SlideShare uma empresa Scribd logo
Universidade Estácio de Sá
2º A - Criação e Gestão de Ambientes para a Internet
Comunicação e Expressão




                       Dissertação Científica ou Trabalho Acadêmico




                                                                      Bernardo Loureiro
                                                                         Junho de 2006
Design customizado

         Quando se está envolvido em um projeto de design de interface com o usuário, a regra
primordial e insubstituível é o estudo do público-alvo.
         "Também conhecido por levantamento do perfil, segmento de mercado ou target, o
público-alvo auxilia a empresa no direcionamento que irá promover a um determinado produto,
bem como para a agência de publicidade desenvolver suas campanhas publicitárias". - Definição
no Wikipedia de público-alvo.
         Apesar da definição do Wikipedia para público-alvo ser majoritariamente uma definição
publicitária, além de muito sutil, o conceito é o mesmo quando falamos em design de interface.
Estudo de público-alvo dá as direções principais sobre como será projetada a interface. Ele
indicará a "linguagem" e o contexto a ser usado no planejamento visual e da informação do
produto. Podemos usar como exemplo uma interface de um curso de advocacia. Ela deve ser
séria, passar intelectualidade, formalidade, usar cores brandas e frias e dar muito destaque à
informação em si. Já em um site de uma revista adolescente feminina, podemos usar um design
mais "à vontade", bastantes cores com tons fortes, figuras, fotos, animações, além de usar uma
linguagem mais atual e informal nos textos.
         Nos localizando em torno de público-alvo, podemos dizer que suas características são
divididas em categorias. As três mais relevantes são: característica geográfica indicando o local
de origem do público como cidades, estados, países; característica demográfica, onde são
descriminadas as características sociais do indivíduo, alguns exemplos são sexo, faixa-etária,
escolaridade, ocupação profissional, estrato social; e a característica comportamental que
abrange informações da personalidade do indivíduo, como gosto musical (samba, rock, pop, etc),
roda de amigos (geeks, grunges, grã-finos, intelectuais, etc), hobbies (esportistas, aficionados
por tv, cozinheiros, músicos), etc.
         Eu, tendo o tipo de público-alvo em mãos, estou apto a começar a criação? A resposta é
não.
         No momento em que sabemos as características do público-alvo, criamos na nossa cabeça
personagens, usuários fictícios que não existem na realidade, eles são apenas números sobre
números em tabelas e gráficos de Excel. Eles não sentem emoções, não tomam direções
subversivas ao esperado, não raciocinam conteúdo. Nós podemos ter dentro de uma
caracterização de público-alvo, pessoas diferentes com decisões muito diferentes em um
processo de escolha.
         A questão é, como criar interfaces que satisfarão todas as diferentes pessoas que
compartilham a mesma definição tirada de uma pesquisa de público-alvo?
         Uma solução muito usada é o persona-based design (design baseado em personagens) que
se define por criar personagens (também fictícios) baseados nos dados etnográficos das pesquisas
realizadas anteriormente. A equipe de projeto cria três ou mais personagens com habilidades e
objetivos diferentes dentro da interface. Quando se cria focando as soluções nesses personagens,
fica garantida uma boa parcela de satisfação quanto às necessidades de um grande grupo de
pessoas representadas por esses personagens.
         Uma outra questão é tomar decisões de quando usar um determinado conceito de design.
A dúvida balanceada em usar a última tecnologia da última semana ou algo convencional; usar
conceitos de usabilidade que garantem uma coesão de interface ou investir em novas
experiências de navegação; usar layout limpo e básico ou algo inovador e moderno? Muitas vezes
temos a equipe de criação sedenta por usar novas soluções e um cliente totalmente inspirado nas
pirotecnias dos sites que tem visitado, nos deparamos com uma decisão que exigirá muito do bom
senso, mas também do estudo do público-alvo.
         Para atingir jovens aficionados em internet, jogos de computador, tecnologia em geral e
partindo da premissa que esse tipo de público na sua maioria tem banda larga, é
interessantíssimo o uso dessas novas soluções de design, mas se a interface é para uso de pessoas
mais maduras com o intuito do uso da interface bem mais profissional, é melhor trabalhar com
algo enxuto, leve e bem fácil de usar.
         Firmou-se que conhecer o público para quem esta sendo desenvolvido o projeto, é de
prima importância e os estudos sobre ele nos fornece informações triviais sobre como agirmos nas
decisões quanto ao design da interface. Também vimos que esse estudo por si só não da a solução
integrada, e que se for mal interpretado, pode confundir mais o designer, mas ele nos dá suporte
para criarmos personagens, que por sua vez, tomam decisões reais diante de tarefas.
        O design customizado ao usuário é viável e possível, desde que tenhamos a base de
estudos em mãos, expondo os problemas, testando soluções e problematizando as soluções
também, para confirmar se foi tomada a melhor decisão de layout de interface. Assim se cria a
melhor experiência de navegação para o usuário.
Referências bibliográficas:

NIELSEN, Jakob. Projetando websites / Jakob Nielsen; Tradução de Ana Gibson. – Rio de Janeiro:
Elsevier, 2000 – 5ª reimpressão.

MEMÓRIA, Felipe. Design para a Internet: Projetando a experiência perfeita / Felipe Memória. –
Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

MORAES, Anamaria de. Design e avaliação de interface: Ergodesign e interação humano-
computador / Organizadora Anamaria de Morais. – Rio de Janeiro: iUsEr, 2002.

Mais conteúdo relacionado

PDF
Infográfico
PDF
27 05-10-final se liga3
PPTX
Perfil do usuário, Personas, Cenários, Storyboard em IHC
PDF
Personas: O que são? Onde vivem? Como funcionam?
PDF
Personas na prática - Um estudo de caso (re)pensado
PPTX
Quadrinhos para quem nunca usou i pad - um estudo sobre UX Design voltado par...
PDF
PERSONAS - Design orientado pelos dadosPersonas
PDF
Weihc2015 claudiabordinrodrigues
Infográfico
27 05-10-final se liga3
Perfil do usuário, Personas, Cenários, Storyboard em IHC
Personas: O que são? Onde vivem? Como funcionam?
Personas na prática - Um estudo de caso (re)pensado
Quadrinhos para quem nunca usou i pad - um estudo sobre UX Design voltado par...
PERSONAS - Design orientado pelos dadosPersonas
Weihc2015 claudiabordinrodrigues

Mais procurados (7)

PDF
Personas e Cenários
PPTX
Mapas de site, Fluxos de Tarefa, Wireframe e Prototipagem
PPTX
Apresentação Redes Sociais Agência Ecco
PDF
Introdução á disciplina de Webdesign - turma 1 Sem 2015
PDF
Mapeamento e Wireframes - conceitos básicos, bem básicos
PPTX
Criação e Desenvolvimento de Personagens
PDF
Introdução a experiência e design de Interação
Personas e Cenários
Mapas de site, Fluxos de Tarefa, Wireframe e Prototipagem
Apresentação Redes Sociais Agência Ecco
Introdução á disciplina de Webdesign - turma 1 Sem 2015
Mapeamento e Wireframes - conceitos básicos, bem básicos
Criação e Desenvolvimento de Personagens
Introdução a experiência e design de Interação
Anúncio

Destaque (8)

PPT
Inpotência Masculina
PPS
28 Rosas
PDF
Inovarte e bar lugar de inovar
PPS
28 Rosas
PDF
3 errores de la fotografA�de eventos de empresa en redes sociales
PDF
OpenECM
ODP
La amazonia
PDF
Volume 10 Uma Visao Do Desenvolvimento
Inpotência Masculina
28 Rosas
Inovarte e bar lugar de inovar
28 Rosas
3 errores de la fotografA�de eventos de empresa en redes sociales
OpenECM
La amazonia
Volume 10 Uma Visao Do Desenvolvimento
Anúncio

Semelhante a Design Customizado (20)

PPT
Apresentação PCC - Rodrigo Santiago
PDF
Princípios de Design de Interação
PDF
Projetar pensando na experiência do usuário
PDF
Projetar pensando na experiência do usuário
PPS
Design e Usabilidade
PPTX
Como tornar seu site atraente
PDF
CRP- 0420: Comunicação Digital - Aula 7: Design de Experiência e Interação
PPTX
Design Centrado no Usuário
PPTX
Apresentação TCC - Marconi Pacheco 2010
PDF
Design de Interação Mobile
PDF
Trabaho design de interação
PDF
Design de Interação, Experiência do Usuário e Usabilidade - 2010
PPSX
DESIGN DE INTERFACE
PPT
Palestra "Usabilidade: conceito, aplicações e testes" de Renato Rosa
PDF
User eXperience
PPTX
Arquitetura da Informação e Avaliação de Websites, considerando critérios de ...
PPTX
PPT
Campanhas Online
Apresentação PCC - Rodrigo Santiago
Princípios de Design de Interação
Projetar pensando na experiência do usuário
Projetar pensando na experiência do usuário
Design e Usabilidade
Como tornar seu site atraente
CRP- 0420: Comunicação Digital - Aula 7: Design de Experiência e Interação
Design Centrado no Usuário
Apresentação TCC - Marconi Pacheco 2010
Design de Interação Mobile
Trabaho design de interação
Design de Interação, Experiência do Usuário e Usabilidade - 2010
DESIGN DE INTERFACE
Palestra "Usabilidade: conceito, aplicações e testes" de Renato Rosa
User eXperience
Arquitetura da Informação e Avaliação de Websites, considerando critérios de ...
Campanhas Online

Design Customizado

  • 1. Universidade Estácio de Sá 2º A - Criação e Gestão de Ambientes para a Internet Comunicação e Expressão Dissertação Científica ou Trabalho Acadêmico Bernardo Loureiro Junho de 2006
  • 2. Design customizado Quando se está envolvido em um projeto de design de interface com o usuário, a regra primordial e insubstituível é o estudo do público-alvo. "Também conhecido por levantamento do perfil, segmento de mercado ou target, o público-alvo auxilia a empresa no direcionamento que irá promover a um determinado produto, bem como para a agência de publicidade desenvolver suas campanhas publicitárias". - Definição no Wikipedia de público-alvo. Apesar da definição do Wikipedia para público-alvo ser majoritariamente uma definição publicitária, além de muito sutil, o conceito é o mesmo quando falamos em design de interface. Estudo de público-alvo dá as direções principais sobre como será projetada a interface. Ele indicará a "linguagem" e o contexto a ser usado no planejamento visual e da informação do produto. Podemos usar como exemplo uma interface de um curso de advocacia. Ela deve ser séria, passar intelectualidade, formalidade, usar cores brandas e frias e dar muito destaque à informação em si. Já em um site de uma revista adolescente feminina, podemos usar um design mais "à vontade", bastantes cores com tons fortes, figuras, fotos, animações, além de usar uma linguagem mais atual e informal nos textos. Nos localizando em torno de público-alvo, podemos dizer que suas características são divididas em categorias. As três mais relevantes são: característica geográfica indicando o local de origem do público como cidades, estados, países; característica demográfica, onde são descriminadas as características sociais do indivíduo, alguns exemplos são sexo, faixa-etária, escolaridade, ocupação profissional, estrato social; e a característica comportamental que abrange informações da personalidade do indivíduo, como gosto musical (samba, rock, pop, etc), roda de amigos (geeks, grunges, grã-finos, intelectuais, etc), hobbies (esportistas, aficionados por tv, cozinheiros, músicos), etc. Eu, tendo o tipo de público-alvo em mãos, estou apto a começar a criação? A resposta é não. No momento em que sabemos as características do público-alvo, criamos na nossa cabeça personagens, usuários fictícios que não existem na realidade, eles são apenas números sobre números em tabelas e gráficos de Excel. Eles não sentem emoções, não tomam direções subversivas ao esperado, não raciocinam conteúdo. Nós podemos ter dentro de uma caracterização de público-alvo, pessoas diferentes com decisões muito diferentes em um processo de escolha. A questão é, como criar interfaces que satisfarão todas as diferentes pessoas que compartilham a mesma definição tirada de uma pesquisa de público-alvo? Uma solução muito usada é o persona-based design (design baseado em personagens) que se define por criar personagens (também fictícios) baseados nos dados etnográficos das pesquisas realizadas anteriormente. A equipe de projeto cria três ou mais personagens com habilidades e objetivos diferentes dentro da interface. Quando se cria focando as soluções nesses personagens, fica garantida uma boa parcela de satisfação quanto às necessidades de um grande grupo de pessoas representadas por esses personagens. Uma outra questão é tomar decisões de quando usar um determinado conceito de design. A dúvida balanceada em usar a última tecnologia da última semana ou algo convencional; usar conceitos de usabilidade que garantem uma coesão de interface ou investir em novas experiências de navegação; usar layout limpo e básico ou algo inovador e moderno? Muitas vezes temos a equipe de criação sedenta por usar novas soluções e um cliente totalmente inspirado nas pirotecnias dos sites que tem visitado, nos deparamos com uma decisão que exigirá muito do bom senso, mas também do estudo do público-alvo. Para atingir jovens aficionados em internet, jogos de computador, tecnologia em geral e partindo da premissa que esse tipo de público na sua maioria tem banda larga, é interessantíssimo o uso dessas novas soluções de design, mas se a interface é para uso de pessoas mais maduras com o intuito do uso da interface bem mais profissional, é melhor trabalhar com algo enxuto, leve e bem fácil de usar. Firmou-se que conhecer o público para quem esta sendo desenvolvido o projeto, é de prima importância e os estudos sobre ele nos fornece informações triviais sobre como agirmos nas decisões quanto ao design da interface. Também vimos que esse estudo por si só não da a solução
  • 3. integrada, e que se for mal interpretado, pode confundir mais o designer, mas ele nos dá suporte para criarmos personagens, que por sua vez, tomam decisões reais diante de tarefas. O design customizado ao usuário é viável e possível, desde que tenhamos a base de estudos em mãos, expondo os problemas, testando soluções e problematizando as soluções também, para confirmar se foi tomada a melhor decisão de layout de interface. Assim se cria a melhor experiência de navegação para o usuário.
  • 4. Referências bibliográficas: NIELSEN, Jakob. Projetando websites / Jakob Nielsen; Tradução de Ana Gibson. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2000 – 5ª reimpressão. MEMÓRIA, Felipe. Design para a Internet: Projetando a experiência perfeita / Felipe Memória. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. MORAES, Anamaria de. Design e avaliação de interface: Ergodesign e interação humano- computador / Organizadora Anamaria de Morais. – Rio de Janeiro: iUsEr, 2002.