MÓDULO 4
Crises, Embates Ideológicos e Mutações
Culturais na Primeira Década do Século XX
AS TRANSFORMAÇÕES DAS
PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX
2
1
OS TRATADOS DE PAZ E O NOVO EQUÍLIBRIO
3
ASSINATURA DO ARMISTICIO
(11/11/1918)
CONFERÊNCIA DE PAZ DE PARIS
(18/01/1919)
Tratado de Saint-Germain-en-Laye
(10/09/1919)
Tratado de Versalhes
(28/06/1919)
Tratado de Trianon
(04/06/1919)
Tratado de Sèvres
(10/08/1919)
Império Otomano Hungria
Alemanha
Áustria
Bulgária
NOVA GEOGRAFIA POLÍTICA
NOVA ORDEM MUNDIAL
Tratado de Neuilly-Sur-Seine
(27/11/1919)
OS TRATADOS DE PAZ E A NOVA GEOGRAFIA
EUROPEIA
4
Os tratados de paz contribuíram para a alteração
do mapa geográfico da Europa, alterando a
configuração anterior à guerra.
▻ A França recuperou a região da Alsácia-Lorena.
▻ A Itália integrou o Tirol e a Ístria, territórios
anteriormente integrados na Austro-Hungria.
▻ A Grécia incorporou a região da Trácia.
▻ A Austro-Hungria desmembrou-se dando
origem a novos países (Áustria, Hungria e a
Checoslováquia)
▻ A Alemanha perdeu 1/7 do seu território e ficou
dividida em 2 partes (a Prússia Oriental ficou
separada do resto da Alemanha).
OS TRATADOS DE PAZ E A NOVA GEOGRAFIA
EUROPEIA
5
A desagregação dos impérios europeus resultou
no fim da antiga ordem europeia.
▻ Os regimes imperiais foram substituídos por
regimes republicanos de democracia
popular.
▻ Os povos antes integrados nesses impérios e
que estavam oprimidos no seu direito de
nacionalidade, garantiram a sua independência
política – multiplicação dos Estados-Nação.
▻ O equilíbrio do poder mundial reorganizou-se
devido à perda da hegemonia europeia e à
afirmação dos EUA no contexto mundial.
▻ A diplomacia mundial centrou-se na criação de
um organismo destinado a preservar a paz – a
Sociedade das Nações.
Estado-Nação – Entidade que
exerce a sua soberania jurídica e
geográfica sobre um determinado
território e povo, tendo moeda e
forças armadas próprias.
OS TRATADOS DE PAZ E AS DURAS IMPOSIÇÕES
AOS VENCIDOS
6
Os vencidos sofreram pesadas imposições
territoriais que afetaram as áreas geográficas da
Áustria, Bulgária, Turquia e mais duramente a
Alemanha.
▻ A Alemanha perdeu 1/7 do seu território e
foi obrigada a responsabilizar-se pelo
conflito.
▻ Perdeu as suas colónias e parte da sua frota
mercante e de guerra.
▻ Ficou obrigada ao pagamento de pesadas
indeminizações de guerra.
▻ O exército alemão foi reduzido em efetivos e
o serviço militar deixou de ser obrigatório.
▻ A região da Renânia foi ocupada e
desmilitarizada.
▻ A região do Sarre passou a ser administrada
pela Sociedade das Nações e as suas minas
de carvão cedidas à França.
A SOCIEDADE DAS NAÇÕES – FUNDAÇÃO E
OBJETIVOS
7
1919 – TRATADO DE VERSALHES
SOCIEDADE DAS NAÇÕES
(Sede em Genebra)
(A carta fundadora foi assinada por 32 países)
OBJETIVOS
 Promover a redução dos armamentos
 Manter relações internacionais transparentes.
 Respeitar o direito internacional e os tratados
estabelecidos.
 Garantir o respeito pelas minorias nacionais.
 Arbitrar os conflitos entre os Estados.
 Promover a cooperação internacional.
 Impor sanções aos Estados que não respeitassem os
seus princípios.
A SOCIEDADE DAS NAÇÕES - ESTRUTURA
8
ASSEMBLEIA GERAL
(Todos os Estados-Membros)
CONSELHO
(9 Estados-Membros)
(Gestão dos conflitos que ameaçassem a paz)
SECRETARIADO
(Organização dos trabalhos)
Organização Internacional do Trabalho
Tribunal Internacional de Justiça
Banco Internacional
Organização de Saúde
A SOCIEDADE DAS NAÇÕES – O FRACASSO
9
A Sociedade das Nações revelou-se incapaz
de resolver os conflitos que foram surgindo. Essa
incapacidade deveu-se:
▻ A ser composta apenas pelos países
vencedores da I Guerra Mundial – os EUA
não ratificaram o Tratado fundador de
Versalhes e por isso não aderiram..
▻ Os países vencidos que ficaram excluídos
da organização , sentiam-se humilhados
pelas condições impostas.
▻ A ser uma organização dominantemente
europeia.
▻ Entre os países vencedores ressurgiram
rivalidades e lutas pela hegemonia mundial.
Os republicanos que dominavam o Congresso
defendiam uma política isolacionista, apoiando-
se ao mesmo tempo nas ideias económicas de
Keynes, estavam contra a reconstrução dos
países vencedores à custa dos vencidos.
A SOCIEDADE DAS NAÇÕES – O FRACASSO
10
A serpente representa os conflitos
internacionais que deviam ser regulados
pela SDN que está representada pelo
coelho, demonstrando esta caricatura a
incapacidade da SDN em resolver esses
mesmos conflitos.
▻ Alguns países ficaram insatisfeitos com as
compensações (Portugal e Itália).
▻ As minorias nacionais acabaram por não ser
respeitadas n redefinição de fronteiras (a
região dos Sudetas foi incorporada na
Checoslováquia, tendo uma maioria de 6
milhões de origem alemã).
▻ As decisões eram tomadas por unanimidade,
bastando o veto de um país para travar a
tomada de decisões.
▻ A aplicação de sanções não estava definida
claramente e os recursos humanos e
materiais eram insuficientes para manter a
paz.
O FIM DA HEGEMONIA EUROPEIA
11
Após a I guerra ao países europeus ficaram
totalmente desorganizados e sem capacidade de
produzirem e distribuírem bens e garantirem
serviços, a destabilização económica era
evidente.
▻ O aparelho produtivo de muitos países foi
fortemente afetado pela guerra e tornou-
se necessário reconverter as indústrias
que estavam viradas para a produção de
material bélico.
▻ Essas dificuldades contribuíram para a
necessidade de recorrer a abastecimentos
americanos, ficando a Europa dependente
desses abastecimentos – endividamento
europeu.
O FIM DA HEGEMONIA EUROPEIA
12
▻ A dificuldade em pagar os empréstimos
contraídos levava à contratação de novos
empréstimos desequilibrando a balança
de pagamentos – agravamento do déficit.
▻ A solução para esse endividamento era
recorrer à emissão de mais papel-moeda
– desvalorização monetária.
▻ A desvalorização monetária foi seguida
pela subida de preços.
▻ O aumento da procura e a falta de bens de
consumo acompanhados pela subida de
preços e pela desvalorização monetária
resultaram numa inflação galopante.
13
O marco começou a cair, atingindo quedas fantásticas, que criavam a situação paradoxal de existirem milhões que nada valiam.
E foi então que começou na Alemanha a verdadeira [ ... ] inflação monetária [ ... ]. Havia dias em que um jornal da manhã custava
cinquenta mil marcos e um da tarde cem mil. Quem tinha dinheiro estrangeiro para trocar, procurava fazê-lo de hora a hora, porque
sabia que as suas notas valiam mais às quatro horas do que às três [ ... ]. Nesse tempo, quem viajava nos elétricos pagava com notas
de milhões de marcos e o dinheiro era transportado em carroças do Banco Imperial para os outros bancos. Não era então difícil
encontrar nas valetas notas de cem mil marcos que qualquer miserável tivesse desdenhosamente deitado fora. [ ... ] Uma simples
portada numa janela valia mais do que outrora o prédio inteiro, e um livro custava mais do que uma tipografia e com uma nota de cem
dólares podiam-se comprar filas de prédios de seis andares na Kurfürstendamm avenida em Berlim Uma fábrica custava antes tanto
como agora um simples carrinho de mão. [ ... ] Havia moços de recados que se alcandoravam a banqueiros, lançando-se em
manobras financeiras. Sobre todos esses aventureiros, destacava-se a figura gigantesca de Stinnes, o especulador número um.
Aproveitando-se das circunstâncias excecionais, comprava tudo o que lhe caía nas mãos - minas de carvão e barcos, montanhas de
ações, castelos e quintas e o que é mais inverosímil ainda é que comprava tudo por nada [ ... ]. Entretanto multidões de
desempregados levantavam os punhos à passagem dos automóveis onde se refastelavam os traficantes ou os estrangeiros que
podiam adquirir ruas de prédios com a mesma facilidade com que qualquer um compra uma caixa de fósforos. Vivia-se numa época
em que uma pessoa que mal soubesse ler e escrever podia lançar-se decididamente na voragem da especulação [ ... ].
Stefan Zweig, O Mundo de Ontem, 1942.
A ASCENSÃO DOS EUA E O DESENVOLVIMENTO
DA ECONOMIA AMERICANA
14
Durante a guerra os EUA forneceram à
Europa material bélico, mantimentos e capitais –
aumento elevado dos lucros americanos.
▻ Após a guerra os EUA emprestaram
capitais para a reconstrução europeia ao
mesmo tempo que as exportações para
o continente europeu aumentavam.
▻ Os EUA passaram de devedores a
credores da Europa – metade dos stocks
mundiais de ouro estavam nos EUA e
Nova Iorque tornou-se o centro
financeiro mundial.
▻ 1920-1921 – A economia americana foi
abalada por uma crise devido à quebra
da procura europeia.
A ASCENSÃO DOS EUA E O DESENVOLVIMENTO
DA ECONOMIA AMERICANA
15
A crise de 1920-1921 nos EUA abalou a
economia capitalista americana que teve que
responder rapidamente às dificuldades criadas.
▻ A crise da 1921 caraterizou-se por uma
quebra da produção acompanhada por
uma queda dos preços e pelo aumento
do desemprego.
▻ A resposta dada à crise assentou numa
aposta na concentração capitalista de
empresas, na aplicação de métodos de
racionalização do trabalho e no reforço
do setor terciário.
▻ Em 1924 a economia americana iniciou
um novo período de prosperidade que se
estendeu até 1929.
A ASCENSÃO DOS EUA E O DESENVOLVIMENTO
DA ECONOMIA AMERICANA
16
Entre 1925 e 1929, o mundo capitalista
viveu um período de prosperidade assente na
produção em massa e no consumo em massa.
▻ Os EUA atravessaram um período de
prosperidade que deu origem a um
novo estilo de vida – American Way of
Life.
▻ A era de prosperidade estendeu-se à
Europa, tendo aí ficado conhecida por
“loucos anos 20”.
▻ Nesse período viveu-se uma era de
consumismo – sociedade de consumo
– assente na publicidade e na venda a
crédito que se tornaram o motor do
desenvolvimento comercial e industrial.
A RÚSSIA CZARISTA – A RÚSSIA NAS VÉSPERAS
DA REVOLUÇÃO
17
SITUAÇÃO POLÍTICA SITUAÇÃO SOCIAL
• Sociedade tradicional assente nas
caraterísticas da sociedade de ordens do
antigo regime.
• Nobreza – ocupava os principais cargos
políticos e administrativos.
• Burguesia – Sem poder económico exigia a
democratização do regime.
• Camponeses – Representavam 85% da
população e viviam na miséria.
• Operários – Em número crescente exigiam
melhores salários e melhores condições de
vida
• Regime político caraterizado pelo
autoritarismo e conservadorismo do
czar.
• O governo era apoiado pela nobreza,
clero e exército.
• Desrespeito pelas nacionalidades
(russificação).
• Censura política e intelectual e
perseguição aos opositores.
SITUAÇÃO ECONÓMICA
• Predomínio da agricultura (atrasada e
subdesenvolvida).
• Comércio deficitário (balança comercial
desfavorável).
• Industrialização reduzida.
• Dependência financeira do estrangeiro
(recurso a empréstimos)
ESTADO ATRASADO E REPRESSIVO
A RÚSSIA CZARISTA – A RÚSSIA NAS VÉSPERAS
DA REVOLUÇÃO
18
Em 1905 surgiu uma revolta espontânea
de trabalhadores que ficou conhecida por
“Domingo Sangrento”.
▻ A revolta de 1905 para além de estar
associada ao período de fome que se
vivia na Rússia, serviu também para
exigir o fim da censura e a garantia de
mais direitos para o povo
▻ Apesar de rapidamente dominada pelo
Czar, serviu para que se apercebesse
que tinha de dar uma imagem de maior
abertura do regime:
▻ Abertura da Duma (Parlamento).
▻ Autorização para a criação de
partidos políticos.
A RÚSSIA CZARISTA – A RÚSSIA NAS VÉSPERAS
DA REVOLUÇÃO
19
SISTEMA PARTIDÁRIO RUSSO ANTERIOR À REVOLUÇÃO
SOCIALISTAS REVOLUCIONÁRIOS (SR)
CONSTITUCIONAIS DEMOCRATAS (KD)
Partido camponês dirigido por intelectuais que
defendia a coletivização da economia
Partido burguês defensor da democracia liberal de
modelo inglês (parlamentarismo)
PARTIDO OPERÁRIO SOCIAL-DEMOCRATA RUSSO
BOLCHEVIQUES
(maioria radical liderada por Lenine defendia a tomada
do poder pela via revolucionária)
MENCHEVIQUES
(minoria moderada liderada que defendia a conquista
do poder pela luta política)
A RÚSSIA CZARISTA – A RÚSSIA NAS VÉSPERAS
DA REVOLUÇÃO
20
• Os camponeses reclamavam terras que estavam
nas mãos dos grandes proprietários.
• Operariado pouco numeroso mas muito
reivindicativo (exigia melhorias salariais e
melhores condições de trabalho).
• A burguesia e nobreza liberal exigiam mudanças
que conduzissem à abertura do regime e à
modernização do país.
PERIODO DE TENSÕES SOCIAIS E POLÍTICAS (1917)
SITUAÇÃO
AGRAVADA
• Diminuição da produção agrícola e industrial devido
à mobilização da mão-de-obra ativa.
• Aumento da inflação e do custo de vida.
• Desorganização económica acompanhada pela falta
de géneros e fome.
• Pesadas derrotas russas (2 milhões de mortos em
1917) e as deserções de soldados.
PARTICIPAÇÃO RUSSA NA I GUERRA MUNDIAL
AMBIENTE GENERALIZADO DE DESCONTENTAMENTO
E OPOSIÇÃO AO REGIME
DA REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO À REVLUÇÃO DE
OUTUBRO DE 1917
21
Entre 23 e 27 de fevereiro sucederam-se
várias manifestações de mulheres acompanhadas
por greves operárias em Sampetersburgo.
▻ O Czar tentou reprimir as manifestações
mas os soldados recusavam intervir e foram
aderindo aos sovietes.
▻ 27 de fevereiro – Soldados e camponeses
assaltaram o palácio de Czar.
▻ 2 de março – Abdicação do Czar entregando
o poder à Duma – Instauração da República.
▻ O poder foi entregue pela Duma a um
governo provisório liderado pelos burgueses
mencheviques Lvov e Kerensky – apoiados
pela burguesia liberal e pelos socialistas
moderados.
SOVIETE – Palavra que significa
assembleia ou conselho. Era
constituído por delegados do povo,
soldados e operários. Os primeiros
foram formados em 1905 e tinham a
função revolucionária de organizar
greves.
PROGRAMA DO GOVERNO PROVISÓRIO
• Instauração da democracia parlamentar e do
sufrágio universal.
• Abolição dos privilégios sociais.
• Defender a manutenção da Rússia na guerra.
Alexander Kerensky
DA REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO À REVLUÇÃO DE
OUTUBRO DE 1917
22
Na verdade após a Revolução de Fevereiro, a
Rússia viveu uma situação de poder dual:
▻ O governo provisório dispunha do poder
legal, mas os sovietes assumiram um
papel de intervenção ativa e de agitação
permanente junto da população.
▻ Os sovietes exerciam oposição constante
ao governo provisório apresentando
propostas diferentes para o rumo da
revolução.
▻ Abril de 1917 – Lenine regressa do exílio
e assume que o potencial da revolução
ainda não estava esgotado – passa a
defender a entrega do poder aos sovietes
- Teses de Abril.
A REVOLUÇÃO BOLCHEVIQUE DE OUTUBRO DE 1917
23
Na noite de 24 para 25 de outubro Lenine
apoiado pelos Guardas Vermelhos (milícias
bolcheviques) inicia uma nova etapa, assumindo o
controlo de pontos estratégicos em
Sampetersburgo:
▻ O governo provisório foi derrubado e o II
Congresso dos Sovietes, entregou de
imediato o poder ao Conselho dos
Comissários do Povo, liderado por Lenine
– estava consumada a Revolução de
Outubro.
▻ Lenine tinha agora a oportunidade de
aplicar a doutrina marxista devidamente
adaptada à realidade russa – o
Marxismo-Leninismo.
Marxismo - Leninismo – Teoria
política e económica com base na
doutrina marxista adaptada por
Lenine realidade russa e que defendia:
• O papel do proletariado rural e
urbano na conquista do poder pela
via revolucionária.
• O recurso à força e violência para
aplicar a ditadura do proletariado.
• O poder político devia estar nas
mãos do partido bolchevique que
se assumia como defensor dos
interesses operários.
• A internacionalização da revolução
operária.
A DEMOCRACIA DOS SOVIETES
24
O novo governo iniciou funções com a
publicação de 4 decretos que iam de encontro às
exigências populares e dos sovietes
▻ Decreto sobre a Paz – Criava condições
para negociações de paz e retirada da
Rússia da I Guerra Mundial.
▻ Decreto sobre a Terra – Estabelecia a
abolição da grande propriedade e a sua
entrega aos sovietes.
▻ Decreto do Controlo Operário – Entregava
aos operários o controlo da produção nas
fábricas.
▻ Decreto das Nacionalidades – Reconhecia
a igualdade e soberania das várias
nacionalidades que compunham a Rússia,
DEMOCRACIA DOS SOVIETES
A Rússia torna-se uma República de sovietes
passando a democracia a ser vista como
expressão dos interesses operários.
AS DIFICULDADES DE AÇÃO DO GOVERNO
BOLCHEVIQUE
25
Várias circunstâncias dificultaram a ação
do governo revolucionário:
▻ A paz assinada com a Alemanha foi
penalizadora para a Rússia – perdeu
territórios (Estados Bálticos e Finlândia),
população, áreas de cultivo e minas.
▻ Os proprietários agrícolas e
empresários resistiram à coletivização
dos meios de produção.
▻ A adesão da população russa a projeto
bolchevique foi reduzida, devido à
dificuldade de reintegrar os soldados, à
inflação e às dificuldades de vida.
▻ Oposição das democracias europeias.
Em Dezembro de 1917 nas eleições para a Assembleia Constituinte
os bolcheviques obtiveram apenas 25% dos votos e os bolcheviques
suspenderam, por isso, a Assembleia.
Lenine optou por afirmar o poder
revolucionário recorrendo à guerra civil.
O COMUNISMO DE GUERRA (1918-1920)
26
Entre 1918 e 1920, ocorreu um período de
guerra civil que opôs o Exército Vermelho
(bolcheviques) ao Exército Branco
(contrarrevolucionários) apoiados pelas
democracias ocidentais.
▻ Durante esse período de guerra civil, os
bolcheviques reforçaram o poder do Estado,
tendo como objetivo salvar a Revolução e
impor a ditadura do proletariado à força –
Comunismo de Guerra
O COMUNISMO DE GUERRA (1918-1920)
27
• Abandono dos decretos sobre a terra e controlo operário – fim da democracia dos sovietes.
• Nacionalização de toda a economia (coletivização das terras e entrega das colheitas; nacionalização das indústrias com
mais de 5 operários, dos bancos e do comércio interno e externo) – Ao Estado competiria a distribuição dos produtos
conforme as necessidades revolucionárias.
• Instauração do trabalho obrigatório, atribuição de salários conforme o rendimento e prolongamento do horário de
trabalho.
• Proibição do comércio livre e imposição da venda de produtos a preços fixados pelo Estado.
• Proibição de qualquer forma de oposição e liberdade de expressão (jornais não bolcheviques eram proibidos).
• Proibição dos partidos políticos à exceção do bolchevique que foi alvo de purgas para afastar qualquer oposição ou desvio
da doutrina.
• Reforço da polícia política (Tcheka) criada em 1917 – Perseguiu contrarrevolucionários e inimigos da Revolução.
• Criação em 1919 da III Internacional Comunista (Komintern) para reforçar o controlo dos partidos comunistas em todo o
mundo e preparar a revolução mundial
COMUNISMO DE GUERRA
O CENTRALISMO DEMOCRÁTICO
28
Durante o Comunismo de Guerra e a guerra
civil, o Partido Comunista (designação atribuída
durante esse período) teve tendência a reforçar o
seu poder para enfrentar as resistências.
▻ Para Lenine, a sua visão de socialismo só
era possível se o Estado fosse forte,
disciplinado e democrático – O conciliar da
democracia com a disciplina deu origem ao
Centralismo Democrático.
▻ Na vertente democrática, defendia o sufrágio
universal para a eleição dos órgãos do
Estado de e do partido de baixo para cima.
▻ Na vertente de centralismo, o controlo era
exercido por duas forças de cima para baixo:
Uma a partir dos órgãos de topo do Estado,
outra a partir dos órgãos de topo do partido.
Centralismo Democrático – Princípio
que regula a organização do Partido
Comunista e do Estado:
• O centralismo traduz-se numa
hierarquia rígida e num poder
concentrado no órgão partidário
mais elevado, onde se definem as
diretrizes que têm que ser
rigorosamente cumpridas.
• O sentido democrático está na
emanação do poder através das
bases através do sufrágio universal
de baixo para cima.
O CENTRALISMO DEMOCRÁTICO
29
Como eram as mesmas personalidades que
frequentemente desempenhavam funções no partido
e no Estado – o Partido Comunista acabou por
assumir o papel de partido único.
▻ Estado e partido confundiam-se nas suas
atribuições e responsabilidades, acabando
isso por resultar num sistema totalitário de
partido único.
▻ No XI Congresso do Partido Comunista
(1922) foi aprovada a criação da URSS (União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas)
▻ Apesar de assumir caraterísticas de uma
federação de múltiplas nacionalidades
acabou por se assumir como um Estado
centralizado que limitava a autonomia
das várias nacionalidades.
A NEP – NOVA POLÍTICA ECONÓMICA (1921-1927)
30
A conjuntura económica e social desastrosa
que resultou da guerra civil em conjunto com a
aplicação do Comunismo de Guerra obrigou Lenine
a um recuo estratégico.
▻ 1921 – Lenine optou pela aplicação da NEP
(Nova Politica Económica) substituindo o
Comunismo de Guerra.
▻ A NEP consistiu num retorno temporário ao
capitalismo e à economia de mercado com
o objetivo de garantir a sobrevivência da
revolução socialista.
▻ A NEP teve resultados positivos ao nível do
aumento da produção industrial e agrícola,
tendo-se refletido isso no crescimento do
comércio.
A NEP – NOVA POLÍTICA ECONÓMICA (1921-1927)
31
▻ A nível social a NEP contribuiu para o surgir
de duas novas classes: os kulaks (pequenos
proprietários locais) e os Nepmen (pequenos
industriais e comerciantes).
▻ Apesar de colocar em causa os princípios
fundadores da Rússia Soviética e dividir
opiniões (ódio do Partido Comunista e dos
bolcheviques) a NEP acabou por revitalizar a
sociedade.
▻ Após a morte de Lenine e a ascensão de
Estaline ao poder, ela acabou por ser
abandonada, retornando-se aos princípios
marxistas.
O IMPACTO DO SOCIALISMO SOVIÉTICO
32
Após a guerra (1918), o agravamento das
condições de vida contribuiu para o fortalecimento e
crescimento dos movimentos operários e para a
ascensão de novas ideias políticas e radicais.
▻ O agravamento das condições de vida
motivaram o aparecimento de movimentos
operários que procuravam seguir o exemplo
socialista soviético com o seu apoio.
▻ Paralelamente, perante o risco de expansão
do socialismo e o agravar das condições
económicas e sociais, surgiram movimentos
autoritários e antidemocráticos.
▻ A situação política do pós-guerra demonstrou
claramente a crise das democracias liberais –
regressão do demoliberalismo.
A VIDA URBANA NA DÉCADA DE 20
33
A proliferação dos grandes centros urbanos, a
comunicação à distância e a maior rapidez dos
transportes contribuíram para a alteração dos ritmos
de vida e das relações entre as pessoas .
▻ Na grande cidade, o desconhecimento entre
os seus habitantes, instalou a desconfiança, o
afastamento e afirmou-se a indiferença social.
▻ A população urbana submeteu-se ao mesmo
género de vida quotidiana (horários de
trabalho, de transportes, etc.) – os ritmos de
vida padronizaram-se.
▻ Os grandes centros urbanos deram origem à
massificação social – sociedades de massas
caraterizadas pelo anonimato e que trouxeram
fortes mudanças nos comportamentos.
AS TRANSFORMAÇÕES NA VIDA URBANA:
A NOVA SOCIABILIDADE
34
A estandardização e massificação do estilo de
vida urbano ficou marcado por novos hábitos que
incluíam novos espaços de lazer e diversão – os
cinemas, os teatros, o music-hall, os cabarés e os
night-clubs.
▻ Desenvolveu-se o gosto pelo exótico e pela
cultura afro-americana (afirmação do jazz; a
cantora afro-americana Josephine Baker
causou escândalo ao dançar seminua).
▻ A acessibilidade aos meios de comunicação
– rádio, cinema e telefone – generalizou um
modelo de vida marcado pelo consumo,
pelo ócio e pelas distrações.
▻ No cinema afirmaram-se ídolos como: Mary
Pickford, Buster Keaton e Charlie Chaplin.
AS TRANSFORMAÇÕES NA VIDA URBANA:
A NOVA SOCIABILIDADE
35
Os EUA desenvolveram como grande potência,
um estilo de vida que influenciou a Europa – “American
Way of Life” que influenciou a Europa.
▻ Esse estilo de vida – a cultura do ócio –
baseado no gosto pelas distrações, pelo
consumo e pelo divertimento foi facilitado pelo
crescimento das classes médias e pela
melhoria do nível de vida.
▻ Quem tinha capacidade financeira realizava
viagens de lazer pelas grades cidades dos EUA
e da Europa.
▻ Nova Iorque e Paris assumiram-se como
centros culturais que ditavam modas e gostos.
▻ Nos anos 20 a frequência de espetáculos
desportivos marcou também o quotidiano: boxe,
futebol, ciclismo, ténis, etc.
AS TRANSFORMAÇÕES NA VIDA URBANA:
A NOVA SOCIABILIDADE
36
As alterações do pós-guerra na sociabilidade
e nos comportamentos tornaram a flapper no
símbolo da mulher urbana – vivia a sua vida de
forma dinâmica e rompia com todas as regras.
▻ As mulheres cortavam o cabelo à garçonne,
as cinturas desceram, as saias encurtaram
até ao joelho e usavam maquilhagem.
▻ A mulher dos anos 20, trabalhava de dia e
saía à noite – frequentava cabarés, night-
clubs, fumava, bebia, conduzia automóveis
e praticava desporto.
▻ A mulher assumiu uma postura menos
formal – a conquista dessa liberdade
individual feminina contribuiu para uma
nova forma de relacionamento entre sexos
– maior liberdade sexual.
A CRISE DOS VALORES TRADICIONAIS
37
Antes da I Guerra Mundial vivia-se de acordo
com uma mentalidade confiante e otimista, assente
nos valores da sociedade burguesa – acreditava na
ciência e no progresso como construtoras do
progresso.
▻ Os efeitos da I Guerra Mundial contribuíram
para a transformação da sociedade – a
sociedade abalada pela guerra procurava
esquecer o passado e cortar com as tradições
e modelos que conduziram à guerra.
▻ Os valores burgueses da segunda metade do
século XIX entraram em crise – conflito de
gerações e de cultura.
▻ Surgiu um clima de anomia social (sentimento
de insatisfação e vazio face ao quotidiano;
ausência de modelos e referências) que
A CRISE DOS VALORES TRADICIONAIS:
A EMANCIPAÇÃO FEMININA
38
O relativismo dos valores acelerou as
mudanças em curso, nomeadamente a emancipação
feminina.
▻ O movimento feminista organizado já existia
desde o século XIX – a luta feminina centrou-
se na luta pelo direito de acesso à educação e
pelo fim do seu estatuto de menoridade, etc.
▻ Nos inícios do séc. XX, o movimento feminista
centrou-se no direito ao voto – movimento
sufragista.
▻ No anos 20, a alteração do papel da mulher
contribuiu para o reforço do movimento
feminista.
▻ No pós-guerra as mulheres consolidaram a
sua posição jurídica na família e passaram a
A CRISE DOS VALORES TRADICIONAIS:
A EMANCIPAÇÃO FEMININA
39
Vários fatores contribuíram para a alteração do
papel da mulher durante os anos 20, entre eles:
▻ A mulher substituiu os homens nas fábricas,
conquistando dessa forma a independência
económica e o direito de integrar o mercado
de trabalho.
▻ A mulher deixou de ser apenas mãe e esposa
dependente da autoridade do marido.
▻ A mulher passou a executar tarefas que antes
eram apenas masculinas: conduzir, praticar
desporto, frequentar clubes noturnos, etc.
▻ A mulher usufruía de maior liberdade na vida
doméstica devido à introdução dos primeiros
eletrodomésticos.
A DESCRENÇA NO POSITIVISMO
E AS NOVAS CONCEÇÕES CIENTÍFICAS
40
Desde meados do século XIX a conceção
científica dominante era o positivismo – crença no
poder do raciocínio matemático e na ciência como
únicas fontes de conhecimento:
▻ O mundo do positivismo era visto como
perfeitamente ordenado e regido por leis
claras e objetivas.
▻ Nos inícios do século XX, a conceção do
homem e do universo alterou-se radicalmente
– começou a pôr-se em causa o pensamento
positivista nas diversas áreas científicas:
▻ Filosofia – Bergson atacou o positivismo,
valorizando o poder da intuição para conhecer
a realidade.
A DESCRENÇA NO POSITIVISMO
E AS NOVAS CONCEÇÕES CIENTÍFICAS
41
▻ História - Benedetto Croce contestou as
teorias positivistas, afirmando que todo o
conhecimento histórico é sempre relativo e
subjetivo.
▻ Microfísica – Max Planck através da teoria
quântica concluiu que a troca de energia
entre os átomos não é suave nem uniforme
– a teoria concluiu que o mundo não era
regido por regras fixas.
▻ Física – Albert Einstein através da sua teoria
da relatividade concluiu que o espaço e o
tempo eram relativos e dependentes um do
outro.
▻ As teorias de Planck e Einstein acabaram por
contribuir para a afirmação do relativismo.
Relativismo – Visão científica
que afirma a impossibilidade
do conhecimento absoluto – o
conhecimento depende das
condições, do tempo, do meio e
do sujeito que conhece.
A DESCRENÇA NO POSITIVISMO
E AS NOVAS CONCEÇÕES CIENTÍFICAS
42
Outra figura de relevância no meio científico
dos inícios do século XX foi Sigmund Freud que com
a sua teoria da psicanálise causou grande polémica:
▻ A teoria da psicanálise deu origem a uma
nova dimensão de Homem ao dividir a mente
em id (inconsciente), ego (consciente) e
superego (inibidor do consciente – valores).
▻ A noção do inconsciente (impulsos, medos,
desejos sexuais e irracionais) conduziu a uma
nova dimensão menos racional do Homem.
▻ Segundo Freud só através da interpretação do
sonho era possível chegar ao inconsciente.
▻ A teoria da psicanálise para além de
polémica acabou por ter grande impacto ao
nível da arte e da cultura.
AS VANGUARDAS E A RUTURA COM
OS CÂNONES DAS ARTES E DA LITERATURA
43
Modernismo – Designação atribuída
aos vários movimentos de artes
plásticas, literatura, arquitetura e
música que marcaram os finais do
século XIX e inícios do século XX.
Defendia a rutura com a tradição
académica , valorizando em sua
substituição a liberdade criativa, a
força emocional e a subjetividade.
As correntes modernistas tiveram origem em
Paris, tendo sido influenciadas pelas profundas
alterações económicas, sociais, mentais e
tecnológicas, bem como pelo impacto da I Guerra
Mundial.
▻ Ao modernismo ficaram ligadas as vanguardas
culturais – movimentos que romperam com o
gosto dominante e com o academismo
artístico, tendo posto em causa as regras e os
cânones estabelecidos.
▻ As caraterísticas principais dessas vanguardas
eram a inovação e a provocação, procurando
através delas romper com as regras e valores
instituídos, impondo um desejo de mudança
que seguisse como exemplo a vida moderna
(progresso técnico e científico, a velocidade, a
máquina e a revolução urbana.
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O FAUVISMO
44
O fauvismo surgiu em 1905 aquando da
realização da exposição de outono em Paris que foi
visitada pelo crítico de artes Vauxcelles e que perante
as obras expostas apelidou os pintores de fauves
(feras).
▻ Entre os principais artistas do movimento
estiveram: Henri Matisse, Maurice Vlaminck e
André Derain.
CARATERÍSTICAS DO FAUVISMO
• Valorização das cores fortes, vibrantes e antinaturais
sobre a forma (distanciamento em relação ao
figurativo)
• Privilegia o sentimento e a subjetividade do artista
(pinta o que sente e não o que vê)
• A expressividade é marcada pela rudeza das
pinceladas.
• Rutura com o academismo.
• A perspetiva é distorcida e as regras de proporção
são esquecidas.
• Criação a partir do impulso.
• Os temas privilegiados foram o retrato, a natureza
morta e as paisagens naturais.
• Os pintores foram influenciados pela arte oriental
(bidimensionalidade japonesa) e africana.
Maurice Vlaminck, Restaurante da
Máquina em Bougival, c.1905
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS:
O FAUVISMO
45
André Derain, Ponte sobre o Rio Riou, 1906
Henri Matisse, Mulher com Chapéu, 1905
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS:
O EXPRESSIONISMO
46
O expressionismo surgiu em 1905, na
Alemanha, inspirado nas obras de Van Gogh, Edvard
Munch e dos fauvistas franceses
▻ Entre os principais artistas do movimento
estiveram: Ernest Kirchner, Emil Molde, Paul
Klee, Wassily Kandinsky, etc.
Ernest Kirchner, Rua de Dresden, 1908
CARATERÍSTICAS DO EXPRESSIONISMO
• Valoriza a emoção (expressão de sentimentos, energias e tensões).
• A temática é às vezes, angustiante, privilegiando a crítica social à
sociedade burguesa.
• Faz representação de temáticas marginais (circo, cabarés, bordéis).
• Foi influenciado pela arte primitiva (acreditavam estar liberta de
estereótipos e preconceitos).
• Utiliza as cores fortes e contrastantes.
• A pincelada e forte e agressiva.
• O contorno a preto confere maior dramatismo e intensidade às obras.
• Os artistas procuram criar de forma livre, pura e autêntica.
• As formas são distorcidas para melhor refletir o drama do homem e
da sociedade.
• O movimento Cavaleiro Azul privilegiou formas não figurativas,
abrindo caminho à abstração.
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS:
O EXPRESSIONISMO
47
Wassily Kandinsky, Vista de Murnau, 1909 Edvard Munch, O Grito, 1893
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS:
O CUBISMO
48
O cubismo surgiu em 1907, com o lançamento
das obras de Pablo Picasso «Les Dmoiselles
d’Avignon» e Georges Braque «Casas d’Estaque»
▻ Foi influenciado pelas obras de Cézanne, ao
nível da geometrização das formas e pela arte
africana.
Pablo Picasso, Les Demoiselles d’Avignon, 1907
CARATERÍSTICAS DO CUBISMO
• Rejeita a perspetiva tradicional, representando os
objetos segundo múltiplos pontos de vista.
• Utilizou a bidimensionalidade.
• Os objetos eram fragmentados e distorcidos,
representando frações da realidade.
• A representação do corpo humano era reduzida aos
seus elementos geométricos básicos.
• As formas eram mais importantes que a cor.
• A representação de visões simultâneas influenciou
outras vanguardas (o futurismo).
Georges Braque, Casas de Estaque,
1908
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS:
O CUBISMO
49
Pablo Picasso, O Acordeonista, 1911 Georges Braque, A Mesa do Músico, 1913
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS:
O FUTURISMO
50
O futurismo surgiu em Itália, em 1909, através
da publicação do Manifesto Futurista de Marinetti.
▻ Entre os principais artistas do movimento
estiveram: Giacomo Balla, Umberto Boccioni e
Carlo Carrá.
Umberto Boccioni, A Carga dos Lanceiros, 1915
CARATERÍSTICAS DO FUTURISMO
• Os futuristas glorificavam o futuro e defendiam o
progresso da civilização
• Contestava a sociedade aristocrática e burguesa e o
academismo.
• Assumiu um caráter agressivo e subversivo, glorificando
a guerra e o militarismo
• Desvalorizava as obras do passado e glorificava o
automóvel, o avião e os cheiros da cidade.
• Valorizou o movimento, a velocidade e o dinamismo.
• O mundo urbano, a máquina e a vida moderna são os
elementos centrais das obras.
• O movimento era representado através de linhas e
formas justapostas.
• Aplicou técnicas do cubismo: a decomposição dos
planos e o fracionamento dos objetos.
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS:
O FUTURISMO
51
Giacomo Balla, A Velocidade do Automóvel, 1913
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS:
O ABSTRACIONISMO
52
O abstracionismo surgiu por volta de 1910,
influenciado pelas obras de Wassily Kandisky.
▻ Entre os principais artistas do movimento
estiveram: Wassily Kandinsky e Piet Mondrian.
Wassily Kandinsky, Sem Título, 1910
CARATERÍSTICAS DO ABSTRACIONISMO
• Eliminação da figuração e do objeto – a realidade deixa
de ser um objetivo.
• Explosão de cores, linhas e formas que representavam o
estado de espírito do artista e não a realidade.
• Valorizava as cores primárias (azul, amarelo e vermelho)
e as “não cores” (negro, cinza e branco).
• O espaço das telas era bidimensional.
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS:
O ABSTRACIONISMO
53
Wassily Kandinsky, Composição VII, 1913 Piet Mondrian, Composição A, 1923
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS:
O DADAÍSMO
54
O dadaísmo surgiu em Zurique, na Suíça
quando Tristan Tzara lançou o Manifesto Dadaísta
em 1918.
▻ Entre os principais artistas do movimento
estiveram: Hans Harp, Francis Picabia, Max
Ernst, Marcel Janko e Marcel Duchamp.
▻ Impressionados pelo clima de caos e
sofrimento causados pela guerra, os
dadaístas negaram os conceitos e técnicas
artísticas tradicionais, anulando assim o
conceito tradicional de arte – a verdadeira
arte era a antiarte (tudo pode ser arte).
▻ Foi um movimento de reação e provocação
à sociedade burguesa da época – negavam
os seus valores e conceitos culturais e
artísticos.
Marcel Duchamp, Mona Lisa de Bigode, 1919
Marcel Duchamp, A Fonte, 1917
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS:
O DADAÍSMO
55
Ingres, A Banhista de Valpiçon, 1808 Man Ray, O Violino de Ingres, 1924
CARATERÍSTICAS DO DADAÍSMO
• Foi um movimento abrangente: cinema, teatro, literatura,
fotografia, pintura e escultura.
• Os temas eram provocatórios, explorando conteúdos
insólitos e incongruentes – non-sense (sem sentido).
• Utilizava objetos do quotidiano, sem valor, encontrados
ao acaso - ready-made - transformando-os em objetos
artísticos.
• Valorizou as colagens de diferentes materiais.
• Utilizou o método criativo aleatório – o inconsciente
dominava o processo criativo.
• Por volta de 1920, o movimento estagnou e alguns dos
seus membros aderiram ao surrealismo.
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS:
O SURREALISMO
56
O surrealismo teve origem em 1928
quando André Bretton lançou o seu Manifesto
Surrealista.
▻ Entre os principais artistas do
movimento estiveram: Salvador Dali,
René Magritte, Hans Harp, Juan Miró,
André Masson, etc.
▻ Influenciado pela psicanálise e pela
interpretação dos sonhos de Freud,
considerou a arte como um veículo
para uma nova dimensão do Homem –
o Inconsciente
▻ Os temas centravam-se em tudo o que
se afasta-se da racionalização – o
mundo dos sonhos e o erotismo –
criando uma nova realidade surrealista.
Salvador Dali, A Persistência da Memória, 1931
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS:
O ABSTRACIONISMO
57
René Magritte, Golconda, 1953 Juan Miró, O Carnaval do Arlequim, 1924
OS NOVOS CAMINHOS DA LITERATURA
58
A literatura também sentiu necessidade
de pôr em causa os valores e tradições
literárias dominantes (realismo).
▻ A tendência foi libertar a obra literária
daquilo que era a realidade concreta
– abandona-se a descrição ordenada
e realista da sociedade e dos
acontecimentos.
▻ As obras começaram a privilegiar a
visão psicológica e interior das
personagens, pondo de parte a
narrativa de uma ação.

Mais conteúdo relacionado

PDF
Sermão de Santo António - Resumo
DOCX
História A - módulo 3, 4 e 6
PDF
AMOR DE PERDIÇÃO - SINTESE
PDF
03 historia a_revisões_módulo_3
PDF
Resumos 10ano
PPTX
11 ha m4 u2 2
PDF
O espaço português 1
PPT
Módulo 7 contexto histórico
Sermão de Santo António - Resumo
História A - módulo 3, 4 e 6
AMOR DE PERDIÇÃO - SINTESE
03 historia a_revisões_módulo_3
Resumos 10ano
11 ha m4 u2 2
O espaço português 1
Módulo 7 contexto histórico

Mais procurados (20)

PPT
A civilização industrial
PDF
00 05 revisoes_modulo_5
PDF
00 04 revisoes_modulo_4
PDF
5 05 a o legado do liberalismo na primeira metade do seculo xix
PPSX
Hegemonia inglesa
PPTX
História 11ºano ( matéria do 1º período)
PDF
5 03 a geografia dos movimentos revolucionários
PDF
6 01 as transformacoes economicas na europa e no mundo
PDF
04 historia a_revisoes_modulo_4
PDF
6 03 evolucao democratica nacionalismo e imperialismo
PPTX
11 ha m4 u3 3
PDF
5 05 a o legado do liberalismo na primeira metade do seculo xix alunos
PPTX
4 03 triunfo dos estados e dinamicas economicas nos seculos xvii e xviii
PDF
4 04 construção da modernidade europeia
PDF
04 história a_revisões_módulo_4
PDF
03_02 O alargamento do conhecimento do Mundo.pdf
PPTX
A abertura ao mundo
PPTX
Portugal e as dificuldades económicas
PDF
6 01 as transformações economicas na europa e no mundo_alunos
PDF
4 03 triunfo dos estados e dinamicas economicas nos seculos xvii e xviii
A civilização industrial
00 05 revisoes_modulo_5
00 04 revisoes_modulo_4
5 05 a o legado do liberalismo na primeira metade do seculo xix
Hegemonia inglesa
História 11ºano ( matéria do 1º período)
5 03 a geografia dos movimentos revolucionários
6 01 as transformacoes economicas na europa e no mundo
04 historia a_revisoes_modulo_4
6 03 evolucao democratica nacionalismo e imperialismo
11 ha m4 u3 3
5 05 a o legado do liberalismo na primeira metade do seculo xix alunos
4 03 triunfo dos estados e dinamicas economicas nos seculos xvii e xviii
4 04 construção da modernidade europeia
04 história a_revisões_módulo_4
03_02 O alargamento do conhecimento do Mundo.pdf
A abertura ao mundo
Portugal e as dificuldades económicas
6 01 as transformações economicas na europa e no mundo_alunos
4 03 triunfo dos estados e dinamicas economicas nos seculos xvii e xviii
Anúncio

Semelhante a Crises, embates e Mutações mas Primeiras Décadas do Século XX (20)

PDF
resumo-global-exame-historia12ano-a (1).pdf
PDF
resumo-global-exame-historia-a (1).pdf
PDF
Resumo global-exame-historia-a
PPTX
Apresentação economia e liberalismo
PPTX
1 guerra
PPTX
1ª guerra mundial
PPT
Primeira guerra mundial
PDF
Caderno Diário A Primeira Guerra Mundial e as transformações do pós-guerra n...
PPT
A primeira guerra mundial
PPT
A primeira guerra mundial
PPT
A primeira guerra mundial
PPTX
Primeira guerra mundial
PPTX
Aula 3 [3-2022] - A caminho da guerra.pptx
PPT
A Europa e o Mundo no Limiar do Séc. XX
PDF
7 01 parte_1_as_transformações_das_primeiras_décadas_do_século_xx
PPT
Primeira guerra 2013
PPT
Primeira grande guerra mundial professora Maida Marciano
PPT
Primeira Guerra Mundial E F
PPTX
1ª GUERRA E CRISE DE 1929.
PDF
Caderno Diário 1ª guerra mundial
resumo-global-exame-historia12ano-a (1).pdf
resumo-global-exame-historia-a (1).pdf
Resumo global-exame-historia-a
Apresentação economia e liberalismo
1 guerra
1ª guerra mundial
Primeira guerra mundial
Caderno Diário A Primeira Guerra Mundial e as transformações do pós-guerra n...
A primeira guerra mundial
A primeira guerra mundial
A primeira guerra mundial
Primeira guerra mundial
Aula 3 [3-2022] - A caminho da guerra.pptx
A Europa e o Mundo no Limiar do Séc. XX
7 01 parte_1_as_transformações_das_primeiras_décadas_do_século_xx
Primeira guerra 2013
Primeira grande guerra mundial professora Maida Marciano
Primeira Guerra Mundial E F
1ª GUERRA E CRISE DE 1929.
Caderno Diário 1ª guerra mundial
Anúncio

Último (20)

PPTX
ISTs (1).pptx doenças sexualmente transmissiveis
PPTX
Gesto de Sala de Aulae a A mediação de conflitos
PPTX
NORMA 17 - ERGONOMIA NO TRABALHO - SST.pptx
PDF
Educacao_Contempranea_educação paulo freire
PDF
Contradições Existentes no Velho e Novo Testamento. PDF gratuito
PDF
RESUMO BIOLOGIA, TODA MATRIA DE BIOLOGIA,
PDF
livro Ebook_Informatica_Aplicada_UnP.pdf
PPTX
REVISA_GOIAS_3_SERIE_LP_2_BIMESTRE_PPT.pptx
PPTX
LETRAMENTO MATEMÁTICO ALFABETIZA MAIS PARAÍBA
PPTX
Rochas, relevo e solo/ ensino médio.pptx
PDF
A verdade sobre Jesus. (Jesus Cristo no islam)
PPT
Processos+Químicos+Industriais+-+Anchieta.ppt
PPTX
Aulas explicativa sobre Biotecnologia e ISTs.pptx
PPTX
Crédito em um contexto mais amplo (dívidas).pptx
PDF
MIDR- Desenvolvimento regional apostila
PDF
Termo de cessão de direitos autorais - Seduc-SP
PPTX
Aula de Psicofarmacologia: Psicotrópicos
PDF
Caderno do Futuro - História - 9º Ano - Professor.pdf
PPT
Aulão dos descritores SAEB-SAEPE maio - slide aulão 2.ppt
PDF
COMPETENCIAS-ESPECÍFICAS-RAMO-EESCOTEIRO.pdf
ISTs (1).pptx doenças sexualmente transmissiveis
Gesto de Sala de Aulae a A mediação de conflitos
NORMA 17 - ERGONOMIA NO TRABALHO - SST.pptx
Educacao_Contempranea_educação paulo freire
Contradições Existentes no Velho e Novo Testamento. PDF gratuito
RESUMO BIOLOGIA, TODA MATRIA DE BIOLOGIA,
livro Ebook_Informatica_Aplicada_UnP.pdf
REVISA_GOIAS_3_SERIE_LP_2_BIMESTRE_PPT.pptx
LETRAMENTO MATEMÁTICO ALFABETIZA MAIS PARAÍBA
Rochas, relevo e solo/ ensino médio.pptx
A verdade sobre Jesus. (Jesus Cristo no islam)
Processos+Químicos+Industriais+-+Anchieta.ppt
Aulas explicativa sobre Biotecnologia e ISTs.pptx
Crédito em um contexto mais amplo (dívidas).pptx
MIDR- Desenvolvimento regional apostila
Termo de cessão de direitos autorais - Seduc-SP
Aula de Psicofarmacologia: Psicotrópicos
Caderno do Futuro - História - 9º Ano - Professor.pdf
Aulão dos descritores SAEB-SAEPE maio - slide aulão 2.ppt
COMPETENCIAS-ESPECÍFICAS-RAMO-EESCOTEIRO.pdf

Crises, embates e Mutações mas Primeiras Décadas do Século XX

  • 1. MÓDULO 4 Crises, Embates Ideológicos e Mutações Culturais na Primeira Década do Século XX
  • 2. AS TRANSFORMAÇÕES DAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX 2 1
  • 3. OS TRATADOS DE PAZ E O NOVO EQUÍLIBRIO 3 ASSINATURA DO ARMISTICIO (11/11/1918) CONFERÊNCIA DE PAZ DE PARIS (18/01/1919) Tratado de Saint-Germain-en-Laye (10/09/1919) Tratado de Versalhes (28/06/1919) Tratado de Trianon (04/06/1919) Tratado de Sèvres (10/08/1919) Império Otomano Hungria Alemanha Áustria Bulgária NOVA GEOGRAFIA POLÍTICA NOVA ORDEM MUNDIAL Tratado de Neuilly-Sur-Seine (27/11/1919)
  • 4. OS TRATADOS DE PAZ E A NOVA GEOGRAFIA EUROPEIA 4 Os tratados de paz contribuíram para a alteração do mapa geográfico da Europa, alterando a configuração anterior à guerra. ▻ A França recuperou a região da Alsácia-Lorena. ▻ A Itália integrou o Tirol e a Ístria, territórios anteriormente integrados na Austro-Hungria. ▻ A Grécia incorporou a região da Trácia. ▻ A Austro-Hungria desmembrou-se dando origem a novos países (Áustria, Hungria e a Checoslováquia) ▻ A Alemanha perdeu 1/7 do seu território e ficou dividida em 2 partes (a Prússia Oriental ficou separada do resto da Alemanha).
  • 5. OS TRATADOS DE PAZ E A NOVA GEOGRAFIA EUROPEIA 5 A desagregação dos impérios europeus resultou no fim da antiga ordem europeia. ▻ Os regimes imperiais foram substituídos por regimes republicanos de democracia popular. ▻ Os povos antes integrados nesses impérios e que estavam oprimidos no seu direito de nacionalidade, garantiram a sua independência política – multiplicação dos Estados-Nação. ▻ O equilíbrio do poder mundial reorganizou-se devido à perda da hegemonia europeia e à afirmação dos EUA no contexto mundial. ▻ A diplomacia mundial centrou-se na criação de um organismo destinado a preservar a paz – a Sociedade das Nações. Estado-Nação – Entidade que exerce a sua soberania jurídica e geográfica sobre um determinado território e povo, tendo moeda e forças armadas próprias.
  • 6. OS TRATADOS DE PAZ E AS DURAS IMPOSIÇÕES AOS VENCIDOS 6 Os vencidos sofreram pesadas imposições territoriais que afetaram as áreas geográficas da Áustria, Bulgária, Turquia e mais duramente a Alemanha. ▻ A Alemanha perdeu 1/7 do seu território e foi obrigada a responsabilizar-se pelo conflito. ▻ Perdeu as suas colónias e parte da sua frota mercante e de guerra. ▻ Ficou obrigada ao pagamento de pesadas indeminizações de guerra. ▻ O exército alemão foi reduzido em efetivos e o serviço militar deixou de ser obrigatório. ▻ A região da Renânia foi ocupada e desmilitarizada. ▻ A região do Sarre passou a ser administrada pela Sociedade das Nações e as suas minas de carvão cedidas à França.
  • 7. A SOCIEDADE DAS NAÇÕES – FUNDAÇÃO E OBJETIVOS 7 1919 – TRATADO DE VERSALHES SOCIEDADE DAS NAÇÕES (Sede em Genebra) (A carta fundadora foi assinada por 32 países) OBJETIVOS  Promover a redução dos armamentos  Manter relações internacionais transparentes.  Respeitar o direito internacional e os tratados estabelecidos.  Garantir o respeito pelas minorias nacionais.  Arbitrar os conflitos entre os Estados.  Promover a cooperação internacional.  Impor sanções aos Estados que não respeitassem os seus princípios.
  • 8. A SOCIEDADE DAS NAÇÕES - ESTRUTURA 8 ASSEMBLEIA GERAL (Todos os Estados-Membros) CONSELHO (9 Estados-Membros) (Gestão dos conflitos que ameaçassem a paz) SECRETARIADO (Organização dos trabalhos) Organização Internacional do Trabalho Tribunal Internacional de Justiça Banco Internacional Organização de Saúde
  • 9. A SOCIEDADE DAS NAÇÕES – O FRACASSO 9 A Sociedade das Nações revelou-se incapaz de resolver os conflitos que foram surgindo. Essa incapacidade deveu-se: ▻ A ser composta apenas pelos países vencedores da I Guerra Mundial – os EUA não ratificaram o Tratado fundador de Versalhes e por isso não aderiram.. ▻ Os países vencidos que ficaram excluídos da organização , sentiam-se humilhados pelas condições impostas. ▻ A ser uma organização dominantemente europeia. ▻ Entre os países vencedores ressurgiram rivalidades e lutas pela hegemonia mundial. Os republicanos que dominavam o Congresso defendiam uma política isolacionista, apoiando- se ao mesmo tempo nas ideias económicas de Keynes, estavam contra a reconstrução dos países vencedores à custa dos vencidos.
  • 10. A SOCIEDADE DAS NAÇÕES – O FRACASSO 10 A serpente representa os conflitos internacionais que deviam ser regulados pela SDN que está representada pelo coelho, demonstrando esta caricatura a incapacidade da SDN em resolver esses mesmos conflitos. ▻ Alguns países ficaram insatisfeitos com as compensações (Portugal e Itália). ▻ As minorias nacionais acabaram por não ser respeitadas n redefinição de fronteiras (a região dos Sudetas foi incorporada na Checoslováquia, tendo uma maioria de 6 milhões de origem alemã). ▻ As decisões eram tomadas por unanimidade, bastando o veto de um país para travar a tomada de decisões. ▻ A aplicação de sanções não estava definida claramente e os recursos humanos e materiais eram insuficientes para manter a paz.
  • 11. O FIM DA HEGEMONIA EUROPEIA 11 Após a I guerra ao países europeus ficaram totalmente desorganizados e sem capacidade de produzirem e distribuírem bens e garantirem serviços, a destabilização económica era evidente. ▻ O aparelho produtivo de muitos países foi fortemente afetado pela guerra e tornou- se necessário reconverter as indústrias que estavam viradas para a produção de material bélico. ▻ Essas dificuldades contribuíram para a necessidade de recorrer a abastecimentos americanos, ficando a Europa dependente desses abastecimentos – endividamento europeu.
  • 12. O FIM DA HEGEMONIA EUROPEIA 12 ▻ A dificuldade em pagar os empréstimos contraídos levava à contratação de novos empréstimos desequilibrando a balança de pagamentos – agravamento do déficit. ▻ A solução para esse endividamento era recorrer à emissão de mais papel-moeda – desvalorização monetária. ▻ A desvalorização monetária foi seguida pela subida de preços. ▻ O aumento da procura e a falta de bens de consumo acompanhados pela subida de preços e pela desvalorização monetária resultaram numa inflação galopante.
  • 13. 13 O marco começou a cair, atingindo quedas fantásticas, que criavam a situação paradoxal de existirem milhões que nada valiam. E foi então que começou na Alemanha a verdadeira [ ... ] inflação monetária [ ... ]. Havia dias em que um jornal da manhã custava cinquenta mil marcos e um da tarde cem mil. Quem tinha dinheiro estrangeiro para trocar, procurava fazê-lo de hora a hora, porque sabia que as suas notas valiam mais às quatro horas do que às três [ ... ]. Nesse tempo, quem viajava nos elétricos pagava com notas de milhões de marcos e o dinheiro era transportado em carroças do Banco Imperial para os outros bancos. Não era então difícil encontrar nas valetas notas de cem mil marcos que qualquer miserável tivesse desdenhosamente deitado fora. [ ... ] Uma simples portada numa janela valia mais do que outrora o prédio inteiro, e um livro custava mais do que uma tipografia e com uma nota de cem dólares podiam-se comprar filas de prédios de seis andares na Kurfürstendamm avenida em Berlim Uma fábrica custava antes tanto como agora um simples carrinho de mão. [ ... ] Havia moços de recados que se alcandoravam a banqueiros, lançando-se em manobras financeiras. Sobre todos esses aventureiros, destacava-se a figura gigantesca de Stinnes, o especulador número um. Aproveitando-se das circunstâncias excecionais, comprava tudo o que lhe caía nas mãos - minas de carvão e barcos, montanhas de ações, castelos e quintas e o que é mais inverosímil ainda é que comprava tudo por nada [ ... ]. Entretanto multidões de desempregados levantavam os punhos à passagem dos automóveis onde se refastelavam os traficantes ou os estrangeiros que podiam adquirir ruas de prédios com a mesma facilidade com que qualquer um compra uma caixa de fósforos. Vivia-se numa época em que uma pessoa que mal soubesse ler e escrever podia lançar-se decididamente na voragem da especulação [ ... ]. Stefan Zweig, O Mundo de Ontem, 1942.
  • 14. A ASCENSÃO DOS EUA E O DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA AMERICANA 14 Durante a guerra os EUA forneceram à Europa material bélico, mantimentos e capitais – aumento elevado dos lucros americanos. ▻ Após a guerra os EUA emprestaram capitais para a reconstrução europeia ao mesmo tempo que as exportações para o continente europeu aumentavam. ▻ Os EUA passaram de devedores a credores da Europa – metade dos stocks mundiais de ouro estavam nos EUA e Nova Iorque tornou-se o centro financeiro mundial. ▻ 1920-1921 – A economia americana foi abalada por uma crise devido à quebra da procura europeia.
  • 15. A ASCENSÃO DOS EUA E O DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA AMERICANA 15 A crise de 1920-1921 nos EUA abalou a economia capitalista americana que teve que responder rapidamente às dificuldades criadas. ▻ A crise da 1921 caraterizou-se por uma quebra da produção acompanhada por uma queda dos preços e pelo aumento do desemprego. ▻ A resposta dada à crise assentou numa aposta na concentração capitalista de empresas, na aplicação de métodos de racionalização do trabalho e no reforço do setor terciário. ▻ Em 1924 a economia americana iniciou um novo período de prosperidade que se estendeu até 1929.
  • 16. A ASCENSÃO DOS EUA E O DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA AMERICANA 16 Entre 1925 e 1929, o mundo capitalista viveu um período de prosperidade assente na produção em massa e no consumo em massa. ▻ Os EUA atravessaram um período de prosperidade que deu origem a um novo estilo de vida – American Way of Life. ▻ A era de prosperidade estendeu-se à Europa, tendo aí ficado conhecida por “loucos anos 20”. ▻ Nesse período viveu-se uma era de consumismo – sociedade de consumo – assente na publicidade e na venda a crédito que se tornaram o motor do desenvolvimento comercial e industrial.
  • 17. A RÚSSIA CZARISTA – A RÚSSIA NAS VÉSPERAS DA REVOLUÇÃO 17 SITUAÇÃO POLÍTICA SITUAÇÃO SOCIAL • Sociedade tradicional assente nas caraterísticas da sociedade de ordens do antigo regime. • Nobreza – ocupava os principais cargos políticos e administrativos. • Burguesia – Sem poder económico exigia a democratização do regime. • Camponeses – Representavam 85% da população e viviam na miséria. • Operários – Em número crescente exigiam melhores salários e melhores condições de vida • Regime político caraterizado pelo autoritarismo e conservadorismo do czar. • O governo era apoiado pela nobreza, clero e exército. • Desrespeito pelas nacionalidades (russificação). • Censura política e intelectual e perseguição aos opositores. SITUAÇÃO ECONÓMICA • Predomínio da agricultura (atrasada e subdesenvolvida). • Comércio deficitário (balança comercial desfavorável). • Industrialização reduzida. • Dependência financeira do estrangeiro (recurso a empréstimos) ESTADO ATRASADO E REPRESSIVO
  • 18. A RÚSSIA CZARISTA – A RÚSSIA NAS VÉSPERAS DA REVOLUÇÃO 18 Em 1905 surgiu uma revolta espontânea de trabalhadores que ficou conhecida por “Domingo Sangrento”. ▻ A revolta de 1905 para além de estar associada ao período de fome que se vivia na Rússia, serviu também para exigir o fim da censura e a garantia de mais direitos para o povo ▻ Apesar de rapidamente dominada pelo Czar, serviu para que se apercebesse que tinha de dar uma imagem de maior abertura do regime: ▻ Abertura da Duma (Parlamento). ▻ Autorização para a criação de partidos políticos.
  • 19. A RÚSSIA CZARISTA – A RÚSSIA NAS VÉSPERAS DA REVOLUÇÃO 19 SISTEMA PARTIDÁRIO RUSSO ANTERIOR À REVOLUÇÃO SOCIALISTAS REVOLUCIONÁRIOS (SR) CONSTITUCIONAIS DEMOCRATAS (KD) Partido camponês dirigido por intelectuais que defendia a coletivização da economia Partido burguês defensor da democracia liberal de modelo inglês (parlamentarismo) PARTIDO OPERÁRIO SOCIAL-DEMOCRATA RUSSO BOLCHEVIQUES (maioria radical liderada por Lenine defendia a tomada do poder pela via revolucionária) MENCHEVIQUES (minoria moderada liderada que defendia a conquista do poder pela luta política)
  • 20. A RÚSSIA CZARISTA – A RÚSSIA NAS VÉSPERAS DA REVOLUÇÃO 20 • Os camponeses reclamavam terras que estavam nas mãos dos grandes proprietários. • Operariado pouco numeroso mas muito reivindicativo (exigia melhorias salariais e melhores condições de trabalho). • A burguesia e nobreza liberal exigiam mudanças que conduzissem à abertura do regime e à modernização do país. PERIODO DE TENSÕES SOCIAIS E POLÍTICAS (1917) SITUAÇÃO AGRAVADA • Diminuição da produção agrícola e industrial devido à mobilização da mão-de-obra ativa. • Aumento da inflação e do custo de vida. • Desorganização económica acompanhada pela falta de géneros e fome. • Pesadas derrotas russas (2 milhões de mortos em 1917) e as deserções de soldados. PARTICIPAÇÃO RUSSA NA I GUERRA MUNDIAL AMBIENTE GENERALIZADO DE DESCONTENTAMENTO E OPOSIÇÃO AO REGIME
  • 21. DA REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO À REVLUÇÃO DE OUTUBRO DE 1917 21 Entre 23 e 27 de fevereiro sucederam-se várias manifestações de mulheres acompanhadas por greves operárias em Sampetersburgo. ▻ O Czar tentou reprimir as manifestações mas os soldados recusavam intervir e foram aderindo aos sovietes. ▻ 27 de fevereiro – Soldados e camponeses assaltaram o palácio de Czar. ▻ 2 de março – Abdicação do Czar entregando o poder à Duma – Instauração da República. ▻ O poder foi entregue pela Duma a um governo provisório liderado pelos burgueses mencheviques Lvov e Kerensky – apoiados pela burguesia liberal e pelos socialistas moderados. SOVIETE – Palavra que significa assembleia ou conselho. Era constituído por delegados do povo, soldados e operários. Os primeiros foram formados em 1905 e tinham a função revolucionária de organizar greves. PROGRAMA DO GOVERNO PROVISÓRIO • Instauração da democracia parlamentar e do sufrágio universal. • Abolição dos privilégios sociais. • Defender a manutenção da Rússia na guerra. Alexander Kerensky
  • 22. DA REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO À REVLUÇÃO DE OUTUBRO DE 1917 22 Na verdade após a Revolução de Fevereiro, a Rússia viveu uma situação de poder dual: ▻ O governo provisório dispunha do poder legal, mas os sovietes assumiram um papel de intervenção ativa e de agitação permanente junto da população. ▻ Os sovietes exerciam oposição constante ao governo provisório apresentando propostas diferentes para o rumo da revolução. ▻ Abril de 1917 – Lenine regressa do exílio e assume que o potencial da revolução ainda não estava esgotado – passa a defender a entrega do poder aos sovietes - Teses de Abril.
  • 23. A REVOLUÇÃO BOLCHEVIQUE DE OUTUBRO DE 1917 23 Na noite de 24 para 25 de outubro Lenine apoiado pelos Guardas Vermelhos (milícias bolcheviques) inicia uma nova etapa, assumindo o controlo de pontos estratégicos em Sampetersburgo: ▻ O governo provisório foi derrubado e o II Congresso dos Sovietes, entregou de imediato o poder ao Conselho dos Comissários do Povo, liderado por Lenine – estava consumada a Revolução de Outubro. ▻ Lenine tinha agora a oportunidade de aplicar a doutrina marxista devidamente adaptada à realidade russa – o Marxismo-Leninismo. Marxismo - Leninismo – Teoria política e económica com base na doutrina marxista adaptada por Lenine realidade russa e que defendia: • O papel do proletariado rural e urbano na conquista do poder pela via revolucionária. • O recurso à força e violência para aplicar a ditadura do proletariado. • O poder político devia estar nas mãos do partido bolchevique que se assumia como defensor dos interesses operários. • A internacionalização da revolução operária.
  • 24. A DEMOCRACIA DOS SOVIETES 24 O novo governo iniciou funções com a publicação de 4 decretos que iam de encontro às exigências populares e dos sovietes ▻ Decreto sobre a Paz – Criava condições para negociações de paz e retirada da Rússia da I Guerra Mundial. ▻ Decreto sobre a Terra – Estabelecia a abolição da grande propriedade e a sua entrega aos sovietes. ▻ Decreto do Controlo Operário – Entregava aos operários o controlo da produção nas fábricas. ▻ Decreto das Nacionalidades – Reconhecia a igualdade e soberania das várias nacionalidades que compunham a Rússia, DEMOCRACIA DOS SOVIETES A Rússia torna-se uma República de sovietes passando a democracia a ser vista como expressão dos interesses operários.
  • 25. AS DIFICULDADES DE AÇÃO DO GOVERNO BOLCHEVIQUE 25 Várias circunstâncias dificultaram a ação do governo revolucionário: ▻ A paz assinada com a Alemanha foi penalizadora para a Rússia – perdeu territórios (Estados Bálticos e Finlândia), população, áreas de cultivo e minas. ▻ Os proprietários agrícolas e empresários resistiram à coletivização dos meios de produção. ▻ A adesão da população russa a projeto bolchevique foi reduzida, devido à dificuldade de reintegrar os soldados, à inflação e às dificuldades de vida. ▻ Oposição das democracias europeias. Em Dezembro de 1917 nas eleições para a Assembleia Constituinte os bolcheviques obtiveram apenas 25% dos votos e os bolcheviques suspenderam, por isso, a Assembleia. Lenine optou por afirmar o poder revolucionário recorrendo à guerra civil.
  • 26. O COMUNISMO DE GUERRA (1918-1920) 26 Entre 1918 e 1920, ocorreu um período de guerra civil que opôs o Exército Vermelho (bolcheviques) ao Exército Branco (contrarrevolucionários) apoiados pelas democracias ocidentais. ▻ Durante esse período de guerra civil, os bolcheviques reforçaram o poder do Estado, tendo como objetivo salvar a Revolução e impor a ditadura do proletariado à força – Comunismo de Guerra
  • 27. O COMUNISMO DE GUERRA (1918-1920) 27 • Abandono dos decretos sobre a terra e controlo operário – fim da democracia dos sovietes. • Nacionalização de toda a economia (coletivização das terras e entrega das colheitas; nacionalização das indústrias com mais de 5 operários, dos bancos e do comércio interno e externo) – Ao Estado competiria a distribuição dos produtos conforme as necessidades revolucionárias. • Instauração do trabalho obrigatório, atribuição de salários conforme o rendimento e prolongamento do horário de trabalho. • Proibição do comércio livre e imposição da venda de produtos a preços fixados pelo Estado. • Proibição de qualquer forma de oposição e liberdade de expressão (jornais não bolcheviques eram proibidos). • Proibição dos partidos políticos à exceção do bolchevique que foi alvo de purgas para afastar qualquer oposição ou desvio da doutrina. • Reforço da polícia política (Tcheka) criada em 1917 – Perseguiu contrarrevolucionários e inimigos da Revolução. • Criação em 1919 da III Internacional Comunista (Komintern) para reforçar o controlo dos partidos comunistas em todo o mundo e preparar a revolução mundial COMUNISMO DE GUERRA
  • 28. O CENTRALISMO DEMOCRÁTICO 28 Durante o Comunismo de Guerra e a guerra civil, o Partido Comunista (designação atribuída durante esse período) teve tendência a reforçar o seu poder para enfrentar as resistências. ▻ Para Lenine, a sua visão de socialismo só era possível se o Estado fosse forte, disciplinado e democrático – O conciliar da democracia com a disciplina deu origem ao Centralismo Democrático. ▻ Na vertente democrática, defendia o sufrágio universal para a eleição dos órgãos do Estado de e do partido de baixo para cima. ▻ Na vertente de centralismo, o controlo era exercido por duas forças de cima para baixo: Uma a partir dos órgãos de topo do Estado, outra a partir dos órgãos de topo do partido. Centralismo Democrático – Princípio que regula a organização do Partido Comunista e do Estado: • O centralismo traduz-se numa hierarquia rígida e num poder concentrado no órgão partidário mais elevado, onde se definem as diretrizes que têm que ser rigorosamente cumpridas. • O sentido democrático está na emanação do poder através das bases através do sufrágio universal de baixo para cima.
  • 29. O CENTRALISMO DEMOCRÁTICO 29 Como eram as mesmas personalidades que frequentemente desempenhavam funções no partido e no Estado – o Partido Comunista acabou por assumir o papel de partido único. ▻ Estado e partido confundiam-se nas suas atribuições e responsabilidades, acabando isso por resultar num sistema totalitário de partido único. ▻ No XI Congresso do Partido Comunista (1922) foi aprovada a criação da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) ▻ Apesar de assumir caraterísticas de uma federação de múltiplas nacionalidades acabou por se assumir como um Estado centralizado que limitava a autonomia das várias nacionalidades.
  • 30. A NEP – NOVA POLÍTICA ECONÓMICA (1921-1927) 30 A conjuntura económica e social desastrosa que resultou da guerra civil em conjunto com a aplicação do Comunismo de Guerra obrigou Lenine a um recuo estratégico. ▻ 1921 – Lenine optou pela aplicação da NEP (Nova Politica Económica) substituindo o Comunismo de Guerra. ▻ A NEP consistiu num retorno temporário ao capitalismo e à economia de mercado com o objetivo de garantir a sobrevivência da revolução socialista. ▻ A NEP teve resultados positivos ao nível do aumento da produção industrial e agrícola, tendo-se refletido isso no crescimento do comércio.
  • 31. A NEP – NOVA POLÍTICA ECONÓMICA (1921-1927) 31 ▻ A nível social a NEP contribuiu para o surgir de duas novas classes: os kulaks (pequenos proprietários locais) e os Nepmen (pequenos industriais e comerciantes). ▻ Apesar de colocar em causa os princípios fundadores da Rússia Soviética e dividir opiniões (ódio do Partido Comunista e dos bolcheviques) a NEP acabou por revitalizar a sociedade. ▻ Após a morte de Lenine e a ascensão de Estaline ao poder, ela acabou por ser abandonada, retornando-se aos princípios marxistas.
  • 32. O IMPACTO DO SOCIALISMO SOVIÉTICO 32 Após a guerra (1918), o agravamento das condições de vida contribuiu para o fortalecimento e crescimento dos movimentos operários e para a ascensão de novas ideias políticas e radicais. ▻ O agravamento das condições de vida motivaram o aparecimento de movimentos operários que procuravam seguir o exemplo socialista soviético com o seu apoio. ▻ Paralelamente, perante o risco de expansão do socialismo e o agravar das condições económicas e sociais, surgiram movimentos autoritários e antidemocráticos. ▻ A situação política do pós-guerra demonstrou claramente a crise das democracias liberais – regressão do demoliberalismo.
  • 33. A VIDA URBANA NA DÉCADA DE 20 33 A proliferação dos grandes centros urbanos, a comunicação à distância e a maior rapidez dos transportes contribuíram para a alteração dos ritmos de vida e das relações entre as pessoas . ▻ Na grande cidade, o desconhecimento entre os seus habitantes, instalou a desconfiança, o afastamento e afirmou-se a indiferença social. ▻ A população urbana submeteu-se ao mesmo género de vida quotidiana (horários de trabalho, de transportes, etc.) – os ritmos de vida padronizaram-se. ▻ Os grandes centros urbanos deram origem à massificação social – sociedades de massas caraterizadas pelo anonimato e que trouxeram fortes mudanças nos comportamentos.
  • 34. AS TRANSFORMAÇÕES NA VIDA URBANA: A NOVA SOCIABILIDADE 34 A estandardização e massificação do estilo de vida urbano ficou marcado por novos hábitos que incluíam novos espaços de lazer e diversão – os cinemas, os teatros, o music-hall, os cabarés e os night-clubs. ▻ Desenvolveu-se o gosto pelo exótico e pela cultura afro-americana (afirmação do jazz; a cantora afro-americana Josephine Baker causou escândalo ao dançar seminua). ▻ A acessibilidade aos meios de comunicação – rádio, cinema e telefone – generalizou um modelo de vida marcado pelo consumo, pelo ócio e pelas distrações. ▻ No cinema afirmaram-se ídolos como: Mary Pickford, Buster Keaton e Charlie Chaplin.
  • 35. AS TRANSFORMAÇÕES NA VIDA URBANA: A NOVA SOCIABILIDADE 35 Os EUA desenvolveram como grande potência, um estilo de vida que influenciou a Europa – “American Way of Life” que influenciou a Europa. ▻ Esse estilo de vida – a cultura do ócio – baseado no gosto pelas distrações, pelo consumo e pelo divertimento foi facilitado pelo crescimento das classes médias e pela melhoria do nível de vida. ▻ Quem tinha capacidade financeira realizava viagens de lazer pelas grades cidades dos EUA e da Europa. ▻ Nova Iorque e Paris assumiram-se como centros culturais que ditavam modas e gostos. ▻ Nos anos 20 a frequência de espetáculos desportivos marcou também o quotidiano: boxe, futebol, ciclismo, ténis, etc.
  • 36. AS TRANSFORMAÇÕES NA VIDA URBANA: A NOVA SOCIABILIDADE 36 As alterações do pós-guerra na sociabilidade e nos comportamentos tornaram a flapper no símbolo da mulher urbana – vivia a sua vida de forma dinâmica e rompia com todas as regras. ▻ As mulheres cortavam o cabelo à garçonne, as cinturas desceram, as saias encurtaram até ao joelho e usavam maquilhagem. ▻ A mulher dos anos 20, trabalhava de dia e saía à noite – frequentava cabarés, night- clubs, fumava, bebia, conduzia automóveis e praticava desporto. ▻ A mulher assumiu uma postura menos formal – a conquista dessa liberdade individual feminina contribuiu para uma nova forma de relacionamento entre sexos – maior liberdade sexual.
  • 37. A CRISE DOS VALORES TRADICIONAIS 37 Antes da I Guerra Mundial vivia-se de acordo com uma mentalidade confiante e otimista, assente nos valores da sociedade burguesa – acreditava na ciência e no progresso como construtoras do progresso. ▻ Os efeitos da I Guerra Mundial contribuíram para a transformação da sociedade – a sociedade abalada pela guerra procurava esquecer o passado e cortar com as tradições e modelos que conduziram à guerra. ▻ Os valores burgueses da segunda metade do século XIX entraram em crise – conflito de gerações e de cultura. ▻ Surgiu um clima de anomia social (sentimento de insatisfação e vazio face ao quotidiano; ausência de modelos e referências) que
  • 38. A CRISE DOS VALORES TRADICIONAIS: A EMANCIPAÇÃO FEMININA 38 O relativismo dos valores acelerou as mudanças em curso, nomeadamente a emancipação feminina. ▻ O movimento feminista organizado já existia desde o século XIX – a luta feminina centrou- se na luta pelo direito de acesso à educação e pelo fim do seu estatuto de menoridade, etc. ▻ Nos inícios do séc. XX, o movimento feminista centrou-se no direito ao voto – movimento sufragista. ▻ No anos 20, a alteração do papel da mulher contribuiu para o reforço do movimento feminista. ▻ No pós-guerra as mulheres consolidaram a sua posição jurídica na família e passaram a
  • 39. A CRISE DOS VALORES TRADICIONAIS: A EMANCIPAÇÃO FEMININA 39 Vários fatores contribuíram para a alteração do papel da mulher durante os anos 20, entre eles: ▻ A mulher substituiu os homens nas fábricas, conquistando dessa forma a independência económica e o direito de integrar o mercado de trabalho. ▻ A mulher deixou de ser apenas mãe e esposa dependente da autoridade do marido. ▻ A mulher passou a executar tarefas que antes eram apenas masculinas: conduzir, praticar desporto, frequentar clubes noturnos, etc. ▻ A mulher usufruía de maior liberdade na vida doméstica devido à introdução dos primeiros eletrodomésticos.
  • 40. A DESCRENÇA NO POSITIVISMO E AS NOVAS CONCEÇÕES CIENTÍFICAS 40 Desde meados do século XIX a conceção científica dominante era o positivismo – crença no poder do raciocínio matemático e na ciência como únicas fontes de conhecimento: ▻ O mundo do positivismo era visto como perfeitamente ordenado e regido por leis claras e objetivas. ▻ Nos inícios do século XX, a conceção do homem e do universo alterou-se radicalmente – começou a pôr-se em causa o pensamento positivista nas diversas áreas científicas: ▻ Filosofia – Bergson atacou o positivismo, valorizando o poder da intuição para conhecer a realidade.
  • 41. A DESCRENÇA NO POSITIVISMO E AS NOVAS CONCEÇÕES CIENTÍFICAS 41 ▻ História - Benedetto Croce contestou as teorias positivistas, afirmando que todo o conhecimento histórico é sempre relativo e subjetivo. ▻ Microfísica – Max Planck através da teoria quântica concluiu que a troca de energia entre os átomos não é suave nem uniforme – a teoria concluiu que o mundo não era regido por regras fixas. ▻ Física – Albert Einstein através da sua teoria da relatividade concluiu que o espaço e o tempo eram relativos e dependentes um do outro. ▻ As teorias de Planck e Einstein acabaram por contribuir para a afirmação do relativismo. Relativismo – Visão científica que afirma a impossibilidade do conhecimento absoluto – o conhecimento depende das condições, do tempo, do meio e do sujeito que conhece.
  • 42. A DESCRENÇA NO POSITIVISMO E AS NOVAS CONCEÇÕES CIENTÍFICAS 42 Outra figura de relevância no meio científico dos inícios do século XX foi Sigmund Freud que com a sua teoria da psicanálise causou grande polémica: ▻ A teoria da psicanálise deu origem a uma nova dimensão de Homem ao dividir a mente em id (inconsciente), ego (consciente) e superego (inibidor do consciente – valores). ▻ A noção do inconsciente (impulsos, medos, desejos sexuais e irracionais) conduziu a uma nova dimensão menos racional do Homem. ▻ Segundo Freud só através da interpretação do sonho era possível chegar ao inconsciente. ▻ A teoria da psicanálise para além de polémica acabou por ter grande impacto ao nível da arte e da cultura.
  • 43. AS VANGUARDAS E A RUTURA COM OS CÂNONES DAS ARTES E DA LITERATURA 43 Modernismo – Designação atribuída aos vários movimentos de artes plásticas, literatura, arquitetura e música que marcaram os finais do século XIX e inícios do século XX. Defendia a rutura com a tradição académica , valorizando em sua substituição a liberdade criativa, a força emocional e a subjetividade. As correntes modernistas tiveram origem em Paris, tendo sido influenciadas pelas profundas alterações económicas, sociais, mentais e tecnológicas, bem como pelo impacto da I Guerra Mundial. ▻ Ao modernismo ficaram ligadas as vanguardas culturais – movimentos que romperam com o gosto dominante e com o academismo artístico, tendo posto em causa as regras e os cânones estabelecidos. ▻ As caraterísticas principais dessas vanguardas eram a inovação e a provocação, procurando através delas romper com as regras e valores instituídos, impondo um desejo de mudança que seguisse como exemplo a vida moderna (progresso técnico e científico, a velocidade, a máquina e a revolução urbana.
  • 44. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O FAUVISMO 44 O fauvismo surgiu em 1905 aquando da realização da exposição de outono em Paris que foi visitada pelo crítico de artes Vauxcelles e que perante as obras expostas apelidou os pintores de fauves (feras). ▻ Entre os principais artistas do movimento estiveram: Henri Matisse, Maurice Vlaminck e André Derain. CARATERÍSTICAS DO FAUVISMO • Valorização das cores fortes, vibrantes e antinaturais sobre a forma (distanciamento em relação ao figurativo) • Privilegia o sentimento e a subjetividade do artista (pinta o que sente e não o que vê) • A expressividade é marcada pela rudeza das pinceladas. • Rutura com o academismo. • A perspetiva é distorcida e as regras de proporção são esquecidas. • Criação a partir do impulso. • Os temas privilegiados foram o retrato, a natureza morta e as paisagens naturais. • Os pintores foram influenciados pela arte oriental (bidimensionalidade japonesa) e africana. Maurice Vlaminck, Restaurante da Máquina em Bougival, c.1905
  • 45. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O FAUVISMO 45 André Derain, Ponte sobre o Rio Riou, 1906 Henri Matisse, Mulher com Chapéu, 1905
  • 46. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O EXPRESSIONISMO 46 O expressionismo surgiu em 1905, na Alemanha, inspirado nas obras de Van Gogh, Edvard Munch e dos fauvistas franceses ▻ Entre os principais artistas do movimento estiveram: Ernest Kirchner, Emil Molde, Paul Klee, Wassily Kandinsky, etc. Ernest Kirchner, Rua de Dresden, 1908 CARATERÍSTICAS DO EXPRESSIONISMO • Valoriza a emoção (expressão de sentimentos, energias e tensões). • A temática é às vezes, angustiante, privilegiando a crítica social à sociedade burguesa. • Faz representação de temáticas marginais (circo, cabarés, bordéis). • Foi influenciado pela arte primitiva (acreditavam estar liberta de estereótipos e preconceitos). • Utiliza as cores fortes e contrastantes. • A pincelada e forte e agressiva. • O contorno a preto confere maior dramatismo e intensidade às obras. • Os artistas procuram criar de forma livre, pura e autêntica. • As formas são distorcidas para melhor refletir o drama do homem e da sociedade. • O movimento Cavaleiro Azul privilegiou formas não figurativas, abrindo caminho à abstração.
  • 47. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O EXPRESSIONISMO 47 Wassily Kandinsky, Vista de Murnau, 1909 Edvard Munch, O Grito, 1893
  • 48. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O CUBISMO 48 O cubismo surgiu em 1907, com o lançamento das obras de Pablo Picasso «Les Dmoiselles d’Avignon» e Georges Braque «Casas d’Estaque» ▻ Foi influenciado pelas obras de Cézanne, ao nível da geometrização das formas e pela arte africana. Pablo Picasso, Les Demoiselles d’Avignon, 1907 CARATERÍSTICAS DO CUBISMO • Rejeita a perspetiva tradicional, representando os objetos segundo múltiplos pontos de vista. • Utilizou a bidimensionalidade. • Os objetos eram fragmentados e distorcidos, representando frações da realidade. • A representação do corpo humano era reduzida aos seus elementos geométricos básicos. • As formas eram mais importantes que a cor. • A representação de visões simultâneas influenciou outras vanguardas (o futurismo). Georges Braque, Casas de Estaque, 1908
  • 49. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O CUBISMO 49 Pablo Picasso, O Acordeonista, 1911 Georges Braque, A Mesa do Músico, 1913
  • 50. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O FUTURISMO 50 O futurismo surgiu em Itália, em 1909, através da publicação do Manifesto Futurista de Marinetti. ▻ Entre os principais artistas do movimento estiveram: Giacomo Balla, Umberto Boccioni e Carlo Carrá. Umberto Boccioni, A Carga dos Lanceiros, 1915 CARATERÍSTICAS DO FUTURISMO • Os futuristas glorificavam o futuro e defendiam o progresso da civilização • Contestava a sociedade aristocrática e burguesa e o academismo. • Assumiu um caráter agressivo e subversivo, glorificando a guerra e o militarismo • Desvalorizava as obras do passado e glorificava o automóvel, o avião e os cheiros da cidade. • Valorizou o movimento, a velocidade e o dinamismo. • O mundo urbano, a máquina e a vida moderna são os elementos centrais das obras. • O movimento era representado através de linhas e formas justapostas. • Aplicou técnicas do cubismo: a decomposição dos planos e o fracionamento dos objetos.
  • 51. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O FUTURISMO 51 Giacomo Balla, A Velocidade do Automóvel, 1913
  • 52. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O ABSTRACIONISMO 52 O abstracionismo surgiu por volta de 1910, influenciado pelas obras de Wassily Kandisky. ▻ Entre os principais artistas do movimento estiveram: Wassily Kandinsky e Piet Mondrian. Wassily Kandinsky, Sem Título, 1910 CARATERÍSTICAS DO ABSTRACIONISMO • Eliminação da figuração e do objeto – a realidade deixa de ser um objetivo. • Explosão de cores, linhas e formas que representavam o estado de espírito do artista e não a realidade. • Valorizava as cores primárias (azul, amarelo e vermelho) e as “não cores” (negro, cinza e branco). • O espaço das telas era bidimensional.
  • 53. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O ABSTRACIONISMO 53 Wassily Kandinsky, Composição VII, 1913 Piet Mondrian, Composição A, 1923
  • 54. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O DADAÍSMO 54 O dadaísmo surgiu em Zurique, na Suíça quando Tristan Tzara lançou o Manifesto Dadaísta em 1918. ▻ Entre os principais artistas do movimento estiveram: Hans Harp, Francis Picabia, Max Ernst, Marcel Janko e Marcel Duchamp. ▻ Impressionados pelo clima de caos e sofrimento causados pela guerra, os dadaístas negaram os conceitos e técnicas artísticas tradicionais, anulando assim o conceito tradicional de arte – a verdadeira arte era a antiarte (tudo pode ser arte). ▻ Foi um movimento de reação e provocação à sociedade burguesa da época – negavam os seus valores e conceitos culturais e artísticos. Marcel Duchamp, Mona Lisa de Bigode, 1919 Marcel Duchamp, A Fonte, 1917
  • 55. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O DADAÍSMO 55 Ingres, A Banhista de Valpiçon, 1808 Man Ray, O Violino de Ingres, 1924 CARATERÍSTICAS DO DADAÍSMO • Foi um movimento abrangente: cinema, teatro, literatura, fotografia, pintura e escultura. • Os temas eram provocatórios, explorando conteúdos insólitos e incongruentes – non-sense (sem sentido). • Utilizava objetos do quotidiano, sem valor, encontrados ao acaso - ready-made - transformando-os em objetos artísticos. • Valorizou as colagens de diferentes materiais. • Utilizou o método criativo aleatório – o inconsciente dominava o processo criativo. • Por volta de 1920, o movimento estagnou e alguns dos seus membros aderiram ao surrealismo.
  • 56. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O SURREALISMO 56 O surrealismo teve origem em 1928 quando André Bretton lançou o seu Manifesto Surrealista. ▻ Entre os principais artistas do movimento estiveram: Salvador Dali, René Magritte, Hans Harp, Juan Miró, André Masson, etc. ▻ Influenciado pela psicanálise e pela interpretação dos sonhos de Freud, considerou a arte como um veículo para uma nova dimensão do Homem – o Inconsciente ▻ Os temas centravam-se em tudo o que se afasta-se da racionalização – o mundo dos sonhos e o erotismo – criando uma nova realidade surrealista. Salvador Dali, A Persistência da Memória, 1931
  • 57. AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS: O ABSTRACIONISMO 57 René Magritte, Golconda, 1953 Juan Miró, O Carnaval do Arlequim, 1924
  • 58. OS NOVOS CAMINHOS DA LITERATURA 58 A literatura também sentiu necessidade de pôr em causa os valores e tradições literárias dominantes (realismo). ▻ A tendência foi libertar a obra literária daquilo que era a realidade concreta – abandona-se a descrição ordenada e realista da sociedade e dos acontecimentos. ▻ As obras começaram a privilegiar a visão psicológica e interior das personagens, pondo de parte a narrativa de uma ação.