“ Sermão de Santo António aos Peixes” - O Polvo que há em nós “ O polvo, com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela: com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão. E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa, testemunham constantemente os dois grandes doutores da igreja latina e grega, que o dito polvo é o maior traidor do mar.”   É fácil a qualquer um de nós, ao ler este pequeno excerto do Sermão de Santo António aos Peixes, identificar-se com esta figura do polvo e com a sua forma de agir. Se analisarmos bem o texto, esse é mesmo o seu objectivo. Vejamos em primeiro o polvo como o animal que é. Ele age de forma camuflada, porque desenvolveu, ao longo da sua evolução natural, defesas para poder sobreviver a uma natureza, que tem tanto de belo como de cruel e em que, quase sem excepção, se aplica a lei do mais forte, ou seja, comer ou servir de refeição a algo maior. Mas um animal não tem o poder de escolher entre praticar o bem ou o mal, faz simplesmente o que o seu instinto determina e que está inscrito no código genético da espécie - sobreviver.
O ser humano por seu lado, enquanto ser pensante, mostra o seu orgulho na inteligência que possui, perante a natureza em redor e muitas vezes não consegue ser melhor que um simples polvo. Esta comportamento dissimulado do polvo, também faz parte da nossa sociedade e de cada um de nós em particular, seja numa cábula, no mentir a alguém, em roubar, e em tantas outras coisas que todos conhecemos e tantas vezes condenamos, sem pensar nas vezes que nós próprios as cometemos. É verdade que, em certas alturas da vida, é tentador agir desta forma dissimulada. Será que compensa agir assim? Cabe a cada um de nós decidir, e assumir as responsabilidades dessa mesma decisão. Hoje somos estudantes, amanhã seremos engenheiros, doutores, ministros, operários, pedreiros, ou tantas outras coisas, mas será que poderemos afirmar que somos algo mais do que este polvo dissimulado, que não tem outra defesa a não ser o engano e a traição? Será que a nossa inteligência nos vai permitir arranjar argumentos para podermos impor a nossa vontade, sem recorrer a estratégias destrutivas e dissimulações como o polvo? Acredito sinceramente que sim, ou pelo menos sei que são mais os que pensam desta forma do que o contrário, porque senão nós não vivíamos, sobrevivíamos!  Trabalho de Filosofia elaborado por Carlos Costa, 11º AR

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O Polvo Carlos

  • 1. “ Sermão de Santo António aos Peixes” - O Polvo que há em nós “ O polvo, com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela: com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão. E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa, testemunham constantemente os dois grandes doutores da igreja latina e grega, que o dito polvo é o maior traidor do mar.” É fácil a qualquer um de nós, ao ler este pequeno excerto do Sermão de Santo António aos Peixes, identificar-se com esta figura do polvo e com a sua forma de agir. Se analisarmos bem o texto, esse é mesmo o seu objectivo. Vejamos em primeiro o polvo como o animal que é. Ele age de forma camuflada, porque desenvolveu, ao longo da sua evolução natural, defesas para poder sobreviver a uma natureza, que tem tanto de belo como de cruel e em que, quase sem excepção, se aplica a lei do mais forte, ou seja, comer ou servir de refeição a algo maior. Mas um animal não tem o poder de escolher entre praticar o bem ou o mal, faz simplesmente o que o seu instinto determina e que está inscrito no código genético da espécie - sobreviver.
  • 2. O ser humano por seu lado, enquanto ser pensante, mostra o seu orgulho na inteligência que possui, perante a natureza em redor e muitas vezes não consegue ser melhor que um simples polvo. Esta comportamento dissimulado do polvo, também faz parte da nossa sociedade e de cada um de nós em particular, seja numa cábula, no mentir a alguém, em roubar, e em tantas outras coisas que todos conhecemos e tantas vezes condenamos, sem pensar nas vezes que nós próprios as cometemos. É verdade que, em certas alturas da vida, é tentador agir desta forma dissimulada. Será que compensa agir assim? Cabe a cada um de nós decidir, e assumir as responsabilidades dessa mesma decisão. Hoje somos estudantes, amanhã seremos engenheiros, doutores, ministros, operários, pedreiros, ou tantas outras coisas, mas será que poderemos afirmar que somos algo mais do que este polvo dissimulado, que não tem outra defesa a não ser o engano e a traição? Será que a nossa inteligência nos vai permitir arranjar argumentos para podermos impor a nossa vontade, sem recorrer a estratégias destrutivas e dissimulações como o polvo? Acredito sinceramente que sim, ou pelo menos sei que são mais os que pensam desta forma do que o contrário, porque senão nós não vivíamos, sobrevivíamos! Trabalho de Filosofia elaborado por Carlos Costa, 11º AR