INTERTEXTUALIDADE
Texto e
contexto
Asa Branca
Canção de Luiz
Gonzaga
ASA BRANCA
Quando oiei' a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu preguntei' a Deus do céu, uai
Por que tamanha judiação?
Eu preguntei' a Deus do céu, uai
Por que tamanha judiação?
Que braseiro, que fornaia'
Nenhum pé de prantação'
Por farta' d'água perdi meu
gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta' d'água perdi meu
gado
Morreu de sede meu alazão
Inté' mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce' eu disse: adeus,
Rosinha
Guarda contigo meu coração
Entonce' eu disse: adeus,
Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar' pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar' pro meu sertão
Quando o verde dos teus óio'
Se espaiar' na prantação'
Eu te asseguro, não chore, não,
viu
Que eu vortarei', viu, meu coração
Eu te asseguro, não chore, não,
viu
Que eu vortarei', viu, meu coração
Aquarela
Canção de Toquinho
AQUARELA
Numa folha qualquer
Eu desenho um Sol amarelo
E, com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão
E me dou uma luva
E, se faço chover, com dois
riscos
Tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho azul do
papel
Num instante, imagino
Uma linda gaivota a voar no
Vai voando, contornando
A imensa curva norte-sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco à vela
Branco navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul
Entre as nuvens vem
surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar, e ele está
partindo
Sereno e lindo
E, se a gente quiser
Ele vai pousar
Numa folha qualquer
Eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos
Bebendo, de bem com a vida
De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E, num círculo, eu faço o mundo
Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente, o futuro
está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda nossa vida
E depois, convida
A rir ou chorar
Nessa estrada, não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela, ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela que, um dia, enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer
Eu desenho um Sol amarelo (que descolorirá)
E, com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo (que descolorirá)
Giro um simples compasso
E, num círculo, eu faço o mundo (que
descolorirá)
O QUE É
INTERTEXTUALIDADE?
A intertextualidade é a relação entre
dois textos caracterizada pela referência
de um pelo outro de maneira implícita
ou explícita.
Alusão/referência
Nessa relação
estabelecida entre textos,
é feita uma sugestão ou
insinuação sobre um
determinado lugar,
personagem,
acontecimento etc. sem
haver, no entanto,
aprofundamento nele.
Exemplo:
Como já dizia o filósofo, o
ignorante é quem é feliz
de verdade.
Bricolagem
Bricolagem: é um texto
criado por meio do
fragmento de outros
textos. Exemplo:
Ainda que eu falasse a
língua dos homens
E falasse a língua do
anjos, sem amor eu nada
seria
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é
verdade
O amor é bom, não quer
o mal
Não sente inveja ou se
envaidece
Citação
Nesse formato, a
intertextualidade
reproduz parte de um
texto referência. É muito
comum em
textos dissertativos que
utilizam a citação de
argumentos de
autoridade no intuito de
reforçar uma ideia.
Exemplo:
Segundo Foucault, “o
novo não está no que é
dito, mas no
acontecimento de sua
volta”. Nesses termos, o
discurso não está
associado ao novo, mas
diretamente às suas
condições de produção.
Epígrafe Usada no início de uma
obra. Ela consiste em um
texto de um outro autor
no intuito de trazer o
pensamento que permeia
a obra construída.
Exemplo:
“A tarefa não é tanto ver
aquilo que ninguém viu,
mas pensar o que
ninguém ainda pensou
sobre aquilo que todo
mundo vê.” (Arthur
Schopenhauer)
Epígrafe
É a reprodução de um
texto já existente à
maneira própria daquele
que o interpreta
Trecho do poema Canção do Exílio (1843)
“Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.”
Trecho do Hino Nacional Brasileiro (1909)
“Do que a terra mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais
flores;
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida no teu seio mais amores.”
Paródia
Tem como principal
objetivo subverter a ideia
do texto original e, por
isso, apresenta-se, por
vezes, em tons críticos ao
seu original.
Exemplo:
Se Maomé não vai à
montanha, a montanha
vai a Maomé. (ditado
popular)
Se Maomé não vai à
montanha, a montanha
vaia Maomé. (paródia)
Pastiche
É uma imitação de estilos
de outros textos. Ela é
diferente da paródia
porque não apresenta o
viés crítico que a paródia
possui. Exemplo:
Manuel Bandeira escreve
uma falsa lira de
Gonzaga, em estilo haikai,
para reproduzir a obra
Marília de Dirceu. Veja:
Quis gravar “amor”
No tronco de um velho
freixo
“Marília”, escrevi.
Tradução A tradução é uma relação
entre dois textos em
idiomas distintos e,
portanto, consiste em um
dos tipos de
intertextualidade.
Exemplo:
I’ve been here a long time
ago. (Original em inglês)
Eu estive aqui muito
tempo atrás. (Tradução
para o português)

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INTERTEXTUALIDADE; TEXTO E CONTEXTO;

  • 3. Asa Branca Canção de Luiz Gonzaga
  • 4. ASA BRANCA Quando oiei' a terra ardendo Qual fogueira de São João Eu preguntei' a Deus do céu, uai Por que tamanha judiação? Eu preguntei' a Deus do céu, uai Por que tamanha judiação? Que braseiro, que fornaia' Nenhum pé de prantação' Por farta' d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Por farta' d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Inté' mesmo a asa branca Bateu asas do sertão Entonce' eu disse: adeus, Rosinha Guarda contigo meu coração Entonce' eu disse: adeus, Rosinha Guarda contigo meu coração Hoje longe, muitas légua Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Pra mim vortar' pro meu sertão Espero a chuva cair de novo Pra mim vortar' pro meu sertão Quando o verde dos teus óio' Se espaiar' na prantação' Eu te asseguro, não chore, não, viu Que eu vortarei', viu, meu coração Eu te asseguro, não chore, não, viu Que eu vortarei', viu, meu coração
  • 6. AQUARELA Numa folha qualquer Eu desenho um Sol amarelo E, com cinco ou seis retas É fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão E me dou uma luva E, se faço chover, com dois riscos Tenho um guarda-chuva Se um pinguinho de tinta Cai num pedacinho azul do papel Num instante, imagino Uma linda gaivota a voar no Vai voando, contornando A imensa curva norte-sul Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul Pinto um barco à vela Branco navegando É tanto céu e mar Num beijo azul Entre as nuvens vem surgindo Um lindo avião rosa e grená Tudo em volta colorindo Com suas luzes a piscar Basta imaginar, e ele está partindo Sereno e lindo E, se a gente quiser Ele vai pousar Numa folha qualquer Eu desenho um navio de partida Com alguns bons amigos Bebendo, de bem com a vida De uma América a outra Eu consigo passar num segundo Giro um simples compasso E, num círculo, eu faço o mundo
  • 7. Um menino caminha E caminhando chega no muro E ali logo em frente A esperar pela gente, o futuro está E o futuro é uma astronave Que tentamos pilotar Não tem tempo, nem piedade Nem tem hora de chegar Sem pedir licença Muda nossa vida E depois, convida A rir ou chorar Nessa estrada, não nos cabe Conhecer ou ver o que virá O fim dela, ninguém sabe Bem ao certo onde vai dar Vamos todos Numa linda passarela De uma aquarela que, um dia, enfim Descolorirá Numa folha qualquer Eu desenho um Sol amarelo (que descolorirá) E, com cinco ou seis retas É fácil fazer um castelo (que descolorirá) Giro um simples compasso E, num círculo, eu faço o mundo (que descolorirá)
  • 8. O QUE É INTERTEXTUALIDADE? A intertextualidade é a relação entre dois textos caracterizada pela referência de um pelo outro de maneira implícita ou explícita.
  • 9. Alusão/referência Nessa relação estabelecida entre textos, é feita uma sugestão ou insinuação sobre um determinado lugar, personagem, acontecimento etc. sem haver, no entanto, aprofundamento nele. Exemplo: Como já dizia o filósofo, o ignorante é quem é feliz de verdade.
  • 10. Bricolagem Bricolagem: é um texto criado por meio do fragmento de outros textos. Exemplo: Ainda que eu falasse a língua dos homens E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria É só o amor, é só o amor Que conhece o que é verdade O amor é bom, não quer o mal Não sente inveja ou se envaidece
  • 11. Citação Nesse formato, a intertextualidade reproduz parte de um texto referência. É muito comum em textos dissertativos que utilizam a citação de argumentos de autoridade no intuito de reforçar uma ideia. Exemplo: Segundo Foucault, “o novo não está no que é dito, mas no acontecimento de sua volta”. Nesses termos, o discurso não está associado ao novo, mas diretamente às suas condições de produção.
  • 12. Epígrafe Usada no início de uma obra. Ela consiste em um texto de um outro autor no intuito de trazer o pensamento que permeia a obra construída. Exemplo: “A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.” (Arthur Schopenhauer)
  • 13. Epígrafe É a reprodução de um texto já existente à maneira própria daquele que o interpreta
  • 14. Trecho do poema Canção do Exílio (1843) “Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.” Trecho do Hino Nacional Brasileiro (1909) “Do que a terra mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida no teu seio mais amores.”
  • 15. Paródia Tem como principal objetivo subverter a ideia do texto original e, por isso, apresenta-se, por vezes, em tons críticos ao seu original. Exemplo: Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. (ditado popular) Se Maomé não vai à montanha, a montanha vaia Maomé. (paródia)
  • 16. Pastiche É uma imitação de estilos de outros textos. Ela é diferente da paródia porque não apresenta o viés crítico que a paródia possui. Exemplo: Manuel Bandeira escreve uma falsa lira de Gonzaga, em estilo haikai, para reproduzir a obra Marília de Dirceu. Veja: Quis gravar “amor” No tronco de um velho freixo “Marília”, escrevi.
  • 17. Tradução A tradução é uma relação entre dois textos em idiomas distintos e, portanto, consiste em um dos tipos de intertextualidade. Exemplo: I’ve been here a long time ago. (Original em inglês) Eu estive aqui muito tempo atrás. (Tradução para o português)