz: Cloud Computing
PPTX
Generación de la señal de mando de los IGTBs
PDF
The 3futurez holodeck musical - a feature length cinematic VR science fiction...
PPSX
The Future of the Cinema Experience – Shared Augmented Cinema
PDF
Insights into Cinematic VR
PDF
Guia enseñanza taller 1
PDF
PPTX
Mark Wharton Iotic-Labs
PPTX
What is RSS?
PPTX
Gaming in the Cloud: How Gearbox Software Uses Amazon Web Services to Reach M...
PPTX
Virtual Reality and its impact
PDF
Ny svensk lag om visselblåsarskydd - New Swedish law on whistleblower protection
PDF
Virtual Reality Analytics
PDF
Financing and Business Realities Meet Virtual Reality | Jurgen Goeldner
PDF
Der Cloud Computing Goldrausch - Bauernfaenger und echte Chancen
PPTX
3D Virtual Reality Business Games
PDF
IMIA Chiang Spatial Computing - 2016
PDF
Investing in Video & Social Virtual Reality Platforms
PDF
Virtual and Augmented Reality Analytics Digility
Augmented Reality games for the cinema
ONE Konferenz: Cloud Computing
Generación de la señal de mando de los IGTBs
The 3futurez holodeck musical - a feature length cinematic VR science fiction...
The Future of the Cinema Experience – Shared Augmented Cinema
Insights into Cinematic VR
Guia enseñanza taller 1
Mark Wharton Iotic-Labs
What is RSS?
Gaming in the Cloud: How Gearbox Software Uses Amazon Web Services to Reach M...
Virtual Reality and its impact
Ny svensk lag om visselblåsarskydd - New Swedish law on whistleblower protection
Virtual Reality Analytics
Financing and Business Realities Meet Virtual Reality | Jurgen Goeldner
Der Cloud Computing Goldrausch - Bauernfaenger und echte Chancen
3D Virtual Reality Business Games
IMIA Chiang Spatial Computing - 2016
Investing in Video & Social Virtual Reality Platforms
Virtual and Augmented Reality Analytics Digility
Anúncio

Semelhante a Cgl mod1 artigo_estudo_revelaasverdadessobrecomprar (12)

PDF
The high velocity consumer digital - WGSN - O consumidor ultradinâmico
PPTX
Como o digital está mudando o varejo?
PPT
O Melhor do Big Show 2007
PDF
Tendências de Consumo
PDF
Projeto casa grande auto_shopping
DOC
PDF
Comportamento do Consumidor Online - Jonathan Wommer
PDF
Oportunidades e tendências para o seu e-commerce de moda
PDF
14a edição | Panorama GS1 Brasil | Junho 2015
PPT
Varejo 2.0 Como Transformar Clientes Em Fãs
PDF
Uso do Crédito - Modalidades - Cartão
The high velocity consumer digital - WGSN - O consumidor ultradinâmico
Como o digital está mudando o varejo?
O Melhor do Big Show 2007
Tendências de Consumo
Projeto casa grande auto_shopping
Comportamento do Consumidor Online - Jonathan Wommer
Oportunidades e tendências para o seu e-commerce de moda
14a edição | Panorama GS1 Brasil | Junho 2015
Varejo 2.0 Como Transformar Clientes Em Fãs
Uso do Crédito - Modalidades - Cartão

Mais de Instrutores CGL (10)

PDF
Apresentacao modulo3 gestaode_processos_setembro2015_aula1
PDF
Apresentacao modulo3 gestaode_processos_setembro2015_aula3
PDF
Apresentacao modulo3 gestaode_processos_setembro2015_aula2
PDF
Apresentacao modulo1 gestaodo_negocio_agosto2015_aula3
PDF
Apresentacao modulo1 gestaodo_negocio_agosto2015_aula2
PDF
Apresentacao modulo1 gestaodo_negocio_agosto2015_aula1
PDF
Cgl mod1 artigo_ov_arejo_édigitaleponto
PDF
Cgl mod1 artigo_multimarcas_x_franquias
PDF
Cgl mod1 artigo_a loja física volta a brilhar_omnichannel
PDF
Cgl mod1 artigo_10_tendenciasnaomniera
Apresentacao modulo3 gestaode_processos_setembro2015_aula1
Apresentacao modulo3 gestaode_processos_setembro2015_aula3
Apresentacao modulo3 gestaode_processos_setembro2015_aula2
Apresentacao modulo1 gestaodo_negocio_agosto2015_aula3
Apresentacao modulo1 gestaodo_negocio_agosto2015_aula2
Apresentacao modulo1 gestaodo_negocio_agosto2015_aula1
Cgl mod1 artigo_ov_arejo_édigitaleponto
Cgl mod1 artigo_multimarcas_x_franquias
Cgl mod1 artigo_a loja física volta a brilhar_omnichannel
Cgl mod1 artigo_10_tendenciasnaomniera

Cgl mod1 artigo_estudo_revelaasverdadessobrecomprar

  • 1.       1   CGL - Módulo 1: “GESTÃO DO NEGÓCIO” Artigos para Debate Instrutor: Frederico Amorim Estudo revela a verdade sobre o ato de comprar Pesquisa desvenda o comportamento do consumidor em relação ao varejo e as diferenças e complementaridades no ato da compra on e off-line. A explosão do comércio on-line, combinada ao crescimento exponencial da captura e análise de dados sobre o consumidor (Big Data), está redefinindo as práticas do varejo e as atitudes dos consumidores mundo afora. Mas, à medida que os consumidores se adaptam às novas tecnologias associadas ao ato da compra, eles também demonstram certas preocupações: ao afirmar que valorizam o ato de comprar não apenas como uma transação comercial, mas como uma experiência, os consumidores temem que a expansão do uso do Big Data defina e restrinja essa experiência. O novo estudo “Truth About Shopping – a verdade sobre o ato de comprar” analisou as atitudes e os comportamentos globais dos consumidores em relação às diversas dimensões do ato de comprar – incluindo a compra on-line, via celular e em lojas físicas –, suas visões sobre dados e privacidade e suas preferências sobre o ambiente e a experiência de compra. Conduzido pela McCann Truth Central, a divisão de consumer intelligence do McCann Worldgroup, o estudo é baseado em entrevistas com mais de 10 mil pessoas em 11 países (África do Sul, Brasil, Chile, China, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, França, Índia, Inglaterra e México) e complementado por pesquisas qualitativas nesses e em outros mercados. No Brasil, foram entrevistadas mil pessoas em todo o país. A despeito das grandes mudanças observadas no comportamento do consumidor, impactadas por uma gestão mais científica do varejo por meio da exploração da tecnologia e de dados, o estudo evidencia que há certos traços que não mudaram com o passar do tempo. “O desafio atual no varejo é: como manter a arte do ato de comprar viva na era do algoritmo? Acreditamos que é essencial focar na arte da venda para encontrar um equilíbrio em face da ciência da compra”, pondera Laura Simpson, diretora global da McCann Truth Central. Entre os indícios da necessidade desse equilíbrio está o fato de que, para 52% dos respondentes,
  • 2.       2   CGL - Módulo 1: “GESTÃO DO NEGÓCIO” Artigos para Debate Instrutor: Frederico Amorim comprar hoje em dia se tornou algo muito impessoal, sendo que 57% receiam que o uso exacerbado dos algoritmos restrinja sua capacidade de descobrir novas coisas, caso as empresas sempre mostrem a elas exatamente aquilo que elas estão procurando. Ao mesmo tempo, esse receio por parte dos consumidores se mostra uma grande oportunidade para os varejistas, já que 66% dizem buscar ser inspirados enquanto estão comprando, esperando um toque pessoal e personalizado. Isso porque, a despeito do crescente comércio on-line, o comércio “tradicional” ainda tem um grande espaço na preferência das pessoas e, por consequência, nas vendas. Ao ouvir a palavra “comprar”, 80% dos respondentes (82% no Brasil) disseram estar mais propensos a pensar em compras em lojas físicas do que on-line (20% globalmente, 18% no Brasil). “O uso inteligente das informações sobre os consumidores não tem de ser previsível. As marcas inteligentes estão dominando a prática da surpresa”, avalia Simpson. On-line x off-line ≠ On-line + off-line A convergência entre as características do varejo on-line e off-line se mostra a tônica dos desejos do consumidor atual ao descrever o que seria uma loja ideal. Ou seja, muito mais do que concorrentes, essas duas dimensões do varejo devem absorver e se inspirar no que a outra tem de melhor a fim de oferecer uma experiência de compra mais satisfatória como um todo. Se, por um lado, além da vantagem do toque pessoal, o consumidor também reconhece uma melhoria geral na qualidade do atendimento off-line nos últimos 10 anos (62% globalmente, 67% no Brasil), por outro, sua maior familiaridade com os benefícios da compra on-line gera expectativas ainda não plenamente respondidas pelas lojas físicas. Entre as queixas mais frequentes ainda estão o atendimento (67% globalmente, 73% no Brasil concordam que o serviço melhorará na próxima década), a falta de informações e de organização dos produtos (47% globalmente, 45% no Brasil afirmam que a loja ideal precisa ser muito bem organizada) e a navegação nas lojas (30% globalmente, 21% no Brasil apontam o quesito como fundamental). Também chama a atenção o fato de os clientes (24% no Brasil, 11% globalmente) apontarem que uma loja ideal precisa ter um layout surpreendente, peculiar. “Alguns parâmetros da experiência on-line que poderiam ser mais absorvidos pelo varejo off-line dizem respeito a uma melhor organização das lojas, com setores bem identificados e vendedores mais bem informados”, avalia Luiz Marques, planejador da agência de publicidade WMcCann, responsável pela supervisão do estudo no Brasil. Diferentes perfis de compradores O estudo também buscou mapear os diferentes estilos de compradores, chegando à classificação de 5 perfis, segundo o modo e a categoria de compra: robótico, estudante, apaixonado, explorador e lutador. Robótico Esta é a mentalidade mais negativa e desengajada, presente globalmente em 6% dos consumidores (3% no Brasil). Os consumidores parecem estar no “piloto automático” em suas experiências de compra, e é preciso que o lojista faça muito para chamar a sua atenção. Estudante Esta é a mentalidade mais prevalecente no mundo (39%), com exceção do Brasil (23%). Os
  • 3.       3   CGL - Módulo 1: “GESTÃO DO NEGÓCIO” Artigos para Debate Instrutor: Frederico Amorim consumidores estão abertos a aprender sobre novos produtos. Eles estão ansiosos para tocar, interagir e fazer perguntas sobre um item ou uma categoria específica. Apaixonado Neste perfil, presente em 14% dos consumidores globais (17% no Brasil), os consumidores estão buscando ser seduzidos. Eles esperam ser encantados pelos produtos e ofertas, além de receber um tratamento especial por parte da loja ou dos vendedores. Explorador Esta mentalidade é a mais engajada e positiva, presente em 14% dos consumidores globais (17% no Brasil). Os consumidores estão abertos a experimentar de tudo. Eles querem descobrir, explorar e realmente ir atrás de suas compras. Eles esperam ser surpreendidos e encantados pela loja ou pelo produto. Lutador Quando os consumidores têm essa mentalidade, eles estão sempre fazendo pesquisas para se armar com questões e desafios para disparar contra a marca e os seus vendedores. Eles sempre lutam pelo melhor negócio. Esse é o perfil mais presente entre os brasileiros (40% vs. 27% da média global). Nesse quesito, a análise também apontou um traço curioso da personalidade do brasileiro. Um quarto dos entrevistados afirmou que, mesmo gostando de fazer compras, não gosta de ser visto como um comprador compulsivo ou que esbanja, sendo que 25% afirmaram que se sentiriam ofendidos ou preocupados se fossem descritos como “shoppers” (compradores). Esse índice é de apenas 12% na média mundial. Na contramão, apenas 12% dos brasileiros se sentiriam satisfeitos ou orgulhosos ao ser reconhecidos como compradores, índice que alcança os 24% mundialmente. Curiosamente, 89% dos entrevistados brasileiros dizem que as pessoas estão mais materialistas hoje em comparação a 10 anos atrás. No entanto, apenas 32% deles se consideram “shopaholics”. Tecnologia é bem-vinda, desde que sutilmente aplicada Outra tendência identificada pelo Truth About Shopping é a de que os consumidores acolhem bem o uso da tecnologia no ambiente do varejo desde que ela se faça presente de maneira discreta, intuitiva, facilitando um comportamento já consolidado do comprador em relação às lojas físicas. “É como se os compradores já estivessem prontos para as lojas do futuro. 71% dos entrevistados disseram que gostariam de paredes interativas que permitissem às pessoas experimentar diferentes peças de roupa sem ter de efetivamente se trocar”, explica Marques. Ainda segundo o executivo, cerca de 50% das pessoas dizem que se veem no futuro usando meios de pagamento com o uso da digital e da retina. Nesse contexto, o celular surge como uma plataforma na qual há uma grande necessidade de se criar uma experiência mais sensorial. Entre os consumidores que fizeram compras pelo celular nos últimos 6 meses, 64% (dado Brasil) se veem comprando exclusivamente pelo aparelho no futuro. Hoje, o mobile- shopping, no entanto, é mais uma vitrine do que um ambiente de conclusão da compra: boa para olhar, mas não para comprar (70% globalmente, 63% no Brasil). “As marcas capazes de formatar suas plataformas mobile a fim de oferecer uma experiência mais rica, inspiradora, rápida e conveniente, que responda ao desejo momentâneo do consumidor, poderão de fato explorar todo o potencial do meio”, avalia Marques. O estudo identificou que, globalmente, incluindo o Brasil, 84% das pessoas estão conscientes de que as empresas acompanham seu comportamento on-line para recomendar produtos que possam ser do
  • 4.       4   CGL - Módulo 1: “GESTÃO DO NEGÓCIO” Artigos para Debate Instrutor: Frederico Amorim seu agrado. E os clientes, por sua vez, aceitam esse acompanhamento desde que vejam alguma vantagem na prática: 65% (67% no Brasil) disseram estar dispostos a dividir seus dados se isso os beneficiarem. No entanto, 71% se preocupam com a quantidade de informações que as lojas on-line têm sobre eles, índice que cai drasticamente em se tratando do mercado americano (58%) e que se eleva para 83% no Brasil. A análise final da investigação levou o time da McCann Truth Central a estabelecer 5 princípios recomendados aos varejistas para melhor se relacionarem com o consumidor atual: seja imperceptível– mescle intuitivamente a tecnologia à experiência física na loja; seja sensorial– customize a experiência sensorial à plataforma de venda; seja ludicamente surpreendente– num mundo previsível, é preciso surpreender e divertir; seja seguro – evolua de uma política de privacidade para uma filosofia de privacidade; seja social– incremente a experiência social que geralmente já acompanha o ato de comprar. Fonte: McCann