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//código de
boas práticas
de higiene e
segurança
alimentar//.aplicação dos princípios de haccp para a
hotelaria e restauração.
índiceApresentação										 4
Introdução											 6
Parte I – Breves Noções de Contaminações	 				 7
Capítulo I.1 – principais tipos de contaminação				 8
Capítulo I.2 – breve referência a alguns microrganismos
causadores de toxinfecções alimentares		 10
Parte II – Os Pré – Requisitos para a aplicação dos princípios do HACCP 15
Capítulo II.1 – higiene pessoal dos manipuladores de alimentos	 16
I II.1.1 – higiene individual – apresentação adequada ao trabalho			 16
II.1.2 – higiene das mãos								 17
I II.1.3 – comportamento no local de trabalho e boas práticas profissionais	 17
I II.1.4 – saúde dos manipuladores							 18
Capítulo II.2 – higiene das instalações e equipamentos			 18
II.2.1 – concepção e manutenção							 18
II.2.1.1 – locais onde se manipulam alimentos						 18
II.2.1.1.1 – pavimento									 18
II.2.1.1.2 – paredes										 19
II.2.1.1.3 – tectos										 19
II.2.1.1.4 – portas, janelas, clarabóias							 19
II.2.1.1.5 – ventilação									 19
II.2.1.1.6 – exaustão									 20
II.2.1.1.7 – iluminação									 20
II.2.1.1.8 – equipamentos									 20
II.2.1.2 – instalações sanitárias e vestiários 						 20
II.2.1.3 – sala de refeições								 20
II.2.2 – limpeza e desinfecção das instalações e dos equipamentos 21
II.2.2.1 – limpeza e desinfecção								 21
II.2.2.2 – tratamento da loiça								 22
II.2.2.3 – plano de limpeza e desinfecção						 23
II.2.2.4 – armazenagem de produtos de limpeza					 23
Capítulo II.3 – controlo da água de abastecimento			 24
Capítulo II.4 – controlo de pragas						 24
Parte III – O HACCP									 27
Capítulo III.1 – apresentação do HACCP breve explicação teórica 28
III.1.1 – o que significa HACCP?								 28
III.1.2 – princípios de HACCP								 28
Capítulo III.2 – HACCP – breve explicação teórico/prática		 28
III.2.1 – o que é necessário fazer?							 28
III.2.2 – procedimentos de controlo							 29
III.2.3 – introduzindo procedimentos de controlo					 29
III.2.4 – verificação dos procedimentos de controlo					 29
III.2.5 – por onde começar?								 30
III.2.5.1 – por onde começar?								 30
III.2.5.2 – que tipo de perigos existem?							 30
III.2.5.3 – como identificar os perigos e as etapas em que ocorrem?		 30
Capítulo III.3 – higiene alimentar e aplicação dos princípios de HACCP
- proposta de aplicação do HACCP no sector da hotelaria, da restauração e bebidas	 31
III.3.1 – introdução		 31
III.3.2 – percursos genéricos dos alimentos, fluxogramas		 31
III.3.3 – recepção de matérias - primas		 33
III.3.4 – armazenagem		 37
III.3.5 – preparação de alimentos e ingredientes		 40
III.3.6 – confecção e preparação de refeições		 42
III.3.7 – serviço aos clientes/distribuição		 46
Apresentação da análise de perigos e pontos de controlo / plano HACCP	 48
Anexo 1		
Fichas 51
Anexo 2		
Registos		 57
Anexo 3		
Apresentação do HACCP – breve exposição teórica baseada no Codex Alimentarius 65
Anexo 4
Árvore de decisão		 71
Anexo 5
Formação		 73
Glossário		 75
Bibliografia		 80
APRESENTAÇÃO |4
|ABERTURA|
A UNIHSNOR – União das Associações de Ho-
telaria e de Restauração do Norte de Portugal
– elaborou, em 1999, um CÓDIGO de BOAS
PRÁTICAS DE HIGIENE PARA A RESTAU-
RAÇÃO.
Este Código mereceu, nos termos do decreto-lei
67/98 de 18 de Março, o parecer favorável da en-
tidade oficial competente, a Direcção Geral da
Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimen-
tar.
Em 29 de Abril de 2004, o Parlamento Europeu
e a Comissão Europeia aprovaram o Regula-
mento Europeu 852/2004 sobre higiene dos
géneros alimentícios, que contém, na prática,
um conjunto de regras de higiene e segurança
alimentar aplicáveis a todo o sector alimentar
e também, portanto, aos estabelecimentos ho-
teleiros, aos estabelecimentos de restauração e
de bebidas. Adiante usaremos simplesmente a
palavra “estabelecimentos” para nos referirmos
a todos eles.
Este Regulamento atribui um papel muito im-
portante aos empresários, considerando-os
como os principais responsáveis pela segu-
rança dos géneros alimentícios que produzem,
transformam, distribuem, comercializam e ser-
vem, devendo garantir a segurança dos seus
produtos ao longo de toda a cadeia.
Segundo o mesmo Regulamento, as empresas
alimentares deverão criar e aplicar programas
de Segurança Alimentar baseados nos princí-
pios do HACCP. No entanto o regulamento pre-
vê, também, a flexibilização desses mesmos
princípios, de modo a que os mesmos sejam
exequíveis inclusivamente em pequenos res-
taurantes e outros estabelecimentos familiares.
A APHORT – Associação Portuguesa de Hote-
laria, Restauração e Turismo, assumiu, em Abril
de 2008, a continuidade associativa da União
das Associações de Hotelaria e Restauração do
Norte de Portugal, para todos os efeitos, espe-
cialmente na integralidade dos direitos e obri-
gações.
A APHORT, sendo a Associação representativa
dos estabelecimentos hoteleiros, dos estabe-
lecimentos de restauração e de bebidas e dos
estabelecimentos de turismo no espaço rural,
entendeu que, com o novo quadro legal e regu-
lamentar, deveria actualizar o referido Código
de Boas Práticas.
O novo Código:
CÓDIGO DE BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE
E SEGURANÇA ALIMENTAR
– Aplicação prática dos princípios de HACCP
para a Hotelaria e para Restauração –
É um documento produzido com base no re-
ferido Regulamento 852/2004, no Codex Ali-
mentarius, em documentos de trabalho quer da
Comissão Europeia, quer da HOTREC – Con-
federação Europeia de Hotelaria, Restauração e
Cafés –, bem como na nossa própria experiên-
cia associativa, empresarial e profissional.
A tarefa dos nossos associados e dos empresá-
rios do sector em geral não é fácil e constitui
uma grande responsabilidade, exigindo o en-
volvimento de todos os que trabalham no es-
tabelecimento, empregados e empregadores,
cabendo a estes os conhecimentos necessários
5|
à implementação do sistema e a obrigação de
assegurarem a adequada formação de todos os
seus colaboradores.
Este Código, previsto no Regulamento
852/2004, constitui, para os associados e para
os empresários do sector em geral, um docu-
mento essencial nesta matéria, informando-os
e aconselhando-os sobre como deverão proce-
der para a aplicação e cumprimento do referido
regulamento Comunitário e para a implemen-
tação do HACCP.
|ÂMBITO|
Este Código destina-se a todos os que traba-
lham, empregadores e empregados, nos seguin-
tes estabelecimentos:
-Empreendimentos turísticos – estabelecimen-
tos hoteleiros – conforme decreto-lei 39/2008
de 7 de Março;
-Estabelecimentos de restauração e de bebidas
– conforme decreto-lei 234/2007 de 11 de Ju-
nho.
INTRODUÇÃO |6
O bem-estar, o conforto, a saúde e a segurança
dos nossos clientes são, para nós, valores essen-
ciais. As refeições que servimos, sejam ligeiras,
como o pequeno-almoço ou o lanche, ou mais
substanciais, como o almoço ou o jantar, devem
ser saudáveis, no sentido em que não devem
provocar doenças ou, mais especificamente, in-
toxicações.
Por isso, é nosso dever eliminar todos os facto-
res que contribuam para que tal possa aconte-
cer.
Para alcançar este objectivo, e nos termos do re-
ferido Regulamento 852/2004, os empresários
deverão adoptar e cumprir procedimentos de
segurança alimentar adequados à sua activida-
de, com base nos princípios do HACCP – Análi-
se dos Perigos e Controlo dos Pontos Críticos.
A efectiva aplicação do HACCP só é possível
se, previamente, forem cumpridas duas etapas
essenciais.
Em primeiro lugar, adquirir um conhecimento
genérico sobre os principais tipos de contami-
nações e sobre os microrganismos que são os
principais causadores de intoxicações alimen-
tares. A este tema, de um modo necessariamen-
te genérico e não exaustivo, dedicaremos a Par-
te I deste Manual.
Em seguida daremos atenção aos alicerces do
HACCP, as suas fundações, que designamos
por «Pré-requisitos». Isto é, antes de mais, é ne-
cessário garantir a prevenção da possibilidade
de contaminação, controlando os respectivos
perigos, tratando da higiene do que podemos
designar de “estabelecimento” em sentido am-
plo, ou seja, estruturas, instalações, equipamen-
tos e pessoal.
A este tema dedicaremos a Parte II deste Manu-
al, organizada em 4 capítulos:
Capítulo II.1 – Higiene pessoal de todos os ma-
nipuladores de alimentos;
Capítulo II.2 – Higiene das instalações e equi-
pamentos;
Capitulo II.3 – Controlo da água de abasteci-
mento;
Capítulo II.4 – Controlo de pragas.
Estaremos, então, em condições de controlar os
perigos associados ao processo de confecção,
implementando os princípios do HACCP. A
este tema dedicaremos a Parte III deste Manu-
al.
Esta Parte III representa, sem dúvida, a grande
inovação que resulta da aplicação do já referido
Regulamento Comunitário 852/2004 e está or-
ganizada nos seguintes capítulos:
Capítulo III.1 – Breve apresentação do HACCP,
tendo por base o Codex Alimentarius. Aborda-
gem do HACCP formal (tradicional) de acordo
com o que o Codex recomenda para qualquer
indústria alimentar.
Capítulo III.2 – Breve explicação teórica e prá-
tica, em linguagem acessível a todos os empre-
gados e empregadores dos estabelecimentos
de hotelaria, de restauração e de bebidas.
Capítulo III.3 – Proposta de aplicação do HAC-
CP no sector da hotelaria e da restauração e be-
bidas - conjugação entre a teoria e a prática, de
modo a permitir aos estabelecimentos a aplica-
ção do HACCP, respeitando as suas especifici-
dades.
Anexos
Algumas definições e sugestões de fichas e de
registos que os estabelecimentos poderão ter
como base para a realização dos seus próprios
documentos de suporte.
PARTE I–
BREVES
NOÇÕES DE
CONTAMINA–
ÇÕES
|CAPÍTULO I. – PRINCIPAIS TIPOS DE
CONTAMINAÇÃO|
Sabemos que existem três tipos de perigos de
contaminações alimentares que nos preocu-
pam essencialmente ao nível da Segurança
Alimentar: Perigos Químicos, Perigos Físi-
cos e Perigos Biológicos.
|PERIGOS QUÍMICOS|
Este tipo de perigo ocorre quando um alimento é conta-
minado por uma substância química durante os proces-
sos de armazenamento, de preparação, de confecção, de
serviço...
Nos estabelecimentos de hotelaria, de restauração e de
bebidas, este tipo de contaminação muitas vezes é pro-
vocado por detergentes e desinfectantes. É, pois, muito
importante que os produtos de limpeza e desinfecção
estejam guardados num local diferente dos produtos
alimentares, e que, quando se proceda às operações de
limpeza e desinfecção, não se encontrem nesse mesmo
local produtos alimentares expostos.
Nunca se devem guardar os produtos de limpeza ou de
desinfecção dentro de embalagens de produtos alimen-
tares, como por exemplo garrafas de água ou de refri-
gerantes. Claro que também não se devem utilizar as
embalagens de detergentes para acondicionar ou trans-
portar alimentos.
Existem, no entanto, alguns perigos químicos que po-
dem estar associados a alguns alimentos, como seja a
presença de resíduos de antibióticos em produtos cár-
neos, ou resíduos de pesticidas em vegetais, cuja detec-
ção é impossível nos estabelecimentos. A realização de
análises para a detecção destas substâncias é muito dis-
pendiosa e o seu processo é demorado, o que significa
que, na prática, se um empresário optasse por as reali-
zar, quando obtivesse os resultados, o produto já não
se apresentaria em condições higio-sanitárias para ser
consumido. Donde se conclui que a análise deste tipo
de perigos tem de ser assegurada pelos fornecedores e
nunca se poderão exigir as mesmas análises aos empre-
sários destes estabelecimentos.
|PERIGOS FÍSICOS|
Qualquer objecto estranho a um alimento e que se in-
corpore acidentalmente no mesmo provoca a contami-
nação física desse alimento. Por exemplo, um pedaço de
uma embalagem, um cabelo num prato de sopa, um bo-
cado de palha-de-aço no puré.
|PERIGOS BIOLÓGICOS|
Nos perigos biológicos, podemos distinguir dois gru-
pos:
- visíveis a olho nu ou vista desarmada (macroscópi-
cos);
- não são visíveis a olho nu, apenas através de instru-
mentos de ampliação (microscópicos).
No primeiro grupo, encontram-se os seres vivos que ge-
ralmente denominamos como pragas – baratas, formi-
gas, entre outros.
No segundo grupo, encontram-se os microrganismos.
Sabemos que existem microrganismos benéficos para
os seres humanos e outros que são prejudicais, isto é, pe-
rigosos para o homem. Dos prejudiciais para o homem,
podemos distinguir dois grandes grupos:
- os que provocam infecções de origem alimentar;
- os que provocam intoxicações de origem alimentar.
O primeiro caso é causado pela mera presença num ali-
mento de um microrganismo patogénico que se multi-
plicou, dando origem a uma infecção alimentar.
|8
9|
Dentro deste grupo destacamos:
Salmonella*
Listeria monocytogenes
Escherichia coli
No segundo grupo, o agente responsável pela intoxica-
ção alimentar não é o microrganismo, mas sim a presen-
ça de toxinas formadas pelo mesmo. Salientamos:
Clostridium perfringens
Clostridium botulinum
Staphhylococcus aureus
Bacillus cereus
|DESENVOLVIMENTO DOS MI-
CRORGANISMOS|
Todos os seres vivos, incluindo os microrganismos, ne-
cessitam de alimento, de humidade, de temperatura e de
tempo para se desenvolverem. Existem também outros
factores que têm influência no seu desenvolvimento,
como a acidez do meio e o oxigénio.
Vamos deter-nos um pouco em cada um desses facto-
res.
_ALIMENTO
As bactérias necessitam de nutrientes para se desenvol-
verem. Preferem alimentos ricos em proteínas, como a
carne.
_TEMPERATURA
É um dos factores que melhor se deve controlar. As bac-
térias responsáveis pela maior parte das toxinfecções
alimentares desenvolvem-se melhor a uma temperatura
de cerca de 370C, mas entre os 50C e os 650C também se
desenvolvem. A valores inferiores ou superiores a este
intervalo, os microrganismos praticamente não têm ca
pacidade para se desenvolverem.
Podemos concluir que todos os alimentos devem ficar
o mínimo tempo possível à temperatura compreendida
entre 50C e os 650C. Dito de outra forma, para impedir
o desenvolvimento microbiano, tem de se manter os ali-
mentos a uma temperatura inferior a 50C ou superior a
650C.
_HUMIDADE
A água é um dos factores mais importantes para o de-
senvolvimento dos seres vivos, o mesmo ocorrendo com
as bactérias. Sem água, elas não podem aproveitar os
nutrientes que as rodeiam. As bactérias não crescem
nem se multiplicam nos alimentos desidratados, mas
também não morrem. Quando estes são reconstituídos,
voltam a crescer e a multiplicar-se, pelo que se deve ter
com estes alimentos os mesmos cuidados que se têm
com os alimentos frescos.
_ACIDEZ DOS ALIMENTOS
Algumas bactérias não se desenvolvem em meios muito
ácidos e, por esse motivo, se acidificarmos um alimento
com vinagre ou sumo de limão, podemos impedir que os
micróbios cresçam e se multipliquem.
_OXIGÉNIO
Alguns tipos de bactérias não crescem na presença de
oxigénio e outros só com oxigénio é que se desenvol-
vem, consoante o tipo de bactéria.
_TEMPO
Se proporcionarmos às bactérias e aos micróbios em ge-
ral as condições óptimas de temperatura, nutrientes, hu-
* De um modo muito simples podemos dizer que os nomes das bactérias são parecidos com os das pessoas, pois têm um apelido que identifica a família seguido de um nome próprio, por
exemplo Salmonella enteritidis, Salmonella typhi, a palavra Salmonella é o nome de família e o outro o nome próprio.
|10
midade, e lhes dermos o tempo necessário para se multi-
plicarem, estamos a criar um “viveiro de micróbios”.
|CAPÍTULO I.2 – BREVE REFERÊNCIA
A ALGUNS MICRORGANISMOS CAU-
SADORES DE TOXINFECÇÕES ALI-
MENTARES|
Como já referimos anteriormente, podemos
dividir os microrganismos patogénicos e
causadores de toxinfecções alimentares em
dois grandes grupos:
- os que provocam infecções de origem ali-
mentar;
- os que provocam intoxicações de origem
alimentar.
Iremos abordar em seguida algumas carac-
terísticas referentes a alguns dos principais
microrganismos de cada um dos grupos.
|SALMONELLA|
A salmonella é responsável pela maioria dos casos de
infecções alimentares.
Pertence à família das Enterobacteriaceae.
ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA-
ÇÃO
Estas bactérias vivem habitualmente no intestino do Ho-
mem e dos animais, em especial nos de capoeira; podem
encontrar-se na casca dos ovos, assim como nas patas
dos roedores e dos insectos, em especial das moscas. O
Homem também pode ser um veículo de contaminação
cruzada.
A salmonella pode chegar ao local de manipulação de
alimentos transportada pelos alimentos crus, como a
carne, nomeadamente a das aves, e pelos ovos.
Se o alimento não é cozinhado e se se conserva de forma
inadequada, as bactérias multiplicam-se rapidamente,
podendo dar origem a um surto de infecção alimentar.
Por exemplo, quando se utiliza a mesma faca para partir
um frango cru e umas fatias de carne assada, sem que
ela seja desinfectada entre ambas as utilizações, pode-
se estar a provocar a contaminação da carne assada.
A maioria dos casos de toxinfecção alimentar provoca-
da por salmonelas resulta de se ter cozinhado pouco os
alimentos ou de contaminação cruzada, como no exem-
plo anterior.
CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO
_TEMPERATURA
Normalmente, as bactérias desenvolvem-se em ambien-
tes com temperaturas entre 50 e 480C. A temperatura
óptima de crescimento das mesmas situa-se entre os
350 e 370C. As salmonelas dificilmente se multiplicam à
temperatura de refrigeração.
São facilmente destruídas pelo calor, no entanto, a con-
gelação e a secagem de alimentos não as mata, simples-
mente impede o seu desenvolvimento e multiplicação.
Recuperam estas capacidades quando estão nas condi-
ções apropriadas.
PRINCIPAIS ALIMENTOS ASSOCIADOS
A INFECÇÕES POR SALMONELLA.
Carne bovina crua, aves domésticas, ovos, peixe, leite e
derivados.
|LISTERIA MONOCYTOGENES|
A Listeria monocytogenes é uma bactéria patogénica.
Desde que ocorreram várias toxinfecções devido à pre-
11|
sença desta bactéria, ela passou a ser uma preocupa-
ção.
A Listeria monocytogenes pertence à família Listeriace-
ae.
ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA-
ÇÃO
A Listeria monocytogenes encontra-se, geralmente, no
solo, nos vegetais, na água, na carne e no peixe. O Ho-
mem e os animais são muitas vezes portadores assinto-
máticos da bactéria, sendo um veículo de contaminação
dos alimentos.
A contaminação de matérias-primas e de alimentos que
não são sujeitos a qualquer tratamento térmico pode
ser frequente.
CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO
_TEMPERATURA
A Listeria monocytogenes desenvolve-se num intervalo
de temperaturas entre 00C e 450C, tendo uma tempera-
tura óptima de crescimento entre os 300 e os 370C.
Sabe-se que sobrevive por longos períodos em alimen-
tos congelados (-180C).
PRINCIPAIS ALIMENTOS ASSOCIA-
DOS A INFECÇÕES POR LISTERIA MO-
NOCYTOGENES
As infecções alimentares com Listeria monocytogenes
encontram-se associadas a alimentos como o leite cru,
leite e queijos supostamente pasteurizados, gelados,
vegetais crus, aves domésticas cruas e cozinhadas, car-
nes cruas e peixes crus e fumados. A sua capacidade de
crescer em temperaturas tão baixas quanto 30C permite
a sua multiplicação em alimentos refrigerados.
|ESCHERICHIA COLI|
A Escherichia coli é utilizada como organismo indica-
dor de contaminação fecal em água e em alimentos. As
bactérias do género Escherichia coli pertencem à famí-
lia Enterobacteriaceae.
ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA-
ÇÃO
O principal habitat de Escherichia coli é o tracto intes-
tinal dos humanos e de outros animais de sangue quen-
te. Muitas das contaminações dos alimentos ocorrem
devido à contaminação do solo com excrementos dos
animais (muitas vezes utilizados como fertilizantes sem
qualquer tratamento prévio) ou à contaminação da água
devido a descargas de esgotos. Por vezes, as más práti-
cas de higiene nos locais de abate podem ser uma fonte
de contaminação das carcaças. Más práticas de higiene
pessoal quando se utilizam os sanitários também po-
dem conduzir a que os próprios manipuladores de ali-
mentos sejam veículos de contaminação dos mesmos.
CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO
_TEMPERATURA
Algumas estirpes de Escherichia coli conseguem cres-
cer em ambientes com temperaturas entre 70 e 460C e
têm uma temperatura óptima de crescimento entre 350
e 400C
|12
_OXIGÉNIO
Escherichia coli é uma bactéria que se desenvolve quer
na presença quer na ausência de oxigénio (anaeróbia
facultativa).
PRINCIPAIS ALIMENTOS ASSOCIADOS
A INFECÇÕES POR ESCHERICHIA COLI
Água, carnes mal cozinhadas, principalmente de bovi-
nos, enchidos curados, alface e outros vegetais, queijo e
leite cru, sumos de fruta não pasteurizados.
|STAPHYLOCOCCUS AUREUS|
Staphylococcus aureus é uma bactéria que pertencente
à família Micrococcaceae.
Estas bactérias, quando as condições são favoráveis,
desenvolvem uma toxina – enterotoxina – que, normal-
mente, é responsável por uma grande parte dos proble-
mas provocados pelos alimentos. Esta toxina é muito
resistente ao calor, enquanto a bactéria Staphlylococcus
aureus é facilmente destruída pelo calor.
ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA-
ÇÃO
Este tipo de bactérias existe no nariz, na garganta, na
saliva, na pele e nos golpes e lesões dos seres humanos,
pelo que estes são muitas vezes os principais veículos
de contaminação dos alimentos.
Qualquer pessoa que manipula os alimentos facilmente
os contamina: espirra sobre os mesmos, coça a cabeça
ou mexe na cara e depois nos alimentos, sem lavar as
mãos entretanto. Todos os cuidados de higiene pesso-
al são imprescindíveis para prevenir este tipo de infec-
ção.
CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO
_TEMPERATURA
Staphlylococcus aureus desenvolve-se num intervalo de
temperaturas entre 70 e 460C, tendo uma temperatura
óptima de crescimento entre 350 e 370C.
A enterotoxina produz-se geralmente no intervalo de
temperatura entre os 100 e 450C, sendo muito resistente
ao calor (é necessária a aplicação de um processo térmi-
co muito elevado e durante muito tempo para se alcan-
çar a destruição da mesma).
_OXIGÉNIO
Staphlylococcus aureus é uma bactéria que cresce na
presença e na ausência de oxigénio (anaeróbia faculta-
tiva). A sua toxina, por sua vez, necessita de oxigénio
para se produzir.
ALIMENTOS MAIS FREQUENTEMENTE
ASSOCIADOS A INTOXICAÇÕES POR
STAPHYLOCOCCUS AUREUS
Recheios de carne, saladas preparadas com ovo ou ma-
risco, bolos com recheio, fiambre, queijo e gelados são
os alimentos mais frequentemente associados a into-
xicações alimentares devido à presença deste micror-
ganismo. Como se pode observar, estes alimentos são
sujeitos a manipulações após a sua confecção, ficando
muitas vezes a temperaturas entre 10º e 45ºC antes de
serem consumidos.
13|
|CLOSTRIDIUM PERFRINGENS|
O Clostridium perfringens tem a capacidade de, em con-
dições adversas, ficar sobre a forma de esporo, isto é,
como se a bactéria ficasse protegida por uma espécie de
“armadura”. Quando as condições adversas desapare-
cem, a bactéria volta à sua forma normal e desenvolve-
se rapidamente. Os esporos de Clostridium perfringens
são muito resistentes à temperatura.
Esta bactéria pertence à família Bacillaceae (bacilos e
cocos esporulados).
ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA-
ÇÃO
O microrganismo em questão é frequentemente en-
contrado no intestino de humanos e animais. Os seus
esporos persistem no solo, em sedimentos e em áreas
sujeitas à poluição fecal de humanos e animais.
CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO
_TEMPERATURA
Este microrganismo cresce num intervalo de tempera-
tura que varia entre 120 e os 500C. A sua temperatura
óptima de crescimento situa-se entre 430 e 470C.
É importante referirmos que, em condições óptimas de
desenvolvimento, em apenas dez minutos um destes
microrganismos pode dar origem a dois.
Alguns esporos sobrevivem à ebulição durante uma
hora.
No intervalo de temperaturas entre 300 a 400C, produ-
zem-se toxinas; no entanto, as mesmas podem ser inac-
tivadas por aquecimento a 600C durante dez minutos.
_OXIGÉNIO
Esta bactéria desenvolve-se melhor na ausência de oxi-
génio. Produtos com pouco ou nenhum oxigénio são
geralmente mais propícios ao desenvolvimento deste
microrganismo.
ALIMENTOS MAIS FREQUENTEMENTE
ASSOCIADOS A INTOXICAÇÕES POR
CLOSTRIDIUM PERFRINGENS
Produtos cárneos, produtos preparados em grande
quantidade geralmente para banquetes (e conservados
durante bastante tempo à temperatura ambiente).
|CLOSTRIDIUM BOTULINUM|
As intoxicações causadas por Clostridium botulinum,
vulgarmente designadas por botulismo, ocorrem geral-
mente devido à ingestão de uma toxina pré-formada em
alimentos contaminados com este microrganismo. Esta
doença requer uma atenção especial, pois envolve um
risco elevado de morte.
Clostridium botulinum é uma bactéria pertencente à fa-
mília Bacillaceae.
ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA-
ÇÃO
Clostridium botulinum encontra-se no solo, nos sedi-
mentos marinhos, pelo que os animais são um veículo
de transmissão aos alimentos.
|14
CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO
_TEMPERATURA
Osintervalosdetemperaturadecrescimentodestasbac-
térias são diferentes para os vários subgrupos de Clos-
tridium botulinum. No entanto, a maioria desenvolve-se
com temperaturas entre os 30 e os 480C. Os seus esporos
são muito resistentes (para que a sua destruição ocorra,
é necessário sujeitar os alimentos a um aquecimento a
1210C  durante três minutos). As toxinas produzidas são
destruídas no seguinte binómio tempo – temperatura: 5
minutos a 850C ou 20 a 30 minutos a 800C.
_OXIGÉNIO
Clostridium botulinum é uma bactéria que se desen-
volve na ausência de oxigénio (anaeróbia). No entanto,
quando se encontra em embalagens com oxigénio, este
não é considerado suficiente para impedir o seu cres-
cimento, pois poderão existir no interior dos alimentos
zonas de anaerobiose onde possam ocorrer o desenvol-
vimento do organismo e a produção de toxina.
ALIMENTOS MAIS FREQUENTEMENTE
ASSOCIADOS A INTOXICAÇÕES POR
CLOSTRIDIUM BOTULINUM
A maior parte dos casos de botulismo estão associados
ao consumo de conservas caseiras (conservas de vege-
tais, de carnes), enchidos e presunto caseiro.
|BACILLUS CEREUS|
Bacillus cereus é uma bactéria pertencente à família Ba-
cillaceae.
Tem capacidade para formar esporos, bem como toxi-
nas.
ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA-
ÇÃO
Este microrganismo encontra-se no solo, nos vegetais,
na água, em pêlos de animais e na matéria em decom-
posição. Assim, encontramo-lo em muitos produtos
agrícolas e de origem animal.
CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO
_TEMPERATURA
Bacillus cereus desenvolve-se num intervalo muito alar-
gado de temperaturas entre os 40 e os 550C, tendo uma
temperatura óptima de crescimento entre 300 e 400C.
À temperatura de 250C inicia-se a produção da sua to-
xina.
_OXIGÉNIO
Bacillus cereus é uma bactéria que tem capacidade de
se desenvolver quer na presença quer na ausência de
oxigénio (anaeróbia facultativa). Porém, a sua toxina
produz-se melhor quando existe oxigénio.
ALIMENTOS MAIS FREQUENTEMENTE
ASSOCIADOS A INTOXICAÇÕES POR
BACILLUS CEREUS
Intoxicações alimentares pela presença deste micror-
ganismos estão associadas a alimentos como vegetais,
carnes, peixe, leite e cereais ricos em amido (arroz, ba-
tatas, massas).
PARTE II–
OS PRÉ-
REQUISITOS
PARA A APLI–
CAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS
DO HACCP
Para se implementarem programas que garantam a se-
gurança alimentar nos estabelecimentos (baseados nos
princípios do HACCP), existem requisitos mínimos que
têm de ser cumpridos, designadamente:
- Higiene pessoal de todos os manipuladores de alimen-
tos;
- Higiene das instalações e equipamentos:
. Manutenção e concepção;
. Limpeza e desinfecção das instalações e dos equipa-
mentos;
- Controlo da água de abastecimento;
- Controlo de pragas.
Vejamos, então, mais detalhadamente cada um destes
pontos.
|CAPÍTULO II.1 – HIGIENE PESSOAL
DOS MANIPULADORES DE ALIMEN-
TOS|
A segurança alimentar depende em grande
parte do nível de higiene individual de to-
dos os que trabalham no estabelecimento,
empregadores e empregados, especialmente
daqueles que manuseiam alimentos, e que,
neste Capítulo, designaremos por «manipu-
ladores», ou seja, aqueles que produzem, pre-
param e transportam alimentos.
Os manipuladores podem causar contaminações dos
alimentos por serem portadores de microrganismos:
- na parte externa do seu corpo (cabelo, mãos, pele…);
- na parte interna (garganta, boca, nariz…);
- e ainda nas suas secreções (suor, saliva, fezes…).
Podemos afirmar que os principais perigos de contami-
nação dos alimentos estão geralmente associados aos
seguintes factores:
. o estado de saúde dos manipuladores;
. a higiene corporal e o vestuário utilizado (muitas vezes
inadequado);
. práticas e comportamentos profissionais incorrectos
ou negligentes.
Existem regras básicas que qualquer manipulador de
alimentos deve aplicar diariamente e que se apresentam
de seguida.
|II.1.1 – HIGIENE INDIVIDUAL – APRE-
SENTAÇÃO ADEQUADA AO TRABA-
LHO|
Diariamente e antes de se dirigirem ao local de trabalho,
os manipuladores devem efectuar a sua higiene corpo-
ral.
Adornos:
-osmanipuladoresnãodevemutilizaradornos,taiscomo
anéis, pulseiras, brincos, colares, piercings e outros. A
maioria destes objectos possuem ranhuras e orifícios
que constituem locais de acumulação de resíduos, que
poderão originar a contaminação dos alimentos. Além
disso os referidos objectos poderão soltar-se e cair sobre
os alimentos sem que ninguém se aperceba, passando a
ser um factor de contaminação e podendo causar danos
ao cliente.
Fardas:
- os manipuladores devem desenvolver as suas tarefas
devidamente fardados, de acordo com as funções exer-
cidas, não devendo usar nunca a roupa que utilizam na
rua;
- as fardas devem estar sempre limpas e ser de uso exclu-
sivo no estabelecimento;
- as fardas dos manipuladores que trabalham nas zonas
de preparação e de confecção devem ser de cor clara, de
forma a pôr em evidência a sujidade.
Cabelo:
- o cabelo deve estar totalmente coberto com touca ou
barrete, sempre que as funções sejam exercidas na cozi-
|16
|17
nha ou na copa, ou ainda quando a tarefa o justifique
No exercício de outras funções, o cabelo deve estar pelo
menos preso.
|II.1.2 – HIGIENE DAS MÃOS|
As mãos são a principal fonte de contaminações bacte-
rianas dos alimentos e, por isso, merecem uma atenção
muito especial.
Para prevenir os riscos de contaminação dos alimentos,
as mãos devem ser muito bem lavadas.
As escoriações e cortes de pouca importância devem
ser tratados e protegidos com pensos impermeáveis e
de preferência de cores vivas.
As unhas devem estar sempre limpas, curtas sem ver-
niz.
QUANDO DEVE LAVAR AS MÃOS
- Antes de iniciar, durante e no fim de qualquer tarefa.
- Depois de usar as instalações sanitárias.
- Quando mexer no cabelo, no nariz ou noutra parte do
corpo, ou usar um lenço de assoar.
- Antes e depois de mexer em alimentos crus – legumes,
fruta, carne, ovos...
- Depois de tocar em objectos sujos – embalagens, lixo,
superfícies sujas.
- Depois de fumar e comer.
- Sempre que considere necessário.
COMO DEVE LAVAR AS MÃOS
1 – Molhar as mãos.
2 – Ensaboar bem, de preferência com sabão líquido an-
ti-séptico ou bactericida.
3 – Passar por água corrente para retirar o sabão.
4 – Desinfectar com solução desinfectante própria para
mãos.
5 – Secar (com toalhetes de papel ou secador).
LUVAS
Se usar luvas para a manipulação dos produtos alimen-
tares, estas devem ser mantidas em boas condições de
higiene.
É recomendado o uso de luvas descartáveis em opera-
ções que requerem muito manuseamento e manipula-
ção de alimentos, como por exemplo:
- cortar produtos de charcutaria;
- cortar produtos cozinhados;
- moldar carne picada;
- desfiar alimentos, como bacalhau, pato entre outros;
- cortar frutas e legumes desinfectados.
É muito importante referir que as tarefas executadas
com luvas descartáveis devem decorrer sem inter-
rupções, caso contrário as mesmas deverão ser subs-
tituídas.
É obrigatório usar luvas sempre que houver escoria-
ções, queimaduras ou cortes.
|II.1.3 – COMPORTAMENTO NO LO-
CAL DE TRABALHO E BOAS PRÁTI-
CAS PROFISSIONAIS|
- Os manipuladores devem manter um elevado nível de
higiene pessoal e bons hábitos de higiene durante todo
o período de trabalho.
- Os locais de trabalho devem manter-se sempre limpos
e arrumados.
- Os desperdícios e resíduos devem ser eliminados com
regularidade (sem esperar que um superior ou um cole-
ga o peça.)
- As mãos devem ser lavadas com frequência, como já
referimos.
- São comportamentos expressamente proibidos nas zo-
nas onde se manipulam e armazenam alimentos:
18|
fumar, comer, mascar pastilha elástica, tomar ou
guardar medicamentos, mexer na cabeça, nariz ou
boca, provar alimentos com os dedos.
- Para além dos comportamentos atrás enunciados, de-
vem ainda ser tomadas medidas preventivas para que
os manipuladores tenham práticas de higiene pessoal
sempre que mudam de tarefa, para evitar contamina-
ções.
|II.1.4 – SAÚDE DOS MANIPULADO-
RES|
Os manipuladores, tal como os demais trabalhadores,
devem efectuar um exame médico completo no início da
sua actividade e, pelo menos, uma vez por ano ou uma
vez de dois em dois anos, nos termos do Código do Tra-
balho e legislação complementar. Este exame médico
tem de ser feito por um Médico do Trabalho.
Sempre que os manipuladores tenham contraído ou sus-
peitem ter contraído doenças contagiosas ou sofram de
doenças de pele, do aparelho digestivo, de inflamações
da garganta, ouvidos ou olhos, ficam interditos de todas
as actividades directamente relacionadas com os ali-
mentos. Nesta situação, devem informar o seu superior
hierárquico para que sejam tomadas as devidas provi-
dências.
|CAPÍTULOII.2 – INSTALAÇÕES E
EQUIPAMENTOS|
As instalações dos estabelecimentos, de um
modo geral e, em particular, os locais onde se
manipulam alimentos, como cozinhas, copas,
zonas de preparação e armazenagem, deve-
rão apresentar sempre boas condições de
conservação, de forma a que as mesmas nun-
ca possam ser uma fonte de contaminação
dos alimentos. Devem, portanto respeitar um
conjunto de requisitos.
II.2.1 – CONCEPÇÃO E MANUTEN-
ÇÃO
|II.2.1.1 – LOCAIS ONDE SE MANIPU-
LAM ALIMENTOS|
Cada estabelecimento tem as suas características, es-
truturas e dimensões próprias; no entanto, do ponto de
vista da higiene e segurança alimentar, todos devem
cumprir um conjunto de requisitos mínimos definidos
na legislação aplicável.
As instalações devem ser projectadas e construídas ten-
do em vista o fim a que se destinam, respeitando as se-
guintes regras essenciais:
- devem ser dotadas de saneamento e de água potável;
- todos os compartimentos devem ter iluminação e ven-
tilação apropriadas à sua finalidade;
- devem ser concebidas de forma a impedir a queda de
partículas nos géneros alimentícios e a evitar a acumu-
lação de sujidade, bem como a formação de condensa-
ções e bolores indesejáveis;
- as operações a que são sujeitos os alimentos desde que
são recebidos no estabelecimento até que chegam ao
utente devem poder ser executadas de forma a impedir
a contaminação cruzada, quer por parte dos manipula-
dores, quer aquando da utilização do equipamento e/ou
da sua instalação.
Todos os locais onde se desenvolvem operações relacio-
nadas com alimentos devem ser mantidos em bom esta-
do de conservação e de limpeza.
|II.2.1.1.1 – PAVIMENTO|
O pavimento deve ser mantido em bom estado de con-
servação e construído com materiais que permitam uma
fácil limpeza, ou seja, materiais impermeáveis, não ab-
sorventes, laváveis e resistentes. Deverá também ser
anti-derrapante, de forma a evitarem-se quedas e outros
|19
acidentes de trabalho, e resistente quer à passagem de
carrinhos e pessoas, quer à força do equipamento que
sobre o mesmo seja exercida.
Deverão ainda existir caleiras para escoar a água, de
preferência junto aos locais onde se lavem alimentos
ou utensílios. As mesmas devem ser protegidas com
grelhas amovíveis. É aconselhável que o chão seja em
declive em direcção às caleiras, de forma a facilitar o es-
coamento de água e outros líquidos.
|II.2.1.1.2 – PAREDES|
As paredes devem ser revestidas de material lavável, im-
permeável, não absorvente nem tóxico, e devem ser lisas
até uma altura ajustada às operações, de forma a facilita-
rem a limpeza e a impedirem a acumulação de qualquer
tipo de resíduo.
A união das paredes entre si e destas com o chão deve
ser arredondada, de modo a não constituir um local de
acumulação de sujidade e de difícil limpeza.
Todos os estragos, gretas, fissuras, zonas partidas devem
ser rapidamente reparados, pois estes locais são propí-
cios à acumulação de sujidade e são de difícil limpeza.
|II.2.1.1.3 – TECTOS|
Os tectos devem ser lisos, construídos em material lavá-
vel, impermeável e de fácil limpeza. Dever-se-á impedir
o desenvolvimento de bolores, por exemplo, utilizando
uma tinta anti-fungos ou qualquer outra solução eficaz.
Todos os equipamentos que nele estejam instalados não
deverão originar a contaminação dos alimentos pelo
desprendimento de partículas ou outras substâncias ou
objectos. Por exemplo: as lâmpadas devem ser protegi-
das, os electrocutores não deverão ser instalados por
cima dos locais onde habitualmente se manipulem ali-
mentos.
|II.2.1.1.4 – PORTAS, JANELAS, CLA-
RABÓIAS|
As portas devem ser revestidas de materiais lisos, lavá-
veis, impermeáveis e de fácil limpeza. Habitualmente,
as portas são uma fonte de contaminação de alimentos
pelo contacto com as mãos daqueles que as utilizam. A
zona de contacto com as mãos e os pés deverá ser cons-
tituída por materiais resistentes ao desgaste do uso e
aos agentes de limpeza e desinfecção.
As janelas e outras aberturas para o exterior devem ter
dispositivos que impeçam a entrada de insectos ou ou-
tros animais, tais como redes mosquiteiras. Estas deve-
rão ser removíveis para facilitar a sua correcta limpeza.
No entanto, recomenda-se que, caso a abertura das jane-
las possa ocasionar contaminações, as mesmas se man-
tenham fechadas durante a laboração.
|II.2.1.1.5 – VENTILAÇÃO|
Todos os compartimentos devem ser correctamente
ventilados. Os sistemas usados podem ser naturais ou
artificiais, desde que se mantenha a contínua renovação
do ar.
Outro factor que é necessário ter-se em atenção é o fac-
to de, quando existirem sistemas de circulação de ar,
os mesmos deverem passar sempre de uma zona limpa
para uma menos limpa e nunca o inverso.
A correcta ventilação de um local é muito importante,
pois condiciona a boa qualidade do ambiente e tem im-
plicações quer na contaminação dos alimentos, quer na
formação de condensação nas paredes e tectos, quer no
próprio rendimento dos trabalhadores.
20|
|II.2.1.1.6 – EXAUSTÃO|
A exaustão de fumos e cheiros é outro requisito impor-
tante e independente da ventilação do estabelecimento.
Os sistemas de exaustão de fumos e cheiros das cozi-
nhas deverão ser sempre construídos em material in-
combustível, ter uma potência suficiente para retirar
toda a presença de fumos e cheiros da cozinha e condu-
zir os mesmos directamente ao exterior e na parte mais
elevada do edifício.
Deverão ser periodicamente limpos, pois são um local
propício à acumulação de gordura, estando na origem
da maioria dos incêndios que ocorrem nos estabeleci-
mentos de restauração e bebidas.
|II.2.1.1.7 – ILUMINAÇÃO|
A iluminação poderá ser natural ou artificial. É impor-
tante que seja suficiente para a permitir a realização de
actividades de um modo higiénico.
As lâmpadas deverão ser protegidas, para se assegurar
a protecção dos alimentos face a contaminações, por ve-
zes originadas pelos estilhaços produzidos devido ao re-
bentamento das mesmas (ver ponto referente ao tecto).
A forma que se adoptar para proteger as lâmpadas de-
verá evitar a acumulação de poeiras e facilitar a sua lim-
peza.
|II.2.1.1.8 – EQUIPAMENTOS E BAN-
CADAS DE TRABALHO|
As superfícies de bancadas e equipamentos que contac-
tam directamente com alimentos devem ser de mate-
riais lisos, laváveis, não tóxicos e resistentes à corrosão.
As mesmas devem ser sempre mantidas em boas condi-
ções de conservação e limpeza e, se necessário, desin-
fectadas.
II.2.1.2 – VESTIÁRIOS E INSTALAÇÕES
SANITÁRIAS
Deve existir uma zona de vestiários equipados com ca-
cifos individuais para cada trabalhador. Deste modo, as-
segura-se que os trabalhadores têm um local para colo-
car os seus objectos pessoais, caso contrário os mesmos
irão encontrar-se depositados em diferentes locais do
estabelecimento e irão constituir uma fonte de contami-
nação (física ou biológica) dos alimentos.
Devem também existir instalações sanitárias para o pes-
soal em serviço. Estas deverão ser concebidas de acordo
com o número de trabalhadores e separadas por sexos.
Os sanitários não devem dar directamente para um lo-
cal onde se guardem e manuseiem alimentos. Devem ter
iluminação suficiente e a ventilação (natural ou artifi-
cial) deve ser contínua, conduzindo directamente ao ex-
terior. As instalações sanitárias devem estar equipadas
com todas as peças sanitárias (sanita, urinol, lavatório
[de preferência com torneiras não manuais]), de acordo
com o número de trabalhadores, e com os utensílios ne-
cessários ao seu funcionamento, nomeadamente mate-
riais para a limpeza das mãos e dispositivos de secagem
higiénica (sabonete líquido, toalhas de papel ou secador
de mãos, escova de unhas, papel higiénico, balde do lixo
movido a pedal).
O pavimento, as paredes e o tecto devem ser de material
lavável, impermeável e de fácil limpeza.
II.2.1.3 – SALA DE REFEIÇÕES
A legislação europeia referente à higiene dos géneros
alimentícios não se aplica às salas de refeições. Existem,
no entanto, algumas indicações gerais que se devem
cumprir, bem como outras que constam da legislação
nacional e específica do sector.
|21
As salas onde se presta o serviço de restauração e de
bebidas, acompanhado do serviço de cafetaria, devem
possuir equipamento e mobiliário adequados ao fim a
que se destinam.
Todos os materiais utilizados nas referidas salas devem
ser resistentes, laváveis e de fácil limpeza. Estes locais
devem ser suficientemente iluminados e continuamente
ventilados.
|II.2.2 – LIMPEZA E DESINFECÇÃO
DAS INSTALAÇÕES E DOS EQUIPA-
MENTOS|
A limpeza é uma operação extremamente importante.
Contudo, é um assunto sobre o qual consideramos fre-
quentemente que já sabemos tudo, pois realizamos esta
operação várias vezes durante o dia.
Porque é que limpamos? Como limpamos? Quais os
produtos mais indicados?Com que frequência devemos
limpar? Estas são algumas das questões que surgem
com mais frequência e a que tentaremos responder.
|II.2.2.1 – LIMPEZA E DESINFECÇÃO|
As operações de limpeza e desinfecção, por vezes tam-
bém designadas por higienização, têm por finalidade as-
segurar que nos locais onde se manipulam, preparam e
confeccionam alimentos não existem micróbios, ou que,
se existirem, seja na menor quantidade possível.
Quando limpamos, removemos a sujidade, restos de ali-
mentos, gorduras ou outro tipo de detritos.
Quando desinfectamos, eliminamos micróbios, invisí-
veis aos nossos olhos, e que, portanto, resistiram à lim-
peza.
UMA BOA LIMPEZA
Uma boa limpeza compreende as etapas seguintes:
1 – eliminar a sujidade encrostada;
2 – lavar com água morna, à qual se adicionou um de-
tergente;
3 – enxaguar com água quente;
4 – se necessário, desinfectar e enxaguar abundante-
mente com água limpa e potável.
PRINCÍPIOS DE UMA BOA LIMPEZA E DE
UMA DESINFECÇÃO EFICAZ
Procurar limpar a fundo. Utilizar para este efeito bons
detergentes. Respeitar as dosagens e o tempo de acção
prescritos.
Enxaguar abundantemente com água e evacuar a água
de enxaguagem.
Escolher um bom desinfectante. Ter em conta a eficácia
do produto e a sua forma de conservação.
Respeitar as indicações de dosagem, de tempo de con-
tacto e o modo de aplicação do desinfectante.
Enxaguar as superfícies e os aparelhos tratados com
água limpa em quantidades suficientes para eliminar os
restos de detergente e de desinfectante.
Desinfectar, após as actividades de lavagem, o material
de limpeza e outros acessórios.
O QUE É NECESSÁRIO DESINFECTAR?
Tudo o que estiver em contacto com as mãos, como por
exemplo, as facas, as colheres, as bancadas, etc.
Todas as superfícies que contactam com os alimentos
quer no armazém, quer durante a preparação ou confec-
ção dos alimentos.
Todo o equipamento e utensílios, os quais deverão ser
desinfectados periodicamente e não apenas após a sua
utilização.
22|
A desinfecção não deve ser feita a não ser que seja ver-
dadeiramente necessária.
PONTOS A OBSERVAR NA REALIZAÇÃO
DE UMA DESINFECÇÃO EFICAZ
O desinfectante deve ser o indicado para cada situação.
O tempo de acção do produto deve ser o indicado.
Antes de desinfectar, é necessário lavar conveniente-
mente. Na presença de sujidade, a desinfecção não é
eficaz e a acção do desinfectante será em grande parte
desactivada.
A quantidade de desinfectante a utilizar deve respeitar a
dosagem prescrita para cada situação.
A temperatura da água na qual o desinfectante é diluído
não pode ser demasiado elevada para não desactivar o
produto.
CONSELHOS PRÁTICOS
- Para evitar a contaminação dos alimentos assim como
a contaminação cruzada, é muito importante assegurar
uma correcta limpeza das instalações e de todos os equi-
pamentos e utensílios.
- Não se pode varrer a seco o pavimento das áreas de
manipulação de alimentos e salas de refeições. Devem
ser utilizados utensílios de limpeza que não levantem
poeira.
- De preferência, devem ser utilizados materiais descar-
táveis para a limpeza e desinfecção das bancadas, de for-
ma a evitar focos de contaminação.
- A limpeza deve ser realizada de cima para baixo, tendo
o cuidado de não salpicar as zonas que já foram limpas.
- Nunca utilizar para limpar superfícies de trabalho, me-
sas, paredes e equipamentos, utensílios que se usem
para limpar o chão.
- Não utilizar o mesmo equipamento de limpeza nas ca-
sas de banho e nas zonas de preparação de alimentos.
- Quando se executam as operações de limpeza, todos os
produtos alimentares devem estar devidamente protegi-
dos, não esquecendo as montras e vitrinas.
- Nunca se devem utilizar materiais sujos (esponjas, es-
fregões, escovas e panos).
|II.2.2.2 – TRATAMENTO DA LOIÇA|
A louça merece uma atenção especial.
- Há necessidade de se tomarem precauções durante o
tratamento da loiça que vem da sala de refeições. Para
evitar um dos maiores perigos – que consiste nas con-
taminações cruzadas –, o transporte da loiça e dos res-
tos de comida deve ser organizado de forma a evitar o
cruzamento com loiça limpa. Todos os que aí trabalham
devem conhecer os percursos da loiça limpa e da suja.
- Na copa suja (o local destinado à lavagem da loiça e
dos utensílios) os restos de alimentos que ficam nos pra-
tos devem ser rapidamente despejados para os recipien-
tes do lixo.
- Toda a loiça que se encontre danificada (por exemplo
rachada, lascada) deverá ser substituída.
- A lavagem da loiça deverá ser realizada na máquina
de lavar.
. Uma máquina da loiça correctamente regulada é ge-
ralmente mais rápida, económica e higiénica.
. As instruções de funcionamento devem ser claras e
estar, de preferência, afixadas.
. As temperaturas da água, do ar, o dispositivo de dose-
amento, etc. deverão ser aferidos periodicamente.
- Quando for necessário lavar alguns utensílios à mão, a
água que se utiliza deve estar muito quente e limpa.
. Primeiro procede-se à lavagem da loiça numa solu-
ção a cerca de 400 C e depois deve-se passá-la por água
muito quente e limpa.
. A água deve ser mudada frequentemente e não se deve
deixá-la estagnada no lava-loiça.
- A loiça e os utensílios devem secar ao ar. Não se de-
|23
ve utilizar panos para secar a loiça. Os panos são uma
das maiores fontes de propagação de microrganismos.
- É necessário fazer uma distinção correcta entre a loiça
limpa e a suja. Deve estar previsto um local separado
para se colocar quer a loiça limpa quer a suja.
|II.2.2.3 – PLANO DE LIMPEZA E DE-
SINFECÇÃO|
Em cada estabelecimento deve haver um plano de lim-
peza e desinfecção, do qual conste:
- o que deve ser limpo e desinfectado;
- quando deve ser limpo e desinfectado;
- como deve ser limpo e desinfectado;
- quem deve limpar e ou desinfectar.
Estabelecer um plano de limpeza e desinfecção exige
um bom conhecimento e uma utilização apropriada dos
produtos. É necessário utilizar um produto adequado,
no local apropriado e na quantidade certa, respeitando
sempre as indicações do fabricante. O plano também
deve conter quais os equipamentos ou materiais especí-
ficos que serão necessários para a execução do mesmo.
Para assegurar que cada operação de limpeza e de de-
sinfecção é efectivamente executada, é recomendável
afixar o esquema de limpeza num local que facilite a sua
consulta (sugestões no final do manual).
O controlo dos procedimentos de limpeza e desinfecção
das instalações e equipamentos pode ser realizado de
duas formas:
- verificação regular da execução dos procedimentos de
limpeza e de desinfecção;
- inspecção visual.
Para facilitar este controlo, poderá existir uma listagem
de verificações a executar em diferentes locais, como as
cozinhas, as instalações dos que aí trabalham e os arma-
zéns (exemplos no final deste manual).
Deverá ser feito ao longo do ano um controlo micro-
biológico às superfícies limpas e desinfectadas.
|II.2.2.4 – ARMAZENAGEM DE PRO-
DUTOS DE LIMPEZA|
Os produtos de limpeza devem estar armazenados em
locais fechados e identificados, separados dos produtos
alimentares.
Estes produtos deverão ser guardados sempre nas suas
embalagens de origem, no entanto, se for necessário
transferi-los para outros recipientes, estes terão de ser
identificados com rótulos.
Em nenhum caso é possível utilizar embalagens de pro-
dutos de limpeza e outros produtos químicos para guar-
dar alimentos e vice-versa.
RESUMINDO:
FICHA: Recomendações para um esquema de limpeza/
desinfecção/plano de limpeza (F1, F2)
REGISTO: Controlo das operações de limpeza (R1)
CONTROLO: Visual e microbiológico
24|
|CAPÍTULO II.3 – CONTROLO DE
ABASTECIMENTO DE ÁGUA|
Todas as empresas alimentares devem ter
um abastecimento adequado de água potá-
vel. No território português a legislação (DL
306/2007) define os padrões físico-químicos
e biológicos que a água tem de observar para
ser considerada potável, ou seja, adequada
para o consumo humano.
A tarefa de verificar a conformidade da qualidade da
água compete aos responsáveis pela rede de distribui-
ção. Como, geralmente, a grande maioria dos estabele-
cimentos são abastecidos com água da rede pública, os
mesmos deverão pedir à entidade gestora da rede pú-
blica os boletins de análise do controlo da água. No en-
tanto, é necessário referir-se que a responsabilidade da
entidade gestora cessa sempre que se comprove que o
incumprimento dos resultados das análises ocorre devi-
do a deficiências do sistema de distribuição predial (isto
é, nas canalizações, acessórios ou outros aparelhos ins-
talados entre as torneiras e as redes de distribuição, que
não sejam da responsabilidade da entidade gestora). Os
responsáveis dos estabelecimentos, além de solicitar à
entidade gestora de distribuição de água os resultados
periódicos de análises, também podem periodicamente
efectuar análises de rotina para atestar a qualidade da
água.
Quando a água utilizada no estabelecimento não pro-
vém da rede pública de abastecimento, mas de uma fon-
te individual, como por exemplo um furo ou uma mina,
os mesmos são equiparados a um sistema de gestão de
água e devem cumprir todas as imposições presentes
no Decreto-lei já referido. Relembramos alguns aspec-
tos que têm de ser tidos em conta: a origem do abaste-
cimento, o armazenamento e distribuição, assim como o
tipo de tratamento, o seu controlo e a sua manutenção.
Nestes casos, recomenda-se que se tenha os seguintes
registos: boletins de análises periódicas; fichas técnicas
dos produtos utilizados no tratamento da água; registo
de medidas correctivas.
GELO
O gelo que contacta com os alimentos ou que, de algum
modo, os possa contaminar tem de ser fabricado com
água potável. Tem de ser ter cuidado para não contami-
nar o gelo quer no seu fabrico quer na sua armazena-
gem.
Mais indicações podem ser encontradas na legislação
em vigor, nomeadamente no Regulamento nº 852/2004
de 29 de Abril, e no Decreto-Lei 306/2007 de 27 de Agos-
to.
|CAPÍTULOII.4–CONTROLODEPRA-
GAS|
Existem certos animais que são considerados
nocivos e que, portanto, são indesejáveis nos
locais onde se manipulam, armazenam e co-
mercializam alimentos. A sua presença cons-
titui um perigo importante para a segurança
dos alimentos. Estes animais são habitual-
mente designados por pragas ou parasitas.
Dentre estes há alguns que constituem o grupo de pra-
gas mais frequentes nos estabelecimentos de hotelaria,
de restauração e de bebidas, dos quais destacamos:
- pássaros;
- roedores (ratos, ratazanas, etc.);
- insectos:
. rastejantes ( baratas, formigas, etc.);
. voadores (borboletas, moscas, mosquitos, etc).
Estes animais, como todos os seres vivos, necessitam de
|25
condições favoráveis ao seu desenvolvimento, como se-
jam: alimento, humidade, calor. Todas estas condições
podem ser facilmente encontradas nos locais onde se
manipulam alimentos.
INDÍCIOS DA PRESENÇA DE PRAGAS
É de primordial importância observar as instalações
para descobrir sinais que manifestem a presença de pra-
gas, de forma a poderem ser tomadas rapidamente as
medidas correctivas convenientes. A título de exemplo
indicam-se alguns desses indícios:
- presença de dejectos, ovos, larvas, pêlos de animais;
- presença de cadáveres de animais;
- cheiros inusuais;
- presença de pegadas ou outros indícios da passagem
de pragas;
- presença de embalagens ou outros acessórios roídos
ou danificados;
- presença de barulhos correspondentes ao arranhar, ao
bicar, ao roer…
TIPOS DE CONTROLO DE PRAGAS
O controlo de pragas pode ser de dois tipos:
- controlo preventivo
- controlo de exclusão
1. Controlo Preventivo
O controlo preventivo consiste essencialmente em im-
pedir a entrada e/ou a permanência das pragas nas ins-
talações. Para se alcançar este objectivo, existe um con-
junto de medidas que deve ser posto em prática:
- colocar redes mosquiteiras nas janelas e aberturas para
o exterior;
- colocar protecções nas portas (por exemplo, molas de
retorno, cortinas de lamelas, etc.);
- manter as portas e as janelas fechadas;
- instalar electrocutores nos locais de entrada e saída das
instalações;
- proceder à descartonagem das embalagens terciárias
dos produtos na recepção dos mesmos;
- manter os locais de manipulação e armazenagem de
produtos em perfeito estado de limpeza (proceder à lim-
peza sempre que se derrame ou espalhe um produto);
- manter os ralos e as caleiras em bom estado de limpeza
e conservação;
- colocar os resíduos sólidos (lixo) sempre em caixotes
com tampa e mantê-los sempre fechados.
2. Controlo de Exclusão
Este tipo de controlo pode ser realizado quer por meios
físicos, quer por meios químicos. No primeiro caso pode
usar-se, para este efeito, equipamentos como electrocu-
tores, barreiras de ar forçado nas entradas, armadilhas,
entre outros. Os meios químicos compreendem a uti-
lização de substâncias químicas, como por exemplo in-
secticidas, pesticidas, raticidas, etc.
QUEM DEVE FAZER O CONTROLO DE
PRAGAS?
Geralmente, os produtos químicos para o combate de
pragas são muito perigosos, pelo que as desinfestações
devem ser executadas por técnicos especializados.
Quando se contratam empresas para executarem este
serviço, devem ser solicitadas às mesmas as seguintes
informações:
- plano anual de controlo de pragas;
- fichas técnicas e segurança dos produtos utilizados;
- relatório de visitas;
- mapa de localização de iscos (a utilização dos mesmos
tem de ser muito bem ponderada, pois os iscos podem
ser também uma fonte de atracção de pragas).
26|26|26|
PARTE III–
O HACCP
|CAPÍTULO III.1 – APRESENTAÇÃO
DO HACCP – BREVE EXPOSIÇÃO TE-
ÓRICA|
|III.1.1 – O QUE SIGNIFICA HACCP?|
HACCP – “Hazard Analysis Critical Control Points” mais
não significa, em Português, do que Análise de Perigos e
Controlo de Pontos Críticos.
O HACCP consiste num sistema baseado na identifica-
ção e avaliação de perigos específicos e na implementa-
ção de medidas para o seu controlo, focadas na preven-
ção e não na análise do produto final, de forma a garantir
a segurança dos alimentos.
|III.1.2 – PRINCÍPIOS DE HACCP|
A legislação refere-se aos sete princípios do método de
HACCP, que são os seguintes:
1– identificação de quaisquer perigos que devam ser evi-
tados, eliminados ou reduzidos para níveis aceitáveis;
2 – identificação dos pontos críticos de controlo na fase
ou nas fases em que o controlo é essencial para evitar ou
eliminar um perigo ou para o reduzir para níveis aceitá-
veis;
3 – estabelecimento de limites críticos em pontos de
controlo, que separem a aceitabilidade da não aceitabili-
dade, com vista à prevenção, eliminação ou redução dos
perigos identificados;
4 – estabelecimento e aplicação de processos eficazes de
vigilância em pontos críticos de controlo;
5 – estabelecimento de medidas correctivas quando a
vigilância indicar que um ponto crítico não se encontra
sob controlo;
6 – estabelecimento de processos a efectuar regular-
mente, para verificar se as medidas referidas nos princí-
pios 1 a 5 funcionam eficazmente;
7 –elaboração de documentos e registos adequados à
natureza e dimensão da empresa, a fim de demonstrar
a aplicação eficaz das medidas referidas nos princípios
anteriores.
|CAPÍTULO III.2 – HACCP – BREVE EX-
PLICAÇÃO TEÓRICO / PRÁTICA|
O responsável de um estabelecimento deverá
analisar todas as operações que compõem o
processo produtivo, desde a recepção da ma-
téria-prima até ao serviço das refeições aos
seus clientes. Deve identificar as etapas de
transformação dos alimentos potencialmente
perigosas e inseguras para a saúde, de forma
a poder estabelecer controlos suficientes
para minimizar os riscos de toxinfecções ali-
mentares.
A aplicação da metodologia HACCP obriga
a um conhecimento profundo do produto, do
seu processo de fabrico e da sua posterior
utilização.
|III.2.1 – O QUE É NECESSÁRIO FA-
ZER?|
- Identificar possíveis perigos, aquilo que pode ser noci-
vo (1º Princípio do HACCP):
. avaliar os perigos alimentares que podem existir no
estabelecimento;
. identificar as áreas/etapas em que os mesmos podem
ocorrer.
- Identificar aqueles pontos que são críticos para assegu-
rar a segurança alimentar, isto é, em que podem ocorrer
os perigos alimentares (2º Princípio do HACCP).
28|
|29
|III.2.2 – PROCEDIMENTOS DE CON-
TROLO|
Após ter identificado alguns possíveis focos de proble-
mas, o responsável do estabelecimento tem de os con-
trolar e de assegurar aos clientes que o faz. Para isso,
deve:
- garantir que existem controlos de segurança nesses
pontos críticos para acautelar a segurança alimentar
(Princípios 3º e 4º);
- vigiar (monitorizar) regularmente os controlos para ve-
rificar que trabalham eficientemente;
- manter e rever todos os controlos;
- rever, controlar e monitorizar os procedimentos (tam-
bém sempre que as operações alimentares mudem)
(Princípios 6º e 7º).
A natureza e a complexidade do sistema utilizado irá,
na prática, depender da natureza e da complexidade do
processo produtivo.
Os documentos escritos e os registos são de grande
utilidade, tanto como forma de responsabilização dos
manipuladores como para a organização da empresa, e
ainda para esta demonstrar, às diferentes entidades, que
cumpre a legislação.
Provavelmente, em muitas empresas, já se aplicam mui-
tos controlos. Mesmo assim, todos os procedimentos da
empresa deverão ser revistos e avaliados os potenciais
perigos. Poderão ser detectados problemas que até ao
momento não se tinham evidenciado ou, pelo contrário,
poderá verificar-se que os controlos estão a funcionar
correctamente. Isto é especialmente importante em cer-
tos pontos das operações, depois dos quais não vão exis-
tir mais controlos que eliminem ou controlem os peri-
gos para a segurança alimentar (por exemplo, produtos
que se consomem crus, ou que se cozinham, mas que se
comem frios).
A análise de perigos irá ajudar a decidir o nível de con-
trolo que é necessário e apropriado para a empresa
cumprir os requisitos legais e assegurar a higiene e a
segurança alimentar.
|III.2.3 – INTRODUZINDO PROCEDI-
MENTOS DE CONTROLO|
Os mecanismos de controlo devem ser:
- compreensíveis, para que todos os manipuladores per-
cebam a sua finalidade e importância;
- efectivos, para que garantam que os perigos são elimi-
nados ou reduzidos a um mínimo aceitável;
- práticos, para que possam ser aplicados de uma forma
simples à realidade da empresa.
Exemplo de controlos que se devem efectuar:
- verificação das matérias-primas;
- rotação de stocks;
- verificação das temperaturas de armazenagem;
- aplicação correcta das regras de cozedura e de reaque-
cimento;
- controlo de qualidade dos óleos de fritura.
|III.2.4 – VERIFICAÇÃO DOS PROCE-
DIMENTOS DE CONTROLO|
A identificação e o controlo de perigos alimentares é um
processo contínuo.
A definição da frequência dos controlos está relaciona-
da com a natureza e as dimensões da empresa e com a
complexidade do processo produtivo.
Devem existir documentos de referência, como por
exemplo, as temperaturas de conservação dos alimen-
tos, etc.
Cada empresa deve criar e organizar os seus modelos de
registos e de documentos de forma a demonstrar que:
- o sistema de controlo está efectivamente a funcionar
e que os alimentos confeccionados são inócuos para os
clientes;
- quando se detecta que as medidas de controlo não são
30|
eficazes, serão desenvolvidas acções correctivas;
- todos os procedimentos são regularmente revistos, es-
pecialmente quando se alteram procedimentos de tra-
balho;
- se procede à identificação, monitorização dos pontos
críticos e dos limites críticos.
|III.2.5 - POR ONDE COMEÇAR? QUE
TIPO DE PERIGOS EXISTEM? COMO
IDENTIFICAR OS PERIGOS E AS ETA-
PAS EM QUE OCORREM?|
|III.2.5.1 - POR ONDE COMEÇAR?|
O primeiro passo consiste em formar uma equipa de tra-
balho que, em conjunto, identificará os potenciais peri-
gos alimentares que podem ocorrer no estabelecimento.
Esta equipa poderá necessitar do apoio de técnicos com
conhecimentos específicos em Higiene e Segurança Ali-
mentar e do suporte de alguns manuais, devendo ter o
conhecimento da legislação existente.
Esta equipa deverá analisar:
- os aspectos operacionais da empresa;
- as condições e os procedimentos de trabalho actual-
mente existentes;
- o nível de conhecimentos em Higiene e Segurança Ali-
mentar dos colaboradores
- os potenciais perigos.
|III.2.5.2 – QUE TIPO DE PERIGOS
EXISTEM?|
Essencialmente existem três categorias de perigos ali-
mentares: Físicos, Químicos, Biológicos/Microbiológi-
cos.
|FÍSICOS|
Os alimentos podem ser contaminados com algum ele-
mento estranho à sua composição, como por exemplo
um fragmento de vidro.
|QUÍMICOS|
Contaminação dos alimentos com produtos químicos,
como produtos de limpeza, insecticidas ou lubrificantes
de máquinas.
|BIOLÓGICOS/MICROBIOLÓGI-
COS|
Contaminação dos alimentos devido à presença de pra-
gas ou de microrganismos patogénicos, como por exem-
plo salmonelas (ver parte I- breves noções de contami-
nações).
|III.2.5.3 – COMO IDENTIFICAR OS
PERIGOSEASETAPASEMQUEOCOR-
REM?|
Como posso identificar os potenciais perigos? Em que
etapas poderão os mesmos ocorrer? Como decidir sobre
o tipo de controlo possível?
Para facilitar a identificação dos potenciais perigos, co-
nhecer as etapas em que os mesmos poderão ocorrer,
bem como decidir o tipo de controlo possível, poderá ser
útil desenhar um fluxograma (ou um percurso genérico
dos alimentos) que inclua as etapas do processamen-
to de alimentos, desde a recepção das matérias-primas
até ao serviço ao cliente, e também traçar um plano de
HACCP.
|31
|CAPÍTULO III.3 – HIGIENE ALIMEN-
TAR E APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS
DE HACCP|
|Proposta de aplicação dos princípios
de HACCP no sector de hotelaria e da
restauração e bebidas|
|III.3.1 – INTRODUÇÃO|
Um estabelecimento de Restauração e de Bebidas, tal
como um estabelecimento de Hotelaria, com serviço de
alimentação e de bebidas, é também considerado uma
empresa alimentar. No entanto, é para todos evidente
que, dentro do sector alimentar, estes estabelecimentos
apresentam características específicas que os distin-
guem das outras empresas alimentares, nomeadamen-
te:
- confeccionam uma grande variedade de pratos, geral-
mente num curto espaço de tempo e em simultâneo, e
maioritariamente para consumo imediato;
- usam uma multiplicidade de matérias-primas;
- sujeitam os alimentos a uma elevada manipulação du-
rante a sua confecção.
Por todos estes motivos, e apoiados no Regulamento
nº 852/2004, concretamente na flexibilização da apli-
cação dos princípios HACCP, entendemos (de acordo
com o que já fizemos no “Código de Boas Práticas de
Higiene para a Restauração” da UNIHSNOR) que a
implementação de um sistema de segurança alimentar
baseado nos princípios de HACCP deve ser alicerçada
em blocos, etapas ou processos e não em pratos confec-
cionados. Por outras palavras, a abordagem incide nas
etapas do processo – Recepção das matérias-primas,
Armazenagem, Preparação de alimentos, Confecção e
Serviço –, identificando-se em cada uma os potenciais
perigos, os pontos a controlar para prevenir a ocor-
rencia de intoxicações alimentares, e definindo-se me-
todologias de controlo para as diferentes etapas do pro-
cesso produtivo, independentemente dos pratos especí-
ficos a confeccionar. A proposta consiste em estabelecer
pontos de controlo críticos para as matérias-primas,
para os procedimentos culinários comuns a vários pra-
tos, para o comportamento individual dos funcionários,
para as condições estruturais dos locais onde se efectu-
am as operações culinárias, etc.
|III.3.2. – PERCURSOS GENÉRICOS
DOS ALIMENTOS / FLUXOGRAMAS|
Como já referimos, os restaurantes (bem como os esta-
belecimentos de hotelaria, enquanto prestadores de ser-
viços de alimentação e bebidas), apesar de serem empre-
sas alimentares, apresentam uma particularidade que os
distingue das restantes empresas: confeccionam uma
grande variedade de pratos e produtos, geralmente em
simultâneo e num curto espaço de tempo, para consumo
imediato. Estes factores dificultam a implementação de
um sistema HACCP clássico, razão pela qual sugerimos
a implementação do sistema HACCP segundo o modelo
cujo percurso vai ser detalhado através do Fluxograma
desenhado.
Esta abordagem dos princípios do HACCP, tal como já a
apresentámos anteriormente, desenvolve-se por blocos
ou etapas, permitindo identificar em cada uma os pon-
tos que têm de ser controlados para prevenir a ocorrên-
cia de toxinfecções alimentares.
Habitualmente, num estabelecimento, podemos dividir
em três grandes grupos o fluxo dos alimentos:
32|
1.RECEPÇÃO - ARMAZENAGEM - PRE-
PARAÇÃO - SERVIÇO
No primeiro grupo, estamos perante processos nos
quais não ocorre nenhum tratamento pelo calor, ou seja,
não há cozedura. Podemos ainda dizer, de outra forma,
que este tipo de alimentos, se devidamente conserva-
dos, não se encontram na “zona de perigo” de desenvol-
vimento dos microrganismos (50C a 650C). Como vimos
anteriormente, a grande maioria dos microrganismos
desenvolvem-se entre os 50C e os 650C.
Exemplos de alimentos que podem estar dentro deste
grupo: alimentos prontos a comer, produtos de charcu-
taria, produtos de pastelaria, sandes, saladas.
2.RECEPÇÃO - ARMAZENAGEM - CON-
FECÇÃO - SERVIÇO
Neste segundo grupo, consideramos as refeições que
são confeccionadas e servidas de seguida ao cliente.
Neste tipo de preparação, os alimentos são cozinhados
de forma a destruírem os microrganismos patogénicos
(prejudiciais). Considera-se que estes produtos apenas
passam uma vez pela “zona de perigo” de desenvolvi-
mento dos microrganismos (50C a 650C).
Exemplos de alimentos que podem estar neste grupo:
tripas à moda do Porto, peixe assado, prego no prato, en-
tre tantos outros.
3.RECEPÇÃO - ARMAZENAGEM - PRE-
PARAÇÃO - ACONDICIONAMENTO
CONFECÇÃO - ARREFECIMENTO -
CONSERVAÇÃO - REAQUECIMENTO -
SERVIÇO
Estamos perante um conjunto de procedimentos mais
complexos.
Neste grupo, encontramos preparações dissociadas de
alimentos ou a preparação de alimentos de véspera e
com muita antecedência, e que, por isso, podem passar
mais de uma vez pela “zona de perigo” de desenvolvi-
mento dos microrganismos (50C a 650C). Nestes casos,
há inclusivamente a hipótese de os mesmos poderem
vir a ser recontaminados após a sua confecção.
Como exemplo de pratos confeccionados, poderíamos
indicar quase todos. A grande diferença deste grupo
consiste nos procedimentos.
Mesmo assim, referimos alguns exemplos: bacalhau
com natas e arroz de pato, entre tantos outros.
Assim, apresentamos um plano de HACCP sustentado
num fluxograma genérico, onde estão representadas to-
das as etapas pelas quais os produtos passam desde a
sua aquisição ou recepção até ao seu consumo: Recep-
ção, Armazenagem, Preparação, Confecção, Serviço.
Em cada etapa apresentamos um esquema detalhado
das operações, especificando os passos entre a prepa-
ração e o serviço, de forma a abranger várias operações
culinárias.
O percurso dos alimentos deve ser o mais linear pos-
sível, isto é, seguir segundo uma linha directa desde a
recepção ao serviço (sistema de marcha em frente). Sa-
bemos que nem sempre isto é possível devido à falta de
espaço. Há situações em que os alimentos, saindo da
preparação e da confecção, voltam a ser armazenados
nas câmaras refrigeradas até ao momento de serem ser-
vidos ou cozinhados.
Exemplos:
- uma salada de vegetais servida ao cliente logo após a
preparação ou que é armazenada no frigorífico e servida
mais tarde;
|33
- uma carne que, após ser preparada, é imediatamente
cozinhada ou que é armazenada no frio e mais tarde co-
zinhada;
- um prato cozinhado servido quente ou arrefecido, con-
servado no frigorífico e mais tarde servido frio ao clien-
te, ou que é reaquecido e servido quente.
Nos capítulos seguintes deste código, vamos tentar
alertar para os perigos associados a estas diferentes eta-
pas, para algumas medidas de prevenção, para algumas
observações visuais que se podem e devem fazer para
controlar as operações culinárias e, ainda, para algumas
medidas correctivas.
FLUXOGRAMA
PERCURSO GENÉRICO
RECEPÇÃO
ARMAZENAGEM
PREPARAÇÃO
CONFECÇÃO
SERVIÇO
ACONDICIONAMENTO
CONSERVAÇÃO
III. 3.3.– RECEPÇÃO DE MATÉRIAS-
PRIMAS|
Uma das etapas de grande importância no desenvolvi-
mento de todo o processo produtivo de um estabeleci-
mento é a recepção das matérias-primas. É preciso ter
sempre muito presente que alimentos que não se en-
contrem em boas condições antes de cozinhados não
se transformam em alimentos seguros e inócuos para
os clientes depois de cozinhados. Por este motivo, apre-
sentam-se de seguida alguns cuidados a ter em atenção
durante a recepção de matérias-primas no estabeleci-
mento.
Todos os produtos à chegada ao estabelecimento devem
ser examinados.
No acto da recepção é necessário verificar:
- as condições de higiene do transporte das mercado-
rias;
- se os alimentos foram transportados à temperatura
correcta (É muito importante não interromper a cadeia
de frio: um aumento de temperatura pode ser o suficien-
te para provocar o desenvolvimento de microrganismos
indesejáveis nos alimentos. Por exemplo, se os produtos
congelados chegam já em fase de descongelação, devem
ser devolvidos de imediato ao fornecedor.);
- os produtos refrigerados, em especial os lacticínios,
produtos de charcutaria e os produtos frescos como a
carne, o peixe, as frutas e os legumes;
- o estado das embalagens (se estão sujas e/ou danifi-
cadas, pois podem provocar a alteração dos produtos e
inclusive toxinfecções);
- informações contidas na etiqueta de rotulagem;
- a data de durabilidade dos produtos, de forma a não se
adquirirem produtos fora do prazo;
- as quantidades e as características do produto entre-
gues com a nota de encomenda.
34|
Todas as observações feitas no acto da recepção das
mercadorias devem ser registadas. Normalmente são
usadas fichas de registo das matérias-primas (modelo
exemplificativo no final do código - R2 ).
As facturas ou guias de transporte podem substituir as
fichas de registo desde que se acrescentem os elemen-
tos em falta.
As embalagens exteriores não devem ser transportadas
para o interior das instalações, pois, por vezes, são porta-
dores de grandes quantidades de poeiras, sujidades, mi-
crorganismos e, eventualmente, pequenos animais que
irão contaminar o interior do estabelecimento.
O local de recepção das matérias-primas deve apresen-
tar-se sempre em perfeito estado de limpeza e arruma-
ção. As aberturas para o exterior devem ser mantidas fe-
chadas (excepto nos momentos de recepção) e os locais
de passagem desimpedidos.
De forma a facilitar a rápida arrumação após a recep-
ção dos produtos, o estabelecimento deverá, sempre que
possível, estabelecer o horário para a recepção dos mes-
mos e dá-lo a conhecer aos fornecedores.
É necessário que cada estabelecimento defina os crité-
rios de qualidade para os produtos a adquirir, quer no
que se refere às características dos produtos/preço, quer
em relação às condições de higiene das instalações dos
fornecedores, quer ainda relativamente às condições
de transporte / armazenagem dos produtos (como por
exemplo, assegurar a temperatura de conservação), e as
comunique aos seus fornecedores.
Cada estabelecimento deverá ter uma lista dos seus
fornecedores da qual constem os produtos que habitu-
almente lhes são encomendados.
Após a recepção da mercadoria e da sua verificação, to-
dos os produtos devem ser rapidamente arrumados nos
respectivos locais.
Sempre que as compras forem efectuadas directamen-
te no fornecedor, o transporte só poderá ser assegurado
pelo restaurante se este possuir equipamento com as
condições de transporte/armazenagem que assegurem
a manutenção de todas as características dos produtos
transportados, nomeadamente carros isotérmicos, sacos
/ caixas isotérmicas, caixas de esferovite, etc.
Esta realidade será traduzida através do fluxograma se-
guinte:
CARACTERÍSTICAS DOS PRODUTOS
ALIMENTARES
Para facilitar o controlo na recepção das matérias-pri-
mas, apresentam-se, de seguida, algumas características
que os produtos alimentares não deverão apresentar,
pois evidenciam que os mesmos não se encontram em
condições de serem utilizados.
AQUISIÇÃO
TRANSPORTE
ARMAZENAGEM
PREPARAÇÃO
CONFECÇÃO
SERVIÇO
RECEPÇÃO
ACONDICIONAMENTO
CONSERVAÇÃO
|35
CARACTERÍSTICAS QUE OS PRODU-
TOS NÃO DEVEM APRESENTAR
- produtos embalados em vácuo com ar no seu interior
ou com a embalagem descolada do produto;
- produtos congelados em fase de descongelação;
- produtos com alteração das suas características orga-
nolépticas próprias (cor, cheiro, sabor, textura, brilho...);
- produtos que apresentem sinais de parasitas, como por
exemplo larvas, gorgulho, moscas, baratas, lesmas:
- frutas contaminadas com bolores e/ou larvas (quando
se recebem frutas em estado de maturação avançada,
tem de ser ter atenção ao fim a que se destinam);
- produtos hortícolas com folhas velhas, raízes podres,
excesso de terra ou molhados;
- ovos partidos ou sujos;
- produtos congelados com manchas escuras ou com
queimaduras provocadas pelo frio, bem como com mui-
ta geada;
- bacalhau seco salgado mole, com excesso de humida-
de, apresentando manchas cinzentas ou vermelhas;
- produtos de charcutaria:
. enchidos com bolores;
. fiambre descolorado, com manchas acastanhadas/es-
verdeadas;
- queijo com bolores não característicos do tipo de quei-
jo;
- carne
. carne com consistência mole, viscosa, de cor escureci-
da ou alterada e cheiro desagradável, não característico;
. aves com muitas penas, mal preparadas, com man-
chas, com alterações de cor, com odor desagradável, não
característico;
- pescado:
. cefalópodes frescos flácidos e com cheiro desagradá-
vel, não característico;
. peixe fresco sem brilho, olhos afundados, escamas
pouco aderentes, boca e guelras escurecidas, muco,
consistência mole, ventre flácido, untuoso ao tacto e de
cheiro desagradável, não característico;
- bivalves com conchas leves, ocas e com cheiro desagra-
dável, não característico.
Os moluscos bivalves vivos devem ser provenientes de
um centro de depuração. As embalagens devem manter-
se fechadas e não podem ser reimergidas em água. O
documento de registo que acompanha o produto deve
conter:
.marca de identificação;
.nome comum e cientifico da espécie;
.data da embalagem (dia/mês).
Dada a falta de legislação e de recomendações oficiais
relativamente à temperatura de conservação de produ-
tos, apresentamos de seguida um QUADRO INDICATI-
VO DESSAS TEMPERATURAS, baseado na Norma Por-
tuguesa 1524 relativa ao transporte terrestre de produtos
perecíveis e no decreto-lei 147/2006.
(Caso nas embalagens venha indicada alguma tempera-
tura de conservação, têm de ser seguidas as informações
contidas nos rótulos.)
36|
Produtos Congelados 	 -180C	
Carnes					 - 120C
Gelados 		 -180C
Produtos Refrigerados
Peixe fresco (em gelo)			 20C
Produtos cozinhados e preparados 30C
Cremes para Pastelaria e
Pastelaria Fresca			 30C
Carnes* 					 20C
Leite pasteurizado, fermentado, queijo fresco, io-
gurtes		 40C
Queijo de pasta mole			 60C
* os valores indicados para a carne variam entre os 2 e os 70C, pelo que se
optou por indicar o valor mais baixo que inclui todos os outros.
Fonte: NP 1524 – transporte terrestre de produtos perecíveis e DL 147/2006
RESUMINDO:
POTENCIAIS PERIGOS:
. Contaminação Biológica/Microbiológica (parasitas,
salmonelas )
. Contaminação química
. Contaminação física (corpos estranhos)
PONTOS DE CONTROLO:
. Datas de validade
. Características de frescura dos alimentos
. Estado das embalagens
. Temperaturas de transporte dos produtos perecíveis
. Higiene dos meios de transporte
LIMITES CRÍTICOS:
. Ausência de manchas, podridão e odor estranhos ao
produto
. Temperaturas de transporte e conservação de produ-
tos
. Inexistência de tempo de espera para produtos perecí-
veis à temperatura ambiente
. Ausência de embalagens deterioradas
CONTROLO:
. Visual e olfactivo das mercadorias
. Condições de transporte, incluindo temperatura
. Preenchimento dos registos de entrada da matéria-prima
. Observação da rotulagem
ACÇÕES CORRECTIVAS:
. Rejeitar de imediato a matéria-prima sempre que se ve-
rifiquem anomalias na recepção
. Mudar de fornecedor, se houver um número significa-
tivo de anomalias
. Rejeitar os produtos sempre que se verifiquem anoma-
lias significativas nas temperaturas (+30C);
FICHAS DE REGISTO:
Recepção da matéria-prima (exemplos: R2)
TEMPERATURAS MÁXIMAS DE TRANS-
PORTE RECOMENDADAS
|37
|III.3.4. – ARMAZENAGEM|
As condições de armazenagem dos produtos dependem
do tipo de produto, bem como das suas características.
Há produtos que podem ser armazenados à temperatura
ambiente, outros que têm de ser armazenados em am-
bientes refrigerados, ou mesmo congelados. De uma for-
ma geral, devem ser mantidas as condições de limpeza
e ventilação, bem como de controlo de temperatura para
assegurar as boas condições de higiene do local.
Todos os estabelecimentos devem dispor de um espaço
destinado à armazenagem de produtos alimentares. É
evidente que o espaço necessário depende do volume
de alimentos armazenados. Os locais de armazenagem
devem apresentar-se sempre em perfeito estado de lim-
peza e arrumação.
O armazém deve ser organizado por grupos de produ-
tos, devendo os alimentares estar separados dos não
alimentares. Todos os produtos devem estar ordenados
e arrumados. Cada local deverá estar devidamente iden-
tificado.
Não se devem colocar produtos e/ou embalagens direc-
tamente no chão, mas sim em estrados, que devem ser
de material não absorvente e imputrescível. Deverão
existir estantes ou armários para facilitar a correcta ar-
rumação dos produtos.
Já foi referido, mas é importante reforçar, que a armaze-
nagem do material de limpeza e dos produtos químicos
deve ser feita num local separado dos produtos alimen-
tares, ou num armário próprio devidamente fechado e
identificado.
Nunca se devem guardar produtos alimentares dentro
de embalagens de produtos não alimentares e vice-ver-
sa.
Caso se utilize uma embalagem vazia de um produto
alimentar para colocar outro que seja compatível, deve
retirar-se o rótulo do primitivo e colocar um novo rótulo
com a indicação do que contém.
Os produtos que não estejam em condições de ser uti-
lizados devem ser destruídos. No caso de irem ser de-
volvidos ao fornecedor, devem ser colocados num local
devidamente assinalado e com uma etiqueta ”Produtos
a devolver / destruir”.
Um ponto importante na gestão e controlo de produtos
armazenadosconsistenarotaçãodestocks.Osprimeiros
produtos a serem armazenados deverão ser os primeiros
a serem consumidos (primeiro a entrar - primeiro a
sair (PEPS), respeitando sempre a data de durabilidade
mínima indicada no rótulo. Este é um princípio a utilizar
em todos os produtos armazenados, independentemen-
te do local onde são guardados.
Nas zonas de armazém devem existir meios eficazes de
protecção contra insectos e roedores, como por exem-
plo um electrocutor de insectos junto das entradas, re-
des mosquiteiras nas janelas (se existirem), etc. Todas
as portas dos armazéns devem estar sempre fechadas
(excepto quando se está a retirar ou a repor produtos e
durante a limpeza), evitando-se desta forma a entrada
de animais (insectos e roedores, entre outros), a acumu-
lação de poeiras e sujidade e a circulação de pessoas es-
tranhas ao serviço.
CÂMARAS DE REFRIGERAÇÃO
Todos os alimentos perecíveis, ou seja os que se alteram
com facilidade, devem ser armazenados e mantidos em
ambiente refrigerado a cerca de 4 a 50C.
A temperatura é um dos factores mais importantes
para a conservação dos alimentos (é importante relem-
38|
brar que os microrganismos só se desenvolvem a deter-
minadas temperaturas). Deve existir um termómetro na
câmara frigorífica, que permita verificar a temperatura
da mesma e assegurar o seu bom funcionamento.
Alguns dos alimentos refrigerados têm um prazo de va-
lidade que deve ser respeitado e verificado.
De preferência, devem existir câmaras diferentes para
os diferentes tipos de produtos.
O peixe e a carne crua devem ser armazenados numa
câmara frigorífica diferente daquela onde se colocam os
produtos já cozinhados ou semi-preparados.
Quando existir um só frigorífico, para prevenir a conta-
minação cruzada é preciso colocar os alimentos da se-
guinte forma:
- os alimentos cozinhados devem ser armazenados na
parte superior;
- as carnes, os peixes e os legumes crus na parte infe-
rior.
Desta forma, evita-se que o sangue e os líquidos de des-
congelação, bem como partículas de terra caiam sobre
os alimentos prontos a ser servidos, evitando-se assim
também as consequências que daí podem surgir.
CÂMARAS DE CONSERVAÇÃO DOS
PRODUTOS CONGELADOS
Regularmente, é necessário verificar se as câmaras de
conservação dos produtos congelados funcionam à
temperatura correcta, para garantir que os alimentos se
mantêm congelados.
Aplicam-se a estas os mesmos critérios que às câmaras
de refrigeração.
Todos os alimentos congelados têm um prazo de durabi-
lidade neste estado, ou seja, o tempo no qual se mantêm
próprios para o consumo humano. Este prazo deve ser
verificado.
Todos os produtos conservados na câmara de conser-
vação de congelados devem estar embalados adequa-
damente, para que não sofram alterações ou contamina-
ções físicas, químicas ou biológicas.
VERIFICAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE
FRIO
Diariamente, devem registar-se as temperaturas dos
equipamentos de frio numa ficha própria. Cada equi-
pamento deve estar identificado. Os registos devem ser
feitos pelo menos duas vezes por dia, no início e no final
da laboração.
Os registos de temperatura do equipamento de frio são
importantes, pois permitem:
- avaliar o estado de funcionamento dos equipamentos;
- detectar anomalias;
- evitar a deterioração de mercadorias armazenadas em
equipamentos que deixem de funcionar adequadamen-
te.
Para facilitar os registos e a identificação dos equipa-
mentos de frio, deve colocar-se do lado exterior de cada
um a sua identificação (por exemplo: frig. 1/2/3…ou frig.
do peixe, dos lacticínios….).
Relembre-se que:
- alimentos armazenados incorrectamente não podem
voltar a ser “alimentos seguros”, independentemente da
forma como venham a ser cozinhados;
- é importante esclarecer que os produtos frescos só
podem ser congelados em equipamentos apropriados
para esse fim (tais como túneis de congelação ou con-
geladores com células de congelação); os equipamentos
domésticos e os de conservação de congelados não per-
mitem uma boa congelação, pois não têm capacidade
para provocar uma diminuição rápida da temperatura
do produto a congelar;
- os alimentos descongelados não se podem voltar a
congelar;
|39
- no caso de avaria do equipamento de frio, devem reti-
rar-se todos os produtos para outro aparelho e proceder
à sua reparação.
RESUMINDO:
POTENCIAIS PERIGOS:
. Contaminação biológica / microbiológica (crescimen-
to microbiano)
. Contaminação química (ex: detergentes, desinfectan-
tes)
. Contaminação física (ex: estilhaços de vidro)
PONTOS DE CONTROLO:
. Datas de validade
. Características de frescura dos alimentos
. Temperaturas de armazenagem dos produtos perecí-
veis
. Pragas
LIMITES CRÍTICOS:
. Ausência de produtos fora do prazo de validade
. Ausência de manchas, podridão e odor estranhos ao
produto
. Temperaturas de conservação dos produtos em am-
biente refrigerado
. Inexistência de sinais de pragas
CONTROLO:
. Controlo visual e olfactivo
. Verificação da temperatura dos equipamentos de frio
. Verificação da existência de fezes ou de outros indícios
da presença de pragas
ACÇÕES CORRECTIVAS:
. Eliminar todos os produtos cujas embalagens se encon-
trem abertas, roídas ou com fezes de animais
. Rejeitar os produtos sempre que se verifiquem anoma-
lias significativas nas temperaturas dos equipamentos
de frio (+30C)
. Efectuar manutenção/reparação ou substituição do
equipamento avariado
Eliminar os produtos fora de prazo de validade
FICHAS DE REGISTO
Temperatura do equipamento de frio (exemplos R3 ou
R4)
40|
|III.3.5. – PREPARAÇÃO DOS ALIMEN-
TOS E INGREDIENTES|
A etapa de preparação dos alimentos engloba tarefas
muito importantes e diversificadas, como a escolha e a
lavagem dos legumes e das frutas, a limpeza e o arranjo
da carne (retirar excesso de gorduras, cortar), amanhar o
peixe, descongelar produtos, etc.
Nesta etapa, é importante saber o que se vai confeccio-
nar com os produtos que estão a ser preparados. Por
exemplo, é importante saber se os mesmos irão ser con-
sumidos crus ou cozinhados. Quando os produtos são
cozinhados, a temperatura pode destruir os microrga-
nismos. No entanto, os alimentos que irão ser consu-
midos crus podem ser mais perigosos para a saúde dos
clientes, pelo que é necessário ter um maior cuidado na
sua preparação. Outro exemplo: quando se preparam
lacticínios, enchidos ou vegetais, é preciso controlar fac-
tores como a higiene do local de preparação, dos seus
equipamentos (por exemplo, máquina de cortar fiambre)
e utensílios (por exemplo, tábuas de corte). É necessário
também ter atenção ao intervalo de tempo em que os
mesmos estão expostos à temperatura ambiente.
ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS
Os manuais recomendam que exista uma zona para a
preparação de carnes, uma para a de peixes, uma para
a de vegetais e, se possível, ainda outra para a de sobre-
mesas. Como, na maioria dos estabelecimentos tradicio-
nais, um dos maiores problemas é a falta de espaço, não
é possível, habitualmente, existirem zonas separadas.
Assim, sempre que se utilize a mesma zona, bancada,
cuba, tábua de corte, é obrigatório efectuar a limpeza
e desinfecção do material de trabalho e das superfícies
entre as diferentes preparações.
Como forma de evitar as contaminações de alimen-
tos cozinhados e pré – cozinhados, quer por contacto
directo quer indirecto com o pessoal ou com matérias
primas num estádio anterior de preparação, o serviço
deve ser organizado de forma a seguir o sistema de “mar-
cha em frente”, isto é, não permitindo que os alimentos
prontos a servir se cruzem com os alimentos que estão a
chegar para serem preparados, descascados ou lavados.
PREPARAÇÃO DE ALIMENTOS CRUS
Os alimentos crus devem ser manipulados, sempre que
possível, em zonas diferentes daquelas onde se manipu-
lam os alimentos cozinhados. Nos casos em que a dispo-
sição do local não o permita, as operações devem ser se-
paradas no espaço e no tempo por uma fase de limpeza e
desinfecção das estruturas e equipamentos existentes.
As frutas e os legumes, frequentemente, contêm resí-
duos de terra, que podem ser um factor de contamina-
ção para os equipamentos, para os utensílios ou mesmo
para os próprios alimentos, através das mãos dos mani-
puladores. As frutas e os legumes devem ser escolhidos,
isto é, devem ser retirados os que estão impróprios para
consumo.
As frutas e os legumes para consumo em cru devem ser
previamente lavados e desinfectados. A desinfecção des-
tes produtos deve ser feita com um produto apropriado,
na dose prescrita e pelo tempo indicado para o efeito. A
lavagem dos frutos e legumes é muito importante, mes-
mo daqueles que posteriormente vão ser descascados,
cortados e cozinhados (ver ficha de lavagem e desinfec-
ção F3 em anexo).
Na preparação dos alimentos, também se deve ter um
cuidado especial ao abrir as embalagens, para que não
caiam inadvertidamente bocados destas no produto.
Caso se quebre uma embalagem de vidro, o produto
deve ser imediatamente rejeitado.
Depois de preparados, os produtos, se não forem logo
utilizados, deverão ser acondicionados em frio positivo
|41
(até 50C). Os alimentos devem permanecer à tempera-
tura ambiente apenas o tempo necessário à sua prepa-
ração.
Todos os alimentos conservados no frigorífico devem
estar devidamente acondicionados, isto é, tapados, iden-
tificados e datados, de forma a reduzir o risco de conta-
minação cruzada e facilitando que se consumam primei-
ro os alimentos adquiridos há mais tempo (PEPS).
É necessário evitar todo o contacto entre alimentos crus
e confeccionados, quer seja nas tábuas de corte, quer
seja nas bancadas de trabalho ou outras superfícies e
utensílios.
Nunca se podem utilizar os mesmos equipamentos,
utensílios e superfícies para cortar alimentos crus e co-
zinhados, sem que antes tenham sido lavados e desin-
fectados.
Todo o material que esteja em contacto com produtos
crus ou potencialmente contaminados deve ser limpo e
desinfectado após a sua utilização.
Os recipientes de lixo que existam nos locais de mani-
pulação de alimentos têm de estar sempre fechados e
devem ter tampa accionada por pedal. Devem estar re-
vestidos com um saco de plástico. A zona que circunscre-
ve estes recipientes de lixo tem de estar sempre limpa.
Sempre que estes recipientes estiverem cheios, devem
ser despejados.
Todas estas recomendações são fundamentais para
prevenir as contaminações cruzadas.
DESCONGELAÇÃO
Uma das possíveis fases de preparação dos produtos ali-
mentares é a descongelação.
Os produtos devem ser descongelados em ambiente
refrigerado e nunca à temperatura ambiente. Poderão
também ser descongelados no microondas.
(A descongelação com água só se deve fazer excepcio-
nalmente quando os produtos estiverem embalados. No
entanto, nunca se deve mergulhar os produtos em água
quente, mas sim colocá-los sob água corrente, potável,
no máximo a 200C).
Os produtos em processo de descongelação dentro do
frigorífico deverão estar adequadamente tapados e ser
colocados nas prateleiras inferiores do mesmo, de forma
a não pingarem para cima de outros produtos (o que po-
deria provocar contaminações cruzadas).
É muito importante evitar que o produto, durante e após
a fase de descongelação, esteja em contacto com o líqui-
do, o suco – exsudado – que se liberta do mesmo. Este
líquido, ou suco, não pode ser utilizado.
Todos os recipientes e utensílios envolvidos no proces-
so de descongelação devem ser limpos e desinfectados
o mais rapidamente possível.
Deve manter-se o rótulo do produto junto do mesmo du-
rante a fase de descongelação.
Os produtos devem ser totalmente descongelados antes
de qualquer tratamento posterior, excepto os legumes,
produtos em pequenas porções e produtos específicos
(por exemplo, produtos para fritar ou cozer).
Depois de descongelados, os produtos devem ser utili-
zados dentro de 24 horas e, durante esse tempo, devem
ser conservados no frigorífico.
Não voltar a congelar produtos que sofreram, total ou
parcialmente, um processo de descongelação.
Relembrar: durante a preparação dos alimentos, os
manipuladores devem lavar as mãos com frequência.
42|
RESUMINDO:
POTENCIAIS PERIGOS:
. Contaminação biológica
. Contaminação química
. Contaminação física
PONTOS DE CONTROLO:
. Contacto entre produtos em diferentes estados de pre-
paração
. Higiene de superfícies e utensílios
. Desinfecção de vegetais e fruta
. Higiene das mãos
. Condições de descongelação dos produtos
LIMITES CRÍTICOS:
. Ausência de produtos descongelados há mais de 24 ho-
ras
. Ausência de práticas de contaminação cruzada
CONTROLO:
. Observação visual
. Controlo do tempo de exposição à temperatura am-
biente
. Observação visual do processo de descongelação
. Verificação da temperatura do equipamento de frio
ACÇÕES CORRECTIVAS:
. Rejeitar a matéria-prima que tenha entrado em contac-
to com produtos químicos ou pragas
. Executar correctamente as tarefas
. Prolongar a descongelação separando a matéria-prima
em porções mais pequenas
. Executar correctamente as medidas preventivas
. Eliminar os produtos que não sejam confeccionados
nas 24 horas após a descongelação
FICHAS DE REGISTO
Não se aplica
|III.3.6. – CONFECÇÃO / PREPARA-
ÇÃO DE REFEIÇÕES|
Nesta etapa, englobam-se várias operações, desde o co-
zinhar dos alimentos ao seu posterior arrefecimento e
armazenagem no frigorífico, para serem servidos mais
tarde, bem como ao respectivo reaquecimento.
Sabemos que o melhor método para alcançarmos a des-
truição dos microrganismos presentes nos alimentos é
submetê-los a elevadas temperaturas durante um inter-
valo de tempo suficiente. Por este motivo, é fundamen-
tal cozinhar bem os alimentos, sendo esta a etapa mais
importante para garantir a segurança dos mesmos. Mui-
tos manuais técnicos referem a relevância de controlar a
temperatura dos alimentos no seu centro térmico e reco-
mendam que se realizem medições com um termómetro
para assegurar que se atingiu uma temperatura superior
a 650C. (A maioria das bactérias multiplicam-se muito
rapidamente à temperatura compreendida entre os 50C
e os 650C; a partir de 650C, a maior parte das bactérias
que não formam esporos é destruída.) Por questões de
segurança, sugerimos como temperatura máxima de re-
frigeração 50C e como temperatura mínima de conser-
vação de produtos quentes 650C.
Na hora de muito trabalho, é de todo impensável alguém
medir a temperatura dos produtos que estão a ser con-
feccionados. Assegurar que os alimentos estão bem co-
zinhados é uma prática de todos os profissionais de co-
zinha, que, habitualmente, observam os seus cozinhados
|43
para ver se já estão prontos a serem servidos. Para este
efeito, verificam algumas características, como a presen-
ça ou não de sangue, a textura do alimento ao ser es-
petado, etc. Durante a confecção, com o recurso a estas
observações, os profissionais realizam o seu controlo e
actuam em consequência (aplicam as acções correctivas
necessárias).
Para provar os alimentos em confecção, devem utilizar-
se utensílios próprios e nunca os dedos. Estes utensílios
devem ser sempre lavados depois de efectuada a prova
dos alimentos.
Alguns produtos não podem, por razões culinárias, ser
tratados a temperaturas superiores a 650C, pelo que de-
vem ser servidos imediatamente após a sua confecção.
PRATOS COZINHADOS E SERVIDOS FRI-
OS
Os pratos servidos frios devem ser conservados a uma
temperatura igual ou inferior a 50C, e os pratos quen-
tes ou reaquecidos a uma temperatura suficientemente
quente, superior a 650C.
Os alimentos nunca devem permanecer, inutilmente, à
temperatura ambiente mais do que uns minutos.
Após a confecção do produto a quente, toda a manipu-
lação deve ser reduzida ao mínimo imprescindível, para
evitar uma contaminação posterior dos produtos cozi-
nhados.
Os pratos frios não sofrem mais tratamentos térmicos
na cozinha. Por isso, é muito importante vigiar uma boa
higiene pessoal, principalmente das mãos, e uma boa
limpeza e desinfecção de todos os equipamentos e uten-
sílios. Não se deve manipular os produtos crus e, em se-
guida, os produtos cozinhados sem lavagem intermédia
das mãos e dos utensílios, caso contrário poderemos es-
tar a provocar contaminações cruzadas.
De acordo com o que se apresentou anteriormente, os
pratos frios e ou os alimentos que os compõem devem
ser conservados no frio a uma temperatura máxima de
50C.
A loiça e os utensílios, depois de serem retirados da má-
quina de lavar loiça, devem arrefecer suficientemente
antes de serem utilizados em refeições frias.
ARREFECIMENTO RÁPIDO DE ALIMEN-
TOS
Quando um alimento cozinhado não for imediatamente
servido, deve-se arrefecê-lo rapidamente e guardá-lo em
ambiente refrigerado. Dado que não se devem colocar
alimentos quentes no frigorífico, vamos referir algumas
formas de os arrefecer o mais rapidamente possível:
- Reduzir a quantidade dos alimentos a arrefecer, por
exemplo, dividindo-os em porções.
Esta recomendação prende-se com o facto de sabemos
que um maior volume de alimento demora mais tempo
a arrefecer do que um menor. Por outro lado, constata-se
também que alimentos com uma maior densidade man-
têm a temperatura durante um maior período de tempo
(uma porção de tripas à moda do Porto ou uma feijoada
demoram mais tempo a arrefecer do que a mesma por-
ção de uma canja de galinha, que tem menor densida-
de).
- Mudar de recipiente
Para facilitar o arrefecimento de um alimento cozinha-
do, é preferível transferi-lo para outro recipiente diferen-
te daquele em que foi confeccionado, pois geralmente
os recipientes utilizados para se cozinhar são metálicos
e os metais são bons condutores de calor. Um tacho ou
uma panela de inox quente manterá um alimento quen-
te durante mais tempo do que uma caixa plástica em
que o coloquemos.
O formato do recipiente também influencia a veloci-
44|
dade do processo de arrefecimento dos alimentos. Os re-
cipientes rasos (por exemplo, tabuleiros, tachos) permi-
tem que o calor do alimento se disperse com uma maior
rapidez do que um recipiente fundo como as panelas.
- Utilizar banho de água gelada
Se colocarmos os recipientes que contêm alimentos
quentes num banho com água gelada, aceleramos a
transferência de calor entre ambos, o que permite dimi-
nuir rapidamente a temperatura do alimento.
- Colocar os alimentos num abatedor de temperatura
Existem no mercado aparelhos que provocam a dimi-
nuição rápida da temperatura dos alimentos em apenas
alguns minutos e que se costumam designar por abate-
dores de temperatura.
CONFECÇÃO DE VÉSPERA
Deve evitar-se a confecção dos alimentos de véspera. No
entanto, quando for necessário, é preciso tomar algumas
medidas de precaução, nomeadamente:
- após a confecção, os produtos devem ser rapidamente
arrefecidos até uma temperatura máxima de 50C, deven-
do ser colocados em recipientes tapados e acondiciona-
dos no frigorífico;
- os recipientes deverão ter a identificação dos produtos
que contêm e a data de confecção;
- os alimentos designados por alimentos de alto risco
(como por exemplo, carne picada ou produtos que con-
tenham ovo cru) deverão ser preparados para consumo
com o mínimo de antecedência possível.
REAQUECIMENTO DE ALIMENTOS
Quando se preparam alimentos com antecedência e se
procede ao seu arrefecimento e armazenagem em am-
biente refrigerado, é necessário reaquecê-los a uma tem-
peratura superior a 650C antes de os servir. Esta opera-
ção é muito importante.
(Por exemplo, se temos de reaquecer um estufado ou
uma jardineira ou caldeirada, sabemos que este prato
está a uma temperatura superior a 650C se o mesmo se
encontra a borbulhar.)
Os alimentos só devem ser reaquecidos uma vez depois
de cozinhados.
(Antes de servidos, os pratos preparados com antece-
dência devem ser reaquecidos a pelo menos 750C para
garantir a destruição de formas vegetativas eventual-
mente presentes de Clostridium perfingens.)
TRATAMENTO DE SOBRAS DE ALIMEN-
TOS
O termo “sobras” aplica-se aos alimentos que foram con-
feccionados em excesso e que não chegaram a ser ser-
vidos, ou seja, que sobraram. É preciso ter em atenção
o facto de que as sobras não são restos – esta última de-
signação aplica-se ao que resta dos pratos ou travessas
dos clientes e que tem de ser obrigatoriamente rejeitado
(isto é, deitado fora).
O tratamento das sobras é um assunto delicado.
Os alimentos que não tenham sido servidos aos clientes
podem ser reaproveitados. Para isso, tem de se assegu-
rar a cadeia de frio: por exemplo, não podem ter estado
durante muito tempo próximo de equipamentos que li-
bertem calor, nem à temperatura ambiente.
O acondicionamento das sobras deve-se fazer libertan-
do-as de molhos e acompanhamentos.
As sobras, quando quentes, devem ser rapidamente ar-
refecidas até uma temperatura de 50C, sendo, de segui-
da, acondicionadas a esta temperatura, em recipientes
devidamente cobertos.
|45
As sobras não devem ser reaproveitadas em conjunto
com novos produtos.
Quando se guardam sobras, deve-se colocar um letreiro
a indicar o que contém e a data de produção.
Todas as sobras que já tenham sido conservadas e te-
nham estado à temperatura ambiente, se não foram uti-
lizadas terão de ser rejeitadas.
Os alimentos de alto risco, como produtos com ovo cru
e/ou com picados, pelas suas características, encontram-
se por vezes na origem de toxinfeções alimentares, pelo
que não deverão ser conservados para posteriores utili-
zações.
ÓLEOS DE FRITURA
Devem utilizar-se óleos de boa qualidade, resistentes a
altas temperaturas. Os óleos de fritura degradam-se por
acção do calor e do período de tempo a que se encon-
tram expostos a determinada temperatura. Cada tipo de
óleo tem uma temperatura crítica a partir da qual a de-
gradação começa a ser mais rápida. Sabendo que a tem-
peratura de fritura não deve ultrapassar os 1800C, pode-
se avaliar a aptidão de um determinado óleo para fritar
através da sua temperatura crítica. As gorduras mais
apropriadas para a fritura são o óleo de palma, o óleo
de bagaço de azeitona, o óleo de amendoim, o azeite e a
banha, pois suportam temperaturas superiores a 1800C.
A qualidade do óleo deve ser controlada frequentemen-
te, com base nos itens que se seguem:
1. Características de alteração da gordura
Odor – queimado, irritante e penetrante
Cor – escura e turva
Forte formação de fumos a 1700C
Formação de espuma em grande quantidade e persis-
tente, com pequenas bolhas
Compostos polares inferiores a 25%
2. Testes rápidos colorimétricos
O óleo não pode ser aquecido a uma temperatura supe-
rior a 1800C, pelo que a fritadeira deverá ter incorporado
um termóstato que controle a temperatura do óleo.
Também deverá existir um termómetro-sonda para me-
dir a temperatura do óleo e verificar se corresponde à
indicada no termóstato. Em caso de desvio, o mesmo
deverá ser reparado ou substituído. Os instrumentos de
medição, nomeadamente os termóstatos, devem ser pe-
riodicamente calibrados.
O óleo de fritura deverá ser renovado regularmente. É
aconselhável filtrá-lo diariamente, de forma a retirar to-
das as partículas sólidas que flutuam. Por motivos de se-
gurança, primeiro deve-se deixá-lo arrefecer.
Recomenda-se a recolha dos óleos saturados em reci-
pientes apropriados para reciclagem, evitando-se, deste
modo, o seu escoamento para a rede de esgoto.
A fritura com um óleo alterado, ou seja, com a presen-
ça de compostos polares numa percentagem superior
a 25%, é considerada crime de saúde pública.
RESUMINDO:
POTENCIAIS PERIGOS:
. Contaminação biológica/ microbiológica
. Sobrevivência de patogénicos
PONTOS DE CONTROLO:
. Qualidade e temperatura dos óleos de fritura
. Estado de cozedura dos alimentos
46|
. Temperatura de banhos-maria e estufas
. Higiene das mãos
Higiene de superfícies e utensílios
LIMITES CRÍTICOS:
. Presença, em produtos considerados cozinhados, de .
sangue e sucos que denotam que o produto está cru
. Utilização simultânea da mesma superfície e dos mes-
mos utensílios para produtos cozinhados e crus (em di-
ferente estado de preparação)
. Ausência de sinais de aquecimento correcto (líquido
sem estar a borbulhar)
CONTROLO:
. Observação visual do estado de cozedura dos alimen-
tos
. Verificação da temperatura do equipamento de frio e
do banho-maria
ACÇÕES CORRECTIVAS:
Continuar a cozinhar
FICHAS DE REGISTO:
. Resultados dos testes ao óleo de fritura (exemplo: R5
ou R6)
. Temperatura do banho-maria (R7)
|III.3.7. – SERVIÇO AOS CLIENTES /
DISTRIBUIÇÃO|
Após a preparação das refeições, estas podem ser apre-
sentadas ao cliente final de diferentes formas, sendo elas
serviço na mesa, self-service, buffet, room service, take-
away ou mesmo o consumo fora do estabelecimento,
seja na residência seja no local de trabalho.
O tempo intermédio entre a confecção e o serviço ao
cliente deve ser o menor possível.
A cadeia de frio ou de calor, no serviço de pratos frios ou
quentes, respectivamente, não deve ser interrompida.
No “serviço” tradicional, quer na mesa, quer no quarto,
este tipo de perigo raramente se verifica, pois os alimen-
tos são confeccionados e servidos no momento.
No entanto, cada vez se diversifica mais o tipo e a orga-
nização do serviço ao cliente, pelo que é necessária uma
grande atenção a esta matéria, em que o grande perigo é
constituído pelas contaminações dos pratos preparados;
estas podem resultar de um processo de contaminação
cruzada, ser provocadas pelos empregados ou mesmo
pelos clientes.
Esta situação é mais frequente nos serviços de self-ser-
vice, buffets e banquetes, em que os alimentos poderão
estar expostos durante algumas horas. Nestas situações,
os alimentos devem ser repostos frequentemente e os
alimentos novos, quentes ou frios, não podem ser colo-
cados sobre os existentes.
Nos serviços, aliás em grande expansão, de take-away e
de entregas ao domicílio, há que ter muito cuidado com
as embalagens de transporte. Os materiais de acondicio-
namento e embalagem não devem constituir uma fonte
de contaminação dos alimentos, pelo que deverão estar
identificados com a simbologia própria.
RESUMINDO:
POTENCIAIS PERIGOS:
Crescimento microbiano
PONTOS DE CONTROLO:
. Manipulação dos alimentos
. Temperatura de estufas e banhos-maria e de frigorífi-
cos
|47
LIMITES CRÍTICOS:
. Incorrecta manipulação dos alimentos
. Temperatura de estufas e banhos-maria inferior a 650C
CONTROLO:
. Verificação do tempo de exposição
. Verificação das temperaturas dos banhos-maria e estu-
fas, caso existam
. Verificação da temperatura do equipamento de frio e
do banho-maria
. Verificação das embalagens e do seu estado
ACÇÕES CORRECTIVAS:
. Afinar o banho-maria ou a estufa sempre que a tempe-
ratura seja inferior a 65 ºC
FICHAS DE REGISTO:
. Temperatura do equipamento de frio (R3 ou R4)
. Temperatura do banho-maria (R7)
QUANDO
VERFIFICO?
FREQUÊNCIA
(PRINCÍPIO4)
REGISTOS
(PRÍNCIPIO7)
SECORRERMALOQUE
FAÇO?
ACÇÕESCORRECTIVAS
(PRÍNCIPIO5)
Emcada
recepção
fichaR2
Rejeitardeimediatoa
matéria-primasempreque
severifiquemanomalias
narecepção
Mudardefornecedor,se
houverumnúmerosigni-
ficativodeanomalias
Rejeitarosprodutos
semprequeseverifiquem
anomaliassignificativas
nastemperaturas(+30C);
Diariamente
ou
2vezespordia
fichaR3
fichaR4
E�����������������������liminartodososprodu-
toscujasembalagensse
encontremabertas,roídas
oucomfezesdeanimais
Rejeitarosprodutos
semprequeseverifiquem
anomaliassignificativas
temperaturasdosequipa-
mentosdefrio
Efectuarmanutenção/
reparaçãoousubstituição
doequipamentoavariado
Eliminarosprodutosfora
doprazodevalidade

|ANÁLISEDEPERIGOSECONTROLODOSPONTOSCRÍTICOS/PLANOHACCP|
ETAPAS
DOPROCESSO
OQUEPODE
CORRERMAL?
PERIGOS
(PRINCIPIO1)
OQUEPODEMOS
PREVER?
MEDIDAS
PREVENTIVAS
PONTOSDE
CONTROLO
(PRINCÍPIO2)
LIMITESCRÍTICOS
(PRÍNCIPIO3)
COMOVERIFICO?
CONTROLO
(PRÍNCIPIO4)
RECEPÇÃODE
MATÉRIAS-PRI-
MAS
Contaminação
biológica(salmo-
nelas,parasitas)
Contaminação
química
Contaminação
física(corpos
estranhos)
Controlodarotu-
lagem
Controlodetempe-
raturas
Controlodoestado
exteriordasemba-
lagens
Qualificaçãode
fornecedores
Higienedabalança,
dopavimento,das
paredes
Boahigienepessoal
Remoçãodacarto-
nagemeembala-
gensdemadeira
Datasdevalidade
Características
defrescurados
alimentos
Estadodasembala-
gens
Temperaturasde
transportedos
produtosperecíveis
Higienedosmeios
detransporte
Ausênciademan-
chas,podridãoeodor
estranhosaoproduto
Temperaturasde
transporteeconser-
vaçãodeprodutos
Inexistênciade
tempodeesperaà
temperaturaam-
bienteparaprodutos
perecíveis
Ausênciadeembala-
gensdeterioradas
Controlovisuale
olfactivo
Preenchimentodos
registosdeentrada
damatéria-prima
Controlodas
condiçõesdetrans-
porte,incluindo
temperaturado
veículodetrans-
porte
Observaçãoda
rotulagem
ARMAZENAGEM
Contaminação
biológica(cresci-
mentomicrobiano)
Contaminação
química(detergen-
tes,desinfectantes)
Ccontaminação
física
(estilhaçosdevidro)
Boascondiçõesde
armazenagem
Separaçãodos
diferentestipos
dematéria-prima
existentes
Boascondiçõesde
higienedasinsta-
laçõeseequipa-
mentos
Controlodatem-
peraturadosequi-
pamentosdefrio
Rotaçãodestocks
(PEPS)
Controlodepragas
Datasdevalidade
Características
defrescurados
alimentos
Temperaturasde
armazenagemdos
produtosperecíveis
Controlodepragas
Temperaturasde
conservaçãodospro-
dutosemambiente
refrigerado
Ausênciademan-
chas,podridãoeodor
estranhosaoproduto
Ausênciadeprodu-
tosforadoprazode
validade
Inexistênciadesinais
depragas
Controlovisuale
olfactivo
Verificaçãoda
temperaturados
equipamentosde
frio
Verificaçãodaexis-
tênciadefezesou
deoutrosindícios
dapresençade
pragas
APRESENTAÇÃOESQUEMÁTICADAANÁLISEDEPERIGOSEPONTOSDECONTROLO(PLANODEHACCP)
48|
QUANDO
VERFIFICO?
FREQUÊNCIA
(PRINCÍPIO4)
REGISTOS
(PRÍNCIPIO7)
SECORRERMALOQUE
FAÇO?
ACÇÕESCORRECTIVAS
(PRÍNCIPIO5)
Duranteaexecuçãodas
tarefas
Nãoseaplica
Rejeitarasmatérias-pri-
masquetenhamentrado
emcontactocomprodu-
tosquímicosoupragas
Executarcorrectamente
astarefas
Prolongaradescongela-
çãoseparandoamatéria-
primaemporçõesmais
pequenas
Executarcorrectamente
asmedidaspreventivas
Eliminarosprodutosque
nãosejamconfecciona-
dosnas24horasapósa
descongelação


|ANÁLISEDEPERIGOSECONTROLODOSPONTOSCRÍTICOS/PLANOHACCP|
ETAPAS
DOPROCESSO
OQUEPODE
CORRERMAL?
PERIGOS
(PRINCIPIO1)
OQUEPODEMOS
PREVER?
MEDIDAS
PREVENTIVAS
PONTOSDE
CONTROLO
(PRINCÍPIO2)
LIMITESCRÍTICOS
(PRÍNCIPIO3)
COMOVERIFICO?
CONTROLO
(PRÍNCIPIO4)
PREPARAÇAO
Contaminação
biológica
Contaminação
química
Contaminação
física
Preparaçãodas
diferentesmatérias-
primasemlocais
distintos
Boascondiçõesde
higienedolocal,
superfícieseuten-
sílios
Lavagemdeve-
getais
Lavagemdasmãos
antesedepoisdo
serviço
Boascondiçõesde
higienepessoal
Exposiçãoàtem-
peraturaambiente
porumperíodonão
superiora1hora
Descongelaçãoda
matéria-primana
prateleirainferior
dofrigorífico,em
condiçõesdefrio,
semcontactocomo
líquidodeexsu-
dação
Descongelação
apenasdasquanti-
dadesnecessárias,
sabendoquenão
sepodevoltara
congelar
Boascondiçõesde
higienedolocale
dosequipamentos
Contactoentrepro-
dutosemdiferentes
estadosdeprepa-
ração
Higienedesuperfí-
cieseutensílios
Desinfecçãode
vegetaisefrutas
Higienedasmãos
Condiçõesde
descongelaçãodos
produtos
Ausênciadeprodu-
tosdescongeladoshá
maisde24horas
Ausênciadepráticas
decontaminação
cruzada
Observaçãovisual
Controlodotempo
deexposiçãoàtem-
peraturaambiente
Observaçãovisual
doprocessode
descongelação
Verificaçãodatem-
peraturadoequipa-
mentodefrio
APRESENTAÇÃOESQUEMÁTICADAANÁLISEDEPERIGOSEPONTOSDECONTROLO(PLANODEHACCP)
|49
QUANDOVERFIFICO
FREQUÊNCIO
(PRINCÍPIO4)
REGISTOS
(PRÍNCIPIO7)
SECORRERMALOQUE
FAÇO?
ACÇÕESCORRECTIVAS
(PRÍNCIPIO5)
Duranteaexecuçãodas
tarefas
2vezespordia
fichaR5
fichaR6
fichaR7
Continuaracozinhar
2vezespordia
fichaR3
fichaR4
fichaR7
Afinarobanho–mariaou
aestufasemprequea
temperaturasejainferior
a650C

|ANÁLISEDEPERIGOSECONTROLODOSPONTOSCRÍTICOS/
PLANOHACCP|
ETAPAS
DOPROCESSO
OQUEPODECOR-
RERMAL?
PERIGOS
(PRINCIPIO1)
OQUEPODEMOS
PREVER?
MEDIDASPRE-
VENTIVAS
PONTOSDECON-
TROLO
(PRINCÍPIO2)
LIMITESCRÍTICOS
(PRÍNCIPIO3)
COMOVERIFICO?
CONTROLO
(PRÍNCIPIO4)
CONFECÇÃO/
COZINHAR
Sobrevivênciade
patogénicos
Contaminação
biológica/microbio-
lógica
Ocentrotérmicodo
alimentodeveatin-
giratemperatura
mínimade650C
duranteaconfecção
Comprovarqueo
estadodecozedura
éadequado
Nãocolocarna
mesmasuperfície
(tábuas,bancadas,
etc.)produtoscruse
cozinhados
Nãousarosmes-
mosutensíliospara
manipularprodutos
crusecozinhados
emsimultâneo
Qualidadeetem-
peraturadosóleos
defritura
Estadodecozedura
dosalimentos
Temperaturade
banho-mariae
estufas
Higienedasmãos
Higienedassuperfí-
cieseutensílios
Presença,em
produtosconsidera-
doscozinhados,de
sangueedesucos
quedenotamqueos
produtosestãocrus
Utilizaçãosimul-
tâneadamesma
superfícieedosmes-
mosutensíliospara
produtoscozinhados
ecrus(emdiferente
estadodeconser-
vação)
Ausênciadesinais
deaquecimentocor-
recto(ex.líquidosem
estaraborbulhar)
Observaçãovisual
doestadodecoze-
duradosalimentos
Verificaçãoda
temperaturado
equipamentodefrio
edobanho-maria
DISTRIBUIÇÃO/
SERVIÇO
Crescimentomicro-
biano
Aquecimentodas
estufasedobanho-
mariaa750Cou
superior;
Nãoreutilizaçãode
sobras
Utilizaçãodeuten-
síliosparaama-
nipulação(asmãos
nãodevementrar
emcontactodirecto
comosalimentos
confeccionados)
Manipulaçãodos
alimentos
Temperaturadees-
tufas,banho-mariae
frigoríficos
Incorrectamanipula-
çãodosalimentos
Temperaturadees-
tufasebanho-maria
inferiora650C
Verificaçãodas
temperaturasdos
banhos-mariaees-
tufas,casoexistam
Verificaçãodo
tempodeexposição
Verificaçãodatem-
peraturadoequipa-
mentodefrio
Verificaçãodas
embalagensedo
seuestado
APRESENTAÇÃOESQUEMÁTICADAANÁLISEDEPERIGOSEPONTOSDECONTROLO(PLANODEHACCP)
50|
ANEXOS 1
FICHAS
|52F 1
L
L
L+D
D
L
L
L
L+D
L
L
D
L*
L
L+D
L+D
L+D
L+D
L+D
L
L
L
L+D
L+D
L
L+D
L+D
L
D
L
L*
L
L+D
L*
L+D
L
L
L
L
L
L*
M
M
-LOCAL DE PREPARAÇÃO
PAVIMENTO
PAREDES DAS ZONAS DE TRABALHO
CALEIRAS DE ESCOAMENTO
TODAS AS TORNEIRAS E CABOS
PIAS E LAVABOS
FORNO
BLOCOS DE COZEDURA
RECIPIENTE DO LIXO
JANELAS, BEIRAIS
PORTAS
PUXADORES DE PORTAS
EXAUSTOR
GRELHAS
TECTOS
-UTENSÍLIOS E APARELHOS
TÁBUAS E SUPERFÍCIES DE TRABALHO
UTENSÍLIOS
APARELHOS DE PREPARAÇÃO
MÁQUINAS DE PICAR CARNES, FACA ELÉC-
TRICA
MISTURADOR, BATEDEIRA
FRITADEIRA
BANHO-MARIA
MICROONDAS, FORNO, MARMITA
-CASAS DE BANHO
RETRETES E URINÓIS
TORNEIRAS E PUXADORES
LAVABOS
PAVIMENTO
PAREDES
VESTIÁRIOS
-LOCAIS DE ARMAZENAGEM
TODOS OS PUXADORES
PAVIMENTOS
PAREDES E PRATELEIRAS
VEÍCULOS DE TRANSPORTE
REFRIGERADOR, ARMÁRIOS FRIGORÍFICOS
CONGELADOR
ESCOVAS
LOCAL DE ARMAZENAGEM DOS LIXOS
-RESTAURANTE
MESAS
CADEIRAS
PAVIMENTOS
PORTAS, JANELAS
PAREDES
-VESTUÁRIO E ACESSÓRIOS DE COZINHA
VESTUÁRIO DE TRABALHO
GUARDANAPOS E TOALHAS DE COZINHA
SEMANALDIÁRIA MENSAL
RECOMENDAÇÕES PARA UM
ESQUEMA DE LIMPEZA/DESINFECÇÃO
L- Limpar
D- Desinfectar
M- Mudar
L*- Limpar todos
os 3 meses.
53|
F2PLANODELIMPEZA_ÁREA:COZINHA
ÁREA/EQUIPAMENTOFREQUÊNCIAPRODUTOPROCEDIMENTOSUTENSÍLIOS
EQUIPAMENTOS
DEPROTECÇÃO
RESPONSÁVEL
PAVIMENTO
PAREDESDASZONASDE
TRABALHO
TECTO
JANELAS/BEIRAIS
PORTAS
PUXADORESDEPORTAS
EXAUSTOR
GRELHAS
PIAS
TORNEIRAS
SUPERFÍCIESDETRA-
BALHO
CALEIRASDEESCOA-
MENTO
|54F3 LAVAGEM E DESINFECÇÃO DE LEGUMES
(incluindo ervas aromáticas, como por
exemplo a salsa)
1. Lavar e desinfectar correctamente as mãos antes de
iniciar a operação.
2. Verificar se todos os utensílios e equipamentos estão
devidamente limpos.
3. Lavar os legumes em água corrente para remover po-
eiras e outros contaminantes.
4. Mergulhar as folhas já soltas num recipiente com
água e desinfectante apropriado. (Siga as instruções do
rótulo do produto relativamente à dosagem e ao tempo
de acção.)
5. Escoar a solução e passar novamente as folhas por
água corrente, enxaguando bem.
6. Proteger e guardar no frio até ao momento de servir.
55| F 4FICHA DE CONFECÇÃO
Quando se cozinham os alimentos, há procedimentos
habituais que os cozinheiros têm em atenção, de forma
a confirmar que os alimentos estão correctamente co-
zinhados, vão ser um alimento agradável para os seus
clientes e, evidentemente, não lhes vão causar doenças.
A maioria destes procedimentos é baseada em observa-
ções visuais. Os alimentos, ao serem cozinhados, sofrem
transformações observáveis essencialmente ao nível da
sua textura e da sua cor. Por exemplo, a carne, quando é
cozinhada, muda de cor. Se observarmos as suas altera-
ções de cor, podemos verificar se a mesma está devida-
mente cozinhada.
De seguida, apresentamos alguns exemplos de observa-
ções que se fazem “espontaneamente” e podem ser con-
sideradas como monitorização de pontos críticos.
- Ao assar aves inteiras (frango, pato, peru…) ou partes
delas, o critério que se deve aplicar é a não presença de
sangue. Para se verificar o processo de cozedura, pode-se
picar a ave com um garfo e observar o suco que se liber-
ta, ou então fazer uma pequena incisão junto das pernas
(zona mais densa). O suco que se liberta não deve conter
fragmentos avermelhados ou rosados.
- Ao fritarmos ou grelharmos um bife, sabemos que o
mesmo está pronto se não apresentar sinais exteriores
de sangue. Um bife deve apresentar-se bem selado (este
tipo de alimentos poderá encontrar-se contaminado na
superfície, mas nunca no seu interior).
- Quando se assam peças de carne de grandes dimen-
sões, como o lombo, tem de se ter especial cuidado com
a zona central, para que fique bem cozinhada e não de-
note a presença de sangue. Por exemplo, se o molho de
um assado estiver muito claro, sanguinolento ou rosado,
isso é indicativo de que não se atingiu a temperatura
apropriada no seu interior.
- No caso de sopas, guisados, molhos, etc., temos a cer-
teza de que estes alimentos estão bem quentes quando
estão a ferver e quando, ao mexermos com uma colher,
continuam a borbulhar. (Sabemos que a água ferve a
1000C.)
|56
ANEXOS 2
REGISTOS
|58
R1
ÁREA/EQUIPAMENTOPRODUTOFREQUÊNCIA2ª3ª4ª5ª6ªSÁB.DOM.RESPONSÁVEL
PAVIMENTO
PAREDESDASZONASDE
TRABALHO
TECTO
JANELAS/BEIRAIS
PORTAS
PUXADORESDEPORTAS
EXAUSTOR
GRELHAS
PIAS
TORNEIRAS
SUPERFÍCIESDETRA-
BALHO
CALEIRASDEESCOA-
MENTO
PLANODECONTROLODEOPERAÇÕESDELIMPEZAE
DESINFECÇÃO_ÁREA:COZINHA
59|
FICHADEREGISTODEENTRADADE
PRODUTOSEINGREDIENTES
DATADE
ENTRADA
TIPODE
PRODUTO
PRODUTOLOTE
DATADE
DURABILIDADE
TEMPERATURA
(QUANDO
APLICÁVEL)
(Nacolunadasobservações,deveráindicarseoprodutoestavaemboascondições)
R2
FORNECEDOR
RESPONSÁVEL/
OUQUEMRECEBE
OBSERVAÇÕES
C-Congelados
F-Frescos
M-Mercearia
B-Bebidas
MA-MariscoVivo
|60R3 TEMPERATURA DO EQUIPAMENTO FRIO
ÁREA_
MÊS_ / 200_
DIA
FRIGORÍFICO Nº OBSERVAÇÕES RUBRICA
MANHÃ TARDE
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.
31.
RESPONSÁVEL_
ÁREA_
MÊS_ / 200_
DIA
FRIGORÍFICO Nº FRIGORÍFICO Nº OBSERVAÇÕES RUBRICA
MANHÃ TARDE MANHÃ TARDE
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.
31.
RESPONSÁVEL_
R4TEMPERATURA DO EQUIPAMENTO FRIO61|
|62R5 REGISTO DOS RESULTADOS DOS TESTES
AO ÓLEO DE FRITURA
MÊS_ / 200
Nota: nas Observações, indicar se houve mudança de óleo
DIA
FRITADEIRA 1
(MAX. 180ºC)
COR DO
TESTE
OBSERVAÇÕES
FRITADEIRA 2
(MAX. 1800C)
COR DO
TESTE
OBSERVAÇÕES
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.
31.
|63 R6REGISTO DOS RESULTADOS DOS TESTES
AO ÓLEO DE FRITURA
DIA HORA FRITADEIRA
NÚMERO DE BANDAS COM ALTE-
RAÇÃO DE COR* ASSINATURA OBSERVAÇÕES
1 2 3 4
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.
31.
MÊS_ / 200_
*Alteração de cor das bandas (de azul para amarelo):
1_banda-início da oxidação
2_bandas-aumento da degradação do óleo: planear novo teste durante o dia
3_bandas-recomenda-se a substituição do óleo
NOTA: nas observações indicar se houve mudança de óleo
64|
ÁREA_
MÊS_ / 200_
DIA
BANHO-MARIA Nº OBSERVAÇÕES RUBRICA
MANHÃ TARDE
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.
31.
R7 REGISTO DA TEMPERATURA DO
BANHO-MARIA
ANEXO 3
APRESENTA–
ÇÃO DO
HACCP
66|
|APRESENTAÇÃO DO HACCP – BRE-
VE EXPOSIÇÃO TEÓRICA BASEADA
NO CODEX ALIMENTARIUS|
|O QUE SIGNIFICA HACCP?|
HACCP – “Hazard Analysis Critical Control Points” mais
não significa, em português, do que Análise de Perigos e
Controlo de Pontos Críticos.
O HACCP consiste num sistema baseado na identifica-
ção e avaliação de perigos específicos e na implementa-
ção de medidas para o seu controlo, focadas na preven-
ção e não na análise do produto final, de forma a garantir
a segurança dos alimentos.
|PRINCÍPIOS DE HACCP|
A legislação refere-se aos sete princípios do método de
HACCP, que são os seguintes:
1. identificação de quaisquer perigos que devam ser evi-
tados, eliminados ou reduzidos para níveis aceitáveis;
2. identificação dos pontos críticos de controlo na fase
ou nas fases em que o controlo é essencial para evitar ou
eliminar um perigo ou para o reduzir para níveis aceitá-
veis;
3. estabelecimento de limites críticos em pontos de con-
trolo, que separem a aceitabilidade da não aceitabilida-
de, com vista à prevenção, eliminação ou redução dos
perigos identificados;
4. estabelecimento e aplicação de processos eficazes de
vigilância em pontos críticos de controlo;
5. estabelecimento de medidas correctivas quando a vi-
gilância indicar que um ponto crítico não se encontra
sob controlo;
6. estabelecimento de processos a efectuar regularmen-
te, para verificar se as medidas referidas nos princípios 1
a 5 funcionam eficazmente;
7. elaboração de documentos e registos adequados à
natureza e dimensão da empresa, a fim de demonstrar
a aplicação eficaz das medidas referidas nos princípios
anteriores.
|METODOLOGIA DE APLICAÇÃO DOS
SETE PRINCÍPIOS DE UM SISTEMA
HACCP|
Habitualmente, recomenda-se a aplicação de uma se-
quência lógica de etapas ou passos sucessivos (doze
passos), que englobam a aplicação dos sete princípios,
de forma a não descurar nenhum aspecto importante.
De seguida, apresentamos esses doze passos. (Esta par-
te do manual tem por base directa o Codex Alimentarius
e uma proposta da União Europeia para a sua aplicação
nas empresas do sector alimentar).
1º PASSO – DEFINIR UMA EQUIPA
MULTIDISCIPLINAR – A EQUIPA HACCP
Esta equipa deverá ter as seguintes características:
. ser multidisciplinar;
. ter especialistas;
. ter autoridade dentro da própria empresa.
2º PASSO – DESCRIÇÃO DO PRODU-
TO
Deverá ser formulada uma descrição completa do pro-
duto, incluindo informações relativas à sua segurança,
como por exemplo a sua composição, a sua estrutura,
as suas características físico-químicas, os seus proce-
dimentos de fabrico, a sua forma de conservação e de
armazenagem.
|67
3º PASSO – IDENTIFICAR O USO PRE-
TENDIDO DO PRODUTO
A equipa de HACCP deverá definir o uso a que se desti-
na ou que é previsto para o produto em análise.
4º PASSO – CONSTRUIR UM DIAGRA-
MA DE FABRICO (FLUXOGRAMA)
O diagrama de fabrico deverá ser elaborado pela equipa
de HACCP e deverá englobar todas as fases do proces-
so.
5º PASSO – CONFIRMAÇÃO, IN
LOCO, DO DIAGRAMA DE FABRICO
(FLUXOGRAMA)
Após ter-se desenhado o diagrama de fabrico, este de-
verá ser confirmado no local e durante as horas de la-
boração. Se for observado algum desajuste, dever-se-á
proceder à respectiva correcção.
6º PASSO – LISTA DE PERIGOS E ME-
DIDAS DE CONTROLO (PRINCÍPIO 1)
Deverá ser elaborada uma lista de todos os potenciais
perigos (que se consigam prever), sejam químicos, físi-
cos ou biológicos, para cada uma das etapas do proces-
so.
A equipa de HACCP deverá conduzir a análise de peri-
gos de forma a identificar, no plano de HACCP, aqueles
que, devido à sua natureza, deverão ser eliminados ou
reduzidos para níveis aceitáveis, tendo em conta a segu-
rança do produto.
Deverão ser consideradas e descritas as medidas de con-
trolo que poderão ser tomadas para cada perigo.
7º PASSO – DETERMINAÇÃO DOS
PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLO
(PCC) (PRINCÍPIO 2)
A determinação de um PCC num sistema de HACCP
pode ser facilitada pela aplicação de uma árvore de de-
cisão.
A árvore de decisão deverá ser aplicada de uma forma
flexível, conforme a operação a que se refere – produção,
elaboração, armazenamento, distribuição ou outra –, e
deverá utilizar-se com carácter orientativo na determi-
nação dos PCC. O exemplo da árvore de decisão pode
não ser aplicável a todas as situações, pelo que poderão
ser utilizadas outras abordagens. A identificação PCC
tem duas consequências para a equipa HACCP:
1. assegurar que as medidas de controlo estão correcta-
mente desenhadas e implementadas (se um perigo foi
bem identificado no ponto em que o controlo é necessá-
rio para a segurança do produto, e não existe aí nenhuma
medida de controlo, então é necessário implementá-la);
2. estabelecer e implementar um sistema de monitoriza-
ção/vigilância para cada ponto crítico.
8º PASSO – ESTABELECER OS LIMI-
TES CRÍTICOS DE CADA PCC (PRINCÍ-
PIO 3)
Cada medida de controlo associada a um ponto crítico
deve dar origem à especificação de um limite crítico.
Os limites críticos correspondem aos valores extremos
aceitáveis, relativamente à segurança do produto. Estes
valores separam a aceitabilidade da inaceitabilidade.
São estabelecidos parâmetros mensuráveis ou observá-
veis que podem demonstrar que um ponto crítico está
68|
sob controlo. Eles devem estar baseados em evidências
consistentes, de forma a que o valor escolhido se tradu-
za, na prática, no controlo do processo.
Para cada ponto crítico de controlo, dever-se-á especifi-
car se é possível estabelecer limites críticos. Em certos
casos, para uma determinada fase, fixa-se mais do que
um limite crítico. Entre os parâmetros aplicados encon-
tram-se as medições de temperatura, de humidade, de
tempo, de pH, de cloro, de AW (actividade da água), bem
como aspectos sensoriais como a textura e o aspecto, o
odor, etc.
Os limites críticos podem provir de uma grande varie-
dade de fontes pelo menos iguais aos requisitos legais.
Quando os limites críticos não são retirados de diplo-
mas legais ou de guias de boas práticas de higiene, as
equipas deverão confirmar a sua validade para o contro-
lo dos perigos identificados nesse ponto crítico.
9º PASSO – ESTABELECER OS PROCE-
DIMENTOS DE MONITORIZAÇÃO PARA
CONTROLO DE CADA PONTO CRÍTICO
(PRINCÍPIO 4)
Uma parte essencial do HACCP consiste na monitoriza-
ção de cada ponto crítico para assegurar a conformida-
de com o limite crítico fixado.
Mediante estas observações ou medidas (monitoriza-
ção), dever-se-á poder detectar a perda de controlo de
um PCC. O ideal será que, através da monitorização, se
obtenham informações a tempo de se poderem fazer cor-
recções que permitam assegurar o controlo do processo,
impedindo que se ultrapassem os limites críticos. Os
processos deverão ser corrigidos quando os resultados
indicarem uma perda de controlo de um ponto crítico.
As correcções deverão ser efectuadas antes que ocorra
um desvio. Os dados obtidos durante a monitorização
deverão ser avaliados por uma pessoa designada, com
conhecimentos e autoridade, para proceder a acções
correctivas, quando necessário.
A monitorização poderá ser contínua ou intermitente.
Quando for intermitente, é necessário estabelecer a
frequência com que será realizada. O programa de mo-
nitorização descreve os métodos, os procedimentos de
registo e a frequência com que o mesmo é realizado, isto
é, estabelece:
. quem efectua a monitorização e a verificação;
. quando são efectuadas a monitorização e a verificação;
. como são efectuadas a monitorização e a verificação;
. tipo de registos a realizar (assinados por quem os rea-
liza).
10º PASSO – ACÇÕES CORRECTIVAS
(PRINCÍPIO 5)
As acções correctivas terão de ser planeadas com an-
tecedência pela equipa HACCP, para cada ponto críti-
co de controlo, de forma a que as mesmas possam ser
aplicadas sem hesitações sempre que se observe algum
desvio.
As acções correctivas devem incluir:
- a identificação da pessoa responsável por implementar
tais acções;
- a descrição das medidas e acções requeridas para cor-
rigir os desvios observados;
- a descrição das medidas a tomar relativamente aos pro-
dutos produzidos durante o período em que o processo
esteve descontrolado, incluindo um sistema adequado
de eliminação do produto deteriorado;
- registos escritos das medidas tomadas, nomeadamente
data, tempo, tipo de acção, verificação de controlo, pes-
soal responsável, produtos eliminados, etc.
A monitorização deve indicar:
1. que o parâmetro monitorizado se desviou do seu limi-
te específico, sendo isto indicativo de perda de controlo
e da necessidade de tomar a apropriada acção correctiva
para retomar o controlo;
2. quais as medidas preventivas a implementar (verifi-
cação do equipamento, verificação da pessoa que mani-
pula alimento, etc.) se uma acção correctiva se repetir
muitas vezes para o mesmo ponto do processo.
11º PASSO – PROCEDIMENTOS DE
VERIFICAÇÃO (PRINCÍPIO 6)
A equipa HACCP deve especificar os métodos e os pro-
cedimentos utilizados para determinar se o HACCP está
a funcionar correctamente.
Os métodos de verificação podem incluir amostras e
análises, reforço de análises ou testes em determinados
pontos críticos ou num produto final ou mesmo durante
a armazenagem ou distribuição de um produto.
A frequência da verificação deverá ser suficiente para
confirmar que o HACCP funciona correctamente e de-
verá depender das características da empresa (natureza
dos produtos, número de funcionários), da frequência
da monitorização, do cuidado dos empregados, da fre-
quência de desvio detectados, bem como dos perigos
envolvidos.
A verificação dos procedimentos inclui:
- auditorias de HACCP e seus registos;
- inspecção de operações;
- confirmação do controlo dos pontos críticos;
- validação dos limites críticos;
- revisão dos desvios e das disposições
- verificação da aplicação das medidas correctivas.
A frequência da verificação irá influenciar a repetição de
verificações, caso ocorram desvios nos limites críticos.
A verificação deverá (não necessariamente ao mesmo
tempo):
- verificar se os registos foram correctamente realizados
e analisar os desvios;
- realizar a verificação física do processo monitorizado;
- testar a calibração dos instrumentos utilizados na mo
nitorização.
A verificação deve ser realizada por alguém diferente
daquele que realiza as acções de correcção e a monito-
rização.
Para algumas verificações, pode recorrer-se a entidades
externas à empresa.
Onde e quando for possível, as actividades de verifica-
ção deverão incluir medidas que confirmem a eficácia
dos elementos do plano de HACCP.
Sempre que se realizarem mudanças, é necessário rever
o sistema, verificando se o mesmo permanece válido.
Alguns exemplos de mudanças:
- mudanças de matéria-prima ou do produto, de condi-
ções de processamento (layout, meio ambiente, equipa-
mento, programa de limpeza e desinfecção);
- mudanças das condições de embalagens, armazena-
gem e distribuição;
- mudança de uso do produto;
- novas informações sobre algum perigo associado ao
produto.
Muitas destas mudanças poderão obrigar a alterações
do processo e à reformulação do plano de HACCP. To-
das as mudanças terão de ser incorporadas na documen-
tação do plano de HACCP de forma a que o mesmo este-
ja sempre actualizado.
12º PASSO – ESTABELECER DOCU-
MENTOS (PRINCÍPIO 7)
Os procedimentos do sistema de HACCP devem ser su-
portados em documentação e registos apropriados à na-
tureza e complexidade das operações. Os registos de-
vem ser precisos, eficazes e reveladores de que o plano
de HACCP está controlado e se mantém actualizado. A
|69
70|
documentação desenvolvida para orientar os estabeleci-
mentos na aplicação do HACCP poderá servir como su-
porte à elaboração dos modelos de registo a utilizar, que
devem reflectir as operações específicas de cada estabe-
lecimento e ser sempre validadas por um responsável.
- Exemplos de documentos:
. análise de perigos;
. determinação de PCC;
. determinação de limites críticos;
. modificações ao sistema de HACCP.
- Exemplos de registos:
. actividades de monitorização de PCC;
. desvios e acções correctivas associadas;
. actividades de verificação.
Um sistema de registos deve ser simples, de forma a ser
facilmente apreendido pelos colaboradores.
ANEXO 4
ÁRVORE DE
DECISÃO
|ÁRVORE DE DECISÃO|
NÃO
SIM
Existem medidas preventivas
para o perigo identificado?
Esta etapa foi concebida especificamente
para eliminar a possível ocorrência do
perigo ou reduzi-lo a um nível aceitável?
A contaminação do perigo identificado
poderá ocorrer acima de níveis acei-
táveis ou poderá aumentar até níveis
inaceitáveis?
Modificar a etapa, o
processo ou o produto
O controlo nesta etapa é neces-
sário para garantir a segurança?
SIM
SIM
SIM
NÃO É UM PCC STOP
NÃO É UM PCC
STOP
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
SIM
Ponto crítico de
controlo
Uma etapa posterior eliminará
o perigo identificado ou re-
duzirá a possível ocorrência a
um nível aceitável?
72|
NÃO É UM PCC STOP
ANEXO 5
FORMAÇÃO
74|
|FORMAÇÃO|
O Regulamento 852/2004 estabelece no Capítulo XII o
seguinte:
“Os operadores das empresas do sector alimentar de-
vem assegurar que:
O pessoal que manuseia os alimentos seja supervisado
e disponha, em matéria de higiene dos géneros alimen-
tícios, de instrução e/ou formação adequadas para o de-
sempenho das suas funções;
Os responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção
do processo referido no nº1 do artigo 5º do presente re-
gulamento ou pela aplicação das orientações pertinen-
tes tenham recebido formação adequada na aplicação
dos princípios HACCP;
Todos os requisitos da legislação nacional relacionados
com programas de formação de pessoas que trabalhem
em determinados sectores alimentares sejam respeita-
dos”.
Os estatutos da APHORT estabelecem no seu Artigo 7º
– Atribuições, no seu número 2 o seguinte:
(…)
A ASSOCIAÇÃO tem também atribuições na área da
Formação, nomeadamente:
(…);
Formação de Empresários, Gestores e Dirigentes;
Apoio e assistência às empresas associadas, nomeada-
mente através de diagnósticos de necessidade de forma-
ção e acções de formação profissional dos seus empre-
gados;
(…)
A APHORT, no cumprimento dos seus Estatutos e, para
dar cumprimento àquela disposição do Regulamento
852/2004, no âmbito da aplicação do presente Código
de Boas Práticas de Higiene e Segurança Alimentar
cria dois cursos, ministrados pela APHORT ou por Inst-
tituições de ensino por ela reconhecidas.
|CURSO APHORT DE FORMAÇÃO
GERAL EM HIGIENE E SEGURANÇA
ALIMENTAR / CÓDIGO DE BOAS
PRÁTICAS|
Destinatários: O curso é preferencialmente dirigido a
empregados de unidades hoteleiras e de unidades de
restauração que manuseiam alimentos.
Objectivos:
- Dotar os formandos dos conhecimentos nas áreas da
Segurança Alimentar, com vista ao correcto exercício
das suas funções e ao cumprimento das exigências le-
gais, nacionais e comunitárias;
- Fornecer as competências previstas no nº 1 do Capítulo
XII do Regulamento 852/2004, no quadro de aplicação
do Código de Boas Práticas de Higiene e Segurança Ali-
mentar (APHORT).
|CURSO APHORT DE FORMAÇÃO
PARA RESPONSÁVEIS EM HIGIENE E
SEGURANÇA ALIMENTAR / CÓDIGO
DE BOAS PRÁTICAS|
Destinatários: O curso é preferencialmente dirigido a
empresários e gerentes de unidades hoteleiras e de res-
tauração.
Objectivos:
- Dotar os formandos dos conhecimentos nas áreas da
Segurança Alimentar, incluindo a aplicação dos prin-
cípios do HACCP, com vista ao correcto exercício das
suas funções (incluindo as de supervisão), ao cumpri-
mento das exigências legais, nacionais e comunitárias,
e das obrigações comerciais, ferramentas de relevância
para o aumento da competitividade;
- Fornecer as competências previstas no nº 2 do Capítulo
XII do Regulamento 852/2004, no quadro de aplicação
do Código de Boas Práticas de Higiene e Segurança Ali-
mentar (APHORT).
GLOSSÁRIO
76|
A C
B
Alimentos de alto risco
Amplo conjunto de alimentos que, pela sua natureza,
composição ou forma de preparação culinária, apresen-
tam duas características, podendo estar na origem de
grande número de intoxicações alimentares:
- são um óptimo caldo nutritivo para o desenvolvimento
das bactérias;
- degradam-se com facilidade.
Alimentos perecíveis
Os que se decompõem com facilidade.
Análise de perigos
Processo de recompilação e avaliação da informação
sobre os perigos e as condições que os originam, para
decidir aqueles que são importantes para a segurança
dos alimentos e que deverão constar de um plano de
HACCP.
Acção Correctiva
Acção que se deve realizar quando os resultados da mo-
nitorização dos PCC indicam uma perda de controlo do
processo.
Bactérias
Organismos vivos tão pequenos que são invisíveis ao
olho humano (só podem ser observados com o auxílio
de um microscópio). São seres muito simples, compos-
tos por uma só célula, e que, quando em condições ópti-
mas para o seu desenvolvimento, se reproduzem muito
rapidamente.
Características organolépticas
Características próprias de cada produto, como a cor, sa-
bor, cheiro e textura.
Contaminação
Presença de qualquer material estranho num alimento,
de origem química, física ou biológica, ou qualquer outro
que torne o alimento inadequado para ser consumido.
Contaminação bacteriana
Contaminação provocada por bactérias e que se encon-
tra normalmente na origem da maioria dos casos de in-
toxicações alimentares.
Contaminação cruzada
Factor que contribui para a ocorrência de doenças trans-
mitidas pelos alimentos. Processo pelo qual microrga-
nismos de uma área são transportados para outra área
que anteriormente se encontrava limpa e que fica, então,
infectada. Os casos mais perigosos de contaminação
cruzada acontecem quando um manipulador de alimen-
tos manuseia alimentos crus e cozinhados sem lavar as
mãos (ou os utensílios) quando passa de uns para ou-
tros.
Controlo
Estabelecer procedimentos de controlo das operações.
|77
H
F
E
DDiagrama de Fabrico ou Fluxograma
Representação sistemática da sequência de fases ou
operações levadas a cabo na produção ou elaboração de
determinado produto alimentar.
Desinfecção
Redução do número de microrganismos para um nível
que proteja os alimentos de uma contaminação perigo-
sa, através de agentes químicos, sem prejuízo para os
alimentos.
Detergente
Substância química que se usa para eliminar a sujidade
e a gordura de uma superfície antes de ser desinfecta-
da.
Desinfectante
Substância química que reduz o número de bactérias
nocivas até um nível seguro.
Doença de origem alimentar
Qualquer doença de natureza infecciosa ou tóxica que
seja ou se suspeite ser, causada pela ingestão de alimen-
tos ou água contaminados.
Esporos
Formas latentes de resistência que algumas bactérias
possuem para se protegerem contra condições extremas
de temperatura.
FIFO
Representa a regra de rotação de stocks “First in, First
out”, que em português significa que o primeiro produto
a entrar em stock deve ser o primeiro a sair (PEPS), de-
pendendo, no entanto, do prazo de validade do produto.
HACCP
Hazard Analysis Critical Control Point – Análise de Pe-
rigos e Controlo dos Pontos Críticos: sistema que tem
como finalidade a segurança alimentar.
Higiene Alimentar
Conjunto de medidas adequadas para assegurar a com-
posição própria dos alimentos, a sua inocuidade e con-
servação, desde a cultura, produção ou fabrico, até ao
seu consumo.
Higienização
Conjunto das acções de limpeza e desinfecção.
Infecção Alimentar
Causada devido ao facto do microrganismo presente no
alimento se multiplicar originando uma quantidade su-
ficiente que cause doença no consumidor.
I
Intoxicação Alimentar
Causada pela ingestão de alimentos que contêm toxi-
nas, substâncias produzidas pelos microrganismos, ou
causada por produtos químicos.
Limite crítico
Critério que diferencia a aceitabilidade da inaceitabili-
dade do processo numa determinada fase.
Limpeza
Eliminação de sujidade, quer se trate de restos de ali-
mentos, de gorduras ou de outro tipo de detritos.
Manipuladores de alimentos
Todas as pessoas implicadas na produção, preparação,
processamento, embalamento, armazenamento, trans-
porte, distribuição e venda de alimentos.
Marcha em frente
Circuito que os alimentos devem seguir, da zona mais
suja para a mais limpa, de forma a que os alimentos
prontos a servir não se cruzem com os alimentos que
irão ser descascados, lavados, etc.
Medida Preventiva:
Medidas ou actividades que eliminam ou reduzem a
ocorrência de perigos para a segurança alimentar.
Microrganismos
Seres vivos de pequenas dimensões, como as bactérias,
Microrganismos patogénicos
São seres vivos de reduzidas dimensões causadores de
doenças.
Perigo
Agente biológico, químico ou físico presente no alimen-
to, ou as condições em que este se encontra, que pode
causar um efeito adverso para a saúde.
Plano de HACCP
Documento preparado em conformidade com os princí-
pios do sistema HACCP, de forma a que o seu cumpri-
mento assegure o controlo dos perigos que são signifi-
cativos para a segurança dos alimentos, no segmento da
cadeia alimentar considerado.
Ponto Crítico de Controlo
Fase em que se pode aplicar um controlo essencial para
prevenir ou eliminar um perigo relacionado com a segu-
rança dos alimentos ou para o reduzir a um nível acei-
tável.
Ponto de controlo
Fase em que se pode aplicar um controlo.
Restos
O que resta dos pratos ou travessas dos clientes (isto é,
das mesas) e que deve ser rejeitado.
L
M
P
R
78|
S
T
Sistema HACCP
Sistema que permite identificar, avaliar e controlar peri-
gos significativos para a segurança dos alimentos.
Sistema de monitorização
Conjunto de observações ou medições dos parâmetros
de controlo para avaliar se um ponto critico de controlo
está efectivamente sob controlo.
Sobras
Alimentos que foram confeccionados em excesso, que
não chegaram a ser servidos e nos quais se manteve a
cadeia de frio/quente.
Toxinfecção alimentar
Doença de natureza infecciosa ou tóxica, causada ou
que se presume ter sido originada pelo consumo de ali-
mentos e de água.
Validação
Constatação de que os elementos do plano de HACCP
são efectivos.
Verificação
Aplicação de métodos, procedimentos, ensaios, análises
e outras avaliações, além da vigilância, para constatar o
cumprimento do plano HACCP.
Zona de perigo
Intervalo de temperatura compreendido entre os 50C e
os 650C no qual a maioria dos microrganismos se de-
senvolvem rapidamente.
V
Z
|79
|BIBLIOGRAFIA|
- Araújo, Manuel, Segurança Alimentar, Lisboa,
Meribérica/Liber editores, 1997
- Baptista, Paulo et al., Higiene e Segurança Ali-
mentar na Restauração, Forvisão, 2005
- Bourgeos, C.M.; Mescle, J.F.; Zucca , J. Micro-
bioogia alimentaria, vol. I: aspectos microbio-
lógicos de la seguridad y calidad alimentaria,
Acribia, Zaragoza, 1994
- Codex Alimentarius- CAC/RCP 1-1969, rev. 3
(1997), rev 4 (2003)
- Esteves, Patricia et al., Manual de Higiene e
Segurança Alimentar, Inatel, 2003
- Fédération Européenne de la Restauration Col-
lective, Guide Européen des Bonnes Pratiques
en matière d’Hygiène pour la Restauration Col-
lective, 1994
- Ferreira, Gonçalves F.A. ; Moderna Saúde Pú-
blica, Fundação Calouste Gulbenkian, 1990
- Ferreira, Wanda, Microbiologia, Lidel, 1998
- Forsythe, Stephen, Microbiologia da Seguran-
ça Alimentar, Artmed Editora
- Guides de Bonnes Pratiques Hygièniques –
Restaurateur, Journaux Officiels- 2001
- Hazelwood, D. e MCLean, A.C., Hygiene.
Acomplete course for food handlers, 1ª edição,
Hodder  Stoughton, Ltd, MillRoad, Dunton
Green, Sevenoaks, Kent, Inglaterra
- UNIHSNOR – Código de Boas Práticas de Hi-
giene para a Restauração, UNIHSNOR, 2001
www.agenciaalimentar.pt
www.cfsan.fda.gov/mow/foodborn.html
www.food.gov.uk
http://ec.europa.eu/food/food/index_en.htm
|LEGISLAÇÃO APLICÁVEL|
- Decreto-Lei 168/97 de 4 de Julho, alterado pelo
Decreto-Lei 139/99 de 24 de Abril
- Decreto Regulamentar 38/97 de 25 de Setem-
bro, alterado pelo Decreto Regulamentar 4/99
de 1 de Abril
- Regulamento (CE) 852/2004 de 29 de Abril
- Regulamento (CE) 853/2004 de 29 de Abril
- Decreto-Lei n.º 147/2006 de 31 de Julho
- Decreto-Lei n.º 234/2007 de 11 de Junho
- Decreto-Lei n.º 306/2007 de 27 Agosto
- Decreto-Lei n.º 39/2008 de 07 Março
- NP 3293:2008
- NP 1524:1987
80|
FICHA TÉCNICA:
Título: Código de Boas Práticas de Higiene e Segurança Alimentar
Aplicação dos princípios de HACCP para a Hotelaria e Restauração - edição Outubro 2008
Propriedade e edição: APHORT Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo
Praça D. João I n.º 25, 4º Esq. 4000-295 Porto
www.aphort.com
Telefone: 22 3393760
Fax: 22 3393769
E-mail: correio@aphort.com
Elaborado por: Helena Mântua Carrelhas . Gabinete de Qualidade, Segurança Alimentar e Ambiente da APHORT.
Design. comni_www.comni.eu
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  • 1. //código de boas práticas de higiene e segurança alimentar//.aplicação dos princípios de haccp para a hotelaria e restauração.
  • 2. índiceApresentação 4 Introdução 6 Parte I – Breves Noções de Contaminações 7 Capítulo I.1 – principais tipos de contaminação 8 Capítulo I.2 – breve referência a alguns microrganismos causadores de toxinfecções alimentares 10 Parte II – Os Pré – Requisitos para a aplicação dos princípios do HACCP 15 Capítulo II.1 – higiene pessoal dos manipuladores de alimentos 16 I II.1.1 – higiene individual – apresentação adequada ao trabalho 16 II.1.2 – higiene das mãos 17 I II.1.3 – comportamento no local de trabalho e boas práticas profissionais 17 I II.1.4 – saúde dos manipuladores 18 Capítulo II.2 – higiene das instalações e equipamentos 18 II.2.1 – concepção e manutenção 18 II.2.1.1 – locais onde se manipulam alimentos 18 II.2.1.1.1 – pavimento 18 II.2.1.1.2 – paredes 19 II.2.1.1.3 – tectos 19 II.2.1.1.4 – portas, janelas, clarabóias 19 II.2.1.1.5 – ventilação 19 II.2.1.1.6 – exaustão 20 II.2.1.1.7 – iluminação 20 II.2.1.1.8 – equipamentos 20 II.2.1.2 – instalações sanitárias e vestiários 20 II.2.1.3 – sala de refeições 20 II.2.2 – limpeza e desinfecção das instalações e dos equipamentos 21 II.2.2.1 – limpeza e desinfecção 21 II.2.2.2 – tratamento da loiça 22 II.2.2.3 – plano de limpeza e desinfecção 23 II.2.2.4 – armazenagem de produtos de limpeza 23 Capítulo II.3 – controlo da água de abastecimento 24 Capítulo II.4 – controlo de pragas 24
  • 3. Parte III – O HACCP 27 Capítulo III.1 – apresentação do HACCP breve explicação teórica 28 III.1.1 – o que significa HACCP? 28 III.1.2 – princípios de HACCP 28 Capítulo III.2 – HACCP – breve explicação teórico/prática 28 III.2.1 – o que é necessário fazer? 28 III.2.2 – procedimentos de controlo 29 III.2.3 – introduzindo procedimentos de controlo 29 III.2.4 – verificação dos procedimentos de controlo 29 III.2.5 – por onde começar? 30 III.2.5.1 – por onde começar? 30 III.2.5.2 – que tipo de perigos existem? 30 III.2.5.3 – como identificar os perigos e as etapas em que ocorrem? 30 Capítulo III.3 – higiene alimentar e aplicação dos princípios de HACCP - proposta de aplicação do HACCP no sector da hotelaria, da restauração e bebidas 31 III.3.1 – introdução 31 III.3.2 – percursos genéricos dos alimentos, fluxogramas 31 III.3.3 – recepção de matérias - primas 33 III.3.4 – armazenagem 37 III.3.5 – preparação de alimentos e ingredientes 40 III.3.6 – confecção e preparação de refeições 42 III.3.7 – serviço aos clientes/distribuição 46 Apresentação da análise de perigos e pontos de controlo / plano HACCP 48 Anexo 1 Fichas 51 Anexo 2 Registos 57 Anexo 3 Apresentação do HACCP – breve exposição teórica baseada no Codex Alimentarius 65 Anexo 4 Árvore de decisão 71 Anexo 5 Formação 73 Glossário 75 Bibliografia 80
  • 4. APRESENTAÇÃO |4 |ABERTURA| A UNIHSNOR – União das Associações de Ho- telaria e de Restauração do Norte de Portugal – elaborou, em 1999, um CÓDIGO de BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE PARA A RESTAU- RAÇÃO. Este Código mereceu, nos termos do decreto-lei 67/98 de 18 de Março, o parecer favorável da en- tidade oficial competente, a Direcção Geral da Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimen- tar. Em 29 de Abril de 2004, o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia aprovaram o Regula- mento Europeu 852/2004 sobre higiene dos géneros alimentícios, que contém, na prática, um conjunto de regras de higiene e segurança alimentar aplicáveis a todo o sector alimentar e também, portanto, aos estabelecimentos ho- teleiros, aos estabelecimentos de restauração e de bebidas. Adiante usaremos simplesmente a palavra “estabelecimentos” para nos referirmos a todos eles. Este Regulamento atribui um papel muito im- portante aos empresários, considerando-os como os principais responsáveis pela segu- rança dos géneros alimentícios que produzem, transformam, distribuem, comercializam e ser- vem, devendo garantir a segurança dos seus produtos ao longo de toda a cadeia. Segundo o mesmo Regulamento, as empresas alimentares deverão criar e aplicar programas de Segurança Alimentar baseados nos princí- pios do HACCP. No entanto o regulamento pre- vê, também, a flexibilização desses mesmos princípios, de modo a que os mesmos sejam exequíveis inclusivamente em pequenos res- taurantes e outros estabelecimentos familiares. A APHORT – Associação Portuguesa de Hote- laria, Restauração e Turismo, assumiu, em Abril de 2008, a continuidade associativa da União das Associações de Hotelaria e Restauração do Norte de Portugal, para todos os efeitos, espe- cialmente na integralidade dos direitos e obri- gações. A APHORT, sendo a Associação representativa dos estabelecimentos hoteleiros, dos estabe- lecimentos de restauração e de bebidas e dos estabelecimentos de turismo no espaço rural, entendeu que, com o novo quadro legal e regu- lamentar, deveria actualizar o referido Código de Boas Práticas. O novo Código: CÓDIGO DE BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE E SEGURANÇA ALIMENTAR – Aplicação prática dos princípios de HACCP para a Hotelaria e para Restauração – É um documento produzido com base no re- ferido Regulamento 852/2004, no Codex Ali- mentarius, em documentos de trabalho quer da Comissão Europeia, quer da HOTREC – Con- federação Europeia de Hotelaria, Restauração e Cafés –, bem como na nossa própria experiên- cia associativa, empresarial e profissional. A tarefa dos nossos associados e dos empresá- rios do sector em geral não é fácil e constitui uma grande responsabilidade, exigindo o en- volvimento de todos os que trabalham no es- tabelecimento, empregados e empregadores, cabendo a estes os conhecimentos necessários
  • 5. 5| à implementação do sistema e a obrigação de assegurarem a adequada formação de todos os seus colaboradores. Este Código, previsto no Regulamento 852/2004, constitui, para os associados e para os empresários do sector em geral, um docu- mento essencial nesta matéria, informando-os e aconselhando-os sobre como deverão proce- der para a aplicação e cumprimento do referido regulamento Comunitário e para a implemen- tação do HACCP. |ÂMBITO| Este Código destina-se a todos os que traba- lham, empregadores e empregados, nos seguin- tes estabelecimentos: -Empreendimentos turísticos – estabelecimen- tos hoteleiros – conforme decreto-lei 39/2008 de 7 de Março; -Estabelecimentos de restauração e de bebidas – conforme decreto-lei 234/2007 de 11 de Ju- nho.
  • 6. INTRODUÇÃO |6 O bem-estar, o conforto, a saúde e a segurança dos nossos clientes são, para nós, valores essen- ciais. As refeições que servimos, sejam ligeiras, como o pequeno-almoço ou o lanche, ou mais substanciais, como o almoço ou o jantar, devem ser saudáveis, no sentido em que não devem provocar doenças ou, mais especificamente, in- toxicações. Por isso, é nosso dever eliminar todos os facto- res que contribuam para que tal possa aconte- cer. Para alcançar este objectivo, e nos termos do re- ferido Regulamento 852/2004, os empresários deverão adoptar e cumprir procedimentos de segurança alimentar adequados à sua activida- de, com base nos princípios do HACCP – Análi- se dos Perigos e Controlo dos Pontos Críticos. A efectiva aplicação do HACCP só é possível se, previamente, forem cumpridas duas etapas essenciais. Em primeiro lugar, adquirir um conhecimento genérico sobre os principais tipos de contami- nações e sobre os microrganismos que são os principais causadores de intoxicações alimen- tares. A este tema, de um modo necessariamen- te genérico e não exaustivo, dedicaremos a Par- te I deste Manual. Em seguida daremos atenção aos alicerces do HACCP, as suas fundações, que designamos por «Pré-requisitos». Isto é, antes de mais, é ne- cessário garantir a prevenção da possibilidade de contaminação, controlando os respectivos perigos, tratando da higiene do que podemos designar de “estabelecimento” em sentido am- plo, ou seja, estruturas, instalações, equipamen- tos e pessoal. A este tema dedicaremos a Parte II deste Manu- al, organizada em 4 capítulos: Capítulo II.1 – Higiene pessoal de todos os ma- nipuladores de alimentos; Capítulo II.2 – Higiene das instalações e equi- pamentos; Capitulo II.3 – Controlo da água de abasteci- mento; Capítulo II.4 – Controlo de pragas. Estaremos, então, em condições de controlar os perigos associados ao processo de confecção, implementando os princípios do HACCP. A este tema dedicaremos a Parte III deste Manu- al. Esta Parte III representa, sem dúvida, a grande inovação que resulta da aplicação do já referido Regulamento Comunitário 852/2004 e está or- ganizada nos seguintes capítulos: Capítulo III.1 – Breve apresentação do HACCP, tendo por base o Codex Alimentarius. Aborda- gem do HACCP formal (tradicional) de acordo com o que o Codex recomenda para qualquer indústria alimentar. Capítulo III.2 – Breve explicação teórica e prá- tica, em linguagem acessível a todos os empre- gados e empregadores dos estabelecimentos de hotelaria, de restauração e de bebidas. Capítulo III.3 – Proposta de aplicação do HAC- CP no sector da hotelaria e da restauração e be- bidas - conjugação entre a teoria e a prática, de modo a permitir aos estabelecimentos a aplica- ção do HACCP, respeitando as suas especifici- dades. Anexos Algumas definições e sugestões de fichas e de registos que os estabelecimentos poderão ter como base para a realização dos seus próprios documentos de suporte.
  • 8. |CAPÍTULO I. – PRINCIPAIS TIPOS DE CONTAMINAÇÃO| Sabemos que existem três tipos de perigos de contaminações alimentares que nos preocu- pam essencialmente ao nível da Segurança Alimentar: Perigos Químicos, Perigos Físi- cos e Perigos Biológicos. |PERIGOS QUÍMICOS| Este tipo de perigo ocorre quando um alimento é conta- minado por uma substância química durante os proces- sos de armazenamento, de preparação, de confecção, de serviço... Nos estabelecimentos de hotelaria, de restauração e de bebidas, este tipo de contaminação muitas vezes é pro- vocado por detergentes e desinfectantes. É, pois, muito importante que os produtos de limpeza e desinfecção estejam guardados num local diferente dos produtos alimentares, e que, quando se proceda às operações de limpeza e desinfecção, não se encontrem nesse mesmo local produtos alimentares expostos. Nunca se devem guardar os produtos de limpeza ou de desinfecção dentro de embalagens de produtos alimen- tares, como por exemplo garrafas de água ou de refri- gerantes. Claro que também não se devem utilizar as embalagens de detergentes para acondicionar ou trans- portar alimentos. Existem, no entanto, alguns perigos químicos que po- dem estar associados a alguns alimentos, como seja a presença de resíduos de antibióticos em produtos cár- neos, ou resíduos de pesticidas em vegetais, cuja detec- ção é impossível nos estabelecimentos. A realização de análises para a detecção destas substâncias é muito dis- pendiosa e o seu processo é demorado, o que significa que, na prática, se um empresário optasse por as reali- zar, quando obtivesse os resultados, o produto já não se apresentaria em condições higio-sanitárias para ser consumido. Donde se conclui que a análise deste tipo de perigos tem de ser assegurada pelos fornecedores e nunca se poderão exigir as mesmas análises aos empre- sários destes estabelecimentos. |PERIGOS FÍSICOS| Qualquer objecto estranho a um alimento e que se in- corpore acidentalmente no mesmo provoca a contami- nação física desse alimento. Por exemplo, um pedaço de uma embalagem, um cabelo num prato de sopa, um bo- cado de palha-de-aço no puré. |PERIGOS BIOLÓGICOS| Nos perigos biológicos, podemos distinguir dois gru- pos: - visíveis a olho nu ou vista desarmada (macroscópi- cos); - não são visíveis a olho nu, apenas através de instru- mentos de ampliação (microscópicos). No primeiro grupo, encontram-se os seres vivos que ge- ralmente denominamos como pragas – baratas, formi- gas, entre outros. No segundo grupo, encontram-se os microrganismos. Sabemos que existem microrganismos benéficos para os seres humanos e outros que são prejudicais, isto é, pe- rigosos para o homem. Dos prejudiciais para o homem, podemos distinguir dois grandes grupos: - os que provocam infecções de origem alimentar; - os que provocam intoxicações de origem alimentar. O primeiro caso é causado pela mera presença num ali- mento de um microrganismo patogénico que se multi- plicou, dando origem a uma infecção alimentar. |8
  • 9. 9| Dentro deste grupo destacamos: Salmonella* Listeria monocytogenes Escherichia coli No segundo grupo, o agente responsável pela intoxica- ção alimentar não é o microrganismo, mas sim a presen- ça de toxinas formadas pelo mesmo. Salientamos: Clostridium perfringens Clostridium botulinum Staphhylococcus aureus Bacillus cereus |DESENVOLVIMENTO DOS MI- CRORGANISMOS| Todos os seres vivos, incluindo os microrganismos, ne- cessitam de alimento, de humidade, de temperatura e de tempo para se desenvolverem. Existem também outros factores que têm influência no seu desenvolvimento, como a acidez do meio e o oxigénio. Vamos deter-nos um pouco em cada um desses facto- res. _ALIMENTO As bactérias necessitam de nutrientes para se desenvol- verem. Preferem alimentos ricos em proteínas, como a carne. _TEMPERATURA É um dos factores que melhor se deve controlar. As bac- térias responsáveis pela maior parte das toxinfecções alimentares desenvolvem-se melhor a uma temperatura de cerca de 370C, mas entre os 50C e os 650C também se desenvolvem. A valores inferiores ou superiores a este intervalo, os microrganismos praticamente não têm ca pacidade para se desenvolverem. Podemos concluir que todos os alimentos devem ficar o mínimo tempo possível à temperatura compreendida entre 50C e os 650C. Dito de outra forma, para impedir o desenvolvimento microbiano, tem de se manter os ali- mentos a uma temperatura inferior a 50C ou superior a 650C. _HUMIDADE A água é um dos factores mais importantes para o de- senvolvimento dos seres vivos, o mesmo ocorrendo com as bactérias. Sem água, elas não podem aproveitar os nutrientes que as rodeiam. As bactérias não crescem nem se multiplicam nos alimentos desidratados, mas também não morrem. Quando estes são reconstituídos, voltam a crescer e a multiplicar-se, pelo que se deve ter com estes alimentos os mesmos cuidados que se têm com os alimentos frescos. _ACIDEZ DOS ALIMENTOS Algumas bactérias não se desenvolvem em meios muito ácidos e, por esse motivo, se acidificarmos um alimento com vinagre ou sumo de limão, podemos impedir que os micróbios cresçam e se multipliquem. _OXIGÉNIO Alguns tipos de bactérias não crescem na presença de oxigénio e outros só com oxigénio é que se desenvol- vem, consoante o tipo de bactéria. _TEMPO Se proporcionarmos às bactérias e aos micróbios em ge- ral as condições óptimas de temperatura, nutrientes, hu- * De um modo muito simples podemos dizer que os nomes das bactérias são parecidos com os das pessoas, pois têm um apelido que identifica a família seguido de um nome próprio, por exemplo Salmonella enteritidis, Salmonella typhi, a palavra Salmonella é o nome de família e o outro o nome próprio.
  • 10. |10 midade, e lhes dermos o tempo necessário para se multi- plicarem, estamos a criar um “viveiro de micróbios”. |CAPÍTULO I.2 – BREVE REFERÊNCIA A ALGUNS MICRORGANISMOS CAU- SADORES DE TOXINFECÇÕES ALI- MENTARES| Como já referimos anteriormente, podemos dividir os microrganismos patogénicos e causadores de toxinfecções alimentares em dois grandes grupos: - os que provocam infecções de origem ali- mentar; - os que provocam intoxicações de origem alimentar. Iremos abordar em seguida algumas carac- terísticas referentes a alguns dos principais microrganismos de cada um dos grupos. |SALMONELLA| A salmonella é responsável pela maioria dos casos de infecções alimentares. Pertence à família das Enterobacteriaceae. ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA- ÇÃO Estas bactérias vivem habitualmente no intestino do Ho- mem e dos animais, em especial nos de capoeira; podem encontrar-se na casca dos ovos, assim como nas patas dos roedores e dos insectos, em especial das moscas. O Homem também pode ser um veículo de contaminação cruzada. A salmonella pode chegar ao local de manipulação de alimentos transportada pelos alimentos crus, como a carne, nomeadamente a das aves, e pelos ovos. Se o alimento não é cozinhado e se se conserva de forma inadequada, as bactérias multiplicam-se rapidamente, podendo dar origem a um surto de infecção alimentar. Por exemplo, quando se utiliza a mesma faca para partir um frango cru e umas fatias de carne assada, sem que ela seja desinfectada entre ambas as utilizações, pode- se estar a provocar a contaminação da carne assada. A maioria dos casos de toxinfecção alimentar provoca- da por salmonelas resulta de se ter cozinhado pouco os alimentos ou de contaminação cruzada, como no exem- plo anterior. CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO _TEMPERATURA Normalmente, as bactérias desenvolvem-se em ambien- tes com temperaturas entre 50 e 480C. A temperatura óptima de crescimento das mesmas situa-se entre os 350 e 370C. As salmonelas dificilmente se multiplicam à temperatura de refrigeração. São facilmente destruídas pelo calor, no entanto, a con- gelação e a secagem de alimentos não as mata, simples- mente impede o seu desenvolvimento e multiplicação. Recuperam estas capacidades quando estão nas condi- ções apropriadas. PRINCIPAIS ALIMENTOS ASSOCIADOS A INFECÇÕES POR SALMONELLA. Carne bovina crua, aves domésticas, ovos, peixe, leite e derivados. |LISTERIA MONOCYTOGENES| A Listeria monocytogenes é uma bactéria patogénica. Desde que ocorreram várias toxinfecções devido à pre-
  • 11. 11| sença desta bactéria, ela passou a ser uma preocupa- ção. A Listeria monocytogenes pertence à família Listeriace- ae. ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA- ÇÃO A Listeria monocytogenes encontra-se, geralmente, no solo, nos vegetais, na água, na carne e no peixe. O Ho- mem e os animais são muitas vezes portadores assinto- máticos da bactéria, sendo um veículo de contaminação dos alimentos. A contaminação de matérias-primas e de alimentos que não são sujeitos a qualquer tratamento térmico pode ser frequente. CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO _TEMPERATURA A Listeria monocytogenes desenvolve-se num intervalo de temperaturas entre 00C e 450C, tendo uma tempera- tura óptima de crescimento entre os 300 e os 370C. Sabe-se que sobrevive por longos períodos em alimen- tos congelados (-180C). PRINCIPAIS ALIMENTOS ASSOCIA- DOS A INFECÇÕES POR LISTERIA MO- NOCYTOGENES As infecções alimentares com Listeria monocytogenes encontram-se associadas a alimentos como o leite cru, leite e queijos supostamente pasteurizados, gelados, vegetais crus, aves domésticas cruas e cozinhadas, car- nes cruas e peixes crus e fumados. A sua capacidade de crescer em temperaturas tão baixas quanto 30C permite a sua multiplicação em alimentos refrigerados. |ESCHERICHIA COLI| A Escherichia coli é utilizada como organismo indica- dor de contaminação fecal em água e em alimentos. As bactérias do género Escherichia coli pertencem à famí- lia Enterobacteriaceae. ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA- ÇÃO O principal habitat de Escherichia coli é o tracto intes- tinal dos humanos e de outros animais de sangue quen- te. Muitas das contaminações dos alimentos ocorrem devido à contaminação do solo com excrementos dos animais (muitas vezes utilizados como fertilizantes sem qualquer tratamento prévio) ou à contaminação da água devido a descargas de esgotos. Por vezes, as más práti- cas de higiene nos locais de abate podem ser uma fonte de contaminação das carcaças. Más práticas de higiene pessoal quando se utilizam os sanitários também po- dem conduzir a que os próprios manipuladores de ali- mentos sejam veículos de contaminação dos mesmos. CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO _TEMPERATURA Algumas estirpes de Escherichia coli conseguem cres- cer em ambientes com temperaturas entre 70 e 460C e têm uma temperatura óptima de crescimento entre 350 e 400C
  • 12. |12 _OXIGÉNIO Escherichia coli é uma bactéria que se desenvolve quer na presença quer na ausência de oxigénio (anaeróbia facultativa). PRINCIPAIS ALIMENTOS ASSOCIADOS A INFECÇÕES POR ESCHERICHIA COLI Água, carnes mal cozinhadas, principalmente de bovi- nos, enchidos curados, alface e outros vegetais, queijo e leite cru, sumos de fruta não pasteurizados. |STAPHYLOCOCCUS AUREUS| Staphylococcus aureus é uma bactéria que pertencente à família Micrococcaceae. Estas bactérias, quando as condições são favoráveis, desenvolvem uma toxina – enterotoxina – que, normal- mente, é responsável por uma grande parte dos proble- mas provocados pelos alimentos. Esta toxina é muito resistente ao calor, enquanto a bactéria Staphlylococcus aureus é facilmente destruída pelo calor. ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA- ÇÃO Este tipo de bactérias existe no nariz, na garganta, na saliva, na pele e nos golpes e lesões dos seres humanos, pelo que estes são muitas vezes os principais veículos de contaminação dos alimentos. Qualquer pessoa que manipula os alimentos facilmente os contamina: espirra sobre os mesmos, coça a cabeça ou mexe na cara e depois nos alimentos, sem lavar as mãos entretanto. Todos os cuidados de higiene pesso- al são imprescindíveis para prevenir este tipo de infec- ção. CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO _TEMPERATURA Staphlylococcus aureus desenvolve-se num intervalo de temperaturas entre 70 e 460C, tendo uma temperatura óptima de crescimento entre 350 e 370C. A enterotoxina produz-se geralmente no intervalo de temperatura entre os 100 e 450C, sendo muito resistente ao calor (é necessária a aplicação de um processo térmi- co muito elevado e durante muito tempo para se alcan- çar a destruição da mesma). _OXIGÉNIO Staphlylococcus aureus é uma bactéria que cresce na presença e na ausência de oxigénio (anaeróbia faculta- tiva). A sua toxina, por sua vez, necessita de oxigénio para se produzir. ALIMENTOS MAIS FREQUENTEMENTE ASSOCIADOS A INTOXICAÇÕES POR STAPHYLOCOCCUS AUREUS Recheios de carne, saladas preparadas com ovo ou ma- risco, bolos com recheio, fiambre, queijo e gelados são os alimentos mais frequentemente associados a into- xicações alimentares devido à presença deste micror- ganismo. Como se pode observar, estes alimentos são sujeitos a manipulações após a sua confecção, ficando muitas vezes a temperaturas entre 10º e 45ºC antes de serem consumidos.
  • 13. 13| |CLOSTRIDIUM PERFRINGENS| O Clostridium perfringens tem a capacidade de, em con- dições adversas, ficar sobre a forma de esporo, isto é, como se a bactéria ficasse protegida por uma espécie de “armadura”. Quando as condições adversas desapare- cem, a bactéria volta à sua forma normal e desenvolve- se rapidamente. Os esporos de Clostridium perfringens são muito resistentes à temperatura. Esta bactéria pertence à família Bacillaceae (bacilos e cocos esporulados). ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA- ÇÃO O microrganismo em questão é frequentemente en- contrado no intestino de humanos e animais. Os seus esporos persistem no solo, em sedimentos e em áreas sujeitas à poluição fecal de humanos e animais. CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO _TEMPERATURA Este microrganismo cresce num intervalo de tempera- tura que varia entre 120 e os 500C. A sua temperatura óptima de crescimento situa-se entre 430 e 470C. É importante referirmos que, em condições óptimas de desenvolvimento, em apenas dez minutos um destes microrganismos pode dar origem a dois. Alguns esporos sobrevivem à ebulição durante uma hora. No intervalo de temperaturas entre 300 a 400C, produ- zem-se toxinas; no entanto, as mesmas podem ser inac- tivadas por aquecimento a 600C durante dez minutos. _OXIGÉNIO Esta bactéria desenvolve-se melhor na ausência de oxi- génio. Produtos com pouco ou nenhum oxigénio são geralmente mais propícios ao desenvolvimento deste microrganismo. ALIMENTOS MAIS FREQUENTEMENTE ASSOCIADOS A INTOXICAÇÕES POR CLOSTRIDIUM PERFRINGENS Produtos cárneos, produtos preparados em grande quantidade geralmente para banquetes (e conservados durante bastante tempo à temperatura ambiente). |CLOSTRIDIUM BOTULINUM| As intoxicações causadas por Clostridium botulinum, vulgarmente designadas por botulismo, ocorrem geral- mente devido à ingestão de uma toxina pré-formada em alimentos contaminados com este microrganismo. Esta doença requer uma atenção especial, pois envolve um risco elevado de morte. Clostridium botulinum é uma bactéria pertencente à fa- mília Bacillaceae. ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA- ÇÃO Clostridium botulinum encontra-se no solo, nos sedi- mentos marinhos, pelo que os animais são um veículo de transmissão aos alimentos.
  • 14. |14 CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO _TEMPERATURA Osintervalosdetemperaturadecrescimentodestasbac- térias são diferentes para os vários subgrupos de Clos- tridium botulinum. No entanto, a maioria desenvolve-se com temperaturas entre os 30 e os 480C. Os seus esporos são muito resistentes (para que a sua destruição ocorra, é necessário sujeitar os alimentos a um aquecimento a 1210C  durante três minutos). As toxinas produzidas são destruídas no seguinte binómio tempo – temperatura: 5 minutos a 850C ou 20 a 30 minutos a 800C. _OXIGÉNIO Clostridium botulinum é uma bactéria que se desen- volve na ausência de oxigénio (anaeróbia). No entanto, quando se encontra em embalagens com oxigénio, este não é considerado suficiente para impedir o seu cres- cimento, pois poderão existir no interior dos alimentos zonas de anaerobiose onde possam ocorrer o desenvol- vimento do organismo e a produção de toxina. ALIMENTOS MAIS FREQUENTEMENTE ASSOCIADOS A INTOXICAÇÕES POR CLOSTRIDIUM BOTULINUM A maior parte dos casos de botulismo estão associados ao consumo de conservas caseiras (conservas de vege- tais, de carnes), enchidos e presunto caseiro. |BACILLUS CEREUS| Bacillus cereus é uma bactéria pertencente à família Ba- cillaceae. Tem capacidade para formar esporos, bem como toxi- nas. ORIGEM E VEÍCULOS DE CONTAMINA- ÇÃO Este microrganismo encontra-se no solo, nos vegetais, na água, em pêlos de animais e na matéria em decom- posição. Assim, encontramo-lo em muitos produtos agrícolas e de origem animal. CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO _TEMPERATURA Bacillus cereus desenvolve-se num intervalo muito alar- gado de temperaturas entre os 40 e os 550C, tendo uma temperatura óptima de crescimento entre 300 e 400C. À temperatura de 250C inicia-se a produção da sua to- xina. _OXIGÉNIO Bacillus cereus é uma bactéria que tem capacidade de se desenvolver quer na presença quer na ausência de oxigénio (anaeróbia facultativa). Porém, a sua toxina produz-se melhor quando existe oxigénio. ALIMENTOS MAIS FREQUENTEMENTE ASSOCIADOS A INTOXICAÇÕES POR BACILLUS CEREUS Intoxicações alimentares pela presença deste micror- ganismos estão associadas a alimentos como vegetais, carnes, peixe, leite e cereais ricos em amido (arroz, ba- tatas, massas).
  • 15. PARTE II– OS PRÉ- REQUISITOS PARA A APLI– CAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO HACCP
  • 16. Para se implementarem programas que garantam a se- gurança alimentar nos estabelecimentos (baseados nos princípios do HACCP), existem requisitos mínimos que têm de ser cumpridos, designadamente: - Higiene pessoal de todos os manipuladores de alimen- tos; - Higiene das instalações e equipamentos: . Manutenção e concepção; . Limpeza e desinfecção das instalações e dos equipa- mentos; - Controlo da água de abastecimento; - Controlo de pragas. Vejamos, então, mais detalhadamente cada um destes pontos. |CAPÍTULO II.1 – HIGIENE PESSOAL DOS MANIPULADORES DE ALIMEN- TOS| A segurança alimentar depende em grande parte do nível de higiene individual de to- dos os que trabalham no estabelecimento, empregadores e empregados, especialmente daqueles que manuseiam alimentos, e que, neste Capítulo, designaremos por «manipu- ladores», ou seja, aqueles que produzem, pre- param e transportam alimentos. Os manipuladores podem causar contaminações dos alimentos por serem portadores de microrganismos: - na parte externa do seu corpo (cabelo, mãos, pele…); - na parte interna (garganta, boca, nariz…); - e ainda nas suas secreções (suor, saliva, fezes…). Podemos afirmar que os principais perigos de contami- nação dos alimentos estão geralmente associados aos seguintes factores: . o estado de saúde dos manipuladores; . a higiene corporal e o vestuário utilizado (muitas vezes inadequado); . práticas e comportamentos profissionais incorrectos ou negligentes. Existem regras básicas que qualquer manipulador de alimentos deve aplicar diariamente e que se apresentam de seguida. |II.1.1 – HIGIENE INDIVIDUAL – APRE- SENTAÇÃO ADEQUADA AO TRABA- LHO| Diariamente e antes de se dirigirem ao local de trabalho, os manipuladores devem efectuar a sua higiene corpo- ral. Adornos: -osmanipuladoresnãodevemutilizaradornos,taiscomo anéis, pulseiras, brincos, colares, piercings e outros. A maioria destes objectos possuem ranhuras e orifícios que constituem locais de acumulação de resíduos, que poderão originar a contaminação dos alimentos. Além disso os referidos objectos poderão soltar-se e cair sobre os alimentos sem que ninguém se aperceba, passando a ser um factor de contaminação e podendo causar danos ao cliente. Fardas: - os manipuladores devem desenvolver as suas tarefas devidamente fardados, de acordo com as funções exer- cidas, não devendo usar nunca a roupa que utilizam na rua; - as fardas devem estar sempre limpas e ser de uso exclu- sivo no estabelecimento; - as fardas dos manipuladores que trabalham nas zonas de preparação e de confecção devem ser de cor clara, de forma a pôr em evidência a sujidade. Cabelo: - o cabelo deve estar totalmente coberto com touca ou barrete, sempre que as funções sejam exercidas na cozi- |16
  • 17. |17 nha ou na copa, ou ainda quando a tarefa o justifique No exercício de outras funções, o cabelo deve estar pelo menos preso. |II.1.2 – HIGIENE DAS MÃOS| As mãos são a principal fonte de contaminações bacte- rianas dos alimentos e, por isso, merecem uma atenção muito especial. Para prevenir os riscos de contaminação dos alimentos, as mãos devem ser muito bem lavadas. As escoriações e cortes de pouca importância devem ser tratados e protegidos com pensos impermeáveis e de preferência de cores vivas. As unhas devem estar sempre limpas, curtas sem ver- niz. QUANDO DEVE LAVAR AS MÃOS - Antes de iniciar, durante e no fim de qualquer tarefa. - Depois de usar as instalações sanitárias. - Quando mexer no cabelo, no nariz ou noutra parte do corpo, ou usar um lenço de assoar. - Antes e depois de mexer em alimentos crus – legumes, fruta, carne, ovos... - Depois de tocar em objectos sujos – embalagens, lixo, superfícies sujas. - Depois de fumar e comer. - Sempre que considere necessário. COMO DEVE LAVAR AS MÃOS 1 – Molhar as mãos. 2 – Ensaboar bem, de preferência com sabão líquido an- ti-séptico ou bactericida. 3 – Passar por água corrente para retirar o sabão. 4 – Desinfectar com solução desinfectante própria para mãos. 5 – Secar (com toalhetes de papel ou secador). LUVAS Se usar luvas para a manipulação dos produtos alimen- tares, estas devem ser mantidas em boas condições de higiene. É recomendado o uso de luvas descartáveis em opera- ções que requerem muito manuseamento e manipula- ção de alimentos, como por exemplo: - cortar produtos de charcutaria; - cortar produtos cozinhados; - moldar carne picada; - desfiar alimentos, como bacalhau, pato entre outros; - cortar frutas e legumes desinfectados. É muito importante referir que as tarefas executadas com luvas descartáveis devem decorrer sem inter- rupções, caso contrário as mesmas deverão ser subs- tituídas. É obrigatório usar luvas sempre que houver escoria- ções, queimaduras ou cortes. |II.1.3 – COMPORTAMENTO NO LO- CAL DE TRABALHO E BOAS PRÁTI- CAS PROFISSIONAIS| - Os manipuladores devem manter um elevado nível de higiene pessoal e bons hábitos de higiene durante todo o período de trabalho. - Os locais de trabalho devem manter-se sempre limpos e arrumados. - Os desperdícios e resíduos devem ser eliminados com regularidade (sem esperar que um superior ou um cole- ga o peça.) - As mãos devem ser lavadas com frequência, como já referimos. - São comportamentos expressamente proibidos nas zo- nas onde se manipulam e armazenam alimentos:
  • 18. 18| fumar, comer, mascar pastilha elástica, tomar ou guardar medicamentos, mexer na cabeça, nariz ou boca, provar alimentos com os dedos. - Para além dos comportamentos atrás enunciados, de- vem ainda ser tomadas medidas preventivas para que os manipuladores tenham práticas de higiene pessoal sempre que mudam de tarefa, para evitar contamina- ções. |II.1.4 – SAÚDE DOS MANIPULADO- RES| Os manipuladores, tal como os demais trabalhadores, devem efectuar um exame médico completo no início da sua actividade e, pelo menos, uma vez por ano ou uma vez de dois em dois anos, nos termos do Código do Tra- balho e legislação complementar. Este exame médico tem de ser feito por um Médico do Trabalho. Sempre que os manipuladores tenham contraído ou sus- peitem ter contraído doenças contagiosas ou sofram de doenças de pele, do aparelho digestivo, de inflamações da garganta, ouvidos ou olhos, ficam interditos de todas as actividades directamente relacionadas com os ali- mentos. Nesta situação, devem informar o seu superior hierárquico para que sejam tomadas as devidas provi- dências. |CAPÍTULOII.2 – INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS| As instalações dos estabelecimentos, de um modo geral e, em particular, os locais onde se manipulam alimentos, como cozinhas, copas, zonas de preparação e armazenagem, deve- rão apresentar sempre boas condições de conservação, de forma a que as mesmas nun- ca possam ser uma fonte de contaminação dos alimentos. Devem, portanto respeitar um conjunto de requisitos. II.2.1 – CONCEPÇÃO E MANUTEN- ÇÃO |II.2.1.1 – LOCAIS ONDE SE MANIPU- LAM ALIMENTOS| Cada estabelecimento tem as suas características, es- truturas e dimensões próprias; no entanto, do ponto de vista da higiene e segurança alimentar, todos devem cumprir um conjunto de requisitos mínimos definidos na legislação aplicável. As instalações devem ser projectadas e construídas ten- do em vista o fim a que se destinam, respeitando as se- guintes regras essenciais: - devem ser dotadas de saneamento e de água potável; - todos os compartimentos devem ter iluminação e ven- tilação apropriadas à sua finalidade; - devem ser concebidas de forma a impedir a queda de partículas nos géneros alimentícios e a evitar a acumu- lação de sujidade, bem como a formação de condensa- ções e bolores indesejáveis; - as operações a que são sujeitos os alimentos desde que são recebidos no estabelecimento até que chegam ao utente devem poder ser executadas de forma a impedir a contaminação cruzada, quer por parte dos manipula- dores, quer aquando da utilização do equipamento e/ou da sua instalação. Todos os locais onde se desenvolvem operações relacio- nadas com alimentos devem ser mantidos em bom esta- do de conservação e de limpeza. |II.2.1.1.1 – PAVIMENTO| O pavimento deve ser mantido em bom estado de con- servação e construído com materiais que permitam uma fácil limpeza, ou seja, materiais impermeáveis, não ab- sorventes, laváveis e resistentes. Deverá também ser anti-derrapante, de forma a evitarem-se quedas e outros
  • 19. |19 acidentes de trabalho, e resistente quer à passagem de carrinhos e pessoas, quer à força do equipamento que sobre o mesmo seja exercida. Deverão ainda existir caleiras para escoar a água, de preferência junto aos locais onde se lavem alimentos ou utensílios. As mesmas devem ser protegidas com grelhas amovíveis. É aconselhável que o chão seja em declive em direcção às caleiras, de forma a facilitar o es- coamento de água e outros líquidos. |II.2.1.1.2 – PAREDES| As paredes devem ser revestidas de material lavável, im- permeável, não absorvente nem tóxico, e devem ser lisas até uma altura ajustada às operações, de forma a facilita- rem a limpeza e a impedirem a acumulação de qualquer tipo de resíduo. A união das paredes entre si e destas com o chão deve ser arredondada, de modo a não constituir um local de acumulação de sujidade e de difícil limpeza. Todos os estragos, gretas, fissuras, zonas partidas devem ser rapidamente reparados, pois estes locais são propí- cios à acumulação de sujidade e são de difícil limpeza. |II.2.1.1.3 – TECTOS| Os tectos devem ser lisos, construídos em material lavá- vel, impermeável e de fácil limpeza. Dever-se-á impedir o desenvolvimento de bolores, por exemplo, utilizando uma tinta anti-fungos ou qualquer outra solução eficaz. Todos os equipamentos que nele estejam instalados não deverão originar a contaminação dos alimentos pelo desprendimento de partículas ou outras substâncias ou objectos. Por exemplo: as lâmpadas devem ser protegi- das, os electrocutores não deverão ser instalados por cima dos locais onde habitualmente se manipulem ali- mentos. |II.2.1.1.4 – PORTAS, JANELAS, CLA- RABÓIAS| As portas devem ser revestidas de materiais lisos, lavá- veis, impermeáveis e de fácil limpeza. Habitualmente, as portas são uma fonte de contaminação de alimentos pelo contacto com as mãos daqueles que as utilizam. A zona de contacto com as mãos e os pés deverá ser cons- tituída por materiais resistentes ao desgaste do uso e aos agentes de limpeza e desinfecção. As janelas e outras aberturas para o exterior devem ter dispositivos que impeçam a entrada de insectos ou ou- tros animais, tais como redes mosquiteiras. Estas deve- rão ser removíveis para facilitar a sua correcta limpeza. No entanto, recomenda-se que, caso a abertura das jane- las possa ocasionar contaminações, as mesmas se man- tenham fechadas durante a laboração. |II.2.1.1.5 – VENTILAÇÃO| Todos os compartimentos devem ser correctamente ventilados. Os sistemas usados podem ser naturais ou artificiais, desde que se mantenha a contínua renovação do ar. Outro factor que é necessário ter-se em atenção é o fac- to de, quando existirem sistemas de circulação de ar, os mesmos deverem passar sempre de uma zona limpa para uma menos limpa e nunca o inverso. A correcta ventilação de um local é muito importante, pois condiciona a boa qualidade do ambiente e tem im- plicações quer na contaminação dos alimentos, quer na formação de condensação nas paredes e tectos, quer no próprio rendimento dos trabalhadores.
  • 20. 20| |II.2.1.1.6 – EXAUSTÃO| A exaustão de fumos e cheiros é outro requisito impor- tante e independente da ventilação do estabelecimento. Os sistemas de exaustão de fumos e cheiros das cozi- nhas deverão ser sempre construídos em material in- combustível, ter uma potência suficiente para retirar toda a presença de fumos e cheiros da cozinha e condu- zir os mesmos directamente ao exterior e na parte mais elevada do edifício. Deverão ser periodicamente limpos, pois são um local propício à acumulação de gordura, estando na origem da maioria dos incêndios que ocorrem nos estabeleci- mentos de restauração e bebidas. |II.2.1.1.7 – ILUMINAÇÃO| A iluminação poderá ser natural ou artificial. É impor- tante que seja suficiente para a permitir a realização de actividades de um modo higiénico. As lâmpadas deverão ser protegidas, para se assegurar a protecção dos alimentos face a contaminações, por ve- zes originadas pelos estilhaços produzidos devido ao re- bentamento das mesmas (ver ponto referente ao tecto). A forma que se adoptar para proteger as lâmpadas de- verá evitar a acumulação de poeiras e facilitar a sua lim- peza. |II.2.1.1.8 – EQUIPAMENTOS E BAN- CADAS DE TRABALHO| As superfícies de bancadas e equipamentos que contac- tam directamente com alimentos devem ser de mate- riais lisos, laváveis, não tóxicos e resistentes à corrosão. As mesmas devem ser sempre mantidas em boas condi- ções de conservação e limpeza e, se necessário, desin- fectadas. II.2.1.2 – VESTIÁRIOS E INSTALAÇÕES SANITÁRIAS Deve existir uma zona de vestiários equipados com ca- cifos individuais para cada trabalhador. Deste modo, as- segura-se que os trabalhadores têm um local para colo- car os seus objectos pessoais, caso contrário os mesmos irão encontrar-se depositados em diferentes locais do estabelecimento e irão constituir uma fonte de contami- nação (física ou biológica) dos alimentos. Devem também existir instalações sanitárias para o pes- soal em serviço. Estas deverão ser concebidas de acordo com o número de trabalhadores e separadas por sexos. Os sanitários não devem dar directamente para um lo- cal onde se guardem e manuseiem alimentos. Devem ter iluminação suficiente e a ventilação (natural ou artifi- cial) deve ser contínua, conduzindo directamente ao ex- terior. As instalações sanitárias devem estar equipadas com todas as peças sanitárias (sanita, urinol, lavatório [de preferência com torneiras não manuais]), de acordo com o número de trabalhadores, e com os utensílios ne- cessários ao seu funcionamento, nomeadamente mate- riais para a limpeza das mãos e dispositivos de secagem higiénica (sabonete líquido, toalhas de papel ou secador de mãos, escova de unhas, papel higiénico, balde do lixo movido a pedal). O pavimento, as paredes e o tecto devem ser de material lavável, impermeável e de fácil limpeza. II.2.1.3 – SALA DE REFEIÇÕES A legislação europeia referente à higiene dos géneros alimentícios não se aplica às salas de refeições. Existem, no entanto, algumas indicações gerais que se devem cumprir, bem como outras que constam da legislação nacional e específica do sector.
  • 21. |21 As salas onde se presta o serviço de restauração e de bebidas, acompanhado do serviço de cafetaria, devem possuir equipamento e mobiliário adequados ao fim a que se destinam. Todos os materiais utilizados nas referidas salas devem ser resistentes, laváveis e de fácil limpeza. Estes locais devem ser suficientemente iluminados e continuamente ventilados. |II.2.2 – LIMPEZA E DESINFECÇÃO DAS INSTALAÇÕES E DOS EQUIPA- MENTOS| A limpeza é uma operação extremamente importante. Contudo, é um assunto sobre o qual consideramos fre- quentemente que já sabemos tudo, pois realizamos esta operação várias vezes durante o dia. Porque é que limpamos? Como limpamos? Quais os produtos mais indicados?Com que frequência devemos limpar? Estas são algumas das questões que surgem com mais frequência e a que tentaremos responder. |II.2.2.1 – LIMPEZA E DESINFECÇÃO| As operações de limpeza e desinfecção, por vezes tam- bém designadas por higienização, têm por finalidade as- segurar que nos locais onde se manipulam, preparam e confeccionam alimentos não existem micróbios, ou que, se existirem, seja na menor quantidade possível. Quando limpamos, removemos a sujidade, restos de ali- mentos, gorduras ou outro tipo de detritos. Quando desinfectamos, eliminamos micróbios, invisí- veis aos nossos olhos, e que, portanto, resistiram à lim- peza. UMA BOA LIMPEZA Uma boa limpeza compreende as etapas seguintes: 1 – eliminar a sujidade encrostada; 2 – lavar com água morna, à qual se adicionou um de- tergente; 3 – enxaguar com água quente; 4 – se necessário, desinfectar e enxaguar abundante- mente com água limpa e potável. PRINCÍPIOS DE UMA BOA LIMPEZA E DE UMA DESINFECÇÃO EFICAZ Procurar limpar a fundo. Utilizar para este efeito bons detergentes. Respeitar as dosagens e o tempo de acção prescritos. Enxaguar abundantemente com água e evacuar a água de enxaguagem. Escolher um bom desinfectante. Ter em conta a eficácia do produto e a sua forma de conservação. Respeitar as indicações de dosagem, de tempo de con- tacto e o modo de aplicação do desinfectante. Enxaguar as superfícies e os aparelhos tratados com água limpa em quantidades suficientes para eliminar os restos de detergente e de desinfectante. Desinfectar, após as actividades de lavagem, o material de limpeza e outros acessórios. O QUE É NECESSÁRIO DESINFECTAR? Tudo o que estiver em contacto com as mãos, como por exemplo, as facas, as colheres, as bancadas, etc. Todas as superfícies que contactam com os alimentos quer no armazém, quer durante a preparação ou confec- ção dos alimentos. Todo o equipamento e utensílios, os quais deverão ser desinfectados periodicamente e não apenas após a sua utilização.
  • 22. 22| A desinfecção não deve ser feita a não ser que seja ver- dadeiramente necessária. PONTOS A OBSERVAR NA REALIZAÇÃO DE UMA DESINFECÇÃO EFICAZ O desinfectante deve ser o indicado para cada situação. O tempo de acção do produto deve ser o indicado. Antes de desinfectar, é necessário lavar conveniente- mente. Na presença de sujidade, a desinfecção não é eficaz e a acção do desinfectante será em grande parte desactivada. A quantidade de desinfectante a utilizar deve respeitar a dosagem prescrita para cada situação. A temperatura da água na qual o desinfectante é diluído não pode ser demasiado elevada para não desactivar o produto. CONSELHOS PRÁTICOS - Para evitar a contaminação dos alimentos assim como a contaminação cruzada, é muito importante assegurar uma correcta limpeza das instalações e de todos os equi- pamentos e utensílios. - Não se pode varrer a seco o pavimento das áreas de manipulação de alimentos e salas de refeições. Devem ser utilizados utensílios de limpeza que não levantem poeira. - De preferência, devem ser utilizados materiais descar- táveis para a limpeza e desinfecção das bancadas, de for- ma a evitar focos de contaminação. - A limpeza deve ser realizada de cima para baixo, tendo o cuidado de não salpicar as zonas que já foram limpas. - Nunca utilizar para limpar superfícies de trabalho, me- sas, paredes e equipamentos, utensílios que se usem para limpar o chão. - Não utilizar o mesmo equipamento de limpeza nas ca- sas de banho e nas zonas de preparação de alimentos. - Quando se executam as operações de limpeza, todos os produtos alimentares devem estar devidamente protegi- dos, não esquecendo as montras e vitrinas. - Nunca se devem utilizar materiais sujos (esponjas, es- fregões, escovas e panos). |II.2.2.2 – TRATAMENTO DA LOIÇA| A louça merece uma atenção especial. - Há necessidade de se tomarem precauções durante o tratamento da loiça que vem da sala de refeições. Para evitar um dos maiores perigos – que consiste nas con- taminações cruzadas –, o transporte da loiça e dos res- tos de comida deve ser organizado de forma a evitar o cruzamento com loiça limpa. Todos os que aí trabalham devem conhecer os percursos da loiça limpa e da suja. - Na copa suja (o local destinado à lavagem da loiça e dos utensílios) os restos de alimentos que ficam nos pra- tos devem ser rapidamente despejados para os recipien- tes do lixo. - Toda a loiça que se encontre danificada (por exemplo rachada, lascada) deverá ser substituída. - A lavagem da loiça deverá ser realizada na máquina de lavar. . Uma máquina da loiça correctamente regulada é ge- ralmente mais rápida, económica e higiénica. . As instruções de funcionamento devem ser claras e estar, de preferência, afixadas. . As temperaturas da água, do ar, o dispositivo de dose- amento, etc. deverão ser aferidos periodicamente. - Quando for necessário lavar alguns utensílios à mão, a água que se utiliza deve estar muito quente e limpa. . Primeiro procede-se à lavagem da loiça numa solu- ção a cerca de 400 C e depois deve-se passá-la por água muito quente e limpa. . A água deve ser mudada frequentemente e não se deve deixá-la estagnada no lava-loiça. - A loiça e os utensílios devem secar ao ar. Não se de-
  • 23. |23 ve utilizar panos para secar a loiça. Os panos são uma das maiores fontes de propagação de microrganismos. - É necessário fazer uma distinção correcta entre a loiça limpa e a suja. Deve estar previsto um local separado para se colocar quer a loiça limpa quer a suja. |II.2.2.3 – PLANO DE LIMPEZA E DE- SINFECÇÃO| Em cada estabelecimento deve haver um plano de lim- peza e desinfecção, do qual conste: - o que deve ser limpo e desinfectado; - quando deve ser limpo e desinfectado; - como deve ser limpo e desinfectado; - quem deve limpar e ou desinfectar. Estabelecer um plano de limpeza e desinfecção exige um bom conhecimento e uma utilização apropriada dos produtos. É necessário utilizar um produto adequado, no local apropriado e na quantidade certa, respeitando sempre as indicações do fabricante. O plano também deve conter quais os equipamentos ou materiais especí- ficos que serão necessários para a execução do mesmo. Para assegurar que cada operação de limpeza e de de- sinfecção é efectivamente executada, é recomendável afixar o esquema de limpeza num local que facilite a sua consulta (sugestões no final do manual). O controlo dos procedimentos de limpeza e desinfecção das instalações e equipamentos pode ser realizado de duas formas: - verificação regular da execução dos procedimentos de limpeza e de desinfecção; - inspecção visual. Para facilitar este controlo, poderá existir uma listagem de verificações a executar em diferentes locais, como as cozinhas, as instalações dos que aí trabalham e os arma- zéns (exemplos no final deste manual). Deverá ser feito ao longo do ano um controlo micro- biológico às superfícies limpas e desinfectadas. |II.2.2.4 – ARMAZENAGEM DE PRO- DUTOS DE LIMPEZA| Os produtos de limpeza devem estar armazenados em locais fechados e identificados, separados dos produtos alimentares. Estes produtos deverão ser guardados sempre nas suas embalagens de origem, no entanto, se for necessário transferi-los para outros recipientes, estes terão de ser identificados com rótulos. Em nenhum caso é possível utilizar embalagens de pro- dutos de limpeza e outros produtos químicos para guar- dar alimentos e vice-versa. RESUMINDO: FICHA: Recomendações para um esquema de limpeza/ desinfecção/plano de limpeza (F1, F2) REGISTO: Controlo das operações de limpeza (R1) CONTROLO: Visual e microbiológico
  • 24. 24| |CAPÍTULO II.3 – CONTROLO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA| Todas as empresas alimentares devem ter um abastecimento adequado de água potá- vel. No território português a legislação (DL 306/2007) define os padrões físico-químicos e biológicos que a água tem de observar para ser considerada potável, ou seja, adequada para o consumo humano. A tarefa de verificar a conformidade da qualidade da água compete aos responsáveis pela rede de distribui- ção. Como, geralmente, a grande maioria dos estabele- cimentos são abastecidos com água da rede pública, os mesmos deverão pedir à entidade gestora da rede pú- blica os boletins de análise do controlo da água. No en- tanto, é necessário referir-se que a responsabilidade da entidade gestora cessa sempre que se comprove que o incumprimento dos resultados das análises ocorre devi- do a deficiências do sistema de distribuição predial (isto é, nas canalizações, acessórios ou outros aparelhos ins- talados entre as torneiras e as redes de distribuição, que não sejam da responsabilidade da entidade gestora). Os responsáveis dos estabelecimentos, além de solicitar à entidade gestora de distribuição de água os resultados periódicos de análises, também podem periodicamente efectuar análises de rotina para atestar a qualidade da água. Quando a água utilizada no estabelecimento não pro- vém da rede pública de abastecimento, mas de uma fon- te individual, como por exemplo um furo ou uma mina, os mesmos são equiparados a um sistema de gestão de água e devem cumprir todas as imposições presentes no Decreto-lei já referido. Relembramos alguns aspec- tos que têm de ser tidos em conta: a origem do abaste- cimento, o armazenamento e distribuição, assim como o tipo de tratamento, o seu controlo e a sua manutenção. Nestes casos, recomenda-se que se tenha os seguintes registos: boletins de análises periódicas; fichas técnicas dos produtos utilizados no tratamento da água; registo de medidas correctivas. GELO O gelo que contacta com os alimentos ou que, de algum modo, os possa contaminar tem de ser fabricado com água potável. Tem de ser ter cuidado para não contami- nar o gelo quer no seu fabrico quer na sua armazena- gem. Mais indicações podem ser encontradas na legislação em vigor, nomeadamente no Regulamento nº 852/2004 de 29 de Abril, e no Decreto-Lei 306/2007 de 27 de Agos- to. |CAPÍTULOII.4–CONTROLODEPRA- GAS| Existem certos animais que são considerados nocivos e que, portanto, são indesejáveis nos locais onde se manipulam, armazenam e co- mercializam alimentos. A sua presença cons- titui um perigo importante para a segurança dos alimentos. Estes animais são habitual- mente designados por pragas ou parasitas. Dentre estes há alguns que constituem o grupo de pra- gas mais frequentes nos estabelecimentos de hotelaria, de restauração e de bebidas, dos quais destacamos: - pássaros; - roedores (ratos, ratazanas, etc.); - insectos: . rastejantes ( baratas, formigas, etc.); . voadores (borboletas, moscas, mosquitos, etc). Estes animais, como todos os seres vivos, necessitam de
  • 25. |25 condições favoráveis ao seu desenvolvimento, como se- jam: alimento, humidade, calor. Todas estas condições podem ser facilmente encontradas nos locais onde se manipulam alimentos. INDÍCIOS DA PRESENÇA DE PRAGAS É de primordial importância observar as instalações para descobrir sinais que manifestem a presença de pra- gas, de forma a poderem ser tomadas rapidamente as medidas correctivas convenientes. A título de exemplo indicam-se alguns desses indícios: - presença de dejectos, ovos, larvas, pêlos de animais; - presença de cadáveres de animais; - cheiros inusuais; - presença de pegadas ou outros indícios da passagem de pragas; - presença de embalagens ou outros acessórios roídos ou danificados; - presença de barulhos correspondentes ao arranhar, ao bicar, ao roer… TIPOS DE CONTROLO DE PRAGAS O controlo de pragas pode ser de dois tipos: - controlo preventivo - controlo de exclusão 1. Controlo Preventivo O controlo preventivo consiste essencialmente em im- pedir a entrada e/ou a permanência das pragas nas ins- talações. Para se alcançar este objectivo, existe um con- junto de medidas que deve ser posto em prática: - colocar redes mosquiteiras nas janelas e aberturas para o exterior; - colocar protecções nas portas (por exemplo, molas de retorno, cortinas de lamelas, etc.); - manter as portas e as janelas fechadas; - instalar electrocutores nos locais de entrada e saída das instalações; - proceder à descartonagem das embalagens terciárias dos produtos na recepção dos mesmos; - manter os locais de manipulação e armazenagem de produtos em perfeito estado de limpeza (proceder à lim- peza sempre que se derrame ou espalhe um produto); - manter os ralos e as caleiras em bom estado de limpeza e conservação; - colocar os resíduos sólidos (lixo) sempre em caixotes com tampa e mantê-los sempre fechados. 2. Controlo de Exclusão Este tipo de controlo pode ser realizado quer por meios físicos, quer por meios químicos. No primeiro caso pode usar-se, para este efeito, equipamentos como electrocu- tores, barreiras de ar forçado nas entradas, armadilhas, entre outros. Os meios químicos compreendem a uti- lização de substâncias químicas, como por exemplo in- secticidas, pesticidas, raticidas, etc. QUEM DEVE FAZER O CONTROLO DE PRAGAS? Geralmente, os produtos químicos para o combate de pragas são muito perigosos, pelo que as desinfestações devem ser executadas por técnicos especializados. Quando se contratam empresas para executarem este serviço, devem ser solicitadas às mesmas as seguintes informações: - plano anual de controlo de pragas; - fichas técnicas e segurança dos produtos utilizados; - relatório de visitas; - mapa de localização de iscos (a utilização dos mesmos tem de ser muito bem ponderada, pois os iscos podem ser também uma fonte de atracção de pragas).
  • 28. |CAPÍTULO III.1 – APRESENTAÇÃO DO HACCP – BREVE EXPOSIÇÃO TE- ÓRICA| |III.1.1 – O QUE SIGNIFICA HACCP?| HACCP – “Hazard Analysis Critical Control Points” mais não significa, em Português, do que Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos. O HACCP consiste num sistema baseado na identifica- ção e avaliação de perigos específicos e na implementa- ção de medidas para o seu controlo, focadas na preven- ção e não na análise do produto final, de forma a garantir a segurança dos alimentos. |III.1.2 – PRINCÍPIOS DE HACCP| A legislação refere-se aos sete princípios do método de HACCP, que são os seguintes: 1– identificação de quaisquer perigos que devam ser evi- tados, eliminados ou reduzidos para níveis aceitáveis; 2 – identificação dos pontos críticos de controlo na fase ou nas fases em que o controlo é essencial para evitar ou eliminar um perigo ou para o reduzir para níveis aceitá- veis; 3 – estabelecimento de limites críticos em pontos de controlo, que separem a aceitabilidade da não aceitabili- dade, com vista à prevenção, eliminação ou redução dos perigos identificados; 4 – estabelecimento e aplicação de processos eficazes de vigilância em pontos críticos de controlo; 5 – estabelecimento de medidas correctivas quando a vigilância indicar que um ponto crítico não se encontra sob controlo; 6 – estabelecimento de processos a efectuar regular- mente, para verificar se as medidas referidas nos princí- pios 1 a 5 funcionam eficazmente; 7 –elaboração de documentos e registos adequados à natureza e dimensão da empresa, a fim de demonstrar a aplicação eficaz das medidas referidas nos princípios anteriores. |CAPÍTULO III.2 – HACCP – BREVE EX- PLICAÇÃO TEÓRICO / PRÁTICA| O responsável de um estabelecimento deverá analisar todas as operações que compõem o processo produtivo, desde a recepção da ma- téria-prima até ao serviço das refeições aos seus clientes. Deve identificar as etapas de transformação dos alimentos potencialmente perigosas e inseguras para a saúde, de forma a poder estabelecer controlos suficientes para minimizar os riscos de toxinfecções ali- mentares. A aplicação da metodologia HACCP obriga a um conhecimento profundo do produto, do seu processo de fabrico e da sua posterior utilização. |III.2.1 – O QUE É NECESSÁRIO FA- ZER?| - Identificar possíveis perigos, aquilo que pode ser noci- vo (1º Princípio do HACCP): . avaliar os perigos alimentares que podem existir no estabelecimento; . identificar as áreas/etapas em que os mesmos podem ocorrer. - Identificar aqueles pontos que são críticos para assegu- rar a segurança alimentar, isto é, em que podem ocorrer os perigos alimentares (2º Princípio do HACCP). 28|
  • 29. |29 |III.2.2 – PROCEDIMENTOS DE CON- TROLO| Após ter identificado alguns possíveis focos de proble- mas, o responsável do estabelecimento tem de os con- trolar e de assegurar aos clientes que o faz. Para isso, deve: - garantir que existem controlos de segurança nesses pontos críticos para acautelar a segurança alimentar (Princípios 3º e 4º); - vigiar (monitorizar) regularmente os controlos para ve- rificar que trabalham eficientemente; - manter e rever todos os controlos; - rever, controlar e monitorizar os procedimentos (tam- bém sempre que as operações alimentares mudem) (Princípios 6º e 7º). A natureza e a complexidade do sistema utilizado irá, na prática, depender da natureza e da complexidade do processo produtivo. Os documentos escritos e os registos são de grande utilidade, tanto como forma de responsabilização dos manipuladores como para a organização da empresa, e ainda para esta demonstrar, às diferentes entidades, que cumpre a legislação. Provavelmente, em muitas empresas, já se aplicam mui- tos controlos. Mesmo assim, todos os procedimentos da empresa deverão ser revistos e avaliados os potenciais perigos. Poderão ser detectados problemas que até ao momento não se tinham evidenciado ou, pelo contrário, poderá verificar-se que os controlos estão a funcionar correctamente. Isto é especialmente importante em cer- tos pontos das operações, depois dos quais não vão exis- tir mais controlos que eliminem ou controlem os peri- gos para a segurança alimentar (por exemplo, produtos que se consomem crus, ou que se cozinham, mas que se comem frios). A análise de perigos irá ajudar a decidir o nível de con- trolo que é necessário e apropriado para a empresa cumprir os requisitos legais e assegurar a higiene e a segurança alimentar. |III.2.3 – INTRODUZINDO PROCEDI- MENTOS DE CONTROLO| Os mecanismos de controlo devem ser: - compreensíveis, para que todos os manipuladores per- cebam a sua finalidade e importância; - efectivos, para que garantam que os perigos são elimi- nados ou reduzidos a um mínimo aceitável; - práticos, para que possam ser aplicados de uma forma simples à realidade da empresa. Exemplo de controlos que se devem efectuar: - verificação das matérias-primas; - rotação de stocks; - verificação das temperaturas de armazenagem; - aplicação correcta das regras de cozedura e de reaque- cimento; - controlo de qualidade dos óleos de fritura. |III.2.4 – VERIFICAÇÃO DOS PROCE- DIMENTOS DE CONTROLO| A identificação e o controlo de perigos alimentares é um processo contínuo. A definição da frequência dos controlos está relaciona- da com a natureza e as dimensões da empresa e com a complexidade do processo produtivo. Devem existir documentos de referência, como por exemplo, as temperaturas de conservação dos alimen- tos, etc. Cada empresa deve criar e organizar os seus modelos de registos e de documentos de forma a demonstrar que: - o sistema de controlo está efectivamente a funcionar e que os alimentos confeccionados são inócuos para os clientes; - quando se detecta que as medidas de controlo não são
  • 30. 30| eficazes, serão desenvolvidas acções correctivas; - todos os procedimentos são regularmente revistos, es- pecialmente quando se alteram procedimentos de tra- balho; - se procede à identificação, monitorização dos pontos críticos e dos limites críticos. |III.2.5 - POR ONDE COMEÇAR? QUE TIPO DE PERIGOS EXISTEM? COMO IDENTIFICAR OS PERIGOS E AS ETA- PAS EM QUE OCORREM?| |III.2.5.1 - POR ONDE COMEÇAR?| O primeiro passo consiste em formar uma equipa de tra- balho que, em conjunto, identificará os potenciais peri- gos alimentares que podem ocorrer no estabelecimento. Esta equipa poderá necessitar do apoio de técnicos com conhecimentos específicos em Higiene e Segurança Ali- mentar e do suporte de alguns manuais, devendo ter o conhecimento da legislação existente. Esta equipa deverá analisar: - os aspectos operacionais da empresa; - as condições e os procedimentos de trabalho actual- mente existentes; - o nível de conhecimentos em Higiene e Segurança Ali- mentar dos colaboradores - os potenciais perigos. |III.2.5.2 – QUE TIPO DE PERIGOS EXISTEM?| Essencialmente existem três categorias de perigos ali- mentares: Físicos, Químicos, Biológicos/Microbiológi- cos. |FÍSICOS| Os alimentos podem ser contaminados com algum ele- mento estranho à sua composição, como por exemplo um fragmento de vidro. |QUÍMICOS| Contaminação dos alimentos com produtos químicos, como produtos de limpeza, insecticidas ou lubrificantes de máquinas. |BIOLÓGICOS/MICROBIOLÓGI- COS| Contaminação dos alimentos devido à presença de pra- gas ou de microrganismos patogénicos, como por exem- plo salmonelas (ver parte I- breves noções de contami- nações). |III.2.5.3 – COMO IDENTIFICAR OS PERIGOSEASETAPASEMQUEOCOR- REM?| Como posso identificar os potenciais perigos? Em que etapas poderão os mesmos ocorrer? Como decidir sobre o tipo de controlo possível? Para facilitar a identificação dos potenciais perigos, co- nhecer as etapas em que os mesmos poderão ocorrer, bem como decidir o tipo de controlo possível, poderá ser útil desenhar um fluxograma (ou um percurso genérico dos alimentos) que inclua as etapas do processamen- to de alimentos, desde a recepção das matérias-primas até ao serviço ao cliente, e também traçar um plano de HACCP.
  • 31. |31 |CAPÍTULO III.3 – HIGIENE ALIMEN- TAR E APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DE HACCP| |Proposta de aplicação dos princípios de HACCP no sector de hotelaria e da restauração e bebidas| |III.3.1 – INTRODUÇÃO| Um estabelecimento de Restauração e de Bebidas, tal como um estabelecimento de Hotelaria, com serviço de alimentação e de bebidas, é também considerado uma empresa alimentar. No entanto, é para todos evidente que, dentro do sector alimentar, estes estabelecimentos apresentam características específicas que os distin- guem das outras empresas alimentares, nomeadamen- te: - confeccionam uma grande variedade de pratos, geral- mente num curto espaço de tempo e em simultâneo, e maioritariamente para consumo imediato; - usam uma multiplicidade de matérias-primas; - sujeitam os alimentos a uma elevada manipulação du- rante a sua confecção. Por todos estes motivos, e apoiados no Regulamento nº 852/2004, concretamente na flexibilização da apli- cação dos princípios HACCP, entendemos (de acordo com o que já fizemos no “Código de Boas Práticas de Higiene para a Restauração” da UNIHSNOR) que a implementação de um sistema de segurança alimentar baseado nos princípios de HACCP deve ser alicerçada em blocos, etapas ou processos e não em pratos confec- cionados. Por outras palavras, a abordagem incide nas etapas do processo – Recepção das matérias-primas, Armazenagem, Preparação de alimentos, Confecção e Serviço –, identificando-se em cada uma os potenciais perigos, os pontos a controlar para prevenir a ocor- rencia de intoxicações alimentares, e definindo-se me- todologias de controlo para as diferentes etapas do pro- cesso produtivo, independentemente dos pratos especí- ficos a confeccionar. A proposta consiste em estabelecer pontos de controlo críticos para as matérias-primas, para os procedimentos culinários comuns a vários pra- tos, para o comportamento individual dos funcionários, para as condições estruturais dos locais onde se efectu- am as operações culinárias, etc. |III.3.2. – PERCURSOS GENÉRICOS DOS ALIMENTOS / FLUXOGRAMAS| Como já referimos, os restaurantes (bem como os esta- belecimentos de hotelaria, enquanto prestadores de ser- viços de alimentação e bebidas), apesar de serem empre- sas alimentares, apresentam uma particularidade que os distingue das restantes empresas: confeccionam uma grande variedade de pratos e produtos, geralmente em simultâneo e num curto espaço de tempo, para consumo imediato. Estes factores dificultam a implementação de um sistema HACCP clássico, razão pela qual sugerimos a implementação do sistema HACCP segundo o modelo cujo percurso vai ser detalhado através do Fluxograma desenhado. Esta abordagem dos princípios do HACCP, tal como já a apresentámos anteriormente, desenvolve-se por blocos ou etapas, permitindo identificar em cada uma os pon- tos que têm de ser controlados para prevenir a ocorrên- cia de toxinfecções alimentares. Habitualmente, num estabelecimento, podemos dividir em três grandes grupos o fluxo dos alimentos:
  • 32. 32| 1.RECEPÇÃO - ARMAZENAGEM - PRE- PARAÇÃO - SERVIÇO No primeiro grupo, estamos perante processos nos quais não ocorre nenhum tratamento pelo calor, ou seja, não há cozedura. Podemos ainda dizer, de outra forma, que este tipo de alimentos, se devidamente conserva- dos, não se encontram na “zona de perigo” de desenvol- vimento dos microrganismos (50C a 650C). Como vimos anteriormente, a grande maioria dos microrganismos desenvolvem-se entre os 50C e os 650C. Exemplos de alimentos que podem estar dentro deste grupo: alimentos prontos a comer, produtos de charcu- taria, produtos de pastelaria, sandes, saladas. 2.RECEPÇÃO - ARMAZENAGEM - CON- FECÇÃO - SERVIÇO Neste segundo grupo, consideramos as refeições que são confeccionadas e servidas de seguida ao cliente. Neste tipo de preparação, os alimentos são cozinhados de forma a destruírem os microrganismos patogénicos (prejudiciais). Considera-se que estes produtos apenas passam uma vez pela “zona de perigo” de desenvolvi- mento dos microrganismos (50C a 650C). Exemplos de alimentos que podem estar neste grupo: tripas à moda do Porto, peixe assado, prego no prato, en- tre tantos outros. 3.RECEPÇÃO - ARMAZENAGEM - PRE- PARAÇÃO - ACONDICIONAMENTO CONFECÇÃO - ARREFECIMENTO - CONSERVAÇÃO - REAQUECIMENTO - SERVIÇO Estamos perante um conjunto de procedimentos mais complexos. Neste grupo, encontramos preparações dissociadas de alimentos ou a preparação de alimentos de véspera e com muita antecedência, e que, por isso, podem passar mais de uma vez pela “zona de perigo” de desenvolvi- mento dos microrganismos (50C a 650C). Nestes casos, há inclusivamente a hipótese de os mesmos poderem vir a ser recontaminados após a sua confecção. Como exemplo de pratos confeccionados, poderíamos indicar quase todos. A grande diferença deste grupo consiste nos procedimentos. Mesmo assim, referimos alguns exemplos: bacalhau com natas e arroz de pato, entre tantos outros. Assim, apresentamos um plano de HACCP sustentado num fluxograma genérico, onde estão representadas to- das as etapas pelas quais os produtos passam desde a sua aquisição ou recepção até ao seu consumo: Recep- ção, Armazenagem, Preparação, Confecção, Serviço. Em cada etapa apresentamos um esquema detalhado das operações, especificando os passos entre a prepa- ração e o serviço, de forma a abranger várias operações culinárias. O percurso dos alimentos deve ser o mais linear pos- sível, isto é, seguir segundo uma linha directa desde a recepção ao serviço (sistema de marcha em frente). Sa- bemos que nem sempre isto é possível devido à falta de espaço. Há situações em que os alimentos, saindo da preparação e da confecção, voltam a ser armazenados nas câmaras refrigeradas até ao momento de serem ser- vidos ou cozinhados. Exemplos: - uma salada de vegetais servida ao cliente logo após a preparação ou que é armazenada no frigorífico e servida mais tarde;
  • 33. |33 - uma carne que, após ser preparada, é imediatamente cozinhada ou que é armazenada no frio e mais tarde co- zinhada; - um prato cozinhado servido quente ou arrefecido, con- servado no frigorífico e mais tarde servido frio ao clien- te, ou que é reaquecido e servido quente. Nos capítulos seguintes deste código, vamos tentar alertar para os perigos associados a estas diferentes eta- pas, para algumas medidas de prevenção, para algumas observações visuais que se podem e devem fazer para controlar as operações culinárias e, ainda, para algumas medidas correctivas. FLUXOGRAMA PERCURSO GENÉRICO RECEPÇÃO ARMAZENAGEM PREPARAÇÃO CONFECÇÃO SERVIÇO ACONDICIONAMENTO CONSERVAÇÃO III. 3.3.– RECEPÇÃO DE MATÉRIAS- PRIMAS| Uma das etapas de grande importância no desenvolvi- mento de todo o processo produtivo de um estabeleci- mento é a recepção das matérias-primas. É preciso ter sempre muito presente que alimentos que não se en- contrem em boas condições antes de cozinhados não se transformam em alimentos seguros e inócuos para os clientes depois de cozinhados. Por este motivo, apre- sentam-se de seguida alguns cuidados a ter em atenção durante a recepção de matérias-primas no estabeleci- mento. Todos os produtos à chegada ao estabelecimento devem ser examinados. No acto da recepção é necessário verificar: - as condições de higiene do transporte das mercado- rias; - se os alimentos foram transportados à temperatura correcta (É muito importante não interromper a cadeia de frio: um aumento de temperatura pode ser o suficien- te para provocar o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis nos alimentos. Por exemplo, se os produtos congelados chegam já em fase de descongelação, devem ser devolvidos de imediato ao fornecedor.); - os produtos refrigerados, em especial os lacticínios, produtos de charcutaria e os produtos frescos como a carne, o peixe, as frutas e os legumes; - o estado das embalagens (se estão sujas e/ou danifi- cadas, pois podem provocar a alteração dos produtos e inclusive toxinfecções); - informações contidas na etiqueta de rotulagem; - a data de durabilidade dos produtos, de forma a não se adquirirem produtos fora do prazo; - as quantidades e as características do produto entre- gues com a nota de encomenda.
  • 34. 34| Todas as observações feitas no acto da recepção das mercadorias devem ser registadas. Normalmente são usadas fichas de registo das matérias-primas (modelo exemplificativo no final do código - R2 ). As facturas ou guias de transporte podem substituir as fichas de registo desde que se acrescentem os elemen- tos em falta. As embalagens exteriores não devem ser transportadas para o interior das instalações, pois, por vezes, são porta- dores de grandes quantidades de poeiras, sujidades, mi- crorganismos e, eventualmente, pequenos animais que irão contaminar o interior do estabelecimento. O local de recepção das matérias-primas deve apresen- tar-se sempre em perfeito estado de limpeza e arruma- ção. As aberturas para o exterior devem ser mantidas fe- chadas (excepto nos momentos de recepção) e os locais de passagem desimpedidos. De forma a facilitar a rápida arrumação após a recep- ção dos produtos, o estabelecimento deverá, sempre que possível, estabelecer o horário para a recepção dos mes- mos e dá-lo a conhecer aos fornecedores. É necessário que cada estabelecimento defina os crité- rios de qualidade para os produtos a adquirir, quer no que se refere às características dos produtos/preço, quer em relação às condições de higiene das instalações dos fornecedores, quer ainda relativamente às condições de transporte / armazenagem dos produtos (como por exemplo, assegurar a temperatura de conservação), e as comunique aos seus fornecedores. Cada estabelecimento deverá ter uma lista dos seus fornecedores da qual constem os produtos que habitu- almente lhes são encomendados. Após a recepção da mercadoria e da sua verificação, to- dos os produtos devem ser rapidamente arrumados nos respectivos locais. Sempre que as compras forem efectuadas directamen- te no fornecedor, o transporte só poderá ser assegurado pelo restaurante se este possuir equipamento com as condições de transporte/armazenagem que assegurem a manutenção de todas as características dos produtos transportados, nomeadamente carros isotérmicos, sacos / caixas isotérmicas, caixas de esferovite, etc. Esta realidade será traduzida através do fluxograma se- guinte: CARACTERÍSTICAS DOS PRODUTOS ALIMENTARES Para facilitar o controlo na recepção das matérias-pri- mas, apresentam-se, de seguida, algumas características que os produtos alimentares não deverão apresentar, pois evidenciam que os mesmos não se encontram em condições de serem utilizados. AQUISIÇÃO TRANSPORTE ARMAZENAGEM PREPARAÇÃO CONFECÇÃO SERVIÇO RECEPÇÃO ACONDICIONAMENTO CONSERVAÇÃO
  • 35. |35 CARACTERÍSTICAS QUE OS PRODU- TOS NÃO DEVEM APRESENTAR - produtos embalados em vácuo com ar no seu interior ou com a embalagem descolada do produto; - produtos congelados em fase de descongelação; - produtos com alteração das suas características orga- nolépticas próprias (cor, cheiro, sabor, textura, brilho...); - produtos que apresentem sinais de parasitas, como por exemplo larvas, gorgulho, moscas, baratas, lesmas: - frutas contaminadas com bolores e/ou larvas (quando se recebem frutas em estado de maturação avançada, tem de ser ter atenção ao fim a que se destinam); - produtos hortícolas com folhas velhas, raízes podres, excesso de terra ou molhados; - ovos partidos ou sujos; - produtos congelados com manchas escuras ou com queimaduras provocadas pelo frio, bem como com mui- ta geada; - bacalhau seco salgado mole, com excesso de humida- de, apresentando manchas cinzentas ou vermelhas; - produtos de charcutaria: . enchidos com bolores; . fiambre descolorado, com manchas acastanhadas/es- verdeadas; - queijo com bolores não característicos do tipo de quei- jo; - carne . carne com consistência mole, viscosa, de cor escureci- da ou alterada e cheiro desagradável, não característico; . aves com muitas penas, mal preparadas, com man- chas, com alterações de cor, com odor desagradável, não característico; - pescado: . cefalópodes frescos flácidos e com cheiro desagradá- vel, não característico; . peixe fresco sem brilho, olhos afundados, escamas pouco aderentes, boca e guelras escurecidas, muco, consistência mole, ventre flácido, untuoso ao tacto e de cheiro desagradável, não característico; - bivalves com conchas leves, ocas e com cheiro desagra- dável, não característico. Os moluscos bivalves vivos devem ser provenientes de um centro de depuração. As embalagens devem manter- se fechadas e não podem ser reimergidas em água. O documento de registo que acompanha o produto deve conter: .marca de identificação; .nome comum e cientifico da espécie; .data da embalagem (dia/mês). Dada a falta de legislação e de recomendações oficiais relativamente à temperatura de conservação de produ- tos, apresentamos de seguida um QUADRO INDICATI- VO DESSAS TEMPERATURAS, baseado na Norma Por- tuguesa 1524 relativa ao transporte terrestre de produtos perecíveis e no decreto-lei 147/2006. (Caso nas embalagens venha indicada alguma tempera- tura de conservação, têm de ser seguidas as informações contidas nos rótulos.)
  • 36. 36| Produtos Congelados -180C Carnes - 120C Gelados -180C Produtos Refrigerados Peixe fresco (em gelo) 20C Produtos cozinhados e preparados 30C Cremes para Pastelaria e Pastelaria Fresca 30C Carnes* 20C Leite pasteurizado, fermentado, queijo fresco, io- gurtes 40C Queijo de pasta mole 60C * os valores indicados para a carne variam entre os 2 e os 70C, pelo que se optou por indicar o valor mais baixo que inclui todos os outros. Fonte: NP 1524 – transporte terrestre de produtos perecíveis e DL 147/2006 RESUMINDO: POTENCIAIS PERIGOS: . Contaminação Biológica/Microbiológica (parasitas, salmonelas ) . Contaminação química . Contaminação física (corpos estranhos) PONTOS DE CONTROLO: . Datas de validade . Características de frescura dos alimentos . Estado das embalagens . Temperaturas de transporte dos produtos perecíveis . Higiene dos meios de transporte LIMITES CRÍTICOS: . Ausência de manchas, podridão e odor estranhos ao produto . Temperaturas de transporte e conservação de produ- tos . Inexistência de tempo de espera para produtos perecí- veis à temperatura ambiente . Ausência de embalagens deterioradas CONTROLO: . Visual e olfactivo das mercadorias . Condições de transporte, incluindo temperatura . Preenchimento dos registos de entrada da matéria-prima . Observação da rotulagem ACÇÕES CORRECTIVAS: . Rejeitar de imediato a matéria-prima sempre que se ve- rifiquem anomalias na recepção . Mudar de fornecedor, se houver um número significa- tivo de anomalias . Rejeitar os produtos sempre que se verifiquem anoma- lias significativas nas temperaturas (+30C); FICHAS DE REGISTO: Recepção da matéria-prima (exemplos: R2) TEMPERATURAS MÁXIMAS DE TRANS- PORTE RECOMENDADAS
  • 37. |37 |III.3.4. – ARMAZENAGEM| As condições de armazenagem dos produtos dependem do tipo de produto, bem como das suas características. Há produtos que podem ser armazenados à temperatura ambiente, outros que têm de ser armazenados em am- bientes refrigerados, ou mesmo congelados. De uma for- ma geral, devem ser mantidas as condições de limpeza e ventilação, bem como de controlo de temperatura para assegurar as boas condições de higiene do local. Todos os estabelecimentos devem dispor de um espaço destinado à armazenagem de produtos alimentares. É evidente que o espaço necessário depende do volume de alimentos armazenados. Os locais de armazenagem devem apresentar-se sempre em perfeito estado de lim- peza e arrumação. O armazém deve ser organizado por grupos de produ- tos, devendo os alimentares estar separados dos não alimentares. Todos os produtos devem estar ordenados e arrumados. Cada local deverá estar devidamente iden- tificado. Não se devem colocar produtos e/ou embalagens direc- tamente no chão, mas sim em estrados, que devem ser de material não absorvente e imputrescível. Deverão existir estantes ou armários para facilitar a correcta ar- rumação dos produtos. Já foi referido, mas é importante reforçar, que a armaze- nagem do material de limpeza e dos produtos químicos deve ser feita num local separado dos produtos alimen- tares, ou num armário próprio devidamente fechado e identificado. Nunca se devem guardar produtos alimentares dentro de embalagens de produtos não alimentares e vice-ver- sa. Caso se utilize uma embalagem vazia de um produto alimentar para colocar outro que seja compatível, deve retirar-se o rótulo do primitivo e colocar um novo rótulo com a indicação do que contém. Os produtos que não estejam em condições de ser uti- lizados devem ser destruídos. No caso de irem ser de- volvidos ao fornecedor, devem ser colocados num local devidamente assinalado e com uma etiqueta ”Produtos a devolver / destruir”. Um ponto importante na gestão e controlo de produtos armazenadosconsistenarotaçãodestocks.Osprimeiros produtos a serem armazenados deverão ser os primeiros a serem consumidos (primeiro a entrar - primeiro a sair (PEPS), respeitando sempre a data de durabilidade mínima indicada no rótulo. Este é um princípio a utilizar em todos os produtos armazenados, independentemen- te do local onde são guardados. Nas zonas de armazém devem existir meios eficazes de protecção contra insectos e roedores, como por exem- plo um electrocutor de insectos junto das entradas, re- des mosquiteiras nas janelas (se existirem), etc. Todas as portas dos armazéns devem estar sempre fechadas (excepto quando se está a retirar ou a repor produtos e durante a limpeza), evitando-se desta forma a entrada de animais (insectos e roedores, entre outros), a acumu- lação de poeiras e sujidade e a circulação de pessoas es- tranhas ao serviço. CÂMARAS DE REFRIGERAÇÃO Todos os alimentos perecíveis, ou seja os que se alteram com facilidade, devem ser armazenados e mantidos em ambiente refrigerado a cerca de 4 a 50C. A temperatura é um dos factores mais importantes para a conservação dos alimentos (é importante relem-
  • 38. 38| brar que os microrganismos só se desenvolvem a deter- minadas temperaturas). Deve existir um termómetro na câmara frigorífica, que permita verificar a temperatura da mesma e assegurar o seu bom funcionamento. Alguns dos alimentos refrigerados têm um prazo de va- lidade que deve ser respeitado e verificado. De preferência, devem existir câmaras diferentes para os diferentes tipos de produtos. O peixe e a carne crua devem ser armazenados numa câmara frigorífica diferente daquela onde se colocam os produtos já cozinhados ou semi-preparados. Quando existir um só frigorífico, para prevenir a conta- minação cruzada é preciso colocar os alimentos da se- guinte forma: - os alimentos cozinhados devem ser armazenados na parte superior; - as carnes, os peixes e os legumes crus na parte infe- rior. Desta forma, evita-se que o sangue e os líquidos de des- congelação, bem como partículas de terra caiam sobre os alimentos prontos a ser servidos, evitando-se assim também as consequências que daí podem surgir. CÂMARAS DE CONSERVAÇÃO DOS PRODUTOS CONGELADOS Regularmente, é necessário verificar se as câmaras de conservação dos produtos congelados funcionam à temperatura correcta, para garantir que os alimentos se mantêm congelados. Aplicam-se a estas os mesmos critérios que às câmaras de refrigeração. Todos os alimentos congelados têm um prazo de durabi- lidade neste estado, ou seja, o tempo no qual se mantêm próprios para o consumo humano. Este prazo deve ser verificado. Todos os produtos conservados na câmara de conser- vação de congelados devem estar embalados adequa- damente, para que não sofram alterações ou contamina- ções físicas, químicas ou biológicas. VERIFICAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE FRIO Diariamente, devem registar-se as temperaturas dos equipamentos de frio numa ficha própria. Cada equi- pamento deve estar identificado. Os registos devem ser feitos pelo menos duas vezes por dia, no início e no final da laboração. Os registos de temperatura do equipamento de frio são importantes, pois permitem: - avaliar o estado de funcionamento dos equipamentos; - detectar anomalias; - evitar a deterioração de mercadorias armazenadas em equipamentos que deixem de funcionar adequadamen- te. Para facilitar os registos e a identificação dos equipa- mentos de frio, deve colocar-se do lado exterior de cada um a sua identificação (por exemplo: frig. 1/2/3…ou frig. do peixe, dos lacticínios….). Relembre-se que: - alimentos armazenados incorrectamente não podem voltar a ser “alimentos seguros”, independentemente da forma como venham a ser cozinhados; - é importante esclarecer que os produtos frescos só podem ser congelados em equipamentos apropriados para esse fim (tais como túneis de congelação ou con- geladores com células de congelação); os equipamentos domésticos e os de conservação de congelados não per- mitem uma boa congelação, pois não têm capacidade para provocar uma diminuição rápida da temperatura do produto a congelar; - os alimentos descongelados não se podem voltar a congelar;
  • 39. |39 - no caso de avaria do equipamento de frio, devem reti- rar-se todos os produtos para outro aparelho e proceder à sua reparação. RESUMINDO: POTENCIAIS PERIGOS: . Contaminação biológica / microbiológica (crescimen- to microbiano) . Contaminação química (ex: detergentes, desinfectan- tes) . Contaminação física (ex: estilhaços de vidro) PONTOS DE CONTROLO: . Datas de validade . Características de frescura dos alimentos . Temperaturas de armazenagem dos produtos perecí- veis . Pragas LIMITES CRÍTICOS: . Ausência de produtos fora do prazo de validade . Ausência de manchas, podridão e odor estranhos ao produto . Temperaturas de conservação dos produtos em am- biente refrigerado . Inexistência de sinais de pragas CONTROLO: . Controlo visual e olfactivo . Verificação da temperatura dos equipamentos de frio . Verificação da existência de fezes ou de outros indícios da presença de pragas ACÇÕES CORRECTIVAS: . Eliminar todos os produtos cujas embalagens se encon- trem abertas, roídas ou com fezes de animais . Rejeitar os produtos sempre que se verifiquem anoma- lias significativas nas temperaturas dos equipamentos de frio (+30C) . Efectuar manutenção/reparação ou substituição do equipamento avariado Eliminar os produtos fora de prazo de validade FICHAS DE REGISTO Temperatura do equipamento de frio (exemplos R3 ou R4)
  • 40. 40| |III.3.5. – PREPARAÇÃO DOS ALIMEN- TOS E INGREDIENTES| A etapa de preparação dos alimentos engloba tarefas muito importantes e diversificadas, como a escolha e a lavagem dos legumes e das frutas, a limpeza e o arranjo da carne (retirar excesso de gorduras, cortar), amanhar o peixe, descongelar produtos, etc. Nesta etapa, é importante saber o que se vai confeccio- nar com os produtos que estão a ser preparados. Por exemplo, é importante saber se os mesmos irão ser con- sumidos crus ou cozinhados. Quando os produtos são cozinhados, a temperatura pode destruir os microrga- nismos. No entanto, os alimentos que irão ser consu- midos crus podem ser mais perigosos para a saúde dos clientes, pelo que é necessário ter um maior cuidado na sua preparação. Outro exemplo: quando se preparam lacticínios, enchidos ou vegetais, é preciso controlar fac- tores como a higiene do local de preparação, dos seus equipamentos (por exemplo, máquina de cortar fiambre) e utensílios (por exemplo, tábuas de corte). É necessário também ter atenção ao intervalo de tempo em que os mesmos estão expostos à temperatura ambiente. ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS Os manuais recomendam que exista uma zona para a preparação de carnes, uma para a de peixes, uma para a de vegetais e, se possível, ainda outra para a de sobre- mesas. Como, na maioria dos estabelecimentos tradicio- nais, um dos maiores problemas é a falta de espaço, não é possível, habitualmente, existirem zonas separadas. Assim, sempre que se utilize a mesma zona, bancada, cuba, tábua de corte, é obrigatório efectuar a limpeza e desinfecção do material de trabalho e das superfícies entre as diferentes preparações. Como forma de evitar as contaminações de alimen- tos cozinhados e pré – cozinhados, quer por contacto directo quer indirecto com o pessoal ou com matérias primas num estádio anterior de preparação, o serviço deve ser organizado de forma a seguir o sistema de “mar- cha em frente”, isto é, não permitindo que os alimentos prontos a servir se cruzem com os alimentos que estão a chegar para serem preparados, descascados ou lavados. PREPARAÇÃO DE ALIMENTOS CRUS Os alimentos crus devem ser manipulados, sempre que possível, em zonas diferentes daquelas onde se manipu- lam os alimentos cozinhados. Nos casos em que a dispo- sição do local não o permita, as operações devem ser se- paradas no espaço e no tempo por uma fase de limpeza e desinfecção das estruturas e equipamentos existentes. As frutas e os legumes, frequentemente, contêm resí- duos de terra, que podem ser um factor de contamina- ção para os equipamentos, para os utensílios ou mesmo para os próprios alimentos, através das mãos dos mani- puladores. As frutas e os legumes devem ser escolhidos, isto é, devem ser retirados os que estão impróprios para consumo. As frutas e os legumes para consumo em cru devem ser previamente lavados e desinfectados. A desinfecção des- tes produtos deve ser feita com um produto apropriado, na dose prescrita e pelo tempo indicado para o efeito. A lavagem dos frutos e legumes é muito importante, mes- mo daqueles que posteriormente vão ser descascados, cortados e cozinhados (ver ficha de lavagem e desinfec- ção F3 em anexo). Na preparação dos alimentos, também se deve ter um cuidado especial ao abrir as embalagens, para que não caiam inadvertidamente bocados destas no produto. Caso se quebre uma embalagem de vidro, o produto deve ser imediatamente rejeitado. Depois de preparados, os produtos, se não forem logo utilizados, deverão ser acondicionados em frio positivo
  • 41. |41 (até 50C). Os alimentos devem permanecer à tempera- tura ambiente apenas o tempo necessário à sua prepa- ração. Todos os alimentos conservados no frigorífico devem estar devidamente acondicionados, isto é, tapados, iden- tificados e datados, de forma a reduzir o risco de conta- minação cruzada e facilitando que se consumam primei- ro os alimentos adquiridos há mais tempo (PEPS). É necessário evitar todo o contacto entre alimentos crus e confeccionados, quer seja nas tábuas de corte, quer seja nas bancadas de trabalho ou outras superfícies e utensílios. Nunca se podem utilizar os mesmos equipamentos, utensílios e superfícies para cortar alimentos crus e co- zinhados, sem que antes tenham sido lavados e desin- fectados. Todo o material que esteja em contacto com produtos crus ou potencialmente contaminados deve ser limpo e desinfectado após a sua utilização. Os recipientes de lixo que existam nos locais de mani- pulação de alimentos têm de estar sempre fechados e devem ter tampa accionada por pedal. Devem estar re- vestidos com um saco de plástico. A zona que circunscre- ve estes recipientes de lixo tem de estar sempre limpa. Sempre que estes recipientes estiverem cheios, devem ser despejados. Todas estas recomendações são fundamentais para prevenir as contaminações cruzadas. DESCONGELAÇÃO Uma das possíveis fases de preparação dos produtos ali- mentares é a descongelação. Os produtos devem ser descongelados em ambiente refrigerado e nunca à temperatura ambiente. Poderão também ser descongelados no microondas. (A descongelação com água só se deve fazer excepcio- nalmente quando os produtos estiverem embalados. No entanto, nunca se deve mergulhar os produtos em água quente, mas sim colocá-los sob água corrente, potável, no máximo a 200C). Os produtos em processo de descongelação dentro do frigorífico deverão estar adequadamente tapados e ser colocados nas prateleiras inferiores do mesmo, de forma a não pingarem para cima de outros produtos (o que po- deria provocar contaminações cruzadas). É muito importante evitar que o produto, durante e após a fase de descongelação, esteja em contacto com o líqui- do, o suco – exsudado – que se liberta do mesmo. Este líquido, ou suco, não pode ser utilizado. Todos os recipientes e utensílios envolvidos no proces- so de descongelação devem ser limpos e desinfectados o mais rapidamente possível. Deve manter-se o rótulo do produto junto do mesmo du- rante a fase de descongelação. Os produtos devem ser totalmente descongelados antes de qualquer tratamento posterior, excepto os legumes, produtos em pequenas porções e produtos específicos (por exemplo, produtos para fritar ou cozer). Depois de descongelados, os produtos devem ser utili- zados dentro de 24 horas e, durante esse tempo, devem ser conservados no frigorífico. Não voltar a congelar produtos que sofreram, total ou parcialmente, um processo de descongelação. Relembrar: durante a preparação dos alimentos, os manipuladores devem lavar as mãos com frequência.
  • 42. 42| RESUMINDO: POTENCIAIS PERIGOS: . Contaminação biológica . Contaminação química . Contaminação física PONTOS DE CONTROLO: . Contacto entre produtos em diferentes estados de pre- paração . Higiene de superfícies e utensílios . Desinfecção de vegetais e fruta . Higiene das mãos . Condições de descongelação dos produtos LIMITES CRÍTICOS: . Ausência de produtos descongelados há mais de 24 ho- ras . Ausência de práticas de contaminação cruzada CONTROLO: . Observação visual . Controlo do tempo de exposição à temperatura am- biente . Observação visual do processo de descongelação . Verificação da temperatura do equipamento de frio ACÇÕES CORRECTIVAS: . Rejeitar a matéria-prima que tenha entrado em contac- to com produtos químicos ou pragas . Executar correctamente as tarefas . Prolongar a descongelação separando a matéria-prima em porções mais pequenas . Executar correctamente as medidas preventivas . Eliminar os produtos que não sejam confeccionados nas 24 horas após a descongelação FICHAS DE REGISTO Não se aplica |III.3.6. – CONFECÇÃO / PREPARA- ÇÃO DE REFEIÇÕES| Nesta etapa, englobam-se várias operações, desde o co- zinhar dos alimentos ao seu posterior arrefecimento e armazenagem no frigorífico, para serem servidos mais tarde, bem como ao respectivo reaquecimento. Sabemos que o melhor método para alcançarmos a des- truição dos microrganismos presentes nos alimentos é submetê-los a elevadas temperaturas durante um inter- valo de tempo suficiente. Por este motivo, é fundamen- tal cozinhar bem os alimentos, sendo esta a etapa mais importante para garantir a segurança dos mesmos. Mui- tos manuais técnicos referem a relevância de controlar a temperatura dos alimentos no seu centro térmico e reco- mendam que se realizem medições com um termómetro para assegurar que se atingiu uma temperatura superior a 650C. (A maioria das bactérias multiplicam-se muito rapidamente à temperatura compreendida entre os 50C e os 650C; a partir de 650C, a maior parte das bactérias que não formam esporos é destruída.) Por questões de segurança, sugerimos como temperatura máxima de re- frigeração 50C e como temperatura mínima de conser- vação de produtos quentes 650C. Na hora de muito trabalho, é de todo impensável alguém medir a temperatura dos produtos que estão a ser con- feccionados. Assegurar que os alimentos estão bem co- zinhados é uma prática de todos os profissionais de co- zinha, que, habitualmente, observam os seus cozinhados
  • 43. |43 para ver se já estão prontos a serem servidos. Para este efeito, verificam algumas características, como a presen- ça ou não de sangue, a textura do alimento ao ser es- petado, etc. Durante a confecção, com o recurso a estas observações, os profissionais realizam o seu controlo e actuam em consequência (aplicam as acções correctivas necessárias). Para provar os alimentos em confecção, devem utilizar- se utensílios próprios e nunca os dedos. Estes utensílios devem ser sempre lavados depois de efectuada a prova dos alimentos. Alguns produtos não podem, por razões culinárias, ser tratados a temperaturas superiores a 650C, pelo que de- vem ser servidos imediatamente após a sua confecção. PRATOS COZINHADOS E SERVIDOS FRI- OS Os pratos servidos frios devem ser conservados a uma temperatura igual ou inferior a 50C, e os pratos quen- tes ou reaquecidos a uma temperatura suficientemente quente, superior a 650C. Os alimentos nunca devem permanecer, inutilmente, à temperatura ambiente mais do que uns minutos. Após a confecção do produto a quente, toda a manipu- lação deve ser reduzida ao mínimo imprescindível, para evitar uma contaminação posterior dos produtos cozi- nhados. Os pratos frios não sofrem mais tratamentos térmicos na cozinha. Por isso, é muito importante vigiar uma boa higiene pessoal, principalmente das mãos, e uma boa limpeza e desinfecção de todos os equipamentos e uten- sílios. Não se deve manipular os produtos crus e, em se- guida, os produtos cozinhados sem lavagem intermédia das mãos e dos utensílios, caso contrário poderemos es- tar a provocar contaminações cruzadas. De acordo com o que se apresentou anteriormente, os pratos frios e ou os alimentos que os compõem devem ser conservados no frio a uma temperatura máxima de 50C. A loiça e os utensílios, depois de serem retirados da má- quina de lavar loiça, devem arrefecer suficientemente antes de serem utilizados em refeições frias. ARREFECIMENTO RÁPIDO DE ALIMEN- TOS Quando um alimento cozinhado não for imediatamente servido, deve-se arrefecê-lo rapidamente e guardá-lo em ambiente refrigerado. Dado que não se devem colocar alimentos quentes no frigorífico, vamos referir algumas formas de os arrefecer o mais rapidamente possível: - Reduzir a quantidade dos alimentos a arrefecer, por exemplo, dividindo-os em porções. Esta recomendação prende-se com o facto de sabemos que um maior volume de alimento demora mais tempo a arrefecer do que um menor. Por outro lado, constata-se também que alimentos com uma maior densidade man- têm a temperatura durante um maior período de tempo (uma porção de tripas à moda do Porto ou uma feijoada demoram mais tempo a arrefecer do que a mesma por- ção de uma canja de galinha, que tem menor densida- de). - Mudar de recipiente Para facilitar o arrefecimento de um alimento cozinha- do, é preferível transferi-lo para outro recipiente diferen- te daquele em que foi confeccionado, pois geralmente os recipientes utilizados para se cozinhar são metálicos e os metais são bons condutores de calor. Um tacho ou uma panela de inox quente manterá um alimento quen- te durante mais tempo do que uma caixa plástica em que o coloquemos. O formato do recipiente também influencia a veloci-
  • 44. 44| dade do processo de arrefecimento dos alimentos. Os re- cipientes rasos (por exemplo, tabuleiros, tachos) permi- tem que o calor do alimento se disperse com uma maior rapidez do que um recipiente fundo como as panelas. - Utilizar banho de água gelada Se colocarmos os recipientes que contêm alimentos quentes num banho com água gelada, aceleramos a transferência de calor entre ambos, o que permite dimi- nuir rapidamente a temperatura do alimento. - Colocar os alimentos num abatedor de temperatura Existem no mercado aparelhos que provocam a dimi- nuição rápida da temperatura dos alimentos em apenas alguns minutos e que se costumam designar por abate- dores de temperatura. CONFECÇÃO DE VÉSPERA Deve evitar-se a confecção dos alimentos de véspera. No entanto, quando for necessário, é preciso tomar algumas medidas de precaução, nomeadamente: - após a confecção, os produtos devem ser rapidamente arrefecidos até uma temperatura máxima de 50C, deven- do ser colocados em recipientes tapados e acondiciona- dos no frigorífico; - os recipientes deverão ter a identificação dos produtos que contêm e a data de confecção; - os alimentos designados por alimentos de alto risco (como por exemplo, carne picada ou produtos que con- tenham ovo cru) deverão ser preparados para consumo com o mínimo de antecedência possível. REAQUECIMENTO DE ALIMENTOS Quando se preparam alimentos com antecedência e se procede ao seu arrefecimento e armazenagem em am- biente refrigerado, é necessário reaquecê-los a uma tem- peratura superior a 650C antes de os servir. Esta opera- ção é muito importante. (Por exemplo, se temos de reaquecer um estufado ou uma jardineira ou caldeirada, sabemos que este prato está a uma temperatura superior a 650C se o mesmo se encontra a borbulhar.) Os alimentos só devem ser reaquecidos uma vez depois de cozinhados. (Antes de servidos, os pratos preparados com antece- dência devem ser reaquecidos a pelo menos 750C para garantir a destruição de formas vegetativas eventual- mente presentes de Clostridium perfingens.) TRATAMENTO DE SOBRAS DE ALIMEN- TOS O termo “sobras” aplica-se aos alimentos que foram con- feccionados em excesso e que não chegaram a ser ser- vidos, ou seja, que sobraram. É preciso ter em atenção o facto de que as sobras não são restos – esta última de- signação aplica-se ao que resta dos pratos ou travessas dos clientes e que tem de ser obrigatoriamente rejeitado (isto é, deitado fora). O tratamento das sobras é um assunto delicado. Os alimentos que não tenham sido servidos aos clientes podem ser reaproveitados. Para isso, tem de se assegu- rar a cadeia de frio: por exemplo, não podem ter estado durante muito tempo próximo de equipamentos que li- bertem calor, nem à temperatura ambiente. O acondicionamento das sobras deve-se fazer libertan- do-as de molhos e acompanhamentos. As sobras, quando quentes, devem ser rapidamente ar- refecidas até uma temperatura de 50C, sendo, de segui- da, acondicionadas a esta temperatura, em recipientes devidamente cobertos.
  • 45. |45 As sobras não devem ser reaproveitadas em conjunto com novos produtos. Quando se guardam sobras, deve-se colocar um letreiro a indicar o que contém e a data de produção. Todas as sobras que já tenham sido conservadas e te- nham estado à temperatura ambiente, se não foram uti- lizadas terão de ser rejeitadas. Os alimentos de alto risco, como produtos com ovo cru e/ou com picados, pelas suas características, encontram- se por vezes na origem de toxinfeções alimentares, pelo que não deverão ser conservados para posteriores utili- zações. ÓLEOS DE FRITURA Devem utilizar-se óleos de boa qualidade, resistentes a altas temperaturas. Os óleos de fritura degradam-se por acção do calor e do período de tempo a que se encon- tram expostos a determinada temperatura. Cada tipo de óleo tem uma temperatura crítica a partir da qual a de- gradação começa a ser mais rápida. Sabendo que a tem- peratura de fritura não deve ultrapassar os 1800C, pode- se avaliar a aptidão de um determinado óleo para fritar através da sua temperatura crítica. As gorduras mais apropriadas para a fritura são o óleo de palma, o óleo de bagaço de azeitona, o óleo de amendoim, o azeite e a banha, pois suportam temperaturas superiores a 1800C. A qualidade do óleo deve ser controlada frequentemen- te, com base nos itens que se seguem: 1. Características de alteração da gordura Odor – queimado, irritante e penetrante Cor – escura e turva Forte formação de fumos a 1700C Formação de espuma em grande quantidade e persis- tente, com pequenas bolhas Compostos polares inferiores a 25% 2. Testes rápidos colorimétricos O óleo não pode ser aquecido a uma temperatura supe- rior a 1800C, pelo que a fritadeira deverá ter incorporado um termóstato que controle a temperatura do óleo. Também deverá existir um termómetro-sonda para me- dir a temperatura do óleo e verificar se corresponde à indicada no termóstato. Em caso de desvio, o mesmo deverá ser reparado ou substituído. Os instrumentos de medição, nomeadamente os termóstatos, devem ser pe- riodicamente calibrados. O óleo de fritura deverá ser renovado regularmente. É aconselhável filtrá-lo diariamente, de forma a retirar to- das as partículas sólidas que flutuam. Por motivos de se- gurança, primeiro deve-se deixá-lo arrefecer. Recomenda-se a recolha dos óleos saturados em reci- pientes apropriados para reciclagem, evitando-se, deste modo, o seu escoamento para a rede de esgoto. A fritura com um óleo alterado, ou seja, com a presen- ça de compostos polares numa percentagem superior a 25%, é considerada crime de saúde pública. RESUMINDO: POTENCIAIS PERIGOS: . Contaminação biológica/ microbiológica . Sobrevivência de patogénicos PONTOS DE CONTROLO: . Qualidade e temperatura dos óleos de fritura . Estado de cozedura dos alimentos
  • 46. 46| . Temperatura de banhos-maria e estufas . Higiene das mãos Higiene de superfícies e utensílios LIMITES CRÍTICOS: . Presença, em produtos considerados cozinhados, de . sangue e sucos que denotam que o produto está cru . Utilização simultânea da mesma superfície e dos mes- mos utensílios para produtos cozinhados e crus (em di- ferente estado de preparação) . Ausência de sinais de aquecimento correcto (líquido sem estar a borbulhar) CONTROLO: . Observação visual do estado de cozedura dos alimen- tos . Verificação da temperatura do equipamento de frio e do banho-maria ACÇÕES CORRECTIVAS: Continuar a cozinhar FICHAS DE REGISTO: . Resultados dos testes ao óleo de fritura (exemplo: R5 ou R6) . Temperatura do banho-maria (R7) |III.3.7. – SERVIÇO AOS CLIENTES / DISTRIBUIÇÃO| Após a preparação das refeições, estas podem ser apre- sentadas ao cliente final de diferentes formas, sendo elas serviço na mesa, self-service, buffet, room service, take- away ou mesmo o consumo fora do estabelecimento, seja na residência seja no local de trabalho. O tempo intermédio entre a confecção e o serviço ao cliente deve ser o menor possível. A cadeia de frio ou de calor, no serviço de pratos frios ou quentes, respectivamente, não deve ser interrompida. No “serviço” tradicional, quer na mesa, quer no quarto, este tipo de perigo raramente se verifica, pois os alimen- tos são confeccionados e servidos no momento. No entanto, cada vez se diversifica mais o tipo e a orga- nização do serviço ao cliente, pelo que é necessária uma grande atenção a esta matéria, em que o grande perigo é constituído pelas contaminações dos pratos preparados; estas podem resultar de um processo de contaminação cruzada, ser provocadas pelos empregados ou mesmo pelos clientes. Esta situação é mais frequente nos serviços de self-ser- vice, buffets e banquetes, em que os alimentos poderão estar expostos durante algumas horas. Nestas situações, os alimentos devem ser repostos frequentemente e os alimentos novos, quentes ou frios, não podem ser colo- cados sobre os existentes. Nos serviços, aliás em grande expansão, de take-away e de entregas ao domicílio, há que ter muito cuidado com as embalagens de transporte. Os materiais de acondicio- namento e embalagem não devem constituir uma fonte de contaminação dos alimentos, pelo que deverão estar identificados com a simbologia própria. RESUMINDO: POTENCIAIS PERIGOS: Crescimento microbiano PONTOS DE CONTROLO: . Manipulação dos alimentos . Temperatura de estufas e banhos-maria e de frigorífi- cos
  • 47. |47 LIMITES CRÍTICOS: . Incorrecta manipulação dos alimentos . Temperatura de estufas e banhos-maria inferior a 650C CONTROLO: . Verificação do tempo de exposição . Verificação das temperaturas dos banhos-maria e estu- fas, caso existam . Verificação da temperatura do equipamento de frio e do banho-maria . Verificação das embalagens e do seu estado ACÇÕES CORRECTIVAS: . Afinar o banho-maria ou a estufa sempre que a tempe- ratura seja inferior a 65 ºC FICHAS DE REGISTO: . Temperatura do equipamento de frio (R3 ou R4) . Temperatura do banho-maria (R7)
  • 48. QUANDO VERFIFICO? FREQUÊNCIA (PRINCÍPIO4) REGISTOS (PRÍNCIPIO7) SECORRERMALOQUE FAÇO? ACÇÕESCORRECTIVAS (PRÍNCIPIO5) Emcada recepção fichaR2 Rejeitardeimediatoa matéria-primasempreque severifiquemanomalias narecepção Mudardefornecedor,se houverumnúmerosigni- ficativodeanomalias Rejeitarosprodutos semprequeseverifiquem anomaliassignificativas nastemperaturas(+30C); Diariamente ou 2vezespordia fichaR3 fichaR4 E�����������������������liminartodososprodu- toscujasembalagensse encontremabertas,roídas oucomfezesdeanimais Rejeitarosprodutos semprequeseverifiquem anomaliassignificativas temperaturasdosequipa- mentosdefrio Efectuarmanutenção/ reparaçãoousubstituição doequipamentoavariado Eliminarosprodutosfora doprazodevalidade |ANÁLISEDEPERIGOSECONTROLODOSPONTOSCRÍTICOS/PLANOHACCP| ETAPAS DOPROCESSO OQUEPODE CORRERMAL? PERIGOS (PRINCIPIO1) OQUEPODEMOS PREVER? MEDIDAS PREVENTIVAS PONTOSDE CONTROLO (PRINCÍPIO2) LIMITESCRÍTICOS (PRÍNCIPIO3) COMOVERIFICO? CONTROLO (PRÍNCIPIO4) RECEPÇÃODE MATÉRIAS-PRI- MAS Contaminação biológica(salmo- nelas,parasitas) Contaminação química Contaminação física(corpos estranhos) Controlodarotu- lagem Controlodetempe- raturas Controlodoestado exteriordasemba- lagens Qualificaçãode fornecedores Higienedabalança, dopavimento,das paredes Boahigienepessoal Remoçãodacarto- nagemeembala- gensdemadeira Datasdevalidade Características defrescurados alimentos Estadodasembala- gens Temperaturasde transportedos produtosperecíveis Higienedosmeios detransporte Ausênciademan- chas,podridãoeodor estranhosaoproduto Temperaturasde transporteeconser- vaçãodeprodutos Inexistênciade tempodeesperaà temperaturaam- bienteparaprodutos perecíveis Ausênciadeembala- gensdeterioradas Controlovisuale olfactivo Preenchimentodos registosdeentrada damatéria-prima Controlodas condiçõesdetrans- porte,incluindo temperaturado veículodetrans- porte Observaçãoda rotulagem ARMAZENAGEM Contaminação biológica(cresci- mentomicrobiano) Contaminação química(detergen- tes,desinfectantes) Ccontaminação física (estilhaçosdevidro) Boascondiçõesde armazenagem Separaçãodos diferentestipos dematéria-prima existentes Boascondiçõesde higienedasinsta- laçõeseequipa- mentos Controlodatem- peraturadosequi- pamentosdefrio Rotaçãodestocks (PEPS) Controlodepragas Datasdevalidade Características defrescurados alimentos Temperaturasde armazenagemdos produtosperecíveis Controlodepragas Temperaturasde conservaçãodospro- dutosemambiente refrigerado Ausênciademan- chas,podridãoeodor estranhosaoproduto Ausênciadeprodu- tosforadoprazode validade Inexistênciadesinais depragas Controlovisuale olfactivo Verificaçãoda temperaturados equipamentosde frio Verificaçãodaexis- tênciadefezesou deoutrosindícios dapresençade pragas APRESENTAÇÃOESQUEMÁTICADAANÁLISEDEPERIGOSEPONTOSDECONTROLO(PLANODEHACCP) 48|
  • 49. QUANDO VERFIFICO? FREQUÊNCIA (PRINCÍPIO4) REGISTOS (PRÍNCIPIO7) SECORRERMALOQUE FAÇO? ACÇÕESCORRECTIVAS (PRÍNCIPIO5) Duranteaexecuçãodas tarefas Nãoseaplica Rejeitarasmatérias-pri- masquetenhamentrado emcontactocomprodu- tosquímicosoupragas Executarcorrectamente astarefas Prolongaradescongela- çãoseparandoamatéria- primaemporçõesmais pequenas Executarcorrectamente asmedidaspreventivas Eliminarosprodutosque nãosejamconfecciona- dosnas24horasapósa descongelação |ANÁLISEDEPERIGOSECONTROLODOSPONTOSCRÍTICOS/PLANOHACCP| ETAPAS DOPROCESSO OQUEPODE CORRERMAL? PERIGOS (PRINCIPIO1) OQUEPODEMOS PREVER? MEDIDAS PREVENTIVAS PONTOSDE CONTROLO (PRINCÍPIO2) LIMITESCRÍTICOS (PRÍNCIPIO3) COMOVERIFICO? CONTROLO (PRÍNCIPIO4) PREPARAÇAO Contaminação biológica Contaminação química Contaminação física Preparaçãodas diferentesmatérias- primasemlocais distintos Boascondiçõesde higienedolocal, superfícieseuten- sílios Lavagemdeve- getais Lavagemdasmãos antesedepoisdo serviço Boascondiçõesde higienepessoal Exposiçãoàtem- peraturaambiente porumperíodonão superiora1hora Descongelaçãoda matéria-primana prateleirainferior dofrigorífico,em condiçõesdefrio, semcontactocomo líquidodeexsu- dação Descongelação apenasdasquanti- dadesnecessárias, sabendoquenão sepodevoltara congelar Boascondiçõesde higienedolocale dosequipamentos Contactoentrepro- dutosemdiferentes estadosdeprepa- ração Higienedesuperfí- cieseutensílios Desinfecçãode vegetaisefrutas Higienedasmãos Condiçõesde descongelaçãodos produtos Ausênciadeprodu- tosdescongeladoshá maisde24horas Ausênciadepráticas decontaminação cruzada Observaçãovisual Controlodotempo deexposiçãoàtem- peraturaambiente Observaçãovisual doprocessode descongelação Verificaçãodatem- peraturadoequipa- mentodefrio APRESENTAÇÃOESQUEMÁTICADAANÁLISEDEPERIGOSEPONTOSDECONTROLO(PLANODEHACCP) |49
  • 50. QUANDOVERFIFICO FREQUÊNCIO (PRINCÍPIO4) REGISTOS (PRÍNCIPIO7) SECORRERMALOQUE FAÇO? ACÇÕESCORRECTIVAS (PRÍNCIPIO5) Duranteaexecuçãodas tarefas 2vezespordia fichaR5 fichaR6 fichaR7 Continuaracozinhar 2vezespordia fichaR3 fichaR4 fichaR7 Afinarobanho–mariaou aestufasemprequea temperaturasejainferior a650C |ANÁLISEDEPERIGOSECONTROLODOSPONTOSCRÍTICOS/ PLANOHACCP| ETAPAS DOPROCESSO OQUEPODECOR- RERMAL? PERIGOS (PRINCIPIO1) OQUEPODEMOS PREVER? MEDIDASPRE- VENTIVAS PONTOSDECON- TROLO (PRINCÍPIO2) LIMITESCRÍTICOS (PRÍNCIPIO3) COMOVERIFICO? CONTROLO (PRÍNCIPIO4) CONFECÇÃO/ COZINHAR Sobrevivênciade patogénicos Contaminação biológica/microbio- lógica Ocentrotérmicodo alimentodeveatin- giratemperatura mínimade650C duranteaconfecção Comprovarqueo estadodecozedura éadequado Nãocolocarna mesmasuperfície (tábuas,bancadas, etc.)produtoscruse cozinhados Nãousarosmes- mosutensíliospara manipularprodutos crusecozinhados emsimultâneo Qualidadeetem- peraturadosóleos defritura Estadodecozedura dosalimentos Temperaturade banho-mariae estufas Higienedasmãos Higienedassuperfí- cieseutensílios Presença,em produtosconsidera- doscozinhados,de sangueedesucos quedenotamqueos produtosestãocrus Utilizaçãosimul- tâneadamesma superfícieedosmes- mosutensíliospara produtoscozinhados ecrus(emdiferente estadodeconser- vação) Ausênciadesinais deaquecimentocor- recto(ex.líquidosem estaraborbulhar) Observaçãovisual doestadodecoze- duradosalimentos Verificaçãoda temperaturado equipamentodefrio edobanho-maria DISTRIBUIÇÃO/ SERVIÇO Crescimentomicro- biano Aquecimentodas estufasedobanho- mariaa750Cou superior; Nãoreutilizaçãode sobras Utilizaçãodeuten- síliosparaama- nipulação(asmãos nãodevementrar emcontactodirecto comosalimentos confeccionados) Manipulaçãodos alimentos Temperaturadees- tufas,banho-mariae frigoríficos Incorrectamanipula- çãodosalimentos Temperaturadees- tufasebanho-maria inferiora650C Verificaçãodas temperaturasdos banhos-mariaees- tufas,casoexistam Verificaçãodo tempodeexposição Verificaçãodatem- peraturadoequipa- mentodefrio Verificaçãodas embalagensedo seuestado APRESENTAÇÃOESQUEMÁTICADAANÁLISEDEPERIGOSEPONTOSDECONTROLO(PLANODEHACCP) 50|
  • 52. |52F 1 L L L+D D L L L L+D L L D L* L L+D L+D L+D L+D L+D L L L L+D L+D L L+D L+D L D L L* L L+D L* L+D L L L L L L* M M -LOCAL DE PREPARAÇÃO PAVIMENTO PAREDES DAS ZONAS DE TRABALHO CALEIRAS DE ESCOAMENTO TODAS AS TORNEIRAS E CABOS PIAS E LAVABOS FORNO BLOCOS DE COZEDURA RECIPIENTE DO LIXO JANELAS, BEIRAIS PORTAS PUXADORES DE PORTAS EXAUSTOR GRELHAS TECTOS -UTENSÍLIOS E APARELHOS TÁBUAS E SUPERFÍCIES DE TRABALHO UTENSÍLIOS APARELHOS DE PREPARAÇÃO MÁQUINAS DE PICAR CARNES, FACA ELÉC- TRICA MISTURADOR, BATEDEIRA FRITADEIRA BANHO-MARIA MICROONDAS, FORNO, MARMITA -CASAS DE BANHO RETRETES E URINÓIS TORNEIRAS E PUXADORES LAVABOS PAVIMENTO PAREDES VESTIÁRIOS -LOCAIS DE ARMAZENAGEM TODOS OS PUXADORES PAVIMENTOS PAREDES E PRATELEIRAS VEÍCULOS DE TRANSPORTE REFRIGERADOR, ARMÁRIOS FRIGORÍFICOS CONGELADOR ESCOVAS LOCAL DE ARMAZENAGEM DOS LIXOS -RESTAURANTE MESAS CADEIRAS PAVIMENTOS PORTAS, JANELAS PAREDES -VESTUÁRIO E ACESSÓRIOS DE COZINHA VESTUÁRIO DE TRABALHO GUARDANAPOS E TOALHAS DE COZINHA SEMANALDIÁRIA MENSAL RECOMENDAÇÕES PARA UM ESQUEMA DE LIMPEZA/DESINFECÇÃO L- Limpar D- Desinfectar M- Mudar L*- Limpar todos os 3 meses.
  • 54. |54F3 LAVAGEM E DESINFECÇÃO DE LEGUMES (incluindo ervas aromáticas, como por exemplo a salsa) 1. Lavar e desinfectar correctamente as mãos antes de iniciar a operação. 2. Verificar se todos os utensílios e equipamentos estão devidamente limpos. 3. Lavar os legumes em água corrente para remover po- eiras e outros contaminantes. 4. Mergulhar as folhas já soltas num recipiente com água e desinfectante apropriado. (Siga as instruções do rótulo do produto relativamente à dosagem e ao tempo de acção.) 5. Escoar a solução e passar novamente as folhas por água corrente, enxaguando bem. 6. Proteger e guardar no frio até ao momento de servir.
  • 55. 55| F 4FICHA DE CONFECÇÃO Quando se cozinham os alimentos, há procedimentos habituais que os cozinheiros têm em atenção, de forma a confirmar que os alimentos estão correctamente co- zinhados, vão ser um alimento agradável para os seus clientes e, evidentemente, não lhes vão causar doenças. A maioria destes procedimentos é baseada em observa- ções visuais. Os alimentos, ao serem cozinhados, sofrem transformações observáveis essencialmente ao nível da sua textura e da sua cor. Por exemplo, a carne, quando é cozinhada, muda de cor. Se observarmos as suas altera- ções de cor, podemos verificar se a mesma está devida- mente cozinhada. De seguida, apresentamos alguns exemplos de observa- ções que se fazem “espontaneamente” e podem ser con- sideradas como monitorização de pontos críticos. - Ao assar aves inteiras (frango, pato, peru…) ou partes delas, o critério que se deve aplicar é a não presença de sangue. Para se verificar o processo de cozedura, pode-se picar a ave com um garfo e observar o suco que se liber- ta, ou então fazer uma pequena incisão junto das pernas (zona mais densa). O suco que se liberta não deve conter fragmentos avermelhados ou rosados. - Ao fritarmos ou grelharmos um bife, sabemos que o mesmo está pronto se não apresentar sinais exteriores de sangue. Um bife deve apresentar-se bem selado (este tipo de alimentos poderá encontrar-se contaminado na superfície, mas nunca no seu interior). - Quando se assam peças de carne de grandes dimen- sões, como o lombo, tem de se ter especial cuidado com a zona central, para que fique bem cozinhada e não de- note a presença de sangue. Por exemplo, se o molho de um assado estiver muito claro, sanguinolento ou rosado, isso é indicativo de que não se atingiu a temperatura apropriada no seu interior. - No caso de sopas, guisados, molhos, etc., temos a cer- teza de que estes alimentos estão bem quentes quando estão a ferver e quando, ao mexermos com uma colher, continuam a borbulhar. (Sabemos que a água ferve a 1000C.)
  • 56. |56
  • 60. |60R3 TEMPERATURA DO EQUIPAMENTO FRIO ÁREA_ MÊS_ / 200_ DIA FRIGORÍFICO Nº OBSERVAÇÕES RUBRICA MANHÃ TARDE 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. RESPONSÁVEL_
  • 61. ÁREA_ MÊS_ / 200_ DIA FRIGORÍFICO Nº FRIGORÍFICO Nº OBSERVAÇÕES RUBRICA MANHÃ TARDE MANHÃ TARDE 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. RESPONSÁVEL_ R4TEMPERATURA DO EQUIPAMENTO FRIO61|
  • 62. |62R5 REGISTO DOS RESULTADOS DOS TESTES AO ÓLEO DE FRITURA MÊS_ / 200 Nota: nas Observações, indicar se houve mudança de óleo DIA FRITADEIRA 1 (MAX. 180ºC) COR DO TESTE OBSERVAÇÕES FRITADEIRA 2 (MAX. 1800C) COR DO TESTE OBSERVAÇÕES 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31.
  • 63. |63 R6REGISTO DOS RESULTADOS DOS TESTES AO ÓLEO DE FRITURA DIA HORA FRITADEIRA NÚMERO DE BANDAS COM ALTE- RAÇÃO DE COR* ASSINATURA OBSERVAÇÕES 1 2 3 4 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. MÊS_ / 200_ *Alteração de cor das bandas (de azul para amarelo): 1_banda-início da oxidação 2_bandas-aumento da degradação do óleo: planear novo teste durante o dia 3_bandas-recomenda-se a substituição do óleo NOTA: nas observações indicar se houve mudança de óleo
  • 64. 64| ÁREA_ MÊS_ / 200_ DIA BANHO-MARIA Nº OBSERVAÇÕES RUBRICA MANHÃ TARDE 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. R7 REGISTO DA TEMPERATURA DO BANHO-MARIA
  • 66. 66| |APRESENTAÇÃO DO HACCP – BRE- VE EXPOSIÇÃO TEÓRICA BASEADA NO CODEX ALIMENTARIUS| |O QUE SIGNIFICA HACCP?| HACCP – “Hazard Analysis Critical Control Points” mais não significa, em português, do que Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos. O HACCP consiste num sistema baseado na identifica- ção e avaliação de perigos específicos e na implementa- ção de medidas para o seu controlo, focadas na preven- ção e não na análise do produto final, de forma a garantir a segurança dos alimentos. |PRINCÍPIOS DE HACCP| A legislação refere-se aos sete princípios do método de HACCP, que são os seguintes: 1. identificação de quaisquer perigos que devam ser evi- tados, eliminados ou reduzidos para níveis aceitáveis; 2. identificação dos pontos críticos de controlo na fase ou nas fases em que o controlo é essencial para evitar ou eliminar um perigo ou para o reduzir para níveis aceitá- veis; 3. estabelecimento de limites críticos em pontos de con- trolo, que separem a aceitabilidade da não aceitabilida- de, com vista à prevenção, eliminação ou redução dos perigos identificados; 4. estabelecimento e aplicação de processos eficazes de vigilância em pontos críticos de controlo; 5. estabelecimento de medidas correctivas quando a vi- gilância indicar que um ponto crítico não se encontra sob controlo; 6. estabelecimento de processos a efectuar regularmen- te, para verificar se as medidas referidas nos princípios 1 a 5 funcionam eficazmente; 7. elaboração de documentos e registos adequados à natureza e dimensão da empresa, a fim de demonstrar a aplicação eficaz das medidas referidas nos princípios anteriores. |METODOLOGIA DE APLICAÇÃO DOS SETE PRINCÍPIOS DE UM SISTEMA HACCP| Habitualmente, recomenda-se a aplicação de uma se- quência lógica de etapas ou passos sucessivos (doze passos), que englobam a aplicação dos sete princípios, de forma a não descurar nenhum aspecto importante. De seguida, apresentamos esses doze passos. (Esta par- te do manual tem por base directa o Codex Alimentarius e uma proposta da União Europeia para a sua aplicação nas empresas do sector alimentar). 1º PASSO – DEFINIR UMA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR – A EQUIPA HACCP Esta equipa deverá ter as seguintes características: . ser multidisciplinar; . ter especialistas; . ter autoridade dentro da própria empresa. 2º PASSO – DESCRIÇÃO DO PRODU- TO Deverá ser formulada uma descrição completa do pro- duto, incluindo informações relativas à sua segurança, como por exemplo a sua composição, a sua estrutura, as suas características físico-químicas, os seus proce- dimentos de fabrico, a sua forma de conservação e de armazenagem.
  • 67. |67 3º PASSO – IDENTIFICAR O USO PRE- TENDIDO DO PRODUTO A equipa de HACCP deverá definir o uso a que se desti- na ou que é previsto para o produto em análise. 4º PASSO – CONSTRUIR UM DIAGRA- MA DE FABRICO (FLUXOGRAMA) O diagrama de fabrico deverá ser elaborado pela equipa de HACCP e deverá englobar todas as fases do proces- so. 5º PASSO – CONFIRMAÇÃO, IN LOCO, DO DIAGRAMA DE FABRICO (FLUXOGRAMA) Após ter-se desenhado o diagrama de fabrico, este de- verá ser confirmado no local e durante as horas de la- boração. Se for observado algum desajuste, dever-se-á proceder à respectiva correcção. 6º PASSO – LISTA DE PERIGOS E ME- DIDAS DE CONTROLO (PRINCÍPIO 1) Deverá ser elaborada uma lista de todos os potenciais perigos (que se consigam prever), sejam químicos, físi- cos ou biológicos, para cada uma das etapas do proces- so. A equipa de HACCP deverá conduzir a análise de peri- gos de forma a identificar, no plano de HACCP, aqueles que, devido à sua natureza, deverão ser eliminados ou reduzidos para níveis aceitáveis, tendo em conta a segu- rança do produto. Deverão ser consideradas e descritas as medidas de con- trolo que poderão ser tomadas para cada perigo. 7º PASSO – DETERMINAÇÃO DOS PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLO (PCC) (PRINCÍPIO 2) A determinação de um PCC num sistema de HACCP pode ser facilitada pela aplicação de uma árvore de de- cisão. A árvore de decisão deverá ser aplicada de uma forma flexível, conforme a operação a que se refere – produção, elaboração, armazenamento, distribuição ou outra –, e deverá utilizar-se com carácter orientativo na determi- nação dos PCC. O exemplo da árvore de decisão pode não ser aplicável a todas as situações, pelo que poderão ser utilizadas outras abordagens. A identificação PCC tem duas consequências para a equipa HACCP: 1. assegurar que as medidas de controlo estão correcta- mente desenhadas e implementadas (se um perigo foi bem identificado no ponto em que o controlo é necessá- rio para a segurança do produto, e não existe aí nenhuma medida de controlo, então é necessário implementá-la); 2. estabelecer e implementar um sistema de monitoriza- ção/vigilância para cada ponto crítico. 8º PASSO – ESTABELECER OS LIMI- TES CRÍTICOS DE CADA PCC (PRINCÍ- PIO 3) Cada medida de controlo associada a um ponto crítico deve dar origem à especificação de um limite crítico. Os limites críticos correspondem aos valores extremos aceitáveis, relativamente à segurança do produto. Estes valores separam a aceitabilidade da inaceitabilidade. São estabelecidos parâmetros mensuráveis ou observá- veis que podem demonstrar que um ponto crítico está
  • 68. 68| sob controlo. Eles devem estar baseados em evidências consistentes, de forma a que o valor escolhido se tradu- za, na prática, no controlo do processo. Para cada ponto crítico de controlo, dever-se-á especifi- car se é possível estabelecer limites críticos. Em certos casos, para uma determinada fase, fixa-se mais do que um limite crítico. Entre os parâmetros aplicados encon- tram-se as medições de temperatura, de humidade, de tempo, de pH, de cloro, de AW (actividade da água), bem como aspectos sensoriais como a textura e o aspecto, o odor, etc. Os limites críticos podem provir de uma grande varie- dade de fontes pelo menos iguais aos requisitos legais. Quando os limites críticos não são retirados de diplo- mas legais ou de guias de boas práticas de higiene, as equipas deverão confirmar a sua validade para o contro- lo dos perigos identificados nesse ponto crítico. 9º PASSO – ESTABELECER OS PROCE- DIMENTOS DE MONITORIZAÇÃO PARA CONTROLO DE CADA PONTO CRÍTICO (PRINCÍPIO 4) Uma parte essencial do HACCP consiste na monitoriza- ção de cada ponto crítico para assegurar a conformida- de com o limite crítico fixado. Mediante estas observações ou medidas (monitoriza- ção), dever-se-á poder detectar a perda de controlo de um PCC. O ideal será que, através da monitorização, se obtenham informações a tempo de se poderem fazer cor- recções que permitam assegurar o controlo do processo, impedindo que se ultrapassem os limites críticos. Os processos deverão ser corrigidos quando os resultados indicarem uma perda de controlo de um ponto crítico. As correcções deverão ser efectuadas antes que ocorra um desvio. Os dados obtidos durante a monitorização deverão ser avaliados por uma pessoa designada, com conhecimentos e autoridade, para proceder a acções correctivas, quando necessário. A monitorização poderá ser contínua ou intermitente. Quando for intermitente, é necessário estabelecer a frequência com que será realizada. O programa de mo- nitorização descreve os métodos, os procedimentos de registo e a frequência com que o mesmo é realizado, isto é, estabelece: . quem efectua a monitorização e a verificação; . quando são efectuadas a monitorização e a verificação; . como são efectuadas a monitorização e a verificação; . tipo de registos a realizar (assinados por quem os rea- liza). 10º PASSO – ACÇÕES CORRECTIVAS (PRINCÍPIO 5) As acções correctivas terão de ser planeadas com an- tecedência pela equipa HACCP, para cada ponto críti- co de controlo, de forma a que as mesmas possam ser aplicadas sem hesitações sempre que se observe algum desvio. As acções correctivas devem incluir: - a identificação da pessoa responsável por implementar tais acções; - a descrição das medidas e acções requeridas para cor- rigir os desvios observados; - a descrição das medidas a tomar relativamente aos pro- dutos produzidos durante o período em que o processo esteve descontrolado, incluindo um sistema adequado de eliminação do produto deteriorado; - registos escritos das medidas tomadas, nomeadamente data, tempo, tipo de acção, verificação de controlo, pes- soal responsável, produtos eliminados, etc. A monitorização deve indicar: 1. que o parâmetro monitorizado se desviou do seu limi- te específico, sendo isto indicativo de perda de controlo e da necessidade de tomar a apropriada acção correctiva para retomar o controlo;
  • 69. 2. quais as medidas preventivas a implementar (verifi- cação do equipamento, verificação da pessoa que mani- pula alimento, etc.) se uma acção correctiva se repetir muitas vezes para o mesmo ponto do processo. 11º PASSO – PROCEDIMENTOS DE VERIFICAÇÃO (PRINCÍPIO 6) A equipa HACCP deve especificar os métodos e os pro- cedimentos utilizados para determinar se o HACCP está a funcionar correctamente. Os métodos de verificação podem incluir amostras e análises, reforço de análises ou testes em determinados pontos críticos ou num produto final ou mesmo durante a armazenagem ou distribuição de um produto. A frequência da verificação deverá ser suficiente para confirmar que o HACCP funciona correctamente e de- verá depender das características da empresa (natureza dos produtos, número de funcionários), da frequência da monitorização, do cuidado dos empregados, da fre- quência de desvio detectados, bem como dos perigos envolvidos. A verificação dos procedimentos inclui: - auditorias de HACCP e seus registos; - inspecção de operações; - confirmação do controlo dos pontos críticos; - validação dos limites críticos; - revisão dos desvios e das disposições - verificação da aplicação das medidas correctivas. A frequência da verificação irá influenciar a repetição de verificações, caso ocorram desvios nos limites críticos. A verificação deverá (não necessariamente ao mesmo tempo): - verificar se os registos foram correctamente realizados e analisar os desvios; - realizar a verificação física do processo monitorizado; - testar a calibração dos instrumentos utilizados na mo nitorização. A verificação deve ser realizada por alguém diferente daquele que realiza as acções de correcção e a monito- rização. Para algumas verificações, pode recorrer-se a entidades externas à empresa. Onde e quando for possível, as actividades de verifica- ção deverão incluir medidas que confirmem a eficácia dos elementos do plano de HACCP. Sempre que se realizarem mudanças, é necessário rever o sistema, verificando se o mesmo permanece válido. Alguns exemplos de mudanças: - mudanças de matéria-prima ou do produto, de condi- ções de processamento (layout, meio ambiente, equipa- mento, programa de limpeza e desinfecção); - mudanças das condições de embalagens, armazena- gem e distribuição; - mudança de uso do produto; - novas informações sobre algum perigo associado ao produto. Muitas destas mudanças poderão obrigar a alterações do processo e à reformulação do plano de HACCP. To- das as mudanças terão de ser incorporadas na documen- tação do plano de HACCP de forma a que o mesmo este- ja sempre actualizado. 12º PASSO – ESTABELECER DOCU- MENTOS (PRINCÍPIO 7) Os procedimentos do sistema de HACCP devem ser su- portados em documentação e registos apropriados à na- tureza e complexidade das operações. Os registos de- vem ser precisos, eficazes e reveladores de que o plano de HACCP está controlado e se mantém actualizado. A |69
  • 70. 70| documentação desenvolvida para orientar os estabeleci- mentos na aplicação do HACCP poderá servir como su- porte à elaboração dos modelos de registo a utilizar, que devem reflectir as operações específicas de cada estabe- lecimento e ser sempre validadas por um responsável. - Exemplos de documentos: . análise de perigos; . determinação de PCC; . determinação de limites críticos; . modificações ao sistema de HACCP. - Exemplos de registos: . actividades de monitorização de PCC; . desvios e acções correctivas associadas; . actividades de verificação. Um sistema de registos deve ser simples, de forma a ser facilmente apreendido pelos colaboradores.
  • 72. |ÁRVORE DE DECISÃO| NÃO SIM Existem medidas preventivas para o perigo identificado? Esta etapa foi concebida especificamente para eliminar a possível ocorrência do perigo ou reduzi-lo a um nível aceitável? A contaminação do perigo identificado poderá ocorrer acima de níveis acei- táveis ou poderá aumentar até níveis inaceitáveis? Modificar a etapa, o processo ou o produto O controlo nesta etapa é neces- sário para garantir a segurança? SIM SIM SIM NÃO É UM PCC STOP NÃO É UM PCC STOP NÃO NÃO NÃO NÃO SIM Ponto crítico de controlo Uma etapa posterior eliminará o perigo identificado ou re- duzirá a possível ocorrência a um nível aceitável? 72| NÃO É UM PCC STOP
  • 74. 74| |FORMAÇÃO| O Regulamento 852/2004 estabelece no Capítulo XII o seguinte: “Os operadores das empresas do sector alimentar de- vem assegurar que: O pessoal que manuseia os alimentos seja supervisado e disponha, em matéria de higiene dos géneros alimen- tícios, de instrução e/ou formação adequadas para o de- sempenho das suas funções; Os responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção do processo referido no nº1 do artigo 5º do presente re- gulamento ou pela aplicação das orientações pertinen- tes tenham recebido formação adequada na aplicação dos princípios HACCP; Todos os requisitos da legislação nacional relacionados com programas de formação de pessoas que trabalhem em determinados sectores alimentares sejam respeita- dos”. Os estatutos da APHORT estabelecem no seu Artigo 7º – Atribuições, no seu número 2 o seguinte: (…) A ASSOCIAÇÃO tem também atribuições na área da Formação, nomeadamente: (…); Formação de Empresários, Gestores e Dirigentes; Apoio e assistência às empresas associadas, nomeada- mente através de diagnósticos de necessidade de forma- ção e acções de formação profissional dos seus empre- gados; (…) A APHORT, no cumprimento dos seus Estatutos e, para dar cumprimento àquela disposição do Regulamento 852/2004, no âmbito da aplicação do presente Código de Boas Práticas de Higiene e Segurança Alimentar cria dois cursos, ministrados pela APHORT ou por Inst- tituições de ensino por ela reconhecidas. |CURSO APHORT DE FORMAÇÃO GERAL EM HIGIENE E SEGURANÇA ALIMENTAR / CÓDIGO DE BOAS PRÁTICAS| Destinatários: O curso é preferencialmente dirigido a empregados de unidades hoteleiras e de unidades de restauração que manuseiam alimentos. Objectivos: - Dotar os formandos dos conhecimentos nas áreas da Segurança Alimentar, com vista ao correcto exercício das suas funções e ao cumprimento das exigências le- gais, nacionais e comunitárias; - Fornecer as competências previstas no nº 1 do Capítulo XII do Regulamento 852/2004, no quadro de aplicação do Código de Boas Práticas de Higiene e Segurança Ali- mentar (APHORT). |CURSO APHORT DE FORMAÇÃO PARA RESPONSÁVEIS EM HIGIENE E SEGURANÇA ALIMENTAR / CÓDIGO DE BOAS PRÁTICAS| Destinatários: O curso é preferencialmente dirigido a empresários e gerentes de unidades hoteleiras e de res- tauração. Objectivos: - Dotar os formandos dos conhecimentos nas áreas da Segurança Alimentar, incluindo a aplicação dos prin- cípios do HACCP, com vista ao correcto exercício das suas funções (incluindo as de supervisão), ao cumpri- mento das exigências legais, nacionais e comunitárias, e das obrigações comerciais, ferramentas de relevância para o aumento da competitividade; - Fornecer as competências previstas no nº 2 do Capítulo XII do Regulamento 852/2004, no quadro de aplicação do Código de Boas Práticas de Higiene e Segurança Ali- mentar (APHORT).
  • 76. 76| A C B Alimentos de alto risco Amplo conjunto de alimentos que, pela sua natureza, composição ou forma de preparação culinária, apresen- tam duas características, podendo estar na origem de grande número de intoxicações alimentares: - são um óptimo caldo nutritivo para o desenvolvimento das bactérias; - degradam-se com facilidade. Alimentos perecíveis Os que se decompõem com facilidade. Análise de perigos Processo de recompilação e avaliação da informação sobre os perigos e as condições que os originam, para decidir aqueles que são importantes para a segurança dos alimentos e que deverão constar de um plano de HACCP. Acção Correctiva Acção que se deve realizar quando os resultados da mo- nitorização dos PCC indicam uma perda de controlo do processo. Bactérias Organismos vivos tão pequenos que são invisíveis ao olho humano (só podem ser observados com o auxílio de um microscópio). São seres muito simples, compos- tos por uma só célula, e que, quando em condições ópti- mas para o seu desenvolvimento, se reproduzem muito rapidamente. Características organolépticas Características próprias de cada produto, como a cor, sa- bor, cheiro e textura. Contaminação Presença de qualquer material estranho num alimento, de origem química, física ou biológica, ou qualquer outro que torne o alimento inadequado para ser consumido. Contaminação bacteriana Contaminação provocada por bactérias e que se encon- tra normalmente na origem da maioria dos casos de in- toxicações alimentares. Contaminação cruzada Factor que contribui para a ocorrência de doenças trans- mitidas pelos alimentos. Processo pelo qual microrga- nismos de uma área são transportados para outra área que anteriormente se encontrava limpa e que fica, então, infectada. Os casos mais perigosos de contaminação cruzada acontecem quando um manipulador de alimen- tos manuseia alimentos crus e cozinhados sem lavar as mãos (ou os utensílios) quando passa de uns para ou- tros. Controlo Estabelecer procedimentos de controlo das operações.
  • 77. |77 H F E DDiagrama de Fabrico ou Fluxograma Representação sistemática da sequência de fases ou operações levadas a cabo na produção ou elaboração de determinado produto alimentar. Desinfecção Redução do número de microrganismos para um nível que proteja os alimentos de uma contaminação perigo- sa, através de agentes químicos, sem prejuízo para os alimentos. Detergente Substância química que se usa para eliminar a sujidade e a gordura de uma superfície antes de ser desinfecta- da. Desinfectante Substância química que reduz o número de bactérias nocivas até um nível seguro. Doença de origem alimentar Qualquer doença de natureza infecciosa ou tóxica que seja ou se suspeite ser, causada pela ingestão de alimen- tos ou água contaminados. Esporos Formas latentes de resistência que algumas bactérias possuem para se protegerem contra condições extremas de temperatura. FIFO Representa a regra de rotação de stocks “First in, First out”, que em português significa que o primeiro produto a entrar em stock deve ser o primeiro a sair (PEPS), de- pendendo, no entanto, do prazo de validade do produto. HACCP Hazard Analysis Critical Control Point – Análise de Pe- rigos e Controlo dos Pontos Críticos: sistema que tem como finalidade a segurança alimentar. Higiene Alimentar Conjunto de medidas adequadas para assegurar a com- posição própria dos alimentos, a sua inocuidade e con- servação, desde a cultura, produção ou fabrico, até ao seu consumo. Higienização Conjunto das acções de limpeza e desinfecção. Infecção Alimentar Causada devido ao facto do microrganismo presente no alimento se multiplicar originando uma quantidade su- ficiente que cause doença no consumidor. I
  • 78. Intoxicação Alimentar Causada pela ingestão de alimentos que contêm toxi- nas, substâncias produzidas pelos microrganismos, ou causada por produtos químicos. Limite crítico Critério que diferencia a aceitabilidade da inaceitabili- dade do processo numa determinada fase. Limpeza Eliminação de sujidade, quer se trate de restos de ali- mentos, de gorduras ou de outro tipo de detritos. Manipuladores de alimentos Todas as pessoas implicadas na produção, preparação, processamento, embalamento, armazenamento, trans- porte, distribuição e venda de alimentos. Marcha em frente Circuito que os alimentos devem seguir, da zona mais suja para a mais limpa, de forma a que os alimentos prontos a servir não se cruzem com os alimentos que irão ser descascados, lavados, etc. Medida Preventiva: Medidas ou actividades que eliminam ou reduzem a ocorrência de perigos para a segurança alimentar. Microrganismos Seres vivos de pequenas dimensões, como as bactérias, Microrganismos patogénicos São seres vivos de reduzidas dimensões causadores de doenças. Perigo Agente biológico, químico ou físico presente no alimen- to, ou as condições em que este se encontra, que pode causar um efeito adverso para a saúde. Plano de HACCP Documento preparado em conformidade com os princí- pios do sistema HACCP, de forma a que o seu cumpri- mento assegure o controlo dos perigos que são signifi- cativos para a segurança dos alimentos, no segmento da cadeia alimentar considerado. Ponto Crítico de Controlo Fase em que se pode aplicar um controlo essencial para prevenir ou eliminar um perigo relacionado com a segu- rança dos alimentos ou para o reduzir a um nível acei- tável. Ponto de controlo Fase em que se pode aplicar um controlo. Restos O que resta dos pratos ou travessas dos clientes (isto é, das mesas) e que deve ser rejeitado. L M P R 78|
  • 79. S T Sistema HACCP Sistema que permite identificar, avaliar e controlar peri- gos significativos para a segurança dos alimentos. Sistema de monitorização Conjunto de observações ou medições dos parâmetros de controlo para avaliar se um ponto critico de controlo está efectivamente sob controlo. Sobras Alimentos que foram confeccionados em excesso, que não chegaram a ser servidos e nos quais se manteve a cadeia de frio/quente. Toxinfecção alimentar Doença de natureza infecciosa ou tóxica, causada ou que se presume ter sido originada pelo consumo de ali- mentos e de água. Validação Constatação de que os elementos do plano de HACCP são efectivos. Verificação Aplicação de métodos, procedimentos, ensaios, análises e outras avaliações, além da vigilância, para constatar o cumprimento do plano HACCP. Zona de perigo Intervalo de temperatura compreendido entre os 50C e os 650C no qual a maioria dos microrganismos se de- senvolvem rapidamente. V Z |79
  • 80. |BIBLIOGRAFIA| - Araújo, Manuel, Segurança Alimentar, Lisboa, Meribérica/Liber editores, 1997 - Baptista, Paulo et al., Higiene e Segurança Ali- mentar na Restauração, Forvisão, 2005 - Bourgeos, C.M.; Mescle, J.F.; Zucca , J. Micro- bioogia alimentaria, vol. I: aspectos microbio- lógicos de la seguridad y calidad alimentaria, Acribia, Zaragoza, 1994 - Codex Alimentarius- CAC/RCP 1-1969, rev. 3 (1997), rev 4 (2003) - Esteves, Patricia et al., Manual de Higiene e Segurança Alimentar, Inatel, 2003 - Fédération Européenne de la Restauration Col- lective, Guide Européen des Bonnes Pratiques en matière d’Hygiène pour la Restauration Col- lective, 1994 - Ferreira, Gonçalves F.A. ; Moderna Saúde Pú- blica, Fundação Calouste Gulbenkian, 1990 - Ferreira, Wanda, Microbiologia, Lidel, 1998 - Forsythe, Stephen, Microbiologia da Seguran- ça Alimentar, Artmed Editora - Guides de Bonnes Pratiques Hygièniques – Restaurateur, Journaux Officiels- 2001 - Hazelwood, D. e MCLean, A.C., Hygiene. Acomplete course for food handlers, 1ª edição, Hodder Stoughton, Ltd, MillRoad, Dunton Green, Sevenoaks, Kent, Inglaterra - UNIHSNOR – Código de Boas Práticas de Hi- giene para a Restauração, UNIHSNOR, 2001 www.agenciaalimentar.pt www.cfsan.fda.gov/mow/foodborn.html www.food.gov.uk http://ec.europa.eu/food/food/index_en.htm |LEGISLAÇÃO APLICÁVEL| - Decreto-Lei 168/97 de 4 de Julho, alterado pelo Decreto-Lei 139/99 de 24 de Abril - Decreto Regulamentar 38/97 de 25 de Setem- bro, alterado pelo Decreto Regulamentar 4/99 de 1 de Abril - Regulamento (CE) 852/2004 de 29 de Abril - Regulamento (CE) 853/2004 de 29 de Abril - Decreto-Lei n.º 147/2006 de 31 de Julho - Decreto-Lei n.º 234/2007 de 11 de Junho - Decreto-Lei n.º 306/2007 de 27 Agosto - Decreto-Lei n.º 39/2008 de 07 Março - NP 3293:2008 - NP 1524:1987 80|
  • 81. FICHA TÉCNICA: Título: Código de Boas Práticas de Higiene e Segurança Alimentar Aplicação dos princípios de HACCP para a Hotelaria e Restauração - edição Outubro 2008 Propriedade e edição: APHORT Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo Praça D. João I n.º 25, 4º Esq. 4000-295 Porto www.aphort.com Telefone: 22 3393760 Fax: 22 3393769 E-mail: correio@aphort.com Elaborado por: Helena Mântua Carrelhas . Gabinete de Qualidade, Segurança Alimentar e Ambiente da APHORT. Design. comni_www.comni.eu