Os árabes:
Os árabes
• A Arábia é uma península da Ásia Ocidental,
  próxima da África. Limita-se a noroeste com a
  Palestina, ao sul com o oceano Índico, a leste
  com o golfo Pérsico e a oeste com o mar
  Vermelho.
Os árabes
• O litoral do mar Vermelho é a região que
  apresenta melhores condições geográficas,
  permitindo até mesmo uma razoável prática
  da agricultura, se bem que em áreas restritas.
  É ali que se localizam antigas cidades como
  Meca e Medina (anteriormente, Iatreb).
Os árabes
Os árabes
• Esses núcleos urbanos eram importantes
  centros comerciais, de onde partiam
  caravanas em direção a Aden, no sul da
  Arábia, ou a Bassorah, no golfo Pérsico. Nos
  referidos portos, os mercadores adquiriam
  especiarias orientais, que ali chegavam através
  da navegação de cabotagem, e as revendiam
  no Oriente Médio e Próximo. Os lucros eram
  enormes e fizeram a fortuna dos
  comerciantes, principalmente de Meca.
• Além do comércio externo, havia um ativo
  comércio interno entre os árabes do
  deserto, conhecidos como beduínos, e os do
  litoral. As práticas
  comerciais, contudo, circunscreviam-se aos
  meses finais do ano (setembro a
  dezembro), quando os beduínos se
  deslocavam em direção às cidades.
Os árabes
• Além de seus objetivos mercantis, essa migração
  possuía também um caráter religioso, tendo
  Meca como ponto de convergência. A atração da
  cidade era um templo, a célebre Caaba, que
  abrigava numerosos ídolos adorados pelas tribos
  do deserto, assim como uma Pedra Negra, sobre
  a qual, segundo a tradição, repousou Ismael,
  considerado o ancestral do povo árabe. Havia
  ainda em Meca uma fonte sagrada (Zem-Zem),
  um vale onde o demônio (Iblis) era apedrejado
  pelos fiéis e o Monte Arafat, local de meditação
  noturna.
Os árabes
A pedra negra:
• Os beduínos preferiam Meca a Iatreb porque a
  visita lhes dava satisfação espiritual e material,
  devido ao comércio das feiras. Por isso
  mesmo, existia entre as duas cidades uma
  rivalidade que era simultaneamente comercial
  e religiosa.
Meca:
Maomé:
• Maomé nasceu em Meca, por volta do ano
  570, e pertencia à tribo que dominava a
  cidade: os Coraixitas. No entanto, era de uma
  família pobre, os Hexemitas. Ficou órfão aos
  seis anos de idade, sendo criado pelo avô e
  em seguida pelo tio Abu Taleb.
• Aos 15 anos de idade, já trabalhava nas caravanas
  que viajavam pela Palestina e a Síria. Foi assim
  que tomou contato com povos e regiões
  diferentes e conheceu novas religiões,
  principalmente o cristianismo e o judaísmo.
  Assimilando os ensinamentos dessas duas
  doutrinas monoteístas, criou uma integração de
  elementos retirados do cristianismo, do judaísmo
  e do paganismo árabe.
• Porém, a vida agitada de Maomé não lhe
  permitia estruturar seu sistema religioso. Daí a
  importância de seu casamento com
  Khadidja, uma rica viúva que lhe proporcionou a
  estabilidade material necessária para seu
  desenvolvimento intelectual. Maomé começou a
  fazer retiros espirituais no Monte Arafat, até que
  no ano 610 teve “três visões” do anjo Gabriel. Na
  última, o anjo ter-lhe-ia dito: “Maomé, tu és o
  único profeta do verdadeiro Deus (Alá)!” A
  missão de Maomé estava implícita nessas
  palavras.
• Começava agora a etapa mais difícil da vida do
  Profeta: a difusão da crença. De início,
  restringiu suas pregações aos familiares e
  amigos, tendo em dois anos feito mais ou
  menos 80 adeptos. Sentindo-se mais seguro,
  iniciou a pregação pública aos Coraixitas, de
  quem naturalmente adviria a maior oposição,
  visto que estavam ligados economicamente ao
  politeísmo existente na Arábia.
• No começo, os Coraixitas se surpreenderam
  com as revelações de Maomé, segundo as
  quais só havia um Deus, de quem ele, Maomé,
  era o Profeta. Depois, procuraram ridicularizá-
  lo. Por fim, começou a perseguição. Uma
  tentativa de assassinato ocorreu em 622,
  quando então Maomé fugiu de Meca para
  Iatreb. Essa foi a Héjira (“fuga”), que marca o
  início do calendário muçulmano.
Os árabes
• Em Iatreb (a partir de então chamada
  Medina), Maomé afastou a oposição de um
  grupo de judeus que habitavam a cidade e se
  negavam a aceitar a crença em Alá. Em
  seguida, começou a Guerra Santa (Djihad)
  contra Meca, atacando suas caravanas, cujos
  itinerários conhecia muito bem. Seus êxitos
  militares eram considerados provas da
  existência de Alá.
• Diante do crescente prestígio de Maomé, os Coraixitas
  procuraram um acordo (Tratado de Hodaibiya): Maomé
  voltaria para Meca, mas os ídolos da Caaba deveriam
  ser conservados. Mas em 630, com o apoio dos árabes
  do deserto, Maomé destruiu os ídolos, com exceção da
  Pedra Negra, que foi solenemente dedicada a Alá.
  Estava implantado o monoteísmo e com ele surgiu o
  Islamismo, o mundo dos submissos a Alá e obedientes
  ao seu representante, o Profeta Maomé. Organizou-se,
  assim, um Estado Teocrático.
• De 630 até 632, quando morreu, Maomé viveu
  em Medina. Converteu pela força das armas os
  árabes recalcitrantes. Construiu a Mesquita de
  Kuba, em Medina, e organizou a doutrina islâmica
  em seus pontos essenciais. Seu livro básico, o
  Corão ou Alcorão, só foi compilado mais tarde,
  com base nos escritos de Said, um escravo persa
  que sintetizava seus pensamentos. A Suna,
  conjunto de ditos e episódios atribuídos a
  Maomé, surgiu depois, para completar a tradição
  em torno da vida do Profeta.
• A doutrina islâmica prega a existência de um só
  Deus, com natureza exclusivamente divina, sem
  forma humana; daí a proibição a todos os crentes
  (muçulmanos) de representarem formas vivas.
  Maomé devia ser considerado o último e
  principal profeta, continuador de Moisés e Jesus,
  também considerados profetas. Os muçulmanos
  deveriam acreditar nos anjos, no Juízo Final, no
  Inferno e no Paraíso; estes últimos possuíam uma
  conotação profundamente materialista, com
  sofrimentos e prazeres literalmente materiais.
Os árabes
Os árabes
• A moral islâmica baseava-se no cristianismo e
  nas tradições árabes. As principais exigências
  do islamismo eram: crença em Alá, cinco
  orações diárias, jejum no mês de
  Ramadã, peregrinar a Meca uma vez na vida e
  dar esmolas. A Guerra Santa (Djihad) contra
  os infiéis era uma prática recomendável, mas
  não obrigatória.
Caaba:
Peregrinação em Meca:

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Os árabes

  • 3. • A Arábia é uma península da Ásia Ocidental, próxima da África. Limita-se a noroeste com a Palestina, ao sul com o oceano Índico, a leste com o golfo Pérsico e a oeste com o mar Vermelho.
  • 5. • O litoral do mar Vermelho é a região que apresenta melhores condições geográficas, permitindo até mesmo uma razoável prática da agricultura, se bem que em áreas restritas. É ali que se localizam antigas cidades como Meca e Medina (anteriormente, Iatreb).
  • 8. • Esses núcleos urbanos eram importantes centros comerciais, de onde partiam caravanas em direção a Aden, no sul da Arábia, ou a Bassorah, no golfo Pérsico. Nos referidos portos, os mercadores adquiriam especiarias orientais, que ali chegavam através da navegação de cabotagem, e as revendiam no Oriente Médio e Próximo. Os lucros eram enormes e fizeram a fortuna dos comerciantes, principalmente de Meca.
  • 9. • Além do comércio externo, havia um ativo comércio interno entre os árabes do deserto, conhecidos como beduínos, e os do litoral. As práticas comerciais, contudo, circunscreviam-se aos meses finais do ano (setembro a dezembro), quando os beduínos se deslocavam em direção às cidades.
  • 11. • Além de seus objetivos mercantis, essa migração possuía também um caráter religioso, tendo Meca como ponto de convergência. A atração da cidade era um templo, a célebre Caaba, que abrigava numerosos ídolos adorados pelas tribos do deserto, assim como uma Pedra Negra, sobre a qual, segundo a tradição, repousou Ismael, considerado o ancestral do povo árabe. Havia ainda em Meca uma fonte sagrada (Zem-Zem), um vale onde o demônio (Iblis) era apedrejado pelos fiéis e o Monte Arafat, local de meditação noturna.
  • 14. • Os beduínos preferiam Meca a Iatreb porque a visita lhes dava satisfação espiritual e material, devido ao comércio das feiras. Por isso mesmo, existia entre as duas cidades uma rivalidade que era simultaneamente comercial e religiosa.
  • 15. Meca:
  • 17. • Maomé nasceu em Meca, por volta do ano 570, e pertencia à tribo que dominava a cidade: os Coraixitas. No entanto, era de uma família pobre, os Hexemitas. Ficou órfão aos seis anos de idade, sendo criado pelo avô e em seguida pelo tio Abu Taleb.
  • 18. • Aos 15 anos de idade, já trabalhava nas caravanas que viajavam pela Palestina e a Síria. Foi assim que tomou contato com povos e regiões diferentes e conheceu novas religiões, principalmente o cristianismo e o judaísmo. Assimilando os ensinamentos dessas duas doutrinas monoteístas, criou uma integração de elementos retirados do cristianismo, do judaísmo e do paganismo árabe.
  • 19. • Porém, a vida agitada de Maomé não lhe permitia estruturar seu sistema religioso. Daí a importância de seu casamento com Khadidja, uma rica viúva que lhe proporcionou a estabilidade material necessária para seu desenvolvimento intelectual. Maomé começou a fazer retiros espirituais no Monte Arafat, até que no ano 610 teve “três visões” do anjo Gabriel. Na última, o anjo ter-lhe-ia dito: “Maomé, tu és o único profeta do verdadeiro Deus (Alá)!” A missão de Maomé estava implícita nessas palavras.
  • 20. • Começava agora a etapa mais difícil da vida do Profeta: a difusão da crença. De início, restringiu suas pregações aos familiares e amigos, tendo em dois anos feito mais ou menos 80 adeptos. Sentindo-se mais seguro, iniciou a pregação pública aos Coraixitas, de quem naturalmente adviria a maior oposição, visto que estavam ligados economicamente ao politeísmo existente na Arábia.
  • 21. • No começo, os Coraixitas se surpreenderam com as revelações de Maomé, segundo as quais só havia um Deus, de quem ele, Maomé, era o Profeta. Depois, procuraram ridicularizá- lo. Por fim, começou a perseguição. Uma tentativa de assassinato ocorreu em 622, quando então Maomé fugiu de Meca para Iatreb. Essa foi a Héjira (“fuga”), que marca o início do calendário muçulmano.
  • 23. • Em Iatreb (a partir de então chamada Medina), Maomé afastou a oposição de um grupo de judeus que habitavam a cidade e se negavam a aceitar a crença em Alá. Em seguida, começou a Guerra Santa (Djihad) contra Meca, atacando suas caravanas, cujos itinerários conhecia muito bem. Seus êxitos militares eram considerados provas da existência de Alá.
  • 24. • Diante do crescente prestígio de Maomé, os Coraixitas procuraram um acordo (Tratado de Hodaibiya): Maomé voltaria para Meca, mas os ídolos da Caaba deveriam ser conservados. Mas em 630, com o apoio dos árabes do deserto, Maomé destruiu os ídolos, com exceção da Pedra Negra, que foi solenemente dedicada a Alá. Estava implantado o monoteísmo e com ele surgiu o Islamismo, o mundo dos submissos a Alá e obedientes ao seu representante, o Profeta Maomé. Organizou-se, assim, um Estado Teocrático.
  • 25. • De 630 até 632, quando morreu, Maomé viveu em Medina. Converteu pela força das armas os árabes recalcitrantes. Construiu a Mesquita de Kuba, em Medina, e organizou a doutrina islâmica em seus pontos essenciais. Seu livro básico, o Corão ou Alcorão, só foi compilado mais tarde, com base nos escritos de Said, um escravo persa que sintetizava seus pensamentos. A Suna, conjunto de ditos e episódios atribuídos a Maomé, surgiu depois, para completar a tradição em torno da vida do Profeta.
  • 26. • A doutrina islâmica prega a existência de um só Deus, com natureza exclusivamente divina, sem forma humana; daí a proibição a todos os crentes (muçulmanos) de representarem formas vivas. Maomé devia ser considerado o último e principal profeta, continuador de Moisés e Jesus, também considerados profetas. Os muçulmanos deveriam acreditar nos anjos, no Juízo Final, no Inferno e no Paraíso; estes últimos possuíam uma conotação profundamente materialista, com sofrimentos e prazeres literalmente materiais.
  • 29. • A moral islâmica baseava-se no cristianismo e nas tradições árabes. As principais exigências do islamismo eram: crença em Alá, cinco orações diárias, jejum no mês de Ramadã, peregrinar a Meca uma vez na vida e dar esmolas. A Guerra Santa (Djihad) contra os infiéis era uma prática recomendável, mas não obrigatória.