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Protocolos 1
MINISTÉRIO DA SAÚDE
      Secretaria de Atenção à Saúde




PROTOCOLOS CLÍNICOS E
DIRETRIZES TERAPÊUTICAS
               Volume I




    Série A. Normas e Manuais Técnicos




               Brasília - DF
                  2010
2010. MINISTÉRIO DA SAÚDE.
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.

SÉRIE A. NORMAS E MANUAIS TÉCNICOS

TIRAGEM: 2a EDIÇÃO - 15.000 EXEMPLARES

JOSÉ GOMES TEMPORÃO
Ministro de Estado da Saúde

ALBERTO BELTRAME
Secretário de Atenção à Saúde/Ministério da Saúde

Elaboração, distribuição e informações:                   EQUIPE DA COORDENAÇÃO EXECUTIVA
MINISTÉRIO DA SAÚDE                                       BÁRBARA CORRÊA KRUG
SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE                             INDARA CARMANIM SACCILOTTO
DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO ESPECIALIZADA                     ISABEL CRISTINA ANASTÁCIO MACEDO
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, 9º andar              KARINE MEDEIROS AMARAL
CEP:70058-900                                             LILIANA RODRIGUES DO AMARAL
Brasília - DF                                             MÁRCIA GALDINO DA SILVA
Tel.: (61) 3315.2626                                      MAURO MEDEIROS BORGES
Fax: (61) 3226.3674                                       SANDRA MARIA SCHMAEDECKE
e-mail: dae@saude.gov.br                                  VANESSA DE FARIA SANTOS KUSSLER
Home Page: www.saude.gov.br/sas
                                                          GRÁFICA EDITORA PALLOTTI
HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ                              Estrada Ivo Afonso Dias, 297. B.Fazenda São Borja
Unidade de Sustentabilidade Social                        CEP: 93032-550
R. Javari, 182, B. Mooca                                  São Leopoldo - RS
São Paulo - SP                                            Tel.: (51) 3081.0801
Tel.: (11) 2081.6400                                      CNPJ: 95.602.942/0016-32
e-mail: livroprotocolos@haoc.com.br                       www.graficapallotti.com.br
Home Page: www.hospitalalemao.org.br
                                                          Normalização: Scibooks/Scientific
EDITORES                                                  Revisão: Officium-Assessoria,
PAULO DORNELLES PICON                                     Seleção e Habilitação Ltda.
MARIA INEZ PORDEUS GADELHA                                Produção Eletrônica: Kromak Images
ALBERTO BELTRAME                                          Projeto Gráfico: Vanessa Fick
                                                          Diagramação: Jurandir Martins
Apresentação
                                                                         José Gomes Temporão
                                                                                     Ministro da Saúde




		 longo de quase 22 anos de existência, o Sistema Único de Saúde (SUS) se consolidou como a
         Ao
principal política pública do Brasil, promovendo inclusão social e buscando de forma contínua fortalecer seus
pilares básicos de acesso universal e igualitário e atenção integral à saúde.
		       Único acesso aos serviços de saúde para 160 milhões de brasileiros (cerca de 80% da população),
o SUS vem desenvolvendo mecanismos para aprimorar sua gestão e ampliar sua abrangência. Somente em
2009, para se ter ideia, foram realizados 3 bilhões de atendimentos ambulatoriais, 380 milhões de consultas
médicas, 280 mil cirurgias cardíacas e 10 milhões de procedimentos de radioterapia e de quimioterapia.
Além disso, outros avanços importantes merecem destaque: temos um dos maiores programas públicos de
transplantes de órgãos do mundo, ganhamos reconhecimento internacional pelo sucesso de nossas
campanhas de vacinação em massa e somos o único país em desenvolvimento a garantir, gratuitamente,
tratamento integral a portadores de HIV. 	
		       Pela complexidade e dimensão continental do Brasil, o SUS enfrenta desafios importantes.
O envelhecimento populacional e a mudança do perfil epidemiológico reforçam a necessidade de constantes
avaliações, correções e inovações para o aprimoramento do Sistema.
		       Da mesma forma, o advento de novas tecnologias e a pressão, muitas vezes acrítica, por sua
incorporação exigem que tenhamos, no Brasil, um complexo industrial da saúde forte, menos dependente
tecnologicamente do mercado externo. À medida que ampliamos nossa capacidade produtiva, conquista-
mos maior autonomia para definir prioridades na produção, sempre visando a uma oferta assistencial de
melhor qualidade. E é com este objetivo que investimos, nos últimos sete anos, mais de 6 bilhões de reais em
infraestrutura, pesquisa e tecnologia no setor da saúde.
		       Incorporamos vacinas e medicamentos, incentivamos a transferência de tecnologia para a produção
de remédios a partir de parcerias com o setor privado, iniciamos a construção de fábricas públicas e
reativamos laboratórios públicos para a produção de medicamentos.
		 páginas destes Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas são também resultado do esforço do
         As
Ministério da Saúde no sentido de aprimorar o sistema e qualificar a atenção aos usuários do SUS.
		       Este é o primeiro volume de outros que virão, e aborda os 33 protocolos publicados entre janeiro de
2009 e maio de 2010 pela Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), que contou também com importante atuação
da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), da Comissão de Incorporação de
Tecnologias (CITEC) e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, este no âmbito dos “Projetos para o
Desenvolvimento Institucional do SUS”.
		       Temos orgulho em apresentar este primeiro volume à população – usuários, profissionais da
saúde, gestores do SUS, agentes públicos e privados da assistência à saúde e do direito. A atualização dos
protocolos clínicos e das diretrizes terapêuticas é a garantia ao paciente de que ele terá no SUS um
tratamento seguro, com cuidados assistenciais e condutas diagnósticas e terapêuticas definidas a partir de
critérios técnicos e científicos de eficácia e efetividade.

22 de Julho de 2010.
Apresentação                                                                       Alberto Beltrame
                                                                             Secretário de Atenção à Saúde



		       Uma adequada assistência farmacêutica é parte essencial da assistência à saúde, e o acesso a
medicamentos é, em muitos casos, fundamental para o processo de atenção integral à saúde. A garantia
do acesso a medicamentos, especialmente àqueles recém-lançados, ditos inovadores, no entanto, tem sido
tema frequente de debates e até mesmo de tensões entre usuários e gestores do SUS, muitas vezes media-
das pelo Judiciário.
		 sociedade tem assistido esperançosa, ou até mesmo assombrada, a uma verdadeira avalanche
         A
de inovações tecnológicas no campo da saúde. Há menos de dez anos, cerca de metade dos recursos
diagnósticos e terapêuticos hoje existentes não estavam disponíveis. A aceleração das inovações tem mar-
cado de forma indelével a medicina neste início de século.
		 escalada do conhecimento e a velocidade com que este se transforma em produtos inovadores,
         A
ou pretensamente inovadores, atendem, de um lado, ao legítimo anseio de médicos, pacientes e gestores
de sistemas de saúde em poder dispor e oferecer mais e melhores recursos terapêuticos. De outro lado, são
instrumentos na disputa entre conglomerados farmacêuticos e produtores de equipamentos em colocar-se
adiante uns dos outros e, com isso, garantir mercados e dividendos a seus acionistas, pois da inovação de-
pendem o lucro e a sobrevivência dessas empresas.
		       Em face deste imperativo empresarial e da ansiedade generalizada da sociedade por soluções
terapêuticas, a cada ano são lançados medicamentos e outros produtos, cujo processo de desenvolvimento
e avaliação, muitas vezes, deixa a desejar, seja pela grande assimetria entre benefícios e custos ou simples-
mente pela sua segurança, nem sempre bem estabelecida.
		       Assim, se o acesso a medicamentos, especificamente, é questão central da atenção à saúde, é pre-
ciso que se discuta e se defina sua abrangência. Deve ser ele ilimitado, mesmo que envolva medicamentos
experimentais, sem registro no Brasil e sem suficiente comprovação científica de eficácia e efetividade, ou
deve ser tecnicamente parametrizado?
		       Diante deste quadro, a inovação tecnológica e, especialmente, sua incorporação à prática assisten-
cial e aos sistemas de saúde, não podem se curvar a pressões corporativas, industriais ou mercantis, e sim
ser subordinadas aos interesses da saúde pública, da sociedade, das pessoas. Deve-se evitar que um objeto
de pesquisa, uma hipótese ou um resultado interino sejam antecipados como conhecimento científico defini-
tivo e extrapole-se como uma conduta médica estabelecida antes das verificações e validações necessárias.
		       Escolhas precisam ser feitas. Governos, sociedade, indivíduos, assim como as famílias
frequentemente se deparam com a necessidade de fazer escolhas. E essas escolhas não são apanágio de
países pobres ou emergentes. Países desenvolvidos também o fazem. Sistemas de saúde, especialmente os
de cobertura universal como o nosso, devem ser ainda mais criteriosos nas suas escolhas.
		 incorporação de novas tecnologias, insumos, equipamentos e medicamentos envolve, além de
         A
aspectos econômicos e orçamentários, aspectos morais e éticos, adequada alocação de recursos públicos
e critérios técnicos que não dispensam a evidência científica de sua validade, nem a determinação de seu
custo/benefício e de seu custo/utilidade.
		       Assim, fazer as escolhas corretas é o desafio que se impõe aos atores no campo da saúde,
sejam eles governo, pagadores privados, profissionais de saúde e consumidores. O desafio é proceder ao
escrutínio sistemático das inovações com vistas a identificar aquelas que aportem benefícios reais, para então
incorporá-las.
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas

		 Ministério da Saúde, ao reafirmar seus compromissos de fazer de seu cotidiano uma luta perma-
         O
nente para melhorar as condições de saúde de nossa gente, de aumentar ações e serviços de saúde, de
ampliar o acesso e a atenção à saúde com justiça e equidade e de promover a adequada alocação dos re-
cursos públicos, tem sido responsável em suas escolhas e criterioso quanto às suas incorporações. De forma
clara e transparente, com base em firmes critérios técnicos e em evidências científicas, as incorporações têm
beneficiado sempre as alternativas diagnósticas e terapêuticas reconhecidamente seguras e efetivas, cujos
benefícios e custos guardem o melhor equilíbrio possível e não prejudiquem a justiça e a igualdade de acesso
a elas.
		 incorporação de uma nova tecnologia precisa seguir-se de uma adequada utilização na prática
         A
assistencial, de forma a gerar os melhores impactos esperados sobre a saúde da população. A elaboração e
a publicação dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs) têm papel essencial nesse processo.
		       Ao publicar este primeiro volume dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, o Minis-
tério da Saúde cumpre um relevante papel na organização e qualificação da atenção à saúde e
do próprio SUS bem como na melhoria de sua gestão. Difunde-se, desta maneira, em larga es-
cala, informação técnica de qualidade baseada na melhor evidência científica existente. Observan-
do ética e tecnicamente a prescrição médica, os PCDTs têm o objetivo de estabelecer os critérios de
diagnóstico de doenças, o algoritmo de tratamento com os medicamentos e as doses adequadas, os
mecanismos para o monitoramento clínico quanto à efetividade do tratamento e a supervisão de possíveis
efeitos adversos, além de criar mecanismos para a garantia da prescrição segura e eficaz.
		       Além de nortearem uma assistência médica e farmacêutica efetiva e de qualidade, os PCDTs
auxiliam os gestores de saúde nas três esferas de governo, como instrumento de apoio na disponibilização de
procedimentos e na tomada de decisão quanto à aquisição e dispensação de medicamentos tanto no âmbito
da atenção primária como no da atenção especializada, cumprindo um papel fundamental nos processos
de gerenciamento dos programas de assistência farmacêutica, na educação em saúde, para profissionais e
pacientes, e, ainda, nos aspectos legais envolvidos no acesso a medicamentos e na assistência como um
todo.
		       Neste primeiro volume estão reunidos 33 PCDTs, todos tratando de temas relevantes para a população
brasileira e para a gestão do SUS. São revisões/atualizações de Protocolos já existentes ou inteiramente no-
vos, publicados previamente em consulta pública e posteriormente consolidados em portarias da Secretaria de
Atenção à Saúde. Muitos outros PCDTs estão sendo elaborados ou atualizados e, passando pelo mesmo
processo de consulta pública e consolidação, deverão ser reunidos num segundo volume, a também se
publicar em breve. Assim é o trabalho de elaboração e publicação de PCDTs – um processo dinâmico e per-
manente de revisão, complementação, atualização técnico-científica e executiva e de consideração de novas
demandas e realidades.
		       Todo este processo de atualização e elaboração dos PCDTs foi desenvolvido em parceria com o
Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), que presta suporte gerencial e financeiro ao desenvolvimento deste
trabalho e integra os “Projetos de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS” dos chamados Hospitais
de Excelência.
		       Aqui registro o agradecimento ao HAOC e a todos aqueles que, devidamente nominados ou não
neste volume, especialistas dos grupos elaboradores, integrantes da equipe da coordenação técnica e
membros do grupo técnico de verificação, contribuíram e continuam a contribuir para tornar este trabalho uma
realidade.



21 de Julho de 2010.
Introdução
                                                                 Hospital Alemão Oswaldo Cruz


HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

	        O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, desde sua fundação, em 1897, sustenta a vocação para cuidar das
pessoas, sempre aliando acolhimento, precisão e excelência assistencial. A base desse cuidado é o atendi-
mento integral à cadeia da saúde, que engloba educação, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação,
com foco nas áreas circulatórias, digestivas, osteomusculares, oncológicas e atenção ao idoso.
	        A atuação de seu competente corpo clínico e de uma das equipes assistenciais mais
bem treinadas contribui para que o Hospital seja reconhecido como uma das melhores instituições de saúde do
Brasil. No âmbito mundial, o reconhecimento é chancelado pela certificação internacional da Joint Commission
International (JCI).
	        A trajetória da Instituição é orientada pelo tripé da sustentabilidade – obtenção de resultados finan-
ceiros somados a benefícios sociais e ambientais. Com esse direcionamento, o Hospital, ao zelar pela quali-
dade da assistência e redução dos desperdícios, alcança eficiência do seu modelo de gestão e garante que
os ganhos econômicos coexistam com ações para promover o desenvolvimento da sociedade.



SUSTENTABILIDADE SOCIAL

	       Em 2008, ao lado de outras cinco entidades privadas, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz foi habilitado
pelo Ministério da Saúde como “Hospital de Excelência”. Criado esse vínculo formal com o poder público, em
novembro de 2008, foi assinado o Termo de Ajuste para Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema
Único de Saúde (SUS), na condição de Entidade Beneficente de Assistência Social. A instituição comprome-
teu-se com 12 projetos ligados a gestão, pesquisa, capacitação e tecnologia, ampliando os benefícios ofereci-
dos à população brasileira.
	       Para atender aos programas, foi constituída a Superintendência de Sustentabilidade Social, respon-
sável por coordenar e colocar em prática os projetos que contribuem para a qualidade de vida e saúde da
população, buscando os mais elevados padrões de atendimento e tecnologia. Uma unidade foi inaugurada
no bairro da Mooca, em São Paulo, para, além de abrigar a execução dos projetos “Programa Integrado de
Combate ao Câncer Mamário” e “Centro de Oncologia Colorretal”, centralizar a coordenação e supervisão das
ações.
	       Ao participar dos “Projetos de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS”, o Hospital Alemão
Oswaldo Cruz contribui com suporte gerencial, técnico e financeiro. Com transparência e rastreabilidade dos
recursos utilizados, a instituição coloca à disposição do setor público o que tem de melhor, colaborando para a
consolidação das melhores práticas do modelo de atuação das Entidades Beneficentes de Assistência Social
em prol do desenvolvimento do Sistema Único de Saúde do País.
	       Inserido no objetivo maior, o projeto de “Criação do Núcleo de Coordenação e Elaboração dos Pro-
tocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas para Medicamentos de Alto Custo” busca o impacto direto na quali-
dade dos serviços de saúde oferecidos à população por meio da otimização de todo o processo de escolha
de medicamentos, entrega e acompanhamento posterior, o que acarreta um atendimento integral e sem des-
perdícios de recursos.
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas

	       O Hospital Alemão Oswaldo Cruz atua em parceria com o Ministério da Saúde com a coordenação
da equipe técnica, formada por profissionais do setor altamente qualificados e engajados nas premissas do
projeto de promoção do uso racional e seguro de medicamentos. O projeto de Protocolos Clínicos e Diretrizes
Terapêuticas articula-se, ainda, com outros dois, igualmente apoiados pela instituição: “Desenvolvimento de
Sistema Informatizado para Gerenciamento e Implementação de PCDT” e “Criação de Serviços Especializa-
dos nos Estados para Implementação de Protocolos Clínicos”.
	        Nesta edição do livro, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz reconhece a importância do relacionamento
com o Ministério da Saúde, com agradecimento particular à Secretaria de Atenção à Saúde e à Secretaria de
Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), cujo comprometimento foi fundamental para o sucesso e
andamento do projeto dos PCDTs. Por fim, a instituição acredita que, com o apoio aos projetos acordados com o
Ministério da Saúde, sua contribuição torna-se mais efetiva para o desenvolvimento do Sistema Único de Saúde.
Os Editores

	        Há numerosas evidências na literatura científica de que os chamados Clinical Practice Guidelines são
efetivos em melhorar os processos e a estrutura dos cuidados em saúde.
		 elaboração e a publicação de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs) para as doen-
         A
ças e condições tratadas com os medicamentos hoje integrantes do Componente Especializado da Assistên-
cia Farmacêutica (CEAF) consolidam o processo de criação de políticas públicas baseadas em evidências
científicas.
	        Vários outros PCDTs encontram-se em diferentes estágios de elaboração e publicação, todos com
foco na qualificação dos processos diagnósticos e terapêuticos.
         A
		 relevância dos temas protocolados está definida pela própria doença ou pela condição a ser tratada
e, também, pela inclusão do(s) medicamento(s) no CEAF. Trata-se de situações clínicas prioritárias para a
saúde pública que, por sua prevalência, complexidade ou alto impacto financeiro, impõem ao Ministério da
Saúde a necessidade de protocolar e estabelecer diretrizes técnico-científicas e gerenciais.
         A
		 dinâmica de elaboração dos PCDTs adotada nesta edição foi parcialmente alterada em relação
ao processo anterior. Foram aperfeiçoados os métodos de elaboração e de alcance de consenso interno,
mantendo-se a forma de obtenção de consenso externo, por meio de chamada em consulta pública nacional,
com a publicação dos PCDTs no Diário Oficial da União.
		       Isto porque a elaboração de normas e Guidelines também evoluiu muito na última década,
conforme se pode observar na literatura científica sobre o tema. Atendendo a recomendações internacio-
nais (The AGREE Collaboration. Appraisal of Guidelines for Research & Evaluation (AGREE) Instrument.
www.agreecollaboration.org), foram desenvolvidas estratégias que solidificaram novos processos relaciona-
dos com a validade, a fidedignidade, a relevância e a potencial aceitabilidade das recomendações. A literatura
científica reconhece a dificuldade de os médicos seguirem recomendações que não sejam condizentes com a
realidade local, que não sejam reprodutíveis, que se afastem da verdade e da ciência ou que sejam de difícil
compreensão. Acumulam-se diretrizes elaboradas sob óticas diversas e em cujo conteúdo encontram-se
interesses alheios, que podem resultar no predomínio do interesse financeiro sobre o científico. Por outro
lado, a nova recomendação pode ser vista como uma ameaça à autoridade técnica do profissional. Assim, no
esforço maior de se fazer chegar à melhor prática profissional, com máxima dedicação e interesse no bem
público e na busca do melhor para a saúde pública brasileira, foi que os grupos técnicos debruçaram-se sobre
esse trabalho tão nobre para o exercício da medicina e a qualificação da gestão da saúde pública.
		       Uma das principais estratégias para a obtenção de consenso interno foi a criação de um grupo
técnico multissetorial e multiprofissional do Ministério da Saúde (GT/MS), formado por profissionais das
áreas de administração, bioquímica, ciência e tecnologia, economia, farmácia, fisioterapia e medicina,
representantes da Comissão de Incorporação de Tecnologias (CITEC), do Departamento de Assistência
Farmacêutica (DAF), do Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT) – ligados à Secretaria de Ciên-
cia e Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS) –, do Departamento de Atenção Especializada (DAE)
da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS) e por membros da Equipe da Coordenação Técnica (ECT) do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), parceiro do Ministério da Saúde no âmbito dos “Projetos para o De-
senvolvimento Institucional do SUS”.
         O
		 GT/MS tem a liderança executiva do DAE/SAS/MS e conta com a consultoria técnica de um médico
com experiência na criação de diretrizes, ligado à ECT/HAOC, sendo a edição das versões de todos os textos
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas

uma responsabilidade conjunta. A ECT/HAOC age proativamente na formação dos grupos elaboradores, no
repasse a eles das normas editoriais publicadas (Portaria SAS/MS nº 375, de 10 de novembro de 2009) e no
auxílio contínuo nos processos de busca da literatura, de estabelecimento de padrões de qualidade e de rele-
vância dos estudos encontrados, bem como na interpretação técnica das evidências científicas disponíveis.
	        A ECT/HAOC encarrega-se da organização e estruturação do trabalho e dos contratos com os grupos
elaboradores dos PCDTs. Nesses contratos, ficam claramente expressos os acordos de confidencialidade
para preservação dos autores e dos textos até a publicação em livro e a declaração de conflitos de interesses
de todos os autores. Tais acordos visam a preservar os consultores e o Ministério da Saúde em esferas tão
relevantes como sigilo e independência intelectual, fatores indispensáveis para a validade e fidedignidade das
recomendações técnicas.
	        Todos os grupos elaboradores são compostos por médicos especialistas nos respectivos assuntos.
A revisão da literatura é realizada por médicos especialistas ou por médicos internistas com treinamento em
Epidemiologia e conhecimento de Medicina Baseada em Evidências. As buscas são realizadas de maneira
estruturada, ou seja, pela revisão ampla no Medline (a maior base de dados disponível) e, sempre que pos-
sível, no Embase. Não seria adequado, nem desejável, realizar revisões sistemáticas completas para cada
pergunta relevante em cada um dos Protocolos; certamente excelentes textos científicos seriam elaborados,
porém de difícil, se não inviável, implementação em razão do tempo demandado.
	        Optou-se pelo processo ágil da revisão estruturada com definição de desfechos clínicos relevantes
estabelecidos pelos médicos especialistas. Além disso, são enfatizadas a busca e a leitura de ensaios clínicos
randomizados (ECRs) metodologicamente bem planejados e conduzidos, com desfechos relevantes para os
pacientes. ECRs com desfechos intermediários (laboratoriais) são frequentemente excluídos da leitura crítica.
Todas as revisões sistemáticas (RS) encontradas são incluídas na análise, exceto as inconclusivas ou as que
tratam de intervenções ou desfechos irrelevantes.
	        Os textos são inicialmente avaliados pelo GT/MS. Depois de lidos, são discutidos em detalhes nas
reuniões periódicas do GT/MS, ocasiões em que são feitas verificações técnicas ou propostas adequações às
formas de funcionamento e de financiamento do SUS. Todas as sugestões voltam aos grupos elaboradores
para nova revisão, que resulta na primeira versão do PCDT.
	        As situações de discordância são resolvidas com a participação de todos os envolvidos, sempre
mantendo o foco no interesse maior, que é o bem público, de se adotar no SUS a melhor prática assistencial
e os mais qualificados e seguros métodos diagnósticos e terapêuticos. Em algumas situações, o texto é rea-
presentado ao GT/MS e novas sugestões retornam ao grupo elaborador. Neste caso, é a partir de uma se-
gunda versão que o DAE/SAS/MS define e formata a minuta das consultas públicas ou das portarias a serem
encaminhadas para publicação, pela SAS/MS, no Diário Oficial da União.
	        Quando publicado em consulta pública, o PCDT passa para uma segunda etapa. As sugestões de
usuários, médicos, empresas farmacêuticas e entidades representativas de classes profissionais e de paci-
entes, independentemente de sua forma de entrada no Ministério da Saúde, são encaminhadas para avalia-
ção pelos grupos elaboradores. Sugestões validadas e referendadas por estudos científicos com adequação
metodológica para avaliação de eficácia e segurança são incorporadas aos textos dos PCDTs. Quando
se tratar de medicamento ou procedimento não constante da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e
Órteses, Próteses e Materiais do SUS, um parecer técnico é solicitado ao grupo elaborador do PCDT e
submetido à CITEC. A CITEC avalia a relevância, a pertinência e o impacto financeiro da incorporação da
tecnologia em pauta: se recomendada pela CITEC e aprovada pelo Ministro da Saúde, é inserida na Tabela e
incorporada ao novo texto do PCDT.
	        Assim, estes 33 PCDTs, publicados como portarias da SAS, resultaram de um extenso trabalho
técnico de pessoas e instituições e da própria sociedade brasileira. Durante este árduo processo, manifesta-
ções de satisfação de todos os envolvidos em sua elaboração e de usuários finais – profissionais da saúde e
pacientes – puderam ser testemunhadas, comprovando que a solidez e a fidedignidade técnicas dos PCDTs
têm impacto positivo nas políticas públicas de saúde.

21 de Julho de 2010.
Sumário
Apresentação
Apresentação ________________________________________________________________________3
José Gomes Temporão – Ministro da Saúde
Apresentação ________________________________________________________________________5
Alberto Beltrame – Secretário de Atenção à Saúde
Introdução___________________________________________________________________________7
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Os Editores__________________________________________________________________________9

Estrutura e Montagem____________________________________________________________13
Protocolos
Acne Grave_________________________________________________________________________21
Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais_______________________________37
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina____________________________59
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Reposição de Ferro III___________________77
Angioedema__________________________________________________________________________93
Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha_________________________________________109
Artrite Reativa – Doença de Reiter______________________________________________________127
Deficiência de Hormônio do Crescimento – Hipopituitairismo__________________________________143
Dermatomiosite e Polimiosite___________________________________________________________161
Distonias Focais e Espasmo Hemifacial__________________________________________________183
Doença Celíaca_____________________________________________________________________203
Doença de Parkinson_________________________________________________________________211
Doença Falciforme___________________________________________________________________233
Endometriose_______________________________________________________________________253
Esclerose Lateral Amiotrófica___________________________________________________________277
Espasticidade_______________________________________________________________________291
Fibrose Cística – Insuficiência Pancreática________________________________________________307
Fibrose Cística – Manifestações Pulmonares______________________________________________323
Hiperfosfatemia na Insuficiência Renal Crônica____________________________________________339
Hiperplasia Adrenal Congênita_________________________________________________________357
Hiperprolactinemia___________________________________________________________________375
Hipoparatireoidismo__________________________________________________________________395
Hipotireoidismo Congênito_____________________________________________________________409
Ictioses Hereditárias__________________________________________________________________421
Insuficiência Adrenal Primária – Doença de Addison________________________________________437
Insuficiência Pancreática Exócrina______________________________________________________453
Miastenia Gravis____________________________________________________________________465
Osteodistrofia Renal__________________________________________________________________489
Puberdade Precoce Central____________________________________________________________507
Raquitismo e Osteomalacia____________________________________________________________525
Síndrome de Guillan-Barré____________________________________________________________545
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas




Síndrome de Turner__________________________________________________________________563
Uveítes Posteriores Não Infecciosas_____________________________________________________577


Editores e Equipe Técnica_______________________________________________________597

Anexos
Anexo I – Cartas-Modelo______________________________________________________________603
Anexo II – Ficha de Registro de Intervenção Farmacêutica___________________________________605
Estrutura e Montagem dos
 Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
                                                                                        Os Editores

	        	 estrutura e a montagem deste livro seguem o mesmo padrão utilizado na edição dos Protoco-
         A
los Clínicos e Diretrizes Terapêuticas de 2002.   A estrutura de cada capítulo compreende seis módulos:
1. Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas; 2. Termo de Esclarecimento e Responsabilidade; 3. Fluxograma
de Tratamento; 4. Fluxograma de Dispensação; 5. Ficha Farmacoterapêutica; e 6. Guia de Orientação ao
Paciente. Os módulos encontram-se inter-relacionados e abordam aspectos médicos, farmacêuticos e de
gestão. Cada um deles segue uma padronização de formato que é explicada a seguir.

MÓDULO 1 - DIRETRIZES DIAGNÓSTICAS E TERAPÊUTICAS
         	 s linhas gerais de diagnóstico, tratamento, monitorização clínica e laboratorial da doença são tra-
         A
çadas nesta seção. As diferentes intervenções terapêuticas são abordadas sob a perspectiva de criação
de uma linha de cuidado envolvendo os vários níveis de atenção. Quando não fazia parte do Componente
Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), adstrito, portanto, à Atenção Básica, o medicamento
recomendado não constou nos módulos Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, Fluxograma de Dis-
pensação, Ficha Farmacoterapêutica e Guia de Orientação ao Paciente. Reservaram-se estes módulos aos
medicamentos do CEAF, sob responsabilidade de gestão das Secretarias Estaduais da Saúde.
	        	 s textos dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs), juntamente com o Termo de
         O
Esclarecimento e Responsabilidade, foram publicados no Diário Oficial da União, sob a forma de portaria
ministerial. Pequenas diferenças entre a portaria publicada e o texto deste livro são apenas estruturais, para
                                                                   José Gomes Temporão
respeitar a padronização do formato, preservando-se sempre o conteúdo. As normas para elaboração das
                                                                                 Ministro da Saúde
diretrizes terapêuticas foram estabelecidas pela Portaria SAS/MS nº 375, de 10 de novembro de 2009.
	        	 s PCDTs foram organizados na sequência apresentada abaixo. Alguma variação entre eles decorre
         O
das particularidades de cada doença.

        1	 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA
       	 escreve detalhadamente a estratégia de busca utilizada na revisão de literatura, citando as bases
        D
de dados consultadas, palavras-chave, período no tempo e limites de busca (se utilizados), tipos e número
de estudos identificados, critérios de inclusão dos estudos. Foram priorizadas as revisões sistemáticas (com
ou sem metanálise), os ensaios clínicos randomizados e, na ausência destes, a melhor evidência disponível,
sempre acompanhadsa de uma análise da qualidade metodológica e sua implícita relação como estabeleci-
mento de relação de causalidade.

       2 INTRODUÇÃO
	      Corresponde à conceituação da situação clínica a ser tratada, com a revisão de sua definição e
epidemiologia, potenciais complicações e morbimortalidade associada. Sempre que disponíveis, dados da
epidemiologia da doença no Brasil foram fornecidos.

		      3 CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DAS DOENÇAS E PROBLEMAS 		
   	         RELACIONADOS À SAÚDE (CID-10)
        Utiliza a classificação da doença ou condição segundo a CID-10.

		      4 DIAGNÓSTICO
	       	 presenta os critérios de diagnóstico para a doença, subdivididos em diagnóstico clínico,
        A
laboratorial ou por imagem, quando necessário.




                                                                                                                 13
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


             5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
            Correspondem aos critérios a serem preenchidos pelos pacientes para serem incluídos no protocolo de
     tratamento com os medicamentos do CEAF. Estes critérios podem ser clínicos ou incluir exames laboratoriais e
     de imagem. Trata-se aqui de definir claramente a situação clínica na qual o benefício do tratamento é evidente-
     mente superior ao risco.

             6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
              	 orrespondem aos critérios que impedem a inclusão do paciente no PCDT podendo, em geral, configu-
              C
     rar contraindicações absolutas relacionadas aos medicamentos ou situações clínicas peculiares em que não haja
     evidência de eficácia ou exista evidência de risco ao paciente.

             	 CASOS ESPECIAIS
             7
             	 ompreendem situações a respeito da doença ou do tratamento em que a relação risco/benefício deve
             C
     ser cuidadosamente avaliada pelo médico prescritor, nas quais um Comitê de Especialistas, designado pelo ges-
     tor estadual, poderá ou não ser consultado para decisão final de tratar (exemplos: idosos, crianças, gestantes e
     existência de contraindicações relativas) ou em situações clínicas não contempladas nos critérios de inclusão,
     mas que necessitam de tratamento.

             	
             8    COMITÊ DE ESPECIALISTAS
             	 onstitui-se de um grupo técnico-científico capacitado que é proposto em determinados PCDTs em que
             C
     se julga necessária a avaliação dos pacientes por motivos de subjetividade do diagnóstico, complexidade do
     tratamento, risco alto com necessidade de monitoramento, ou em casos especiais.
             	 Comitê de Especialistas deverá estar inserido, sempre que possível, em um Serviço Especializado ou
             O
     em um Centro de Referência, sendo sua constituição uma recomendação que protege o paciente e o gestor, mas
     não uma obrigatoriedade.

             	 CENTRO DE REFERÊNCIA
              9
             	 em como objetivo prestar assistência em saúde aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS),
              T
     promovendo a efetividade do tratamento e o uso responsável e racional dos medicamentos preconizados
     nos PCDTs. O Centro de Referência (CR) pode proceder à avaliação, ao acompanhamento e, quando for o
     caso, à administração dos medicamentos. Sua criação é preconizada em alguns protocolos, com particulari-
     dades que deverão respeitar e adaptar-se a cada doença/condição ou cuidado especial requerido, como cus-
     to muito elevado, possibilidade de compartilhamento, necessidade de armazenamento, estabilidade, etc. A
     constituição do CR é uma recomendação, mas não uma obrigatoriedade.

             	 0 TRATAMENTO
             1
             	 iscute-se o embasamento científico das opções de tratamento para todas as fases evolutivas da doen-
             D
     ça. Sempre que indicados, os tratamentos não farmacológicos (mudanças de hábitos, dieta, exercícios físicos,
     psicoterapia, fototerapia, entre outros) e cirúrgicos são também avaliados. O tratamento apresenta-se dividido
     em subitens.

             	 0.1 FÁRMACOS
             1
            Indicam os nomes da substâncias ativas de acordo com a Denominação Comum Brasileira (DCB) e as
     apresentações disponíveis do(s) medicamento(s) no SUS em ordem crescente das linhas de tratamento.

             	 0.2 ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO
             1
             Apresenta as doses terapêuticas recomendadas (incluindo mínima e máxima, quando houver), as vias
     de administração e os cuidados especiais, quando pertinentes. Indica os medicamentos a serem utilizados nas
     diferentes fases evolutivas, caso o esquema terapêutico seja distinto ou haja escalonamento de doses.

             	 0.3 TEMPO DE TRATAMENTO – CRITÉRIOS DE INTERRUPÇÃO
             1
             Define o tempo de tratamento e os critérios para sua interrupção. Tão importante quanto os critérios de


14
Estrutura e Montagem


início são os critérios de finalização de tratamento. Ênfase é dada no esclarecimento destes critérios
com vista à proteção dos pacientes.

       10.4 BENEFÍCIOS ESPERADOS
       Relata de forma objetiva os desfechos que podem ser esperados com o tratamento, isto é,
desfechos com comprovação científica na literatura médica.

	       11 MONITORIZAÇÃO
	       Descreve quando e como monitorizar a resposta terapêutica ou a toxicidade do medicamento.
Estão também contemplados efeitos adversos significativos que possam orientar uma mudança de
opção terapêutica ou de dose.

	     12 ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO
	     Define as condutas após o término do tratamento. Nos tratamentos crônicos,
sem tempo definido, indica também quando e como os pacientes devem ser reavaliados.

	       13 REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR
	       Esclarece ao gestor do SUS quais os passos administrativos que devem ser seguidos
especificamente para a doença ou condição do PCDT, se houver alguma particularidade.

	     14 TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE – TER
	     Refere-se à necessidade de preenchimento do TER, cuja obrigatoriedade é exclusiva para os
medicamentos pertencentes ao CEAF.

        15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
	       São numeradas e listadas segundo a ordem de aparecimento no texto, sendo identificadas por
algarismos arábicos sobrescritos.

MÓDULO 2 - TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE

	       O Termo de Esclarecimento e Responsabilidade (TER) tem por objetivo o comprometimento do
paciente (ou de seu responsável) e do médico com o tratamento estabelecido. Deve ser assinado por
ambos após leitura pelo paciente e/ou seu responsável e esclarecimento de todas as dúvidas pelo
médico assistente.
	       Com o objetivo de facilitar o entendimento por parte do paciente e/ou de seus cuidadores, o
texto é escrito em linguagem de fácil compreensão. Em algumas situações, porém, são mantidos os
termos técnicos devido à falta de um sinônimo de fácil entendimento pelo paciente. Nessas situações,
o médico assistente é o responsável por tais esclarecimentos.
	       São citados como possíveis efeitos adversos os mais frequentemente descritos pelo fabricante
do medicamento ou pela literatura científica. Efeitos raros são referidos apenas quando apresentam
grande relevância clínica.
	       Os TERs podem dizer respeito a um único medicamento ou a um conjunto deles, a serem ou
não empregados simultaneamente para a doença em questão. Nos TERs que se referem a mais de
um medicamento, ficam assinalados, de forma clara para o paciente, os que compõem seu tratamento.
Em alguns casos, os Protocolos incluem medicamentos que não fazem parte do CEAF, apresentando
dispensação por meio de outros Componentes da Assistência Farmacêutica ou blocos de financia-
mento. Tais medicamentos não são incluídos nos TERs, não sendo seu preenchimento, nesses casos,
obrigatório.
	       A concordância e a assinatura do TER constituem condição inarredável para a dispensação do
medicamento do CEAF.




                                                                                                         15
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     MÓDULOS 3 E 4 - FLUXOGRAMAS

     	        Cada PCDT apresenta dois fluxogramas: o de tratamento (médico) e o de dispensação (farmacêutico),
     exceto os que não possuem medicamentos do CEAF. Os fluxogramas de tratamento representam graficamente
     as Diretrizes Terapêuticas, apontando os principais passos desde o diagnóstico até o detalhamento das respos-
     tas aos diferentes tratamentos ou doses. Os fluxogramas de dispensação apresentam as etapas a serem segui-
     das pelos farmacêuticos ou outros profissionais envolvidos nas etapas especificadas, desde o momento em que
     o paciente solicita o medicamento até sua efetiva dispensação. Foram construídos de forma a tornar rápido e
     claro o entendimento da Diretriz Diagnóstica e Terapêutica e colocados lado a lado no livro de maneira a tornar
     claras ao médico e ao farmacêutico as fases interligadas do seu trabalho, que sempre são complementares.
     Os fluxogramas adotam a seguinte padronização:


                          Caixa azul = Situação. Define o início dos fluxos, estabelecendo a situação do paciente.




                          Caixa cinza = Explicação. Detalha e/ou explica questões ou condutas.



                          Caixa rósea = Conduta restritiva. Especifica uma ação que necessita de atenção e/ou
                          cautela.



                          Caixa verde = Conduta permissiva. Especifica um caminho aberto e mais
                          frequentemente recomendado.

                          Caixa verde com linha grossa = Conduta final permissiva. Estabelece tratamento e/ou
                          dispensação. Os próximos passos a partir desta caixa são de reavaliações do tratamento
                          ou da dispensação.	


                          Caixa rósea com linha grossa = Conduta final restritiva. Estabelece a interrupção do
                          tratamento ou mudança de conduta.



                          Losango amarelo = Questionamento. Introduz uma pergunta a ser respondida (sim ou
                          não) quando o fluxograma apresenta mais de um caminho a seguir.



                          Caixa laranja com bordas arredondadas = Alerta. Estabelece critérios de interrupção
                          do tratamento e da dispensação.

     	        Os fluxogramas de tratamento (médico) apresentam-se em formatos muito variáveis dependendo da es-
     trutura do diagnóstico e do tratamento da doença em questão. Já os fluxogramas de dispensação (farmacêutico)
     têm uma estrutura geral comum. Alguns aspectos previamente estabelecidos podem facilitar a compreensão dos
     fluxogramas de dispensação e são abaixo discutidos.

     • Possui LME corretamente preenchido e demais documentos exigidos?
     	      No momento da solicitação do medicamento, deverá ser averiguado se estão preenchidos adequada-
     mente os campos do Laudo para Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos do CEAF (LME) além
     dos demais documentos exigidos de acordo com a legislação vigente.

16
Estrutura e Montagem


• CID-10, exame(s) e dose(s) está(ão) de acordo com o preconizado pelo PCDT?
	 O profissional deve averiguar se a CID-10, a(s) dose(s) prescrita(s) e o(s) exame(s) necessário(s)
para avaliação da solicitação do medicamento estão em conformidade com o estabelecido no PCDT. As
doses representam, via de regra, o mínimo e o máximo recomendado por dia, a fim de facilitar o cálculo
do quantitativo a ser dispensado por mês.

•	 Realização de entrevista farmacoterapêutica inicial com o farmacêutico
	       Sugere-se que ocorra no momento da solicitação do(s) medicamento(s) pelo pacien-
te ao gestor do SUS. Esta atividade envolve as definições da Atenção Farmacêutica e, quando
realizada, deve ser desenvolvida pelo profissional farmacêutico. Para isso deve-se utilizar a Ficha
Farmacoterapêutica, podendo os dados coletados ser utilizados para atividades de orientação ao
paciente. A entrevista poderá ser feita após o deferimento e a autorização da dispensação, variando
de acordo com a logística de cada estabelecimento de saúde. A realização da entrevista farmaco-
terapêutica e as etapas seguintes do fluxograma, que envolvem o processo da Atenção Farmacêutica,
constituem uma recomendação, mas não uma obrigatoriedade.

• Processo deferido?
	        Feita a entrevista farmacoterapêutica, recomenda-se a avaliação técnica dos documentos
exigidos para a solicitação dos medicamentos. Após esta avaliação, a dispensação deve ocorrer com
as devidas orientações farmacêuticas ao paciente sobre o seu tratamento. Caso a solicitação seja
indeferida ou não autorizada, o motivo deve ser explicado ao paciente, de preferência por escrito.

• Orientar ao paciente.
	       A entrevista farmacoterapêutica pode fornecer dados para o farmacêutico elaborar uma estra-
tégia de orientação ao paciente. O farmacêutico deve informá-lo (oralmente e por escrito) sobre o arma-
zenamento e uso correto do medicamento dispensado e entregar-lhe o respectivo Guia de Orientação
ao Paciente.

• Realização de entrevista farmacoterapêutica de monitorização
	        Sugere-se uma entrevista a cada dispensação. Realizada pelo farmacêutico, sob as definições
da Atenção Farmacêutica, a Ficha Farmacoterapêutica serve de registro das informações de segui-
mento do paciente.
	        A cada dispensação, ou quando especificado no PCDT, o farmacêutico deve solicitar, avaliar
e registrar os exames laboratoriais, bem como registrar os eventos adversos ocorridos. Em caso de
alteração dos exames laboratoriais não compatível com o curso da doença e/ou eventos adversos
significativos que necessitem de avaliação médica, o paciente deve ser encaminhado ao médico assis-
tente. Se os eventos forem avaliados como potencialmente graves, o farmacêutico poderá suspender
a dispensação até a avaliação pelo médico assistente. Na ocorrência de alterações laboratoriais não
compatíveis com o curso do tratamento ou de eventos adversos significativos, a próxima dispensação
poderá ser efetuada somente se os parâmetros estiverem condizentes com os definidos no PCDT ou
mediante parecer favorável (por escrito) do médico assistente à continuidade do tratamento. O farmacêu-
tico pode manifestar-se através de carta ao médico assistente (Anexo 1), entregue ao paciente, ou
através de comunicação direta ao médico assistente. As condutas seguidas e as demais informações
pertinentes devem ser descritas na Ficha de Registro da Intervenção Farmacêutica (Anexo 2).

•	 Os exames laboratoriais mostraram alterações não compatíveis com o curso do tratamento
ou o paciente apresentou sintomas que indiquem eventos adversos significativos?
	       Esta pergunta é direcionada à investigação de alterações laboratoriais que não estejam de
acordo com o esperado para o medicamento ou com o curso da doença, bem como à verificação de
ocorrência de eventos adversos.
	       Orientação sumária, na forma de perguntas e respostas com valores de referência e eventos ad-
versos significativos que necessitem de avaliação médica, encontra-se na Ficha Farmacoterapêutica.


                                                                                                          17
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     • Realização de exames necessários para a monitorização
     	       Este item fornece informações a respeito dos exames ou documentos que devem ser monitorizados
     e/ou avaliados, não sendo obrigatório para todos os Protocolos.

     MÓDULO 5 - FICHA FARMACOTERAPÊUTICA

     	       Para cada protocolo é apresentada uma Ficha Farmacoterapêutica, caracterizada por um roteiro
     de perguntas com o intuito de servir como instrumento para o controle efetivo do tratamento estabelecido,
     promovendo o acompanhamento dos pacientes relativo a eventos adversos, exames laboratoriais, inte-
     rações medicamentosas e contraindicações, entre outros. O farmacêutico pode ainda incorporar outras per-
     guntas pertinentes. Além disso, a Ficha Farmacoterapêutica tem como propósito servir de instrumento de
     acompanhamento dos desfechos de saúde da população.
     	       As tabelas não foram concebidas com relação ao tamanho para representar a real necessidade da práti-
     ca, devendo o farmacêutico adaptá-las para o registro mais adequado das informações. Como regra, a Ficha
     Farmacoterapêutica é concebida para 1 ano de acompanhamento e consta de três itens:

     	      1 DADOS DO PACIENTE
     	      Apresenta dados de identificação do paciente, do cuidador (se necessário) e do médico assistente.

     	        2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA
     	        São apresentadas perguntas de cunho geral (outras doenças diagnosticadas, uso de outros medicamen-
     tos, história de reações alérgicas e consumo de bebidas alcoólicas, entre outros) e específico para cada medi-
     camento. Quando pertinentes, são listadas as principais interações medicamentosas e as doenças nas quais o
     risco/benefício para uso do medicamento deve ser avaliado.	

     	        3 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO
     	        Apresenta perguntas que orientam o farmacêutico a avaliar o paciente quanto aos exames laboratoriais
     e à ocorrência de eventos adversos. Em caso de suspeita de um evento significativo ou alteração laborato-
     rial não compatível com o curso da doença, o farmacêutico deve encaminhar o paciente ao médico assistente
     acompanhado de carta;  em casos peculiares, deve realizar contato telefônico.
     	        Na tabela de registro dos exames laboratoriais, o campo “Previsão de data” deve ser preenchido para
     estimar a data de realização do exame, que não necessita ser obrigatoriamente seguida.

             Tabela de Registro de Eventos Adversos
     	       Apresenta tabela para registro da data da entrevista farmacoterapêutica, do evento adverso relatado e
     de sua intensidade, bem como da conduta praticada. As principais reações adversas já relatadas para o medica-
     mento são listadas.

             	Tabela de Registro da Dispensação
     	        Apresenta tabela para registro do que foi dispensado, com informações sobre data da dispensação,
     medicamento (registrando-se o nome comercial para controle do produto efetivamente dispensado), lote, dose,
     quantidade dispensada e farmacêutico responsável pela dispensação. Nesta tabela também pode ser indicada a
     eventual necessidade de que a próxima dispensação seja feita mediante parecer médico.
     	        A Tabela de Registro da Dispensação foi elaborada para registro de um medicamento. Devem ser usa-
     das tantas tabelas quantas forem necessárias para usuários de mais de um medicamento.




18
Estrutura e Montagem


MÓDULO 6 - GUIA DE ORIENTAÇÃO AO PACIENTE

	       O Guia de Orientação ao Paciente é um material informativo que contém as principais
orientações sobre a doença e o medicamento a ser dispensado. O farmacêutico deve dispor deste
material, o qual, além de servir como roteiro para orientação oral, será entregue ao paciente, bus-
cando complementar seu processo educativo. A linguagem utilizada pretende ser de fácil compreensão
por parte do paciente. Na medida do possível, não foram empregados jargões médicos nem termos
rebuscados. Como regra, o elenco de medicamentos do PCDT encontra-se em um único Guia de
Orientação ao Paciente, no qual os medicamentos utilizados devem ser assinalados, quando pertinente.




                                                                                                       19
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas




20
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

          Acne Grave
          Portaria SAS/MS no 143, de 31 de março de 2010.


    1	 	 etodologia de busca da literatura
       M
    	        	 busca na literatura foi realizada através da avaliação de artigos publicados entre 1980 e setembro de
             A
    2009, com as palavras-chave acne vulgaris e therapeutics (Mesh), incluindo-se ensaios clínicos, metanálise ou
    diretrizes terapêuticas conduzidos com humanos e escritos na língua inglesa. Foram utilizadas as base de dados
    Medline/Pubmed, Cochrane e Scielo. A busca gerou 292 artigos, sendo que a grande maioria era de estudos
    com terapias tópicas, hormonais e laser, entre outros. Quando a pesquisa foi restringida ao tema de interesse
    do protocolo, utilizando-se os termos acne vulgaris e isotretinoin (Mesh), foram encontrados 40 artigos. Foram
    excluídos da análise estudos sobre o uso da isotretinoína para outros fins terapêuticos, tratamentos com fórmula
    de isotretinoína não disponível no Brasil (micronizada), tratamentos para acne que não incluíam isotretinoína
    e estudos que somente avaliavam aspectos específicos dos efeitos adversos laboratoriais e moleculares do
    tratamento com isotretinoína. Desta seleção, foram analisados 11 ensaios clínicos randomizados (ECR) e 2
    diretrizes terapêuticas utilizados neste protocolo. No banco de dados Cochrane, foram encontradas 4 revisões
    sistemáticas, mas apenas uma foi avaliada, visto que as demais eram referentes a tratamentos diversos para
    acne que não incluíam isotretinoína. Foram utilizados também estudos não indexados pertinentes ao tema.

    2	 INTRODUÇÃO
     		      Acne é uma dermatose extremamente comum na prática médica. Em recente levantamento
     epidemiológico realizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, acne foi a causa mais frequente de
     consultas ao dermatologista, correspondendo a 14% de todos os atendimentos1. Outros estudos epidemiológicos
     mostram que 80% dos adolescentes e adultos jovens entre 11-30 anos de idade irão sofrer de acne2. Seu
     tratamento justifica-se pela possibilidade de evitar tanto lesões cutâneas permanentes quanto aparecimento
     ou agravamento de transtornos psicológicos oriundos do abalo à autoestima ocasionado pelas lesões3-5.
             Os principais fatores etiopatogênicos relacionados à acne são: 1) produção de andrógenos pelo
    corpo, 2) produção excessiva de sebo, 3) alteração na descamação do epitélio do ducto da glândula sebácea,
    4) proliferação de Propionibacterium acnes, e 5) respostas inflamatórias e imunológicas do indivíduo6.

    3	 CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DAS DOENÇAS E PROBLEMAS
         RELACIONADOS À SAÚDE (CID-10)
           •	 L70.0 Acne vulgar
           •	 L70.1 Acne conglobata
           •	 L70.8 Outras formas de acne

    4    DIAGNÓSTICO
            O diagnóstico de acne é clínico e caracterizado por lesões cutâneas variadas, como comedos abertos
    e fechados, pápulas inflamatórias, pústulas, nódulos, cistos, lesões conglobatas e cicatrizes. As lesões
    envolvem principalmente a face e o dorso, mas podem estender-se para a região superior dos braços e do tórax anterior.




Consultores: Gabriela Maldonado, Ana Maria Costa Pinheiro Sampaio, Bárbara Corrêa Krug e
Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                             21
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


             A acne pode ser classificada, quanto a sua gravidade – o que se torna muito importante para a tomada
     de decisões terapêuticas6 –, em:
         	    •	 acne não inflamatória
             	 −	 acne comedônica (grau I) – presença de comedos abertos
         	    •	 acne inflamatória:
                 −	 papulopustulosa (grau II) – pápulas inflamatórias ou pústulas associadas aos comedos abertos;
                 −	 nodulocística (grau III) – lesões císticas e nodulares associadas a qualquer das lesões anteriores;
                 −	 conglobata (grau IV) – presença das lesões anteriores associadas a nódulos purulentos, numerosos
                    e grandes, formando abscessos e fístulas que drenam material purulento.
             Outras informações clínicas que determinam a gravidade da acne são a extensão das lesões e a presença
     de cicatrizes.

     5 	 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
              Devido ao seu potencial teratogênico e às várias reações adversas possíveis, o tratamento com
     isotretinoína oral para acne deve ser restrito aos casos mais graves e refratários a outras medidas terapêuticas,
     bem como aos pacientes dos quais se espera ótima adesão aos cuidados necessários durante o tratamento.
              Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem pelo menos uma das
     condições abaixo e necessariamente a quarta:
              	•	 acne nodulocística grave;
              	•	 acne conglobata;
              	•	 outras variantes graves de acne;
              	•	 ausência de resposta satisfatória ao tratamento convencional, incluindo antibióticos sistêmicos
                  administrados por um período de pelo menos 2 meses6 (doxiciclina na dose de 100 mg /dia é um
                  exemplo de opção terapêutica);
              	•	 acne com recidivas frequentes, requerendo cursos repetidos e prolongados de antibiótico sistêmico2,6-8.

     6	   CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
               Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem uma das condições
     abaixo:
               •	 gravidez;
               •	 amamentação;
               •	 hipersensibilidade à isotretinoína, à vitamina A ou aos componentes da fórmula.
               Seu uso deve ser evitado ou realizado com cuidado nos casos de:
               •	 insuficiência hepática – não há descrição na literatura de valores alterados de transaminases hepáticas
                  que tornem o uso de isotretinoína contraindicado;
               •	 pacientes com menos de 15 anos;
               •	 alterações no metabolismo de lipídios expressas pelo nível sérico de triglicerídios > 500 mg/dl ou nível
                  sérico de colesterol > 300 mg/dl9-12. Os pacientes excluídos por alteração no metabolismo dos lipídios
                  poderão ser incluídos neste protocolo após correção da dislipidemia por tratamento específico;
               •	 ausência de condições de compreender e executar as orientações médicas.

     7	   Casos especiais
             Nas mulheres com potencial de gravidez, o uso de isotretinoína está contraindicado, exceto se
     preencherem todos os requisitos abaixo:
             •	 apresentar acne nodulocística grave refratária à terapia usual;
             •	 mostrar-se confiável para compreender e executar as orientações dadas;
             •	 ter recebido orientações verbais e por escrito sobre os riscos do uso de isotretinoína durante a
                gestação e de possíveis falhas dos métodos contraceptivos utilizados;
             •	 iniciar o tratamento no segundo ou terceiro dia do ciclo menstrual regular.
             Em mulheres com possibilidade de engravidar e que preencham as condições acima, recomenda-se
     o uso de 2 métodos anticoncepcionais desde 2 meses antes do tratamento até 1 mês após seu final. O teste
     sorológico de gravidez deve ser negativo antes do início e realizado mensalmente até 5 semanas após a última
     administração da isotretinoína13.

22
Acne Grave


8 	 TRATAMENTO
         A escolha do tratamento para acne compreende uma série de opções que irão variar de acordo
com a gravidade do quadro. Estas opções incluem o uso de substâncias de limpeza de pele, retinoides
e fármacos antibacterianos tópicos para os casos mais leves até o uso de antibióticos sistêmicos,
terapias hormonais e o uso de isotretinoína para os casos mais graves e resistentes.
         Os ECRs que avaliam o uso da isotretinoína oral para o tratamento da acne foram analisados
em uma revisão sistemática realizada em 199914, a única feita até o momento com esse fim. A revisão
sistemática buscou ECRs com a palavra-chave acne e avaliou publicações de todos os tipos de
tratamento para todos os graus de acne. Foram selecionados 250 artigos; destes, apenas 9 estudaram
o uso de isotretinoína oral.
         Peck e cols.15 realizaram um dos primeiros estudos comparando isotretinoína oral com placebo
em pacientes com acne grave. Foram avaliados 33 pacientes randomizados nos 2 grupos, sendo que
aqueles que receberam isotretinoína o fizeram em uma dose média de 0,65 mg/kg/dia por 16 semanas.
Os resultados clínicos favoráveis ao uso da isotretinoína foram estatisticamente significativos, mas o
estudo teve muitas limitações metodológicas, pois, além do número pequeno de pacientes, cerca de
metade dos do grupo placebo apresentou piora clínica, necessitando abandonar o estudo.
         Estudos comparando isotretinoína oral com outras terapias sistêmicas foram feitos por Prendiville
e cols.16 e Lester e cols.17 com dapsona e tetraciclina, respectivamente. O primeiro foi realizado com 40
pacientes com acne grave randomizados para receber isotretinoína (40 mg/dia) ou dapsona (100 mg/dia),
acompanhados por 16 semanas. Ambos os grupos apresentaram melhora clínica significativa, porém, no
grupo dapsona, a melhora foi mais tardia. Na comparação entre os grupos, o que recebeu isotretinoína
apresentou melhora mais significativa, mas a análise estatística não é descrita para todas as variáveis.
Lester e cols. avaliaram 30 pacientes randomizados para receber isotretinoína (1 mg/kg/dia) ou
tetraciclina (1.000 mg/dia). Não houve diferença significativa entre os grupos na semana 12, porém, no
seguimento pós-terapia, os pacientes que usaram isotretinoína tiveram melhora significativa quanto ao
número e ao tamanho dos cistos, assim como com relação à contagem de comedos e pústulas.
         No início da década de 1980, vários trabalhos foram desenvolvidos para avaliar a resposta
clínica da acne a doses variadas de isotretinoína.
         Em 1980, Farrel e cols.18 publicaram um ECR com 14 pacientes divididos em 3 grupos para
uso de isotretinoína nas doses de 1,0, 0,5 e 0,1 mg/kg/dia por 12 semanas, tendo mostrado diferença
significativa em todos os pacientes em comparação ao estado basal, mas sem diferença entre os
grupos. Em 1982, King e cols.19 avaliaram, por 16 semanas, 28 pacientes randomizados em 3 grupos
com as mesmas doses do estudo anterior e mostraram resultados semelhantes tanto na resposta
clínica como na taxa de redução de sebo, sem diferença entre os grupos. Jones e cols.20, em 1983, e
Stewart e cols.21, no mesmo ano, publicaram trabalhos com metodologia similar e mostraram que num
grupo de 76 e 22 pacientes, respectivamente, a taxa de excreção de sebo foi significativamente menor
no grupo que recebeu 1 mg/kg/dia de isotretinoína comparado aos outros grupos, mas a avaliação
clínica da acne não mostrou diferença entre eles. Em todos estes trabalhos, especialmente no de Jones
e cols.20, que seguiu os pacientes por 16 semanas após o término do tratamento, houve tendência a
menos relapsos nos grupos com doses maiores de isotretinoína, mas os dados não apresentaram
análise estatística.
         Van der Meeren e cols.22, em 1983, mostraram, através de ECR com 58 homens com acne
                                                                                                              Acne Grave

conglobata, que não houve diferença significativa na avaliação clínica da acne entre grupos que
recebiam 0,5 ou 1 mg/kg de isotretinoína por via oral. O resultado foi avaliado após 12 semanas e
mostrou que os efeitos adversos clínicos foram mais frequentes e mais graves nos pacientes que
receberam dose maior do medicamento.
         Em 1984, foi publicado por Strauss e cols.23 o maior ECR comparando doses de isotretinoína:
150 pacientes alocados em caráter multicêntrico. Foi o primeiro trabalho a mostrar diferença significativa
na avaliação do grau de acne entre os grupos que receberam 1 e 0,1 mg/kg/dia já a partir da quarta
semana após o término do tratamento. O estudo mostrou também que apenas 10% dos pacientes que
receberam a dose maior de isotretinoína necessitaram de retratamento contra 42% dos que receberam
a dose menor.


                                                                                                             23
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


              Com base nestes estudos, surgiram as considerações do uso de dose maior de isotretinoína com vistas
     à resposta clínica sustentada. Ainda que os efeitos adversos sejam mais frequentes, geralmente são de pouca
     gravidade e reversíveis ao término da terapia.
              	 m 1993, com o objetivo de avaliar recidivas e necessidade de retratamentos, Layton e cols.24 publicaram
              E
     estudo observacional com 88 pacientes após 10 anos de uso de isotretinoína nas doses de 0,5-1 mg/kg/dia
     por 16 semanas ou até 85% de melhora clínica. Os achados revelaram que 61% estavam sem lesões, 16%
     necessitaram de terapia complementar com antibióticos e 23% realizaram retratamento com isotretinoína.
              Em 2001, Gollnick e cols.25 realizaram um ECR aberto com 85 pacientes do sexo masculino com acne
     grave (grau IV). Foram randomizados 50 pacientes para receber minociclina (100 mg/dia + ácido azelaico a 20% em
     gel tópico) e 35 para receber isotretinoína em doses regressivas iniciando com 0,8 mg/kg/dia e indo até 0,5 mg/kg/
     dia. Os pacientes receberam os respectivos tratamentos por 6 meses e depois foram seguidos por mais 3 meses,
     sendo que o grupo minociclina seguiu recebendo ácido azelaico tópico, e o grupo da isotretinoína, não. Ambos os
     tratamentos foram eficazes, porém a isotretinoína foi superior. Os efeitos adversos foram leves em ambos os
     grupos.
              Kaymak e cols.26, em 2006, avaliaram, em estudo observacional, 100 pacientes em tratamento para acne
     com isotretinoína na dose de 100 mg/kg/dose total com doses diárias de 0,5 a 1 mg/kg/dia. Os desfechos foram
     melhora clínica e efeitos adversos: 91% dos pacientes tiveram cura das lesões e 9% melhora parcial. Apenas
     efeitos adversos mucocutâneos foram relatados, sendo que 100% dos pacientes apresentaram queilite.
              Akman e cols.27, em 2007, realizaram ECR para testar doses intermitentes de isotretinoína e compará-las
     com a dose-padrão contínua. Sessenta e seis pacientes com acne moderada a grave foram divididos em três
     grupos para receber isotretinoína na dose de 0,5 mg/kg/dia: nos primeiros 10 dias do mês por 6 meses (grupo 1),
     todos os dias do primeiro mês e depois nos 10 primeiros dias de cada mês por 5 meses (grupo 2) ou diariamente
     por 6 meses (grupo 3). Todos os esquemas de tratamento foram eficazes (p < 0,001). A isotretinoína em dose-
     padrão (grupo 3) foi superior à intermitente do grupo 1 nos casos de acne grave (p = 0,013). Este foi o primeiro
     estudo randomizado considerando doses intermitentes. Embora os resultados tenham sido interessantes, foi
     um estudo pequeno, com cerca de 20 pacientes em cada grupo. Além disso, não há informações sobre taxas
     de recidiva dos esquemas alternativos, e é importante ressaltar que nos pacientes mais graves, nos quais está
     focado este protocolo, o esquema contínuo foi superior.
              	 m 2007, um ECR de Oprica e cols.28 comparou a eficácia clínica e microbiológica de isotretinoína (1 mg/
              E
     kg/dia) com tetraciclina (500 mg/dia por via oral + adapaleno a 0,1% em gel tópico) para tratamento de acne
     moderada a grave em 52 pacientes. Houve superioridade significativa da eficácia clínica no grupo da isotretinoína,
     assim como redução total de Propionibacterium acnes. Não houve diferença entre os grupos quanto à presença
     de bactérias resistentes.
              	 á poucos trabalhos comparativos avaliando o tratamento de acne com isotretinoína porque as tentativas
              H
     nos estudos iniciais já mostraram resultados nunca antes obtidos com terapias convencionais. Nenhum outro
     tratamento leva à cura das lesões em porcentagem tão alta de resposta como isotretinoína, e seu uso acabou
     consagrado.

             8.1 Fármaco
             •   Isotretinoína: cápsulas de 10 e 20 mg

               8.2 Esquema de administração
              	A dose varia de 0,5-2 mg/kg/dia, em 1 ou 2 tomadas diárias, ingerido(s) com os alimentos junto às
     refeições. A dose preconizada é de 0,5-1,0 mg/kg/dia, mas pacientes com lesões muito avançadas ou
     preponderantemente no tronco podem receber até 2 mg/kg/dia. A dose pode ser ajustada conforme a resposta
     clínica e a ocorrência de efeitos adversos.									
     	         Atingir uma dose total cumulativa de 120-150 mg/kg é recomendado para diminuir as recidivas29,30.


             8.3 Tempo de tratamento – critérios de interrupção
             O tempo de tratamento irá depender da dose total diária e da dose total cumulativa. Na maioria dos
     casos, este tempo será de 4 a 6 meses. Um segundo período de tratamento pode ser iniciado 2 meses após a
     interrupção do tratamento anterior se as lesões persistirem ou houver recorrência de lesões graves.

24
Acne Grave


        São critérios de interrupção do tratamento triglicerídios > 800 mg/ml (risco de pancreatite)12 e
transaminases hepáticas > 2,5 vezes o valor normal.
        Neste caso, deve-se interromper o tratamento e repetir os exames em 15 dias. Se o valor das
transaminases tiver retornado ao normal, pode-se reintroduzir isotretinoína em dose mais baixa com
controle estrito. Caso os exames se mantenham alterados, o paciente deve ser encaminhado para
investigação de hepatopatia. Nos aumentos de transaminases hepáticas < 2,5 vezes o valor normal,
deve-se reduzir a dose da isotretinoína e repetir os exames em 15 dias. Se os valores estiverem
normais, deve-se manter o tratamento; caso contrário, deve-se interromper o tratamento e investigar
hepatopatia29.

         8.4 Benefícios esperados
         A resposta terapêutica geralmente não ocorre antes de 1-2 meses do início do tratamento; da
mesma forma, os benefícios terapêuticos permanecem por alguns meses após o término da terapia. As
pústulas tendem a melhorar antes das pápulas e dos nódulos, e as lesões de face tendem a responder
mais rapidamente do que as de tronco2.
         Após usar a dose total cumulativa, cerca de 15% dos casos não terão remissão completa e,
mesmo que as recomendações em termos do uso da dose ideal sejam cumpridas, ocorrerão recidivas
em cerca de 20% dos pacientes31. Os fatores de risco relacionados à recidiva são uso de dose baixa
de isotretinoína (0,1-0,5 mg/kg), acne grave, acne acometendo tronco e mulheres com mais de 25 anos
ao início da terapia. Geralmente as recidivas ocorrem no primeiro ano após o tratamento e raramente
após 3 anos.

9 	 Monitorização	
         A alteração no perfil lipídico é um efeito colateral comum ao uso da isotretinoína. Estudo de
coorte populacional mostrou que a elevação de triglicerídios ocorreu em 45% dos pacientes durante o
tratamento e que aumento de colesterol total foi encontrado em 30% deles32. Geralmente as elevações
são leves e não determinam a interrupção do tratamento.
         No caso de alteração do perfil lipídico, os pacientes devem ser seguidos do ponto de vista
clínico e laboratorial a cada 3 meses. Deve ser realizada orientação dietética, com redução do consumo
de açúcares simples e bebida alcoólica para triglicerídios, e redução no consumo de alimentos ricos
em gordura saturada para controle do colesterol. A redução da dose de isotretinoína dependerá do
resultado dos exames subsequentes e da dieta29. A incidência de elevação nos níveis de transaminases
hepáticas é relativamente baixa (11%), e a maioria das elevações é leve (91%)29. Deve-se dar atenção
àqueles pacientes com maior risco de hepatotoxicidade: consumo de álcool, antecedente de hepatopatia
e terapia medicamentosa concomitante29,32.
         Associação entre depressão/suicídio e tratamento com isotretinoína foi descrita em vários
relatos de casos33. No entanto, pequenos ensaios clínicos não confirmaram a associação34,35, e uma
revisão sistemática sobre o tema concluiu que as informações disponíveis atualmente são insuficientes
para estabelecer uma relação causal entre o medicamento e o risco de depressão e suicídio36. Sugere-
se atenção para a possibilidade do surgimento desses sintomas nos pacientes em tratamento.
         Devido aos possíveis efeitos adversos do fármaco, a relação entre risco e benefício deve ser
avaliada nos pacientes com predisposição a desenvolver alterações nos seguintes órgãos ou sistemas:
         •	 sistema nervoso central – fadiga, cefaleia, pseudotumor cerebral (hipertensão intracraniana),
                                                                                                             Acne Grave


             alterações visuais;
         •	 pele e mucosas – ressecamento de pele e mucosas (xerose, conjuntivite, queilite, uretrite) e
             fotossensibilidade. Os efeitos mucocutâneos são os mais comuns relacionados à terapia e
             podem ocorrer em até 100% dos pacientes;
         •	 trato gastrointestinal – boca seca, náuseas, vômitos, dor abdominal, doença inflamatória
             intestinal e sangramento intestinal;
         •	 trato geniturinário – proteinúria, hematúria e perda da função renal;
         •	 sistema musculoesquelético – artralgia, dor muscular e hiperostose;
         •	 olhos – conjuntivite, opacidade corneana, fotofobia, intolerância a lentes de contato e
             diminuição da visão noturna;

                                                                                                            25
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


            •	 sistema hematopoiético – anemia, leucopenia, trombocitopenia e trombocitose;
            •	 possibilidade de interações medicamentosas em usuários de: carbamazepina (diminuição de seu nível
                sérico); tetraciclina e minociclina (aumento da incidência de pseudotumor cerebral e papiledema);
                vitamina A (potencialização dos efeitos tóxicos da isotretinoína); álcool (reação semelhante à do
                dissulfiram, com náuseas, cefaleia, hipotensão e síncope).
             O controle das enzimas hepáticas (AST e ALT), colesterol total e frações e triglicerídios deve ser realizado
     antes do início do tratamento e repetido após 30 dias e a cada 3 meses.
             O teste de gravidez deve ser repetido 1 vez por mês durante todo o tratamento.

     10 	 Acompanhamento pós-tratamento
              O tempo de tratamento é definido pelo peso do paciente e pela dose diária do medicamento. Em geral,
     o tratamento dura de 6-9 meses. Após o término, o medicamento permanece no organismo por 30 dias37,38.
     Entretanto, sugere-se que a anticoncepção seja mantida por 60 dias como medida de segurança, já que os
     ciclos menstruais das pacientes são variáveis bem como o período do mês em que será interrompido o uso de
     isotretinoína. Após 30 dias da suspensão do tratamento, não é necessária monitorização laboratorial.

     11	 Regulação/controle/avaliação pelo gestor
             Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a
     monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas, a adequação
     do uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento.

     12	 Termo de esclarecimento e responsabilidade – TER
              É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e
     efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se
     prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.

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                                                                                                                       27
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



     Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
     Isotretinoína


               Eu, ______________________________________________________ (nome                 do(a)    paciente),
      declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos
      adversos relacionados ao uso de isotretinoína, indicada para o tratamento de acne grave.
               Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
      _______________________________________________(nome                   do     médico     que      prescreve).
               Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode
      trazer a seguinte melhora:
              •	 melhora da pele.
             Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos
      adversos e riscos do uso deste medicamento:
              •	 contraindicado na gestação ou em mulheres que planejam engravidar;
              •	 contraindicado em casos de alergia ao fármaco, à vitamina A e a seus derivados;
              •	 efeitos adversos – pele e mucosas (boca, nariz, vagina) secas, coceiras na pele, rouquidão,
                  ressecamento e problemas nos olhos (por exemplo, conjuntivite, catarata), queda de cabelo, pelos
                  – aumento do crescimento dos pelos, dores musculares, dores nas articulações, dor de cabeça,
                  zumbido no ouvido, náuseas, vômitos, diarreia, diminuição das células brancas e vermelhas do
                  sangue, aumento ou diminuição das plaquetas (células da coagulação), aumento dos triglicerídios
                  ou do colesterol, aumento do ácido úrico no sangue, aumento da possibilidade de infecções. Os
                  efeitos mais raros incluem inflamação do pâncreas (pancreatite) e inflamação do fígado (hepatite);
              •	 possibilidade de ocorrência de piora da acne nas primeiras semanas do tratamento;
              •	 pacientes com problemas depressivos devem ser cuidadosamente acompanhados em caso de
                  piora do quadro;
              •	 recomenda-se a utilização de cremes com fator de proteção solar, visto que o sol pode provocar o
                  aparecimento de reações na pele;
              •	 o risco de ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem.
               Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me
      a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que
      continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
               Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao
      meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato.
                m

      Local:                                        Data:
      Nome do paciente:
      Cartão Nacional de Saúde:
      Nome do responsável legal:
      Documento de identificação do responsável legal:

                                         _____________________________________
                                         Assinatura do paciente ou do responsável legal
      Médico responsável:                                                                CRM:       UF:

                                                 ___________________________
                                                  Assinatura e carimbo do médico
                                                   Data:____________________
      Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
      Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada
      na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.
28
Acne Grave




              Acne Grave




             29
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



     Fluxograma de Tratamento
     Acne Grave
                                                               Fluxograma de Tratamento
                                                                      Acne Grave
                                                                     Isotretinoína



                                                           Paciente com diagnóstico de
                                                                   acne grave                               Diagnóstico: clínico




                                                                Possui critérios de               Critérios de inclusão para homens
                                                                                                  ou mulheres sem potencial de
                                                                   inclusão para                  gravidez:
                              Não                                                                 ✓ acne nodulocística grave, ou acne
                                                                 tratamento com
                                                                                                     conglobata, ou outras variantes
                                                                   isotretinoína?                    graves de acne, ou acne com
                                                                                                     recidivas frequentes ou requerendo
                                                                                                     cursos repetidos e prolongados de
                                                                                                     antibioticoterapia sistêmica
                                                                        Sim                       ✓ ausência de resposta satisfatória ao
                                                                                                     tratamento convencional, incluindo
                                                                                                     antibióticos sistêmicos, por um
                                                                                                     período de pelo menos 2 meses
                                                                                                  Critérios de inclusão para mulheres
                         Exclusão                              Possui algum critério              com potencial de gravidez:
                                             Sim                                                  ✓ acne nodulocística grave com
                         do PCDT                                  de exclusão?                       ausência de resposta satisfatória ao
                                                                                                     tratamento usual



                                                                        Não
                                                                                                        Critérios de exclusão:
            Monitorização laboratorial:
                                                                                                        ✓ gravidez ou amamentação
            ✓ perfil lipídico (colesterol total, HDL,
                                                                                                        ✓ hipersensibilidade à
               triglicerídios) e transaminases (AST
               e ALT)                                             Tratamento com                           isotretinoína, à vitamina A ou a
                                                                                                           um dos componentes da
            Periodicidade: após 30 dias e a cada                    isotretinoína                          formulação
            3 meses
            ✓ ß-hCG em mulheres em idade fértil
            Periodicidade: mensalmente

                                                                      Houve
                                       Sim                           resposta                     Não
                                                                   terapêutica?
                                                                                               Revisar a adesão ao tratamento
               Manter o esquema                                                                e, se necessário, ajustar a dose
                de tratamento.                                                                 até 2 mg/kg/dia (para pacientes
                                                                                                  com lesões avançadas ou
                                                                                               predominantemente do tronco).

              Ocorreram eventos                                  Recomenda-se manter o
             adversos graves ou                                  esquema de tratamento
          triglicerídios > 800 mg/dl
           ou transaminases > 2,5                       Não      por 4-9 meses (até dose
               vezes o limite da                                      cumulativa de
                 normalidade?                                        120-150 mg/kg).

                        Sim                                                                                    Considerar reinício
                                                                   Lesões persistem                           do tratamento após
                                                                   ou há recorrência            Sim
                                                                   de lesões graves?                        2 meses do término do
          Interromper o tratamento
                                                                                                              tratamento anterior.
              temporariamente;                                            Não
          considerar o reinício com
              redução de dose.                                     Acompanhamento.




30
Acne Grave



Fluxograma de Dispensação de Isotretinoína
Acne Grave

                         Fluxograma de Dispensação de IsotretinoínaAcne Grave



                      Paciente solicita o                                          CID-10: L70.0, L70.1, L70.8
                                                                                   Exames:
                       medicamento.                                                ✓ ß-hCG (para mulheres em idade
                                                                                      fértil)
                                                                                   ✓ colesterol total e frações
                                                                                   ✓ triglicerídios
                                                                                   ✓ AST e ALT
                 Possui LME corretamente                                           Dose:
                                                                                   Isotretinoína: 0,5-2 mg/kg/dia em
                   preenchido e demais                                             1 ou 2 doses diárias
                  documentos exigidos?
       Não                                                Sim



   Orientar o                                 CID-10, exames e dose
   paciente.              Não                 estão de acordo com o                     Sim
                                             preconizado pelo PCDT?

                                                                                  Realizar entrevista
                   Encaminhar o
                                                                              farmacoterapêutica inicial
                 paciente ao médico
                                                                                 com o farmacêutico.
                     assistente.




                                                                                      Processo
                                                                        Não                                 Sim
                                                                                      deferido?
                Exames necessários para
                monitorização:
                ✓ ß-hCG. (para mulheres em                    Não dispensar e
                                                                                                           Orientar o
                  idade fértil).                                justificar ao
                Periodicidade: a cada mês                                                                  paciente.
                ✓ colesterol total e frações,
                                                                  paciente.
                   triglicerídios, AST e ALT
                Periodicidade: ao final do 1o
                   mês e, após, a cada 3 meses

                                                                        Dispensação a cada mês de
                                                                                tratamento
                                                                                Entrevista
                                                                          farmacoterapêutica de
                                                                              monitorização
                                                                                                                         Acne Grave


                                                  Paciente apresentou alteração
                             Sim                   dos exames não compatível
                                                                                                 Não
                                                  com o curso do tratamento ou
                                                 eventos adversos significativos?

                 Dispensar* e solicitar
                  parecer do médico                                                           Dispensar.
                      assistente.

                           * Observação: se triglicerídios acima de 800mg/ml; transaminases
                                 hepáticas > 2,5 vezes o valor normal: não dispensar.

                                                                                                                        31
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



     Ficha Farmacoterapêutica
     Acne Grave


     1	 Dados do Paciente
     Nome: ___________________________________________________________________________________
     Cartão Nacional de Saúde: ________________________________RG: ______________________________
     Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
     Cartão Nacional de Saúde: ________________________________RG: ______________________________
     Sexo: o Masculino o Feminino DN:_______/_____/_____ Idade: ________ Peso:________ Altura:________
     Endereço: ________________________________________________________________________________
     Telefones: ________________________________________________________________________________
     Médico assistente: _____________________________________________________CRM:_______________
     Telefones: ________________________________________________________________________________

     2	 Avaliação Farmacoterapêutica
     2.1 		Tem o paciente mais 15 anos de idade?
     	 o não g Não dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente
     	 o sim g Dispensar

     2.2 	   Qual o diagnóstico clínico? (coletar esta informação no LME)
     	       o Acne comedônica (grau I) g critério de exclusão para uso de isotretinoína. Reavaliar solicitação do
     	       medicamento
     	       o Acne papulopustulosa (grau II) g critério de exclusão para uso de isotretinoína. Reavaliar solicitação do
     	       medicamento
     	       o Acne nodulocística grave
     	       o Acne conglobata
     	       o Outras variantes graves de acne g Quais? _______________________________________________

     2.3	    Já usou antibióticos por pelo menos 2 meses?
     	       o não g critério de exclusão para uso de isotretinoína. Primeira opção de tratamento deve ser com
     	       antibióticos sistêmicos
     	       o simgQuais?_____________________________________________________________________________

     2.4 	 Apresentou teste de gravidez (b-hCG) negativo?
     	 o não g Não dispensar e encaminhar a paciente ao médico assistente
     	 o sim g Dispensar

     2.5	 Faz uso de métodos anticoncepcionais?
     	 o não g Não dispensar temporariamente e encaminhar a paciente ao atendimento ginecológico
     	 o    gDispensar.Quais?___________________________________________________________________
            sim

     2.6 	 Possui outras doenças diagnosticadas?
     	 o não
     	 o simgQuais?___________________________________________________________________________
     _________________________________________________________________________________________
     (Se dislipidemia (colesterol > 300 mg/dl e triglicerídios > 500 mg/dl), não dispensar e encaminhar o paciente para
     tratamento prévio. Se insuficiência hepática, não dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente)




32
Acne Grave


2.7 Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais?
  Nome comercial       Nome genérico      Dose total/dia e via        Data de início      Prescrito
                                                                                        o não o sim
                                                                                        o não o sim
                                                                                        o não o sim
                                                                                        o não o sim
*	Risco de interação da isotretinoína com tetraciclina, minociclina e carbamazepina; o uso de vitamina
  A potencializa os efeitos tóxicos da isotretinoína g orientar o paciente quanto ao risco do uso de
  complexos vitamínicos que contenham a vitamina.

2.8		 Faz uso de bebidas alcoólicas?
	 o não
	 o sim g Com que frequência?_____________________________________________________
	     (Desaconselhar o uso durante o tratamento – efeito dissulfiram)

2.9 		 Faz uso de lentes de contato?
	 o não
	 	 sim g Desaconselhar o uso durante o tratamento
       o
		 (Informar sobre risco de ressecamento de mucosas)

2.10 	Apresentou reações alérgicas a medicamentos?
	 o não
	 o sim g Quais? A que medicamentos?______________________________________________


3	 Monitorização do Tratamento
 Exames Laboratoriais
                    Inicial        1o mês     2o mês      3o mês     4o mês      5o mês      6o mês
Data prevista
Data
Colesterol                                    XXXXX      XXXXX                   XXXXX      XXXXX
HDL                                           XXXXX      XXXXX                   XXXXX      XXXXX
LDL                                           XXXXX      XXXXX                   XXXXX      XXXXX
Triglicerídios                                XXXXX      XXXXX                   XXXXX      XXXXX
AST                                           XXXXX      XXXXX                   XXXXX      XXXXX
ALT                                           XXXXX      XXXXX                   XXXXX      XXXXX
β-hCG

3.1	 Apresentou exames com valores alterados?
	 não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente
	 sim g Dispensar
                                                                                                          Acne Grave

3.2 	   Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher a Tabela Registro de Eventos 	
	       Adversos)
	       não g Dispensar
	       sim g Passar para a pergunta 3.3

3.3 	 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
	 não g Dispensar
	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente




                                                                                                         33
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                                 Tabela de Registro de Eventos Adversos

         Data da
                                    Evento adverso                        *Intensidade            qConduta
        entrevista




     Principais reações adversas já relatadas: pele e mucosas (boca, nariz, vagina) secas, prurido na pele,
     rouquidão, ressecamento e problemas nos olhos (por exemplo, conjuntivite, catarata), queda de cabelo ou
     aumento do crescimento dos pelos, mialgias, artralgias, cefaleia, zumbido no ouvido, náuseas, vômitos, diarreia,
     icterícia, infecções
     * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
     q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição,
     ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever)


                                     Tabela de Registro da Dispensação

                                                  1o mês        2o mês       3o mês      4o mês   5o mês     6o mês
     Data
     Nome comercial
     Lote/Validade
     Dose prescrita
     Quantidade dispensada
     Próxima dispensação
     (Necessita de parecer médico: sim/não)
     Farmacêutico/CRF
     Observações




34
Acne Grave



Guia de Orientação ao Paciente
Isotretinoína


    Este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.
    Seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.
                  O medicamento é utilizado no tratamento de acne grave.

1	 Doença
	    •	 A acne é classificada como grave quando as “espinhas” ocorrem em grande extensão (rosto
	       e/ ou tronco), com secreção de inflamação, podendo deixar lesões na pele.
     •	 A acne grave pode trazer transtornos psicológicos se não for tratada adequadamente, pois
        pode abalar a autoestima, principalmente dos adolescentes.

2	 Medicamento
	 •	      Este medicamento melhora a aparência da pele e, consequentemente, a autoestima e a
		        qualidade de vida.

3	 Guarda do medicamento
	 •	      Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de
		        temperatura (cozinha e banheiro).
  •	      Conserve as cápsulas na embalagem original, bem fechada.

4	 Administração do medicamento
	 •	      Tome as cápsulas inteiras (sem mastigar ou triturar) junto às refeições, para garantir melhor 	
		        ação do medicamento.
  •	      Tome o número exato de cápsulas prescrito pelo médico e procure tomá-las sempre no horário
          estabelecido no início do tratamento.
     •	   Em caso de esquecimento de uma dose, tome-a assim que lembrar. Se faltar pouco tempo para
          a próxima dose, aguarde e tome somente a quantidade do próximo horário. Não tome a dose
          em dobro.

5	 Reações desagradáveis
	 •	      Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas
		        reações desagradáveis, tais como pele e mucosas (boca, nariz, vagina) secas, coceiras na pele,
		        rouquidão, ressecamento e problemas nos olhos, queda de cabelos, aumento do crescimento 	
		        dos pelos, dores musculares, dores nas articulações, dor de cabeça, zumbido no ouvido,
		        náuseas, vômitos, diarreia.
  •	      Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
  •	      Mais informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e
                                                                                                             Acne Grave

          Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.

6	 Métodos seguros para evitar a gravidez
	 •	      Este medicamento pode trazer problemas muito graves ao feto, podendo nascer um bebê com
		        defeitos físicos e mentais. Por isso, é muito importante que você tome cuidado para não
		        engravidar.
  •	      A gravidez deve ser evitada até 60 dias após ter terminado o tratamento, pois o medicamento
          ainda estará presente no seu organismo.
     •	   Em caso de gravidez durante o tratamento, procure o médico imediatamente.



                                                                                                            35
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     7	 Outras informações importantes
     	 •	     A resposta ao tratamento geralmente ocorre 1-2 meses após o início do uso do medicamento.
     		       Da mesma forma, os benefícios permanecem por alguns meses após o final do tratamento.
       •	     Em alguns casos, a acne grave pode voltar, e um novo tratamento pode ser necessário.
       •	     Durante o tratamento, use cremes com fator de proteção solar (FPS) 15 no mínimo, pois o sol
              pode provocar o aparecimento de reações na pele. Evite exposição ao sol entre 10-16 horas.

     8	 Uso de outros medicamentos
     	 •	     Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um
     		       profissional de saúde.
       •	     Evite o uso de polivitamínicos contendo vitamina A, pois pode ocorrer um aumento dos efeitos tóxicos da
              isotretinoína.

     9	 Realização de exames de laboratório
     	 •	     A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento no seu
     		       organismo. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o tratamento.

     10	 Para seguir recebendo o medicamento
     	   •	   Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos:
          	   − Receita médica atual
          	   − Cartão Nacional de Saúde ou RG
          	   − Exames: colesterol total e frações, triglicerídios, ALT e AST ao final do 1o mês e, após, de 3 em 3
          	     meses. Para mulheres, β-hCG a cada mês

     11	 Em caso de dúvida
     	 •	     Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude,
     		       procure orientação do médico ou farmacêutico do SUS.

     12	 Outras informações
     ______________________________________________________________________________________

     ______________________________________________________________________________________

     ______________________________________________________________________________________

     ______________________________________________________________________________________

     ______________________________________________________________________________________


                                   se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                                             devolva-o à farmácia do sus.




36
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
          Anemia Aplástica, Mielodisplasia e
          Neutropenias Constitucionais
           Portaria SAS/MS no 212, de 10 de abril de 2010.


     1	 Metodologia de busca da literatura
              A revisão da literatura foi feita por meio de busca no Medline/PubMed e em links relevantes (incluindo-
     se Cochrane Controlled Trials Register) com as palavras-chave granulocyte colony-stimulating factors [G-CSF]
     OR granulocyte-macrophage colony-stimulating factors [GM-CSF] OR white blood cell growth factors OR
     hematopoietic colony-stimulating factors AND neutropenia OR aplastic anemia OR myelodysplastic syndromes,
     restringindo-se aos seguintes tipos de estudo: randomized controlled trial, meta-analysis, practice guidelines,
     reviews. O período considerado inclui desde o ano de 2001 até dezembro de 2009*. Todos os estudos
     encontrados foram avaliados. Consideraram-se, também, referências relevantes já incluídas no protocolo
     anterior (04 de novembro de 2002), bem como aquelas derivadas dos artigos selecionados inicialmente.

     2	 Introdução
              Os fatores de crescimento da linhagem mieloide (G-CSF – filgrastim/lenograstim e GM-CSF –
     molgramostim/sargramostim) fazem parte da família de citocinas reguladoras da proliferação, diferenciação e
     ativação funcional das células hematopoiéticas mieloides (progenitoras e maduras).
              G-CSF regula a produção da linhagem neutrofílica. Sua administração em humanos promove aumento
     dose-dependente nos níveis de neutrófilos circulantes, sobretudo por reduzir o tempo de maturação da célula
     progenitora até o neutrófilo maduro. Filgrastim é uma glicoproteína produzida por técnica de DNA recombinante
     pela Escherichia coli. Já lenograstim é produzido por células derivadas de ovário de hamster. Ambos se ligam
     a receptores específicos da membrana de progenitores mieloides, promovendo a proliferação e diferenciação
     da linhagem neutrofílica e ativando as funções fagocíticas e citotóxicas de neutrófilos maduros.
              GM-CSF estimula o crescimento de colônias de granulócitos, macrófagos e eosinófilos. Seu uso em
     humanos resulta em aumento dose-dependente dos neutrófilos, eosinófilos, macrófagos e, às vezes, linfócitos
     no sangue periférico. Molgramostim, em virtude de um número maior de efeitos adversos, é pouco usado1,2.
              Apesar de outras complicações, particularmente as hemorrágicas, as infecciosas permanecem como
     as principais causas de morbimortalidade nos pacientes com anemia aplástica grave e mielodisplasia, estando
     o grau de infecção diretamente relacionado com o grau de neutropenia. O impacto na qualidade de vida dos
     pacientes é elevado, bem como os custos para o sistema de saúde3,4. A despeito do efeito benéfico de G-CSF
     em desfechos relevantes, como aumento do número de neutrófilos e redução do tempo de neutropenia, e, de
     modo menos consistente, redução do número de infecções e de internações hospitalares, não há diminuição
     de mortalidade, como se verá adiante.
              Serão incluídos neste protocolo de tratamento pacientes com anemia aplástica congênita ou adquirida,
     neutropenias constitucionais e aqueles com mielodisplasia, condições clínicas em que, apesar de não haver
     redução clara da mortalidade, as evidências na literatura apoiam o uso profilático ou terapêutico ambulatorial
     de G-CSF, com base em desfechos intermediários, mas relevantes5-12.

     3	 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados
         à saúde (CID-10)
            •	 D46.0 Anemia refratária sem sideroblastos
            •	 D46.1 Anemia refratária com sideroblastos



Consultores: Antônio Vaz Macedo, Henrique Neves da Silva Bittencourt, Bárbara Corrêa Krug e
Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                        37
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


             •	   D46.7 Outras síndromes mielodisplásicas
             •	   D61.0 Anemia aplástica constitucional
             •	   D61.1 Anemia aplástica induzida por drogas
             •	   D61.2 Anemia aplástica devida a outros agentes externos
             •	   D61.3 Anemia aplástica idiopática
             •	   D61.8 Outras anemias aplásticas especificadas
             •	   D7 Agranulocitose
             •	   Z94.8 Outros órgãos e tecidos transplantados

     4	 Diagnóstico
              Neutropenia pode ser leve (1.000-1.500/mm3), moderada (500-1.000/mm3) ou grave (< 500/mm3)13.
     Pode-se ainda classificá-la, conforme os graus de toxicidade do esquema quimioterápico, em grau I (1.500-
     2.000/mm3), grau II (1.000 a 1.500/mm3), grau III (500 a 1.000/mm3) e grau IV (< 500mm3) (National Cancer
     Institute/ EUA).
              Neutropenia febril é definida como temperatura oral isolada ≥ 38,3º C ou ≥ 38,0º C por ≥ 1 hora, associada a
     contagem absoluta de neutrófilos < 500/mm3 ou < 1.000/mm3 com previsão de queda para < 500/mm3 nas 24h-48h
     subsequentes (Infectious Diseases Society of America - IDSA)13.
              Neutropenia crônica grave é definida pela contagem absoluta de neutrófilos < 500/mm3, com duração
     de meses a anos. Estão incluídas nesta categoria neutropenia congênita, neutropenia cíclica e neutropenia
     idiopática14,15.
              A frequência e a gravidade das infecções dependem não só da contagem e da velocidade de queda dos
     neutrófilos, como também de anormalidades da função fagocitária ou de outros deficits na função imunológica, do
     grau do dano causado pelo tratamento à mucosa e à barreira mucociliar, da história de tratamento radioterápico
     ou quimioterápico anterior, de outras condições do hospedeiro e do germe específico (Tabelas 1 e 2)13,16-22.

     Tabela 1 - Estratificação de Risco na Neutropenia Febril13,16-22
           Grupo de risco                                      Características dos pacientes
                                  neutropenia grave (< 100/mm3) e prolongada (> 10 dias); neoplasia hematológica;
                                  doença primária não controlada; transplante de células-tronco hematopoiéticas
     Alto risco                   (TCTH); idade > 60-65 anos; comorbidade significativa* ou baixo estado de
                                  performance**; sepse/choque, infecção profunda/grave (por exemplo, pneumonia,
                                  meningite, infecção fúngica invasiva)
                                  tumores sólidos → quimioterapia intensiva → TCTH autólogo; duração moderada
     Risco intermediário          de neutropenia (7-10 dias); comorbidade mínima; estabilidade clínica e
                                  hemodinâmica
                                  tumores sólidos → quimioterapia convencional; neutropenia de curta duração
                                  (≤ 7dias); nenhuma comorbidade; estabilidade clínica e hemodinâmica; febre de
     Baixo risco
                                  origem indeterminada ou infecção não complicada (por exemplo, ITU, celulite não
                                  complicada)
     * 	 Insuficiência respiratória/hipóxia, confusão mental, insuficiência cardíaca congestiva (NYHA classes III-IV),
         arritmia cardíaca não controlada apesar de tratamento adequado, insuficiência renal (creatinina > 2x o valor
         superior do normal - VSN), disfunção hepática (bilirrubina > 2,5xVSN ou AST-ALT > 4xVSN), vômito, mucosite
         ou diarreia de graus III-IV, hipercalcemia sintomática, coagulação intravascular disseminada, sangramento
         não controlado (requerendo transfusões)18,20
     ** 	Critério de toxicidade do ECOG (Eastern Cooperative Oncology Group) ≥ 323 adaptado17




38
Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais


Tabela 2 - Escore para Identificação de Pacientes com Neutropenia Febril de Baixo Risco no
Início da Febre20
                                      Característica                                          Escore*
Grau de doença
Ausência de sintomas                                                                              5
Sintomas leves                                                                                    5
Sintomas moderados                                                                                3
Hipotensão arterial ausente                                                                       5
Doença pulmonar obstrutiva crônica ausente                                                        4
Tumor sólido ou ausência de infecção fúngica prévia                                               4
Desidratação ausente                                                                              3
Início ambulatorial da febre                                                                      3
Idade < 60 anos**                                                                                 2
*	 Escore ≥ 21 indicativo de baixo risco para complicações e morbidade (pontuação máxima = 26)
** 	Não se aplica a pacientes ≤ 16 anos.

        Em pacientes ≤ 16 anos, são indicativos de baixo risco para infecções bacterianas graves
contagem inicial de monócitos ≥ 100/mm3, ausência de comorbidades e radiografia de tórax normal19.




                                                                                                              Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais
        Em linhas gerais, pacientes com bom estado geral e que não apresentam comorbidades,
mucosite, infecção documentada e complicações metabólicas/orgânicas podem ser considerados
de baixo risco13,18-20,22. Pacientes com neutropenia crônica grave (congênita, cíclica ou idiopática) ou
mielodisplasia, de maneira geral, predominam na classe alto risco.

5	 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
         Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes (adultos e crianças) que
apresentarem pelo menos uma das condições clínicas abaixo:
         •	 anemia aplástica grave em imunossupressão (uso ambulatorial e hospitalar de ciclosporina,
glicocorticoide e imunoglobulina antitimocítica ou antilinfocítica) (ver Casos Especiais) – G-CSF está
liberado para adultos e crianças com contagem de neutrófilos < 200/mm3. Estudos atuais mostram
que G-CSF apresenta valor limitado nesta doença24,25. A prescrição dependerá do julgamento clínico
em situações específicas. Quando utilizado, deve ser aplicado somente nos primeiros 90 dias de
imunossupressão. O uso isolado do fator não é preconizado;
         •	 neutropenia crônica (constitucional) grave (neutropenia congênita, cíclica ou idiopática)
(uso hospitalar e ambulatorial26,27) – a utilização, a longo prazo, de G-CSF está relacionada com
aumento mantido na contagem absoluta de neutrófilos em mais de 90% dos pacientes e redução na
incidência de infecções graves15,27-29. Preconiza-se o uso de filgrastim/molgramostim em doses baixas
(1 a 5 mg/kg/dia ou a cada 2 a 7 dias)30. Considera-se critério de inclusão o número total de neutrófilos
≤ 500/mm3. Dependendo da situação clínica, o uso do filgrastim/molgramostim pode justificar-se com
contagens maiores, embora as evidências, nesses casos, não sejam claras31;
         •	 mielodisplasia com neutropenia grave e infecção de repetição (uso ambulatorial e hospitalar)
– a indicação está recomendada para adultos, de forma individualizada, como terapêutica de suporte isolada
ou em combinação com estimuladores da eritropoese no tratamento de doentes com mielodisplasia de
baixo risco ou risco intermediário-1 do International Prognostic Scoring System (IPSS), com contagem
de neutrófilos < 500/mm3 e infecções resistentes ou de repetição requerendo hospitalizações32. O uso
prolongado e intermitente de G-CSF/GM-CSF parece trazer algum benefício neste contexto, sem
aumento aparente no risco de evolução para leucemia mieloide aguda32-38. Os fatores de crescimento
hematopoiético aumentam, de forma dose-dependente, o nível de neutrófilos circulantes em 60%
– 100% dos pacientes, chegando a níveis normais em grande parte dos casos, e podem contribuir
para melhora clínica e da qualidade de vida39,40. Interrupção no uso dos fatores é seguida de queda
na contagem de neutrófilos circulantes34,35,37. Estudos prospectivos em adultos sugerem um efeito


                                                                                                             39
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     sinérgico do uso combinado de CSF com eritropoietina na resposta eritroide33,41-45. Na mielodisplasia de alto risco
     (IPSS intermediário-2 ou alto), o uso dos fatores parece não oferecer benefício, não estando recomendado33,36.
              O uso de fatores está também recomendado, com base em determinados critérios, nas seguintes situações
     clínicas: mobilização de células progenitoras para transplante de medula óssea (uso hospitalar e ambulatorial);
     neutropenia associada a transplante de medula óssea (uso hospitalar ou ambulatorial); neutropenia induzida
     por quimioterapia (uso hospitalar ou ambulatorial); síndrome da imunodeficiência adquirida com neutropenia (uso
     ambulatorial) e hepatite C com neutropenia secundária ao uso de alfainterferona/alfapeginterferona associado ou
     não a ribavirina (uso hospitalar ou ambulatorial).
              Estas situações são tratadas em regulamentos específicos.

     6	 Critérios de exclusão
              Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes portadores de hipersensibilidade ao filgrastim/
     molgramostim ou a proteínas derivadas de Escherichia coli. A utilização de fatores não será recomendada por
     falta de evidências científicas de eficácia sobre desfechos clínicos relevantes, nas seguintes situações:
              •	 gestantes ou mães que estejam amamentando – são medicamentos incluídos na categoria C
     da classificação do FDA; faltam estudos em humanos; não está estabelecido se os fatores de crescimento
     hematopoiético são eliminados pelo leite materno; não há relatos de efeitos adversos relacionados à amamentação
     em humanos; deve-se considerar a relação risco-benefício potencial de seu uso neste contexto;
              •	 pacientes com agranulocitose associada a medicamentos – alguns estudos mostram benefício na
     utilização de fatores na agranulocitose secundária ao uso de medicamentos, especialmente na redução do
     tempo de neutropenia e na incidência de complicações infecciosas ou fatais. Medicamentos mais comumente
     implicados são clozapina, carbamazepina, dapsona, dipirona, propiltiouracil, metimazol, carbimazol, penicilina G,
     procainamida, rituximabe, anti-inflamatórios não esteroides, sulfassalazina e ticlopidina. Os estudos disponíveis
     são relatos de casos, evidência considerada insuficiente para justificar sua recomendação27,46-48. Seu emprego
     também não está recomendado em leucemia aguda refratária36, neutropenia febril em pacientes em quimioterapia
     de tumores sólidos em geral (exceto em casos particulares de câncer de mama e pulmão de pequenas células)5,49,
     pacientes críticos não neutropênicos50, sepse neonatal não associada a neutropenia51-53 e outras condições
     infecciosas, como pneumonia, “pé diabético”, doença de Crohn (fístulas).

     7	 Casos especiais
              Para pacientes (adultos e crianças) com anemia aplástica grave em terapia com imunossupressão (uso
     ambulatorial e hospitalar de ciclosporina, glicocorticoide e imunoglobulina antitimocítica ou antilinfocítica), há
     indicação de uso de fatores se a contagem de neutrófilos < 200/mm3,54. Estudos atuais mostram que G-CSF
     apresenta valor limitado nesta doença24,25. Parece haver benefício mais claro apenas nos casos menos graves
     quando, usualmente, seu uso não seria requerido34. O emprego isolado de fatores não é preconizado34. Embora
     haja recuperação mais rápida de neutrófilos quando administrados juntamente com a terapia imunossupressora,
     não há vantagem significativa em termos de resposta hematológica global ou sobrevida34. Seu uso dependerá do
     julgamento clínico em situações específicas55-57. O aumento na contagem de neutrófilos (> 500/mm3) nos primeiros
     3 meses é preditivo de resposta e sobrevida para estes pacientes58. O uso de fatores, portanto, pode permitir a
     identificação de não respondedores e orientar seu encaminhamento para transplante. Quando utilizados, devem
     ser aplicados somente nos primeiros 90 dias de imunossupressão54,59.
              Para os casos de sepse neonatal associada a neutropenia grave, faltam estudos para determinar um
     benefício claro de seu uso rotineiro. Apesar disto, a gravidade e a inexistência de alternativas podem justificar
     sua utilização60,61.

     8	 Tratamento
             O uso dos fatores de crescimento de linhagem mieloide deve levar em consideração a avaliação de risco
     global do paciente no que se refere a:
             •	 contagem de neutrófilos (atual ou prevista);
             •	 condições relacionadas ao paciente (fatores de risco) – idade, presença de comorbidades;
             •	 condições clínicas significativas, história de tratamento radioterápico ou quimioterápico anterior;
             •	 doença de base;


40
Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais


        •	 toxicidade do tratamento;
        •	 intenção do tratamento (curativo ou paliativo).
        Há consenso internacional nas recomendações dos fatores de crescimento de linhagem mieloide
para tratamento da neutropenia em pacientes com doenças hematológicas ou não hematológicas, com
base em ensaios clínicos randomizados25, 54,59,62-65 e metanálises24, em especial na neutropenia crônica
grave e na mielodisplasia.

        8.1 Fármacos
        •	 Filgrastim: frasco-ampola 300 mg/1 ml
        •	 Molgramostim: frasco-ampola 300 mg/1 ml

        8.2 Esquema de administração – tempo de tratamento
        De modo geral, utilizam-se G-CSF e GM-CSF na dose de 5 mg/kg/dia. Na mobilização de células-
tronco periféricas (CTP) para transplante, emprega-se, usualmente, a dose de 10 mg/kg/dia13,66,67.

          •	 Neutropenia crônica (constitucional) grave (neutropenia congênita, cíclica e idiopática) (uso
              ambulatorial e hospitalar)
          Tratamento eficaz é obtido com doses entre 1 e 10 mg/kg/dia15. Recomenda-se uso diário ou em
dias alternados a longo prazo. A dose inicial é de 5 mg/kg/dia e pode ser escalonada para 10 mg/kg/dia em
caso de não resposta, com incrementos posteriores de 10 mg/kg/dia a cada 14 dias até a obtenção de uma




                                                                                                                    Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais
contagem de neutrófilos > 1.000-1.500/mm3,15. Em seguida, sugere-se reduzir a dose progressivamente
e utilizar a menor dose suficiente para manter as contagens de neutrófilos > 500/mm3 15,28,63,68-70. Consideram-
se não respondedores os pacientes que não tenham obtido contagem satisfatória (para esta indicação
específica) com até 120 mg/kg/dia de G-CSF15. Para estes casos, TCTH ou terapias adicionais devem
ser considerados71.

       •	 Anemia aplástica grave em terapia com imunossupressão (uso ambulatorial e hospitalar de
           ciclosporina, glicocorticoide e antitimocítico ou antilinfocítico)
       Seu uso dependerá do julgamento clínico em situações específicas55-57,59. Quando utilizado,
deve ser iniciado na dose de 5 mg/kg/dia se a contagem de neutrófilos for < 200/mm3 no início do
esquema de imunossupressão54. Deve-se manter o tratamento por até 90 dias, ou interromper antes
caso ocorra resposta da doença de base à terapia imunossupressora.

         •	 Mielodisplasia com neutropenia grave e infecção de repetição (uso ambulatorial e hospitalar)
         A dose inicial é de 5 mg/kg/dia se a contagem de neutrófilos estiver < 500/mm3 e ocorrerem
infecções resistentes ou de repetição que necessitem de hospitalização31,36,40,72. Deve-se manter a dose
indicada até a obtenção de contagem estável de neutrófilos > 1.000/mm3,40. Em seguida, sugere-
se reduzir a dose progressivamente e utilizar a menor dose suficiente para manter as contagens de
neutrófilos > 500/mm3. A administração pode ser mantida de forma intermitente (2 ou 3 vezes por
semana), em doses baixas (1-5 mg/kg/dia), associada ou não a alfaepoetina, ajustando-se a dose
à resposta obtida2,31,36,40,67,72. Para o efeito sinérgico com a alfaepoetina, uma dose média diária ou
intermitente (2 ou 3 vezes por semana) de 1-2 mg/kg/dia costuma ser eficaz na normalização da
contagem de neutrófilos41,44,72,73.
         A administração de filgrastim (G-CSF) pode ser feita por infusão intravenosa ou por via
subcutânea. A via preferencial é a subcutânea pela melhor relação custo-benefício13,66,67,74. Molgramostim,
pouco utilizado atualmente, é administrado de maneira semelhante à de G-CSF (dose total, posologia e
vias de administração). Seus resultados são comparáveis aos de G-CSF13,66,67.

        8.3 Cuidados especiais5
        •	 Não se recomenda o escalonamento de doses fora do contexto da neutropenia crônica
           (constitucional) grave ou de TCTH.
        •	 Recomenda-se suspender o uso de fatores em caso de leucocitose (contagem de leucócitos
           >10.000/mm3).

                                                                                                                   41
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


             	  Nas condições em que não se prevê recuperação medular, como nas neutropenias congênitas e nas
                mielodisplasias, preconiza-se o uso da menor dose possível para manter a contagem de neutrófilos > 500/mm3.
             •	 Em crianças, não há evidências de alterações no crescimento e desenvolvimento, na maturação
                sexual e nas funções endócrinas com o uso de G-CSF. Os efeitos adversos parecem ser semelhantes
                aos dos adultos14.

             8.4 Benefícios esperados

             Benefícios gerais (evidência consistente)5,6,8-13,18,24,66,67,74-101:
             •	 aumento do número de neutrófilos;
             •	 redução no tempo de neutropenia;
             •	 redução na incidência de neutropenia grave;
             •	 redução no tempo de neutropenia febril.

             Benefícios específicos
             Anemia aplástica grave102:
             •	 recuperação mais rápida de neutrófilos quando administrado juntamente com a terapia
                imunossupressora54-56,59,62,103,104;
             •	 redução na taxa de recidiva ou falha com a terapia imunossupressora24,59,62;
             •	 de modo menos consistente, redução na taxa de infecções graves59.

             Neutropenia crônica grave15,27-29:
             •	 aumento na produção e maturação de neutrófilos63,105;
             •	 aumento no número de neutrófilos circulantes em cerca de 90% dos casos15,63,69;
             •	 redução na incidência e duração dos eventos infecciosos63,105;
             • redução na incidência de infecções graves27,105,106;
             • redução no tempo de uso de antibióticos15,63,106;
             • aumento na sobrevida global107.

             Mielodisplasia de baixo risco ou risco intermediário-1 (IPSS)102:
             •	 aumento no nível de neutrófilos circulantes32-37,65,108;
             •	 menor incidência de infecções65,108;
             •	 efeito sinérgico do uso combinado com eritropoetina na resposta eritroide33,41,42,44,45 e, em alguns
                casos, na sobrevida global33.

     9	 Monitorização
              Hemograma completo com diferencial e contagem de plaquetas devem ser realizados 2-3 vezes por
     semana ou ajustados para cada contexto clínico particular109. Este controle pode ser mais espaçado no caso de
     doenças crônicas.
              Em vista do potencial de toxicidade hepática e renal e de hiperuricemia (ver item Efeitos Adversos),
     sobretudo com o uso prolongado, sugere-se avaliação bioquímica a cada 4 semanas, que deve incluir ALT e AST,
     creatinina e ácido úrico.
              Deve-se atentar para possíveis sinais clínicos, como esplenomegalia, urticária, hipotireoidismo, alterações
     oculares, a cada avaliação clínica.
              Nas neutropenias congênitas e mielodisplasias, aspirado de medula óssea deve ser realizado antes e após o
     início do uso crônico do medicamento, a intervalos de 6 meses a 1 ano, com base na avaliação de risco inicial, para
     estudo morfológico, citogenético, relação mieloide/eritroide e, se disponível, avaliação de unidades formadoras de
     colônias de granulócitos-macrófagos27. Se houver sinais incipientes de mielodisplasia, como presença de alteração
     citogenética clonal isolada sem outras evidências de doença, ou mutação isolada do receptor para os fatores de
     crescimento hematopoiético, pode-se adotar conduta conservadora. Recomenda-se, como opção neste caso, reduzir
     a dose do fator ao máximo e monitorar os sinais de progressão, se houver, para doença maligna manifesta107,110.




42
Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais


         9.1 Efeitos adversos
         Dor osteomuscular é a complicação mais frequente111. Podem, ainda, ocorrer sintomas
gripais, cefaleia, artralgia, parestesia, sintomas gastrointestinais, esplenomegalia leve, plaquetopenia
moderada, anemia, osteopenia/osteoporose, hipotireoidismo, hiperuricemia, alterações hepáticas e
renais e, mais raramente, febre, fotofobia, reações alérgicas e anafiláticas, exacerbação de doenças
autoimunes latentes, injúria pulmonar e eventos cardiovasculares. Há relatos de casos isolados de
ruptura esplênica com dose de fatores de crescimento hematopoiético (20 mg/kg/dia) em doadores
sadios68,111-113.
           Os efeitos adversos de filgrastim e molgramostim estão discriminados no Termo de
Esclarecimento e Responsabilidade.

        9.2 Potencial para efeitos adversos
        É possível que os medicamentos atuem como fatores de crescimento para clones leucêmicos
já existentes, efeito observado in vitro mas ainda não comprovado in vivo5,77-85,114. Pacientes com
neutropenia congênita e síndrome de Shwachman-Diamond em uso de G-CSF parecem apresentar
maior risco de desenvolver mielodisplasia e leucemia mieloide aguda107,115; no entanto, é possível que
isto esteja mais relacionado à própria história natural da doença (o uso de G-CSF, ao prolongar a
sobrevida, poderia permitir o acúmulo gradativo de aberrações genéticas em pacientes já predispostos
para transformação maligna)69,107,110.
        O Severe Chronic Neutropenia International Registry (SCNIR), que apresenta como um de seus




                                                                                                              Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais
principais objetivos o monitoramento da ocorrência de efeitos adversos resultantes do uso de G-CSF
em pacientes com neutropenia congênita, cíclica ou idiopática, não demonstrou efeitos especificamente
relacionados a seu uso prolongado (por mais de 11 anos, em uso diário ou alternado) ou à dose de
tratamento14,68.
        Particularmente na mielodisplasia, transformação para leucemia manifesta é ocorrência natural
da doença69,113,116.
        Em pacientes com anemia aplástica e tratamento imunossupressor, o risco associado ao uso
de G-CSF é controverso; parece haver risco aumentado de mielodisplasia no uso a longo prazo (> 3
meses) em pacientes que não respondem à terapia imunossupressora em 6 meses117,118; no entanto,
estudos bem delineados com seguimento de 10 anos ou mais são necessários34,119.

10 	 Acompanhamento pós-tratamento
         O tempo de tratamento varia conforme cada contexto clínico ou doença de base. Uso crônico
continuado (com administração diária ou intermitente) está previsto para neutropenias crônicas graves
e para casos individualizados de mielodisplasia. Os critérios para suspensão do medicamento estão
indicados no item Esquemas de Administração – Tempo de Tratamento.
         A reavaliação dos tratamentos crônicos deve basear-se no julgamento clínico, sugerindo-se,
para tal, intervalos mínimos mensais/bimensais.

11 	 Regulação/controle/avaliação pelo gestor
         	 evem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração
         D
e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas,
a adequação de uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento.
         O tratamento com medicamentos preconizados neste protocolo para pacientes com qualquer
diagnóstico previsto, em tratamento em regime de internação hospitalar, é de responsabilidade do
hospital, estando seu custeio incluído na Autorização de Internação Hospitalar – AIH.
         Também devem ser observados os regulamentos específicos para o uso e fornecimento de G-CSF
ou GM-CSF em caso de neutropenia induzida por quimioterapia, síndrome da imunodeficiência adquirida
com neutropenia e hepatite C com neutropenia secundária ao uso de alfainterferona/alfapeginterferona.




                                                                                                             43
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     12  Termo de esclarecimento e responsabilidade – TER
              É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal sobre potenciais riscos, benefícios e
     efeitos adversos relacionados ao uso dos medicamentos preconizados neste protocolo. O TER é obrigatório ao
     se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.

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Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais


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                                                                                                                       Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais
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                                                                                                                      49
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



     Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
     Filgrastim e Molgramostim


             Eu, _______________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter sido
     informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao
     uso de filgrastim e molgramostim indicados para o tratamento de neutropenias.
             Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
              ______________________________________________________(nome do médico que prescreve).
             Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer
     as seguintes melhoras:
             •	 aumento do número de células brancas do sangue (neutrófilos);
             •	 redução no tempo de neutropenia (células brancas reduzidas no sangue);
             •	 redução na incidência de neutropenia grave;
             •	 redução no tempo de neutropenia febril.
             Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos
     adversos e riscos do uso deste medicamento:
             •	 os riscos na gravidez ainda não são bem conhecidos; portanto, caso engravide, devo avisar
                imediatamente o médico;
             •	 não está estabelecido se os medicamentos são eliminados pelo leite materno. Não há relatos de
                problemas relacionados à amamentação em humanos; entretanto, é fundamental discutir com o
                médico antes de amamentar;
             •	 existem indícios de que pacientes em uso destes medicamentos podem desenvolver câncer, porém
                estudos mais aprofundados são necessários;
             •	 efeitos adversos – redução do número de glóbulos vermelhos (anemia), redução do número de
                plaquetas (o que pode acarretar sangramentos), aumento dos glóbulos brancos para valores acima dos
                níveis normais; risco de ocorrência de “síndrome mielodisplástica” e leucemia mieloide aguda; dor de
                cabeça; infarto do miocárdio, arritmias, hipotensão; diminuição da função da tireoide (hipotireoidismo);
                aumento de ácido úrico no sangue (hiperuricemia); perda de apetite (anorexia), náuseas, alterações
                no paladar; possibilidade de toxicidade pulmonar, possibilidade de toxicidade sobre o fígado e os rins;
                reações alérgicas de pele; dores em ossos, músculos e articulações; sensibilidade à luz (fotofobia)
                e problemas oculares; reações anafiláticas; febre; aumento do tamanho do baço (esplenomegalia) e
                ruptura de baço (raramente).
             Fui também informado(a) de que este medicamento é utilizado para ajudar o organismo a produzir células
     brancas do sangue, prevenindo infecções em pacientes que estão com baixa resistência devido ao uso de outros
     medicamentos, em transplantados ou em portadores de doenças do sangue.
             Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a
     devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei
     a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
             Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao
     meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato.
               m
             Meu tratamento constará do seguinte medicamento:
             o filgrastim
             o molgramostim




50
Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais


Local:                                    Data:
Nome do paciente:
Cartão Nacional de Saúde:
Nome do responsável legal:
Documento de identificação do responsável legal:

                               _____________________________________
                               Assinatura do paciente ou do responsável legal
Médico responsável:                                                       CRM:              UF:

                                       ___________________________
                                        Assinatura e carimbo do médico
                                         Data:____________________
Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será
arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.




                                                                                                    Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais




                                                                                                   51
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



     Fluxograma de Tratamento
                                       Fluxograma de Tratamento
     Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais
                                        Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias
                                    Uso de Fatores Estimuladores de Colônias de Neutrófilos



                                                                                                       Diagnóstico: clínico e laboratorial


                                                          Paciente com neutropenia


                                                                                                     Critérios de inclusão:
                                                                                                     ✓ anemia aplástica grave em terapia
                                                                                                        de imunossupressão, com contagem
                                                                                                        de neutrófilos < 200/mm3
                                                                                                     ✓ neutropenia crônica (constitucional)
                                                                                                        grave, com contagem de neutrófilos
                                                                                                        ≤ 500/mm 3
                                                                                                     ✓ mielodisplasia com neutropenia
                      Exclusão                            Possui algum critério de                      grave e infecções de repetição, com
                                          Sim                                                           contagens de neutrófilos ≤ 500/mm 3
                      do PCDT                                   exclusão?                               de risco baixo ou intermediário do
                                                                                                        IPSS em infecções de repetição
                                                                                                        resistentes ou requerendo
                                                                                                        hospitalização


           Monitorização laboratorial:
           ✓ hemograma completo inicialmente
                                                                    Não
             2-3 vezes por semana,
             aumentando-se a periodicidade
                                                                                                       Critérios de exclusão:
             progressivamente de acordo com
             critérios clínicos                                                                        ✓ hipersensibilidade ao filgrastim,
           ✓ transaminases (ALT/AST),                          Tratamento                                ao molgramostim ou a proteínas
                                                                                                         derivadas de Escherichia coli
             creatinina e ácido úrico inicialmente             com fatores
             a cada 4 semanas                                                                          ✓ agranulocitose secundária ao
                                                              estimuladores                               uso de medicamentos
           ✓ aspirado de medula óssea antes do
             tratamento e a cada 6-12 meses                   de colônias de
             nos casos de mielodisplasias e                     neutrófilos
             neutropenias congênitas




                                                                                                              Mielodisplasia de
             Anemia aplástica                                   Neutropenia                                 baixo risco ou risco
                 grave                                         crônica grave                                 intermediário com
                                                                                                            neutropenia grave




          Filgrastim ou molgramostim                     Filgrastim ou molgramostim na                Filgrastim ou molgramostim
            na dose de 5 mg/kg/dia,                     dose de 5 mg/kg/dia, por via SC,                na dose de 5 mg/kg/dia,
                   por via SC                          diariamente ou em dias alternados                       por via SC



         Suspender o medicamento                Em caso de não resposta, pode-se aumentar                   Manter a dose até obter
         quando houver resposta da               a dose em 10 mg/kg/dia a cada 14 dias até                  contagens de neutrófilos
             doença de base ao                   120 mg/kg/dia, visando manter a contagem                    > 1000/mm3. A seguir,
                 tratamento                         de neutrófilos entre 1.000-1.500/mm3.                  reduzir para a menor dose
          imunossupressor ou após                 Buscar sempre a menor dose efetiva para                     efetiva para manter
               90 dias de uso.                          manter > 500/mm3 neutrófilos.                        neutrófilos > 500/mm3.




52
Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais



Fluxograma de Dispensação de Filgrastim ou Molgramostim
Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais
                          Fluxograma de Dispensação de filgrastim ou molgramostim
                        Anemia aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias constitucionais


                        Paciente solicita o                                     CID-10: D46.0, D46.1, D46.7, D61.0, D61.1,
                                                                                D61.2, D61.3, D61.8, D70, Z94.8
                         medicamento.                                           Exames:
                                                                                ✓ hemograma
                                                                                ✓ aspirado de medula óssea (para uso crônico)
                                                                                Exames não obrigatórios:
                                                                                ✓ plaquetas
                                                                                ✓ ALT, AST
                                                                                ✓ creatinina
                   Possui LME corretamente                                      ✓ ácido úrico
                     preenchido e demais                                        Dose: 5 mg/kg/dia de filgrastim ou
                    documentos exigidos?                                        molgramostim com esquema que pode variar
     Não                                                      Sim               de acordo com a doença




   Orientar o                                    CID-10, exames e




                                                                                                                                 Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais
   paciente.                                    dose estão de acordo
                             Não                                                             Sim
                                                 com o preconizado
                                                    pelo PCDT?

                   Encaminhar o                                                  Realizar entrevista
                    paciente ao                                              farmacoterapêutica inicial
                  médico assistente.                                            com o farmacêutico.

                                                                                         Processo
                                                                          Não                                 Sim
                                                                                         deferido?


                                                                    Não dispensar e
                                                                                                           Orientar o
                                                                      justificar ao
   Exames necessários para monitorização:                                                                  paciente.
                                                                        paciente.
   ✓ hemograma completo e plaquetas
      Periodicidade: inicialmente 2 a 3x por semana,
      aumentando a periodicidade de acordo critério clínico
   ✓ ALT, AST, creatinina, ácido úrico
     Periodicidade: a cada mês
   ✓ aspirado de medula óssea (em casos de uso crônico)                      Dispensação a cada mês de
     Periocidade: a cada 6 meses a 1 ano
                                                                                     tratamento
                                                                                     Entrevista
                                                                               farmacoterapêutica de
                                                                                   monitorização




                                                  Paciente apresentou alteração
                                                   nos exames não compatível
                               Sim                                                               Não
                                                  com o curso do tratamento ou
                                                 eventos adversos significativos?

                   Dispensar* e solicitar
                    parecer do médico                                                        Dispensar.
                        assistente.

                      * Observação: para anemia aplástica grave: interromper antes de 90 dias caso
                     ocorra resposta da doença de base à terapia imunossupressora: não dispensar.

                                                                                                                                53
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



     Ficha Farmacoterapêutica
     Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais


     1	 Dados do Paciente
     Nome: ___________________________________________________________________________________
     Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
     Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
     Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
     Sexo: o Masculino o Feminino DN: ____________/ _____/ ______ Idade: ______Peso: _____ Altura: ______
     Endereço: ________________________________________________________________________________
     Telefones: ________________________________________________________________________________
     Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________
     Telefones: ________________________________________________________________________________

     2	 Avaliação Farmacoterapêutica
     2.1 	Qual a doença de base?
     	 o Anemia aplástica
     	 o Mielodisplasia
     	 o Neutropenias constitucionais

     2.2 	Possui outras doenças diagnosticadas?
     	 o não
     	 o sim g Quais? ________________________________________________________________________

     2.3 Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais?
          Nome comercial         Nome genérico       Dose total/dia e via               Data de início     Prescrito
                                                                                                          o não o sim
                                                                                                          o não o sim
                                                                                                          o não o sim
                                                                                                          o não o sim

     2.4 		Já apresentou reações alérgicas a medicamentos?
     	 o não
     	 o sim g Quais? A que medicamentos? ______________________________________________________

     3	 Monitorização do Tratamento
     Exames Laboratoriais
      Exames                 Inicial  1o mês      2o mês        3o mês       4o mês              5o mês       6o mês
      Previsão de data
      Data
      Hemoglobina
      Hematócrito
      Leucócitos
      Linfócitos
      Neutrófilos
      Plaquetas
      ALT*
      AST*
      Creatinina*
      Ácido úrico*
     * Exames preconizados quando o medicamento for utilizado por período prolongado.
54
Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais


3.1 	Encontram-se os neutrófilos dentro da normalidade?
	 não g Dispensar
	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente

3.2 	Encontram-se ALT, AST, creatinina e ácido úrico dentro da normalidade?
	 não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (possibilidade de toxicidade
	    hepática e renal e hiperuricemia)
	 sim g Dispensar


3.3 	Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos
	    Adversos)
	 não g Dispensar
	 sim g Passar para a pergunta 3.4

3.4 	Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
	 não g Dispensar
	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente

                       Tabela de Registro de Eventos Adversos




                                                                                                          Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais
   Data da
                                Evento adverso                        *Intensidade           q Conduta
  entrevista




Principais reações adversas já relatadas: cefaleia, infarto do miocárdio, arritmias, hipotensão,
anorexia, náuseas, alterações no paladar, dor no peito, reações alérgicas de pele, prurido, dor em
ossos, músculos e articulações, fotofobia, alterações oftalmológicas, febre, esplenomegalia e ruptura
de baço
* Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica
(nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro
(descrever)


                                                                                                         55
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                             TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO

                                1o mês       2o mês      3o mês       4o mês   5o mês   6o mês
     Data
     Nome comercial
     Lote/Validade
     Dose prescrita
     Quantidade dispensada
     Próxima dispensação
     (Necessita de parecer
     médico: sim/não)
     Farmacêutico/CRF
     Observações




56
Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais



Guia de Orientação ao Paciente
Filgrastim e Molgramostim


    este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.

    seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.

           o medicamento é utilizado no tratamento de anemia aplástica, mielodisplasia e

                                    neutropenias constitucionais.


1	 Doenças
	    •	   Anemia aplástica, mielodisplasia e neutropenias constitucionais são doenças que podem
          causar diminuição das defesas do organismo, aumentando o risco de infecções.

2	 Medicamento
	    •	   Este medicamento fortalece as defesas do organismo, aumentando a quantidade de células
          brancas no sangue e diminuindo o risco de infecções.




                                                                                                            Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais
3	 Guarda do medicamento
	    •	   O medicamento deve ser guardado na geladeira, mas não deve ser congelado.
     •	   Mantenha o medicamento fora do alcance das crianças.

4	 Administração do medicamento
	    •	   Você poderá fazer as aplicações em hospital, sob supervisão de um profissional de enfermagem,
          ou em casa. Neste caso, as normas básicas de aplicação das injeções devem ser seguidas.
          Procure orientação de um profissional de saúde.
     •	   O medicamento pode ser usado por via intravenosa ou subcutânea.
     •	   Siga corretamente as orientações do médico em relação à via e respeite o horário de aplicação.
     •	   Procure orientações com o farmacêutico sobre como descartar de forma adequada as seringas
          e agulhas após o uso.

5	 Reações desagradáveis
	    •	   Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas
          reações desagradáveis, tais como dor de cabeça, batimentos irregulares do coração, tontura,
          perda de apetite, náuseas, alterações no paladar, reações alérgicas de pele, dor em ossos,
          músculos e juntas, sensibilidade à luz e problemas oculares.
     •	   Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
     •	   Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e
          Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.

6	 Uso de outros medicamentos
	    •	   Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um
          profissional de saúde.

7	 Realização dos exames de laboratório
	    •	   A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento no
          seu organismo. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o
          tratamento.




                                                                                                           57
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     8	 Para seguir recebendo o medicamento
     	 •	     Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos:
     		       − Receita médica atual
     		       − Cartão Nacional de Saúde ou RG
     		       − Exames: hemograma e plaquetas com intervalos de realização a critério médico; ALT, AST, creatinina
     		       e ácido úrico a cada mês; aspirado de medula óssea a cada 6 meses a 1 ano ou com intervalos de
              realização a critério médico

     9	 Em caso de dúvida
     	   •	   Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude,
              procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.

     10	 Outras informações
     _________________________________________________________________________________________

     _________________________________________________________________________________________

     _________________________________________________________________________________________

     _________________________________________________________________________________________

     _________________________________________________________________________________________


                       levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia

                               até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira.

                                  se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                                            devolva-o à farmácia do sus.




58
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

          Anemia em Pacientes com Insuficiência
          Renal Crônica – Alfaepoetina
          Portaria SAS/MS no 226, de 10 de maio de 2010. (Retificada em 27.08.10)


    1	 Metodologia de busca da literatura
              Foi realizada busca de artigos nas bases de dados do Medline/Pubmed, Embase e Cochrane,
    limitada aos últimos 10 anos até 31 de janeiro de 2010. Foram selecionados ensaios clínicos randomizados,
    metanálises e revisões sistemáticas envolvendo o tratamento farmacológico da anemia na doença renal
    crônica, tendo sido excluídos estudos cujos desfechos não tivessem relevância clínica ou cujo fármaco não
    tivesse registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
              No Medline/Pubmed, foi utilizada a estratégia de busca “Kidney Failure, Chronic”[Mesh] AND
    “Anemia”[Mesh] AND (“humans”[Mesh Terms] AND (Meta-Analysis[ptyp] OR Randomized Controlled
    Trial[ptyp]). A pesquisa encontrou 107 estudos, dos quais 24 foram julgados relevantes para o protocolo. Nova
    busca com a mesma estratégia, porém sem limite de data, identificou outros 4 estudos que foram incluídos
    tendo em vista sua importância histórica.
              No Embase, foi utilizada a estratégia de busca ‘chronic kidney failure’/exp AND ‘drug therapy’/exp
    AND ([cochrane review]/lim OR [controlled clinical trial]/lim OR [meta analysis]/lim OR [randomized controlled
    trial]/lim OR [systematic review]/lim) AND [humans]/lim AND [embase]/lim. Os 86 estudos identificados foram
    analisados. Foram incluídos 3 estudos adicionais em relação àqueles já encontrados na busca do Pubmed.
              Na biblioteca Cochrane, utilizando-se a expressão “chronic kidney failure anemia”, foram localizadas
    3 revisões sistemáticas, incluídas na elaboração do protocolo. Estas buscas foram realizadas no dia 09/02/10.
              Foi consultado ainda o UpToDate, versão 17.3, através do site http://www.uptodateonline.com, e
    livros-texto de Nefrologia.

    2	 Introdução
            Anemia é definida como um estado de deficiência de massa eritrocitária e hemoglobina, resultando
    em aporte insuficiente de oxigênio para órgãos e tecidos. Os valores normais de hematócrito e hemoglobina
    variam em relação a idade, gênero, raça e outros fatores. O conceito clássico, segundo a Organização
    Mundial de Saúde, considera que há anemia quando a hemoglobina for < 13 g/dl em homens e mulheres na
    pós-menopausa e < 12 g/dl em mulheres na pré-menopausa. Esta condição estará presente em até 90% dos
    pacientes com insuficiência renal crônica (IRC) e taxa de filtração glomerular < 25-30 ml/min1,2.
            A anemia na IRC pode se desenvolver em decorrência de qualquer uma das condições hematológicas
    que afetam a população geral. Porém a causa mais comum, sobretudo nos pacientes com doença mais
    avançada, é a deficiência de eritropoetina. Essa glicoproteína, produzida pelos rins, atua na medula óssea
    estimulando as células progenitoras da série eritroide. Os maiores estímulos para sua produção são anemia
    e hipóxia tecidual. Em pacientes com IRC, os níveis produzidos estão aquém do esperado para o grau de
    anemia apresentado deficiência relativa de sua produção. Isso decorre da perda progressiva de néfrons ao
    longo da história natural da IRC, com consequente limitação à produção de eritropoetina3,4.
            Além da menor produção de eritrócitos, em razão dos níveis insuficientes de eritropoetina, pacientes
    com IRC apresentam também menor meia-vida eritrocitária decorrente de um pequeno grau de hemólise. Tal
    alteração pode ser parcialmente corrigida com a suplementação de eritropoetina exógena4.
            A manutenção de estoques corporais adequados de ferro é fundamental para boa resposta ao
    tratamento com alfapoetina, sendo a deficiência de ferro ou sua reduzida disponibilidade as principais causas



Consultores: Guilherme Geib, Pedro Renato Chocair, Carlos Alberto Prompt, Fernando Saldanha Thomé,
Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                     59
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     de falha do tratamento. Estima-se que pacientes em hemodiálise percam em média 2 g de ferro por ano pelo
     método dialítico, além de perdas resultantes de outras causas (gastrointestinais, coletas de sangue frequentes,
     etc.), justificando-se a necessidade de avaliação sistemática e reposição apropriada5.
               A presença de anemia acarreta uma série de consequências aos pacientes com IRC. A qualidade de
     vida é afetada, uma vez que da anemia decorrem, dentre outros, sintomas como fadiga, dispneia, prejuízo da
     capacidade cognitiva. Há ainda uma predisposição a eventos cardiovasculares6-8, com aumento da mortalidade
     relacionada9 e, possivelmente, aumento da mortalidade geral destes pacientes10,11. O maior número de eventos
     acaba por levar a um maior número de hospitalizações com aumento de custos ao sistema de saúde3,4.
               A correção da anemia através do uso de alfaepoetina praticamente suprimiu a necessidade de transfusões
     sanguíneas e os riscos a elas associados e, além disso, promoveu benefícios em relação à melhora da qualidade
     de vida e do desempenho físico e cognitivo e a redução do número de hospitalizações12. Entretanto, estudos
     recentes têm demonstrado que a manutenção de um alvo de hemoglobina > 13 g/dl associou-se a aumento da
     morbimortalidade13. Diante disto, a faixa terapêutica atualmente recomendada para hemoglobina situa-se entre
     10-12 g/dl.
               No Brasil, estima-se, a partir dos dados do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, que, em
     2008 e 2009, respectivamente, 72.730 e 75.822 pacientes submeteram-se a diálise e cerca de 90% deles, a
     hemodiálise. O uso de alfaepoetina fez parte do tratamento de mais de 80% destes pacientes.

     3	 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados
         à saúde (CID-10)
            •	 N18.0 Doença renal em estádio final
            •	 N18.8 Outra insuficiência renal crônica

     4	 Diagnóstico
             A presença de anemia deve ser sistematicamente avaliada em pacientes com IRC, sobretudo nos
     com sinais/sintomas sugestivos, como fadiga, dispneia, descoramento de mucosas, taquicardia, dentre outros.
     Avaliação clínica completa deve ser realizada a fim de excluir outras causas de anemia.
             O diagnóstico de anemia se estabelece pela presença de hemoglobina < 13 g/dl em homens e mulheres
     na pós-menopausa e < 12 g/dl em mulheres na pré-menopausa. A avaliação laboratorial deve incluir hemograma
     completo, dosagem de ferritina e saturação da transferrina. A necessidade de exames adicionais, para diagnóstico
     diferencial de outras doenças que cursam com anemia, dependerá da avaliação clínica individualizada.
             Em pacientes com anemia decorrente de IRC, o hemograma costuma revelar anemia do tipo doença
     crônica, ou seja, normocítica e normocrômica. As reservas de ferro devem ser avaliadas e corrigidas conforme
     Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Anemia na Insuficiência Renal Crônica – Reposição de Ferro III.

     5	 Critérios de inclusão
            Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes com IRC que apresentarem todas as
     condições abaixo:
             •	 doença renal crônica nos estágios 3-5, definida como taxa de filtração glomerular calculada < 60 ml/min
                por 1,73 m2;
             •	 presença de anemia com nível de hemoglobina ≤10 g/dl;
             •	 reservas adequadas de ferro, definidas por ferritina sérica >100 ng/dl e saturação da transferrina > 20%
                em pacientes em tratamento conservador ou diálise peritoneal e ferritina sérica > 200 ng/dl e saturação
                da transferrina > 20% em pacientes em hemodiálise.

     6	 Critérios de exclusão
     	   	   Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem:
             •	 hipersensibilidade ou intolerância ao medicamento ou a um de seus componentes;
             •	 hipertensão arterial sistêmica não controlada (níveis > 140/90 mmHg) mesmo com uso de 3 anti-
                hipertensivos;
             •	 anemia de outras etiologias.



60
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina


7	 Casos especiais
          Os riscos e benefícios do uso de alfaepoetina durante a gestação devem ser criteriosamente
avaliados antes de sua utilização. Há evidências de que o medicamento causa anormalidades em
animais, mas o risco em humanos ainda não está definido. O benefício do produto, porém, pode
justificar o risco na gravidez. Não se sabe se o medicamento é excretado pelo leite materno.
          O uso de alfaepoetina para correção da anemia em pacientes com câncer está associado com
aumento das taxas de recidiva de tumores sólidos e potencial aumento da mortalidade relacionada
à doença. Diante disto, deve ser utilizada com muita cautela em pacientes com anemia por IRC e
diagnóstico de câncer.

8	 Tratamento
        A suplementação de alfaepoetina em pacientes com IRC tem o potencial de reduzir de forma
importante a necessidade de transfusões, com seus riscos associados, além de contribuir para evitar
a sobrecarga de ferro, reduzir a massa ventricular esquerda e melhorar a qualidade de vida dos
pacientes12.
        Os benefícios do tratamento foram avaliados em metanálise publicada por Jones e cols.14. Além
do aumento dos níveis de hemoglobina e consequente melhora da qualidade de vida e redução da




                                                                                                          Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina
necessidade de transfusões, os pacientes ainda tiveram substancial redução na taxa de hospitalizações.
        Há diferentes agentes estimuladores da eritropoese, como alfaepoetina, betaepoetina,
darbepoetina e ativadores contínuos do receptor da eritropoetina (CERA), sendo a posologia a principal
diferença entre eles. A alfaepoetina, por ser o representante mais bem estudado, com maior experiência
de uso clínico e perfil de segurança a longo prazo conhecido, permanece como agente de escolha
no tratamento da anemia na IRC. Quando comparada à alfaepoetina, a darbepoetina não mostrou
vantagens em termos de eficácia15. Não foram localizados ensaios clínicos randomizados comparando
a eficácia de betaepoetina ou ativadores contínuos do receptor da eritropoetina com o tratamento
padrão, alfaepoetina. Diante disto, seu uso permanece experimental, não sendo recomendado por este
protocolo.

         Pacientes em tratamento conservador e em diálise peritoneal
         Pacientes com IRC em tratamento conservador ou em programa de diálise peritoneal
beneficiam-se do uso de alfaepoetina para correção de anemia. Estudo publicado por Revicki e cols.16
comparou seu uso contra observação em 83 pacientes com IRC em tratamento conservador. A anemia
foi corrigida em 79% dos que receberam alfaepoetina e em 0% dos controles. Houve ainda melhora
significativa no desempenho físico e cognitivo, além de outros itens relacionados à qualidade de vida.
         O impacto da correção da anemia na qualidade de vida de pacientes com IRC em tratamento
conservador foi avaliado em estudo publicado por Alexander e cols.17. Os autores demonstraram que a
correção da anemia correlacionou-se com melhoras estatistica e clinicamente significativas em escores
de qualidade de vida. Revisão sistemática da Cochrane18 buscou avaliar a eficácia da alfaepoetina no
tratamento da anemia em pacientes com IRC em tratamento conservador. Os autores concluíram que
o tratamento corrige a anemia, evita transfusões e melhora a qualidade de vida e a capacidade física.
         Apesar de a anemia ser um conhecido fator de risco para a progressão da IRC, persiste motivo
de debate se sua correção poderia retardar a necessidade de hemodiálise. Em estudo publicado
por Gouva e cols.19, incluindo 88 pacientes com IRC em tratamento conservador, o uso precoce de
alfaepoetina (definido como início de alfaepoetina com hemoglobina entre 9-11 g/dl) associou-se
com retardo na progressão da doença e na necessidade de diálise em relação ao grupo que iniciou
alfaepoetina tardiamente (início quando hemoglobina < 9 g/dl). Por outro lado, no estudo CREATE20,
que randomizou 603 pacientes com IRC nos estágios 3 e 4 com alvos de hemoglobina entre 11-12,5 g/dl
(grupo intervenção) ou 10,5-11,5 g/dl (grupo controle), não houve diferença em relação à progressão da
doença e mais pacientes no grupo intervenção necessitaram de diálise. A massa ventricular esquerda
também não parece diferir quando a alfaepoetina é iniciada mais precocente21,22.
         A frequência de administração de alfaepoetina em pacientes com IRC em tratamento
conservador foi motivo do estudo PROMPT23. Os pacientes foram randomizados para 1 dos 4 braços


                                                                                                         61
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     de tratamento com alfaepoetina subcutânea: 10.000 UI, 1 vez por semana; 20.000 UI, a cada 2 semanas; 30.000
     UI, a cada 3 semanas; e 40.000 UI, a cada 4 semanas. O desfecho primário foi o nível de hemoglobina ao final
     das 16 semanas de tratamento. Não houve diferença estatisticamente significativa em relação aos níveis de
     hemoglobina e em medidas de qualidade de vida ao final do tratamento. Cerca de 90% dos pacientes dos grupos
     que receberam alfaepoetina a cada 1 ou 2 semanas e 75% daqueles dos grupos que a receberam a cada 3 ou 4
     semanas mantiveram hemoglobina > 11 g/dl ao final do estudo. Os autores concluíram que menor frequência de
     administração de alfaepoetina pode ser efetiva e flexibilizaria o tratamento da anemia nesse grupo de pacientes.
             Em outro estudo, publicado por Pergola e cols.24, a administração de alfaepoetina semanalmente ou a
     cada 2 semanas mostrou-se igualmente eficaz em pacientes com IRC nos estágios 3-4.

              Pacientes em hemodiálise
              Os benefícios do uso de alfaepoetina no tratamento da anemia em pacientes com IRC em hemodiálise
     foram claramente demonstrados no clássico estudo publicado por Eschbach e cols.12. Os 333 pacientes incluídos,
     com hematócrito < 30% e reservas adequadas de ferro, virtualmente eliminaram a necessidade de transfusões
     sanguíneas após 2 meses de tratamento com alfaepoetina, uma vez que tiveram a anemia corrigida. A dose
     média de alfaepoetina, utilizada por via intravenosa, foi de 75 UI/kg, 3 vezes por semana. Os pacientes tiveram
     ainda melhora significativa na qualidade de vida.
              A frequência de administração de alfaepoetina em pacientes em hemodiálise foi estudada por Lee e
     cols.25. Os 84 pacientes foram randomizados entre 2 grupos: o grupo intervenção, que recebia alfaepoetina
     1 vez por semana por via subcutânea, e o grupo controle, que recebia alfaepoetina 2 ou 3 vezes por semana
     (conforme uso prévio) por via subcutânea. Não houve diferença estatisticamente significativa em relação a níveis
     de hemoglobina e doses de alfaepoetina após 12 semanas, desfechos principais do estudo. Tais resultados
     sugerem que o uso de dose única semanal pode ser uma opção no tratamento de manutenção deste grupo de
     pacientes.
              Revisão sistemática da Cochrane, publicada anteriormente ao estudo de Lee e cols.25, avaliou o impacto
     de diferentes frequências de administração subcutânea de alfaepoetina na correção da anemia em pacientes em
     diálise26. Os níveis de hemoglobina foram semelhantes, independentemente da frequência do uso da alfaepoetina
     (1, 2 ou 3 vezes por semana). A dose única semanal associou-se com necessidade adicional de 12 UI/kg de
     alfaepoetina. Não houve diferença em relação à ocorrência de efeitos adversos.

             Reservas de ferro
             A manutenção de reservas adequadas de ferro associa-se à necessidade de menores doses de
     alfaepoetina para correção da anemia dos pacientes. Em vista disto, todos os pacientes devem ser avaliados e
     tratados de acordo com o PCDT de Anemia na Insuficiência Renal Crônica – Reposição de Ferro III.

             Via de administração
             A melhor via de administração de alfaepoetina permanece motivo de debate, sobretudo em relação aos
     pacientes em hemodiálise. Para os que estiverem em tratamento conservador e em programa de diálise peritoneal,
     a via preferencial é a subcutânea. A comparação entre a administração de alfaepoetina por via subcutânea ou
     intravenosa foi o objetivo do estudo publicado por Kaufman e cols.27. Os autores demonstraram que o uso
     subcutâneo foi capaz de manter os níveis de hemoglobina com uma dose de alfaepoetina 30% menor do que a
     administrada por via intravenosa, o que gerou significativa redução de custos ao tratamento. A taxa relatada de
     desconforto no local da aplicação foi muito baixa, com 86% dos pacientes que receberam alfaepoetina por via
     subcutânea graduando o desconforto como leve ou ausente.
             Estudo publicado por Messa e cols.28 buscou comparar a eficácia da administração intravenosa em
     relação à subcutânea no tratamento da anemia em pacientes em hemodiálise. Os resultados demonstraram
     que a administração intravenosa semanal foi inferior à subcutânea semanal e à intravenosa dividida em 3 doses
     semanais.

              Níveis-alvo de hemoglobina
              Metanálise publicada por Phrommintikul e cols.13, incluindo mais de 5.000 pacientes provenientes
     de 9 ensaios clínicos (entre eles os recentes estudos CREATE20 e CHOIR29), buscou avaliar a relação entre
     nível-alvo de hemoglobina e eventos cardiovasculares e mortalidade geral e atualizou os resultados de revisão

62
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina


sistemática prévia da Cochrane30. Os autores verificaram que a manutenção de níveis mais elevados
de hemoglobina (entre 12-16 g/dl) associou-se com aumento da mortalidade geral, além de maior
número de trombose de fístula arteriovenosa e de casos de hipertensão de difícil controle. Não houve
diferença em relação à ocorrência de infartos do miocárdio ou hipertrofia ventricular esquerda.
         Em outra metanálise, publicada por Clement e cols.31, não foram observadas vantagens clinicamente
relevantes em relação à qualidade de vida na manutenção da hemoglobina em níveis > 12 g/dl. Visando
avaliar especificamente o impacto do nível de hemoglobina na hipertrofia ventricular esquerda, Parfrey
e cols.32 publicaram metanálise demonstrando ausência de benefício em manter níveis > 12 g/dl quando
comparados a níveis convencionais. Diante destes resultados, pode-se concluir que buscar a correção
completa da anemia, mantendo-se níveis de hemoglobina > 12 g/dl, não traz benefícios adicionais em
relação ao controle sintomático e à qualidade de vida e pode levar a aumento da morbimortalidade.
Recomenda-se, portanto, que o tratamento vise alvos de hemoglobina entre 10-12 g/dl.

        8.1 Fármaco
        Alfaepoetina: frasco-ampola com 1.000 UI, 2.000 UI, 3.000 UI, 4.000 UI e 10.000 UI

        8.2 Esquema de administração
        Pacientes em tratamento conservador ou em programa de diálise peritoneal podem ser tratados




                                                                                                              Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina
inicialmente com uma das seguintes opções, ajustadas posteriormente de acordo com a resposta
terapêutica:
        •	 50-100 UI/kg, por via subcutânea, divididas em 1-3 aplicações por semana;
        •	 10.000 UI, por via subcutânea, 1 vez por semana;
        •	 20.000 UI, por via subcutânea, 1 vez a cada 2 semanas.

        Pacientes em hemodiálise podem ser tratados inicialmente com uma das seguintes opções,
ajustadas posteriormente de acordo com a resposta terapêutica:
        •	 50-100 UI/kg, por via subcutânea, divididas em 1-3 aplicações por semana;
        •	 50-100 UI/kg, por via intravenosa, divididas em 3 aplicações por semana.

         Diversos nomogramas para ajuste de dose de alfaepoetina foram descritos em pacientes com
IRC33-35. A maioria, contudo, não foi validada de forma prospectiva. Inexistem comparações diretas
entre diferentes estratégias de ajuste de dose. Sugere-se que os pacientes tenham a hemoglobina
monitorizada a cada 2 semanas após cada ajuste de dose até a estabilização e, a partir de então, a
cada 4 semanas. As doses devem ser corrigidas conforme o nível de hemoglobina:
         •	 se, após 4 semanas de tratamento, a elevação de hemoglobina for < 0,3 g/dl por semana,
            aumentar a dose em 25%, respeitando o limite da dose máxima, que é de 300 UI/kg/semana
            por via subcutânea e de 450 UI/kg/semana por via intravenosa;
         •	 se, após 4 semanas de tratamento, a elevação de hemoglobina estiver no intervalo de 0,3-
            0,5 g/dl por semana, manter a dose em uso;
         •	 se, após 4 semanas, a elevação de hemoglobina for > 0,5 g/dl por semana ou o nível de
            hemoglobina estiver entre 12-13 g/dl, reduzir a dose em 25%-50%, respeitando o limite da
            dose mínima recomendada, que é de 50 UI/kg/semana por via subcutânea;
         •	 suspender temporariamente o tratamento se o nível de hemoglobina estiver > 13 g/dl.

       8.3 Tempo de tratamento – Critérios de interrupção
       O tratamento deve ser mantido de forma contínua, visando o alvo de hemoglobina de 11 g/dl.
Recomenda-se a interrupção temporária do tratamento se os níveis de hemoglobina forem > 13 g/dl,
com reinício do mesmo quando os níveis estiverem < 11 g/dl. Deve ser considerada a suspensão do
tratamento na ocorrência de evento adverso grave.




                                                                                                             63
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


             8.4 Benefícios esperados
             O tratamento com alfaepoetina tem como benefícios a correção da anemia, com consequente redução
     da necessidade de transfusões e do número de hospitalizações, além da melhora sintomática da qualidade de
     vida e da capacidade cognitiva e do desempenho físico.

     9	 Monitorização
               A resposta ao tratamento deve ser acompanhada por dosagens de hemoglobina a serem realizadas a
     cada 2 semanas até a estabilização dos níveis e após cada ajuste de dose. Quando houver nível de hemoglobina
     estável após 2 medidas consecutivas, a frequência de aferição pode ser mensal. Deve-se atentar para a
     necessidade de monitorização concomitante das reservas de ferro, conforme o PCDT específico.
               Tendo em vista que o uso de alfaepoetina está associado com o desenvolvimento de hipertensão arterial
     de difícil controle, os pacientes devem ter a pressão arterial aferida pelo menos a cada 15 dias, independentemente
     de história prévia de hipertensão arterial sistêmica. Deve ser considerada a suspensão de alfaepoetina na
     presença de hipertensão arterial estágio 2 (pressão sistólica ≥ 160 ou pressão diastólica ≥ 100 mmHg) refratária
     ao tratamento com 3 diferentes fármacos em dose-alvo, uma vez que esta situação pode estar relacionada com
     aumento da mortalidade13.
               A aplasia pura da série eritroide é um evento raro que pode decorrer do uso de agentes estimuladores da
     eritropoese. A condição clínica caracteriza-se por anemia grave, baixa contagem de reticulócitos e ausência de
     precursores eritroides na medula óssea, na presença de normalidade das outras séries (leucócitos e plaquetas)
     e resulta da produção de anticorpos neutralizantes da eritropoetina, seja endógena ou exógena. Sua ocorrência
     é estimada em 1,6 por 10.000 pacientes/ano com o uso de alfaepoetina por via subcutânea, havendo raros
     relatos de uso intravenoso. Recomenda-se que sejam avaliados para esta condição os pacientes em uso de
     alfaepoetina há pelo menos 4 semanas e que desenvolvam:
               •	 queda da hemoglobina > 0,5 g/dl por semana na ausência de transfusões ou necessidade de transfusão
                  de pelo menos uma unidade de hemácias por semana para manter os níveis de hemoglobina;
               •	 contagens normais de leucócitos e plaquetas;
               •	 contagem absoluta de reticulócitos < 10.000/ml.
               Na ocorrência de aplasia pura da série eritroide, o uso de alfaepoetina deve ser suspenso, e tratamento
     específico, instituído, conforme PCDT da Aplasia Pura Adquirida da Série Vermelha.
               Considera-se resposta inadequada ao tratamento a persistência de anemia (níveis de hemoglobina < 10-12 g/dl)
     ou a necessidade de doses muito altas de alfaepoetina (300 UI/kg/semana por via subcutânea e 450 UI/kg/semana por via
     intravenosa). Os pacientes devem ser inicialmente avaliados em relação à adequada reserva de ferro, de acordo com o
     PCDT Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Reposição de Ferro III, pois esta é a causa mais comum.
               Nos pacientes com reservas de ferro adequadas, outras causas devem ser afastadas, como outras
     anemias carenciais (deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico), hiperparatireoidismo secundário não controlado,
     terapia dialítica inadequada, doenças inflamatórias/infecciosas crônicas, neoplasias (sólidas e hematológicas),
     mielofibrose, síndromes mielodisplásicas, hemoglobinopatias, intoxicação por alumínio, aplasia pura da série
     eritroide. Nestes casos, tratamento específico deve ser instituído3,36.

     10	 Regulação/controle/avaliação pelo gestor
             Os pacientes devem ser acompanhados em serviços especializados de hemodiálise/nefrologia. Devem
     ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a monitorização
     do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas e a adequação de uso do
     medicamento.

     11	 Termo de Esclarecimento e Responsabilidade – TER
              É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e
     efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se
     prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.




64
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina


12	 Referências Bibliográficas
1.	    Hsu CY, Bates DW, Kuperman GJ, Curhan GC. Relationship between hematocrit and renal function in men
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                                                                                                                             Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina
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                                                                                                                            65
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


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66
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina



Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
Alfaepoetina


         Eu, _____________________________________________________ (nome do(a) paciente),
declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos
adversos relacionados ao uso de alfaepoetina, indicada para o tratamento de anemia na insuficiência
renal crônica.
         Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
_____________________________________________________ (nome do médico que prescreve).
         Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber
pode trazer as seguintes melhoras:
         •	 correção da anemia e consequente redução da necessidade de transfusões;
         •	 melhora dos sintomas e da qualidade de vida;
         •	 redução do número de hospitalizações;
         •	 melhora da capacidade cognitiva e do desempenho físico.
         Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais




                                                                                                            Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina
efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento:
         •	 os riscos do medicamento ainda não são bem conhecidos na gravidez; portanto, caso
            engravide, devo avisar imediatamente o médico;
         •	 efeitos adversos mais comumente relatados – tonturas, sonolência, febre, dor de cabeça, dor
            nas juntas e nos músculos, fraqueza e aumento da pressão arterial. Também podem ocorrer
            problemas graves no coração, como infarto do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais
            (derrame), além da formação de trombos. Ausência da produção de células vermelhas do
            sangue foi relatada raramente após meses a anos de tratamento com alfaepoetina;
         •	 reações no local da injeção, como queimação e dor, podem ocorrer, mas mais frequentemente
            em pacientes que receberam o medicamento por via subcutânea do que por via intravenosa;
         •	 contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) ao medicamento ou a um de seus
            componentes e em caso de pressão alta não controlada.
         •	 o risco da ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem.
         Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-
me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também
que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
         Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações
relativas ao meu tratamento, desde que assegurado o anonimato.

Local:                                    Data:
Nome do paciente:
Cartão Nacional de Saúde:
Nome do responsável legal:
Documento de identificação do responsável legal:

                                _____________________________________
                                Assinatura do paciente ou do responsável legal
Médico responsável:                                               CRM:                        UF:

                                       ___________________________
                                        Assinatura e carimbo do médico
                                         Data:____________________
Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será
arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.

                                                                                                           67
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



     Fluxograma de Tratamento
     Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica
                                                    Fluxograma de Tratamento
                                        Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica
                                                          Alfaepoetina

                            Paciente com IRC e anemia                           Diagnóstico: laboratorial


                                                                                                    Critérios de inclusão:
                                                                                                    ✓ insuficiência renal crônica com
                                                                                                      taxa de filtração glomerular
                                  Possui critérios de                                                 calculada < 60 ml/min/1,73 m 2
                                     inclusão para                                                  ✓ hemoglobina ≤ 10 g/dl
                                   tratamento com                                                   ✓ reservas adequadas de ferro:
                                                                                                    Pacientes em tratamento
               Não                   alfaepoetina?                    Sim                           conservador ou diálise
                                                                                                    peritoneal
                                                                                                    ✓ ferritina > 100 ng/dl e saturação
                                                                                                      da transferrina > 20%
                                                                                                    Pacientes em hemodiálise
            Exclusão                                        Possui algum critério                   ✓ ferritina > 200 ng/dl e saturação
                                                                                                      da transferrina > 20%
            do PCDT                                            de exclusão?
                                          Sim                                             Não


                                       Exclusão
                                       do PCDT                                      Encontra-se o
                                                                                     paciente em
                                                                                    hemodiálise?                   Não
           Critérios de exclusão:                                     Sim
           ✓ hipersensibilidade ou intolerância a
             alfaepoetina ou a um de seus
             componentes
           ✓ hipertensão arterial sistêmica não
                                                                                                             Alfaepoetina
                                                                                                         50-100 UI/kg, por via SC,
             controlada (níveis > 140/90 mmHg)                       Alfaepoetina                             divididas em 1-3
             mesmo com uso de pelo menos 3                50-100 UI/kg, por via SC, divididas em
             anti-hipertensivos)                                                                            aplicações/semana
                                                         1-3 aplicações/semana (via preferencial)                    ou
           ✓ anemia de outras etiologias                                    ou                            10.000 UI, por via SC,
                                                           50-100 UI/kg, por via IV, divididas em            1 vez por semana
                                                                   3 aplicações/semana                               ou
               Objetivos do tratamento:                                                                   20.000 UI, por via SC,
               ✓ nível de hemoglobina entre                                                              1 vez a cada 2 semanas
                 10-12 g/dl
               ✓ redução da necessidade de
                 transfusões
               ✓ melhora dos sintomas e da
                 qualidade de vida
                                                                     Hemoglobina                       Suspensão temporária do
                                                                      > 13 g/dl?            Sim          tratamento. Reiniciar
               Monitorização:                                                                            quando Hb < 11g/dl.
               ✓ dosagem de hemoglobina
                 a cada 2 semanas até                                       Não
                 estabilização e após cada
                 ajuste de dose
               ✓ quando hemoglobina                                  Hemoglobina                      Reduzir a dose em 25-50%,
                                                                                             Sim
                 estável após duas medidas                         entre 12-13 g/dl?                   até limite mínimo de dose.
                 consecutivas, passar à
                 frequência mensal
                                                                            Não




           Elevação de Hb < 0,3 g/dl/semana:                Elevação de Hb entre           Elevação de Hb > 0,5 g/dl por semana:
               aumentar a dose em 25%                      0,3-0,5 g/dl por semana:
        (até o limite máximo de 300 UI/kg por semana                                            reduzir a dose em 25%-50%
       por via SC ou 450 UI/kg por semana por via IV).          manter a dose.              (até limite mínimo de 50 UI/kg por semana).


68
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina



Fluxograma de Dispensação de Alfaepoetina
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica

                     Fluxograma de Dispensação de AlfaepoetinaAnemia em Pacientes
                                    com Insuficiência Renal Crônica


                                                                      CID-10: N18.0, N18.8
                       Paciente solicita o                            Exames:
                        medicamento.                                  ✓ hemograma
                                                                      ✓ saturação de transferrina e ferritina
                                                                      ✓ creatinina sérica
                                                                      Doses:
                                                                      Pacientes em tratamento conservador ou em diálise
                                                                      peritoneal
                                                                      ✓ 50 - 100 UI/kg, por via SC, divididas em 1 a 3 vezes
                                                                        por semana
                  Possui LME corretamente                             ✓ 10.000 UI, por via SC, 1 vez por semana
                    preenchido e demais                               ✓ 20.000 UI, por via SC, 1 vez a cada 2 semanas
                   documentos exigidos?                               Pacientes em hemodiálise
                                                                      ✓ 50 - 100 UI/kg, por via SC, divididas em 1 a 3 vezes
     Não                                              Sim              por semana
                                                                      ✓ 50 - 100 UI/kg, por via IV, divididas em 3 vezes




                                                                                                                                Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina
                                                                       por semana



   Orientar o                                  CID-10, exames e
   paciente.                                  dose estão de acordo
                          Não                                                              Sim
                                               com o preconizado
                                                  pelo PCDT?

                  Encaminhar o                                                   Realizar entrevista
                   paciente ao                                               farmacoterapêutica inicial
                 médico assistente.                                             com o farmacêutico.

                                                                                        Processo             Sim
                                                                       Não              deferido?


                                                                Não dispensar e
                                                                                                         Orientar o
                                                                  justificar ao
                                                                                                         paciente.
                                                                    paciente.



     Exames necessários para monitorização:                                 Dispensação a cada mês de
     ✓ hemograma e plaquetas
     Periodicidade: a cada mês ou a critério médico                                 tratamento
                                                                                    Entrevista
                                                                              farmacoterapêutica de
                                                                                  monitorização



                                               Paciente apresentou alteração
                                              nos exames não compatível com
                              Sim                                                               Não
                                              o curso do tratamento ou eventos
                                                   adversos significativos?

                  Dispensar* e solicitar
                   parecer do médico                                                       Dispensar.
                       assistente.

      * Observação: se hipertensão arterial estágio 2 (pressão sistólica ≥ 160 ou pressão diastólica ≥ 100 mmHg)
                     refratária ou aplasia pura da série eritroide ou Hb > 13g/dl: não dispensar.


                                                                                                                               69
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     Ficha Farmacoterapêutica
     Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica
     Alfaepoetina e Sacarato de Hidróxido de Ferro III


     1	 Dados do Paciente
     Nome: ___________________________________________________________________________________
     Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
     Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
     Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
     Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________
     Endereço: ________________________________________________________________________________
     Telefones: ________________________________________________________________________________
     Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________
     Telefones: ________________________________________________________________________________


     2	 Avaliação Farmacoterapêutica
     2.1	 Possui anemia com nível de hemoglobina ≤ 10 g/dl?
     	 o não g Não dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente
     	 o sim g Indicar o valor da hemoglobina antes do início do tratamento: _______________________________

     2.2 		É portador de doença renal crônica?
     	 	 não g Não dispensar (outras causas de anemia não são tratadas neste PCDT)
           o
     	 	 sim g Qual o estágio? _________________________________________________________________
           o

     2.3		Apresenta estoques de ferro adequados? (ferritina sérica > 100 ng/dl e saturação da transferrina > 20% em
     	   pacientes em tratamento conservador ou diálise peritoneal e ferritina sérica > 200 ng/dl e saturação da
     	   transferrina > 20% em pacientes em hemodiálise)
     	 	 não g Passar para a próxima pergunta
          o
     	 	 sim g Passar para a pergunta 2.5
          o

     2.4		Possui prescrição de suplementação de ferro?
     	 	 não g Encaminhar o paciente ao médico assistente
          o
     	 	 sim
          o

     2.5	 	 ossui outras doenças diagnosticadas?
          P
     	 	 não
          o
     	 	 sim g Quais? _________________________________________________________________________
          o
     _________________________________________________________________________________________
     (para pacientes hipertensos, estão recomendados monitorização rigorosa da pressão arterial e acompanhamento
     cardiológico)

     2.6 		Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais?
       Nome comercial         Nome genérico          Dose total/dia e via               Data de início    Prescrito
                                                                                                         o não o sim
                                                                                                         o não o sim
                                                                                                         o não o sim
                                                                                                         o não o sim




70
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina


2.7 		 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos?
	 o não
	 o sim g Quais? A que medicamentos? ______________________________________________


3	 Monitorização do Tratamento
Exames Laboratoriais
                                Inicial    1o mês      2o mês     3o mês      4o mês      5o mês    6o mês
Data prevista
Data
Hemoglobina*
Hematócrito
Reticulócitos
Leucócitos
Plaquetas
Ferritina sérica**
Saturação de transferrina**




                                                                                                              Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina
                                 7o mês       8o mês       9o mês       10o mês        11o mês     12o mês
Data prevista
Data
Hemoglobina*
Hematócrito
Reticulócitos
Leucócitos
Plaquetas
Ferritina sérica**
Saturação de transferrina**
*	 Deve ser monitorizada a cada 2 semanas até a estabilização dos níveis; após, a cada ajuste de
    dose de alfaepoetina. Quando houver nível de hemoglobina estável após 2 medidas consecutivas,
    o exame pode ser mensal.
** 	Deve ser monitorizada a cada mês até atingir o alvo terapêutico; após, a cada 3 meses.

3.1    Após 1 mês de tratamento com alfaepoetina, qual o aumento semanal de hemoglobina?
	      se < 0,3 g/dl g aumentar a dose em 25%, respeitando o limite da dose máxima,
	      que é de 300 UI/kg/semana, por via subcutânea, e de 450 UI/kg/semana, por via intravenosa
	      se 0,3-0,5 g/dl g manter a dose em uso
	      se > 0,5 g/dl ou Hb entre 12 - 13 g/dl g reduzir a dose em 25% - 50%, respeitando o limite da 	
	      dose mínima recomendada, que é de 50 UI/kg/semana, por via subcutânea

3.2	   Apresentou ferritina sérica > 800 ng/dl (ou > 1.200 ng/dl em pacientes com doses
	      > 22.500 UI/ semana de alfaepoetina) ou saturação de transferrina > 50%?
	      não g Dispensar
	      sim g Suspender temporariamente o tratamento com sacarato de hidróxido de ferro III

3.3 Apresentou hemoglobina > 13 g/dl?
	 não g Dispensar
	 sim g Suspender temporariamente o tratamento com alfaepoetina




                                                                                                             71
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     3.4	 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos)
     	 não g Dispensar
     	 sim g Passar para a pergunta 3.5

     3.5 	 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
     	 não g Dispensar
     	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente




                                  Tabela de Registro de Eventos dversos         A




         Data da
                                       Evento adverso                         *Intensidade       q Conduta
        entrevista




     Principais reações adversas já relatadas: reações no local da injeção (como queimação e dor), tontura,
     sonolência, febre, cefaleia, artralgia, mialgia, fraqueza, gosto metálico, náuseas, vômitos, alteração na pressão
     arterial, visão dupla, formigamentos, distúrbios gastrointestinais
     * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
     q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição,
     ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever)




72
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina


                          TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO

                               1o mês      2o mês       3o mês      4o mês      5o mês       6o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                                                                                                        Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina
                               7o mês      8o mês       9o mês     10o mês     11o mês       12o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                                                                                                       73
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



     Guia de Orientação ao Paciente
     Alfaepoetina



              este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.

              seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.

               o medicamento é utilizado no tratamento de anemia na insuficiência renal crônica.


     1	 Doença
     	 •	      A anemia ocorre quando há menos células vermelhas no sangue do que o normal. Em pacientes com
     		        insuficiência renal crônica (IRC), é uma importante complicação. A anemia leva a uma piora da qualidade
     		        de vida, devendo ser acompanhada de forma cuidadosa.
     	 •	      A anemia pode ser causada pela deficiência de eritropoetina, substância responsável pelo estímulo da
     		        produção das células vermelhas do sangue. Outras causas incluem diálise inadequada, infecções,
     		        inflamações, tumores.

     2	 Medicamento
     	 •	      Este medicamento melhora os sintomas da doença com a correção da anemia, reduz a necessidade
     		        de transfusões, as complicações e o número de hospitalizações, além de melhorar o desempenho físico
     		        e a qualidade de vida.

     3	 Guarda do medicamento
     	   •	    O medicamento deve ser guardado na geladeira, mas não deve ser congelado.

     4	 administração do medicamento
     	 •	      O medicamento deverá ser administrado por injeção subcutânea ou intravenosa, em ambiente hospitalar
     		        ou em clínica de diálise.
         •	    Se for utilizar o medicamento em casa, procure saber com clareza todos os passos para sua aplicação
               com o médico ou profissional de enfermagem, bem como a forma de preparo. Não prepare ou injete o
               medicamento até que esteja bem treinado.
         •	    Procure orientações com o farmacêutico sobre como descartar de forma adequada as seringas e agulhas
               após o uso.
         •	    Procure aplicar sempre no mesmo horário estabelecido no início do tratamento.
         •	    Aplique exatamente a dose que o médico indicou.

     5	 Reações desagradáveis
     	 •	      Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações
     		        desagradáveis, tais como reações no local da injeção (como queimação e dor), tontura, sonolência, febre,
     		        dor de cabeça, dor nas juntas, dor nos músculos e fraqueza.
       •	      Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
       •	      Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade,
               documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.

     6	 Uso de outros medicamentos
     	 •	      Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional
     		        de saúde.

     7	 Para seguir recebendo o medicamento
     	 •	      Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos:
     		        − Receita médica atual
     		        − Cartão Nacional de Saúde ou RG
     		        − Exames: hemograma e plaquetas a cada mês
74
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina


8	 Em caso de dúvida
	   •	 Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer 	
	   atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.

9	 Outras informações
_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________


            levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia

                    até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira.

                       se, por algum motivo, não usar o medicamento,




                                                                                                         Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina
                                  devolva-o à farmácia do sus.




                                                                                                        75
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas




76
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
          Anemia em Pacientes com Insuficiência
          Renal Crônica - Reposição de Ferro III
          Portaria SAS/MS no 226, de 10 de maio de 2010. (Retificada em 27.08.10)


    1	 Metodologia de busca da literatura
             Foram utilizados como estratégia de busca no Medline/Pubmed os termos “ferric oxide”[Mesh]
    ou “iron”[Mesh] ou “iron compounds”[Mesh] e (“kidney failure, chronic”[Mesh] ou “hemodialysis”[Mesh]) e
    “anemia”[Mesh], restringindo-se a busca para ensaios clínicos randomizados e metanálises publicados nos
    últimos 10 anos. A busca resultou em 28 artigos.
             No Embase, foram empregados como estratégia de busca os termos ‘hemodialysis’/exp ou ‘chronic
    kidney failure’/exp ou ‘dialysis’/exp e ‘anemia’/exp e ‘iron’/exp, limitando-se a ensaios clínicos randomizados,
    metanálises e revisões da Cochrane, publicados nos últimos 10 anos. A busca resultou em 54 artigos.
             Quando avaliadas em conjunto, as buscas em ambas as bases de dados identificaram 9 ensaios
    clínicos e 2 metanálises com intervenções e desfechos relevantes para o tema de interesse deste protocolo.
    As buscas foram realizadas no dia 15/12/09.
             Foram consultados ainda o UpToDate, versão 17.3, através do site http://www.uptodateonline.com,
    e as diretrizes da National Kidney Foundation – Kidney Disease Outcomes Quality Initiative, através do site
    http://www.kidney.org/professionals/KDOQI/guidelines_commentaries.cfm#guidelines, ambos acessados em
    30/11/2009. A consulta à bibliografia dessas fontes levou à identificação de outros 11 estudos observacionais,
    utilizados principalmente na Introdução deste protocolo.

    2	 Introdução
             Anemia é uma complicação frequente e importante da insuficiência renal crônica (IRC), associando-se
    com aumento de morbidade e mortalidade1-5. O conceito clássico de anemia, segundo a Organização Mundial de
    Saúde, considera que há anemia quando a hemoglobina for < 13 g/dl em homens e mulheres na pós-menopausa
    e < 12 g/dl em mulheres na pré-menopausa. Esta condição estará presente em cerca de 90% dos pacientes
    com IRC e taxa de filtração glomerular < 25-30 ml/min1. Entretanto, anemia pode estar presente em pacientes
    com depuração da creatinina entre 30-60 ml/min, e o consenso atual sugere que a reposição de ferro e de
    alfaepoetina deve ser feita tendo como meta níveis de hemoglobina entre 11-12 g/dl6,7. Na maioria dos casos, a
    anemia decorre primariamente da produção renal reduzida de eritropoetina. A manutenção de estoques corporais
    adequados de ferro é fundamental para uma boa resposta ao tratamento com alfaepoetina, sendo a deficiência
    de ferro ou sua reduzida disponibilidade as principais causas de falha do tratamento. Estima-se que pacientes
    em hemodiálise percam em média 2 g de ferro por ano pelo método dialítico, além de perdas por outras
    causas (gastrointestinais, coletas de sangue frequentes, etc.), justificando-se a necessidade de avaliação
    sistemática e reposição apropriada8.
             No Brasil, estima-se, a partir dos dados dos Sistemas de Informações Ambulatoriais do Sistema Único
    de Saúde (SUS), que, em 2008 e 2009, respectivamente, 72.730 e 75.822 pacientes submeteram-se a diálise
    e cerca de 90% deles, a hemodiálise. O uso de alfaepoetina fez parte do tratamento de mais de 80% destes
    pacientes9.
             Apesar de a reposição de ferro ter benefícios definidos em relação à correção da anemia da IRC e
    à redução de doses de alfaepoetina, a melhor forma de administração e os parâmetros para sua indicação
    e acompanhamento ainda são motivos de controvérsia, razão pela qual sua protocolização pelo SUS faz-se
    necessária.



Consultores: Guilherme Geib, Fernando Saldanha Thomé, Pedro Renato Chocair, Carlos Alberto Prompt
Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                       77
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     3	 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados
         à saúde (CID-10)
            •	 N18.0 Doença renal em estádio final
            •	 N18.8 Outra insuficiência renal crônica

     4	 Diagnóstico
              Antes do início do tratamento, todos os pacientes devem ser avaliados e outras causas de anemia
     afastadas. O diagnóstico de deficiência absoluta de ferro em pacientes com IRC em hemodiálise é estabelecido
     quando os seguintes critérios estiverem presentes:
              •	 saturação de transferrina < 20%;
              •	 ferritina sérica < 200 ng/dl.
              Pacientes em hemodiálise podem ainda apresentar deficiência relativa de ferro, representando uma
     situação em que os estoques de ferro se encontram dentro dos limites de normalidade por critérios convencionais,
     mas com incapacidade de mobilização adequada do ferro para eritropoese sob estímulo de alfaepoetina. Os
     critérios diagnósticos de deficiência relativa são:
               •	 saturação de transferrina < 20%;
               •	 ferritina sérica entre 200-800 ng/dl.

     5	 Critérios de inclusão
            Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes com diagnóstico de IRC, com taxa de filtração
     glomerular calculada < 30 ml/min/1,73m2, independentemente da idade, e com as seguintes condições:
            •	 anemia com hemoglobina sérica < 11 g/dl para ambos os sexos;
            •	 deficiência absoluta ou relativa de ferro;
            •	 estar em hemodiálise.

     6	 Critérios de exclusão
             Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem:
             •	 hemocromatose;
             •	 hemossiderose;
             •	 anemia hemolítica;
             •	 ferritina sérica > 1.200 ng/dl ou saturação de transferrina > 50%;
             •	 hipersensibilidade ou intolerância ao produto ou a um de seus componentes.

     7	 Casos Especiais
             Em pacientes com hemoglobina inferior a 11 g/dl, necessitando doses elevadas de alfaepoetina
     º(≥ 225 UI/kg/semana ou ≥ 22.500 UI/semana), pode ser considerada a reposição de ferro parenteral se a ferritina
     sérica estiver < 1.200 ng/dl e a saturação da transferrina < 25%, levando-se em conta os potenciais riscos e
     benefícios do tratamento nesta situação.
             Pacientes em tratamento conservador ou em programa de diálise peritoneal podem beneficiar-se com
     o uso de ferro por via oral como suplementação. Caso apresentem intolerância gastrointestinal, inadequada
     adesão ou insuficiente resposta ao tratamento oral, poderá ser considerada a reposição parenteral de ferro.
     Nestes casos, o diagnóstico de deficiência de ferro é dado por níveis de ferritina < 100 ng/dl e saturação de
     transferrina < 20%.
             Na gravidez, é recomendada dose de 25 mg por semana de sacarato de hidróxido de ferro III por via
     intravenosa. Não se recomenda o uso no primeiro trimestre.

     8	Tratamento
             Os ensaios clínicos10-18 e as metanálises19,20 disponíveis acerca da efetividade do ferro parenteral no
     tratamento de anemia em pacientes com IRC tiveram como desfechos principais a taxa de anemia e a presença
     de efeitos adversos. Desfechos de maior repercussão clínica, como impacto em sobrevida e qualidade de vida,
     não foram adequadamente avaliados.
             Em pacientes com IRC em tratamento conservador, o uso rotineiro de ferro parenteral proporcionou
     pequeno ganho nos níveis de hemoglobina (0,31 g/dl), o que não parece representar vantagem clínica significativa
78
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III


em relação à reposição oral de ferro, segundo metanálise publicada19. Diante disto, neste grupo de
pacientes, o uso de ferro parenteral só deve ser considerado em casos de intolerância ou falha do
tratamento por via oral.
         A mesma metanálise demonstrou ainda que, em pacientes em hemodiálise crônica, o uso
sistemático do ferro parenteral foi superior à reposição oral de ferro em relação ao incremento de
hemoglobina (0,83 mg/dl, IC 95% 0,09-1,57). Tal resposta foi independente do uso de alfaepoetina, cuja
dose foi significativamente menor no grupo que recebeu ferro por via parenteral19.
         Em metanálise de estudos observacionais na população de crianças em hemodiálise, constatou-
se benefício com o uso de ferro parenteral quanto a aumento da hemoglobina e redução das doses de
alfaepoetina20.
         Dois ensaios clínicos, visando, respectivamente, manter ferritina > 200 ng/dl13 e saturação
de transferrina entre 30%-50%12 com reposição parenteral de ferro em pacientes em hemodiálise,
verificaram redução das doses necessárias de alfaepoetina para manter a hemoglobina dentro da




                                                                                                              Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III
faixa-alvo quando comparados com o grupo controle, que visava manter ferritina entre 100-200 ng/dl13
e saturação da transferrina entre 20%-30%12.
         O ensaio clínico DRIVE, publicado por Coyne e cols.18, incluindo pacientes com anemia
(hemoglobina < 11 g/dl), ferritina entre 500-1.200 ng/dl, saturação de transferrina < 25% e necessitando
de doses de alfaepoetina > 225 UI/kg/semana ou 22.500 UI/semana, comparou o uso de ferro parenteral
com a não reposição de ferro, tendo como desfecho a variação da hemoglobina. A dose de alfaepoetina
foi aumentada em 25% em ambos os grupos. O aumento da hemoglobina foi significativamente maior
no grupo que recebeu ferro parenteral (diferença de cerca de 0,5 g/dl). A resposta ao tratamento
não diferiu entre os pacientes que apresentavam ferritina > ou < 800 ng/dl previamente ao início do
tratamento. O estudo DRIVE-II realizou o acompanhamento dos pacientes incluídos no estudo anterior
e observou redução significativa nas doses de alfaepoetina nos que receberam ferro parenteral21. Tais
dados sugerem que possa haver benefício com a suplementação adicional de ferro neste subgrupo de
pacientes, mas os riscos e benefícios do tratamento devem ser adequadamente avaliados.

        8.1 Fármacos
        Sulfato ferroso: comprimidos de 40 mg; solução oral de 25 mg/ml
        Sacarato de hidróxido de ferro III: ampola de 5 ml com 100 mg de ferro III (20 mg/ml, por via
intravenosa). Deve ser diluído em 100 ml de solução fisiológica e infundido em 15 minutos, segundo o
fabricante. Um estudo demonstrou segurança de seu uso em tempos de administração menores, de até
5 minutos, sem aumento de reações adversas22.

        8.2 Esquemas de administração (uso adulto)
        Ferro oral: dose de 40 mg de ferro elemento, por via oral, 3 vezes ao dia, nos intervalos das
refeições
        Sacarato de hidróxido de ferro III: solução injetável

		Dose-teste
        Os estudos clínicos que avaliaram a segurança do sacarato de hidróxido de ferro demonstraram
que o mesmo é seguro e que a utilização de dose-teste, apesar de recomendada pelo fabricante, pode
ser dispensada22. Quando utilizada, deve ser realizada na primeira administração e consiste em diluir
25 mg de ferro elementar em 100 ml de solução salina, por via intravenosa, em no mínimo 15 minutos.
Deve-se aguardar 15 minutos antes de administrar o restante da primeira dose ou repor as doses
necessárias nos dias subsequentes, caso não ocorram reações adversas como cefaleia, náuseas,
vômitos, parestesias, distúrbios gastrointestinais, dores musculares, febre, hipotensão, urticária, rubor
e reação anafilática.
	 	     Dose de ataque
        Indicada quando o nível de ferritina sérica for < 200 ng/dl e saturação de transferrina for < 20%.
Devem ser administrados 1.000 mg de ferro divididos em 10 sessões de hemodiálise ou em 10 dias
diferentes (2 ou 3 vezes por semana) em pacientes em diálise peritoneal ou em tratamento conservador.


                                                                                                             79
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     	   	    Dose de manutenção
              Indicada para manter os estoques adequados de ferro em pacientes com níveis de ferritina > 200 ng/dl e
     saturação da transferrina > 20%. Devem ser administrados 100 mg de ferro por via intravenosa em dose única a cada
     15 dias.
              Em pacientes com deficiência relativa de ferro que necessitem de doses de alfaepoetina > 225 UI/kg/
     semana ou 22.500 UI/semana, pode-se considerar novo curso de dose de ataque (1.000 mg de ferro divididos
     em 10 sessões de hemodiálise), após avaliados os riscos e benefícios.

             8.3 Tempo de tratamento – critérios de interrupção
             O tratamento com ferro parenteral deve ser interrompido temporariamente quando a saturação de
     transferrina for > 50% ou a ferritina sérica for > 800 ng/dl (> 1.200 ng/dl em pacientes necessitando de doses de
     alfaepoetina > 225 UI/kg/semana ou 22.500 UI/semana).
             Após o retorno dos valores de ferritina sérica para 500 ng/dl (800 ng/dl em pacientes necessitando de doses
     de alfaepoetina > 225 UI/kg/semana ou 22.500 UI/semana) ou da saturação de transferrina para valores < 50%,
     recomenda-se reiniciar o uso de ferro parenteral com a metade da dose anterior.

             8.4 Objetivos do tratamento
             •	 Manter os níveis de hemoglobina entre 10-12 g/dl.
             •	 Manter o nível sérico de ferritina entre 200-800 ng/dl (até 1.200 ng/dl em pacientes necessitando de
                doses de alfaepoetina > 225 UI/kg/semana ou 22.500 UI/semana).
             •	 Manter a saturação da transferrina entre 20%-50%.
             •	 Reduzir, quando possível, a dose terapêutica necessária de alfaepoetina.
             •	 Em pacientes em diálise peritoneal ou tratamento conservador, manter ferritina > 100 ng/dl e saturação
                de transferrina entre 20%-50%.

             8.5 Benefícios esperados
             •	 Correção da anemia e, consequentemente, melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida,
                além de redução da morbimortalidade pela IRC
             •	 Otimização das doses de alfaepoetina

     9	 Monitorização
               Antes do início do tratamento, os pacientes devem realizar hemograma completo, dosagens de ferritina
     e saturação de transferrina com vistas ao diagnóstico diferencial de anemia e estabelecimento da deficiência
     de ferro. Dosagens de hemoglobina, ferritina e saturação de transferrina devem ser repetidas mensalmente
     enquanto estiverem fora do alvo terapêutico. Após, mantêm-se dosagens mensais de hemoglobina e trimestrais
     de ferritina e saturação de transferrina. O uso de ferro parenteral deve ser suspenso 7-10 dias antes da realização
     dos exames.
               Deve-se dar atenção especial aos casos de anafilaxia com sacarato de hidróxido de ferro III ou produtos
     semelhantes, bem como aos com suspeita de infecção ativa ou insuficiência hepática.

     10	Regulação/Controle/Avaliação pelo Gestor
            Os pacientes devem ser acompanhados em serviços especializados de hemodiálise. Devem ser
     observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a monitorização do
     tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas e a adequação de uso do
     medicamento.

     11	Termo de Esclarecimento e Responsabilidade – TER
              É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e
     efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se
     prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.




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Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III


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                                                                                                                        Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III
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                                                                                                                       81
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


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82
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III



Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
Sacarato de Hidróxido de Ferro III

         Eu, _____________________________________________________ (nome do(a) paciente),
declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos
adversos relacionados ao uso de sacarato de hidróxido de ferro III, indicado para o tratamento de
insuficiência renal crônica.
         Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
_____________________________________________________ (nome do médico que prescreve).
         Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber
pode trazer as seguintes melhoras:
         •	 correção da anemia e, consequentemente, melhora da capacidade funcional e da qualidade




                                                                                                            Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III
            de vida, além de redução da morbimortalidade pela IRC;
         •	 otimização das doses de alfaepoetina.
          Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais
efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento:
         •	 não há relato de efeitos adversos ao feto com o uso de sacarato de hidróxido de ferro III em
            doses usuais durante a gravidez; entretanto, caso engravide, devo avisar o médico;
         •	 efeitos adversos já relatados – dor no local de administração, alteração da coloração da
            pele, dor no quadrante inferior abdominal, dor de cabeça, dores no corpo, taquicardia,
            calorões, náuseas, vômitos, falta de ar, tonturas;
         •	 possibilidade de reações tardias (em relação à administração) – tontura, desmaio, febre,
            calafrios, vermelhidão, coceiras, dores pelo corpo, confusão mental;
         •	 possibilidade de reação anafilactoide grave com morte (1 para cada 4 milhões de doses
            administradas);
         •	 contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) ao medicamento em pacientes com
            hemocromatose, talassemia, anemia falciforme, anemia hemolítica e anemia associada a
            leucemias;
         •	 o risco da ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem.
         Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-
me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também
que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
         Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações
relativas ao meu tratamento, desde que assegurado o anonimato.

Local:                                    Data:
Nome do paciente:
Cartão Nacional de Saúde:
Nome do responsável legal:
Documento de identificação do responsável legal:

                                _____________________________________
                                Assinatura do paciente ou do responsável legal
Médico responsável:                                                CRM:                      UF:

                                       ___________________________
                                        Assinatura e carimbo do médico
                                         Data:____________________
Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será
arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.

                                                                                                           83
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



     Fluxograma de Tratamento
     Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica
                                    Fluxograma de Tratamento Anemia em Pacientes com Insuficiência
                                            Renal CrônicaSacarato de Hidróxido de Ferro III


                                                                                Diagnóstico: laboratorial
                         Paciente com IRC e anemia
                           por deficiência de ferro
                                                                               Critérios de inclusão:
                                                                               ✓ hemoglobina < 11g/dl e
                                                                               Pacientes em hemodiálise:
                                                                               ✓ deficiência absoluta de ferro (saturação de
                                                                                  transferrina < 20% e ferritina < 200 ng/dl)
                             Possui critérios de                                  ou relativa de ferro (saturação de
                         inclusão para tratamento                                 transferrina < 20% e ferritina 200-800 ng/dl) ou
                                                                               ✓ necessidade de doses elevadas de alfapoetina
                        com sacarato de hidróxido                                (≥ 225 UI/kg/semana ou ≥ 22.500 UI/semana)
           Não                                                 Sim               com ferritina < 1.200 ng/dl e saturação de
                                de ferro III?                                     transferrina < 25%
                                                                               Pacientes em diálise peritoneal ou tratamento
                                                                               conservador:
                                                                               ✓ falha ou intolerância ao tratamento com ferro
                                                                                  por VO e ferritina < 100 ng/dl e saturação de
                                                                                  transferrina < 20%


        Exclusão                                    Possui algum critério
                                 Sim                                                        Não
        do PCDT                                        de exclusão?

        Critérios de exclusão:
        ✓ hemocromatose
        ✓ hemossiderose
        ✓ anemia hemolítica
                                                                                Deficiência absoluta
        ✓ ferritina sérica > 1.200 ng/dl                                              de ferro?
        ✓ saturação de transferrina > 50%                            Sim                                           Não
        ✓ hipersensibilidade ao sacarato de
            hidróxido de ferro III ou a um de
            seus componentes
                                                           Dose de ataque de
        Objetivos do tratamento:                              sacarato de
        ✓ hemoglobina entre 10-12 g/dl                    hidróxido de ferro III
        ✓ saturação de transferrina entre
          20%-50%
        ✓ ferritina entre 200-500 ng/dl (até      Não
          800 ng/dl em pacientes com                                                                     Dose de ataque de
          necessidade de altas doses de                    Houve resposta
          eritropoetina, definidas                                                          Sim             sacarato de
                                                            terapêutica?
          por > 22.500 UI/semana)                                                                       hidróxido de ferro III

        Monitorização laboratorial:                         Monitorização
        ✓ hemoglobina
        Periodicidade: mensalmente
                                                             laboratorial
        ✓ saturação de transferrina e                                                        Suspender o tratamento se a saturação
          ferritina                                                                                   de transferrina > 50% ou
        Periodicidade: mensalmente até                                                        ferritina > 800 ng/dl (ou > 1.200ng/dl
          atingir o alvo terapêutico; após,                                                  se houver necessidade de altas doses
          a cada 3 meses                                                                                   de alfapoetina).



                                                  Considerar ajustes de dose ou nova
                                                 dose de ataque se houver persistência
                                                  de deficiência de ferro. Avaliar outras
                                                      causas de anemia ferropriva.
                                                                                                Saturação de transferrina
         Manter o esquema de tratamento se                                                     < 50% e ferritina < 500 ng/dl
                                                Reiniciar o tratamento com
         os exames estiverem de acordo com
                                                 metade da dose prévia.
                                                                                 Sim             (ou < 800 ng/dl quando
                 o alvo terapêutico.                                                           houver necessidade de altas
                                                                                                  doses de alfapoetina)
                                                                                                           Não

                                                                                                   Manter acompanhamento.


84
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III



Fluxograma de Dispensação de Sacarato de Hidróxido de Ferro III
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica
                          Fluxograma de Dispensação de Sacarato de hidróxido de ferro
                                   IIIAnemia na Insuficiência Renal Crônica

                        Paciente solicita o
                         medicamento.                                           CID-10: N18.0, N18.8
                                                                                Exames:
                                                                                ✓ hemograma
                                                                                ✓ saturação de transferrina e ferritina
                                                                                ✓ creatinina (para tratamento conservador)
                                                                                Dose:
                                                                                ✓ dose de ataque: 1.000 mg, por EV,
                   Possui LME corretamente                                        divididos em 10 sessões de hemodiálise
                                                                                ✓ dose de manutenção: 100 mg, por EV,
                     preenchido e demais




                                                                                                                              Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III
                                                                                  em dose única a cada 15 dias.
                    documentos exigidos?                                        Para gestantes: 25 mg por semana, por EV
      Não                                               Sim




    Orientar o                                   CID-10, exames e
    paciente.                                   dose estão de acordo
                            Não                                                             Sim
                                                 com o preconizado
                                                    pelo PCDT?

                   Encaminhar o                                                    Realizar entrevista
                    paciente ao                                                farmacoterapêutica inicial
                  médico assistente.                                              com o farmacêutico.

                                                                                         Processo
                                                                         Não                                  Sim
                                                                                         deferido?


                                                                  Não dispensar e
                                                                                                          Orientar o
                                                                    justificar ao
                                                                                                          paciente.
                                                                     paciente.
      Exames necessários para monitorização:
      ✓ hemograma
      Periodicidade: a cada mês
      ✓ saturação de transferrina e ferritina
      Periodicidade: a cada mês até atingir o alvo
      terapêutico; após, a cada 3 meses                                        Dispensação a cada mês de
                                                                                       tratamento
                                                                                       Entrevista
                                                                                 farmacoterapêutica de
                                                                                     monitorização



                                                Paciente apresentou alteração
                                                 nos exames não compatível
                             Sim                                                                Não
                                                com o curso do tratamento ou
                                               eventos adversos significativos?

                   Dispensar* e solicitar
                    parecer do médico                                                        Dispensar.
                        assistente.

            * Observação: se a saturação de transferrina superior a 50% ou ferritina sérica for superior a 800ng/dL
               (superior a 1.200 ng/dL em pacientes necessitando doses de alfaepoetina superiores a 225 UI/Kg/
                                        semana ou 22.500 UI/semana): não dispensar.

                                                                                                                             85
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     Ficha Farmacoterapêutica
     Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica
     Alfaepoetina e Sacarato de Hidróxido de Ferro III


     1	Dados do Paciente
     Nome: ___________________________________________________________________________________
     Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
     Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
     Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
     Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________
     Endereço: ________________________________________________________________________________
     Telefones: ________________________________________________________________________________
     Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________
     Telefones: ________________________________________________________________________________


     2	Avaliação Farmacoterapêutica
     2.1	 Possui anemia com nível de hemoglobina ≤ 10 g/dl?
     	 o não g Não dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente
     	 o sim g Indicar o valor da hemoglobina antes do início do tratamento: _______________________________

     2.2 	É portador de doença renal crônica?
     	 o não g Não dispensar (outras causas de anemia não são tratadas neste PCDT)
     	 o sim g Qual o estágio? _________________________________________________________________

     2.3 	Apresenta estoques de ferro adequados? (ferritina sérica > 100 ng/dl e saturação da transferrina > 20%
     	    em pacientes em tratamento conservador ou diálise peritoneal e ferritina sérica > 200 ng/dl e saturação da
     	    transferrina > 20% em pacientes em hemodiálise)
     	 o não g Passar para a próxima pergunta
     	 o sim g Passar para a pergunta 2.5

     2.4	 Possui prescrição de suplementação de ferro?
     	 o não g Encaminhar o paciente ao médico assistente
     	 o sim

     2.5 	Possui outras doenças diagnosticadas?
     	 o não
     	 o sim g Quais? ________________________________________________________________________
     _________________________________________________________________________________________
     (para pacientes hipertensos, estão recomendados monitorização rigorosa da pressão arterial e acompanhamento
     cardiológico)

     2.6 	Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais?
       Nome comercial        Nome genérico          Dose total/dia e via                Data de início    Prescrito
                                                                                                         o não o sim
                                                                                                         o não o sim
                                                                                                         o não o sim
                                                                                                         o não o sim




86
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III


2.7 	Já apresentou reações alérgicas a medicamentos?
	 o não
	 o sim g Quais? A que medicamentos? _____________________________________________


3	 Monitorização do Tratamento
Exames Laboratoriais
                               Inicial   1o mês       2o mês     3o mês      4o mês      5o mês      6o mês
Data prevista
Data
Hemoglobina*
Hematócrito
Reticulócitos




                                                                                                               Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III
Leucócitos
Plaquetas
Ferritina sérica**
Saturação de transferrina**

                                7o mês       8o mês       9o mês       10o mês        11o mês       12o mês
Data prevista
Data
Hemoglobina*
Hematócrito
Reticulócitos
Leucócitos
Plaquetas
Ferritina sérica**
Saturação de transferrina**
*	 Deve ser monitorizada a cada 2 semanas até a estabilização dos níveis; após, a cada ajuste de
    dose de alfaepoetina. Quando houver nível de hemoglobina estável após 2 medidas consecutivas,
    o exame pode ser mensal.
** 	Deve ser monitorizada a cada mês até atingir o alvo terapêutico; após, a cada 3 meses.

3.1 	Após 1 mês de tratamento com alfaepoetina, qual o aumento semanal de hemoglobina?
	 se < 0,3 g/dl g aumentar a dose em 25%, respeitando o limite da dose máxima, que
	    é de 300 UI/kg/semana, por via subcutânea, e de 450 UI/kg/semana, por via intravenosa
	 se 0,3-0,5 g/dl g manter a dose em uso
	 se > 0,5 g/dl ou Hb entre 12-13 g/dl g reduzir a dose em 25%-50%, respeitando o limite da
	    dose mínima recomendada, que é de 50 UI/kg/semana, por via subcutânea

3.2	   Apresentou ferritina sérica > 800 ng/dl (ou > 1.200 ng/dl em pacientes com doses
 	     > 22.500 UI/ semana de alfaepoetina) ou saturação de transferrina > 50%?
	      não g Dispensar
	      sim g Suspender temporariamente o tratamento com sacarato de hidróxido de ferro III

3.3 	Apresentou hemoglobina > 13 g/dl?
	 não g Dispensar
	 sim g Suspender temporariamente o tratamento com alfaepoetina




                                                                                                              87
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     3.4 	Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos)
     	 não g Dispensar
     	 sim g Passar para a pergunta 3.5

     3.5 	Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
     	 não g Dispensar
     	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente




                                 Tabela de Registro de Eventos Adversos

         Data da
                                       Evento adverso                         *Intensidade       q Conduta
        entrevista




     Principais reações adversas já relatadas: reações no local da injeção (como queimação e dor), tontura,
     sonolência, febre, cefaleia, artralgia, mialgia, fraqueza, gosto metálico, náuseas, vômitos, alteração na pressão
     arterial, visão dupla, formigamentos, distúrbios gastrointestinais
     * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
     q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição,
     ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever)




88
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III


                        TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO

                              1o mês      2o mês       3o mês      4o mês      5o mês            6o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                                                                                                           Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III
                              7o mês      8o mês       9o mês     10o mês      11o mês       12o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                                                                                                          89
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



     Guia de Orientação ao Paciente
     Sacarato de Hidróxido de Ferro III


            este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.

            seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.

             o medicamento é utilizado no tratamento de anemia na insuficiência renal crônica.


     1	Doença
     	 •	   A anemia ocorre quando há menos células vermelhas no sangue do que o normal. Em pacientes com
     		     insuficiência renal crônica (IRC), é uma importante complicação. A anemia leva a uma piora da qualidade
     		     de vida, devendo ser acompanhada de forma cuidadosa.
     	 •	   A anemia pode ser causada pela deficiência de eritropoetina, substância responsável pelo estímulo
     		     da produção das células vermelhas do sangue. Outras causas incluem diálise inadequada, infecções,
     		     inflamações, tumores.

     2	 Medicamento
     	 •	 Este medicamento melhora os sintomas da doença com a correção da anemia, reduz as doses necessárias
     		 de alfaepoetina, além de melhorar o desempenho físico e a qualidade de vida.

     3	Guarda do medicamento
     	 •	 Guarde os medicamentos protegidos do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura
     		 (cozinha e banheiro).
     	 •	 Conserve as ampolas na embalagem original.

     4	 administração do medicamento
     	  •	 O medicamento deverá ser administrado por injeção intravenosa, em ambiente hospitalar ou em clínica
     		 de diálise.

     5	Reações desagradáveis
     	 •	   Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações
     		     desagradáveis, tais como reações no local da injeção (como queimação e dor), tontura, gosto metálico,
     		     náuseas, vômitos, alteração na pressão arterial, visão dupla, formigamentos, distúrbios gastrointestinais.
     	 •	   Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
     	 •	   Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade,
     		     documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.

     6	Uso de outros medicamentos
     	 •	 Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional
     		 de saúde.

     7	Para seguir recebendo o medicamento
     	 •	   Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos:
     		     − Receita médica atual
     		     − Cartão Nacional de Saúde ou RG
     	      − Exames: hemoglobina, ferritina e saturação da transferrina a cada mês enquanto os valores não
     	        estiverem adequados; após, hemoglobina a cada mês; ferritina e saturação da transferrina a cada 3
     	        meses.




90
Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III


8	 Em caso de dúvida
	 •	 Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer
		 atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.

9	Outras informações
_________________________________________________________________________________

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                                                                                                     Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III
                       se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                                  devolva-o à farmácia do sus.




                                                                                                    91
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas




92
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

          Angioedema
          Portaria SAS/MS no 109, de 23 de abril de 2010. (Republicada em 23.04.10)


    1	 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA
            Em revisão nas bases de dados Medline/Pubmed e Embase, usando-se a estratégia de busca
    “angioedema, hereditary”[Mesh] AND “drug therapy”[Mesh] e restringindo-se a ensaios clínicos, metanálises
    e ensaios clínicos randomizados, foram revisados e incluídos neste protocolo todos os artigos identificados.
            Adicionalmente, foi realizada revisão no Medline/Pubmed sobre a eficácia e a segurança do uso
    de agentes antifibrinolíticos no tratamento do angioedema hereditário. A estratégia de busca utilizada foi
    “angioedema, hereditary”[Mesh] AND “antifibrinolytics agents”[Mesh], restringindo-se a ensaios clínicos,
    metanálises e ensaios clínicos randomizados. Todos os artigos identificados foram revisados, sendo incluídos
    aqueles que versavam sobre angioedema e sua terapia com danazol.
            As bibliografias dos artigos incluídos também foram revisadas, e artigos não indexados também foram
    incluídos. Outras fontes consultadas foram livros-texto e o UpToDate, versão 17.3.

    2 	 INTRODUÇÃO
             Angioedema hereditário (AEH) é uma doença genética causada pela atividade deficiente do inibidor da
    C1 esterase (C1-INH), molécula natural inibidora de calicreína, de bradicinina e de outras serases do plasma.
    É classificado como uma imunodeficiência primária do sistema complemento, com herança autossômica
    dominante e expressividade variável; o gene responsável está localizado no cromossomo 111-10. História
    familiar positiva fortalece a suspeita diagnóstica, mas sua ausência não exclui o diagnóstico. Não há estudos
    de prevalência de AEH no Brasil. Estima-se que 1:10.000-50.000 indivíduos sejam afetados pela doença7.
             AEH manifesta-se com o surgimento de edema não pruriginoso, não doloroso e não eritematoso
    em qualquer parte do corpo, principalmente na face e nas extremidades1,2, e afeta os sistemas respiratório
    e gastrointestinal, podendo desencadear edema de glote e/ou cólicas abdominais respectivamente. O
    comprometimento da respiração pode resultar em asfixia e, se não tratado, pode ser responsável pelo óbito
    em cerca de 25% dos pacientes. Ainda, as cólicas abdominais podem ser interpretadas como abdômen
    agudo e muitos pacientes acabam sendo submetidos a laparotomia exploradora desnecessariamente. As
    crises podem ser espontâneas ou desencadeadas por ansiedade, estresse, pequenos traumas, cirurgias,
    tratamentos dentários, menstruação ou gravidez1-4.
             A suspeita de AEH deve ser considerada em pacientes com crises repetidas de angioedema e de dor
    abdominal sem quadros de urticária6. AEH pode ser classificado em tipo 1 (defeitos quantitativos do C1-INH),
    tipo 2 (defeitos funcionais do C1-INH) e tipo 3 (C1-INH é normal, mas se relaciona, em um terço dos casos,
    com deficiência de fator XII)11. A forma mais comum é a tipo 1, ocorrendo em 85% dos casos, com níveis
    plasmáticos de C1-INH usualmente reduzidos em 5% - 30% do normal. Alguns pacientes, entretanto, podem
    apresentar níveis entre 30% - 50%. No tipo 2, o C1-INH permanece com níveis séricos normais ou mesmo
    elevados, sendo diagnosticado mediante demonstração de que sua atividade está abaixo de 50% do normal11.
             Angioedema adquirido (AEA) ocorre por redução de C1-INH resultante de sua clivagem por
    autoanticorpos ou por uma anormalidade estrutural de C1-INH, levando à ligação com a albumina, formando
    complexos inativos e favorecendo o consumo excessivo desta serinoprotease4,8. O diagnóstico diferencial
    entre AEH e AEA pode ser feito através da dosagem da fração C1q do complemento, a qual se encontra




Consultores: Ida Vanessa Doederlein Schwartz, Anete Sevciovic Grumach, Bárbara Corrêa Krug e
Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                    93
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     reduzida no AEA. Neste caso, devem ser investigadas doenças de base, como as linfoproliferativas. O tratamento
     de AEA envolve o tratamento da doença de base; entretanto, quando o paciente apresentar episódios muito
     frequentes ou graves de angioedema, danazol pode ser indicado.
              AEH pode ser distinguido clinicamente de outras formas de edema pelas seguintes características:
     início rápido (minutos a horas), distribuição assimétrica e em áreas não dependentes e envolvimento dos lábios,
     laringe e intestino. O diagnóstico diferencial deve ser feito com angioedema comum não hereditário (alérgico),
     linfoedemas, macroqueilia da síndrome de Melkerson-Rosenthal e outros edemas de origem cardíaca e renal1.

     3   	 CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE DOENÇAS E PROBLEMAS RELACIONADOS À
     	   SAÚDE (CID-10)
           	 D84.1 Defeito no sistema complemento
           •

     4   	 DIAGNÓSTICO
     	       O diagnóstico de AEH tipos 1 e 2 é obtido pela presença dos seguintes critérios:
     	       • anamnese, exame físico e quadro clínico compatível com AEH;
             	 constatação laboratorial de ausência ou redução (< 50%) ou de defeito funcional de C1-INH
             •
     	          (função <50%), de redução do complemento hemolítico total (CH50) e de diminuição da fração
             	 C4 do complemento. Deve-se ressaltar que C4 e CH50 podem encontrar-se normais fora das crises.
             	 omo C1-INH é normal no AEH tipo 3, o diagnóstico é baseado principalmente em achados de anamnese
             C
     e exame físico. A história clínica deve ser semelhante à dos AEH tipos 1 e 2, sendo que, em pacientes do sexo
     feminino, é comum o relato de utilização de anticoncepcionais hormonais. Para confirmação do diagnóstico, os
     casos suspeitos podem ser avaliados e acompanhados em serviço especializado de Imunologia.
             	 diagnóstico de AEA, por sua vez, é baseado em achados clínicos semelhantes àqueles encontrados
             O
     no AEH, embora história familiar positiva não seja frequente. Do ponto de vista laboratorial, também deve ser
     constatada a ausência ou redução (< 50%) de C1-INH, redução do complemento hemolítico total (CH50) e
     diminuição da fração C4 do complemento. Deve-se ressaltar que C4 e CH50 podem encontrar-se normais fora
     das crises.

     5   	 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
             Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem diagnóstico confirmado
     de AEH tipos 1, 2 ou 3, conforme critérios especificados no item Diagnóstico, e ocorrência de mais de um
     episódio de angioedema em menos de 3 meses, bem como pacientes com AEA que apresentarem episódios
     muito frequentes ou graves e que também poderão ser tratados com danazol.

     6   	 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
              Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem pelo menos um dos
     critérios abaixo:
              • mulheres com sangramento genital de origem desconhecida;
              • disfunção grave hepática, renal ou cardíaca, pois o uso de danazol pode causar ou agravar uma 	
     	           disfunção hepática, ocasionar hepatoma ou hepatocarcinoma e agravar a hipertensão arterial;
              • gravidez ou amamentação, devido à possibilidade de ocorrência de efeitos androgênicos no sexo
                 feminino;
              • porfiria;
              • hipersensibilidade ou intolerância ao medicamento;
              • neoplasia de próstata.
              Caso o médico responsável opte pela liberação do uso de danazol em alguma das situações acima
     mesmo considerando o alto risco associado, o paciente deverá ser informado dos possíveis efeitos adversos, e
     o médico deverá encaminhar laudo justificando a prescrição.

     7   	 CASOS ESPECIAIS
           Os pacientes com AEH ou AEA expostos a situações que possam desencadear um evento grave, tais
     como manipulação da cavidade bucal para cirurgia odontológica ou manobras endoscópicas, devem utilizar


94
Angioedema


danazol com intuito profilático, conforme orientação constante do item Esquema de Administração12-23.

8   	 TRATAMENTO
          O tratamento do AEH pode ser subdividido em:
          •   tratamento das crises;
          •   profilaxia a longo prazo das crises;
          •   profilaxia a curto prazo das crises.
          Por ser uma doença genética, também está indicada realização de aconselhamento genético
por médico geneticista.
          O tratamento das crises é predominantemente hospitalar, não sendo, portanto, alvo deste
PCDT. O tratamento, neste caso, não inclui o uso de danazol7,9,18. Se houver risco de asfixia, pode-se
utilizar plasma fresco.
          Já foram usados na profilaxia das crises andrógenos atenuados e agentes antifibrinolíticos:
ácido épsilon aminocaproico (inibidor da plasmina) e ácido tranexâmico (inibidor da ativação do
plasminogênio), com maior eficácia dos andrógenos7-18.
          Entre os andrógenos atenuados, danazol é o T mais utilizado, pelo nível de evidência. Ensaio
clínico duplo-cego com 9 pacientes comparou 93 cursos de 28 dias de danazol com placebo em pacientes
com AEH. As crises ocorreram em 93,6% dos cursos com placebo contra 2,2% de danazol (P < 0,001).
Análise do efeito de danazol demonstrou que as crises ocorreram mais tardiamente nos pacientes
durante um curso de placebo precedido de um curso de danazol (média de 14 dias contra 9 dias se
precedido de placebo: P < 0,05). Não houve diferença de efeitos adversos nos dois grupos (cursos)16.
Considerando a magnitude do efeito nesse ensaio clínico, danazol continua sendo o medicamento de
primeira escolha para a prevenção de novas crises. As contraindicações para seu uso são:
          •   gravidez;
          •   amamentação;
          •   insuficiência renal, hepática ou cardíaca;
          •   neoplasia de próstata.
          Nos casos acima, o médico responsável pelo paciente deve ponderar os riscos e benefícios de
seu uso.
          O paciente deve ser monitorizado pela possibilidade de desenvolver adenoma hepático e
hipertensão intracraniana benigna (pseudotumor cerebral) após o uso prolongado deste fármaco23.
É controversa a associação entre uso de danazol e risco aumentado de aterosclerose24,25,26. Estudos
de acompanhamento de longo prazo de pacientes utilizando danazol demonstraram que o benefício
da prevenção de crises é maior em casos mais graves e que a monitorização de efeitos adversos
deve ser mandatória14,15. Farkas e cols.27, em um estudo longitudinal e retrospectivo, avaliaram 92
pacientes com AEH, sendo 46 em uso de danazol (dose diária de manutenção: 33-200 mg/dia) e 46 sem
tratamento, por um período mínimo de 4 anos, não sendo encontradas, entre os dois grupos, diferenças
clinicamente relevantes nos parâmetros de função e de ultrassonografia hepática. Os autores sugerem
que o desenvolvimento de tumores hepáticos relacionados ao uso de danazol está associado a doses
diárias mais elevadas (400-800 mg), à falta de monitorização dos pacientes e ao maior tempo de uso
(neste caso, independentemente da dose), e chamam a atenção para a necessidade de definição da
menor dose clinicamente eficaz.
                                                                                                               Angioedema

          Dada a raridade da situação clínica, os estudos com outros medicamentos além do danazol,
inclusive inibidores da plasmina e da ativação do plasminogênio, são metodologicamente limitados28. A busca
realizada não encontrou ensaios clínicos randomizados contra placebo (ou contra danazol) envolvendo
o ácido épsilon aminocaproico. Em relação ao ácido tranexâmico, foi localizado um único ensaio clínico
contra placebo, do tipo cruzado e duplo-cego, envolvendo este medicamento. Tal estudo incluiu 5 pacientes,
com efeito positivo em 3 deles29. Assim, danazol permanece como o medicamento melhor estudado nesta
condição clínica e, por isso, recomendado neste protocolo como agente profilático das crises de AEH.
        




                                                                                                              95
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     	     	 8.1 FÁRMACO
              Danazol: cápsula de 50, 100 e 200 mg

             	 8.2 ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO
              Danazol: 200 mg, por via oral, divididos em 2 administrações diárias, durante o primeiro mês. Após, a
     dose deve ser ajustada conforme resposta clínica e laboratorial (ver Monitorização).
              Se o paciente com AEH for exposto à situação potencialmente desencadeadora de crise, danazol deve
     ser administrado nas 2 semanas que antecedem o procedimento, com o dobro da dose utilizada para controle
     clínico.

              8.3 TEMPO DE TRATAMENTO − CRITÉRIO DE INTERRUPÇÃO
              O tratamento deve ser mantido continuadamente. A menor dose deve ser estabelecida para o controle
     dos sintomas clínicos e minimização dos efeitos adversos. Na presença de tumores hepáticos, o tratamento deve
     ser interrompido.

              8.4 BENEFÍCIOS ESPERADOS
              •	 Redução do número e/ou da gravidade das manifestações de angioedema

     9   	 MONITORIZAÇÃO
             Após o primeiro mês de tratamento, deve-se avaliar a resposta clínica (ausência de evento agudo) e
     laboratorial (atividade de C1-INH em aproximadamente 50% do valor normal e C4 dentro dos valores normais).
     Se o resultado inicial for satisfatório, deve-se reduzir a dose de danazol para a menor dose capaz de controlar os
     sintomas clínicos. Se o resultado for insatisfatório, a dose diária pode ser aumentada até o máximo de 600 mg.
             Efeitos androgênicos, como mudança de voz, acne, aumento de pelos, irregularidade menstrual, acúmulo
     de gordura, entre outros, devem ser acompanhados.
             Em relação aos efeitos adversos, devem ser avaliados hematócrito, hemoglobina, AST, ALT, gama-GT,
     fosfatase alcalina, colesterol total e frações, triglicerídios e realizado exame qualitativo de urina a cada 6 meses.
     Sugere-se ultrassonografia abdominal anual para visualização hepática, devido ao risco de desenvolvimento de
     tumor hepático.
             Em pacientes que estiverem fazendo uso de danazol e carbamazepina, podem ocorrer significativos
     aumentos dos níveis de carbamazepina com resultante toxicidade. Deve-se evitar o uso de inibidores da
     angiotensina e estrogênios, por serem potencialmente desencadeadores de crises.

     10	 REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR
             Os pacientes devem ser diagnosticados em serviços especializados em Imunologia ou Genética. Devem
     ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a monitorização
     do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas e a adequação de uso do
     medicamento.

     11   TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE − TER
              É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e
     efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se
     prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.

     12	 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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     	     Int Med. 2000;132(2):144-50.


96
Angioedema


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17.	 Farkas H, Harmat G, Füst G, varga L, Visy B. Clinical management of hereditary angio-oedema in
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25.	 Szegedi R, Széplaki G, Varga L, Prohászka Z, Széplaki Z, Karádi I, et al. Long-term danazol prophylaxis
     does not lead to increased carotid intima-media thickness in hereditary angioedema patients. Atherosclerosis.
     2008;198(1):184-91. Epub 2007 Oct 30.
26.	 Birjmohun RS, Kees Hovingh G, Stroes ES, Hofstra JJ, Dallinga-Thie GM, meijers JC, et al. Effects of short-
     term and long-term danazol treatment on lipoproteins, coagulation, and progression ofatherosclerosis: two
     clinical trials in healthy volunteers and patients with hereditary angioedema. Clin Ther. 2008;30(12):2314-23.
27.	 Farkas H, Czaller I, Csuka D, Vas A, Valentin S, Varga L, et al. The effect of long-term danazol 	
     prophylaxis on liver function in hereditary angioedema: a longitudinal study. Eur J Clin Pharmacol. 2010;66(4):419-
     26.Epub 2009 Dec 19.


                                                                                                                           97
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


     28.	 Atkinson JP, Cicardi M, Sheffer AL. Prevention of attacks in hereditary angiodema [Internet]. Waltham (MA): UpToDate;
          2009 [cited 2010 May 7]. Available from: http://www.uptodate.com/patients/content/topic.do?topicKey=~q4q8ma_
          EQaw_FP.
     29.	 Blohmé G. Treatment of hereditary angioneurotic oedema with tranexamic acid. A random double-blind cross-over study.
          Acta Med Scand. 1972;192(4):293-8.




98
Angioedema



  Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
  Danazol



          Eu,______________________________________________(nome do(a) paciente), declaro
ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos
relacionados ao uso de danazol, indicado para o tratamento de angioedema.
          Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
_______________________________________________(nome do médico que prescreve).
          Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber
pode trazer a seguinte melhora:
          •	 redução do número e/ou gravidade das manifestações do angioedema.
       	 Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais
efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento:
     		 • os riscos na gravidez ainda não são bem conhecidos; portanto, caso engravide, devo avisar
imediatamente o médico;
	        • pequenas quantidades do medicamento podem passar para o leite materno; portanto, seu
uso durante a amamentação não está indicado;
     		 • efeitos adversos já relatados − náuseas, vômitos, diarreia, dor de cabeça,
nervosismo, desorientação, fraqueza, convulsões, ganho de peso, inchaço, alterações do
paladar, aumento da pressão arterial, perda de potássio e insuficiência cardíaca congestiva;
     		 • contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) conhecida ao medicamento;
		 • o risco da ocorrência de eventos adversos aumenta com a superdosagem.
	     Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me
a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também
que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
          Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações
relativas ao meu tratamento, desde que assegurado o anonimato.

Local:                                         Data:
Nome do paciente:
Cartão Nacional de Saúde:
Nome do responsável legal:
Documento de identificação do responsável legal:

                                _____________________________________
                                Assinatura do paciente ou do responsável legal
Médico responsável:                                                         CRM:               UF:

                                       ___________________________
                                        Assinatura e carimbo do médico
                                                                                                             Angioedema

                                         Data:____________________
Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será
arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.




                                                                                                            99
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Fluxograma de Tratamento
      Angioedema




                                                                                                   Diagnóstico: clínico, laboratorial

                                                             Paciente com diagnóstico de
                                                                     angioedema


              Critérios de exclusão:
              ✓ mulheres com sangramento
                 genital de origem desconhecida                   Possui critérios de
              ✓ gravidez ou amamentação                             inclusão para
              ✓ disfunção renal, hepática ou                                                                    Exclusão
                 cardíaca grave                                tratamento com danazol            Não
                                                                                                                do PCDT
              ✓ porfiria                                          para profilaxia das
              ✓ história de hipersensibilidade ao                       crises?
                 danazol
              ✓ câncer de próstata
              Para uso nestas situações, ver texto
              do PCDT                                                     Sim
                                                                                                 Critérios de inclusão:
                                                                                                 ✓ diagnóstico confirmado de
                                                                                                   angioedema hereditário (tipos 1, 2 ou
                             Exclusão                            Possui algum critério             3) e ocorrência de ≥ 1 episódio de
                                                     Sim                                           angioedema num período de 3 meses
                             do PCDT                                de exclusão?



                                                                         Não


             Monitorização laboratorial:                                                               Critérios de resposta:
             ✓ hemograma, perfil lipídico                                                              ✓ clínico: ausência de crises
               (colesterol total, HDL,                                                                   agudas
               triglicerídios), creatinina, provas                Tratamento com
                                                                                                       ✓ laboratorial: atividade de C1-INH
               hepáticas (AST, ALT, fosfatase                         danazol                            em aproximadamente 50% do
               alcalina, gama-GT), exame                          200 mg, por via oral,                  normal e níveis normais de C4
               qualitativo de urina                                 2 vezes ao dia
               Periodicidade: a cada 6 meses
             ✓ ultrassonografia abdominal
               (não obrigatória)
             Periodicidade: anualmente
                                                                                                           Revisar a adesão ao
                                                                        Houve                                tratamento e, se
                          Sim                                          resposta            Não             necessário, ajustar a
                                                                     terapêutica?                         dose de 200 mg/dia até
                                                                                                                600 mg/dia.




               Manter o esquema
                  de tratamento,                              Houve eventos
                  promovendo a                              adversos graves ou                                    Manter o
                                                                                           Não                  tratamento.
              redução da dose até                          presença de tumores
                  a menor dose                                 hepáticos ?
              clinicamente efetiva.                                                                            Suspender o
                                                                                           Sim
                                                                                                               tratamento.




100
Angioedema



Fluxograma de Dispensação de Danazol
Angioedema




                       Paciente solicita o
                                                                           CID-10:D84.1
                        medicamento.                                       Exames:
                                                                           Para os tipos 1 e 2:
                                                                           ✓ C1-INH
                                                                           ✓ CH50
                                                                           ✓ C4
                   Possui LME corretamente                                 Dose: 200 mg/dia (máximo de 600 mg/dia)
     Não             preenchido e demais                   Sim
                    documentos exigidos?


  Orientar o                                   CID-10, exames e dose estão
  paciente.                                    de acordo com o preconizado             Sim
                               Não
                                                       pelo PCDT?

                      Encaminhar o                                               Realizar entrevista
                    paciente ao médico                                       farmacoterapêutica inicial
                        assistente.                                             com o farmacêutico.



                                                                                      Processo
                                                                       Não                                Sim
                                                                                      deferido?


   Exames necessários para monitorização:                        Não dispensar e
                                                                                                      Orientar o
   ✓ C1-INH, C4                                                    justificar ao
     Periodicidade: após o 1o mês                                                                     paciente.
   ✓ hematócrito, hemoglobina, AST, ALT,
                                                                    paciente.
     gama-GT, fosfatase alcalina, colesterol
     total e frações, triglicerídios e exame
     qualitativo de urina
     Periodicidade: a cada 6 meses
   ✓ ultrassonografia abdominal
     Periodicidade: anual (não obrigatória)                              Dispensação a cada mês de
                                                                                 tratamento
                                                                                 Entrevista
                                                                           farmacoterapêutica de
                                                                               monitorização



                                                Paciente apresentou alteração
                                                 dos exames não compatível
                               Sim                                                          Não
                                                                                                                       Angioedema

                                                com o curso do tratamento ou
                                               eventos adversos significativos?



                   Dispensar e solicitar
                    parecer do médico                                                   Dispensar.
                        assistente.




                                                                                                                     101
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Ficha Farmacoterapêutica
      Angioedema


      1 DADOS DO PACIENTE
      Nome: ___________________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________
      Endereço: ________________________________________________________________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________
      Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________


      2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA
      2.1 Possui outras doenças diagnosticadas?
          o não
          o sim g Quais? _______________________________________________________________________

      2.2 Está grávida ou amamentando? o não o sim g critério de exclusão para uso de danazol

      2.3 Se mulher, encontra-se em idade reprodutiva? o não o sim g encaminhar ao ginecologista para uso de
          método anticonceptivo adequado

      2.4 Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais?
         Nome comercial      Nome genérico          Dose total/dia e via                  Data de início    Prescrito
                                                                                                           o não o sim
                                                                                                           o não o sim
                                                                                                           o não o sim
                                                                                                           o não o sim
      *	O uso de danazol e carbamazepina pode causar significativos aumentos dos níveis de carbamazepina
        com resultante toxicidade. Deve-se evitar o uso de inibidores da angiotensina e de estrogênios, por serem
        potencialmente desencadeadores de crises.

      2.5 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos?
          o não
          o sim g Quais? A que medicamentos? _____________________________________________________




102
Angioedema




3 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO
Registro dos Exames Laboratoriais
         Exames            Inicial               1o mês             6o mês           12o mês
Previsão de data
Data
C1-INH
C4
Hematócrito
Hemoglobina
ALT
AST
Gama-GT
Fosfatase alcalina
Colesterol total
HDL
LDL
Triglicerídios
EQU
pH
Densidade
Glicose
Bilirrubinas
Corpos cetônicos
Proteínas
Urobilinogênio
Nitritos
Esterease leucocitária
Leucócitos
Hemácias
Glicose
Observação

3.1 Encontra-se C1-INH em aproximadamente 50% do valor normal e C4 dentro dos valores normais?
    não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (aumentar a dose conforme
    estabelecido no PCDT)
    sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (reduzir a dose conforme
                                                                                                    Angioedema

    estabelecido no PCDT)

3.2 Realizou ultrassonografia abdominal anual?
    não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente
    sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (se resultado alterado)

3.3 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos
    Adversos)
    não g Dispensar
    sim g Passar para a pergunta 3.4


                                                                                                  103
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      3.4 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
          não g Dispensar
          sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente


                                  TABELA DE REGISTRO DE EVENTOS ADVERSOS

         Data da
                                  Evento adverso                    *Intensidade             qConduta
        entrevista




      Principais reações adversas já relatadas: náuseas, vômitos, diarreia, cefaleia, nervosismo, desorientação,
      fraqueza, convulsões, ganho de peso, edema, alterações do paladar, hipertensão, falta de ar, hirsutismo, acne,
      mudança de voz, irregularidade menstrual
      * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
      q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição,
      ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever)




104
Angioedema


                        TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO

                           1o mês   2o mês   3o mês   4o mês    5o mês    6o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                           7o mês   8o mês   9o mês   10o mês   11o mês   12o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                                                                                      Angioedema




                                                                                    105
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Guia de Orientação ao Paciente
      Danazol


               este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.

               seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.

                               o medicamento é utilizado no tratamento de angioedema.


      1	 DOENÇA
      	 •	      É uma doença genética que causa inchaço principalmente no rosto, nas mãos e nos pés. Pode levar ao
      		        inchaço das vias respiratórias e do aparelho gastrointestinal com o aparecimento de edema de glote
      		        (fechamento da garganta) e cólicas na barriga.
      	 •	      Se não tratada, a doença pode causar morte.

      2	 MEDICAMENTO
      	   •	    Este medicamento não cura a doença, mas melhora suas manifestações.

      3	 GUARDA DO MEDICAMENTO
      	 •	      Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura
      		        (cozinha e banheiro). Conserve as cápsulas na embalagem original.

      4	 ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO
      	 •	      Tome as cápsulas (sem mastigar ou abrir), com um copo de água. Procure tomar o medicamento sempre
      		        no mesmo horário estabelecido no início do tratamento.
      	 •	      Tome exatamente a dose que o médico indicou.

      5	 REAÇÕES DESAGRADÁVEIS
      	 •	      Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações
      		        desagradáveis, tais como náuseas, vômitos, diarreia, dor de cabeça, nervosismo, desorientação,
      		        fraqueza, convulsões, ganho de peso, inchaço, alterações do paladar, aumento da pressão
      		        arterial, aparecimento de espinhas, crescimento de pelos, engrossamento da voz.
      	 •	      Se os sintomas forem muito intensos, como dor de cabeça forte, problemas de visão, náuseas e vômitos,
      		        comunique-se imediatamente com o médico.
      	 •	      Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
      	 •	      Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade,
      		        documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.

      6	 PARA MULHERES EM IDADE FÉRTIL
      	 •	      O danazol não pode ser usado durante a gravidez, pois há risco de que o bebê nasça com problemas
      		        físicos e/ou mentais. Portanto, é muito importante que a gravidez seja evitada nesse momento. Antes do
      		        início do tratamento, procure o ginecologista para o uso correto de métodos contraceptivos.
      	 •	      Antes de começar o tratamento, faça o teste de gravidez.

      7	 USO DE OUTROS MEDICAMENTOS
      	 •	      Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional
      		        de saúde.

      8	 REALIZAÇÃO DOS EXAMES DE LABORATÓRIO
      	 •	      A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento no organismo.
      		        Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o tratamento.


106
Angioedema


9	 PARA SEGUIR RECEBENDO O MEDICAMENTO
Fluxograma de Dispensação de Toxina Botulínica
	   •	 Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos:	
Distonias Focais e Espasmo Hemifacial
		 - Receita médica atual
		 - Cartão Nacional de Saúde ou RG
		     - Exames: C1-INH e C4 ao final do primeiro mês e a cada 6 meses; hematócrito, hemoglobina,
		       AST, ALT, gama-GT, fosfatase alcalina, colesterol total, HDL, LDL, triglicerídios e EQU a cada
		    Portaria SAS/MS n 389, de 19 de setembro de 2001.
         6 meses; ultrassonografia abdominal a cada 12 meses

10	 EM CASO DE DÚVIDA
	 •	    Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de
		      tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.

11	 OUTRAS INFORMAÇÕES
_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________


                        se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                                  devolva-o à farmácia do sus.




                                                                                                            Angioedema




                                                                                                          107
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas




108
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
          Aplasia Pura Adquirida Crônica
          da Série Vermelha
           Portaria SAS/MS no 227, de 10 de maio de 2010.


     1	 Metodologia de busca da literatura
              Foram realizadas buscas nas bases de dados do Medline/Pubmed, Embase e Cochrane em 22 de
     fevereiro de 2010. Na base de dados Medline/Pubmed, foi utilizada a estratégia “Red-Cell Aplasia, Pure”[Mesh]
     AND “Therapeutics”[Mesh], sem limite de data e restrita a estudos em humanos. A busca resultou em 149
     artigos, não tendo sido encontrado ensaio clínico randomizado. Os artigos identificados como relatos de
     casos foram excluídos. A maioria das recomendações deste protocolo deriva de estudos observacionais
     e recomendações de especialistas. Na base de dados Embase, foi repetida a busca acima e não foram
     encontrados estudos relevantes que não resultassem da busca efetuada no Medline/Pubmed. Na biblioteca
     Cochrane, não foram localizadas revisões sistemáticas relacionadas ao tema.
              Também foram consultados livros-texto de Hematologia e o UpToDate, versão 17.3, através do site
     http://www.uptodateonline.com/online/index.do.

     2	 Introdução
              Aplasia pura adquirida crônica da série vermelha (APASV) é uma síndrome clínica rara, caracterizada
     por anemia grave, hipoproliferativa (com reticulocitopenia importante) e marcada diminuição ou até inexistência
     de eritroblastos na medula óssea, com presença normal de precursores das outras séries celulares1-3. APASV
     pode ocorrer como doença primária (também chamada de idiopática) ou secundária a diversas outras
     doenças. Dentre as causas secundárias destacam-se doenças autoimunes, neoplasias, linfoproliferações,
     infecções virais após transplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico ABO incompatível e uso de
     medicamentos1,2 (Tabela 1).
              APASV pode se manifestar de maneira aguda e autolimitada, frequentemente observada em crianças,
     e de maneira crônica, mais comum em adultos2. Estudos observacionais apontam uma sobrevida média
     superior a 10 anos para os casos de APASV idiopática, podendo ser significativamente menor em pacientes
     com doença secundária, conforme a patologia de base1,3. Não foram localizados estudos de prevalência de
     APASV.
              Postula-se que um mecanismo envolvendo autoimunidade (autoanticorpos da classe IgG) e ativação
     de linfócitos T citotóxicos e natural killers esteja implicado no desenvolvimento da aplasia, com destruição dos
     precursores eritroides ainda na medula óssea1,2.




Consultores: Carolina da Fonte Pithan, Marcelo Capra, Rafael Selbach Scheffel, Bárbara Corrêa Krug
e Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                        109
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      Tabela 1 - Causas Secundárias de Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha1,2
                                                          Medicamentos
       Fenitoína, carbamazepina, ácido valproico, fenobarbital, sulfametoxazol-trimetoprim, zidovudina, cloranfenicol,
       linezolida, dapsona, penicilina, rifampicina, lamivudina, clorpropamida, estimulantes da eritropoese, micofenolato
       de mofetila, azatioprina, tacrolimo, fludarabina, cladribina, alopurinol e metildopa
                                                            Infecções
       Parvovírus B19, HIV, hepatites virais
                                                       Causas autoimunes
       Anemia hemolítica autoimune, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, transplante de medula óssea
       ABO incompatível
                                                       Neoplasias linfoides
       Leucemia linfocítica crônica, leucemia de grandes linfócitos granulares, doença de Hodgkin, linfoma não Hodgkin,
       mieloma múltiplo
                                                       Neoplasias mieloides
       Leucemia mieloide crônica, metaplasia mieloide agnogênica com mielofibrose, pródromo de síndrome
       mielodisplásica
                                                          Outras causas
       Timoma, gestação

      3	 	 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à
      	   	 saúde (CID-10)
              •	 D60.0 Aplasia pura adquirida crônica da série vermelha

      4	 Diagnóstico

              4.1 Diagnóstico clínico
               As manifestações clínicas da doença decorrem da anemia ou da doença de base causadora, quando
      presente. Como a anemia tem início insidioso, é comum que os pacientes tenham sintomatologia leve ou ausente
      por ocasião do diagnóstico.
               Para investigação das causas secundárias de APASV deve-se pesquisar, à anamnese, o uso de
      medicamentos, exposição a fármacos e infecções. Ao exame físico, devem ser investigados sinais clínicos
      indicativos de alguma doença de base.

              4.2 Diagnóstico laboratorial
             O diagnóstico laboratorial baseia-se na presença de todos os achados abaixo1-3:
          		•	 anemia normocítica e normocrômica, com série vermelha com morfologia normal na periferia;
          		•	 reticulocitopenia importante (reticulócitos < 10.000/ml);
          		•	 contagens normais de plaquetas e leucócitos;
          		•	 medula óssea com megacariopoese, linfopoese e mielopoese normais com ausência ou redução
          			 significativa de precursores eritroides.
          	 Para a investigação e exclusão de causas secundárias de APASV, os seguintes exames iniciais devem
            ser solicitados:
          		•	 hemograma completo, com análise de esfregaço periférico e contagem de reticulócitos;
          		•	 tomografia computadorizada de tórax para investigação de timoma;
          		•	 anti-HIV e anti-HCV;
          		•	 biópsia e aspirado de medula óssea;
          		•	 anticorpo antinuclear.

      5	 Critérios de inclusão
              Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes com diagnóstico de APASV idiopática que
      não entrarem em remissão em 1 mês e os com APASV secundária que não tenham respondido ao tratamento
      da doença de base ou após suspensão, por 1 mês, do medicamento responsável pela anemia.

110
Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha


6	 Critérios de exclusão
       Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes com intolerância ou
hipersensibilidade aos medicamentos propostos.

7	 Casos especiais

         7.1 Pacientes com timoma – imunosupressores
         Em pacientes com diagnóstico de timoma, a incidência de desenvolvimento de APASV é de 5%.
Atualmente, recomenda-se a realização de timectomia nestes casos, com taxas de resposta referidas
na literatura de 25%-30%3. Alguns trabalhos mais recentes mostraram que somente timectomia não
é suficiente para o tratamento, sendo necessário o uso de medicamentos imunosupressores4,5. Um
estudo com 41 pacientes com timoma e APASV sugeriu que a resposta a esquemas terapêuticos
contendo ciclosporina seria maior e mais sustentada4. Apesar da limitação dos estudos, recomenda-se
o uso de medicamentos imunossupressores nestes casos.

        7.2 Pacientes com infecção por parvovírus B19
        Alguns estudos com pacientes portadores de infecção crônica pelo parvovírus B19 estabelecida
(presença de um pequeno número de proeritroblastos vacuolados gigantes à biópsia de medula;
presença de anticorpos anti-B19 IgM no soro ou detecção do DNA viral no soro por técnicas de biologia
molecular) sugerem a utilização de imunoglobulina intravenosa nos casos de anemia importante e
infecção crônica em pacientes imunossuprimidos, aparentemente com boas taxas de remissão, porém
com muitas recidivas6-8. Os estudos são todos observacionais (séries de casos e relatos de caso).
Pela gravidade desta condição clínica, sugere-se o uso deste medicamento, apesar da frágil evidência
encontrada na literatura.

       7.3 Pacientes com APASV secundária ao uso de alfaepoetina humana




                                                                                                           Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha
        Os pacientes que desenvolvem APASV secundária ao uso de alfaepoetina humana devem ter
seu atendimento inicial centrado na suspensão do medicamento. Como o mecanismo de desenvolvimento
desta complicação é a formação de anticorpos, está indicado o uso de imunossupressores neste
cenário clínico. Recentemente, um peptídio agonista do receptor da eritropoetina foi utilizado em 14
pacientes com insuficiência renal crônica e APASV, com diminuição da necessidade de transfusões e
melhora dos níveis de hemoglobina9. Por não haver estudos com maior número de pacientes e com
delineamentos mais rigorosos, este medicamento precisa ter sua utilidade comprovada, não podendo
ainda ser recomendado na prática médica.

8	 Tratamento
        O tratamento de APASV varia conforme a etiologia estabelecida da doença. Durante a
avaliação inicial do paciente, um suporte transfusional adequado deverá ser oferecido de acordo com os
sintomas secundários à anemia. Nos casos de APASV secundária a outras doenças e medicamentos, o
tratamento primário será dirigido à doença de base e à suspensão dos possíveis fármacos relacionados
ao desenvolvimento da aplasia.
        Em cerca de 10%-12% dos casos de APASV idiopática pode ocorrer remissão espontânea da
doença em curto espaço de tempo, recomendando-se aguardar pelo menos 1 mês antes de iniciar
tratamento imunossupressor específico3.
        Nos pacientes em que não houver melhora com o tratamento da doença de base, a APASV
deve ser tratada como uma doença imunológica, sendo então recomendados medicamentos
imunossupressores, para os quais já foram propostos diversos esquemas terapêuticos. Uma abordagem
sugerida é o uso inicial de prednisona, seguido de adição de ciclofosfamida. Nos pacientes resistentes
a estes dois medicamentos, pode ser utilizada ciclosporina1,3.
        As respostas a todos os medicamentos atualmente disponíveis para o tratamento da APASV
são semelhantes e não existem estudos que permitam a comparação entre eles. Portanto, a seleção é
baseada nos perfis dos efeitos adversos.


                                                                                                         111
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


             Para os pacientes com infecção crônica pelo parvovírus B19 e em imunosupressão, recomenda-se o uso
      de imunoglobulina intravenosa (ver Casos Especiais).

               Prednisona
               Prednisona foi o primeiro medicamento a ser utilizado para o tratamento de APASV e permanece como
      primeira escolha1-3. Em uma série avaliada por Clark e cols.10, em 1984, 10 dos 27 (37%) pacientes responderam
      ao tratamento, com um período médio de resposta de 2,5 semanas. Outro estudo retrospectivo com 25 pacientes
      mostrou taxas semelhantes de resposta com estes medicamentos (36%); as taxas descritas na literatura variam
      de 30%-62%3. A taxa de remissão dos 185 pacientes que usaram corticosteroides, em um estudo retrospectivo
      proveniente de um registro nacional japonês, foi de 60%11.
               Apesar da boa resposta, uma das limitações ao uso desta classe de medicamentos é a alta taxa de
      recidiva: até 80% quando a dose é diminuída nos 2 primeiros anos de tratamento3,10. Uma outra limitação é o
      grande índice de morbidade decorrente do uso crônico, como miopatia, infecções, hiperglicemia e osteoporose3.
      No mesmo estudo de Clark e cols.10, os pacientes com recidiva que voltaram a receber corticosteroides
      apresentaram novamente boa taxa de resposta (10/13, 77%). É recomendado que o fármaco iniciado seja
      retirado gradualmente, em uma tentativa de diminuir a incidência de recidiva até que seja atingida a dose mínima
      necessária para manter o paciente em remissão.

              Ciclofosfamida
              Ciclofosfamida é um agente alquilante que pode ser utilizado no tratamento de APASV isoladamente
      ou em associação a corticosteroides nos casos em que a resposta a eles não for adequada1. O uso deste
      medicamento isoladamente tem taxas de resposta descritas na literatura entre 7%-20%, enquanto combinado
      com corticosteroides pode atingir 40%-60%, sendo esta a forma recomendada atualmente2. O tempo médio
      para resposta é de 11-12 semanas. Atingida a resposta adequada, o tratamento com corticosteroides deve ser
      diminuído e o tratamento com ciclofosfamida deve ser reduzido até sua suspensão após a normalização do
      hematócrito3.
              A remissão obtida com esquemas contendo ciclofosfamida parece ser maior quando comparada com
      esquemas que utilizam somente corticosteroides ou mesmo ciclosporina3. Porém cabe salientar que o uso crônico
      de agentes alquilantes pode trazer complicações importantes, como neoplasias secundárias e infertilidade
      relacionadas à dose cumulativa e ao tempo de tratamento. Em razão destes efeitos adversos graves, não é
      recomendado o uso de ciclofosfamida por mais de 6 meses.

              Ciclosporina
              Estudos que avaliaram a utilização de ciclosporina no tratamento de APASV mostraram taxas de resposta
      entre 65%-87%3. Em um estudo com 150 pacientes, dos quais 38 receberam ciclosporina, a taxa de resposta foi
      de 82%, sendo de 87% nos com APASV primária e de 73% nos com causas secundárias12.
              Em um estudo retrospectivo proveniente de um registro nacional japonês que incluiu 185 pacientes, tendo
      62 deles APASV primária, a taxa de remissão foi de 74% nos que usaram ciclosporina. Os pacientes tratados
      somente com ciclosporina (n = 23) ficaram livres de transfusão em média 82 dias após o início do tratamento11.
      Em pacientes que necessitam de tratamento de manutenção, parece haver aumento do tempo livre de recidiva:
      103 meses nos pacientes em uso de terapia combinada de ciclosporina com corticosteroides e 33 meses nos
      pacientes somente em uso de corticosteroides (p < 0,01)11. Apesar destas prováveis vantagens do tratamento
      com ciclosporina, não foi possível comprovar até o momento sua superioridade em relação aos corticosteroides
      em termos de sobrevida geral3.
              Quando utilizada, a ciclosporina deve ser mantida por até 3 meses caso ocorra resposta clínica adequada.
      Sua retirada deve ser gradual, a exemplo dos corticoesteroides, uma vez que a recidiva da doença é comum
      quando o fármaco é suspenso abruptamente3,11. Cabe ressaltar que a terapia com ciclosporina não é isenta de
      complicações, e a nefrotoxicidade pode representar uma limitação importante do tratamento.

              8.1 Fármacos
              	 	 Prednisona: comprimidos de 5 e 20 mg
              •
              •	 Ciclofosfamida: drágeas de 50 mg


112
Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha


        •	 Ciclosporina: cápsulas de 10, 25, 50 e 100 mg; solução oral de 100 mg/ml
        •	 Imunoglobulina humana: frasco-ampola de 0,5; 1,0; 2,5, 3,0; 5,0 e 6,0 g

        8.2 Esquemas de administração
        •	 Prednisona: são preconizados 60 mg por dia em doses divididas. O medicamento deve ter
           sua dose diminuída gradativamente depois de alcançada resposta clínica.
        •	 Ciclofosfamida: a dose inicial deve ser de 2 a 3 mg/kg dia. Outro esquema proposto é iniciar
           com 50 mg/dia, por via oral, e aumentar 50 mg semanalmente ou a cada 2 semanas, até
           uma dose máxima de 150 mg por dia, de acordo com a contagem de plaquetas e leucócitos.
           Atingida resposta clínica adequada, a dose deve ser gradualmente reduzida em 3 meses.
        •	 Ciclosporina: não há consenso na literatura sobre a melhor dose a ser utilizada. Um esquema
           proposto é o uso de 12 mg/kg/dia, divididos em 2 administrações diárias1. Alguns estudos
           demonstraram que doses menores podem ser adequadas e, por isso, preconiza-se que seja
           utilizada a dosagem sérica dos níveis de ciclosporina como monitorização da dose ideal a
           ser empregada3.
        •	 Imunoglobulina humana: pela natureza da evidência disponível para este medicamento,
           diversos esquemas terapêuticos já foram descritos, inexistindo um esquema terapêutico
           padrão. O esquema pode variar de 400 mg/kg por 5 dias até 1.000 mg/kg por 3 dias.

        8.3 Tempo de tratamento – critérios de interrupção
        O tempo de tratamento varia conforme o medicamento utilizado, idealmente até a remissão da
doença. Pacientes com recidivas frequentes podem necessitar de tratamento continuado para manter
a remissão. Preconiza-se que o tratamento com ciclofosfamida não ultrapasse 6 meses.

        8.4 Benefícios esperados
        •	 Recuperação da anemia com aumento do número de reticulócitos e redução dos sintomas




                                                                                                                 Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha
           clínicos de anemia
        •	 Redução da necessidade de transfusões

9	 Monitorização
	         Prednisona
         Devem ser dosados glicemia de jejum, potássio, colesterol total, triglicerídios e aferida a pressão
arterial antes do início do tratamento. Durante o uso de corticosteroides, o paciente deve ser reavaliado
clinicamente no mínimo a cada 3 meses e laboratorialmente no mínimo a cada ano. Os glicocorticoides
devem ser usados pelo menor tempo possível, desde que haja resposta clínica adequada.

	       Ciclofosfamida
        Devem ser realizados hemograma e dosagem de plaquetas semanalmente no primeiro mês,
quinzenalmente no segundo e terceiro meses e, após, mensalmente ou se houver mudança nas doses.
Também deve ser realizado controle da função hepática (ALT, AST, GGT e bilirrubinas), na mesma
periodicidade dos hemogramas nos primeiros 6 meses e depois trimestralmente.

	        Ciclosporina
         Deve ser realizada monitorização dos níveis séricos do fármaco (a serem mantidos entre 100-
200 ng/ml), da pressão arterial sistêmica e da função renal (creatinina) antes do início do tratamento e
repetida a cada 2 semanas nos primeiros 3 meses de tratamento e, após, mensalmente se o paciente
estiver clinicamente estável. Se houver desenvolvimento de hipertensão, a dose deve ser reduzida de
25%-50%; persistindo a hipertensão, o tratamento deve ser suspenso.

	       Imunoglobulina humana
        Pacientes em uso deste medicamento podem apresentar reações adversas relacionadas
à infusão (febre, náusea, vômito), que deve ser suspensa se houver qualquer um destes sintomas.
Requer uso cuidadoso em pacientes com condições que possam levar à perda da função renal (idosos,

                                                                                                               113
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      doença renal prévia, diabetes melito, sepse) por existirem relatos de casos de indução de insuficiência renal
      aguda. Outra complicação descrita é anemia hemolítica. Para a monitorização destes efeitos adversos, devem ser
      realizados exames laboratoriais (nível sérico de creatinina, hemograma) e avaliação clínica de efeitos adversos
      relacionados à infusão e débito urinário.

      10	 Acompanhamento pós-tratamento
              Inexiste uma recomendação formal quanto ao tempo de acompanhamento pós-tratamento dos pacientes
      com APASV. Como a recidiva é bastante comum com os esquemas terapêuticos atualmente disponíveis e os
      níveis de evidência na literatura não são ideais, visto tratar-se de uma doença rara, sugere-se que os pacientes
      sejam acompanhados em serviço especializado de Hematologia e Hemoterapia por, pelo menos, 5 anos.

      11	 Regulação/controle/avaliação pelo gestor
              Pacientes sob suspeita de terem adquirido APASV devem ser encaminhados a serviços especializados
      em Hematologia para um adequado diagnóstico e inclusão no protocolo de tratamento.
              Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão dos pacientes neste protocolo, a duração e a
      monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas, a adequação
      de uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento.

      12	 Termo de esclarecimento e responsabilidade – TER
               É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e
      efeitos adversos relacionados ao uso dos medicamentos preconizados neste protocolo. O TER é obrigatório ao
      se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.

      13	 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
      1.	  Schier SL. Acquired pure red cell aplasia [Internet]. Waltham (MA): UpToDate; 2009 [cited 2010 May 25]. Available from:
           http://www.uptodate.com/patients/content/topic.do?topicKey=~ZbPxAEEkDJzkXZ&selectedTitle=1~150.
      2.	 Sawada K, Hirokawa M, Fujishima N. Diagnosis and management of acquired pure red cell aplasia. Hematol Oncol Clin
           North Am. 2009;23(2):249-59.
      3.	 Sawada K, Fujishima N, Hirokawa M. Acquired pure red cell aplasia: updated review of treatment. Br J Haematol.
           2008;142(4):505-14. Epub 2008 May 28.
      4.	 Hirokawa M, Sawada K, Fujishima N, Nakao S, Urabe A, Dan K, et al. Long-term response and outcome following
           immunosuppressive therapy in thymoma-associated pure red cell aplasia: a nationwide cohort study in Japan by the
           PRCA collaborative study group. Haematologica. 2008;93(1):27-33.
      5.	 Thompson CA, Steensma DP. Pure red cell aplasia associated with thymoma: clinical insights from a 50-year single-
           institution experience. Br J Haematol. 2006;135(3):405-7.
      6.	 Koduri PR, Kumapley R, Valladares J, Teter C. Chronic pure red cell aplasia caused by parvovirus B19 in AIDS: use of
           intravenous immunoglobulin – a report of eight patients. Am J Hematol. 1999;61(1):16-20.
      7.	 Kurtzman G, Frickhofen N, Kimball J, Jenkins DW, Nienhuis AW, Young NS. Pure red-cell aplasia of 10 years’ duration
           due to persistent parvovirus B19 infection and its cure with immunoglobulin therapy. N Engl J Med. 1989;321(8):519-23.
      8.	 Frickhofen N, Abkowitz JL, Safford M, Berry JM, Antunez-de-Mayolo J, Astrow A, et al. Persistent B19 parvovirus infection
           in patients infected with human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1): a treatable cause of anemia in AIDS. Ann Intern
           Med. 1990;113(12):926-33.
      9.	 Macdougall IC, Rossert J, Casadevall N, Stead RB, Duliege A, Froissart M, et al. A Peptide-Based Erythropoietin-
           Receptor Agonist for Pure Red-Cell Aplasia. N Engl J Med. 2009;361:1848-55.
      10.	 Clark DA, Dessypris EN, Krantz SB. Studies on pure red cell aplasia. XI. Results of immunosuppressive treatment of 37
           patients. Blood. 1984;63(2):277-86.
      11.	 Sawada K, Hirokawa M, Fujishima N, Teramura M, Bessho M, Dan K, et al. Long-term outcome of patients with acquired
           primary idiopathic pure red cell aplasia receiving cyclosporine A. A nationwide cohort study in Japan for the PRCA
           Collaborative Study Group. Haematologica. 2007;92(8):1021-8. Epub 2007 Jul 20.
      12.	 Mamiya S, Itoh T, Miura AB. Acquired pure red cell aplasia in Japan. Eur J Haematol. 1997;59(4):199-205.




114
Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha



Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
Ciclofosfamida, Ciclosporina e Imunoglobulina Humana


         Eu, ______________________________________________________ (nome do(a) paciente),
declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos
adversos relacionados ao uso de ciclofosfamida, ciclosporina e imunoglobulina humana, indicados
para o tratamento de aplasia pura adquirida crônica da série vermelha.
         Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
_______________________________________________(nome do médico que prescreve).
         Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber
pode trazer a seguinte melhora:
         •	 recuperação da anemia com aumento do número de reticulócitos;
         •	 redução dos sintomas clínicos de anemia;
         •	 redução da necessidade de transfusões.
       Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais
efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento:
         •	 não se sabe ao certo os riscos do uso da ciclosporina e imunoglobulina humana na gravidez;
            portanto, caso engravide, devo avisar imediatamente o médico;
         •	 ciclofosfamida não deve ser usada durante a gestação pelo risco de má-formação do feto;
         •	 efeitos adversos da ciclofosfamida – náuseas, vômitos, queda de cabelo, risco aumentado
            de infecções, anemia, toxicidade para a medula óssea, infecções na bexiga, risco de
            sangramento (redução do número de plaquetas);
         •	 efeitos adversos da ciclosporina – problemas nos rins e fígado, tremores, aumento da
            quantidade de pelos no corpo, pressão alta, aumento do crescimento da gengiva, aumento




                                                                                                             Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha
            do colesterol e triglicerídios, formigamentos, dor no peito, batimentos rápidos do coração,
            convulsões, confusão, ansiedade, depressão, fraqueza, dor de cabeça, unhas e cabelos
            quebradiços, coceira, espinhas, náuseas, vômitos, perda de apetite, soluços, inflamação
            na boca, dificuldade para engolir, sangramentos, inflamação do pâncreas, prisão de ventre,
            desconforto abdominal, diminuição das células brancas do sangue, linfoma, calorões,
            aumento da quantidade de cálcio, magnésio e ácido úrico no sangue, toxicidade para os
            músculos, problemas respiratórios, sensibilidade aumentada à temperatura e aumento das
            mamas;
         •	 efeitos adversos da imunoglobulina humana – dor de cabeça, calafrios, febre, reações no
            local de aplicação da injeção que incluem dor, coceira e vermelhidão, problemas renais
            (aumento de creatinina e ureia no sangue, seguido de oligúria e anúria, insuficiência renal
            aguda, necrose tubular aguda, nefropatia tubular proximal, nefrose osmótica);
         •	 contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) aos fármacos;
         •	 o risco da ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem.
         Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-
me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também
que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
         Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações
relativas ao meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato.
                       m
         Meu tratamento constará do seguinte medicamento:
         o ciclofosfamida
         o ciclosporina
         o imunoglobulina humana




                                                                                                           115
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas




      Local:                                    Data:
      Nome do paciente:
      Cartão Nacional de Saúde:
      Nome do responsável legal:
      Documento de identificação do responsável legal:

                                        _____________________________________
                                        Assinatura do paciente ou do responsável legal
      Médico responsável:                                                      CRM:             UF:

                                               ___________________________
                                                Assinatura e carimbo do médico
                                                 Data:____________________
      Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
      Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada
      na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.




116
Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha




                                                     Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha




                                                   117
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Fluxograma de Tratamento
      Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha (APASV)
                                            Fluxograma de Tratamento
                            Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha (APASV)
                         Prednisona, Ciclofosfamida, Ciclosporina, Imunoglobulina Humana


                                                                              Diagnóstico: clínico, laboratorial
                           Paciente com diagnóstico de
                                     APASV
                                                                              Critérios de inclusão:
                                                                              APASV idiopática
                                                                              ✓ sem remissão em 1 mês após o
                                                                                diagnóstico
                             Possui critérios de                              APASV secundária
                                                             Sim              ✓ sem resposta ao tratamento da
              Não              inclusão para
                                                                                doença de base ou suspensão, por
                                tratamento?                                     1 mês, do medicamento
                                                                                responsável pela anemia


                                                                                           Critério de exclusão:
                                                         Possui algum                      ✓ intolerância ou
           Exclusão do                                                                       hipersensibilidade aos
                                   Sim                    critério de              Não
             PCDT                                                                            medicamentos do PCDT
                                                          exclusão?

                                                                                 APASV associada a
                                                                                timoma ou a infecção
                                                                                 por parvovírus B19?
                                                                        Sim
                                                                                                               Não

                                               APASV associada a timoma: timectomia
                                                  APASV associada a parvovírus B19:
                                               tratamento com imunoglobulina humana


                                                                                                           Tratamento
                                Monitorar          Sim           Houve resposta
                                                                                              Não             com
                                                             clínica e laboratorial*?
                                                                                                           prednisona


         * Resposta ao tratamento:
         ✓ recuperação da anemia e
            aumento do número de
            reticulócitos
                                                                        Houve resposta clínica
                                                   Sim                                                        Não
         ✓ diminuição da necessidade                                       e laboratorial*?
           de transfusões

                                                                                                         Adicionar
                                       Manter o tratamento e                                          ciclofosfamida.
                                       diminuir gradualmente
                                       a dose até limite para
                                         manter a remissão.
                                                                        Houve resposta clínica
                                               Sim                                                            Não
                                                                           e laboratorial*?


                                 Manter o tratamento e diminuir                                           Trocar o
                              gradualmente a dose até limite para                                       esquema por
                               manter a remissão. Recomenda-se                                          ciclosporina.
                              tratamento por no máximo 6 meses.


118
Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha


Fluxograma de Dispensação de Ciclosporina, Ciclofosfamida
e Imunoglobulina Humana
Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série de Ciclosporina, Ciclofosfamida e
               Fluxograma de Dispensação Vermelha (APASV)
                    Imunoglobulina HumanaAplasia Pura Adquirida Crônica da Série
                                        Vermelha (APASV)

                                                                         CID-10: D60.0
                                                                         Exames:
                         Paciente solicita o                             ✓ hemograma completo, com análise de esfregaço
                                                                            periférico e contagem de reticulócitos
                          medicamento.                                   ✓ contagem de plaquetas
                                                                         ✓ biópsia e aspirado de medula óssea
                                                                         Para portadores de parvovírus B19:
                                                                         ✓ anticorpos anti-B19 IgM no soro ou
                                                                         ✓ detecção do DNA viral soro por técnicas de biologia
                                                                            molecular
                                                                         Exames não obrigatórios:
                    Possui LME corretamente                              ✓ tomografia computadorizada de tórax
                      preenchido e demais                                ✓ anti-HIV e anti-HCV
                     documentos exigidos?                                ✓ anticorpo antinuclear
        Não                                                Sim           Dose:
                                                                         ciclofosfamida: 2-3 mg/kg/dia até 150 mg/dia, por VO
                                                                         ciclosporina: 12 mg/kg/dia, por VO
                                                                         imunoglobulina humana: 400 mg/kg por 5 dias até
                                                                         1.000 mg/kg por 3 dias, por via IV


      Orientar o                                 CID-10, exames e
      paciente.                                 dose estão de acordo
                              Não                                                           Sim
                                                 com o preconizado
                                                    pelo PCDT?

                     Encaminhar o                                                  Realizar entrevista
                      paciente ao                                              farmacoterapêutica inicial




                                                                                                                                   Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha
                    médico assistente.                                            com o farmacêutico.

                                                                                         Processo
        Exames necessários para monitorização:                           Não             deferido?            Sim
        Para ciclofosfamida:
        ✓ hemograma e plaquetas
          Periodicidade: semanalmente no primeiro mês,
          quinzenalmente no segundo e terceiro meses e, após,
          mensalmente ou se houver mudança nas doses             Não dispensar e
                                                                                                           Orientar o
        ✓ ALT, AST, GGT e bilirrubinas                             justificar ao
                                                                                                           paciente.
          Periodicidade: a mesma do hemograma nos                   paciente.
          primeiros 6 meses e, após, trimestralmente
        Para ciclosporina:
        ✓ níveis séricos do fármaco
          Periodicidade: a critério médico
        ✓ creatinina
          Periodicidade: a cada 2 semanas nos primeiros 3                    Dispensação a cada mês de
          meses de tratamento e, após, mensalmente
        Para imunoglobulina humana:                                                  tratamento
        ✓ creatinina e hemograma                                                     Entrevista
        Periodicidade: a critério médico                                       farmacoterapêutica de
                                                                                   monitorização



                                                 Paciente apresentou alteração
                                                  nos exames não compatível
                               Sim                                                              Não
                                                 com o curso do tratamento ou
                                                eventos adversos significativos?

                     Dispensar* e solicitar
                      parecer do médico                                                      Dispensar.
                          assistente.

        * Observação: se houver o desenvolvimento de hipertensão, deve ser realizada redução de 25% a 50% da dose
          de ciclosporina; persistindo hipertensão após esta redução, o tratamento deve ser suspenso; não dispensar.


                                                                                                                                 119
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Ficha Farmacoterapêutica
      Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha


      1	 Dados do Paciente
      Nome: ___________________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________
      Endereço: ________________________________________________________________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________
      Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________


      2	 Avaliação Farmacoterapêutica
      2.1	   Quais as causas da aplasia pura adquirida crônica da série vermelha?
      	      o Idiopática ______________________________________________________________________________
      	      o Doença autoimune _____________________________________________________________________
      	      o Neoplasias_____________________________________________________________________________
      	      o Linfoproliferações________________________________________________________________________
      	      o Infecções virais_________________________________________________________________________
      	      o Uso de medicamentos ___________________________________________________________________
      	      o Outras causas __________________________________________________________________________

      2.2 	Possui outras doenças diagnosticadas?
      	 o não
      	 o sim gQuais? __________________________________________________________________________

      2.3 	Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais?
         Nome comercial        Nome genérico         Dose total/dia e via               Data de início    Prescrito
                                                                                                         o não o sim
                                                                                                         o não o sim
                                                                                                         o não o sim
                                                                                                         o não o sim

      2.4 		Já apresentou reações alérgicas a medicamentos?
      	 o não
              sim
      	 o   gQuais?A que medicamentos? _________________________________________________________




120
Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha


3	 Monitorização do Tratamento

Exames Laboratoriais – Monitorização dos Medicamentos Utilizados*
                     Inicial   1o mês    2o mês   3o mês      4o mês                    5o mês    6o mês
Data prevista**
Data
Hemoglobina
Leucócitos
Neutrófilos
Linfócitos
Reticulócitos
Plaquetas
ALT
AST
GGT
Bilirrubinas
Creatinina
Ciclosporina sérica

                         7o mês       8o mês         9o mês        10o mês           11o mês     12o mês
 Data prevista**
 Data
 Hemoglobina
 Leucócitos
 Neutrófilos




                                                                                                             Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha
 Linfócitos
 Reticulócitos
 Plaquetas
 ALT
 AST
 GGT
 Bilirrubinas
 Creatinina
 Ciclosporina sérica
* 	 Completar a tabela de acordo com os medicamentos utilizados.
** 	A periodicidade dos exames varia conforme o medicamento.

Para ciclofosfamida
3.1 	Houve alteração significativa dos exames de função hepática?
	 não g Dispensar
	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose deve ser reavaliada ou
	    o medicamento descontinuado)

Para ciclosporina (monitorizar pressão arterial e creatinina antes do início do tratamento e repetir a
cada 2 semanas nos primeiros 3 meses de tratamento e, após, mensalmente se o paciente se encontrar
clinicamente estável)

3.2	   Desenvolveu hipertensão ao longo do tratamento?
	      não g Dispensar
	      sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose deve ser reduzida de
	      25% a 50%; persistindo a hipertensão, o tratamento deve ser descontinuado)


                                                                                                           121
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      3.3 	Houve alteração significativa dos níveis de creatinina?
      	 não g Dispensar
      	 não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose deve ser reavaliada ou o
      	    medicamento descontinuado)

      Para imunoglobulina humana
      3.4 	Houve alteração significativa dos níveis de creatinina?
      	 não g Dispensar
      	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose deve ser reavaliada ou o
      	    medicamento descontinuado)

      Para todos os medicamentos
      3.5 	Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos)
      	 não g Dispensar
      	 sim g Passar para a pergunta 3.6

      3.6 	Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
      	 não g Dispensar
      	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente

                                 Tabela de Registro de Eventos Adversos

          Data da
                                      Evento adverso                        *Intensidade     q Conduta
         entrevista




      Observar as reações adversas já relatadas de acordo com o medicamento utilizado
      * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
      q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição,
      ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever)




122
Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha


                        TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO

                           1o mês     2o mês       3o mês      4o mês      5o mês   6o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                           7o mês     8o mês       9o mês     10o mês     11o mês   12o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação




                                                                                                Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                                                                                              123
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Guia de Orientação ao Paciente
      Ciclofosfamida, Ciclosporina e Imunoglobulina Humana


               este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.

               seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.

                    o medicamento é utilizado no tratamento de aplasia pura adquirida crônica

                                                     da série vermelha.

      1	 Doença
      	 •	      Aplasia pura adquirida crônica da série vermelha é uma doença na medula óssea na qual ocorre pouca
      		        ou nenhuma produção das células vermelhas do sangue, levando a uma anemia grave. Pode ocorrer por
      		        várias causas, dentre as quais doenças autoimunes, neoplasias, infecções virais e uso de medicamentos.

      2	 Medicamento
      	 •	      Este medicamento não cura a doença, porém melhora a anemia e os sintomas de cansaço, fraqueza,
      		        tonturas, entre outros, diminuindo a necessidade de transfusões de sangue.

      3	 Guarda do medicamento
      	 •	      Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura
      		        (cozinha e banheiro). Conserve o medicamento na embalagem original.
      	 •	      A imunoglobulina humana deve ser guardada na geladeira, mas não deve ser congelada.

      4	 Administração do medicamento
      	  •	 Tome os comprimidos, drágeas ou cápsulas (sem mastigar ou abrir) com ajuda de um líquido, de
      		    preferência junto às refeições.
      	  •	 Tome o número exato de cápsulas prescrito pelo médico e procure tomá-las sempre no horário
      			   estabelecido no início do tratamento.
      	  •	 Em caso de esquecimento de uma dose, tome-a assim que lembrar. Não tome a dose em dobro para
      		    compensar a que foi esquecida.
      	  •	 A imunoglobulina humana deve ser aplicada em ambiente hospitalar.

      5	 Reações Desagradáveis
      	 •	      Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações
      		        desagradáveis, que variam de acordo com o medicamento, tais como dor de cabeça, náuseas, vômitos,
      		        diarreia, queda de cabelo, perda de apetite, reações alérgicas, febre, calafrios, falta de ar.
      	 •	      Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
      	 •	      Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade,
      		        documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.

      6	 Uso de outros medicamentos
      	 •	      Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional
      		        de saúde.

      7	 Para seguir recebendo o medicamento
      	   •	  Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos:
          		 − Receita  médica atual
          	 	 − Cartão Nacional de Saúde ou RG
          		 − Exames:
            	 para ciclofosfamida – hemograma e plaquetas semanalmente no primeiro mês, quinzenalmente no


124
Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha


segundo e terceiro meses e, após, mensalmente ou se houver mudança nas doses; ALT, AST, GGT e
bilirrubinas no mesmo intervalo do hemograma nos primeiros 6 meses e, após, trimestralmente
        para ciclosporina – níveis séricos do fármaco com intervalo a critério médico, creatinina a cada
2 semanas nos primeiros 3 meses de tratamento e, após, mensalmente
        para imunoglobulina humana – creatinina e hemograma com intervalos a critério médico

8	 Em caso de dúvida
	 •	    Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer
		      atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.


9	 Outras informações
_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________


                        se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                                   devolva-o à farmácia do sus.



                                    para imunoglobina humana:




                                                                                                             Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha
             levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia

                     até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira.




                                                                                                           125
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas




126
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

           Artrite Reativa - Doença de Reiter
           Portaria SAS/MS no 207, de 23 de abril de 2010.


     1		 Metodologia de busca da literatura
              	 oram utilizadas as bases de dados Medline/Pubmed e Embase e livros-texto de Medicina.
               F
              	 busca na base de dados Medline/Pubmed foi realizada em janeiro de 2010, utilizando-se as
               A
     palavras-chave reactive arthritis [Mesh] AND diagnosis [Mesh]. Essa busca restringiu-se a artigos em língua
     inglesa e a estudos realizados em humanos, com o uso dos filtros Practice Guideline, Review e Guideline,
     resultando em 99 artigos. A busca realizada com as palavras-chave reactive arthritis [Mesh] AND therapeutics
     [Mesh] restringiu-se a artigos em língua inglesa e conduzidos em humanos, com o emprego dos filtros Clinical
     Trial, Meta-analysis, Practice Guideline, Randomized Controlled Trial, Review, Guideline e Controlled Clinical
     Trial, resultando em 49 artigos.
              	 om a busca na base de dados Embase feita em 5 de janeiro de 2010 através das palavras-chave
               C
     reactive arthritis/exp AND diagnosis/exp, sendo limitada a artigos em língua inglesa e conduzidos em humanos,
     com o uso do filtro review/it, foram encontrados 114 artigos. Também foi realizada busca nessa mesma base
     de dados com as palavras-chave reactive arthritis/exp AND therapy/exp. Tal busca restringiu-se a artigos em
     língua inglesa e realizados em humanos, com os filtros [cochrane review]/lim OR [controlled clinical trial]/lim
     OR [meta-analysis]/lim OR [randomized controlled trial]/lim OR [systematic review]/lim, tendo sido obtidos 30
     artigos.
              	 escolha dos artigos para inclusão no PCDT baseou-se nos seguintes critérios: todos foram
               A
     revisados, e os identificados como revisões, consensos ou estudos clínicos sobre o tema foram selecionados
     para a elaboração do protocolo e incluídos no texto.
              	 busca em livros-texto baseou-se no livro UpToDate, versão 17.2, disponível através do site www.
               A
     uptodateonline.com, consultado no dia 25 de novembro de 2009.

     2		Introdução
              	 ntigamente denominada doença de Reiter, a artrite reativa é uma das espondiloartropatias
              A
     soronegativas, grupo de doenças reumáticas crônicas que afetam articulações periféricas e da coluna e
     que compartilham características clínicas, radiológicas e genéticas semelhantes. Neste grupo de doenças
     (espondiloartropatias), além de artrite reativa, encontram-se espondilite anquilosante, artrite psoriática,
     espondiloartropatia associada à doença inflamatória intestinal e espondiloartropatia indiferenciada1.
              	 expressão artrite reativa refere-se a uma artrite que se desenvolve durante ou logo após uma
              A
     infecção bacteriana, geralmente geniturinária ou gastrointestinal, desencadeada por patógenos que não se
     consegue isolar nas articulações acometidas2,3. É, pois, uma artrite asséptica que ocorre subsequentemente a
     uma infecção extra-articular4. A artrite reativa é composta da tríade clínica de artrite, uretrite e conjuntivite pós-
     infecciosas3. O envolvimento extra-articular pode também cursar com vulvite, balanite, lesões mucocutâneas,
     dactilites e entesites diversas5-7.
              	 á uma forte associação das espondiloartropatias com o antígeno leucocitário humano B27 (HLA-B27),
              H
     presente em cerca de 60% dos pacientes com artrite reativa2-10. O antígeno bacteriano desencadeia a reação
     imunológica responsável pela artrite, que se perpetua mesmo após a cura da infecção. A positividade do
     HLA-B27 é um marcador de risco para artrite e também para o envolvimento do esqueleto axial e de maior
     agressividade da doença3,5,8.



Consultores: Beatriz Antunes de Mattos, José Miguel Dora, Luiz Roberto de Fraga Brusch, Bárbara Corrêa Krug e
Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                              127
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


               	 rtrite reativa é uma entidade nosológica cujo conceito ainda está em evolução, não havendo critérios
               A
      diagnósticos ou de classificação definitivos e validados. Um consenso de especialistas2, reunidos em Berlim em
      1999, sugeriu que a identificação de alguns fatores pode ser de utilidade diagnóstica:
               •	 patógenos causadores – clássicos: Chlamydia trachomatis, Yersinia sp., Salmonella sp., Shigella sp.
                   e Campilobacter sp.; e prováveis: Clostridium difficile e Chlamydia pneumoniae;
               •	 intervalo entre a infecção sintomática e o início da artrite – de alguns dias a 8 semanas;
               •	 padrão da artrite típico – monoartrite ou oligoartrite assimétrica, predominantemente nos membros
                   inferiores;
               •	 diferença entre as formas reativa aguda e crônica – artrite reativa de mais de 6 meses de duração é
                   diagnosticada como crônica.
               	 uma doença pouco frequente e, entre as espondiloartropatias, constitui a minoria dos casos2. Sua
               É
      incidência é provavelmente subestimada, já que casos leves podem não ser diagnosticados. A artrite reativa é
      uma condição que ocorre globalmente, afetando predominantemente adultos jovens entre 20 e 40 anos. Acomete
      mais homens do que mulheres, numa taxa de 3:1 quando a infecção inicial é geniturinária5,8. Já a artrite reativa
      pós-entérica atinge igualmente ambos os sexos8.
               	 m populações de países escandinavos, os dados de prevalência da artrite reativa são de 30-40 por
               E
      100.000 pessoas, e os de incidência, de 5-28 por 100.000 pessoas/ano. Estima-se que em torno de 1% das
      uretrites não gonocócicas e em 3% das enterites bacterianas ocorra desenvolvimento posterior de artrite reativa.
      Em surtos de diarreias bacterianas, a incidência de artrite é de 0% - 4%.
               	 o Brasil, em uma série hospitalar, verificou-se aumento da prevalência de artrite reativa na população
               N
      de pacientes infectados com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) a partir de 19859. Neles, o quadro clínico
      é mais agressivo e mais resistente aos tratamentos usuais5,9. O prognóstico, na maioria dos casos, é bom, com
      grande parte recuperando-se gradualmente em poucos meses. Entretanto, 66% dos pacientes permanecem
      com desconforto articular, dor lombar baixa e sintomas de entesopatia após a crise inicial, e cerca de 15% - 30%
      desenvolvem doença inflamatória articular crônica6-8,11.

      3		 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à
      		 saúde (CID-10)
           •	 M02.3 Doença de Reiter

      4		Diagnóstico

              	 .1 Clínico
              4
                 	 síndrome clínica caracterizada por artrite, uretrite, conjuntivite e lesões mucocutâneas, comumente
                 A
      conhecida por artrite reativa ou doença de Reiter, é uma doença multissistêmica desencadeada por uma resposta
      imune do hospedeiro após exposição a um antígeno5. A tríade clássica – artrite, uretrite e conjuntivite – ocorre
      apenas em um terço dos casos, e o quadro clínico acompanhado de sinais mucocutâneos é pouco frequente.
                 	 s pacientes são geralmente adultos jovens (entre 20 e 40 anos), com história de infecção nas últimas
                 O
      4 semanas5. A doença pode se manifestar de forma localizada e leve ou de forma grave e multissistêmica,
      acompanhada de febre, mal-estar e perda de peso. O envolvimento articular varia desde monoartrite transitória até
      poliartrite com acometimento axial. A manifestação clínica mais comum (95%) é a presença de oligoartrite aguda
      e assimétrica dos membros inferiores, principalmente joelhos, calcanhares e articulações metatarsofalangianas.
      Sinovites, tendinites e entesites das pequenas articulações apresentam-se com os sintomas dolorosos e os
      dedos característicos da doença (“dedos em salsicha”). No entanto, 50% dos pacientes podem apresentar
      acometimento dos membros superiores8. Dores nas costas e nas nádegas ocorrem devido ao acometimento das
      articulações sacroilíacas. Também pode haver apresentação reativa à infecção com entesite ou bursite isoladas,
      sem presença de artrite.
                 	 m 30% dos casos, pode haver conjuntivite, que geralmente precede a artrite em poucos dias e tende a ser leve
                 E
      e bilateral. Queixas de olhos vermelhos e secreção ou de crostas nas pálpebras ocorrem em alguns casos. A secreção é
      estéril, e o quadro regride em até 4 semanas. Complicações como episclerite, ceratite, uveíte (irite) e úlcera de córnea são
      muito raras, mas exigem identificação e tratamento especializado urgente, pois podem evoluir para cegueira5,8.
                 	 artrite reativa que ocorre após doença sexualmente transmitida está associada a uretrite ou cervicite, que podem
                 A
      ser assintomáticas, mas normalmente se manifestam com disúria ou secreção uretral/vaginal5. O envolvimento entérico pode
      ser leve e passar despercebido5.
128
Artrite Reativa - Doença de Reiter


        	 .2 Diagnóstico laboratorial/radiológico
        4
         	 m paciente com mono-oligoartrite, a importância da avaliação laboratorial reside na análise
         E
do líquido sinovial para diagnóstico diferencial com artrite séptica, artrite por cristais e artrite traumática.
Na artrite reativa, o líquido sinovial apresenta predomínio de polimorfonucleares na fase aguda e de
linfócitos na fase crônica. As imagens radiológicas são inespecíficas, servindo apenas para afastar
outros diagnósticos.
         	 testagem do HLA-B27 isoladamente tem pouco valor diagnóstico, não estando indicada na
         A
rotina de atendimento dos pacientes. Os demais exames laboratoriais são de pouca utilidade para
o diagnóstico, pois são inespecíficos e pouco sensíveis. Marcadores inflamatórios, velocidade de
sedimentação globular (VSG) e proteína C reativa (PCR) geralmente se encontram aumentados e
podem ser utilizados como marcadores laboratoriais de atividade da doença. A investigação etiológica
pode ter algum interesse epidemiológico; entretanto, coproculturas geralmente são negativas na fase
de artrite8.

5		 Critérios de Inclusão
       	 erão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem quadro clínico
       S
de monoartrite ou oligoartrite assimétrica predominantemente nos membros inferiores, com história
comprovada ou sugestiva de infecção geniturinária ou gastrointestinal nas 4 semanas anteriores ao
aparecimento dos sinais articulares.

6		 Critérios de Exclusão
       	 erão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes com intolerância ou
        S
hipersensibilidade à sulfassalazina.

7		Tratamento
         	 uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) é o tratamento inicial dos pacientes com
         O
artrite reativa4,12. Glicocorticoide intra-articular e sulfassalazina são empregados quando os AINEs
não controlam os sintomas satisfatoriamente. Exercícios físicos e fisioterapia podem fazer parte do
tratamento. Antibióticos podem ser úteis para as uretrites em atividade. Os AINEs são a primeira linha
de tratamento para a fase aguda de dor e inflamação da artrite. São usados nas suas doses máximas
e de forma contínua por pelo menos 2 semanas, sendo geralmente bastante eficazes no controle dos
sintomas5,8,10. Apesar da melhora dos sintomas, não existem evidências de que os AINEs alterem o




                                                                                                                     Artrite Reativa - Doença de Reiter
curso da doença2,10. As medidas de mobilidade da coluna e os reagentes de fase aguda (VSG e PCR)
não mostram modificação significativa com o uso de AINEs10.
         	 uso de glicocorticoide intra-articular pode ajudar de forma segura e eficaz o tratamento de
         O
uma lesão única e com sintomas incapacitantes. As injeções locais de glicocorticoide também são
efetivas no controle dos sintomas nas entesites. Raramente glicocorticoide sistêmico é indicado, sendo
empregado apenas nos raros casos de doença grave, prolongada ou sistêmica em que ocorre resistência
aos AINEs2,5,8,12. Nesses casos, o glicocorticoide pode ser administrado por 1 a 12 semanas5,8.
         	 uso de antibióticos por curto ou longo período no tratamento da artrite reativa é foco de
         O
muitos estudos. Entretanto, depois que a artrite se manifesta, os antibióticos não parecem modificar
o curso da doença1,5,8,13. Antibióticos para as infecções gastrointestinais ativas seguem os padrões da
prática das doenças infecciosas nos locais em que acontecem. Em geral, não são indicados para as
infecções entéricas não complicadas2,5. Para as infecções geniturinárias por Chlamydia, o tratamento
adequado deve ser prontamente instituído para o paciente e para seu parceiro sexual, o que,
teoricamente, diminuiria o desenvolvimento da artrite reativa; entretanto, por razões éticas, estudos
placebo-controlados nunca foram realizados1,2,5.
         	 s chamadas drogas antirreumáticas modificadoras de doenças (DMARD, sigla em inglês)
         A
estão indicadas quando não há controle satisfatório dos sintomas com AINEs e glicocorticoides tópicos,
ou se a doença se torna crônica, recorrente ou mais erosiva e agressiva2,5,12.
         	 s DMARDs foram desenvolvidas primariamente para o tratamento da artrite reumatoide, e seu
         A
emprego foi posteriormente extrapolado para as espondiloartropatias soronegativas. Entre as DMARDs,


                                                                                                                   129
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      sulfassalazina é a mais avaliada para a condição, sendo bem tolerada, segura e eficaz para a doença articular
      periférica nas doses de até 2.000 mg/dia1,5,14. Além da ação antibacteriana, sulfassalazina diminui os níveis de
      imunoglobulina (Ig) sérica, principalmente a IgA, e reduz o VSG. Ensaio clínico randomizado multicêntrico (19
      centros), que incluiu 134 pacientes com artrite reativa que haviam apresentado falha no tratamento inicial com
      AINEs, tratados por 9 meses (com placebo ou sulfassalazina na dose de 2.000 mg/dia), mostrou superioridade
      do medicamento no tempo para resolução e no controle satisfatório dos sintomas ao final do tratamento (62,3%
      versus 47,7% para sulfassalazina e placebo, respectivamente; p = 0,02)15. Outros estudos menores confirmaram
      os resultados da diminuição do tempo de duração, da gravidade da rigidez matinal, da melhora do bem-estar
      geral e dos exames laboratoriais com o uso de sulfassalazina10,14. Na dose de 2.000 mg/dia, o efeito adverso
      documentado foi desconforto gastrointestinal leve12,15,16.

              	 .1 Fármacos
              7
              •	 AINE - ibuprofeno: comprimidos de 600 mg
              • 	 Glicocorticoide intra-articular - fosfato dissódico de dexametasona: solução injetável 4 mg/ml
              • 	 DMARD - sulfassalazina: comprimidos de 500 mg

              	 .2 Esquema de administração
              7
              •	 Ibuprofeno 600 mg: 1 comprimido, por via oral, 3 a 4 vezes ao dia
              • 	 Sulfassalazina 500 mg: 1 a 2 comprimidos por via oral, 2 vezes ao dia, por 3 a 6 meses ou até a
                  remissão da doença articular inflamatória
              • 	 Fosfato dissódico de dexametasona: 0,1 a 1 ampola intra-articular, a cada 4 semanas

              	 .3 Tempo de tratamento – CRITÉRIO DE INTERRUPÇÃO
              7
              	 tratamento deve ser mantido ou interrompido com base na avaliação do médico e dos sintomas e
              O
      sinais do paciente.

              	 .4 Benefícios esperados
              7
             	 spera-se melhora dos sintomas de dor, dos sinais de inflamação articular e da qualidade de vida.
              E
      O reconhecimento e o tratamento precoces da artrite reativa podem reduzir a morbidade e a progressiva
      incapacidade nos pacientes acometidos – uma população jovem e produtiva4.

      8		 Monitorização
               	 o seguimento dos pacientes, é importante acompanhar a evolução da doença através da avaliação
               N
      clínica, que inclui sinais de edema articular, presença e tempo de duração da rigidez matinal, dor noturna, número
      de articulações acometidas, mobilidade da coluna e limitação funcional. A presença de entesites, dactilites,
      conjuntivites, uretrites e o estado geral do paciente devem ser também avaliados.
               	 xames laboratoriais, como hemograma, exame sumário de urina (urina tipo 1) e VSG, devem ser
               E
      apresentados nas consultas de acompanhamento. Nos casos de artrite reativa aguda, as consultas devem
      inicialmente ter menos de 1 mês de intervalo, sendo progressivamente espaçadas ao longo do tratamento. Nos
      casos de artrite reativa crônica, as consultas devem ter intervalo de 3-6 meses. Em pacientes em uso de AINEs,
      devem ser avaliados níveis pressóricos, sinais de perda da função renal (edema e ganho de peso) e sintomas
      dispépticos. Se houver suspeita de perda de função renal, dosagens de creatinina e ureia séricas devem ser
      solicitadas.
               	 acientes em uso de glicocorticoide intra-articular devem ser avaliados para complicações locais e
               P
      sistêmicas. As primeiras são infrequentes, podendo decorrer da injeção do glicocorticoide em tendões, com
      possibilidade de levar a ruptura, e em nervos, podendo levar a necrose. É importante que em todas as consultas
      sejam avaliados sinais clínicos de excesso de glicocorticoide, como fragilidade capilar, presença de giba, estrias
      violáceas, fácies de lua cheia, fraqueza muscular proximal e hipertensão. O excesso de glicocorticoides pode
      acarretar osteoporose, miopatia, hipertensão arterial, diabetes melito e catarata. Pacientes que durante o
      tratamento com sulfassalazina apresentarem leucopenia (< 3.000 leucócitos/mm3), contagem de polimorfonucleares
      < 1.500/mm3, plaquetas < 100.000/mm3, diminuição aguda ou progressiva da hemoglobina ou do hematócrito, ou
      desenvolverem proteinúria, devem suspender o tratamento com este fármaco14.


130
Artrite Reativa - Doença de Reiter


9		Acompanhamento pós-tratamento
        	 s pacientes com remissão da doença, sem sequelas, não necessitam de acompanhamento
        O
regular específico. Os pacientes com complicações decorrentes da doença ou do tratamento devem ter
o acompanhamento mantido, orientado para o problema apresentado, conforme a avaliação da equipe
médica assistente.

10	Regulação/controle/avaliação pelo gestor
       	 evem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a
       D
duração e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e
dispensadas, a adequação de uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento.

11	Termo de Esclarecimento e Responsabilidade – TER
        	 obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos,
        É
benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo.
O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência
Farmacêutica.

12	Referências Bibliográficas
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                                                                                                                            Artrite Reativa - Doença de Reiter
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                                                                                                                          131
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
      Sulfassalazina


              Eu, ______________________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro
      ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos
      relacionados ao uso de sulfassalazina, indicada para o tratamento de artrite reativa - doença de Reiter.
              Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
      _______________________________________________(nome                      do      médico       que    prescreve).
              Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer
      as seguintes melhoras:
              •	 melhora dos sintomas de dor e dos sinais de inflamação articular;
              •	 melhora da qualidade de vida.
              Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos
      adversos e riscos do uso deste medicamento:
              •	 estudos com sulfassalazina no primeiro trimestre da gravidez em animais não mostraram anormalidades
                 nos descendentes; porém não há estudos em humanos; o risco para o bebê é muito improvável;
                 estudos no terceiro trimestre da gravidez mostraram evidências de riscos ao feto, mas um benefício
                 potencial pode ser maior do que os riscos;
              •	 efeitos adversos mais relatados – dor de cabeça, sensibilidade aumentada aos raios solares, alergias
                 de pele graves, dores abdominais, náuseas, vômitos, perda de apetite, diarreia, hepatite, dificuldade
                 para engolir, diminuição do número dos glóbulos brancos no sangue, parada na produção de sangue
                 pela medula óssea (anemia aplásica), anemia por destruição aumentada dos glóbulos vermelhos do
                 sangue (anemia hemolítica), diminuição do número de plaquetas no sangue, falta de ar associada a
                 tosse e febre (pneumonite intersticial), dores articulares, cansaço e reações alérgicas;
              •	 contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) ao medicamento;
              •	 o risco da ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem.
              Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a
      devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei
      a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
              Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao
      meu tratamento, desde que assegurado o anonimato.

      Local:                                    Data:
      Nome do paciente:
      Cartão Nacional de Saúde:
      Nome do responsável legal:
      Documento de identificação do responsável legal:

                                           _____________________________________
                                           Assinatura do paciente ou do responsável legal
      Médico responsável:                                                         CRM:                  UF:

                                                 ___________________________
                                                  Assinatura e carimbo do médico
                                                   Data:____________________
      Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
      Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada
      na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.




132
Artrite Reativa - Doença de Reiter




                                       Artrite Reativa - Doença de Reiter




                                     133
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Fluxograma de Tratamento
      Artrite Reativa - Doença de Reiter
                                                   Fluxograma de Tratamento
                                                       Doença de Reiter
                                                        Sulfassalazina


                                                                          Diagnóstico: clínico
                      Paciente com diagnóstico de
                           doença de Reiter
                                                                      Critérios de inclusão para sulfassalazina:
                                                                      ✓ monoartrite ou oligoartrite assimétrica
                                                                         predominantemente nos membros inferiores,
                                                                         com história comprovada ou sugestiva de
                             Possui critérios de                         infecção geniturinária ou gastrointestinal nas
                                                                         4 semanas anteriores ao aparecimento dos
                               inclusão para                             sinais articulares
                                tratamento?                           ✓ pacientes refratários ou intolerantes a dois
              Não                                                        meses de tratamento com AINE nas suas
                                                           Sim           doses maximas e corticosteroides tópicos ou
                                                                         portadores de doença crônica, recorrente ou
                                                                         mais erosiva e agressiva
          Exclusão
          do PCDT
                                                                                               Critérios de exclusão:
                                               Possui algum critério de                        ✓ intolerância ou
                                                     exclusão?                                    hipersensibilidade a
                                                                                                  sulfassalazina
                                   Sim                                             Não


                               Exclusão
                               do PCDT
                                                                          Tratamento com
         Avaliação clínica:                                                sulfassalazina
         ✓ sinais de edema articular
         ✓ presença e tempo de
           duração de rigidez matinal
         ✓ dor noturna
         ✓ número de articulações
           acometidas
         ✓ mobilidade da coluna
         ✓ limitação funcional                                              Houve melhora
         ✓ presença de entesites,                     Sim                                                           Não
                                                                             sintomática?
           dactilites, conjuntivites e
           uretrites
         ✓ estado geral

                                                                                                      Revisar a adesão ao
                                            Manter o esquema de                                         tratamento e, se
                                          tratamento e reavaliar o                                  necessário, ajustar a dose
                                           paciente regularmente.                                      de sulfassalazina.




                                                                       Houve resposta
                                                     Sim                                                           Não
                                                                        terapêutica?
          Suspender a sulfassalazina se
          durante o tratamento o paciente
          desenvolver:
          ✓ leucopenia (< 3.000/mm3)
          ✓ polimorfonucleares (< 1.500/mm3)
          ✓ plaquetopenia (< 100.000/mm3)
          ✓ queda de hemoglobina/hematócrito
          ✓ proteinúria



134
Artrite Reativa - Doença de Reiter



Fluxograma de Dispensação de Sulfassalazina
Artrite Reativa Fluxograma deReiter
                - Doença de Dispensação de SulfassalazinaDoença de Reiter



                         Paciente solicita o
                          medicamento.

                                                                                        CID-10: M02.3
                                                                                        Dose:
                                                                                        sulfassalazina: 1-2 g/dia
                    Possui LME corretamente
                      preenchido e demais
                     documentos exigidos?
       Não                                                   Sim



    Orientar o                                      CID-10 e dose estão de
    paciente.                 Não                  acordo com o preconizado                  Sim
                                                         pelo PCDT?


                      Encaminhar o                                                  Realizar entrevista
                    paciente ao médico                                          farmacoterapêutica inicial
                        assistente.                                                com o farmacêutico.



                                                                                          Processo
                                                                         Não                                        Sim
                                                                                          deferido?

                                                                 Não dispensar e
   Exames necessários para monitorização:                                                                       Orientar o
                                                                   justificar ao
   Crianças:                                                                                                    paciente.
   ✓ hemograma, plaquetas, VSG e EQU.                               paciente.




                                                                                                                               Artrite Reativa - Doença de Reiter
       Periodicidade: para doença crônica a cada
       mês ou a cada 3-6 meses. Para doença
       aguda com intervalos menores de 1 mês
   ✓ creatinina e ureia: se suspeita de perda da
      função renal                                                         Dispensação a cada mês de
                                                                                   tratamento
                                                                                   Entrevista
                                                                             farmacoterapêutica de
                                                                                 monitorização



                                                     Paciente apresentou alteração
                                                      nos exames não compatível
                                 Sim                                                                 Não
                                                     com o curso do tratamento ou
                                                    eventos adversos significativos?

                     Dispensar* e solicitar                                                      Dispensar.
                      parecer do médico
                          assistente.


                           *Observação: se leucopenia (<3.000 leucócitos/mm3), contagem de polimorfonucleares
                               <1.500/mm3, plaquetas < 100.000/mm3, diminuição aguda ou progressiva da
                               hemoglobina ou do hematócrito ou desenvolverem proteinúria: não dispensar

                                                                                                                             135
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Ficha Farmacoterapêutica
      Artrite Reativa - Doença de Reiter


      1 DADOS DO PACIENTE
      Nome: ___________________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________
      Endereço: ________________________________________________________________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________
      Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________

      2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA

      2.1	 Qual o intervalo de tempo entre o primeiro sintoma e o diagnóstico definitivo? ________________________
      _________________________________________________________________________________________
      2.2 	 Possui outras doenças diagnosticadas?
      	 o não
      	 o sim g Quais? _______________________________________________________________________
      _________________________________________________________________________________________

      2.3 Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais?
          Nome comercial        Nome genérico        Dose total/dia e via                Data de início    Prescrito
                                                                                                          o não o sim
                                                                                                          o não o sim
                                                                                                          o não o sim
                                                                                                          o não o sim

      2.4	 	Já apresentou reações alérgicas a medicamentos?
      	 o não
      	 o sim g Quais? A que medicamentos? _____________________________________________________




136
Artrite Reativa - Doença de Reiter


3 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO
 Exames Laboratoriais
                           Inicial    1o mês     2o mês      3o mês       4o mês   5o mês    6o mês
Data prevista*
Data
Plaquetas
Hemoglobina
Leucócitos
Neutrófilos
VSG
Creatinina**
Ureia**
EQU
Proteínas
 * 	 Os exames podem ser espaçados para 3-6 meses se a doença for crônica.
 ** 	 Exames a serem solicitados se a resposta à pergunta 3.1 for sim.

3.1	   Para AINEs: aumento dos níveis pressóricos, sinais de perda de função renal (edema e ganho de
	      peso) ou sintomas dispépticos?
	      não g Dispensar
	      sim g Se houver suspeita de perda de função renal, dosagens de creatinina e ureia séricas devem
	      ser solicitadas.

3.2 	 Para sulfassalazina: houve exames com alterações significativas, fora da normalidade? 		
	     (leucócitos < 3.000/mm3, polimorfonucleares < 1.500/mm3, plaquetas < 100.000/mm3, diminuição 	
	     aguda ou progressiva de hemoglobina, hematócrito ou proteinúria)
	 não g Dispensar
      	 g Não dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (o medicamento deve ser
      sim
      suspenso)

3.3 	 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos




                                                                                                           Artrite Reativa - Doença de Reiter
	     Adversos)
	 não g Dispensar
	 sim g Passar para a pergunta 3.4

3.4 	 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
	 não g Dispensar
	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente




                                                                                                         137
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                                   Tabela de Registro de Eventos Adversos

          Data da
                                         Evento adverso                            *Intensidade       q Conduta
         entrevista




      Principais reações adversas já relatadas:
      Glicocorticoide intra-articular: complicações no local da aplicação (ruptura dos tendões e nervos, podendo
      levar a necrose), fragilidade capilar, presença de giba, estrias violáceas, fácies de lua cheia, fraqueza muscular
      proximal, hipertensão, osteoporose, miopatia, poliúria, sede excessiva, problemas de visão
      Sulfassalazina: cefaleia, fotossensibilidade, alergias de pele graves, dores abdominais, náuseas, vômitos, perda
      de apetite, diarreia, dificuldade para engolir, falta de ar associada a tosse e febre, dores articulares, cansaço e
      reações alérgicas
      * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
      q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição,
      ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever)




138
Artrite Reativa - Doença de Reiter


                        TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO

                           1o mês      2o mês       3o mês      4o mês   5o mês    6o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                           7o mês      8o mês       9o mês     10o mês   11o mês   12o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                                                                                               Artrite Reativa - Doença de Reiter




                                                                                             139
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Guia de Orientação ao Paciente
      Sulfassalazina


               Este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.
               Seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.
                  O medicamento é utilizado no tratamento de artrite reativa - doença de reiter.

      1	Doença
      	 •	      A artrite reativa, também chamada de doença de Reiter, afeta as articulações (juntas) e a coluna e
      		        geralmente acontece durante ou logo após alguma infecção geniturinária ou gastrointestinal.
        •	      A doença também pode causar sintomas como febre, mal-estar, perda de peso, dor e inchaço nos dedos
                (“dedos em salsicha”).

      2	 Medicamento
      	   •	    Este medicamento melhora os sintomas da dor, a inflamação e a qualidade de vida.

      3	Guarda do medicamento
      	 •	      Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura
      		        (cozinha e banheiro).
        •	      Conserve os comprimidos na embalagem original, bem fechada.

      4	 administração do medicamento
      	   •	    Tome as cápsulas (sem mastigar ou abrir) após as refeições, com um copo de água.
          •	    Tome exatamente a dose que o médico indicou, estabelecendo um mesmo horário todos os dias.
          •	    Em caso de esquecimento de uma dose, tome-a assim que lembrar. Não tome a dose em dobro para
                compensar a que foi esquecida.

      5	Reações desagradáveis
      	 •	      Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações
      		        desagradáveis, tais como dor de cabeça, sensibilidade aumentada aos raios solares, alergias de pele, dores
      		        abdominais, náuseas, vômitos, perda de apetite, diarreia, dificuldade para engolir, falta de ar associada a
      		        tosse e febre, cansaço e reações alérgicas.
        •	      Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, entre em contato com o médico ou farmacêutico.
        •	      Mais informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade,
                documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.

      6	Uso de outros medicamentos
      	 •	      Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional
      		        de saúde.

      7	Para seguir recebendo o medicamento
      	 •	 Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos:
              Receita médica atual
                −
              Cartão Nacional de Saúde ou RG
                −
            − Exames: hemograma, plaquetas, VSG, EQU a cada mês ou conforme orientação médica. Podem
          		 necessárias dosagens de creatinina e ureia, conforme orientação médica ou farmacêutica.
            ser




140
Artrite Reativa - Doença de Reiter


8	 Em caso de dúvida
	 •	   Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar
		     qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.

9	Outras informações
_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________



                     se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                              devolva-o à farmácia do sus.




                                                                                               Artrite Reativa - Doença de Reiter




                                                                                             141
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas




142
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

          Deficiência de Hormônio
          do Crescimento - Hipopituitarismo
          Portaria SAS/MS no 110, de 10 de março de 2010. (Republicada em 12.05.10)


    1	 	METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA	
             	 ara análise do tratamento de hipopituitarismo em crianças na fase de crescimento e em adultos com
             P
    deficiência do hormônio do crescimento, foram realizadas buscas nas bases Medline/Pubmed, Embase e
    Cochrane, descritas abaixo.
             	Na base de dados Medline/Pubmed (acesso em 15 de agosto de 2009), foram utilizadas as
    expressões “growth hormone deficiency”; “growth hormone deficiency in children”; “growth hormone deficiency
    in adults”; “growth hormone deficiency in children” and “diagnosis”; “growth hormone deficiency in adults” and
    “diagnosis”; “growth hormone deficiency in children” and “treatment”; “growth hormone deficiency in adults”
    and “treatment”.
             	Na base de dados Embase (acesso em 15 de agosto de 2009), foram utilizadas as expressões
    “growth hormone deficiency”/exp AND “drug therapy”/exp.
             	Na base de dados Cochrane (acesso em 15 de agosto de 2009), utilizou-se a expressão “growth
    hormone deficiency”. Dos artigos identificados, foram selecionados os mais relevantes para elaboração deste
    protocolo.

    2	 INTRODUÇÃO
            O hormônio do crescimento (GH), polipeptídio produzido e secretado por células especializadas
    localizadas na hipófise anterior, tem por principal função a promoção do crescimento e do desenvolvimento
    corporal. Além disto, participa da regulação do metabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos1. Não existem
    estudos brasileiros sobre a incidência da deficiência de GH; em estudo americano, a incidência foi de 1 em
    cada 3.480 nascidos vivos2. A deficiência de GH pode ser congênita ou adquirida. As causas congênitas
    são menos comuns e podem ou não estar associadas a defeitos anatômicos. As causas adquiridas incluem
    tumores e doenças infiltrativas da região hipotálamo-hipofisária, tratamento cirúrgico de lesões hipofisárias,
    trauma, infecções e infarto hipofisário ou radioterapia craniana3,4. A deficiência de GH ocorre de maneira
    isolada ou em associação a outras deficiências de hormônios hipofisários.

    3	 CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE DOENÇAS E PROBLEMAS RELACIONADOS
        	 À SAÚDE (CID-10)
             •	 E23.0 Hipopituitarismo

    4	 DIAGNÓSTICO

            4.1 DIAGNÓSTICO CLÍNICO
            Crianças e Adolescentes
            Os principais achados clínicos em crianças e adolescentes com deficiência de GH são baixa estatura
    e redução da velocidade de crescimento. É importante salientar que outras causas de baixa estatura, como
    displasias esqueléticas, síndrome de Turner em meninas e doenças crônicas, devem ser excluídas3.




Consultores: Cristiane Kopacek, Regina Helena Elnecave, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.


                                                                                                                      143
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


              A investigação para deficiência de GH está indicada nas seguintes situações:
              •	 baixa estatura grave, definida como estatura (comprimento/altura) inferior -3 desvios-padrão (z-score = -3) da
                  curva da Organização Mundial de Saúde (OMS 2007)5, disponível no sítio eletrônico http://www.who.int/growthref/;
              •	 baixa estatura, definida como estatura entre -3 e -2 desvios-padrão (z-score = -2 a -3) da estatura
                  prevista para idade e sexo (OMS 2007), associada à redução da velocidade de crescimento, definida
                  como velocidade de crescimento inferior ao percentil 25 da curva de velocidade de crescimento 6,7
                  (disponível no sítio eletrônico http:// www.who.int/growthrej/);
              •	 estatura acima de -2 desvios-padrão para idade e sexo, associada a baixa velocidade de crescimento
                  (abaixo -1 desvio-padrão da curva de crescimento em 12 meses)3;
              •	 presença de condição predisponente, como lesão intracraniana e irradiação do sistema nervoso
                  central;
              •	 deficiência de outros hormônios hipofisários;
              •	 sinais e sintomas de deficiência de GH/hipopituitarismo no período neonatal (hipoglicemia, icterícia
                  prolongada, micropênis, defeitos de linha média).

             Adultos
             A deficiência de GH do adulto pode ser isolada ou associada a outras deficiências hormonais e decorrer
      de duas situações8:
             •	 persistência da deficiência de GH iniciada na infância;
             •	 presença de lesão na região hipotálamo-hipofisária (tumor, irradiação do sistema nervoso central,
                 trauma, doença inflamatória ou infecciosa) surgida na vida adulta.

              4.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
               Crianças e adolescentes
               Na avaliação de baixa estatura, a dosagem de IGF-1 é importante. Valores de IGF-1 acima da média
      para idade e sexo são forte evidência contra o diagnóstico de deficiência de GH. Este deve ser confirmado
      pela realização de testes provocativos da secreção de GH e de dosagem de IGF-1. Os testes provocativos
      envolvem estímulos como a administração de insulina, clonidina, levodopa e glucagon, conforme protocolos
      específicos9,10. O teste com hipoglicemia insulínica não deve ser realizado em crianças com menos de 20 kg,
      com história de convulsões ou cardiopatias. Para técnicas como quimioluminescência e imunofluorometria, que
      utilizam anticorpos monoclonais, o ponto de corte utilizado é uma concentração de GH < 5 ng/ml10-13.
               Nos casos de suspeita de deficiência isolada de GH, são necessários dois testes provocativos para que
      se estabeleça o diagnóstico. Em pacientes que apresentam lesão anatômica ou defeitos da região hipotálamo-
      hipofisária, história de tratamento com radioterapia e/ou deficiência associada a outros hormônios hipofisários,
      apenas um teste provocativo é necessário para o diagnóstico. Em pacientes com deficiência de outros hormônios
      hipofisários, estes devem estar adequadamente repostos antes da realização do teste.
               Nos casos de suspeita de deficiência de GH no período pré-puberal, deverá ser realizado priming com
      hormônios sexuais previamente à realização do teste provocativo de secreção de GH:
               •	 meninas com idade a partir de 8 anos e estágio puberal abaixo de M3 e PH3 de Tanner deverão
                  receber 3 doses de 1,25 mg/m2 de estrógenos conjugados, por via oral, administradas 72, 48 e 24
                  horas antes da realização do teste14,15;
               •	 meninos com idade a partir de 9 anos e estágio puberal abaixo de PH3 de Tanner deverão receber 2
                  doses de 50 mg de cipionato de testosterona, por via intramuscular, administradas 16 dias e 48 horas
                  antes da realização do teste15.

              Adultos
              Para comprovar a deficiência de GH iniciada na vida adulta, considera-se deficiência grave quando a
      concentração de GH for < 3 ng/ml no teste de estímulo (insulina, GHRH-arginina ou glucagon)8. O paciente deve
      apresentar evidência de lesão hipotálamo-hipofisária e sintomas de deficiência, como dislipidemia e osteoporose.
              Para que os testes de estímulo sejam valorizados, é imprescindível que os pacientes com outras
      deficiências hipotálamo-hipofisárias estejam fazendo adequada reposição hormonal.



144
Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo


        4.3 DIAGNÓSTICO POR EXAMES DE IMAGEM
         Crianças e adolescentes
         Em crianças e adolescentes com mais de 2 anos de idade, com baixa estatura e redução
da velocidade de crescimento, a avaliação da idade óssea é um método auxiliar importante11. Na
deficiência de GH, em geral a idade óssea apresenta um atraso de + de 2 desvios-padrão. Na suspeita
clínica, com confirmação laboratorial de deficiência de GH, deverá ser realizada avaliação por imagem
(tomografia computadorizada ou, preferencialmente, ressonância magnética) da região hipotálamo-
hipofisária, buscando alterações anatômicas auxiliares no diagnóstico (transecção de haste hipofisária,
neuro-hipófise ectópica, hipoplasia de hipófise, lesões expansivas selares ou displasia septonasal).

         Adultos
         No caso de deficiência de GH iniciada na vida adulta, também deverá ser realizada avaliação
por imagem (tomografia computadorizada ou, preferencialmente, ressonância magnética) da região
hipotálamo-hipofisária. A avaliação da densidade mineral óssea através de densitometria permite
identificar a presença de osteoporose, sendo esta situação tratada em Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas específico.

5	 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
	 	 Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem
diagnóstico de deficiência de GH, conforme itens 4.1 e 4.2. As seguintes informações são necessárias
para confirmação diagnóstica:




                                                                                                            Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo
		     Crianças e adolescentes
     	 •	 idade, peso e altura atuais;
     	 •	 peso e comprimento ao nascer, idade gestacional*;
     	 •	 velocidade de crescimento no último ano ou curva de crescimento (preferencial) em crianças
     		 com mais de 2 anos;
     	 •	 estadiamento puberal;
     	 •	 altura dos pais biológicos*;	
     	 •	 raio X de mãos e punhos para a idade óssea;
     	 •	 IGF-1, glicemia, TSH e T4 total ou livre (e demais exames do eixo hipofisário no caso de
     		 pan-hipopituitarismo) e as reposições hormonais realizadas;
     	 •	 exame de imagem (RM de hipófise, preferencialmente);
     	 •	 2 testes para GH com data e estímulos diferentes (informar se realizado priming com
     		 estradiol ou testosterona. Em casos com alterações anatômicas, pode-se aceitar 1 teste);
     	 •	 1 ou mais testes em lactentes com sinais e sintomas de deficiência de GH/hipopituitarismo
     		 (hipoglicemia, icterícia prolongada, micropênis, defeitos de linha média).
     		 (* Na impossibilidade de fornecer tais dados, em casos de crianças adotivas, por exemplo, 	
       	 justificar a não inclusão dos mesmos)
     	
     		 Adultos
     	 •	 idade;
     	 •	 comprovação de deficiência prévia, se existente;
     	 •	 fatores de risco para deficiência iniciada na vida adulta;	
     	 •	 IGF-1, glicemia, TSH e T4 total ou livre (e demais exames do eixo hipofisário, no caso de	
       	 pan-hipopituitarismo);
     	 •	 reposições hormonais realizadas, se pertinente;
     	 •	 exame de imagem (RM de hipófise, preferencialmente);
     	 •	 1 teste de estímulo para GH;
     	 •	 densitometria óssea;
     	 •	 perfil lipídico: colesterol total, HDL-colesterol e triglicerídios séricos.




                                                                                                          145
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      6	 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
              Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem qualquer uma das
      seguintes condições:
              •	 doença neoplásica ativa;
              •	 doença aguda grave;
              •	 hipertensão intracraniana benigna;
              •	 retinopatia diabética proliferativa ou pré-proliferativa;
              •	 intolerância ao uso do medicamento.
              •	 outras causas de baixa estatura para crianças e adolescentes como displasias esqueléticas, síndrome
      de Turner em meninas e doenças crônicas.
              Em caso de doença neoplásica, o tratamento com somatropina somente poderá ser utilizado após
      liberação documentada por oncologista, decorridos 2 anos de tratamento e remissão completa da doença16,17.

      7	 CENTROS DE REFERÊNCIA
              Os pacientes devem ter avaliação diagnóstica periódica e acompanhamento terapêutico por
      endocrinologistas ou pediatras, condição para a dispensação do medicamento.
              Pacientes com hipopituitarismo devem ser avaliados periodicamente em relação à eficácia do tratamento
      e ao desenvolvimento de toxicidade aguda ou crônica. A existência de centro de referência facilita o tratamento,
      o ajuste de doses e o controle de efeitos adversos.

      8	 TRATAMENTO
              O tratamento da deficiência de GH foi realizado inicialmente com a administração de GH obtido a partir
      da hipófise de cadáveres humanos. Esta modalidade foi suspensa em 1985 por estar relacionada à ocorrência
      da doença de Creutzfeldt-Jakob (encefalopatia)18. Na mesma época, tornou-se disponível a somatropina humana
      recombinante, forma biossintética que substituiu o tratamento anterior19.
              A utilização da somatropina humana recombinante para tratamento da deficiência de GH foi avaliada em
      um ensaio clínico randomizado e em estudos de séries de casos. Setenta e sete crianças com baixa estatura
      foram submetidas a testes provocativos de secreção de GH e, após, randomizadas de acordo com a resposta
      dos testes para tratamento com diferentes doses de somatropina ou não tratamento durante 1 ano20. O estudo
      mostrou melhora no desvio-padrão da altura e da velocidade de crescimento nos subgrupos tratados com
      somatropina. No entanto, esse estudo apresenta problemas no delineamento, visto não haver descrição do
      método de randomização e não houve cegamento dos avaliadores do tratamento.
              Os estudos de coorte, embora não apresentem grupo de comparação e tenham sido realizados a partir
      de banco de dados da indústria farmacêutica, representam a principal evidência de benefício do tratamento com
      somatropina em crianças com deficiência de GH. No estudo de Cutfield e cols., houve melhora do desvio-padrão
      (DP) da altura de -3,1 DP pré-tratamento para -1,5 DP pós-tratamento por uma mediana de 8,1 anos21. No estudo
      de August e cols., houve melhora de -2,6 DP para -1,3 DP após tempo médio de tratamento de 4,5 anos22.
              Em análise de custo-efetividade, realizada pelo sistema de saúde inglês a partir do resultado dos estudos
      publicados, o tratamento com somatropina em crianças com deficiência de GH foi considerado custo-efetivo23.

              8.1 FÁRMACO
              As apresentações comerciais da somatropina disponíveis no Sitema Único de Saúde são de 4 e de 12UI
      por frasco-ampola. Na fórmula de conversão, 1 mg equivale a 3 UI. Há apresentações com volumes de diluente
      diferentes para a mesma dose de hormônio, o que deverá ser observado quando da prescrição e orientação ao
      paciente.

              8.2 ESQUEMAS DE ADMINISTRAÇÃO
             Crianças e adolescentes
             Somatropina: 0,025-0,035 mg/kg/dia ou 0,075-0,10 UI/kg/dia, administrados por via subcutânea à noite
      6-7 vezes/semana




146
Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo


       Adultos
       Somatropina: 0,15-0,3 mg/dia ou 0,5-1,0 UI/dia (independentemente do peso corporal), ajustada
com dosagem de IGF-18,24,25

       8.3 TEMPO DE TRATAMENTO – CRITÉRIOS DE INTERRUPÇÃO	
       O tratamento com somatropina deverá ser interrompido nas seguintes situações:
       •	 em crianças cuja velocidade de crescimento for < 2 cm por ano, estando tal achado associado
          à idade óssea de 14-15 anos em meninas e de 16 anos em meninos26;
       •	 não comparecimento a 2 consultas subsequentes num intervalo de 3 meses, sem adequada
          justificativa;
       •	 em caso de intercorrência, como processo infeccioso grave ou traumatismo necessitando de
          internação, o tratamento deverá ser interrompido durante 1-2 meses ou até que o paciente
          se recupere;
       •	 em caso de câncer surgido ou recidivado durante o tratamento, interromper e somente
          reiniciar após 2 anos livre da doença, conforme orientação do oncologista.

       8.4 Benefícios esperados
       •	 Aumento da altura e velocidade de crescimento em crianças e adolescentes
       •	 Aumento da densidade mineral óssea em adultos
       •	 Melhora da dislipidemia em adultos




                                                                                                          Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo
9	 MONITORIZAÇÃO

       9.1 CRIANÇAS E ADOLESCENTES
         A monitorização do tratamento com somatropina em crianças deverá ser realizada em consultas
clínicas a cada 3-6 meses com a aferição das medidas antropométricas. Exames laboratoriais para
avaliação da glicemia de jejum e função tireoidiana e exame radiológico para avaliação da idade
óssea devem ser realizados anualmente. Como forma de verificação do uso adequado do fármaco
e monitorização da dose, deve ser realizada dosagem de IGF-1 anual ou após mudança de dose.
Recomenda-se manter a dose de somatropina para pacientes com valores de IGF-1 dentro da
normalidade e com velocidade de crescimento adequada. Em pacientes com crescimento insatisfatório
e valores baixos de IGF-1, a adesão ao tratamento deve ser conferida, e o diagnóstico, reavaliado. No
caso de serem observados níveis de IGF-1 acima dos limites superiores da normalidade, a dose do
fármaco deve ser reduzida, com nova medida da IGF-1 após 30-60 dias e, assim, sucessivamente até
a normalização.

         9.2 ADULTOS
         No caso do tratamento após o final do crescimento e para o adulto com deficiência, a dosagem
de IGF-1 poderá ser realizada 1 mês após cada mudança de dose até o estabelecimento da dose
adequada. A partir de então, a dosagem poderá ser realizada anualmente. A meta para adequação da
dose é manter os níveis de IGF-1 próximos da média para idade ou entre a média e o limite superior
da normalidade8,24,25. Monitorizam-se as complicações da falta de reposição, como dislipidemia e
osteoporose, além da inadequada distribuição de gordura corporal e da baixa resistência à atividade
física, e as complicações do excesso de reposição, como, por exemplo, alterações glicêmicas,
características acromegálicas e miocardiopatia hipertrófica.

        9.3 SEGURANÇA
        Somatropina é considerado fármaco seguro, com raros efeitos colaterais graves. Deve-
se atentar para o risco de desenvolvimento de intolerância à glicose e hipertensão intracraniana
benigna27. Pacientes com doença neoplásica prévia deverão ser acompanhados por oncologista e por
neurocirurgião. Em uma grande série de casos, não houve aumento da recorrência de neoplasia ou da
incidência de novos casos em pacientes em uso de somatropina17.


                                                                                                        147
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      10	 ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO

              	 0.1 CRIANÇAS E ADOLESCENTES
              1
              	 ncerrada a fase de crescimento, interrompe-se o tratamento e, num intervalo de 30-90 dias, realiza-
              E
      se um novo teste de estímulo da secreção de GH, sendo necessário apenas 1 teste. O teste de estímulo deve
      ser com insulina, GHRH-arginina ou glucagon. No reteste, para comprovar persistência da deficiência de GH
      no período de transição para a vida adulta, considera-se uma dosagem de IGF-1 baixa para idade e sexo e uma
      concentração de GH inferior a 5 ng/ml no teste de estímulo28-30.

              	 0.2 ADULTOS
              1
              	 os casos de deficiência de GH grave, a reposição hormonal é considerada permanente, ajustando-se
              N
      a dose conforme os níveis de IGF-18,24,25.

      11	 REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR
              	 ecomenda-se a criação de Centro de Referência para avaliação e monitorização clínica das respostas
              R
      terapêuticas, decisão de interrupção de tratamento e avaliação de casos complexos e de diagnóstico difícil.
              	 evem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a
              D
      monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas, a adequação
      de uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento.

      12	 TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE – TER
               	 obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e
               É
      efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se
      prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.

      13	 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
      1.	   Thorner MO, Vance ML, Laws ER Jr, Horvalth E, Kovacs K. The anterior pituitary. In: Wilson JD, Foster DW, KronenbergHM,
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148
Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo


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                                                                                                                               Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo
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                                                                                                                             149
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
      Somatropina


              Eu, ______________________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro
      ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos
      relacionados ao uso de somatropina, indicada para o tratamento de deficiência de hormônio do crescimento
      - hipopituitarismo.
              Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
      _______________________________________________(nome                     do      médico       que      prescreve).
              Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer
      as seguintes melhoras:
              •	 aumento da altura e velocidade de crescimento em crianças e adolescentes
              •	 aumento da densidade mineral óssea em adultos;
              •	 melhora da dislipidemia em adultos.
              Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos
      adversos e riscos do uso deste medicamento:
              •	 os riscos na gravidez ainda não são bem conhecidos; portanto, caso engravide, devo avisar
                  imediatamente o médico;
              •	 a segurança para o uso da somatropina durante a amamentação ainda não foi estabelecida;
              •	 efeitos adversos já relatados – reações no local da injeção, como dor, inchaço e inflamação. Algumas
                  reações mais raras incluem dor de cabeça, dor nos músculos, fraqueza, aumento da glicose no
                  sangue, resistência à insulina, dor no quadril e/ou nos joelhos, leucemia e hipotireoidismo;
              •	 contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) conhecida ao fármaco;
              •	 o risco da ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem.
             Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a devolvê-
      lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser
      atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
             Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu
      trata­ ento, desde que assegurado o anonimato.
           m
             
      Local:                                    Data:
      Nome do paciente:
      Cartão Nacional de Saúde:
      Nome do responsável legal:
      Documento de identificação do responsável legal:

                                          _____________________________________
                                          Assinatura do paciente ou do responsável legal
      Médico responsável:                                                     CRM:                   UF:

                                                 ___________________________
                                                  Assinatura e carimbo do médico
                                                   Data:____________________
      Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
      Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada
      na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.




150
Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo




                                                              Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo




                                                            151
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Fluxograma de Tratamento
      Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo


                                                                                                  Diagnóstico: clínico, laboratorial


                                                                                     Critérios de inclusão:
                                                                                     ✓ quadro clínico compatível (conforme item 4.1)
                         Paciente com diagnóstico de                                    Crianças e adolescentes: baixa estatura, redução da velocidade
                                                                                        de crescimento, deficiência de outros hormônios hipofisários,
                          deficiência de hormônio do                                    presença de condição predisponente (como lesão intracraniana
                                  crescimento                                           ou irradiação do sistema nervoso central), sinais ou sintomas de
                                                                                        deficiência de GH no período neonatal (hipoglicemia, icterícia
                                                                                        prolongada, micropênis, defeitos de linha média)
                                                                                       Adultos: persistência de deficiência de GH iniciada na infância ou
                                                                                        surgimento de lesão na região hipotálamo-hipofisária e sintomas
                                                                                        de deficiência, como dislipidemia ou osteoporose
                                Possui critérios de                                  ✓ IGF-1 abaixo da média para idade e sexo
                            inclusão para tratamento                                 ✓ teste(s) de estímulo para GH (insulina, clonidina, levodopa ou
                                                                                        glucagon) compatíveis com deficiência de GH (conforme item 4.2)
                                com somatoprina?
             Não
                                                                          Sim
                                                                                                              Critérios de exclusão:
                                                                                                              ✓ doença neoplásica ativa
                                                                                                              ✓ doença aguda grave
                                                                                                              ✓ hipertensão intracraniana benigna
          Exclusão                  Sim                      Possui algum critério de                         ✓ retinopatia diabética proliferativa ou
                                                                                                   Não
          do PCDT                                                  exclusão?                                      pré-proliferativa
                                                                                                              ✓ outras causas de baixa estatura




                                                                                           Tratamento com
          Exames de monitorização:                                                           somatoprina
          ✓ IGF-1
          Periodicidade: anualmente ou após mudança da dose
          dentro dos valores de referência
          ✓ glicemia de jejum normal
          Periodicidade: anualmente
          ✓ exames de função tireoideana normais
          Periodicidade: anualmente                                                            Encontram-se os exames
                                                                                              de monitorização normais e
                                                                                               o crescimento adequado?
                                                                                     Sim                                                  Não
          Testes de estímulo para GH:
          * Em pacientes que apresentam lesão anatômica ou
            defeitos da região hipotálamo-hipofisária, história
            de tratamento com radioterapia e/ou deficiência
            associada a outros hormônios hipofisários,
            em pacientes adultos com diagnóstico de                        Manter o esquema de                     Revisar a adesão ao
            deficiência de GH na infância, avaliar apenas com
            1 teste provocativo.                                          tratamento. Reavaliar a              tratamento e, se necessário,
            Em pacientes com deficiência de outros
                                                                             cada 3-6 meses ou                       ajustar a dose de
            hormônios hipofisários, estes devem estar
            adequadamente repostos antes da realização do                       interromper.                   somatoprina ou interromper.
            teste.

          * Em pacientes pré-puberes, deverá ser realizado
            priming com hormônios sexuais antes da
            realização do teste:
            ✓ meninas com idade a partir de 8 anos e
                                                                                                 Houve resposta
                estágio puberal abaixo de M3 e PH3 de Tanner                 Sim                                                                         Não
                deverão receber 3 doses de 1,25 mg/m2 de
                estrógenos conjugados, por VO, administradas
                                                                                                  terapêutica?
                72, 48 e 24h antes da realização do teste;
            ✓ meninos com idade a partir de 9 anos e estágio
                puberal abaixo de PH3 de Tanner deverão
                receber 2 doses de 50 mg de cipionato de                           Critérios de interrupção:
                testosterona, por via IM, administradas 16 dias
                e 48h antes da realização do teste.
                                                                                   ✓ em crianças cuja velocidade de crescimento for < 2 cm/ano,
                                                                                   estando tal achado associado à idade óssea de 14-15 anos em
                                                                                   meninas e de 16 anos em meninos
                                                                                   ✓ não comparecimento a 2 consultas subsequentes num
                                                                                   intervalo de 3 meses, sem adequada justificativa
                                                                                   ✓ em caso de intercorrência, como processo infeccioso grave
                                                                                   ou traumatismo necessitando de internação, o tratamento
                                                                                   deverá ser interrompido durante 1-2 meses ou até que o
                                                                                   paciente se recupere
                                                                                   ✓ em caso de câncer surgido ou recidivado durante o
                                                                                   tratamento, interromper o tratamento e somente reiniciar após
                                                                                   2 anos livre da doença, conforme orientação do oncologista
152
Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo



Fluxograma de Dispensação de Somatropina
Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo




                                                                                             CID-10: E23.0
                                                                                             Exames:
                       Paciente solicita o                                                   Crianças e adultos
                        medicamento.                                                         ✓ laudo com informações clinicas*
                                                                                             ✓ IGF-1
                                                                                             ✓ teste de estímulo para GH
                                                                                             ✓ TC ou RNM de hipófise (facultativo)
                                                                                             Só para crianças (facultativo):
                  Possui LME corretamente                                                    ✓ raio X de mãos e punhos
                                                                                             Só para adultos (obrigatórios):
  Não               preenchido e demais                         Sim                          ✓ densitometria óssea
                   documentos exigidos?                                                      ✓ colesterol total, HDL e triglicerídios
                                                                                             Dose:
                                                                                             Crianças: 0,025-0,035 mg/kg/dia
                                                                                             ou 0,075-0,10 UI/kg/dia
                                                                                             Adultos: 0,15-0,3 mg/dia ou 0,5-1,0 UI/dia

Orientar o                                       CID-10, exames e dose
paciente.                    Não                 estão de acordo com o                             Sim
                                                preconizado pelo PCDT?




                                                                                                                                                   Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo
                                                                                        Realizar entrevista
                    Encaminhar o
                                                                                    farmacoterapêutica inicial
                  paciente ao médico
                                                                                       com o farmacêutico.
                      assistente.




                                                                                               Processo
 Exames necessários para monitorização:                                    Não                                             Sim
 Crianças                                                                                      deferido?
 ✓ medidas antropométricas
   Periodicidade: a cada 3-6 meses
 ✓ exame radiológico, glicemia de jejum, TSH, T4                 Não dispensar e
                                                                                                                       Orientar o
   Periodicidade: anualmente                                       justificar ao
 ✓ IGF-1                                                                                                               paciente.
                                                                     paciente.
   Periodicidade: anualmente ou após mudança
    da dose
 Adultos
 ✓ IGF-1
   Periodicidade: após cada mudança da dose                                    Dispensação a cada mês de
    até o estabelecimento da dose adequada.
    Após, anualmente                                                                   tratamento
 ✓ colesterol total, HDL, triglicerídios,                                              Entrevista
    densitometria, glicemia
   Periodicidade: a critério médico
                                                                                 farmacoterapêutica de
                                                                                     monitorização



                                                    Paciente apresentou alteração
                                                     nos exames não compatível
                             Sim                                                                           Não
                                                    com o curso do tratamento ou
                                                   eventos adversos significativos?

                   Dispensar e solicitar
                    parecer do médico                                                                  Dispensar.
                        assistente.


                  * Crianças: idade atual, peso e altura ao nascer e atuais; idade gestacional (se possível); velocidade de crescimento no
          último ano ou curva de crescimento (preferencial) em crianças com mais de 2 anos; estadiamento puberal; altura dos pais
          biológicos (se possível)
                    Adultos: idade; comprovação de deficiência prévia, se existente; fatores de risco para deficiência iniciada na vida adulta




                                                                                                                                                 153
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Ficha Farmacoterapêutica
      Deficiência de Hormônio de Crescimento - Hipopituitarismo



      1	 DADOS DO PACIENTE
      Nome: ___________________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________
      Endereço: ________________________________________________________________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________
      Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________

      2	 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA
      2.1 	 Possui outras doenças diagnosticadas?
          o não
          o sim gQuais?_________________________________________________________________________

      2.2 	 Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais?
         Nome comercial         Nome genérico          Dose total/dia e via              Data de início    Prescrito
                                                                                                          o não o sim
                                                                                                          o não o sim
                                                                                                          o não o sim
                                                                                                          o não o sim

      2.3 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos?
          o não
          o sim gQuais?_________________________________________________________________________


      3	 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO
      Registro do Exame de IGF-1
               Exames                Inicial           3o mês              6o mês           9o mês         12o mês
      Previsão de data
      Data
      IGF-1

      Medidas Antropométricas
               Exames                Inicial           3o mês              6o mês           9o mês         12o mês
      Previsão de data
      Data
      Peso
      Altura




154
Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo


Registro dos Exames Laboratoriais
Exames                                        Inicial                             12o mês
Previsão de data
Data
Glicemia de jejum
TSH
T4
Colesterol total*
HDL*
Triglicerídios*
* Somente para adultos

Para crianças e adolescentes
3.1 	 Houve mudança da dose de somatropina?
    	 g Dispensar (o exame de IGF-1 deve ser realizado anualmente)
      não
    	 g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (realizar novo exame de IGF-1)
      sim

3.2 	 Estão baixos os níveis de IGF-1 ou o crescimento é insatisfatório?
    	 g Dispensar
      não




                                                                                                         Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo
    	 g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a adesão ao tratamento deve ser
      sim
    	 conferida, e o diagnóstico, reavaliado)

3.3 	 Está o nível da IGF-1 acima dos limites superiores da normalidade?
    	 g Dispensar
      não
    	 g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose de somatropina deve ser
      sim
    	 reduzida, com nova medida da IGF-1 após 30-60 dias e, assim, sucessivamente até a normalização
    	 dos níveis de IGF-1)

3.4 	 Realiza exame radiológico anual de mãos e punhos?
    	 g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente
      não
    	 g Dispensar
      sim

Para adultos
3.5 	 Houve mudança da dose de somatropina?
    	 g Dispensar (o exame de IGF-1 deve ser realizado anualmente)
      não
    	 g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (realizar novo exame de IGF-1)
      sim

3.6 	 Houve estabelecimento da dose adequada de acordo com idade?
    	 g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (adequar a dose)
      não
    	 g Manter a dose (o exame de IGF-1 poderá ser realizado anualmente)
      sim

Para crianças, adolescentes e adultos
3.7 	 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos
	     Adversos)
    	 g Dispensar
      não
    	 g Passar para a pergunta 3.8
      sim


3.8 	 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
    	 g Dispensar
      não
    	 g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente
      sim


                                                                                                       155
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                                 TABELA DE REGISTRO DE EVENTOS ADVERSOS

          Data da
                                    Evento adverso                           *Intensidade       q Conduta
         entrevista




      Principais reações adversas já relatadas: reações no local de aplicação (dor, edema, inflamação), cefaleia,
      mialgias, astenia, dor no quadril ou joelhos, fadiga
      * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
      q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição,
      ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever)




156
Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo


                     TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO
Fluxograma de Dispensação de Toxina Botulínica
Distonias Focais e Espasmo Hemifacial
                         o
                            1 mês o
                                         2 mês
                                           o       o
                                                     3 mês        4 mês       5o mês   6o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
      Portaria SAS/MS n 389, de 19 de setembro de 2001.
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                            7o mês       8o mês      9o mês      10o mês     11o mês   12o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade




                                                                                                   Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                                                                                                 157
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Guia de Orientação ao Paciente
      Somatropina


              este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.

              seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.

              o medicamento é utilizado no tratamento de deficiência de hormônio do crescimento           -
                                                    hipopituitarismo.



      1	 DOENÇA
         •	    É uma doença que em crianças causa diminuição do crescimento e em adultos pode causar problemas
               nos ossos, aumento das gorduras no sangue e diminuição da capacidade de se exercitar.


      2	 MEDICAMENTO
         •	    Este medicamento não cura a doença, mas melhora suas manifestações.


      3	 GUARDA DO MEDICAMENTO
        •	     O medicamento deve ser guardado na geladeira, mas não deve ser congelado.


      4	 ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO
         •	    O medicamento deverá ser administrado por injeções subcutâneas.
         •	    Procure informações precisas sobre todos os passos para a aplicação do medicamento com o médico
               ou profissional de enfermagem, bem como sobre sua forma de preparo. Não prepare ou aplique o
               medicamento até que esteja bem treinado.
         •	    Procure orientações com o farmacêutico de como descartar de forma adequada as seringas e agulhas
               após o uso.
         •	    Procure aplicar as injeções sempre no mesmo horário estabelecido no início do tratamento.
         •	    Aplique exatamente a dose que o médico indicou.


      5	 REAÇÕES DESAGRADÁVEIS
         •	    Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações
               desagradáveis, tais como dor ou inchaço no local de aplicação da injeção, dores nos músculos, dores
               nas juntas, dor de cabeça e fraqueza.
         •	    Se houver estes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
         •	    Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade,
               documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.


      6	 USO DE OUTROS MEDICAMENTOS
         •	    Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional
               de saúde.


      7	 OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES
         •	    Como há diferentes marcas e apresentações de somatropina, observe cuidadosamente a que você
               recebeu e a quantidade a ser aplicada. Em caso de dúvida, procure orientações com o profissional de
               saúde (médico, enfermeiro ou farmacêutico do SUS).




158
Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo


8	 REALIZAÇÃO DOS EXAMES DE LABORATÓRIO
Fluxograma de Dispensação de Toxina Botulínica
    •	 A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento
Distonias Focais e Espasmo casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o
       no organismo. Em alguns
                               Hemifacial
         tratamento.


9	 PARA SEGUIR RECEBENDO 19MEDICAMENTO 2001.
    Portaria SAS/MS n 389, de O de setembro de
    •	  Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos:
    	   − 	 Receita médica atual
    	   −	 Cartão Nacional de Saúde ou RG
    		  −	 Exames para crianças: peso e altura a cada 3-6 meses; exame radiológico, glicemia de
       		 jejum, TSH e T4 a cada ano; IGF-1 a cada ano ou após a mudança da dose
    		  −	 Exames para adultos: IGF-1 após cada mudança da dose até o estabelecimento da dose
    			 adequada e, após, anualmente; colesterol total, HDL, triglicerídios, densitometria e glicemia
    			 a cada ano


10	 EM CASO DE DÚVIDA
    •	   Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer
         atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.


11	 OUTRAS INFORMAÇÕES




                                                                                                          Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo
_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

            levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia

                       até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira.

                          se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                                   devolva-o à farmácia do sus.




                                                                                                        159
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas




160
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

          Dermatomiosite e Polimiosite
           Portaria SAS/MS no 206, de 23 de abril de 2010. (Republicada em 27.08.10)


     1	 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA
             Foi realizada revisão da literatura até a data de 15/01/2010 nas bases de dados Medline/Pubmed,
     Embase e Cochrane.
             	 o Medline/Pubmed foi utilizada a estratégia “dermatomyositis/therapy”[Mesh Term] OR “polymyositis/
             N
     therapy”[Mesh Term] AND (Clinical Trial[ptyp] OR Meta-Analysis[ptyp] OR Practice Guideline[ptyp] OR
     Randomized Controlled Trial[ptyp] OR Controlled Clinical Trial[ptyp]) AND “humans”[MeSH Term], obtendo-
     se 68 estudos. No Embase, foi utilizada a estratégia (‘dermatomyositis’/exp OR ‘polymyositis’/exp) AND
     ‘drug therapy’/exp AND ([cochrane review]/lim OR [controlled clinical trial]/lim OR [meta analysis]/lim OR
     [randomized controlled trial]/lim OR [systematic review]/lim) AND [humans]/lim”, obtendo-se 130 estudos.
     Quando analisados individualmente, a maioria foi excluída por referir-se a outras condições clínicas, apresentar
     desfechos sem relevância para o presente protocolo ou avaliar medicamentos sem registro no país. Foram
     incluídos 15 estudos considerados relevantes.
             	 busca na biblioteca Cochrane identificou uma revisão sistemática relacionada ao tema, já localizada
             A
     acima.
             Foram incluídos uma diretriz internacional de tratamento, capítulos de livro-texto, capítulo relacionado
     ao tema no UpToDate, versão 17.3, e artigos não indexados considerados relevantes pelos autores.

     2 	 Introdução
     	        As miopatias inflamatórias, grupo heterogêneo de doenças, se caracterizam por fraqueza muscular
     proximal e elevação sérica de enzimas originadas da musculatura esquelética. Embora não existam sistemas
     de classificação de doença prospectivamente validados, a classificação originalmente proposta por Bohan e
     Peter1 é amplamente utilizada. São reconhecidos cinco subtipos de doença: polimiosite primária idiopática
     (PM), dermatomiosite primária idiopática (DM), PM ou DM associada à neoplasia, PM ou DM juvenil e PM ou
     DM associada a outras doenças do colágeno. Atualmente, um projeto internacional multidisciplinar está em
     andamento para desenvolver um consenso sobre critérios de classificação das miopatias inflamatórias2.
     	        Tanto na PM quanto na DM, a principal manifestação é fraqueza proximal e simétrica das cinturas
     pélvica e escapular e da musculatura cervical. Dependendo do grau da perda de força, pode ocorrer desde
     fadiga e intolerância ao exercício até marcha cambaleante e dificuldade para subir escadas. A evolução
     tende a ser gradual e progressiva. Poucos pacientes apresentam mialgia associada. Disfagia, distúrbios
     cardíacos, acometimento respiratório, vasculite e calcificações subcutâneas (calcinoses) são manifestações
     extramusculares possíveis.
     	        A DM se diferencia da PM pelo acometimento cutâneo. As pápulas de Gottron são consideradas
     patognomônicas de DM. Consistem de pápulas róseas ou violáceas localizadas nas superfícies extensoras das
     articulações interfalangianas e metacarpofalangianas, cotovelos, joelhos e maléolo medial. O sinal de Gottron
     é um eritema macular com a mesma distribuição das pápulas de Gottron. O heliótropo, caracterizado por
     lesões eritematosas ou violáceas nas pálpebras superiores, é outro sinal típico. Além destes, são observadas
     manchas ou placas eritematosas desencadeadas por fotoexposição com distribuição característica no tórax
     superior – ombros, dorso (sinal do xale) e/ou pescoço – e no tórax anterior em “V” (sinal do decote). Fissuras e
     descamação podem ocorrer nas polpas digitais dos quirodáctilos e são referidas como “mãos de mecânico”3.



Consultores: Claiton Viegas Brenol, João Carlos Tavares Brenol, Luiz Roberto de Fraga Brusch,
Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral
Edição Final: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                        161
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      	       A etiologia das miopatias inflamatórias permanece desconhecida. Há relatos de associação com
      antígenos de histocompatibilidade, agentes ambientais e autoimunidade. A incidência anual de DM e PM é
      estimada em menos de 10 casos por milhão de indivíduos. As mulheres são mais afetadas do que os homens,
      numa proporção aproximada de 2:1, havendo um pico bimodal de surgimento da doença entre 5 – 15 anos de
      idade e entre 45 – 65 anos4.
      	       O curso da doença é variável. A maioria dos pacientes responde satisfatoriamente ao tratamento inicial
      com glicocorticoides, especialmente os com DM. Adicionalmente, podem-se identificar outros padrões evolutivos
      com um período de remissão inicial seguido de um ou mais episódios de recidiva, curso monocíclico ou refratário
      ao tratamento usual. Dentre os fatores de mau prognóstico, podem ser destacados diagnóstico inicial em idosos,
      grau avançado de fraqueza muscular no momento do diagnóstico, disfunção da musculatura respiratória,
      presença de disfagia, demora no início do tratamento após 6 meses do início dos sintomas, comprometimento
      pulmonar (doença intersticial pulmonar) ou cardíaco (miocardite) e associação com neoplasia5-7.

      3		 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à
      		 saúde (CID-10)
           •	 M33.0 Dermatomiosite juvenil
           •	 M33.1 Outras dermatomiosites
           •	 M33.2 Polimiosite

      4	 Diagnóstico
      	        Os critérios clássicos descritos por Bohan e Peter ainda são úteis para a orientação diagnóstica de DM/
      PM. Após a exclusão de outras etiologias, como infecciosas, metabólicas, tóxicas, distróficas, endocrinológicas
      e de miopatias mitocondriais e por corpúsculo de inclusão1,2,8, devem ser levados em consideração os seguintes
      critérios, conforme Tabela 1:
               •	 fraqueza muscular proximal das cinturas pélvica e escapular;
               •	 evidência de miosite à biópsia muscular − os parâmetros mais utilizados para evidenciar inflamação
               	 muscular incluem necrose de fibras musculares dos tipos I e II; fagocitose de elementos celulares;
               	 degeneração e regeneração de fibras musculares com variação em seus diâmetros; e
               	 infiltrado linfomonocitário endomisial, perimisial, perivascular ou intersticial;
               •	 elevação de qualquer enzima muscular sérica − creatinofosfoquinase (CPK) ou aldolase ou
               	 desidrogenase lática (DHL) ou aminotransferases (em particular, a aspartatoaminotransferase)
               •	 eletromiografia compatível com miopatia − potenciais de unidade motora polifásicos de baixa
               	 amplitude e de curta duração; fibrilações, mesmo em repouso; descargas de formato bizarro e repetitivas;
               •	 lesões cutâneas características de DM − heliótropo; pápulas de Gottron; sinal de Gottron.

      Tabela 1 - Critérios Diagnósticos
             Diagnóstico                     Dermatomiosite                                   Polimiosite
       Definitivo                 Presença de 4 critérios*                    Presença de 4 critérios
       Provável                   Presença de 3 critérios*                    Presença de 3 critérios
       Possível                   Presença de 2 critérios*                    Presença de 2 critérios
      *Acrescido do último critério, característico de DM

                O fator antinuclear (FAN) é positivo em 80% dos pacientes com DM ou PM9. Aproximadamente 30%
      dos pacientes com DM e PM possuem autoanticorpos definidos como miosite-específicos (anti-Jo-1, anti-PL-7,
      anti-PL-12, anti-EJ, anti-Mi-2). Tais anticorpos estão associados a manifestações clínicas características. Febre,
      artrite, fenômeno de Raynaud e doença pulmonar intersticial, por exemplo, compõem uma síndrome relacionada
      ao anticorpo anti-Jo-1 (síndrome antissintetase), presente em 20% dos pacientes com PM. Embora os anticorpos
      miosite-específicos tenham papel importante na avaliação prognóstica dos pacientes, sua aplicação na tomada
      de decisão terapêutica na rotina clínica necessita de validação em estudos mais abrangentes10.
                Os níveis séricos das enzimas musculares estão elevados em algum momento durante a evolução
      da doença, sendo que a CPK apresenta maior sensibilidade. O surgimento de níveis elevados de CPK pode
      anteceder a fraqueza muscular clínica em algumas semanas.

162
Dermatomiosite e Polimiosite


         	 acientes com diagnóstico de DM/PM apresentam risco aumentado de neoplasia em
         P
comparação com a população geral11. A indicação de triagem para neoplasia deverá ser orientada
através da identificação de fatores de risco à anamnese e ao exame físico completo e de acordo com
a faixa etária de cada paciente.

5	 Critérios de inclusão
         	 erão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes com diagnóstico provável ou
         S
definitivo de DM ou PM.

6	 Critérios de exclusão
      Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que fizerem uso de um dos
medicamentos abaixo:
      •	 hidroxicloroquina − uso concomitante de primaquina, maculopatia prévia associada aos
          antimaláricos ou hipersensibilidade ao medicamento;
      •	 azatioprina e ciclofosfamida − imunossupressão (AIDS, linfoma e outros), infecção
          ativa, tuberculose, gravidez, amamentação, neoplasia atual ou hipersensibilidade aos
          medicamentos;
      •	 ciclosporina − imunossupressão (AIDS, linfoma e outros), insuficiência renal crônica,
      	 neoplasia atual, gravidez, amamentação, infecção ativa, tuberculose, hipertensão não
      	 controlada ou hipersensibilidade ao medicamento;
      •	 prednisona e metilprednisolona − úlcera péptica ativa, insuficiência hepática, tuberculose ou
      	 hipersensibilidade aos medicamentos;
      •	 imunoglobulina humana − deficiência seletiva de IgA, gravidez, amamentação, hiperprolinemia
      	 ou hipersensibilidade ao medicamento;
      •	 metotrexato − gravidez, amamentação, doenças hematológicas graves, doença ulcerosa
      	 péptica ativa, anormalidades hepáticas ou renais graves, abuso de drogas ou etilismo,
      	 infecção ativa, tuberculose ou hipersensibilidade ao medicamento.

7	 Tratamento

         7.1 Tratamento não farmacológico
         	 lém do manejo terapêutico adequado, intervenções não farmacológicas são importantes
         A
na abordagem dos pacientes com miopatias inflamatórias. Dentre elas destacam-se programas de
reabilitação desde o início da doença12-14, medidas para evitar aspiração em pacientes com disfunção




                                                                                                              Dermatomiosite e Polimiosite
esofágica, fotoproteção em pacientes com DM e profilaxia contra osteoporose e infecções oportunistas5.

         7.2 Tratamento farmacológico
         	 baixa prevalência e a heterogeneidade de expressão clínica das miopatias inflamatórias bem
         A
como a falta de critérios diagnósticos bem estabelecidos dificultam a condução de ensaios clínicos
e, consequentemente, o estabelecimento de uma estratégia terapêutica padronizada15. Além disso,
a abordagem individual dos pacientes depende da gravidade da doença muscular e sistêmica e da
identificação de fatores de mau prognóstico.
         	 tratamento deve ser iniciado com glicocorticoide (GC) sistêmico16. Os pacientes precisam
         O
ser informados de que a corticoterapia pode ter duração superior a 12 meses. O uso de GC pode
induzir remissão da doença em aproximadamente 40% – 60% dos pacientes, embora mais de 80%
apresentem algum grau de melhora clínica e laboratorial com o tratamento17. No caso de resposta
insatisfatória, pode ser necessária a repetição da biópsia muscular com vistas ao diagnóstico diferencial
com outras miopatias (miosite por corpúsculo de inclusão, por exemplo).
         	 associação de imunossupressores à corticoterapia é aconselhável, principalmente para
         A
pacientes com fatores de mau prognóstico. Azatioprina (AZA) e metotrexato (MTX) são considerados
medicamentos de primeira linha como agentes poupadores de GC5.
	


                                                                                                            163
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


               	 ZA tem sido utilizada nas miopatias inflamatórias associada a GC15. A associação de prednisona e
               A
      AZA foi avaliada em ensaio clínico randomizado, duplo-cego, e comparada com prednisona e placebo em 16
      pacientes com diagnóstico de PM. Após 3 meses de tratamento, não houve diferença entre os grupos nas
      variáveis avaliadas (força muscular ou CPK)18. Os pacientes foram reavaliados após 3 anos de seguimento, e o
      grupo tratado com a associação de prednisona e AZA utilizou uma dose diária menor de corticosteroide (1,6 mg/
      kg versus 8,7 mg/kg) e apresentou maior capacidade funcional19.
               MTX também foi avaliado quanto à sua eficácia nas miopatias inflamatórias15. Análise retrospectiva de
      113 casos consecutivos demonstrou que o uso de MTX pode ser superior ao de AZA ou GC em pacientes sem
      resposta clínica completa após tratamento inicial com um curso de prednisona17. Estudo randomizado comparou
      ciclosporina com MTX em pacientes com diagnóstico de DM/PM grave. Ao final de 6 meses, não houve diferença
      estatística significativa entre os grupos em relação a força muscular e teste funcional, avaliação clínica e global
      do paciente, nível sérico de CPK e mioglobina20. A associação de MTX oral e AZA pode ser superior ao MTX
      intravenoso em monoterapia em pacientes com falha prévia a pelo menos um fármaco citotóxico. Estudo
      randomizado cruzado comparou AZA associada a MTX administrados por via oral contra MTX intravenoso em
      pacientes com miosite inflamatória refratária. Não foram encontradas diferenças nos níveis séricos de CPK
      no final do seguimento. Análise por intenção de tratar mostrou tendência de melhora clínica (força muscular e
      capacidade funcional) no grupo que utilizou a terapia combinada oral21.
               	 os pacientes refratários ao tratamento com GC e imunossupressores, tem sido preconizado o uso de
               N
      imunoglobulina humana (IGH). Esta recomendação é baseada em dois estudos. O medicamento foi avaliado em
      ensaio clínico duplo-cego, controlado contra placebo, em 15 pacientes com DM resistente ao tratamento com
      GC e imunossupressores. No grupo tratado com IGH, houve resposta estatisticamente significativa na avaliação
      do escore de força muscular e dos sintomas neuromusculares após 3 meses22. Em estudo observacional com 35
      pacientes com PM refratária a corticoterapia e a imunossupressores, foi administrada IGH mensalmente (durante
      4 – 6 meses). Após 6 meses, houve decréscimo de 50% da dose inicial de prednisona, redução dos níveis de
      CPK e melhora da força muscular. Houve resposta clínica satisfatória em 70% dos pacientes, que foi mantida
      em aproximadamente metade deles ao longo de 3 anos de observação23. O uso de IGH não se relacionou com
      eventos adversos sérios24.
               	 iclofosfamida intravenosa é uma alternativa em pacientes portadores de DM/PM associada a doença
               C
      pulmonar intersticial resistente ao uso de GC e imunosupressores. Em estudo observacional com 17 pacientes,
      foram encontrados os seguintes resultados: 11 evoluíram com melhora da dispneia após introdução da
      ciclofosfamida, 6 de 7 pacientes descontinuaram oxigenoterapia e 12 obtiveram melhora ≥ 10% na capacidade
      vital25.
               	 lguns pacientes com DM apresentam doença cutânea não responsiva a GC e imunossupressores.
               A
      Estudos observacionais têm demonstrado benefício com o uso de antimaláricos, como hidroxicloroquina e
      disfosfato de cloroquina, sendo este último menos utilizado devido ao risco de toxicidade ocular26,27.

              7.3 Fármacos
              •	   Prednisona: comprimidos de 5 e 20 mg
              •	   Metilprednisolona: pó para solução injetável de 500 mg
              •	   Azatioprina: comprimidos de 50 mg
              •	   Metotrexato: comprimidos de 2,5 mg; solução injetável 25 mg/ml
              •	   Ciclosporina: comprimidos de 10, 25, 50 e 100 mg; solução oral de 100 mg/ml 50 ml
              •	   Ciclofosfamida: pó para solução injetável de 1 g
              •	   Imunoglobulina humana: frasco-ampola de 500, 1.000, 2.500, 3.000, 5.000 e 6.000 mg
              •	   Hidroxicloroquina: comprimidos de 400 mg

            7.4 Esquemas de administração
              •	   Prednisona − iniciar com 1 mg/kg/dia, que deve ser mantido por 6-8 semanas; se houver controle da
              	    doença, iniciar diminuição gradual da dose não superior a 20% da dose vigente a cada 4 semanas até
              	    10 mg/dia e manter conforme a evolução clínica até se completar em 9-12 meses de corticoterapia;
              	    caso haja recidiva durante a redução da dose, retornar à mínima dose efetiva e adicionar AZA ou MTX
              	    (ou ajustar as doses dos mesmos, se já em uso).


164
Dermatomiosite e Polimiosite


        •	 Metilprednisolona − administrar pulsoterapia de 1.000 mg, por via intravenosa, ao longo de	
           1 hora por 3 dias consecutivos e repetir mensalmente conforme a resposta terapêutica.
        	 Indicada nos casos de fraqueza muscular grave ou acometimento sistêmico grave, incluindo
        	 os pacientes com envolvimento do esôfago, com disfagia importante e risco de aspiração,
        	 envolvimento pulmonar intersticial e ou miocardite.
        •	 Azatioprina − iniciar com 50 mg/dia em adultos, por via oral, aumentando 50 mg semanalmente
        	 até a dose total de 2-3 mg/kg/dia.
        •	 Metotrexato − iniciar com 15 mg/semana, por via oral ou subcutânea, podendo a dose ser
        	 aumentada até 25 mg/semana.
        •	 Ciclosporina − iniciar com 3-4 mg/kg/dia divididos em 2 doses até o máximo de 6 mg/kg/dia
        	 Indicada na falha do uso de GC mais AZA ou MTX.
        •	 Ciclofosfamida − administrar 300-800 mg/m2, por via intravenosa, a cada 4 semanas.
           Indicada na falha do uso de GC mais AZA ou MTX e na presença de doença pulmonar
        	 intersticial grave.
        •	 Imunoglobulina humana − iniciar com 1 g/kg/dia por 2 dias ou 0,4 g/kg/dia por 5 dias,
           esquema repetido mensalmente por 3-6 meses. Indicada na falha do uso de GC mais AZA
        	 ou MTX ou doença grave refratária à pulsoterapia com GC.
        •	 Hidroxicloroquina − iniciar com dose usual de 400 mg/dia para casos de doença cutânea
        	 não responsiva a GC e a imunosupressores.

        7.5 Tempo de tratamento − Critérios de interrupção
        	 ão existe um período estabelecido para a duração do tratamento. Após a remissão clínica,
        N
as dosagens dos fármacos podem ser diminuídas gradualmente, sob monitorização sistemática da
atividade da doença. Sugere-se diminuir primeiro a dose de prednisona. Após suspensão do GC, pode-
se reduzir a dose dos imunossupressores em intervalos mensais ao longo de aproximadamente 6
meses.

        7.6 Benefícios esperados
        •	 Melhora da força muscular
        •	 Prevenção de desenvolvimento de complicações extramusculares
        •	 Controle das manifestações cutâneas na DM

8	 Monitorização
	        Com relação à eficácia, ainda não foram validados escores padronizados para medir a atividade




                                                                                                               Dermatomiosite e Polimiosite
da doença e o dano nas miopatias inflamatórias2. Sugere-se monitorização periódica da força muscular
no quadríceps, deltoides e flexores do pescoço, bem como das enzimas musculares. As enzimas mais
comumente utilizadas são CPK, aldolase, LDH, AST/TGO e ALT/TGP. A melhora clínica tem maior valor na
avaliação da resposta terapêutica do que as enzimas musculares séricas. Ajustes nas doses do GC com o
objetivo de normalizá-las podem determinar doses cumulativas desnecessariamente aumentadas5.
	        Além da triagem de doenças infecciosas previamente ao início de seu uso, a toxicidade dos
imunossupressores deve ser cuidadosamente monitorizada:
         •	 prednisona e metilprednisolona − solicitar glicemia de jejum, potássio, perfil lipídico,
            densitometria óssea e aferição da pressão arterial no início do tratamento. Pacientes devem
            receber suplementação diária de cálcio (1.500 mg/cálcio elementar), vitamina D3 (400 – 800 UI)
            ou bisfosfonados de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da
            Saúde para Osteoporose. Reavaliar anualmente perfil lipídico e densitometria óssea;
         •	 azatioprina − solicitar hemograma e plaquetas, testes de função hepática (fosfatase alcalina,
            AST e ALT) quinzenalmente até o terceiro mês e, após, mensalmente. AZA deve ser
            suspensa ou ter a dose reduzida em pacientes que desenvolverem leucopenia (leucócitos <
            4.000/mm3) ou trombocitopenia (contagem de plaquetas < 150.000/mm3);
         •	 metotrexato − devem ser solicitadas provas de função hepática (AST e ALT), hemograma,
            contagem de plaquetas, ureia e creatinina antes do início do tratamento, mensalmente nos


                                                                                                             165
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                  primeiros 6 meses e, após, a cada 2 a 3 meses durante seu uso ou conforme necessidade clínica. Se
                  houver elevação de transaminases (2 vezes o valor do limite superior de referência), o medicamento
                  deve ser suspenso por 2 semanas e, então, reavaliado com nova aferição de enzimas hepáticas.
                  Consumo de bebidas alcoólicas é desaconselhado ao longo do tratamento com MTX. Diminuição da
                  contagem de leucócitos ou de plaquetas necessita de redução da dose de MTX. Também deve-se
                  diminuir a dose se houver o surgimento de úlceras orais ou estomatite. Tosse e dispneia devem ser
                  avaliadas com raio X de tórax e testes de função pulmonar devido ao potencial risco de pneumonite,
                  devendo ser usado com cautela em pacientes pneumopatas. Sintomas como náuseas e vômitos
                  respondem à redução da dose de MTX ou incremento da dose semanal de ácido fólico. Pode ser
                  utilizado um antiemético ou ser o MTX ingerido junto às refeições para tentar diminuir estes sintomas.
                  As causas mais comuns de toxicidade aguda do MTX são insuficiência renal aguda e administração
                  concomitante de sulfametoxazol-trimetoprim. A associação de ácido fólico (5-10 mg/semana) pode
                  minimizar os efeitos adversos. Está contraindicado o uso de MTX em pacientes com insuficiência
                  renal, hepatopatias, supressão da medula óssea e em mulheres em idade fértil que não estejam
                  fazendo anticoncepção;
             •	   ciclosporina − monitorizar pressão arterial sistêmica e função renal (creatinina) antes do início do
                  tratamento, repetir a avaliação a cada 2 semanas nos primeiros 3 meses de tratamento e, após,
                  mensalmente se o paciente estiver clinicamente estável. Se houver desenvolvimento de hipertensão,
                  deve ser realizada redução de 25%-50% da dose de ciclosporina; persistindo a hipertensão, o
                  tratamento deve ser descontinuado. Também perfil lipídico e eletrólitos séricos devem ser avaliados
                  periodicamente. Está contraindicada para pacientes com alteração da função renal, hipertensão não
                  controlada e maligni­ ade. Seu perfil de toxicidade restringe a utilização;
                                        d
             •	   ciclofosfamida − solicitar hemograma, plaquetas e exame comum de urina com microscopia 14 dias
                  após cada infusão até a estabilização da dose. Além da imunossupressão com consequente aumento
                  de risco de infecções, aumento de risco de neoplasias, infertilidade, toxicidade hematológica e cistite
                  hemorrágica são outros eventos adversos potenciais. Para prevenir este último, se recomenda
                  hidratação vigorosa e se sugere administração de mesna por via intravenosa ou oral (1 mg para cada
                  mg de ciclofosfamida) dividida em 3 tomadas: 30 minutos antes da infusão, 30 minutos após a infusão
                  e 4 horas após o término da infusão;
             •	   imunoglobulina humana − é administrada por via intravenosa. Os pacientes devem ser monitorizados
                  quanto a reações infusionais. Dentre outros eventos descritos, citam-se meningite asséptica,
                  insuficiência renal, hiperproteinemia, edema pulmonar e eventos trombóticos;
             •	   hidroxicloroquina − deve ser realizado exame oftalmológico no início do tratamento e a cada 6-12
                  meses. Hemograma periódico é recomendado. Dosagem de enzimas musculares (CPK e aldolase)
                  está indicada para casos com suspeita de miopatia.

      9	 Acompanhamento pós-tratamento
              A duração do tratamento não é pré-determinada. O seguimento dos pacientes, incluindo consultas e
      exames complementares, deverá ser programado conforme a evolução clínica e as alterações detectadas à
      monitorização da toxicidade dos medicamentos.

      10	 Regulação/controle/avaliação pelo gestor
              Recomenda-se que os pacientes sejam atendidos em serviços especializados em Reumatologia ou
      Clínica Médica. Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a
      duração e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas,
      a adequação de uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento.

      11	 Termo de esclarecimento e responsabilidade − TER
               É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e
      efeitos adversos relacionados ao uso dos medicamentos preconizados neste protocolo. O TER é obrigatório ao
      se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.



166
Dermatomiosite e Polimiosite


12	 Referências bibliográficas
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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


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168
Dermatomiosite e Polimiosite


 Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
 Azatioprina, Metotrexato, Ciclosporina, Imunoglobulina Humana e
 Hidroxicloroquina


         Eu,_________________________________________________ (nome do(a) paciente),
declaro ter sido informado(a) claramente sobre os benefícios, riscos, contraindicações e principais
efeitos adversos relacionados ao uso de azatioprina, metotrexato, ciclosporina e imunoglobulina
humana e hidroxicloroquina, indicados para o tratamento da dermatomiosite e polimiosite.
         Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
_______________________________________________(nome do médico que prescreve).
         Assim declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber
pode trazer as seguintes melhoras:
             •	 melhora da força muscular;
             •	 prevenção do desenvolvimento de complicações extramusculares;
             •	 controle das manifestações da pele na dermatomiosite.
         Fui também claramente informado (a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais
efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento:
             •	 não se sabe ao certo os riscos do uso de ciclosporina e imunoglobulina na gravidez;
                portanto, caso engravide, devo avisar imediatamente o médico;
             •	 ciclofosfamida não deve ser usada durante a gestação pelo risco de má formação do
                feto;
             •	 há riscos para a azatioprina durante a gravidez, porém o benefício pode ser maior do
                que os riscos e isso deve ser discutido com o médico.
             •	 efeitos adversos da azatioprina – diminuição das células brancas, vermelhas e plaquetas
                do sangue, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, fezes com sangue, problemas
                no fígado, febre, calafrios, diminuição de apetite, vermelhidão de pele, perda de cabelo,
                aftas, dores nas juntas, problemas nos olhos (retinopatia), falta de ar e pressão baixa;
             •	 efeitos adversos do metotrexato – convulsões, confusão mental, febre, calafrios,
                sonolência, queda de cabelo, espinhas e furúnculos, alergias de pele, sensibilidade à
                luz, alterações da pigmentação da pele, formação de bolhas e perda de regiões da pele
                e de mucosas (síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica), náuseas,
                vômitos, perda de apetite, inflamação na boca, úlceras gastrointestinais, problemas no
                fígado, diminuição das células brancas do sangue e das plaquetas, problemas nos rins




                                                                                                              Dermatomiosite e Polimiosite
                e nos pulmões, diminuição das defesas imunológicas do organismo com ocorrência de
                infecções;
             •	 efeitos adversos da ciclosporina – problemas nos rins e fígado, tremores, aumento
                da quantidade de pelos no corpo, pressão alta, aumento do crescimento da gengiva,
                aumento do colesterol e triglicerídios, formigamentos, dor no peito, batimentos rápidos
                do coração, convulsões, confusão, ansiedade, depressão, fraqueza, dores de cabeça,
                unhas e cabelos quebradiços, coceira, espinhas, náuseas, vômitos, perda de apetite,
                soluços, inflamação na boca, dificuldade para engolir, sangramentos, inflamação do
                pâncreas, prisão de ventre, desconforto abdominal, diminuição das células brancas
                do sangue, linfoma, calorões, aumento da quantidade de cálcio, magnésio e ácido
                úrico no sangue, toxicidade para os músculos, problemas respiratórios, sensibilidade
                aumentada à temperatura e aumento das mamas;
             •	 efeitos adversos da imunoglobulina humana – dor de cabeça, calafrios, febre, reações
                no local de aplicação da injeção (dor, coceira e vermelhidão), problemas renais
                (aumento de creatinina e ureia no sangue, insuficiência renal aguda, necrose tubular
                aguda, nefropatia tubular proximal, nefrose osmótica);
             •	 efeitos adversos da hidroxicloroquina – diminuição das células brancas do sangue,
                dor de cabeça, náuseas, vômitos, diarreia, cólicas, problemas na pele, coceiras,


                                                                                                            169
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                      irritabilidade, nervosismo, psicose, convulsões, fraqueza, perda de peso, perda de apetite,
                      problemas visuais, perda e descoloração dos cabelos, pigmentação de mucosas, diminuição da
                      audição, sensibilidade à luz.
              Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a
      devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei
      a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
              Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao
      meu tratamento, desde que assegurado o anonimato.
              Meu tratamento constará do seguinte medicamento:
                    o azatioprina
                    o metotrexato
                    o ciclosporina
                    o imunoglobulina humana
                    o hidroxicloroquina

      Local:                                                            Data:
      Nome do paciente:
      Cartão Nacional de Saúde:
      Nome do responsável legal:
      Documento de identificação do responsável legal:

                                    _____________________________________
                                    Assinatura do paciente ou do responsável legal
      Médico responsável:                                                                   CRM:           UF:

                                           ___________________________
                                            Assinatura e carimbo do médico
                                             Data:____________________
      Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
      Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada
      na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.




170
Dermatomiosite e Polimiosite




                                 Dermatomiosite e Polimiosite




                               171
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Fluxograma de Tratamento
      Dermatomiosite e Polimiosite
                                                       Fluxograma de Tratamento
                                                      Polimiosite e Dermatopolimiosite

                                                                                                     Critérios de exclusão
                                                                                                     (específicos a cada
          Diagnóstico: clínico,                     Paciente com diagnóstico definitivo              medicamento individualmente,
          laboratorial                                 ou provável de polimiosite ou                 não excluindo dos demais):
                                                    dermatopolimiosite conforme PCDT                 ✓ presença de hipersensibilidade
                                                                                                        ao medicamento ou a um de
                                                                                                        seus componentes
                                                                                                     ✓ presença de contraindicação
                                                                     Sim                                clínica ao uso do medicamento


                                                                                                     Fatores de mau prognóstico:
                        Exclusão                           Possui algum critério                     ✓ Idade > 65 anos
                                              Sim                                                    ✓ graus avançados de fraqueza
                        do PCDT                               de exclusão?                              muscular
                                                                                                     ✓ disfunção da musculatura
                                                                                                        respiratória
                                                                     Não                             ✓ presença de disfagia
                                                                                                     ✓ retardo no início do tratamento
                                                                                                        superior a 6 meses
                                                              Há presença de
                                    Não                       fatores de mau                            Sim
                                                               prognóstico?
                                                                                               Tratamento com
                              Tratamento
                                                                                                 prednisona e
                                 com
                                                                                                azatioprina ou
                              prednisona
                                                                                                 metotrexato



                                 Houve                                                            Refratário ao
                Sim             resposta                                              Sim         tratamento?               Não
                                                        Não
                              terapêutica?


                                                 Revisar a adesão;
        Manter tratamento                         considerar nova                Paciente com
         e iniciar redução                                                                                        Manter tratamento
                                              biópsia muscular para                 doença
        gradativa da dose.                                                         pulmonar                        e iniciar redução
                                              diagnóstico diferencial.                                            gradativa da dose.
                                                                                  intersticial?
                                                                         Não                             Sim


                                                                   Apresenta
                                                                    doença                    Considerar uso de
                                                                  cutânea não                  ciclofosfamida.
                                                        Não       controlada?         Sim



                                                 Considerar uso de             Considerar uso de
                                                   ciclosporina.               hidroxicloroquina.
         Casos especiais:
         Em pacientes com diagnóstico
         definitivo ou provável de
         polimiosite ou dermatopolimiosite                                                                                      Manter
         e apresentando fraqueza                                                                                            tratamento e
         muscular grave ou
                                                    Revisar a adesão.                                                           iniciar
         comprometimento sistêmico                                                      Refratário ao
         grave, considerar pulsoterapia             Considerar uso de          Sim      tratamento?               Não          redução
         com metilprednisolona e, na                 imunoglobulina.                                                        gradativa da
         ausência de resposta satisfatória,
         uso de imunoglobulina                                                                                              dose quando
         intravenosa.                                                                                                         possível.

172
Dermatomiosite e Polimiosite


Fluxograma de Dispensação de Azatioprina, Metotrexato,
Ciclosporina, Imunoglobulina Humana e Hidroxicloroquina
Dermatomiosite e Polimiosite
               Fluxograma de Dispensação de Azatioprina, Metotrexato, Ciclosporina
                      e Imunoglobulina HumanaDermatomiosite e Polimiosite
     Portaria SAS/MS n 389, de 19 de setembro de 2001.
                                                                   CID-10: M33.0, M33.1, M33.2
                   Paciente solicita o                             Exames (2 dos 3 abaixo):
                    medicamento.                                   ✓ biópsia muscular
                                                                   ✓ CPK ou aldolase ou DHL ou ALT/AST
                                                                   ✓ eletromiografia
                                                                   Dose:
                                                                   azatioprina: 50 mg/dia até 2-3 mg/kg/dia, por VO
                                                                   metotrexato: 15 mg-25 mg/semana, por VO ou SC
                                                                   ciclosporina: 3-4 mg/kg/dia até 6 mg/kg/dia, por VO
               Possui LME corretamente                             imunoglobulina humana: 1 g/kg/dia por 2 dias ou
                                                                   0,4 g/kg/dia por 5 dias, dose repetida mensalmente por
                 preenchido e demais                               3-6 meses, por IV
                documentos exigidos?                               hidroxicloroquina: 400 mg/dia
   Não                                              Sim




 Orientar o                               CID-10, exames e
 paciente.                               dose estão de acordo
                       Não                                                       Sim
                                          com o preconizado
                                             pelo PCDT?

               Encaminhar o                                                 Realizar entrevista
                paciente ao                                             farmacoterapêutica inicial
              médico assistente.                                           com o farmacêutico.

                                                                                   Processo              Sim
                                                                  Não
                                                                                   deferido?


                                                            Não dispensar e
                                                                                                     Orientar o
                                                              justificar ao
                                                                                                     paciente.
                                                                paciente.




                                                                                                                              Dermatomiosite e Polimiosite
    Exames necessários para monitorização:
    ✓ CPK, aldolase, DHL, AST e ALT
        Periodicidade: a critério médico
    Obs.: Demais exames de monitorização
    variam de acordo com o medicamento
    utilizado (ver item Monitorização).                                 Dispensação a cada mês de
                                                                                tratamento
                                                                                Entrevista
                                                                          farmacoterapêutica de
                                                                              monitorização




                                             Paciente apresentou alteração
                                              nos exames não compatível
                         Sim                                                              Não
                                             com o curso do tratamento ou
                                                eventos significativos?

                Dispensar e solicitar
                 parecer do médico                                                     Dispensar.
                     assistente.


                                                                                                                            173
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Ficha Farmacoterapêutica
      Dermatomiosite e Polimiosite


      1	Dados do Paciente
      Nome: ___________________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde:________________________________________RG: _______________________
      Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: ________________________________________RG: _______________________
      Sexo: o Masculino oFeminino DN: ___________/ ____ / _____ Idade:_______ Peso:_______ Altura: ________
      Endereço: ________________________________________________________________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________
      Médico assistente: ________________________________________________CRM: _____________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________


      2	Avaliação Farmacoterapêutica
      2.1	 Qual o subtipo da miopatia?
      	 o Polimiosite primária idiopática (PM)
      	 o Dermatomiosite primária idiopática (DM)
      	 o PM ou DM associada à neoplasia
      	 o PM ou DM juvenil
      	 o PM ou DM associada a outras doenças do colágeno

      2.2 	Qual o intervalo de tempo entre o primeiro sintoma e o diagnóstico definitivo?
      _________________________________________________________________________________________

      2.3 	Possui outras doenças diagnosticadas?
      	 o não
      	 o sim g Quais? ________________________________________________________________________
      	    (metotrexato contraindicado para pacientes com insuficiência renal, hepatopatias, supressão da medula
      	    óssea; ciclosporina: contraindicada para pacientes com alteração da função renal, hipertensão não controlada
      	    e maligni­ ade)
                    d

      2.4	 Para metotrexato: encontra-se a paciente em idade fértil?
      	 o não
      	 o sim g Passar para a pergunta 2.5

      2.5	 Faz uso de método contraceptivo?
      	 o não g Não dispensar temporariamente e encaminhar a paciente ao ginecologista
      	 o sim

      2.6 	Para metotrexato: faz uso de bebidas alcoólicas?
      	 o não
      	 o sim g Orientar o paciente que o consumo de bebidas alcoólicas é desaconselhado ao longo do tratamento.

      2.7 	Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais?
        Nome comercial        Nome genérico         Dose total/dia e via                  Data de início
                                                                                                     Prescrito
                                                                                                   o não o sim
                                                                                                   o não o sim
                                                                                                   o não o sim
                                                                                                   o não o sim
      * O uso concomitante de sulfametoxazol-trimetoprim e metotrexato aumenta o risco de toxicidade aguda.
174
Dermatomiosite e Polimiosite


2.8	Já apresentou reações alérgicas a medicamentos?
	 o não
	 o sim g Quais? A que medicamentos?_______________________________________________



3	Monitorização do Tratamento
	
Exames Laboratoriais – Monitorização da Doença
                    Inicial    1o mês    2o mês            3o mês         4o mês   5o mês     6o mês
 Data prevista*
 Data
 CPK
 DHL
 ALT
 AST

                      7o mês      8o mês         9o mês         10o mês        11o mês      12o mês
 Data prevista*
 Data
 CPK
 DHL
 ALT
 AST
* A periodicidade dos exames pode variar conforme critério médico.

Exames Laboratoriais – Monitorização dos Medicamentos Utilizados*
                    Inicial    1o mês    2o mês   3o mês      4o mês               5o mês     6o mês
 Data prevista**
 Data
 Hemoglobina
 Leucócitos




                                                                                                         Dermatomiosite e Polimiosite
 Neutrófilos
 Linfócitos
 Plaquetas
 Ureia
 Creatinina
 Fosfatase alcalina
 Colesterol total
 HDL
 LDH
 Triglicerídios
 CPK
 Aldolase




                                                                                                       175
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                            7o mês      8o mês        9o mês          10o mês           11o mês   12o mês
       Data prevista**
       Data
       Hemoglobina
       Leucócitos
       Neutrófilos
       Linfócitos
       Plaquetas
       Ureia
       Creatinina
       Fosfatase alcalina
       Colesterol total
       HDL
       LDH
       Triglicerídios
       CPK
       Aldolase
      * Completar a tabela de acordo com os medicamentos utilizados.
      ** A periodicidade dos exames varia conforme o medicamento.

      Para azatioprina: solicitar hemograma e dosagem de plaquetas, testes de função hepática – fosfatase alcalina
      – AST/TGO e ALT/TGP (quinzenalmente até o terceiro mês e, após, mensalmente)

      3.1	 Apresentou leucócitos < 4.000/mm3 ou plaquetas < 150.000/mm3?
      	 não g Dispensar
      	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (o medicamento deve ser suspenso ou ter 	
      	    a dose reduzida)

      Para metotrexato: solicitar provas de função hepática (TGO, TGP), hemograma, dosagem de plaquetas, ureia
      e creatinina antes do início do tratamento e mensalmente nos primeiros 6 meses e, após, a cada 2-3 meses
      durante seu uso ou conforme necessidade clínica

      3.2 	Houve elevação de transaminases (2 vezes o valor do limite superior de referência)?
      	 não g Dispensar
      	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (o medicamento deve ser suspenso por 2 	
      	    semanas, e o paciente, então, reavalido com novo exame)

      3.3 	Apresentou leucopenia ou plaquetopenia?
      	 não g Dispensar
      	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (o medicamento deve ter a dose reduzida)

      3.4 	Apresentou úlceras orais ou estomatite?
       	 não g Dispensar
      	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (o medicamento deve ter a dose reduzida)

      3.5 	Apresentou tosse ou dispneia?
      	 não g Dispensar
      	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (o paciente deve ser avaliado com Rx
      	    de tórax e testes de função pulmonar devido ao potencial risco de pneumonite)




176
Dermatomiosite e Polimiosite


3.6 	Apresentou náuseas e vômitos?
	 não g Dispensar
    	 g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose do medicamento pode ser
     sim
    reduzida ou aumentada; ácido fólico ou de antiemético pode ser prescrito). Orientar a utilização do
    medicamento junto às refeições para tentar diminuir estes sintomas.

Para ciclosporina: monitorizar pressão arterial e creatinina antes do início do tratamento e repetir a
cada 2 semanas nos primeiros 3 meses de tratamento e, após, mensalmente, se o paciente estiver
clinicamente estável; perfil lipídico e eletrólitos devem ser avaliados periodicamente

3.7 	Desenvolveu hipertensão ao longo do tratamento?
	 não g Dispensar
	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose deve ser reduzida de 	
	    25% – 50%; persistindo a hipertensão, o tratamento deve ser descontinuado)

3.8 	Houve alteração significativa da creatinina, do perfil lipídico ou dos eletrólitos?
	 não g Dispensar
	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose deve ser reavaliada ou
	    o medicamento descontinuado)

Para hidroxicloriquina
3.9 Realizou exame oftalmológico no início do tratamento e a cada 6-12 meses?
	 não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico
	 sim g Dispensar

3.10 Estão os valores do hemograma alterados de forma significativa?
	   não g Dispensar
	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico

3.11 Há suspeita de miopatia?
	   não g Dispensar
	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico (a dosagem de enzimas musculares CPK e
aldolase, deve ser realizada)

Para todos os medicamentos




                                                                                                            Dermatomiosite e Polimiosite
3.12 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos
Adversos)
	 não g Dispensar
	 sim g Passar para a pergunta 3.13

3.13 Necessita de avaliação do médico assistente com relação a efeito adverso?
	 não g Dispensar
	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente




                                                                                                          177
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



                                Tabela de Registro de Eventos Adversos
          Data da
                                     Evento adverso                       *Intensidade   q Conduta
         entrevista




      Observar as reações adversas já relatadas de acordo com o medicamento utilizado
      * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
      q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição,
      ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever)




178
Dermatomiosite e Polimiosite


                        TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO

                           1o mês    2o mês      3o mês      4o mês   5o mês    6o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                           7o mês    8o mês      9o mês     10o mês   11o mês   12o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                                                                                            Dermatomiosite e Polimiosite




                                                                                          179
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Guia de Orientação ao Paciente
      Azatioprina, Metotrexato, Ciclosporina, Imunoglobulina Humana e
      Hidroxicloroquina


       este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.

       seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.

              o medicamento é utilizado no tratamento de dermatomiosite e polimiosite.


      1	DOENÇA
      	 •	   Dermatomiosite e polimiosite são doenças de evolução gradual e progressiva, que causam dor
      		     e perda da força dos músculos, cansaço, dificuldade de realizar exercícios, caminhar e subir escadas.
      		     Outras manisfestações incluem dificuldade para 	 ngolir, problemas de coração e pulmões,
                                                                 e
      		     entre outros.
        •	   A dermatomiosite se diferencia da polimiosite por incluir problemas na pele, como manchas
        	    e bolinhas avermelhadas, que aparecem principalmente na área das juntas.

      2	 MEDICAMENTO
      	 •	   Este medicamento não cura a doença, porém melhora a força dos músculos, controla
      		     os problemas da pele e previne o desenvolvimento de outras complicações.

      3	 GUARDA DO MEDICAMENTO
      	 •	   Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de
      			    temperatura (cozinha e banheiro). Conserve o medicamento na embalagem original.
      	 •	   A imunoglobulina humana deve ser guardada na geladeira, mas não deve ser congelada.

      4	 ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO
      	 •	   Tome os comprimidos ou cápsulas (sem mastigar ou abrir) com ajuda de um líquido, de
      			    preferência junto às refeições.
      	 •	   Tome exatamente a dose prescrita nos dias que o médico indicou, estabelecendo um mesmo
      			    horário todos os dias.
      	 •	   Em caso de esquecimento de uma dose, tome-a assim que lembrar. Não tome a dose em dobro
      			    para compensar a que foi esquecida.
      	 •	   A imunoglobulina humana deve ser aplicada em ambiente hospitalar.

      5	 REAÇÕES DESAGRADÁVEIS
      	 •	   Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas
      			    reações desagradáveis, que variam de acordo com o medicamento, tais como dor de cabeça,
      			    náuseas, vômitos, diarreia, queda de cabelo, perda de apetite, reações alérgicas, febre,
      			    calafrios, falta de ar.
      	 •	   Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
      	 •	   Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e
      			    Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.

      6	 PARA MULHERES EM IDADE FÉRTIL
      	 •	   O metotrexato não pode ser usado durante a gravidez, pois há risco de que o bebê nasça com
      			    problemas físicos e/ou mentais. Portanto, é muito importante que a gravidez seja evitada nesse
      			    momento. Antes do início do tratamento, procure o ginecologista para o uso correto de método
      			    contraceptivo.
      	 •	   Antes de começar o tratamento, faça o teste de gravidez.


180
Dermatomiosite e Polimiosite


7	 USO DE OUTROS MEDICAMENTOS
	   •	   Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um 	
    	    profissional de saúde.

8	 PARA SEGUIR RECEBENDO O MEDICAMENTO
	   •	 Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos:
    	   - Receita médica atual
    	   - Cartão Nacional de Saúde ou RG
    	   - Exames: CPK, aldolase, DHL, AST e ALT, com intervalos de realização a critério médico.
    Além destes, de acordo com o medicamento, o farmacêutico irá indicar outros exames necessários
    para serem encaminhados nas dispensações.

9	 EM CASO DE DÚVIDA
	   •	   Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer 	
    	    atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.

10	 OUTRAS INFORMAÇÕES
    

_________________________________________________________________________________

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_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________



                         se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                                   devolva-o à farmácia do sus.


                                  Para Imunoglobulina Humana:
             levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia
                     até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira.




                                                                                                            Dermatomiosite e Polimiosite




                                                                                                          181
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas




182
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

           Distonias Focais e Espasmo Hemifacial
           Portaria SAS/MS no 376, de 10 de novembro de 2009.


     1	 	 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA
              	 ara o tratamento das distonias com toxina botulínica (TB), foi realizada pesquisa na literatura médica
              P
     com relação a dados de eficácia e segurança das diferentes apresentações da TB disponíveis no país.
              	 revisão da literatura obedeceu a uma estratégia de busca no Medline/PubMed até 01/10/2009. As
              A
     palavras-chave utilizadas foram “dystonia, torticollis, cervical dystonia, blepharospasm, hemifacial spasm,
     writer’s cramp, Meige syndrome, essential tremor, laryngeal dystonia, spasmodic dysphonia, orofacial dystonia”
     associadas à expressão “botulinum toxin”. Não foi determinado limite para o tempo abrangido pela busca,
     porém foi estabelecido um filtro para ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas/metanálises.
              	 os 90 artigos identificados, foram excluídos os estudos metodologicamente inadequados ou com
              D
     tamanho amostral muito reduzido, sendo selecionados 5 revisões sistemáticas/metanálises e 18 ensaios
     clínicos.

     2	 	INTRODUÇÃO
             	 istonia é uma disfunção neurológica caracterizada pela contração involuntária e sustentada de
             D
     um músculo isolado ou de um grupo muscular1, podendo ser primária (idiopática) ou secundária a outras
     doenças. As distonias podem causar movimentos e posturas anormais, que podem ser incapacitantes e,
     frequentemente, dolorosos1. Entretanto, nem toda contração muscular involuntária constitui uma distonia.
     Cãibras, tremor, espasticidade e outros movimentos involuntários, como coreia, não são considerados
     distonias.
             	 incidência das formas focais é estimada em 2 novos casos por milhão de habitantes por ano,
             A
     resultando em uma prevalência de 29,5 casos por 100.000 habitantes1,2. Estas taxas são maiores do que as
     de outras doenças neurológicas bem conhecidas, tais como doença do neurônio motor, miastenia gravis ou
     doença de Huntington.
             	 s distonias, grupo heterogêneo de desordens, podem ser assim classificadas:
             A
             •	 pela idade de início (precoces e tardias);
             •	 pela etiologia (primárias ou secundárias);
             •	 pela distribuição corporal do comprometimento.
             	 De acordo com a distribuição corporal, as distonias podem ser classificadas em1,2:
             •	 focais, envolvendo músculos de uma região limitada do corpo (por exemplo, a face);
             •	 segmentares, envolvendo grupos musculares contíguos (por exemplo, membro superior e ombro);
             •	 hemidistônicas, afetando os membros do mesmo lado do corpo;
             •	 multifocais, envolvendo segmentos corporais não contíguos;
             •	 generalizadas, envolvendo uma perna e o tronco ou ambas as pernas e qualquer outro segmento
             	 do corpo.
             O tratamento das distonias é essencialmente sintomático e se baseia no alívio das contrações
     musculares, revertendo os movimentos e as posturas anormais e a dor associada e prevenindo contraturas
     e deformidades. A toxina botulínica tipo A (TBA) representa uma opção terapêutica reconhecida, sendo
     considerada o tratamento de escolha para a maioria das distonias focais e segmentares.




Consultores: Mariana Peixoto Socal, Carlos Roberto de Mello Rieder, Thaís Lampert Monte, Bárbara Corrêa Krug
e Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                         183
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      3	 	 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à
      	   	 saúde (CID-10)
              •	 G24.0 Distonia induzida por drogas
              •	 G24.1 Distonia familiar idiopática
              •	 G24.2 Distonia não familiar idiopática
              •	 G24.3 Torcicolo espasmódico
              •	 G24.4 Distonia orofacial idiopática
              •	 G24.5 Blefaroespasmo
              •	 G24.8 Outras distonias
              •	 G51.8 Espasmo hemifacial

      4 		 DIAGNÓSTICO
               As distonias focais têm diagnóstico sindrômico, baseado, portanto, nos achados clínicos, não havendo
      exames laboratoriais ou de imagem específicos. Podem ser manifestações de outras doenças neurológicas,
      sendo a identificação de possíveis causas secundárias uma rotina na assistência aos pacientes. As características
      clínicas que constituem os critérios diagnósticos para as distonias focais passíveis de tratamento com TB estão
      descritas abaixo.

              4.1 DISTONIAS CRANIOFACIAIS E ESPASMO HEMIFACIAL

               Blefaroespasmo
               Blefaroespasmo é a contração espasmódica involuntária e bilateral do músculo orbicular dos olhos que
      causa fechamento ocular forçado, intermitente ou sustentado. Contrações da musculatura frontal e músculos
      médios e inferiores da face podem ocorrer concomitantemente na chamada síndrome de Meige3. Os primeiros
      sintomas costumam ser sensação de irritação ocular ou hipersensibilidade à luz, ocasionando aumento da
      frequência do piscamento, cuja intensidade aumenta gradualmente até tornar-se uma contratura espasmódica,
      dificultando a abertura ocular. Em alguns casos, pode haver grande prejuízo de visão (cegueira funcional) devido
      aos espasmos, sendo necessária ajuda para a realização das atividades habituais4,5.

               	 spasmo hemifacial
               E
               Espasmo hemifacial é um dos mais comuns distúrbios do movimento craniofacial e consiste em
      movimentos involuntários tônicos ou clônicos, irregulares, dos músculos de um só lado da face (orbicular dos
      olhos, frontal, risório, zigomático maior), além do platisma. O espasmo hemifacial caracteriza-se por espasmos
      musculares frequentemente associados à compressão do nervo facial por estruturas vasculares na saída do
      tronco cerebral6.

               D
               	 istonia oromandibular
               Distonia oromandibular caracteriza-se por contrações espasmódicas da musculatura mastigatória
      (temporal e masseter), facial inferior (orbicular da boca, complexo submentoniano, pterigóideos lateral e medial),
      lingual, labial e, esporadicamente, cervical (platisma). Os espasmos causam dificuldade para abrir ou fechar a
      boca devido ao desvio lateral da mandíbula, trismo ou bruxismo e desvio lateral ou superior ou protrusão da
      língua2,7. Desta forma, dificultam a mastigação, a deglutição e a articulação das palavras e causam limitação
      funcional e embaraço social para muitos pacientes8.

              4.2 DISTONIA LARÍNGEA OU DISFONIA ESPASMÓDICA
               Distonia laríngea é uma forma de distonia focal que compromete os músculos da prega vocal, da laringe
      e da faringe envolvidos no processo de vocalização, podendo estar associada à distonia de outros músculos
      faciais. Existem duas formas de distonia laríngea: adutora e abdutora.
               Na distonia adutora, ocorre adução exagerada e irregular da prega vocal, que determina um padrão de
      voz cansado, com timbre metálico, áspero, tensoestrangulado, do tipo sufocado, com início e término abruptos
      (voz entrecortada), devido a quebras curtas na fonação. A fala tem redução da maciez e se torna menos
      compreensível, embora o canto seja usualmente menos afetado do que a fala propriamente dita, exceto nos
      casos severos.

184
Distonias Focais e Espasmo Hemifacial


         Na distonia abdutora (forma menos frequente), ocorre contração sustentada dos músculos
cricoaritenóideos posteriores, com abdução exagerada da prega vocal. A voz fica reduzida em volume,
assoprada ou sussurrada, resultando em segmentos afônicos e dificultando a compreensão9,10.

         4.3 DISTONIA CERVICAL OU TORCICOLO ESPASMÓDICO
         Distonia cervical é o tipo mais comum de distonia focal. Caracteriza-se por contração
involuntária de músculos da região cervical, de forma assimétrica, ocasionando alterações da postura
cefálica, tais como desvio lateral, para frente, para trás, rotação ou ainda uma combinação destes
movimentos. Além disso, é comum a variação na intensidade dos espasmos, que costumam piorar
durante períodos de estresse e de cansaço e melhorar com o repouso ou quando em decúbito dorsal.
Dor é uma manifestação comum das distonias cervicais, estando presente em cerca de dois terços dos
pacientes2,11,12.
         	 distonia cervical classifica-se em:
         A
         •	 tipo I - cabeça rotada para um lado com elevação do ombro ipsilateral;
         •	 tipo II - cabeça rotada para um lado;
         •	 tipo III - cabeça inclinada para um lado com elevação do ombro ipsilateral;
         •	 tipo IV - cabeça inclinada para trás.

         	 .4 DISTONIA DE MEMBRO
         4
         	 este tipo de distonia focal, também conhecido como cãibra do escrivão, ocupacional ou de
         N
tarefa, ocorre uma excessiva contração simultânea de músculos antagonistas do antebraço apenas
durante um ato específico, em geral o de escrever. Normalmente, costuma permanecer restrita ao
membro que está sendo utilizado, afetando mais frequentemente o grupo de músculos flexores do
antebraço13, mas o compartimento extensor também pode estar envolvido. Evolução do quadro pode
ocorrer, com as contrações musculares sendo desencadeadas pela realização de outros movimentos
ou surgindo mesmo durante o repouso. É possível que este distúrbio seja consequência da atividade
repetitiva do membro em indivíduos geneticamente predispostos14.

5 	CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
        Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem uma das formas
abaixo, de acordo com os critérios diagnósticos:




                                                                                                         Distonias Focais e Espasmo Hemifacial
        •	 blefaroespasmo;
        •	 distonia laríngea;
        •	 espasmo hemifacial;
        •	 distonia cervical;
        •	 distonia oromandibular;
        •	 cãibra do escrivão.

6 	CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
       	 erão excluídos deste protocolo de tratamento pacientes que apresentarem pelo menos uma
       S
das condições abaixo:
       •	 gravidez ou amamentação;
       •	 hipersensibilidade à TB ou a um de seus componentes;
       •	 doença neuromuscular associada (por exemplo, doenças do neurônio motor, miastenia
           gravis);
       •	 uso concomitante de potencializadores do bloqueio neuromuscular (por exemplo,
           aminoglicosídios);
       •	 presença provável de anticorpos contra a TB, definida por perda de resposta terapêutica,
       	 após um determinado número de aplicações, em paciente com melhora inicial;
       •	 perda definitiva de amplitude articular por anquilose ou retração tendínea.




                                                                                                       185
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      7	 	 TRATAMENTO

               	 .1 FÁRMACO
               7
               	 B é uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Seu principal mecanismo de ação
               T
      é o bloqueio da liberação de acetilcolina, o principal neurotransmissor da placa motora. Provoca interrupção
      da transmissão neuronal com consequente bloqueio neuromuscular e, por este motivo, é usada em condições
      que se caracterizam por atividade muscular exagerada, como é o caso das distonias. Após injeção local, a TBA
      difunde-se pelos músculos e outros tecidos. Seu efeito concentra-se próximo ao ponto de aplicação e diminui
      com o aumento da distância com relação a esse ponto. Difusão para músculos vizinhos é possível, especialmente
      quando volumes elevados são utilizados, podendo ocasionar eventos adversos15.
               	 uso clínico da TBA teve início na década de 1980 e, desde então, vários estudos, incluindo ensaios
               O
      clínicos randomizados e controlados e metanálises, têm demonstrado sua eficácia e segurança no tratamento
      das distonias focais. Este protocolo inclui apresentações comerciais da TBA que, individualmente, tiveram sua
      eficácia clínica demonstrada no tratamento das distonias focais.
               	 stão registradas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), atualmente, três apresentações
               E
      de TBA, comercializadas por três diferentes laboratórios. Neste protocolo, estas apresentações serão
      denominadas: TBA-1, TBA-2 e TBA-3.
               	 s apresentações comerciais de TBA têm formas de armazenamento, diluição e doses de administração
               A
      diferentes. São produtos biológicos com o mesmo mecanismo de ação, mas diferem em seu comportamento
      farmacocinético. O médico deverá conhecer suas similaridades e diferenças, pois não há uma razão fixa de
      equipotência entre elas. Não existem unidades-padrão internacionais, e as unidades de uma preparação não são
      intercambiáveis com as de outra, ou seja, as unidades de uma formulação de toxina são exclusivas para aquele
      produto.
               	 s doses e os pontos de aplicação são semelhantes entre as formulações de TBA-1 e TBA-316,17,
               A
      diferentemente do que ocorre com TBA-218. Até o momento, apesar da dificuldade em estabelecer um consenso
      sobre a proporção mais adequada, a literatura internacional aceita uma proporção de 1:3 ou 1:4 entre a TBA-1 e
      a TBA-219-22.
               Um ensaio clínico randomizado e cruzado, realizado no Brasil, avaliando a eficácia e a tolerabilidade da
      TBA-3 em comparação com as da TBA-1 no tratamento do blefaroespasmo e do espasmo hemifacial, demonstrou
      terem ambas eficácia e segurança equivalentes: quando administradas em doses e pontos de aplicação idênticos,
      apresentaram os mesmos resultados quanto à melhora subjetiva global, ao tempo para início de resposta, à
      duração da eficácia e à incidência e gravidade dos efeitos adversos17.
               	 s características das apresentações de TBA estão reproduzidas na Tabela 1.
               A

      Tabela 1 - Apresentações da TBA
                                                       TBA-1                         TBA-2                       TBA-3

      Forma farmacêutica                         Pó seco a vácuo              Pó liofilizado injetável   Pó liofilizado injetável
      Número de unidades/frasco                        100 U                 500 U                              100 U
                                                                     0,125 mg de albumina                  5 mg de gelatina,
                                               0,5 mg de albumina
      Composição                                                     humana e 2,5 mg de                  25 mg de dextrano e
                                             humana e 0,9 mg de NaCl
                                                                            lactose                       25 mg de sacarose
                                               ≤ 5 °C em freezer ou
      Armazenagem pré-reconstituição                                                 2 - 8 °C                   2 - 8 ºC
                                               2 - 8 °C em geladeira
      Armazenagem pós-reconstituição                  2 - 8 °C                       2 - 8 °C                   2 - 8 °C
      Tempo de validade pós-reconstituição            24 horas                       8 horas                    4 horas

              	 .2 ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO
              7
              	 m relação às técnicas de aplicação da TBA, são feitas as seguintes recomendações:
              E
              •	 a aplicação deve ser realizada por médico capacitado;
              •	 utilizar sempre solução salina sem conservantes (soro fisiológico a 0,9%) para a reconstituição;
              •	 evitar o borbulhamento ou a agitação do conteúdo do frasco durante a reconstituição e a aspiração do

186
Distonias Focais e Espasmo Hemifacial


        	    medicamento para a seringa de injeção;
        •	   indicar e modificar as injeções (doses e pontos de aplicação) de acordo com o resultado
        	    terapêutico obtido após cada aplicação;
        •	   aplicar as injeções em múltiplos pontos em cada músculo (pelo menos 2 pontos, podendo
        	    ser mais nos músculos grandes);
        •	   em adultos, recomenda-se uma dose máxima por aplicação de: TBA-1 = 360 U, TBA-2 =
        	    1.000 U e TBA-3 = 360 U, independentemente do número de músculos envolvidos e do
        	    número de pontos de aplicação nos quais será dividida;
        •	   em crianças, recomenda-se uma dose máxima, por sessão de aplicação, de 6 U/kg ou
        	    no máximo 360 U de TBA-1 ou TBA-3. A TBA-2 não foi registrada para tratamento das
        	    distonias em crianças;
        •	   administrar a TBA em todos os músculos desejados na mesma sessão de aplicação;
        •	   respeitar um intervalo mínimo de 3 meses entre as aplicações de TBA (para diminuir o risco
        	    de formação de anticorpos contra a toxina), mesmo que sejam em músculos diferentes;
        •	   considerar o uso de eletromiografia (EMG) para as aplicações de TBA. Segundo a
        	    literatura23, as taxas de melhora são semelhantes entre as aplicações guiadas ou não por
        	    EMG, concluindo que seu uso não é necessário na maioria dos pacientes. Mesmo assim,
        	    para casos especiais, quando determinados músculos não podem ser adequadamente
        	    palpados ou quando o paciente é refratário à abordagem convencional, pode-se utilizar
        	    EMG ou eletroestimulação para otimizar a administração da toxina, a critério do Centro de
        	    Referência.

       	 7.3 TRATAMENTO DOS TIPOS ESPECÍFICOS DE DISTONIA
       	
       	 Blefaroespasmo
       	 Existem vários estudos avaliando a eficácia da TB no tratamento do blefaroespasmo.
Uma revisão que analisou 55 estudos, com mais de 2.500 pacientes no total24, concluiu ser a TBA
altamente efetiva no tratamento desta condição, com uma taxa de sucesso de aproximadamente 90%
e duração média de efeito entre 2-3,5 meses. Posteriormente, uma metanálise da literatura gerou uma
recomendação com nível de evidência B (dois estudos classe II) para o tratamento do blefaroespasmo
com TB19,25.




                                                                                                            Distonias Focais e Espasmo Hemifacial
       	 Usualmente administra-se a TBA em 3-5 pontos do músculo orbicularis oculi, bilateralmente26.
Deve-se evitar a porção central da pálpebra superior, para que não ocorra a indesejada difusão para
o músculo elevador da pálpebra, com risco de ptose palpebral. Injeções centrais na pálpebra inferior
também devem ser evitadas, sendo que quanto mais próximo da borda palpebral for injetada a toxina,
maior o risco de efeitos adversos oculares20. As doses recomendadas para aplicação no músculo
orbicularis oculi encontram-se reproduzidas na Tabela 215.

Tabela 2 - Doses Recomendadas de TBA para Blefaroespasmo
                            TBA-1 e TBA-3                                        TBA-2
                                  (U)                                             (U)
 Dose por ponto                 2,5 - 5                                            20
 Dose total por olho            10 - 30                                         40 - 140

       	 e a resposta clínica inicial for inadequada, as doses podem ser aumentadas em cerca de 2
        S
a 4 vezes. Doses acima de 5 U de TBA-1 ou de TBA-3 por sítio não trazem beneficio adicional e não
deveriam ser utilizadas27,28. Em pacientes com contração concomitante da região da sobrancelha ou
dos demais músculos faciais (síndrome de Meige), injeções em pontos adicionais podem ser aplicadas
nos músculos corrugador, frontal, zigomático, risório ou platisma29,30, em doses semelhantes.

       Espasmo hemifacial
       Poucos ensaios clínicos randomizados e controlados avaliaram o uso de TBA para este
tratamento. No entanto, há evidências de que o tratamento com TBA melhora cerca de 88% dos casos24.

                                                                                                          187
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      Espasmo hemifacial é uma das condições clínicas mais frequentes em ambulatório de distúrbios do movimento,
      ocasionando desconforto e perda funcional da visão decorrente da contração da musculatura orbicular dos olhos.
      De acordo com o Assessment Subcommitee da Academia Americana de Neurologia, há uma recomendação de
      grau C para o tratamento do espasmo hemifacial com TB (1 estudo classe II e 1 estudo classe III)25.
               As injeções podem ser administradas tanto por via subcutânea quanto intramuscular. A literatura não é
      conclusiva em relação aos locais de aplicação e às doses-padrão empregadas, mas, usualmente, doses similares
      às utilizadas no blefaroespasmo são aplicadas no músculo orbicularis oculi29 e doses adicionais de 2,5-5 U
      são administradas nos demais músculos faciais, em geral no nível do malar e da musculatura zigomática31. A
      resposta clínica começa a ser observada cerca de 2 a 4 dias após as injeções e atinge um pico de ação ao fim
      da primeira semana32, e o efeito persiste por aproximadamente 16 semanas30,32,33.
      A dose total utilizada é 17,5-50 U de TBA-1 ou TBA-3 ou 50-200 U de TBA-2.

      	        Distonia oromandibular
               	 tratamento desta condição com TBA requer um detalhado conhecimento da anatomia local. Nos casos
               O
      em que há abertura da boca, os principais músculos envolvidos são os do complexo submentoniano e pterigóideo
      lateral. Quando o espasmo é de fechamento da boca, os principais músculos são o masseter, o pterigóideo
      medial (ou interno) e o temporal.
               	 tratamento com TBA, em estudos não controlados, promoveu melhora em até dois terços dos
               O
      pacientes34. As doses recomendadas para este tratamento estão reproduzidas na Tabela 327,34.

       Tabela 3 - Doses Recomendadas de TBA para Distonia Oromandibular
                                           TBA-1 ou TBA-3                                      TBA-2
                    Músculos
                                                  (U)                                           (U)
       Complexo submentoniano                  12,5 - 50                                      40 - 200
       Masseter                                 25 - 75                                       75 - 300

               	 istonia laríngea ou disfonia espasmódica
               D
               	 ntes que um paciente seja considerado candidato a injeções com TBA, o diagnóstico de distonia
               A
      laríngea deve ser confirmado por avaliação neurológica e otorrinolaringológica. Os achados clínicos devem ser
      documentados por videolaringoscopia e a administração da TBA deve ser executada pelo ou com acompanhamento
      do otorrinolaringologista.
               	 a disfonia espasmódica adutora (forma mais comum), o músculo tireoaritnóideo deve ser localizado
               N
      e injeções percutâneas de TBA devem ser realizadas através da membrana cricotireodeia, com uma dosagem
      recomendada de TBA-1 entre 4 e 10 U, de acordo com a severidade da distonia35.
               Os benefícios do tratamento com TBA verificados envolvem melhora significativa da severidade dos
      sintomas sob diversos aspectos, conforme demonstrado por vários estudos, incluindo metanálises36,37 e estudos
      de coorte38. A melhora nos parâmetros fisiológicos, acústicos e autoperceptuais foi estatisticamente significativa,
      variando a porcentagem em cada medida entre 74%-91%, embora nenhuma diferença tenha sido encontrada
      entre injeções uni ou bilaterais. A melhora da voz observada inicia após 24-72 horas da aplicação e dura cerca
      de 4 meses39. O tratamento da distonia laríngea com TB possui recomendação de grau B (1 estudo classe I)25.

               	 istonia cervical
               D
               O tratamento da distonia cervical com TBA possui recomendação de grau A (7 estudos classe I)25. O
      medicamento propicia melhora significativa da posição anormal da cabeça e da dor, quando comparado com
      placebo40,41. Cerca de 80% dos pacientes apresentam melhora do desvio postural e 76%-93% têm melhora da
      dor. A melhora clínica tende a ser observada em torno de 7 dias após a aplicação, porém, em alguns casos, pode
      levar até 4-8 semanas para aparecer42. O pico de resposta ocorre em 4 a 6 semanas e a duração de efeito é de cerca
      de 3 meses43,44. A correta seleção dos músculos envolvidos, de acordo com o tipo de distonia cervical, é o fator mais
      importante para a adequada resposta ao tratamento. As doses e os músculos estão sumarizados na Tabela 415.




188
Distonias Focais e Espasmo Hemifacial


Tabela 4 - Doses Recomendadas de TBA para Distonia Cervical
                                                 Pontos de   TBA-1 ou TBA-3                TBA-2
             Tipos              Músculos
                                                 aplicação        (U)                       (U)
                         Esternocleidomastóideo   mínimo 2      50 - 100                 150 - 400
 Tipo I - cabeça rotada
                          Elevador da escápula      1-2            50                        200
 para um lado com
                            Escaleno mínimo           2         25 - 50                   75 - 200
 elevação do ombro
                                Esplênio            1-3         25 - 75                   75 - 300
 ipsilateral
                                Trapézio            1-8         25 - 100                  75 - 400
 Tipo II - cabeça rotada                          mínimo 2
                         Esternocleidomastóideo                 25 - 100                  75 - 400
 para um lado                                   se dose > 25
 Tipo III - cabeça       Esternocleidomastóideo   mínimo 2      25 - 100                  75 - 400
 inclinada para um lado   Elevador da escápula    mínimo 2      25 - 100                  75 - 400
 com elevação do ombro          Escaleno          mínimo 2      25 - 75                   75 - 300
 ipsilateral                    Trapézio            1-8         25 - 100                  75 - 400
 Tipo IV - cabeça           Esplênio bilateral      2-8         50 - 200                 150 - 800
 inclinada para trás            Trapézio            1-8         25 - 100                  75 - 400

        Cãibra do escrivão
        	 rês ensaios clínicos demonstraram melhora significativa da postura ou da dor associada em
         T
pelo menos uma das aplicações45-47, determinando uma recomendação de grau B para o uso da TBA
no tratamento desta condição (1 estudo classe I e 3 estudos classe III)25. A resposta clínica inicia,
aproximadamente, 1 semana após a injeção, com efeito máximo em 2 semanas e duração de cerca
de 3 meses. No entanto, apesar do benefício inicial, somente um terço dos pacientes permanece em
tratamento continuado por mais de 2 anos48. Pacientes do sexo feminino e aqueles com punho em flexão
têm melhor prognóstico, enquanto os com tremor distônico associado apresentam resposta pobre13.
Não há estudos comparativos entre a TBA-1 e a TBA-2 para esta distonia. As doses recomendadas
para o tratamento estão apresentadas na Tabela 515.

Tabela 5 - Doses Recomendadas de TBA para Cãibra do Escrivão

                Músculos                   TBA-1 ou TBA-3                      TBA-2
                                                (U)                             (U)




                                                                                                           Distonias Focais e Espasmo Hemifacial
 Flexor profundo dos dedos
                                                20 - 40                       60 - 120
 Flexor ulnar do carpo
 Flexor superficial dos dedos
                                                25 - 50                       75 - 150
 Flexor radial do carpo
 Flexor longo do polegar
                                                10 - 20                       30 - 50
 Extensor longo do polegar
 Pronador redondo                               20 - 30                       60 - 100
 Lumbricais/extensor do dedo índice              5 - 10                       15 - 30
 Extensor comum dos dedos                       15 - 25                       50 - 75
         	 .4 TEMPO DE TRATAMENTO
         7
         	 tempo é indeterminado, devendo o tratamento ser mantido enquanto o paciente apresentar
         O
resposta terapêutica e não houver nenhum dos critérios de exclusão. As aplicações devem ocorrer
em intervalos de pelo menos 3 meses. Será considerada falha terapêutica o fato de os pacientes não
obterem os benefícios esperados com o tratamento ou apresentarem efeitos adversos graves ou que
interfiram em suas atividades habituais.

       	 .5 BENEFÍCIOS ESPERADOS
       7
       	 ão há um tratamento que resulte na cura definitiva das distonias. Apenas é possível promover-
       N
se um alívio sintomático. Os principais benefícios esperados do tratamento com TBA são:
       •	 diminuição da frequência e severidade dos espasmos;
       •	 diminuição da dor ou desconforto ocasionados pelos espasmos;
       •	 melhora da atividade funcional e da qualidade de vida dos pacientes.

                                                                                                         189
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      8 		 MONITORIZAÇÃO

              	 .1 EFEITOS ADVERSOS
              8
              	 s injeções de TBA são geralmente bem toleradas, não havendo diferenças significativas entre as
              A
      apresentações comerciais com relação a seus efeitos adversos. Os mais comuns estão relacionados aos locais
      de injeção ou à fraqueza excessiva dos músculos injetados, a qual, em geral, é transitória, porém pode ter
      variados graus de intensidade28,33. Seu uso repetido pode causar fraqueza e atrofia dos músculos estriados28,49.
              	 feitos adversos sistêmicos são raros e consistem de um quadro semelhante ao viral, que é transitório,
              E
      mas pode persistir por algumas semanas. Injeções intravasculares acidentais podem ocasionar fraqueza
      muscular generalizada44. Abaixo estão arrolados alguns dos principais efeitos adversos da TBA:
              •	 relacionados aos locais de injeção − sensação dolorosa e equimoses ou hematomas locais;
              •	 relacionados aos músculos periorbitais – os mais comuns são lacrimejamento, fotofobia e irritação
              	 ocular. Pode ocorrer fraqueza muscular excessiva, que impossibilita o fechamento ou a abertura dos
              	 olhos. Cerca de 10% dos pacientes desenvolvem ptose palpebral, a qual melhora espontaneamente
              	 em menos de 2 semanas33. Outras complicações incluem visão turva, equimoses locais, exotropia
              	 ou endotropia (estrabismo) e diplopia. Alguns pacientes relatam redução acentuada do piscamento,
              	 provocando olho seco e queratite;
              •	 relacionados aos músculos cervicais – disfagia é o efeito adverso mais comum50. Parece haver relação
              	 entre o surgimento de disfagia e a difusão de TBA, seja pela aplicação de altas doses, seja pelos
              	 músculos injetados. Boca seca, paralisia da prega vocal e fraqueza da musculatura cervical também
              	 podem ocorrer. Comprometimento respiratório é um evento adverso grave possível em razão de as
              	 injeções serem aplicadas na região cervical, em torno da boca e nas cordas vocais. Pneumotórax é
              	 uma complicação rara, potencialmente grave, que pode ocorrer por penetração pleural, ao serem
              	 aplicadas injeções cervicais baixas ou na região dorsal.

              	 .2 CONTRAINDICAÇÕES
              8
             	 ntre as contraindicações à TB, incluem-se hipersensibilidade a ela ou a um de seus componentes,
              E
      diagnóstico de miastenia gravis ou doenças do neurônio motor. Deve-se evitar a utilização em mulheres grávidas
      que estejam amamentando, assim como em pacientes em uso de aminoglicosídios e outros potencializadores
      do bloqueio neuromuscular. Não se deve administrar TB a pacientes com infecção local na área a ser injetada.
      Cuidados especiais devem ser tomados nos pacientes com coagulopatia ou em uso de anticoagulantes.

              	 .3 DESENVOLVIMENTO DE ANTICORPOS CONTRA TBA
              8
              	 mbora a maioria dos pacientes continue a responder às injeções de TBA, alguns se tornam menos
               E
      responsivos ao longo do tempo, ou até mesmo refratários ao tratamento. Ainda que problemas técnicos, tais como
      local de aplicação ou dose insuficiente, possam justificar a perda do benefício da resposta, é frequente, entre os
      médicos aplicadores, atribuir-se o fracasso terapêutico ao desenvolvimento de anticorpos neutralizantes para a
      TBA. Não existem dados comparando a probabilidade de desenvolver anticorpos anti-TBA entre as diferentes
      preparações de TBA comercialmente disponíveis. Desta forma, a melhor estratégia para evitar a formação de
      anticorpos neutralizantes da TBA ainda é buscar sempre a menor dose e o maior intervalo interdoses possível,
      independentemente da apresentação comercial que estiver em uso.

      9 		 COMITÊ DE ESPECIALISTAS
               O Comitê de Especialistas tem por objetivo assessorar o gestor estadual na avaliação dos casos
      especiais relacionados ao tratamento com TBA. Deve ser constituído por, no mínimo, dois médicos especialistas
      em Neurologia/Neurocirurgia e estar inserido no Centro de Referência em Distonias. Quando não for possível
      ou a critério do gestor, deve contar com profissionais vinculados a instituições de excelência no ensino médico,
      credenciadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).




190
Distonias Focais e Espasmo Hemifacial


10 	 CENTRO DE REFERÊNCIA
         Recomenda-se a organização de Centros de Referência, a serem habilitados e cadastrados
pelo gestor estadual. Estes centros devem ser constituídos por médicos com experiência no tratamento
das distonias com TB. Os Centros de Referência permitirão viabilizar uma estrutura de apoio para
o sistema de saúde através do atendimento de rotina para pacientes com distonia (aplicações da
toxina, reavaliações, etc.) e da avaliação de pacientes que já estejam em tratamento externo e que
forem considerados “casos complexos” (seja por dificuldades diagnósticas, por prescrição de doses
altas da TBA, seja por periodicidade menor do que a recomendada ou, ainda, por falha terapêutica ou
ocorrência de efeitos adversos).
         A experiência com a criação de Centros de Referência em Distonias e com a implantação dos
protocolos clínicos do Ministério da Saúde para o tratamento com TBA demonstrou, ao longo dos anos,
redução significativa nos gastos públicos com o tratamento, além de propiciar uma comunicação ativa
e informativa entre a classe médica, contribuindo para o uso racional de medicamentos51.

11 	 ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO
        Como o tempo de tratamento é indeterminado e o intervalo de aplicação depende do tipo de
distonia e da resposta do paciente, o acompanhamento pós-tratamento deve ocorrer a cada aplicação,
podendo o paciente ter, ou não, a aplicação subsequente, conforme o item Monitorização.

12 	 REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR
       Casos específicos para os quais a dose prescrita é maior do que a recomendada ou a dose é
menor do que o equivalente a um frasco-ampola, devem ser encaminhados para avaliação e aplicação
no Centro de Referência.

13 	 TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE – TER
        É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal sobre potenciais riscos,
benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo.
O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência
Farmacêutica.

14 	 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS




                                                                                                                                  Distonias Focais e Espasmo Hemifacial
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                                                                                                                            Distonias Focais e Espasmo Hemifacial




                                                                                                                          193
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
      Toxina Botulínica Tipo A


               Eu, ______________________________________________________ (nome                 do(a)   paciente),
       declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos
       adversos relacionados ao uso de toxina botulínica tipo A, indicada para o tratamento de distonias focais e
       espasmo hemifacial.
               Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
       _______________________________________________(nome                   do     médico    que     prescreve).
               Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode
       trazer as seguintes melhoras:
               •	 diminuição da frequência e intensidade dos espasmos (contração involuntária do músculo);
               •	 diminuição da dor ou desconforto ocasionados pelas contrações;
               •	 melhora da atividade funcional e da qualidade de vida.
               Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos
       adversos e riscos do uso deste medicamento:
               •	 os riscos na gravidez ainda não são bem conhecidos; portanto, caso engravide, devo avisar
                   imediatamente o médico;
               •	 o principal efeito desagradável é dor no local de aplicação da injeção;
               •	 os efeitos adversos variam de acordo com o local de aplicação; os mais relatados nas distonias
                   cervicais são tontura, fraqueza geral, cansaço, sonolência, mal-estar geral, dificuldade para
                   engolir, náuseas, boca seca, dor de cabeça, irritabilidade; no blefaroespasmo (espasmo de
                   pálpebra) e no espasmo hemifacial, são irritação nos olhos, lacrimejamento, relaxamento e
                   inchaço da pálpebra, visão turva e tonturas.
               Conforme a marca comercial utilizada, a dose da toxina botulínica pode ser ajustada e devo procurar
       orientação do médico ou farmacêutico em caso de dúvida.
               Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me
       a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que
       continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
               Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao
       meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato.
                 m
                
        Local:                                       Data:
        Nome do paciente:
        Cartão Nacional de Saúde:
        Nome do responsável legal:
        Documento de identificação do responsável legal:

                                         _____________________________________
                                         Assinatura do paciente ou do responsável legal
       Médico responsável:                                                    CRM:                UF:

                                                ___________________________
                                                 Assinatura e carimbo do médico
                                                  Data:____________________
       Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
       Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada
       na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.


194
Distonias Focais e Espasmo Hemifacial




                                          Distonias Focais e Espasmo Hemifacial




                                        195
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Fluxograma de Tratamento
      Distonias Focais e Espasmo Hemifacial
                                                    Fluxograma de Tratamento
                                              Distonias Focais e Espasmo Hemifacial
                                                      Toxina Botulínica (TBA)



                       Paciente com diagnóstico de
                    distonias ou espasmos hemifaciais
                                                                                               Diagnóstico: clínico



                                                                                               Critérios de inclusão:
                                                                                               Diagnóstico de:
                              Possui critérios de                                              ✓ blefaroespasmo ou
                                                                                               ✓ distonia laríngea ou
                                 inclusão para
                                                                                               ✓ espasmo hemifacial ou
              Não           tratamento com TBA?                Sim                             ✓ distonia cervical ou
                                                                                               ✓ distonia oromandibular ou
                                                                                               ✓ cãibra do escrivão


           Exclusão                                                                                          ✓ diminuição da
                                                       Possui algum critério
           do PCDT               Sim                                                                           frequência e
                                                          de exclusão?                                         severidade dos
                                                                                                               espasmos
                                                                                         Não                 ✓ diminuição da dor
                                                                                                               ou desconforto
                                                                                                               ocasionados
                              Exclusão                                                                         pelos espasmos
                                                                                  Tratamento com
                              do PCDT                                                                        ✓ melhora da
                                                                                        TBA                    atividade
                                                                                                               funcional e da
                                                                                                               qualidade de vida
                                                                                                               dos pacientes


                                                                                  Houve resposta
                                                                                   terapêutica?
                                                                            Sim                               Não
           Critérios de exclusão:
           ✓ doença neuromuscular associada
           ✓ uso concomitante de potencializadores
             do bloqueio neuromuscular                             Manter o tratamento.
           ✓ perda definitiva de amplitude articular              Respeitar o intervalo de        Ajustar a dose. Reaplicar
             por anquilose ou retração tendínea                     aplicação de, pelo             em 3 meses e reavaliar
           ✓ hipersensiblidade a TBA ou a um de                     menos, 3 meses.               os pontos de aplicação.
             seus componentes
           ✓ gravidez ou amamentação




                                                                             Não houve resposta
                                                                           terapêutica ou provável
                                                            Não            presença de anticorpos                 Sim
                                                                            contra TBA ou efeitos
                                                                              adversos graves?              Suspender o
                                                                                                            uso de TBA.




196
Distonias Focais e Espasmo Hemifacial



Fluxograma de Dispensação de Toxina Botulínica
Distonias Focais e Espasmo Hemifacial



     Portaria SAS/MS n 389, de 19 de setembro de 2001.

                       Paciente solicita o
                        medicamento.                                           CID-10: G24.0, G24.1,G24.2,
                                                                               G24.3, G24.4, G24.5, G24.8, G51.8
                                                                               Exame; ß-HCG (para mulheres em
                                                                               idade fértil)
                                                                               Dose: de acordo com o músculo,
                                                                               vide PCDT
                   Possui LME corretamente
     Não             preenchido e demais              Sim
                    documentos exigidos?


  Orientar o                            CID-10, exame e dose estão de
  paciente                  Não         acordo com o preconizado pelo                 Sim
                                                   PCDT?

                                                                              Realizar entrevista
                     Encaminhar o                                         farmacoterapêutica inicial
                      paciente ao                                            com o farmacêutico.
                    médico assistente


                                                                                     Processo
                                                                    Não                                Sim
                                                                                     deferido?


                                                              Não dispensar e                      Orientar o
                                                            justificar ao paciente                 paciente




                                                                                                                     Distonias Focais e Espasmo Hemifacial
                                                                  Dispensação pelo menos a cada
                                                                      3 meses de tratamento
                                                                  Entrevista farmacoterapêutica
                                                                        de monitorização




                                             Paciente apresentou eventos
                           Sim                adversos significativos ou                  Não
                                                  falha terapêutica?



               Dispensar e solicitar parecer
                                                                                       Dispensar
                  do médico assistente




                                                                                                                   197
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Ficha Farmacoterapêutica
      Distonias Focais e Espasmo Hemifacial


      1 DADOS DO PACIENTE
      Nome: ___________________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________
      Endereço: ________________________________________________________________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________
      Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________

      2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA	
      2.1	 Qual a classificação da distonia (coletar esta informação no LME)?
           o	 Focal (envolve músculos de uma região limitada do corpo, por exemplo a face)
           o	 Segmentar (envolve grupos musculares contíguos, por exemplo membro superior e ombro)
           o 	Hemidistônica (afeta os membros do mesmo lado do corpo)
           o	 Multifocal (envolve segmentos corporais não contíguos)
           o 	Generalizada (envolve uma perna e o tronco ou ambas as pernas e qualquer outro segmento do corpo)

      2.2	 Está grávida ou amamentando? o não o sim g critério de exclusão para uso da toxina botulínica

      2.3	 Possui outras doenças diagnosticadas?
           o 	não
           o 	sim gQuais?________________________________________________________________________
           (se miastenia gravis ou doença do neurônio motor g critério de exclusão para uso da toxina botulínica:
           reavaliar solicitação do medicamento)

      2.4	 Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais?
        Nome comercial        Nome genérico       Dose total/dia e via                Data de início    Prescrito
                                                                                                       o não o sim
                                                                                                       o não o sim
                                                                                                       o não o sim
                                                                                                       o não o sim
      * Interação potencial da toxina botulínica com aminoglicosídios e anticoagulantes

      2.5	 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos?
           o não
           o sim g Quais? A que medicamentos?______________________________________________________

      3 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO
      3.1	 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos)
           não g Dispensar
           sim g Passar para a pergunta 3.2

      3.2 	 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
            não g Dispensar
            sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente

198
Distonias Focais e Espasmo Hemifacial


                       TABELA DE REGISTRO DE EVENTOS ADVERSOS

    Data da
                             Evento adverso                     *Intensidade         q Conduta
   entrevista




Principais reações adversas já relatadas: variam de acordo com o local de aplicação. Nas distonias
cervicais, são tontura, fraqueza, cansaço, mal-estar, sonolência, dificuldade para engolir, náuseas,
boca seca, dor de cabeça e irritabilidade. No blefaroespasmo e espasmo hemifacial, são irritação nos
olhos, secura dos olhos, visão dupla e turva, lacrimejamento, relaxamento e inchaço da pálpebra,
tonturas e fotofobia.
* Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
q Conduta do paciente para resolução do evento apresentado




                                                                                                         Distonias Focais e Espasmo Hemifacial
                          TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO*

                           1a dispensação      2a dispensação       3a dispensação   4a dispensação
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação:
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




*	As aplicações devem ocorrer em intervalos de pelo menos 3 meses. A dispensação, portanto, deve
  ser pelo menos trimestral.




                                                                                                       199
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Guia de Orientação ao Paciente
      Toxina Botulínica


             este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.

             seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.

               o medicamento é utilizado no tratamento de distonias focais e espasmo hemifacial.


      1 	DOENÇA
        •	    É um problema neurolólogico que leva a uma contração involuntária de um determinado músculo ou de
              um grupo muscular. Pode ser incapacitante e dolorosa.

      2 	MEDICAMENTO
        •	    A toxina botulínica tem 3 apresentações comerciais com características diferenciadas, mudando,
              inclusive, a dose a ser utilizada.
        •	    Este medicamento não cura a doença, mas melhora a qualidade de vida, com diminuição da contração
              dos músculos, do desconforto e da dor que a doença provoca.

      3 	GUARDA DO MEDICAMENTO
        •	    Guarde o medicamento na geladeira, mas não há necessidade de ser congelado.
        •	    Mantenha o medicamento fora do alcance de crianças.

      4 	ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO
        •	    Este medicamento deve ser aplicado pelo médico especialista em ambiente hospitalar.

      5 	REAÇÕES DESAGRADÁVEIS
        •	    Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações
              desagradáveis, que geralmente não ocasionam muito desconforto. Entre elas incluem-se tontura,
              fraqueza, cansaço, mal-estar, dificuldade para engolir, náuseas, boca seca, secura e irritação nos olhos,
              visão dupla e turva, lacrimejamentos, sensibilidade à luz.
        •	    Podem ocorrer dor nos pontos de aplicação e formação de manchas roxas.
        •	    Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
        •	    Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade,
              documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.

      6 	USO DE OUTROS MEDICAMENTOS
        •	    Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional
              de saúde. Pode ser perigoso à saúde.

      7 	OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES
        •	    Em caso de gravidez durante o tratamento, procure o médico imediatamente.
        •	    Não indique ou forneça o medicamento para qualquer outra pessoa.

      8 	PARA SEGUIR RECEBENDO O MEDICAMENTO
        •	     Retorne à farmácia pelo menos a cada 3 meses, com os seguintes documentos:
             	 - Receita médica atual
             	 - Cartão Nacional de Saúde ou RG




200
Distonias Focais e Espasmo Hemifacial


9 	EM CASO DE DÚVIDA
   •	   Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer
        atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.

10 OUTRAS INFORMAÇÕES
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            levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia

                    até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira.

                       se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                                 devolva-o à farmácia do sus.




                                                                                                         Distonias Focais e Espasmo Hemifacial




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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas




202
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

          Doença Celíaca
          Portaria SAS/MS no 307, de 17 de setembro de 2009. (Republicada em 26.05.10)


     1	 Introdução
              A doença celíaca (DC) é autoimune1, sendo causada pela intolerância permanente ao glúten, principal
     fração proteica presente no trigo, no centeio, na cevada e na aveia, e se expressa por enteropatia mediada
     por linfócitos T em indivíduos geneticamente predispostos.
              Estudos de prevalência da DC têm demonstrado que ela é mais frequente do que se pensava2-15, mas
     continua sendo subestimada. A falta de informação sobre a DC e a dificuldade para o diagnóstico prejudicam
     a adesão ao tratamento e limitam as possibilidades de melhora do quadro clínico. Outra particularidade é o
     fato de a DC predominar em indivíduos faiodérmicos, embora existam relatos de sua ocorrência em indivíduos
     melanodérmicos. Pesquisas revelam que a doença atinge pessoas de todas as idades, mas compromete
     principalmente crianças de 6 meses a 5 anos de idade. Foi também observada frequência maior em pacientes
     do sexo feminino, na proporção de duas mulheres para cada homem. O caráter hereditário da doença torna
     imprescindível que parentes em primeiro grau de celíacos se submetam ao teste para sua detecção.
              Três formas de apresentação clínica da DC são reconhecidas: clássica ou típica, não clássica ou
     atípica e assintomática ou silenciosa16,17.

             •	 Forma clássica ou típica
             Caracteriza-se pela presença de diarreia crônica, em geral acompanhada de distensão abdominal
     e perda de peso. Os pacientes também podem apresentar diminuição do tecido celular subcutâneo, atrofia
     da musculatura glútea, falta de apetite, alteração de humor (irritabilidade ou apatia), vômitos e anemia. Esta
     forma clínica pode ter evolução grave, conhecida como crise celíaca, que ocorre quando há retardo no
     diagnóstico e na instituição de tratamento adequado, particularmente entre o primeiro e o segundo anos de
     vida, sendo frequentemente desencadeada por infecção. Esta complicação potencialmente fatal se caracteriza
     pela presença de diarreia com desidratação hipotônica grave, distensão abdominal por hipopotassemia e
     desnutrição grave, além de outras manifestações, como hemorragia e tetania.

              •	 Forma não clássica ou atípica
              Caracteriza-se por quadro mono ou oligossintomático, em que as manifestações digestivas estão
     ausentes ou, quando presentes, ocupam um segundo plano. Os pacientes podem apresentar manifestações
     isoladas, como, por exemplo, baixa estatura, anemia por deficiência de ferro refratária à reposição de ferro
     por via oral, anemia por deficiência de folato e vitamina B12, osteoporose, hipoplasia do esmalte dentário,
     artralgias ou artrites, constipação intestinal refratária ao tratamento, atraso puberal, irregularidade do ciclo
     menstrual, esterilidade, abortos de repetição, ataxia, epilepsia (isolada ou associada à calcificação cerebral),
     neuropatia periférica, miopatia, manifestações psiquiátricas (depressão, autismo, esquizofrenia), úlcera
     aftosa recorrente, elevação das enzimas hepáticas sem causa aparente, adinamia, perda de peso sem causa
     aparente, edema de surgimento abrupto após infecção ou cirurgia e dispepsia não ulcerosa.

           •	 Forma assintomática ou silenciosa
           Caracteriza-se por alterações sorológicas e histológicas da mucosa do intestino delgado compatíveis
     com DC, na ausência de manifestações clínicas. Esta situação pode ser comprovada especialmente entre



Consultores: Helena Pimentel, Lídia Ruth Marques Silveira, Maria Inez Pordeus Gadelha,
Maria Lúcia Barcellos Pereira e Paula Regla Vargas
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                        203
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      grupos de risco para a DC, como, por exemplo, parentes em primeiro grau de pacientes celíacos, e vem
      sendo reconhecida com maior frequência nas últimas duas décadas, após o desenvolvimento dos marcadores
      sorológicos para a doença.
               A dermatite herpetiforme, considerada DC da pele, que se apresenta com lesões cutâneas do tipo bolhoso
      e intensamente pruriginoso, se relaciona também com intolerância permanente ao glúten.
       
      2	 	 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à
      	 	 saúde (CID-10)
      	       •	 K90.0 Doença celíaca
       
      3	 Critérios de inclusão
               Serão incluídos neste protocolo os pacientes que apresentarem as condições abaixo:
      	       •	 sintomas ou sinais das formas clássica e não clássica de DC;
      	       •	 indivíduos de risco, entre os quais a prevalência de DC é esperada como consideravelmente maior do
      		 que a da população geral: parentes em primeiro grau (pais e irmãos) de pacientes com DC18-21;
      	       •	 indivíduos com anemia por deficiência de ferro refratária à reposição de ferro oral22, com redução da
      		 densidade mineral óssea23-24, com atraso puberal ou baixa estatura sem causa aparente25-26;
      	       •	 indivíduos com doenças autoimunes, como diabetes melito insulinodependente27, tireoidite autoimune28,
      		 deficiência seletiva de IgA29, síndrome de Sjögren30, colestase autoimune31, miocardite autoimune32;
      	       •	 indivíduos com síndromes de Down33, com síndrome de Turner34 ou de Williams34;
      	       •	 indivíduos com infertilidade35, com história de aborto espontâneo36 ou com dermatite herpetiforme37.
       
      4	 	 Diagnóstico
               Para o diagnóstico definitivo da DC é imprescindível a realização de endoscopia digestiva alta com
      biópsia de intestino delgado, devendo-se obter no mínimo 4 fragmentos da porção mais distal do duodeno (pelo
      menos da segunda ou terceira porção) para exame histopatológico do material biopsiado, considerado o padrão-
      ouro no diagnóstico da doença34. 	
               Os marcadores sorológicos são úteis para identificar os indivíduos que deverão submeter-se à biópsia de
      intestino delgado, especialmente aqueles com ausência de sintomas gastrointestinais, com doenças associadas
      à DC e com parentes em primeiro grau assintomáticos. Estes marcadores também são úteis para acompanhar
      o tratamento do paciente celíaco, como, por exemplo, na detecção de transgressão à dieta. Os 3 principais
      testes sorológicos para detecção da intolerância ao glúten incluem as dosagens de anticorpos antigliadina,
      antiendomísio e antitransglutaminase.
               	 om relação ao anticorpo antigliadina, descrito por Haeney e cols. em 1978 e determinado pela técnica
               C
      de ELISA, deve-se considerar que a especificidade do anticorpo da classe IgA (71%-97% nos adultos e 92%-97%
      nas crianças) é maior do que a da classe IgG (50%) e que a sensibilidade é extremamente variável em ambas as
      classes38,39.
               O anticorpo antiendomísio da classe IgA, descrito por Chorzelski e cols. em 1984, baseia-se na técnica
      de imunofluorescência indireta. Apresenta alta sensibilidade (entre 88%-100% nas crianças e entre 87%-89%
      nos adultos), sendo baixa  em crianças com menos de 2 anos, e também alta especificidade (91%-100% nas
      crianças e 99% nos adultos) 38,39. No entanto, é um teste que depende da experiência do examinador, tem menor
      custo/benefício e é mais trabalhoso do que a técnica de ELISA40.
               	 om relação ao anticorpo antitransglutaminase da classe IgA, descrito por Dieterich e cols. em 1997,
               C
      e obtido pelo método de ELISA, deve-se observar que o teste apresenta altas sensibilidade (92%-100% em
      crianças e adultos) e especificidade (91%-100%)38.
               Em resumo, para detecção da intolerância ao glúten, há superioridade do anticorpo antiendomísio e
      do anticorpo antitransglutaminase, ambos da classe IgA, principalmente o anticorpo antitransglutaminase
      recombinante humana IgA, em relação ao antigliadina. Considerando a maior facilidade de dosagem do anticorpo
      antitransglutaminase, aliada a elevadas sensibilidade e especificidade na população pediátrica e adulta, este é o
      teste sorológico de escolha para avaliação inicial dos indivíduos com suspeita de intolerância ao glúten40.
               	 eve-se destacar que a deficiência de imunoglobulina A é responsável por resultados falso-negativos dos
               D
      testes sorológicos antiendomísio e antitransglutaminase da classe IgA. Por este motivo, indicam-se como testes


204
Doença Celíaca


diagnósticos iniciais as dosagens séricas simultâneas do anticorpo antitransglutaminase da classe IgA
e da imunoglobulina A. Convém enfatizar que, até o momento, os marcadores sorológicos para DC
não substituem o exame histopatológico do intestino delgado, que continua sendo o padrão-ouro para
o diagnóstico da doença. Os testes sorológicos serão considerados testes diagnósticos iniciais, por
identificarem os indivíduos a serem encaminhados à biópsia duodenal. No entanto, é de ressaltar
que há indicação de biópsia para indivíduos com sintomas ou sinais de DC, mas com marcadores
sorológicos negativos, principalmente se integrarem grupo de risco.
          Em relação à biópsia de intestino delgado, para que a interpretação histológica do fragmento
seja fidedigna, é fundamental o intercâmbio entre o médico endoscopista e o médico responsável
direto pelo doente – de preferência médico experiente em Gastroenterologia Pediátrica ou Clínica
– com o médico patologista. A orientação do fragmento de biópsia pelo endoscopista e a inclusão
correta do material em parafina pelo histotecnologista são de extrema importância para a avaliação
anatomopatológica dos fragmentos biopsiados.
          	 papel do endoscopista no diagnóstico da doença pela biópsia de intestino delgado é
          O
fundamental, e a execução da técnica deve ser impecável. Os fragmentos para biópsia poderão ser
retirados da segunda ou terceira porção do duodeno ou das porções ainda mais distais do intestino
delgado que o endoscópio consiga atingir. Deve haver cuidado com a manipulação dos fragmentos;
por se tratar de amostra muito delicada, facilmente está sujeita a se desintegrar, impossibilitando a
análise histológica. Além disso, é imprescindível que cada fragmento seja colocado, separadamente,
em papel de filtro, com o correto posicionamento (num total de 4 fragmentos em seus respectivos
papéis de filtro) dentro de um frasco com formol.
          	 lesão clássica da DC consiste em mucosa plana ou quase plana, com criptas alongadas e
          A
aumento de mitoses, epitélio superficial cuboide, com vacuolizações, borda estriada borrada, aumento
do número de linfócitos intraepiteliais e lâmina própria com denso infiltrado de linfócitos e plasmócitos.
Marsh41, em 1992, demonstrou haver uma sequência da progressão da lesão da mucosa do intestino
delgado na DC:
          •	 estágio 0 (padrão pré-infiltrativo) – com fragmento sem alterações histológicas e, portanto,
          	 considerado normal;
          •	 estágio I (padrão infiltrativo) – a arquitetura da mucosa apresenta-se normal, com aumento
          	 do infiltrado dos linfócitos intraepiteliais (LIE);
          •	 estágio II (lesão hiperplásica) – caracterizado por alargamento das criptas e aumento do
          	 número de LIEs;
          •	 estágio III (padrão destrutivo) – há presença de atrofia vilositária, hiperplasia críptica e
          	 aumento do número de LIEs;
          •	 estágio IV (padrão hipoplásico) – caracterizado por atrofia total com hipoplasia críptica,
          	 considerada forma possivelmente irreversível.
          Nos últimos anos, alguns autores têm tentado aperfeiçoar este critério, tanto na valorização do
grau de atrofia vilositária42, quanto na padronização do número de LIEs consideradas aumentadas42-45.
          	 alteração da mucosa intestinal do tipo Marsh III, que se caracteriza pela presença de atrofia
          A
vilositária, demonstra evidência de associação com a DC43,44, embora não seja lesão patognomônica
da doença. A primeira padronização do diagnóstico da DC foi proposta pela Sociedade Europeia
                                                                                                               Doença Celíaca
de Gastroenterologia Pediátrica em 196945. Este critério recomendava realizar a primeira biópsia
diagnóstica e, a seguir, 2 anos de dieta sem glúten e biópsia de controle; caso esta fosse normal,
seria necessária a instituição de dieta com glúten por 3 meses ou até o aparecimento de sintomas,
e a realização da terceira biópsia que, se mostrasse alterações compatíveis com DC, comprovaria
definitivamente a doença. Caso não houvesse alteração nesta última biópsia, o paciente deveria
permanecer em observação por vários anos, pois poderia tratar-se de erro diagnóstico ou retardo na
resposta histológica.
          	 m 1990, após a introdução dos testes sorológicos e melhor experiência com a doença, a mesma
          E
Sociedade modificou estes critérios, dispensando a provocação e a terceira biópsia na maioria dos
pacientes47. Haveria exceções quando o diagnóstico fosse estabelecido antes dos 2 anos de idade ou
quando houvesse dúvida com relação ao diagnóstico inicial, como, por exemplo, falta evidente de resposta
clínica à dieta sem glúten, não realização de biópsia inicial ou biópsia inadequada ou não típica da DC47.

                                                                                                             205
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      5	 	 Fluxo para o diagnóstico da doença celíaca
               	 a evidência de sintomas ou sinais das formas clássicas e atípicas da DC e para indivíduos de risco,
               N
      deve-se solicitar, simultaneamente, dosagem do anticorpo antitransglutaminase recombinante humana da classe
      IgA (TTG) e da imunoglobulina A (IgA). Se ambas se mostrarem normais, o acometimento dos indivíduos pela DC
      é pouco provável no momento. Entretanto, na forte suspeita de DC, deve-se encaminhar o paciente para Serviço
      de Referência em Gastroenterologia Pediátrica ou Clínica para melhor avaliação quanto à realização de biópsia
      de intestino delgado.
               	 m parente em primeiro grau acometido de DC, ou com diagnóstico de doença autoimune ou doença
               E
      não autoimune relacionada à DC, deve-se repetir a dosagem do TTG no futuro. Se a dosagem do anticorpo
      antitransglutaminase (TTG) for anormal, o indivíduo deverá ser encaminhado a serviço de Clínica Médica,
      Gastroenterologia ou Pediatria com vistas à realização de biópsia do intestino delgado. Se TTG for normal, mas a
      dosagem de IgA estiver alterada, deve ser considerada a possibilidade de resultado falso-negativo pela presença
      de imunodeficiência primária, e o indivíduo deverá ser encaminhado a serviço de Clínica Médica, Gastroenterologia
      ou Pediatria com vistas à realização de biópsia do intestino delgado. Se o exame histopatológico for positivo para
      lesão clínica da mucosa intestinal da DC, confirma-se o diagnóstico da doença.
               	 or último, TTG anormal, IgA normal e biópsia de intestino delgado negativa excluem o diagnóstico de
               P
      DC, e o resultado da dosagem de TTG deve ser considerado falso-positivo. Contudo, o exame histopatológico
      deve ser revisto e, se realmente for negativo, ou seja, se estiver ausente a lesão clássica da mucosa do intestino
      delgado, deve-se considerar o achado endoscópico como lesão em mosaico (acometimento em patchy) e indicar
      nova biópsia intestinal com a obtenção de múltiplos fragmentos. Se, novamente, o padrão histológico não for de
      DC, a existência da doença é pouco provável.

      6	 	 Tratamento e prognóstico
               	 tratamento da DC consiste em dieta sem glúten, devendo-se, portanto, excluir da alimentação tudo o
               O
      que contenha trigo, centeio, cevada e aveia, por toda a vida48.
               	 om a instituição de dieta totalmente sem glúten, há normalização da mucosa intestinal e das manifestações
               C
      clínicas. Porém, no caso de diagnóstico tardio, pode haver alteração da permeabilidade da membrana intestinal
      por longo período de tempo e a absorção de macromoléculas poderá desencadear quadro de hipersensibilidade
      alimentar, resultando em manifestações alérgicas49. Este quadro deve ser considerado quando o indivíduo não
      responde adequadamente à dieta sem glúten e apresenta negatividade nos exames sorológicos para DC.
               	 necessário destacar que as deficiências nutricionais decorrentes da má-absorção dos macronutrientes
               É
      e micronutrientes, por exemplo, deficiência de ferro, de ácido fólico, de vitamina B12 e de cálcio, devem ser
      diagnosticadas e tratadas. Assim, deve-se atentar para a necessidade de terapêutica medicamentosa adequada
      para correção destas deficiências.
               	 dano nas vilosidades da mucosa intestinal pode ocasionar deficiência na produção das dissacaridases
               O
      na dependência do grau de seu acometimento. Por isso, deve-se verificar a intolerância temporária a lactose e
      sacarose, que reverte com a normalização das vilosidades50.
               	 á relatos de uma série de manifestações não malignas associadas à DC, tais como osteoporose,
               H
      esterilidade e distúrbios neurológicos e psiquiátricos51. Dentre as doenças malignas, são relatadas associações
      com adenocarcinoma de intestino delgado, linfoma e carcinoma de esôfago e faringe52. O risco das manifestações
      está associado com a inobservância à dieta isenta de glúten e ao diagnóstico tardio, como nos sintomas
      neurológicos53.
               	 ortanto, justifica-se a prescrição de dieta totalmente isenta de glúten por toda a vida a todos os
               P
      indivíduos com DC, independentemente das manifestações clínicas. A dieta deve ser rigorosa, pois transgressões
      sucessivas poderão desencadear um estado de refratariedade ao tratamento50.
               	 dieta imposta é restritiva, difícil e permanente, ocasionando alterações na rotina dos indivíduos e de
               A
      sua família. Devido ao caráter familiar da desordem, aproximadamente 10% dos parentes dos celíacos podem
      apresentar a mesma doença54.
               	 ambém enfatiza-se a necessidade da atenção multidisciplinar e multiprofissional aos indivíduos com DC,
               T
      pois, além dos cuidados médicos, eles podem precisar de atendimento por profissionais de Nutrição, Psicologia
      e Serviço Social de forma individualizada e coletiva54,55.
       


206
Doença Celíaca


7	 	 Regulação/controle/avaliação pelo Gestor
         A regulação do acesso é um componente essencial para a organização da rede assistencial e
garantia de atendimento aos pacientes. Facilita as ações de controle e avaliação, que incluem, entre
outras, a manutenção atualizada do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES) e
o monitoramento da produção dos procedimentos (por exemplo, frequência apresentada versus
autorizada, valores apresentados versus autorizados versus pagos) e, como verificação do atendimento,
os resultados do teste de detecção e da biópsia duodenal e as consultas de acompanhamento. Ações
de auditoria devem verificar in loco, por exemplo, a existência e a observância da regulação do
acesso assistencial, a compatibilidade da cobrança com os serviços executados, a abrangência e a
integralidade assistenciais e o grau de satisfação dos pacientes.

8	 	 Referências bibliográficas
1.	    Farrel, R.J.; Kelly, C.P. Current concepts: celiac sprue. The New England Journal of Medicine. v. 346, n. 3, p.
       180-188, 2002.
2.	    Fasano A, Catassi C. Current approaches to diagnosis and treatment of celiac cisease: an evolving spectrum.
       Gastroenterology 2001;120:636-51.
3.	    Catassi C, Fabiani E, Rätsch IM, et al. The coeliac iceberg in Italy. A multicentre antigliadin antibodies
       screening for coeliac disease in school-age subjects. Acta Paediatr 1996;85:29-35.
4.	    Mäki M, Mustalahti K, Kokkonen J, et al. Prevalence of Celiac Disease among Children in Finland. N Engl J
       Med 2003;348:2517-24.
5.	    Fasano A, Berti I, Gerarduzzi T, et al. Prevalence of celiac disease in at-risk an not-at-risk groups in the United
       States: a large multicenter study. Arch Intern Med 2003;163:286-92.
6.	    Catassi C, Ratsch I, Gandolfi L, et al. Why is coeliac disease endemic in the people of the Sahara? Lancet
       1999;354(9179):647-8.
7.	    Shahbazkhani B, Malekzadeh R, Sotoudeh M, et al. High prevalence of celiac disease in apparently healthy
       Iranian blood donors. Eur J Gastroenterol Hepatol 2003;15:475-8.
8.	    Polanco I, Jasinski C, De Rosa S. Coeliac disease in Argentina and Uruguay. In: Auricchio S, Visakorpi JK
       eds. Common food intolerances I: Epidemiology of coeliac disease. Dyn Nutr Res. Basel: Karger, 1993;2:57-63.
9.	    Araya M, Mondragon A, Perez-Bravo F, et al. Celiac disease in a Chilean population carrying Amerindian
       traits. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2000;31:381-6.
10.	   Gomez JC, Selvaggio G, Pizarro B, et al. Value of a screening algorithm for celiac disease using tissue
       transglutaminase antibodies as first level in a population-based study. Am J Gastroenterol 2002;97:2785-90. 
11.	   Gandolfi L, Pratesi R, Cordoba JCM, et al. Prevalence of celiac disease among blood donors in Brazil. Am J
       Gastroenterol 2000;95:689-92.
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       among blood donnors in Ribeirão Preto, state of São Paulo, Brazil. Dig Dis Sci 2006; 51:1020-5.
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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


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Doença Celíaca


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                                                                                                                           Doença Celíaca




                                                                                                                         209
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Fluxograma de Diagnóstico
      Doença Celíaca

                                               Fluxograma de Diagnóstico
                                                    Doença Celíaca


                                                                                       Critérios de inclusão:
                                                                                       ✓ presença de sinais e sintomas
                                            Paciente com suspeita clínica                 compatíveis com formas clássica (ou
                                                                                          típica) e não clássica (ou atípica) de
                                            ou risco para doença celíaca                  doença celíaca
                                                                                       ✓ indivíduos de risco:
                                                                                          • familiares em primeiro grau de
                                                                                             pacientes
                                                                                          • anemia por deficiência de ferro
                                                                                             refratária à reposição oral com
                                                                                             sulfato ferroso
                                                                                          • redução da densidade mineral
                                                                                              óssea desproporcional à idade
                                                                                          • baixa estatura sem outras causas
                                                                                             identificáveis
                                                                                          • presença de outras doenças
                                              Dosagem do anticorpo                           autoimunes
                                               antitransglutaminase                       • síndromes de Down, Turner ou
                                                                                             Williams
                                                  IgA (TTG) e da                          • infertilidade ou aborto espontâneo
                                                                                             sem causa identificada
                                              imunoglobulina A (IgA)                      • dermatite herpetiforme




                TTG negativa e                     TTG negativa e
                                                                                                  TTG positiva
                  IgA normal                         IgA baixa



                                              Encaminhar para Serviço
                                                 de Clínica Médica,
                Probabilidade                   Gastroenterologia ou
                alta de doença        Sim
                    celíaca?                  Pediatria para avaliação
                                             da necessidade de biópsia
                                                    de duodeno.




                     Não
                                                          Biópsia
                                                       diagnóstica de
                                                      doença celíaca?

                                            Não                                           Sim

            Doença celíaca excluída


                                                                            Orientação terapêutica
                                                                            nutricional: dieta sem
                                                                            glúten por toda a vida.



210
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

          Doença de Parkinson
          Portaria SAS/MS no 228, de 10 de maio de 2010. (Republicada em 27.08.10)


     1	 Metodologia de busca da literatura
             	 ara a análise de eficácia dos tratamentos específicos para doença de Parkinson foram realizadas
             P
     buscas nas bases descritas abaixo. Foram analisados todos os estudos disponíveis e selecionados para
     avaliação metanálises e ensaios clínicos randomizados, controlados e duplos-cegos publicados até 31/07/2009.
             	 a base Medline/Pubmed AND Ovid Medline:
             N
             	 treatment” AND “Parkinson´s disease” ;“drug therapy” AND “Parkinson’s disease”
             “
             	 a base Cochrane:
             N
             	 levodopa”;“dopamine agonist”; “pramipexol”; “bromocriptine”; “cabergolina”;
             “                                                                                        “catechol-O
     methyltransferase inhibitors”; “amantadine”; “selegiline”; “anticholinergics”

     2	 Introdução
              	 oença de Parkinson (DP), descrita por James Parkinson em 1817, é uma das doenças neurológicas
              D
     mais comuns e intrigantes dos dias de hoje. Tem distribuição universal e atinge todos os grupos étnicos
     e classes socioeconômicas. Estima-se uma prevalência de 100 a 200 casos por 100.000 habitantes. Sua
     incidência e prevalência aumentam com a idade1.
              	 o ponto de vista patológico, DP é uma doença degenerativa cujas alterações motoras decorrem
              D
     principalmente da morte de neurônios dopaminérgicos da substância nigra que apresentam inclusões
     intracitoplasmáticas conhecidas com corpúsculos de Lewy. Suas principais manifestações motoras incluem
     tremor de repouso, bradicinesia, rigidez com roda denteada e anormalidades posturais2. No entanto, as
     alterações não são restritas à substância nigra e podem estar presentes em outros núcleos do tronco cerebral
     (por exemplo, núcleo motor dorsal do vago), córtex cerebral e mesmo neurônios periféricos, como os do plexo
     mioentérico3. A presença de processo degenerativo além do sistema nigroestriatal pode explicar uma série
     de sintomas e sinais não motores, tais como alterações do olfato, distúrbios do sono, hipotensão postural,
     constipação, mudanças emocionais, depressão, ansiedade, sintomas psicóticos, prejuízos cognitivos e
     demência, dentre outros4.
              	 or ser uma doença progressiva, que usualmente acarreta incapacidade grave após 10 a 15 anos,
              P
     tem elevado impacto social e financeiro, particularmente na população mais idosa. Estima-se que o custo
     anual mundial com medicamentos antiparkinsonianos esteja em torno de 11 bilhões de dólares, sendo o
     tratamento cerca de 3 a 4 vezes mais caro para pacientes na fase avançada da doença5,6.
              	 omente na década de 60, após a identificação das alterações patológicas e bioquímicas no cérebro
              S
     de pacientes com DP, surgiu o primeiro tratamento com sucesso, abrindo caminho para o desenvolvimento de
     novas terapias efetivas. A introdução de levodopa representou o maior avanço terapêutico na DP, produzindo
     benefícios clínicos para praticamente todos os pacientes e reduzindo a mortalidade por esta doença. No
     entanto, logo após a introdução do medicamento, se tornou evidente que o tratamento por longo prazo
     era complicado pelo desenvolvimento de efeitos adversos, que incluem flutuações motoras, discinesias
     e complicações neuropsiquiátricas7,8. Além disto, com a progressão da doença, os pacientes passam a
     apresentar manifestações que não respondem adequadamente à terapia com levodopa, tais como episódios
     de congelamento, instabilidade postural, disfunções autonômicas e demência.




Consultores: Carlos Roberto de Mello Rieder, Vitor Tumas, Vanderci Borges, Bárbara Corrêa Krug e
Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                    211
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


               	 s manifestações motoras da DP podem ser explicadas de maneira simplificada pelo modelo no qual o
               A
      estriado possui um papel-chave dentro das vias motoras cerebrais. O processo de degeneração de neurônios
      dopaminérgicos nigroestriatais leva a uma redução da modulação da dopamina estriatal e, consequentemente,
      a alterações motoras. Este modelo prediz que, aumentando-se a estimulação dopaminérgica ou reduzindo-
      se a estimulação colinérgica ou glutamatérgica, os sintomas melhoram. Existem atualmente vários modos de
      intervenção farmacológica sintomática4,7-9:
               •	 levodopa standard ou com formulações de liberação controlada, em associação com inibidor da
                   levodopa decarboxilase;
               •	 agonistas dopaminérgicos;
               •	 inibidores da monoamino oxidase B (MAO-B);
               •	 inibidores da catecol-O-metiltransferase (COMT);
               •	 anticolinérgicos;
               •	 antiglutamatérgicos.
               	 objetivo inicial do tratamento deve ser a redução da progressão dos sintomas. Uma vez que o
               O
      tratamento sintomático seja requerido, os medicamentos devem produzir melhora funcional com um mínimo de
      efeitos adversos e sem indução do aparecimento de complicações futuras. Este protocolo não pretende propor
      uma maneira única de tratamento dos pacientes com DP, mas, sim, servir de diretriz, apontando vantagens e
      desvantagens de diferentes opções terapêuticas disponíveis, especialmente quanto à eficácia e segurança.

      3	 	 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à
      	    	 saúde (CID-10)
               •	 G20 Doença de Parkinson

      4	    Diagnóstico
              	 evolução da doença, a gravidade e a progressão dos sintomas variam enormemente de um paciente
               A
      para outro4. Não se dispõe, até o momento, de teste diagnóstico para a doença. Embora neurologistas geralmente
      concordem que o diagnóstico da DP requer a identificação de alguma combinação dos sinais motores cardinais
      (tremor de repouso, bradicinesia, rigidez com roda denteada, anormalidades posturais), uma classificação clínica
      padrão ainda não foi obtida.
              	 studos têm demonstrado as dificuldades na diferenciação clínica entre DP e outras síndromes
               E
      parkinsonianas. Avaliando-se à necropsia 100 cérebros de pacientes diagnosticados clinicamente por
      neurologistas britânicos como portadores de DP, houve confirmação anatomopatológica em somente 75% dos
      casos10. No entanto, quando revisados os diagnósticos patológicos e clínicos de 143 casos vistos por neurologistas
      especializados em distúrbios de movimento do National Hospital for Neurology and Neurosurgery de Londres,
      o valor preditivo positivo do diagnóstico clínico aumentou para 98,6%11. Atualmente, os critérios do Banco de
      Cérebros da Sociedade de Parkinson do Reino Unido são os mais utilizados para o diagnóstico.12
              	 om base nestes critérios, o paciente terá diagnóstico de DP se apresentar lentidão dos movimentos
               C
      (bradicinesia), 1 critério necessário e pelo menos 3 critérios de suporte positivo. Segundo o Banco de Cérebros
      da Sociedade de Parkinson do Reino Unido12, os critérios podem ser divididos nos 3 grupos apresentados a
      seguir.
              •	 Critérios necessários para diagnóstico de DP
                  −	 bradicinesia (e pelo menos um dos seguintes sintomas abaixo)
                  −	 rigidez muscular
                  −	 tremor de repouso (4-6 Hz) avaliado clinicamente
                  −	 instabilidade postural não causada por distúrbios visuais, vestibulares, cerebelares ou
                     proprioceptivos

               •	 Critérios negativos (excludentes) para DP
                  −	 história de AVC de repetição
                  −	 história de trauma craniano grave
                  −	 história definida de encefalite
                  −	 crises oculogíricas



212
Doença de Parkinson


           −	   tratamento prévio com neurolépticos
           −	   remissão espontânea dos sintomas
           −	   quadro clínico estritamente unilateral após 3 anos
           −	   paralisia supranuclear do olhar
           −	   sinais cerebelares
           −	   sinais autonômicos precoces
           −	   demência precoce
           −	   liberação piramidal com sinal de Babinski
           −	   presença de tumor cerebral ou hidrocefalia comunicante
           −	   resposta negativa a altas doses de levodopa
           −	   exposição a metilfeniltetraperidínio

       •	 Critérios de suporte positivo para o diagnóstico de DP (3 ou mais são necessários para o
           diagnóstico)
           −	 início unilateral
           −	 presença de tremor de repouso
           −	 doença progressiva
           −	 persistência da assimetria dos sintomas
           −	 boa resposta a levodopa
           −	 presença de discinesias induzidas por levodopa
           −	 resposta a levodopa por 5 anos ou mais
           −	 evolução clínica de 10 anos ou mais


5	 Critérios de inclusão
        	 erão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem os critérios para
        S
o diagnóstico clínico de DP segundo o Banco de Cérebros da Sociedade de Parkinson do Reino Unido12.

6	 Critérios de exclusão
        	 erão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem critérios
        S
negativos para o diagnóstico clínico da DP segundo o Banco de Cérebros da Sociedade de Parkinson
do Reino Unido12 e aqueles com contraindicação ou intolerância a medicamento especificado neste
protocolo.

7	 Tratamento
         	 natureza progressiva da DP e suas manifestações clínicas (motoras e não motoras),
         A
associadas a efeitos colaterais precoces e tardios da intervenção terapêutica, tornam o tratamento da
doença bastante complexo.
         	 stima-se que a taxa de morte dos neurônios dopaminérgicos da substância nigra situa-se
         E


                                                                                                           Doença de Parkinson
ao redor de 10% ao ano13. Consequentemente, com o tempo, a sintomatologia parkinsoniana piora e
a necessidade de medicamentos sintomáticos aumenta. O grau de resposta aos medicamentos vai
decrescendo com a progressão da doença e novos sintomas vão surgindo. Um objetivo desejado seria
reduzir ou interromper esta progressão.
         	 revenção primária não é possível devido à ausência de marcadores biológicos ou fatores de
         P
risco identificáveis, à parte o envelhecimento ou transmissão genética em raras famílias. Prevenção
secundária, uma vez que a DP tenha sido diagnosticada, busca reduzir a progressão, parar ou mesmo
reverter a morte neuronal.
         	 m resumo, o tratamento da DP deve visar à redução da progressão da doença (neuroproteção)
         E
e o controle dos sintomas (tratamento sintomático). Os critérios de inclusão para estas circunstâncias
e a orientação sobre que medicamento antiparkinsoniano deve ser utilizado serão discutidos a seguir.

       	 .1 Prevenção da progressão da doença
       7
       	 om base em várias vias bioquímicas que poderiam ter participação na morte neuronal,
       C


                                                                                                         213
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      diversos fármacos são potenciais candidatos ao papel de neuroprotetor. No entanto, ensaios clínicos controlados
      e randomizados para mostrar neuroproteção na DP são controversos9. Não há como medir diretamente a perda
      neuronal in vivo, e não se tem claro como a sintomatologia se correlaciona com a morte neuronal. Além disto,
      é difícil separar clinicamente efeito sintomático de efeito protetor. Um desfecho clínico comumente utilizado,
      por exemplo, é o momento em que o paciente virgem de tratamento apresenta piora funcional e necessita da
      introdução de levodopa.
                	 elegilina e vitamina E foram estudadas com este desfecho e se verificou que selegilina retardava
                S
      a necessidade de levodopa quando comparada com placebo, resultado inicialmente interpretado como
      neuroproteção14. Entretanto, foi subsequentemente observado que, quando o tratamento com selegilina era
      interrompido, esta diferença desaparecia, indicando que o fármaco tinha um efeito leve e não sustentado,
      mas que era suficientemente grande para retardar o início da administração de levodopa15. Porém, nos
      estudos randomizados e controlados, realizados para testar a neuroproteção na DP com medicamentos como
      vitamina E, selegilina, ou bromocriptina, constatou-se que nenhum deles produziu evidências definitivas para
      neuroproteção16,17.
                	 ais recentemente, inibidores da MAO-B foram investigados com este objetivo e se mostraram melhores
                M
      do que placebo na fase inicial da doença18. Sua introdução na fase mais tardia melhorou o desempenho motor, o
      que poderia sugerir um efeito neuroprotetor19. Entretanto, quando comparados com entacapona, não mostraram
      diferença significativa quanto à melhora dos sintomas20.
                	 m resumo, neuroproteção na DP é uma meta ainda não atingida até o momento e nenhum medicamento
                E
      pode ter recomendação na prática clínica com este propósito.

              7.2 Tratamento Sintomático
              	 recomendável instituir tratamento sintomático no momento do diagnóstico. Pacientes com incapacidade
              É
      funcional causada por sintomas parkinsonianos também devem receber tratamento sintomático. A definição de
      incapacidade funcional deve ser considerada em bases individuais, pois existirão distintas implicações funcionais
      para diferentes indivíduos.
              	 escolha do medicamento mais adequado deverá levar em consideração fatores como estágio da
              A
      doença, sintomatologia presente, ocorrência de efeitos colaterais, idade do paciente, medicamentos em uso e
      seu custo.

              	 ara pacientes com DP sem tratamento prévio
              P

      	   	     Sintomas leves sem prejuízo funcional
                	 decisão de utilizar ou não algum medicamento nesta situação depende mais do próprio paciente. Não
                A
      há evidências clínicas de efeito neuroprotetor com selegilina. O tratamento inicial com este fármaco visa obter
      benefícios sintomáticos em pacientes com sintomas leves (sem prejuízo para atividades de vida diária)14-16. Da
      mesma forma, amantadina tem efeito sintomático modesto e é bem tolerada, podendo ser usada nesta situação.
                	 nticolinérgicos são utilizados como terapia inicial, especialmente nos casos em que o tremor é a
                A
      manifestação predominante em pacientes mais jovens e sem disfunção cognitiva, pois apresentam vários efeitos
      colaterais, especialmente nos indivíduos mais velhos21.
                	 endo em vista a maior ocorrência de efeitos adversos com estes medicamentos, levodopa é o fármaco
                T
      inicial, especialmente para indivíduos idosos e/ou com algum grau de comprometimento cognitivo, para os quais
      se deve tentar evitar a administração de anticolinérgicos.

              Sintomas com prejuízo funcional
              	 e os sintomas produzirem graus de incapacidade e o tratamento dopaminérgico for necessário, tanto
              S
      levodopa quanto agonistas dopaminérgicos podem ser utilizados21,22. Levodopa é o medicamento mais efetivo
      no controle dos sintomas da DP, especialmente rigidez e bradicinesia. A consistência de efeito nos mais de 30
      anos de experiência valida sua utilização clínica. Em estudos randomizados e controlados, levodopa mostrou
      ser mais eficaz no controle dos sintomas motores do que os agonistas dopaminérgicos17,23. Tem sido sugerido
      que levodopa poderia ser tóxica para neurônios da substância nigra e, portanto, aumentar a progressão da
      doença24, porém não existem evidências convincentes de estudos em animais ou em humanos para apoiar esta
      hipótese25. Pelo contrário, o estudo ELLDOPA26 (Earlier versus Later Levodopa Therapy in Parkinson’s Disease)

214
Doença de Parkinson


demonstrou a segurança de levodopa e desfez as hipóteses de neurotoxicidade do fármaco. Este
estudo foi composto por 4 braços (1 com placebo e 3 com doses diferentes de 150, 300 e 600 mg de
levodopa). Transcorridas 40 semanas de tratamento e uma interrupção de 2 semanas, observou-se
diferença na avaliação motora favorável a qualquer das 3 doses de levodopa em relação ao placebo.
A partir dos resultados obtidos, concluiu-se que, se o objetivo é garantir um bom controle funcional
do indivíduo, não se deve retardar o início de levodopa. No entanto, o maior problema com seu uso
é o aparecimento das flutuações motoras e discinesias associadas com o tratamento prolongado. A
ocorrência de discinesias está relacionada principalmente com doses altas de levodopa, por isto o ideal
seria empregar doses mais baixas.
         	 Flutuações motoras” se referem a respostas motoras flutuantes à administração da levodopa,
         “
com encurtamento da duração de seu efeito (fenômeno do wearing off) e interrupção súbita de sua ação,
levando a uma situação “resposta-falta de resposta” (fenômeno on-off) ao medicamento. Pacientes
mais jovens são particularmente mais vulneráveis ao aparecimento destes sintomas22. As complicações
motoras podem atingir cerca de 80% dos pacientes jovens e 44% dos mais velhos após 5 anos de
tratamento27.

         	 revenção de flutuações motoras e discinesias
         P
         	 m dos benefícios teóricos dos agonistas dopaminérgicos sobre a dopamina é uma meia-vida
         U
longa, resultando em menor estimulação pulsátil dos receptores de dopamina, o que poderia reduzir o
risco do desenvolvimento de flutuações motoras e discinesias. De fato, pacientes tratados com levodopa
apresentam maior número de flutuações motoras e discinesias do que os tratados com pramipexol e
cabergolina28,29. No entanto, estas diferenças entre agonistas e levodopa parecem desaparecer a longo
prazo, pois estudos com mais de uma década de seguimento sugerem que os pacientes acabam tendo
a mesma frequência de complicações motoras independentemente do tratamento que receberam
nos primeiros anos da doença30,31. Com base nestes dados, tem sido recomendado que indivíduos
mais jovens iniciem o tratamento sintomático com os agonistas da dopamina, por apresentarem maior
risco das complicações motoras com levodopa21,22,32. Porém, se os sintomas motores não forem bem
controlados com doses adequadas de agonistas dopaminérgicos, levodopa deve ser logo adicionada a
eles.
         	 ários agonistas dopaminérgicos foram estudados para o tratamento da DP33-35. Pramipexol
         V
mostrou-se superior ao placebo em estudos de nível I.
         	 á circunstâncias nas quais é preferível iniciar-se o tratamento sintomático com levodopa ao
         H
invés de com agonistas dopaminérgicos21,22:
         •	 idade – deve ser considerada quando o tratamento com antiparkinsonianos for iniciado.
             Se, por um lado, pacientes mais jovens apresentam risco elevado de flutuações induzidas
             por levodopa, pacientes com mais de 70 anos possuem poucas chances de desenvolver
             complicações motoras com a administração do fármaco;
         •	 presença de comorbidades – pode também determinar a escolha do medicamento a ser


                                                                                                                Doença de Parkinson
             adotado inicialmente. O tratamento com agonistas dopaminérgicos está associado com
             maior número de efeitos adversos, incluindo alucinações, sonolência e hipotensão postural;
         •	 presença de prejuízo cognitivo – torna levodopa o medicamento de escolha.
         	 emprego de levodopa de liberação controlada, visando a obtenção de uma estimulação de
         O
receptores da dopamina de forma mais continuada, não reduz a taxa de complicações motoras futuras
após 5 anos em relação ao tratamento com levodopa de apresentação padrão34.

        	 ara pacientes com DP em uso de levodopa
        P
        	 o tratamento de pacientes em fase avançada da doença, que já se encontram em tratamento
        N
com levodopa, vários medicamentos mostraram-se eficazes em estudos randomizados e controlados
com placebo, entre eles bromocriptina36,37, cabergolina37, pramipexol38,39, tolcapona e entacapona39,40,41.
Devido ao risco de hepatotoxicidade, monitorização da função hepática é obrigatória nos usuários
de tolcapona. O tratamento com este inibidor da COMT somente será uma opção terapêutica se não
houver controle com outros medicamentos9.


                                                                                                              215
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


              	 pesar dos agonistas dopaminérgicos apresentarem diferenças farmacocinéticas e distintos sítios de
               A
      ligação, os agonistas oralmente ativos são muito similares9. A cabergolina não está autorizada na ANVISA para
      o tratamento da DP
              	
              	 ratamento das complicações motoras
               T
              	 lguns anos após o tratamento com levodopa, as complicações motoras se tornam frequentes e acarretam
               A
      pioras funcionais aos pacientes. Elas compreendem as flutuações motoras, conhecidas como fenômenos de
      wearing-off e on-off, e discinesias ou movimentos involuntários.
              	 ários trabalhos mostram que os agonistas dopaminérgicos são capazes de reduzir as flutuações motoras.
               V
      Estudo randomizado e controlado com placebo sugere que pramipexol38,49 é eficaz em reduzir o tempo do dia em
      que o paciente permanece no período off. Outros agonistas (bromocriptina e cabergolina) são considerados de
      baixa eficácia9. Os inibidores da COMT, tolcapona e entacapona, são outra categoria de medicamentos eficazes
      na redução das flutuações motoras42,43.
              	 ara controle das discinesias induzidas por levodopa, o objetivo é reduzi-las sem piora do quadro motor.
               P
      Para isto, a alternativa é associar um agonista dopaminérgico e reduzir a dose de levodopa. Amantadina é outra
      opção por ser um medicamento comprovadamente eficaz em controlar discinesias44,45.
              	 a Tabela 1 estão apresentados o resumo dos medicamentos utilizados na doença de Parkinson e os
               N
      respectivos efeitos esperados.




216
Doença de Parkinson


Tabela 1 - Medicamentos e Efeitos Esperados
                                                                   Prevenção das
                                                                                        Controle das complicações
 Medicamento       Controle sintomático do parkinsonismo           complicações
                                                                                                 motoras
                                                                      motoras

Levodopa/                                                                             Levodopa padrão e levodopa
                Levodopa com eficácia claramente estabelecida
Carbidopa                                                                             de liberação lenta igualmente
                no controle sintomático da DP26               Sem evidência
Levodopa/                                                                             eficazes na melhora dos
Benserazida                                                                           sintomas motores36,46

                Em monoterapia em pacientes na fase inicial
                da DP, é considerada possivelmente eficaz
                no controle sintomático da doença, porém é
                menos eficaz do que levodopa17,47.
                                                                 Possivelmente
                Não existem evidências suficientes para
                                                                 eficaz na redução    Possivelmente eficaz no
                comparar sua eficácia à de outros agonistas
                                                                 dos riscos de        controle das flutuações motoras
Bromocriptina   dopaminérgicos.
                                                                 ocorrência de        em pacientes com DP em
                Não há evidência para o uso combinado com
                                                                 complicações         levodopoterapia48
                levodopa em pacientes na fase inicial da DP
                                                                 motoras precoces48
                estáveis, sem flutuações motoras48.
                É eficaz quando usada em pacientes com DP
                avançada em levodopaterapia com flutuações
                motoras9.

                Em monoterapia em pacientes sem tratamento
                prévio, é eficaz no controle dos sintomas
                motores nos primeiros 2 anos da doença23,49.
                Em pacientes com doença avançada em uso
                de levodopa, mostrou-se eficaz no controle das
                                                                                      Eficaz no manejo das
                complicações motoras on-off e reduziu a dose
                                                                 Possivelmente        complicações motoras em
                diária de levodopa necessária39,49.
                                                                 eficaz na redução    pacientes com DP avançada.
                Não deve ser utilizado como primeira escolha
                                                                 dos riscos de        Diminui o período off em
Pramipexol      em indivíduos idosos ou com prejuízo cognitivo
                                                                 ocorrência de        1 a 2 h/dia39,49. Em pacientes
                ou funcional grave; levodopa deve ser o
                                                                 complicações         com insuficiência renal,
                medicamento de primeira linha.
                                                                 motoras precoces23   optar por agonistas com
                Pode ser utilizado como monoterapia
                                                                                      metabolismo hepático.
                em pacientes jovens com risco maior do
                aparecimento de discinesias ou como
                medicamento       associado      a   levodopa
                em pacientes com flutuações motoras,
                especialmente se associadas com discinesias.

                                                                                      Não há evidência suficiente
                É eficaz no controle sintomático da doença Sem evidência
Selegilina                                                                            de que previna ou controle as
                quando usada em monoterapia14 na fase inicial.
                                                                                      complicações motoras da DP48.

                É possivelmente eficaz no controle sintomático                        Eficaz na redução das


                                                                                                                          Doença de Parkinson
                da doença tanto em monoterapia quanto                                 discinesias a curto prazo,
                associada a anticolinérgicos ou levodopa,                             sendo os dados inadequados
                especialmente fase inicial. Os estudos, Sem evidência                 para avaliação desse benefício
Amantadina      entretanto, apresentam qualidade metodológica
                moderada e não avaliam a dimensão dos                                 a longo prazo44,45. Em relação
                efeitos nem a duração dos benefícios usados                           à diminuição das flutuações
                em fases avançadas no tratamento das                                  motoras, não há evidências
                discinesias.                                                          suficientes para seu uso.

                                                                                      Quando administradas
                São eficazes no controle sintomático da                               concomitantemente com
Tolcapona/      doença quando usadas em associação com Sem evidência                  levodopa, são eficazes
Entacapona      levodopa em pacientes sem ou com mínimas                              no manejo das flutuações
                complicações motoras48.                                               motoras. Aumentam o período
                                                                                      on e diminui o tempo off 46.

                Controle dos sintomas iniciais em pacientes                           Não deve ser utilizado em
Biperideno/                                                      Sem evidência
                jovens, especialmente quando tremor é                                 idosos ou pacientes com
Triexifenidil
                manifestação predominante21.                                          prejuízo cognitivo.

                                                                                                                        217
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      8 	 Fármacos
             •	   Levodopa/carbidopa: comprimidos de 200/50 mg e 250/25 mg
             	    Levodopa/benserazida: comprimidos ou cápsulas 100/25 mg e comprimidos de 200/50 mg
             •	   Bromocriptina: comprimidos ou cápsulas de liberação retardada de 2,5 e 5 mg
             •	   Pramipexol: comprimidos de 0,125, 0,25 e 1 mg
             •	   Amantadina: comprimidos de 100 mg
             •	   Biperideno: comprimidos de 2 mg e comprimidos de liberação controlada de 4 mg
             •	   Triexifenidil: comprimidos de 5 mg
             •	   Selegilina: comprimidos de 5 e 10 mg
             •	   Tolcapona: comprimidos de 100 mg
             •	   Entacapona: comprimidos de 200 mg

      9 	 Esquemas de administração
             •	 Levodopa/carbidopa: a dose inicial recomendada é de 250/25 mg/dia, dividida em pelo menos 2
                administrações.
             •	 Levodopa/benserazida: a dose recomendada é de 200/50 mg/dia, dividida em pelo menos 2
                administrações.
             	 As doses vão sendo ajustadas subsequentemente de acordo com a resposta clínica. A dose média
                eficaz para a maioria dos pacientes é de 600-750 mg/dia de levodopa.
             •	 Bromocriptina: a dose recomendada é de 7,5 a 70 mg/dia e deve ser aumentada conforme resposta
                clínica e tolerabilidade48.
             •	 Pramipexol: a dose recomendada é de 2-4,5 mg/dia, dividida em 3 administrações diárias. Recomenda-
                se o aumento gradual da dose. Iniciar com 0,125 mg, 3 vezes ao dia, e aumentar a cada 5-7 dias
                sucessivamente para 0,75 mg/dia; 1,5 mg/ dia; 2,25 mg/dia; 3mg/dia; 3,75 mg/dia; 4,5 mg/dia.
             •	 Amantadina: a dose inicial recomendada é de 100 mg, 2 vezes ao dia; aumentar, se necessário, até
                400 mg/dia. Não descontinuar abruptamente, devendo ser a retirada gradual em 1-2 semanas.
             •	 Biperideno: a dose terapêutica situa-se entre 2 e 8 mg/dia.
             •	 Triexifenidil: a dose inicial recomendada é de iniciar com doses de 0,5 a 1 mg/dia, podendo ser
                aumentada até 15 mg/dia.
             	 O tratamento com anticolinérgico não deve ser interrompido abruptamente devido ao risco de efeito
                rebote e piora do parkinsonismo.
             •	 Selegilina: a dose recomendada é de 5 a 10 mg/dia.
             •	 Tolcapona: a dose recomendada é de 100 mg 3 vezes ao dia, sendo a dose máxima recomendada de
                600 mg.
             •	 Entacapona: a dose recomendada é de 200 mg, 4 a 10 vezes ao dia.

              	 ombinação de fármacos
              C
              	 a DP, frequentemente é necessária a combinação de fármacos de diferentes classes para melhor
              N
      controle dos sintomas. As combinações mais utilizadas são as seguintes8,50.51:
              •	 associação de anticolinérgicos – presença de tremor refratário a levodopa e/ou a agonistas
              		 dopaminérgicos em indivíduos sem contraindicações para o uso dos mesmos;
              •	 associação de agonistas dopaminérgicos a levodopa – no momento em que começam a ocorrer as
              	 flutuações motoras, a associação de um agonista dopaminérgico (medicamentos com meia-vida
              	 superior à de levodopa) pode auxiliar no controle das flutuações;
              •	 associação de inibidores da COMT a levodopa – os inibidores da COMT sempre devem ser utilizados
              	 com esta associação, pois não possuem efeito antiparkinsoniano se usados sem levodopa;
              •	 associação de agonistas dopaminérgicos a levodopa com inibidores da COMT – pacientes com
              	 flutuações motoras graves não controladas com nenhum dos regimes acima;
              •	 associação de amantadina a levodopa – a amantadina, além da possibilidade de uso em monoterapia
              	 na fase inicial da doença, é utilizada em pacientes com flutuações motoras e discinesias por melhorar
              	 as discinesias;
              •	 associação de inibidores da MAO (selegelina) a levodopa – também utilizada para aumentar a
              	 biodisponibilidade da levodopa na presença de flutuações motoras.

218
Doença de Parkinson


10 	 Tempo de tratamento – critérios de interrupção
         	 P é uma doença de caráter progressivo e irreversível, necessitando, portanto, de tratamento
         D
continuado. À medida que a doença avança, aumenta o risco de aparecimento de demência e psicose
associada ao tratamento. Nesta situação, devem ser mantidas as menores doses possíveis de levodopa
capazes de controlar sintomas motores. Medicamentos como anticolinérgicos, inibidores da MAO,
amantadina, agonistas dopaminérgicos e inibidores da COMT devem ser retirados nesta sequência, na
tentativa de melhorar o estado mental.

11 	 Benefícios esperados
        •	 Melhora dos sintomas motores e da qualidade de vida

12 	 Monitorização
         	 monitorização dos efeitos adversos deve ser feita com questionamento clínico. Em caso de
         A
aparecimento de efeitos adversos significativos que comprometam a qualidade de vida dos pacientes,
deve ser feito ajuste de dose, interrupção do tratamento ou troca de medicamento.
         	 s efeitos adversos mais comuns com o uso de levodopa a curto prazo são náuseas, vômitos,
         O
anorexia, sonolência, hipotensão postural, insônia, agitação. A longo prazo, ocorrem flutuações motoras
e discinesias.
         	 om o uso de bromocriptina, mais comumente (> 1%) podem ocorrer cefaleia, tontura, náusea,
         C
vômitos, hipotensão ortostática, fadiga, anorexia, constipação, congestão nasal. Menos comumente
(< 1%) podem ocorrer arritmias, alopecia, insônia, paranoia, depressão, convulsões, sonolência diurna
incontrolável, psicoses e alucinações. Agonistas dopaminérgicos ergolínicos também podem associar-
se a fibrose de válvulas cardíacas, pleuropulmonar e peritoneal. É necessária monitorização para estes
efeitos adversos, especialmente o cardíaco, com ecocardiografia pelo menos anual.
         	 om o uso de pramipexol, os efeitos adversos gerais são náuseas, vômitos, anorexia, hipotensão
         C
postural, edema, tontura, alucinações, delírios, sonolência excessiva diurna e transtornos do impulso
(jogo patológico, hipersexualidade e outras formas de compulsão). Na presença de alucinações,
sonolência excessiva diurna e transtornos do impulso, está recomendada a redução das doses ou até
a retirada do medicamento em casos mais graves.
         Com o uso de amantadina, os efeitos adversos mais frequentes são alucinações visuais,
confusão mental, insônia, alterações do sono como pesadelos, livedo reticular e edema dos membros
inferiores. Deve-se ter cuidado com a administração da amantadina em pacientes que apresentem
função renal alterada, pois 90% de sua excreção é pela urina.
         	 om o uso de biperideno e triexifenidil, os efeitos adversos podem ser periféricos, como secura
         C
da boca, turvação visual e retenção urinária; os efeitos colaterais centrais são alteração de memória,
confusão mental e alucinações. Portanto, o uso em pacientes idosos deve ser evitado.
         	 om o uso de selegilina, os efeitos adversos (> 1%) incluem fraqueza, náuseas, dor abdominal,
         C
boca seca, hipotensão ortostática e insônia. Menos comumente (< 1%) podem ocorrer hipertensão,


                                                                                                              Doença de Parkinson
palpitação, arritmias, angina, edema periférico, síncope, alucinações, tontura, confusão, cefaleia,
ansiedade, depressão, rash, fotossensibilidade, constipação, perda de peso, anorexia, diarreia, noctúria,
hiperplasia prostática, retenção urinária, disfunção sexual, tremor, coreia, discinesias, visão borrada.

13 	 Regulação/controle/avaliação pelo gestor
        	 s pacientes devem ser diagnosticados em serviços especializados em Neurologia e Geriatria.
        O
Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a
monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas e
a adequação de uso do medicamento.

14 	 Termo de esclarecimento e responsabilidade – TER
        É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos,
benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso dos medicamentos preconizados neste protocolo.
O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência
Farmacêutica.

                                                                                                            219
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


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222
Doença de Parkinson


Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
Bromocriptina, Pramipexol, Amantadina, Triexifenidil,
Selegilina, Tolcapona e Entacapona


         Eu, ____________________________________________________________(nome do(a)
paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais
efeitos adversos relacionados ao uso de bromocriptina, pramipexol, amantadina, triexifenidil,
selegilina, tolcapona e entacapona, indicados para o tratamento de doença de Parkinson.
         Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
_______________________________________________(nome do médico que prescreve).
         Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber
pode trazer as seguintes melhoras:
         •	 melhora dos sintomas motores da doença;
         •	 diminuição do risco de ocorrência de complicações motoras;
         •	 diminuição do tremor, da lentidão dos movimentos, da rigidez e da produção excessiva de
            saliva, além da melhora da marcha e da fala.
         Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais
efeitos adversos e riscos do uso destes medicamentos:
         •	 os riscos na gravidez ainda não estão bem estabelecidos; portanto, caso engravide, devo
            avisar imediatamente o médico sem interromper o tratamento;
         •	 contraindicados em casos de hipersensibilidade (alergia) aos fármacos ou a componentes
            da formulação;
         •	 efeitos adversos da bromocriptina – náuseas, vômitos, dor de cabeça, tontura, cansaço,
            alterações digestivas, secura da boca, perda de apetite, nariz entupido, tonturas ao levantar,
            alterações dos batimentos do coração, inchaço de pés, queda de cabelo, psicose, alucinação,
            insônia, pesadelos, aumento dos movimentos do corpo, problemas nos pulmões;
         •	 efeitos adversos da pramipexol – cansaço, fraqueza, movimentos do corpo não usuais,
            alucinações, insônia, náusea, vômitos, esquecimento, confusão, tonturas ao levantar, visão
            dupla, dificuldade para engolir, febre, aumento da frequência urinária, dor muscular ou nas
            juntas, reações paranoides (como medo e desconfiança), constipação, secura na boca,
            sonhos anormais, perda de apetite, perda de peso, diminuição do apetite sexual, rinite,
            reações alérgicas de pele. Efeitos adversos menos frequentes incluem dificuldade para
            respirar, inchaço nas pernas e braços e perda de controle para urinar;
         •	 efeitos adversos da amantadina – náuseas, perda de apetite, tontura, insônia, nervosismo,
            agitação, dificuldade de concentração, dor de cabeça, perda de memória, alteração da
            concentração, depressão, pesadelos, risco de suicídio, constipação, boca seca, diarreia,
            fadiga, sonolência, irritação nos olhos, aumento dos movimentos do corpo, respiração curta,

                                                                                                                Doença de Parkinson
            aumento da pressão arterial, palpitação, retenção urinária, alergias de pele, diminuição
            das células brancas e vermelhas no sangue, febre, inchaço de tornozelos, problemas no
            coração, tontura ao levantar. Efeitos adversos mais raros incluem euforia, diminuição do
            apetite sexual, vômitos e cansaço;
         •	 efeitos adversos da triexifenidil – reações alérgicas na pele, confusão, problemas na visão,
            prisão de ventre, dificuldade ou dor para urinar, boca seca, sensibilidade aumentada dos
            olhos à luz, náuseas, vômitos. Reações menos frequentes ou raras incluem dor de cabeça,
            perda de memória, nervosismo, cansaço, tonturas ao levantar, dor de estômago, inflamação
            da boca ou língua, dificuldade para dormir;
         •	 efeitos adversos da selegilina – aumento dos movimentos não usuais do corpo, dor no peito,
            alterações nos batimentos do coração, dificuldade para respirar, inchaço, alucinações,
            desorientação, agitação, nervosismo, ansiedade, dor de cabeça, aumento da pressão
            arterial, tonturas ao levantar, prisão de ventre, diarreia, dificuldade ou dor para urinar,
            sangramento gastrointestinal, fezes escurecidas, dor intensa no estômago, alteração de


                                                                                                              223
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                 comportamento, irritabilidade, perda de apetite, perda de peso, reações alérgicas de pele, cansaço,
                 fraqueza, bruxismo (ranger dos dentes), dor abdominal, secura na boca, náuseas, vômitos. Efeitos
                 mais raros incluem ansiedade, nervosismo, contração involuntária na face, problemas de visão,
                 calafrios, cãibras, formigamentos, aumento da sensibilidade à luz;
              •	 efeitos adversos da tolcapona – dor abdominal, perda de apetite, diarreia, alucinações, dor de
                 cabeça, insônia, náuseas, vômitos, infecções do trato respiratório, confusão, dor no peito, fadiga,
                 hiperatividade, perda do equilíbrio, sintomas gripais, prisão de ventre, aumento do suor, secura
                 da boca, azia, gases, descoloração da urina, febre. Efeitos mais raros incluem agitação, dor nas
                 juntas, diminuição da pressão arterial, irritabilidade, problemas no fígado, olhos e pele amarelados,
                 dificuldade de pensamento ou concentração, cãibras, formigamentos, coceiras, infecções do trato
                 urinário, síndrome neuroléptica maligna (dificuldade para respirar, taquicardia, febre alta, pressão
                 arterial irregular, perda do controle para urinar);
              •	 efeitos adversos da entacapona – alucinações, aumento dos movimentos do corpo, infecções, febre,
                 tosse, dor ou dificuldade para urinar, cansaço, dor abdominal, diarreia, prisão de ventre, náusea,
                 agitação, nervosismo, ansiedade, respiração curta, boca seca, azia, gases, vômito, sonolência,
                 descoloração da urina. Efeitos adversos mais raros incluem confusão mental e problemas nos
                 pulmões e nos músculos (rabdomiólise);
              •	 risco da ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem e com o uso concomitante de
                 medicamentos.
              Estou ciente de que pode haver necessidade de mudança das doses.
              Estou da mesma forma ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim,
      comprometendo-me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei
      também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
              Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao
      meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato. 
                m
              Meu tratamento constará de um ou mais dos seguintes medicamentos:
              o bromocriptina
              o pramipexol
              o amantadina
              o triexifenidil
              o selegilina
              o tolcapona
              o entacapona

      Local:                                    Data:
      Nome do paciente:
      Cartão Nacional de Saúde:
      Nome do responsável legal:
      Documento de identificação do responsável legal:

                                          _____________________________________
                                          Assinatura do paciente ou do responsável legal
      Médico responsável:                                                        CRM:                 UF:

                                                 ___________________________
                                                  Assinatura e carimbo do médico
                                                   Data:____________________
      Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
      Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada
      na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.




224
Doença de Parkinson




                        Doença de Parkinson




                      225
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Fluxograma de Tratamento
      Doença de Parkinson
                                               Fluxograma de Tratamento
                                                  Doença de Parkinson
                             Levodopa/Carbidopa, Bromocriptina, Pramipexol, Amantadina,
                              Biperideno, Triexifenidil, Selegilina, Tolcapona e Entacapona

                                                                              • Critérios necessários para diagnóstico de
                    Paciente com diagnóstico clínico de                         doença de Parkinson:
                                                                              ✓ bradicinesia (e pelo menos um dos sintomas
              doença de Parkinson segundo os critérios do                       abaixo)
             Banco de Cérebros da Sociedade de Parkinson do                   ✓ rigidez muscular
                              Reino Unido                                     ✓ tremor de repouso (4-6 Hz)
                                                                              ✓ instabilidade postural não causada por distúrbios
                                                                                visuais, vestibulares, cerebelares ou
                                                                                proprioceptivos.
                                 Possui algum                                 • Critérios de suporte positivo para diagnóstico
                                                                                de doença de Parkinson (necessários no
                  Sim             critério de         Não                       mínimo 3):
                                  exclusão?                                   ✓ início unilateral
                                                                              ✓ tremor de repouso
                                                                              ✓ doença progressiva
          Exclusão do                                                         ✓ persistência da assimetria dos sintomas
            PCDT                                                              ✓ boa resposta a levodopa
                                                                              ✓ discinesias induzidas por levodopa
                                                                              ✓ resposta a levodopa por 5 anos ou mais
                                                                              ✓ evolução clínica de 10 anos ou mais

                    Avaliação clínica incluindo
                    severidade dos sintomas                                    • Critérios negativos (excludentes) para
                                                                                 doença de Parkinson:
                      e prejuízo funcional.
                                                                               ✓ história de AVC de repetição
                                                                               ✓ história de trauma craniano grave
                                                                               ✓ história definida de encefalite
                                                                               ✓ crises oculogíricas
                                                                               ✓ tratamento prévio com neurolépticos
                          Possui sintomas                                      ✓ remissão espontânea dos sintomas
                        moderados a graves                                     ✓ quadro clínico estritamente unilateral após
                        e prejuízo funcional?                                     3 anos
                                                                               ✓ paralisia supranuclear do olhar
            Não                                         Sim                    ✓ sinais cerebelares
                                                                               ✓ sinais autonômicos precoces
                                                                               ✓ demência precoce
                                                                               ✓ liberação piramidal com sinal de Babinski
                                                                               ✓ tumor cerebral ou hidrocefalia comunicante
                                                                               ✓ resposta negativa a altas doses de levodopa
           Tratamento com                                                      ✓ exposição a metilfeniltetraperidínio
                                                  Tratamento com
             selegilina ou                                                     ✓ paciente com contraindicação ou
                                                    levodopa ou                  intolerância aos medicamentos
            amantadina ou
                                                      agonistas                  especificados
          anticolinérgicos ou
                                                  dopaminérgicos
               levodopa




                  Paciente em tratamento
                                                                Paciente em tratamento
                    com levodopa sem
                                                                  com levodopa com
                    controle adequado
                                                                 complicações motoras




                      Associar agonistas                            Realizar tratamento
                      dopaminérgicos ou                                com agonistas
                     inibidores da COMT.                              dopaminérgicos,
                                                                    inibidores da COMT
                                                                       ou amantadina.



226
Doença de Parkinson


Fluxograma de Dispensação de Bromocriptina, Pramipexol,
Amantadina, Triexifenidil, Selegilina, Tolcapona e Entacapona
                   Fluxograma de Dispensação de Bromocriptina, Pramipexol,
Doença de Parkinson
              Amantadina, Triexifenidil, Selegilina, Tolcapona e Entacapona Doença
                                                       de Parkinson


                        Paciente solicita o
                         medicamento.


                                                                           CID-10: G20
                                                                           Dose:
                                                                           ✓ bromocriptina: 7,5-70 mg/dia
                   Possui LME corretamente                                 ✓ pramipexol: 2-4,5 mg/dia
                                                                           ✓ amantadina: 200-400 mg/dia
                     preenchido e demais                                   ✓ biperideno e triexifenidil: 0,5-15 mg/dia
                    documentos exigidos?                                   ✓ selegilina: 5-10 mg/dia
       Não                                               Sim               ✓ tolcapona: 300-600 mg/dia
                                                                           ✓ entacapona: 800 mg-2.000 mg/dia




    Orientar o
    paciente.                                   CID-10 e dose estão de
                          Não                  acordo com o preconizado                  Sim
                                                     pelo PCDT?


                   Encaminhar o                                                 Realizar entrevista
                    paciente ao                                             farmacoterapêutica inicial
                  médico assistente.                                           com o farmacêutico.

                                                                                      Processo             Sim
                                                                      Não             deferido?


                                                               Não dispensar e
                                                                                                        Orientar o
                                                                 justificar ao
                                                                                                        paciente.
      Exames necessários para dispensação/                        paciente.
      monitorização:
      ✓ monitorização clínica, com avaliação
        dos efeitos adversos para cada
        medicamento
      ✓ para tolcapona: TGO e TGP.
        Periodicidade: a critério médico                                   Dispensação a cada mês de
                                                                                   tratamento


                                                                                                                           Doença de Parkinson
                                                                                   Entrevista
                                                                             farmacoterapêutica de
                                                                                 monitorização




                                                Paciente apresentou eventos
                             Sim                                                             Não
                                                  adversos significativos?


                    Dispensar e solicitar
                    parecer do médico                                                     Dispensar.
                        assistente.



                                                                                                                         227
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Ficha Farmacoterapêutica
      Doença de Parkinson


      1	 Dados do Paciente
      Nome: ___________________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Sexo: o Masculino o Feminino      DN: _____/ _____/ ______ Idade: ______Peso: _____ Altura: ______
      Endereço: ________________________________________________________________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________
      Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________

      2	 Avaliação Farmacoterapêutica
      2.1	 Apresenta Parkinson-plus? (coletar informação no LME)
      	 o não
      	 o sim g O tratamento deve ser realizado com levodopa/carbidopa ou levodopa/benserazida, se responsivos

      2.2 	 Com que idade foi feito o diagnóstico? ______________________________________________________

      2.3 	 Quais os medicamentos já utilizados para o tratamento?_________________________________________
      _________________________________________________________________________________________

      2.4 	 Possui outras doenças diagnosticadas?
      	 o não
      	 o sim g Quais? ________________________________________________________________________
      _________________________________________________________________________________________

      2.5 	 Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais?
        Nome comercial          Nome genérico          Dose total/dia e via             Data de início    Prescrito
                                                                                                         o não o sim
                                                                                                         o não o sim
                                                                                                         o não o sim
                                                                                                         o não o sim

      2.6 		 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos?
      	 o não
      	 o sim g Quais? A que medicamentos? ______________________________________________________


      3	 Monitorização do Tratamento

      3.1	 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos)
      	 não g Dispensar
      	 sim g Passar para a pergunta 3.2

      3.2 	 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
      	 não g Dispensar
      	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente


228
Doença de Parkinson


                       TABELA DE REGISTRO DE EVENTOS ADVERSOS

    Data da
                               Evento adverso                  *Intensidade         q Conduta
   entrevista




Observar as reações adversas já relatadas de acordo com o medicamento utilizado
* Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica
(nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro
(descrever)




                                                                                                          Doença de Parkinson




                                                                                                        229
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                              TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO

                              1o mês     2o mês       3o mês       4o mês        5o mês    6o mês
      Data
      Nome comercial
      Lote/Validade
      Dose prescrita
      Quantidade dispensada
      Próxima dispensação
      (Necessita de parecer
      médico: sim/não)
      Farmacêutico/CRF
      Observações




                              7o mês     8o mês       9o mês      10o mês        11o mês   12o mês
      Data
      Nome comercial
      Lote/Validade
      Dose prescrita
      Quantidade dispensada
      Próxima dispensação
      (Necessita de parecer
      médico: sim/não)
      Farmacêutico/CRF
      Observações




230
Doença de Parkinson


Guia de Orientação ao Paciente
Bromocriptina, Pramipexol, Amantadina, Triexifenidil, Selegilina,
Tolcapona e Entacapona


    este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.

    seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.

               o medicamento é utilizado no tratamento de doença de parkinson.


1	 Doença
	 •	      Parkinson é uma doença neurológica, sem causa definida, que raramente ocorre antes dos 50
		        anos e que evolui lentamente levando à incapacidade física e mental.
  •	      A doença de Parkinson pode causar tremores durante o repouso, rigidez nos músculos,
          diminuição da mobilidade, dificuldade no equilíbrio, alterações emocionais (depressão,
          ansiedade) e demência.

2	 Medicamento
	    •	   Este medicamento melhora os sintomas de incapacidade física e a qualidade de vida.

3	 Guarda do medicamento
	 •	      Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de
		        temperatura (cozinha e banheiro).
  •	      Conserve o medicamento na embalagem original.

4	 administração do medicamento
	 •	      Tome as cápsulas (sem mastigar ou abrir) com ajuda de um líquido. Tome exatamente a dose
		        que o médico indicou, estabelecendo um mesmo horário todos os dias.
  •	      Em caso de esquecimento de uma dose, tome-a assim que lembrar. Não tome a dose em dobro
          para compensar a que foi esquecida.

5	 Reações desagradáveis
	 •	      Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas
		        reações desagradáveis, tais como náuseas, vômitos, perda de apetite, sonolência ou falta de
		        sono, tontura, dor de cabeça, queda de cabelo, boca seca, urina escura, diarreia ou prisão de
		        ventre.
  •	      Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
  •	      Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e


                                                                                                            Doença de Parkinson
          Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.

6	 Uso de outros medicamentos
	 •	      Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um
		        profissional de saúde.

7	 Para seguir recebendo o medicamento
	     •	 Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos:
      	 − Receita médica atual
      	 − Cartão Nacional de Saúde ou RG


8	 Em caso de dúvida
	 •	      Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer
		        atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.


                                                                                                          231
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      9	 Outras informações importantes
      	 •	   Não faça uso de bebidas alcoólicas durante o tratamento, pois reações desagradáveis podem acontecer,
      		     principalmente com o uso da bromocriptina.
        •	   Quando estiver sentado ou deitado, procure não levantar rapidamente para evitar tonturas.
        •	   Caso seja necessário interromper o uso do medicamento, isto deve ser feito de maneira gradual, sob
             orientação médica.

      10 Outras informações
      _________________________________________________________________________________________

      _________________________________________________________________________________________

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                                   se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                                              devolva-o à farmácia do sus.




232
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

          Doença Falciforme
           Portaria SAS/MS no 55, de 29 de janeiro de 2010.


     1 	 metodologia de busca da literatura
            	 ara a análise de eficácia do tratamento específico para doença falciforme atualmente registrado na
             P
     Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e, portanto, disponível para utilização e comercialização
     no Brasil, foram realizadas buscas nas bases descritas abaixo até 30/08/2009.
            	 a base Medline/Pubmed:
             N
            •	 “hydroxyurea” [Substance Name] AND “hemoglobin, sickle” [Mesh] limitadas a “humans, meta-analysis,
                 randomized controlled trial, review, journal article”.
            Na base Scielo:
            •	 “hidroxiureia” e “doença falciforme”, limitadas a artigos originais.

     2 	 Introdução
               Doença falciforme (DF) é uma condição genética autossômica recessiva resultante de defeitos
     na estrutura da hemoglobina (Hb) associados ou não a defeitos em sua síntese1,2. As hemoglobinopatias
     decorrentes de defeitos na estrutura da Hb são mais frequentes em povos africanos, e as talassemias
     causadas por defeitos na síntese, em povos do Mediterrâneo, da Ásia e da China1,2. Apesar desta predileção
     étnica, a DF está presente em todos os continentes como consequência das migrações populacionais1-5. No
     Brasil, que reconhecidamente apresenta uma das populações de maior heterogeneidade genética do mundo6,
     a maior prevalência da doença ocorre nas regiões Norte e Nordeste7.
               Indivíduos com DF obrigatoriamente herdam uma mutação materna e outra paterna. As mutações
     herdadas podem encontrar-se em estado homozigótico (SS), único genótipo que pode ser denominado
     “anemia” falciforme4,5, ou heterozigótico composto, ou seja, a doença é causada pela herança de HbS em
     combinação com outro defeito (estrutural ou de síntese) na Hb (SC, SD, SE, S betatalassemia, S alfatalassemia
     ou S mut rara). A maioria dos genitores de crianças com DF são heterozigotos simples, ou seja, apresentam
     um gene da HbA (normal) associado a um gene de Hb variante1-5. Não é incomum a identificação de DF em
     um dos pais durante a investigação familiar suscitada pelo nascimento de um filho diagnosticado através de
     triagem neonatal (teste do pezinho) para a doença8-10.
               A heterogeneidade mutacional e outras características genéticas do indivíduo relacionadas a fatores
     ambientais e sociais são responsáveis por um amplo espectro de manifestações e complicações clínicas de
     DF1,4,8, fato relevante que deve ser levado em consideração durante o complexo aconselhamento genético10,
     bem como durante o tratamento e o acompanhamento clínico dos pacientes e de suas famílias.
               O reconhecimento de que a DF é prevalente no Brasil6,7 foi determinante para a instituição da Política
     Nacional de Atenção à Doença Falciforme (PNADF) do Ministério da Saúde11. Estima-se que 4% da população
     brasileira tenha o traço falciforme (heterozigose simples) e que 25.000-50.000 pessoas tenham a doença em
     estado homozigótico (SS – anemia falciforme) ou na condição de heterozigotos compostos (SC, SD, SE, S
     betatalassemia – doença falciforme)7.
               A HbS na forma desoxigenada perde sua complexa estrutura quaternária e adquire uma estrutura
     primária (polimerização hemoglobínica). A partir da polimerização, a HbS torna-se insolúvel, alterando a forma
     eritrocitária (que normalmente é um disco bicôncavo) para uma estrutura que lembra uma foice: fenômeno
     da eritrofalciformação. Os eritrócitos falciformados são fagocitados prematuramente pelo sistema monocítico-



Autores: Elizabeth Lemos Silveira, Lúcia Mariano da Rocha Silla, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.


                                                                                                                        233
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      macrofágico, ocasionando anemia hemolítica crônica, geralmente de importante magnitude12. A hemólise,
      por uma via metabólica complexa, compromete o metabolismo do óxido nítrico, o que ocasiona vasculopatia
      proliferativa. Há alterações endoteliais que geram um estado inflamatório crônico. O endotélio lesado expõe o
      fator tecidual que desencadeia a cascata da coagulação e libera multímeros de von Willebrand. Ainda, na DF
      com a expressão anômala de moléculas de adesão, há maior interação entre os elementos celulares sanguíneos
      e o endotélio vascular13-15.
               Portanto, os pilares fisiopatogênicos da vasoclusão na DF são o fenômeno da eritrofalciformação, a maior
      interação entre células endoteliais, leucócitos e plaquetas, a vasculopatia proliferativa, o estado inflamatório
      crônico e a hipercoagulabilidade12-15.
               A PNADF tem por objetivo diminuir a alta taxa de morbimortalidade de DF11, caracterizada por anemia
      hemolítica crônica e por eventos agudos e potencialmente letais: crises vasoclusivas e síndrome torácica12.
      Por isso, o diagnóstico precoce através da triagem neonatal e o uso de imunobiológicos especiais e de
      antibioticoprofilaxia são fundamentais para a saúde dos portadores da doença16.
               A identificação dos pacientes antes do início sintomatológico visa a diminuir os episódios vasoclusivos,
      também denominados crises falcêmicas4,16. Nestas crises, pode haver dor intensa, lesões isquêmicas teciduais
      e danos em todos os órgãos e sistemas (cérebro, coração, fígado, rins, pele, olhos, esqueleto e pulmões)17-20.
      A maioria dos desfechos fatais é precedida de episódios agudos, como, por exemplo, síndrome torácica
      aguda3,12,21-32.
               Em 1994, um estudo norte-americano multicêntrico, denominado Cooperative Study of Sickle Cell
      Disease (CSSCD)23, observou que a sobrevida mediana dos homens com DF era de 42 anos, e a das mulheres,
      de 48 anos. Constatou também que pacientes com DF com valores de Hb fetal (HbF) > 8% sobreviviam mais do
      que aqueles com um valor abaixo deste ponto de corte19.
               A hidroxiureia (HU) apresenta um efeito citotóxico que, ao inibir a enzima ribonucleotídeo redutase,
      produz vários efeitos benéficos nos pacientes com DF, tais como aumento da produção de HbF, da hidratação
      de glóbulos vermelhos e da taxa hemoglobínica, maior produção de óxido nítrico e diminuição da expressão de
      moléculas de adesão. Até o momento, ela é considerada a terapia farmacológica de maior sucesso para DF24-32.
               Observação por 9 anos levou Steinberg e cols22 a concluírem que a HU deve ser usada indefinidamente
      pelos pacientes que dela necessitam. Além disto, as chances de o fármaco produzir efeitos indesejáveis são
      muito menores do que as chances de os indivíduos apresentarem desfechos fatais em decorrência da doença21-33.
      O uso da HU diminuiu em 40% o risco de óbito por DF17,18, baixou de 4,5 para 2,5 o número anual de episódios
      álgicos agudos em adultos e reduziu em cerca de 50% as necessidades transfusionais e o número de episódios
      de síndrome torácica aguda22,24.
               A prescrição de HU para a população pediátrica tem demonstrado claros benefícios, e o medicamento
      parece ser bem tolerado27-32, podendo prevenir tanto infarto esplênico quanto manifestações neurológicas
      (convulsões, paralisias, distúrbios da fala, cegueira transitória e alterações da consciência)16,27-32.
               A principal desvantagem relacionada ao uso de HU consiste na necessidade de monitoramento frequente
      dos efeitos citotóxicos do fármaco. O potencial teratogênico e carcinogênico do fármaco tem um peso maior no
      momento da prescrição para crianças16,20,33-34. Outra desvantagem para a população infantil é a ausência da
      forma farmacêutica líquida do fármaco29.
               A complexidade da doença e dos cuidados necessários durante o tratamento suscitou a normatização da
      dispensação da HU em centros de referência e a criação, em 2002, deste protocolo clínico35.

      3		Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à
      		 saúde (CID-10)
           •	 D56.1 Talassemia beta
           •	 D56.8 Outras talassemias
           •	 D57.0 Anemia falciforme com crise
           •	 D57.1 Anemia falciforme sem crise
           •	 D57.2 Transtornos falciformes heterozigóticos duplos

      4 	Diagnóstico
            Tanto eletroforese por focalização isoelétrica (IEF) quanto cromatografia líquida de alta resolução (HPLC)
      podem ser utilizadas para o diagnóstico de DF. Se HPLC tiver sido o método escolhido pelo programa de triagem

234
Doença Falciforme


neonatal, os casos alterados deverão ser confirmados por IEF e igualmente reportados36.

5 	Critérios de inclusão
		     Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que preencherem todos os critérios
  abaixo:
      •	 idade > 3 anos;
      •	 possibilidade de comparecimento às consultas e de realização de exames laboratoriais
          periódicos;
      •	 teste de gravidez (beta-hCG sérico) negativo para mulheres em idade reprodutiva;
      •	 comprometimento de mulheres em idade reprodutiva em usar método anticoncepcional com
          eficácia confirmada durante a terapia com HU.

        	   Serão também incluídos os que preencherem pelo menos um dos seguintes critérios nos 	
   últimos 12 meses:
        •	 3 ou mais episódios álgicos agudos com necessidade de atendimento médico hospitalar ou
           comprovada incapacidade produtiva (escola/trabalho);
        •	 mais de um episódio de síndrome torácica aguda (STA), definida como presença de infiltrado
           pulmonar recente, não atelectásico, envolvendo pelo menos um segmento pulmonar
           completo, acompanhado de dor torácica, temperatura superior a 38,5 ºC, taquipneia, sibilos
           ou tosse em paciente com DF3; ou 1 episódio de STA com necessidade de O2 ou transfusão
           sanguínea ou 1 episódio de STA com necessidade de internação em unidade de tratamento
           intensivo;
        •	 hipoxemia crônica – saturação de oxigênio persistentemente < 94%, medida em 2 visitas
           clínicas consecutivas fora de evento agudo e afastada a possibilidade de obstrução
           adenoidal/amigdaliana em crianças;
        •	 outras situações em que haja comprovação de lesão crônica de órgão (priapismo, necrose
           óssea, retinopatia proliferativa, entre outras);
        •	 concentração de Hb < 7g/dl (média de 3 valores fora de evento agudo);
        •	 concentração de HbF < 8% após 2 anos de idade;
        •	 leucocitose > 20.000/mm3 (média de 3 valores fora de evento agudo);
        •	 desidrogenase láctica (DHL) 2 vezes acima do valor de referência para a idade;
        •	 alterações ao eco-Doppler transcraniano (> 200 cm/s com impossibilidade de regime
           transfusional crônico).

6 	Critérios de exclusão
       Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes com as seguintes condições:
       •	 hipersensibilidade à HU;
       •	 níveis basais inaceitáveis para o início do tratamento (Tabela 1) – contagem de neutrófilos
          < 2.500mm3, de plaquetas < 95.000/mm3, de reticulócitos < 95.000/mm3 e de hemoglobina
       	 < 4,5g/dl;                                                                                        Doença Falciforme
       •	 gravidez – o uso de HU deve ser descontinuado por 3 a 6 meses antes da gravidez por
          possíveis efeitos teratogênicos do fármaco37;
       •	 amamentação – como a HU é excretada através do leite materno, cabe decidir pela
          interrupção do aleitamento ou pela suspensão do uso do fármaco, levando-se em
          consideração a importância do tratamento para a mãe;
       •	 sorologia positiva para HIV – o uso concomitante de HU e antirretrovirais aumenta o risco
          de neuropatia periférica, pancreatite e insuficiência hepática, razão pela qual a associação
          destes medicamentos está contraindicada.

7	Casos especiais
        Devido aos possíveis efeitos teratogênicos e carcinogênicos da HU, a instituição de medidas
terapêuticas para crianças com menos de 3 anos de idade deve ser criteriosamente analisada, levando-


                                                                                                         235
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      se em consideração o risco de morbimortalidade da doença. Pelo menos um dos seguintes fatores deve estar
      presente:
             •	 dactilite (antes do primeiro ano de vida);
             •	 concentração de Hb < 7g/dl (média de 3 valores fora de evento agudo);
             •	 contagem de leucócitos > 20.000/mm3 (média de 3 valores fora de evento agudo).

      8	Centro de Referência
              Conforme já definido na Portaria GM/MS no 822, de 06 de junho de 200136, em consonância com o
      Programa Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme (Portaria no 1.018/GM, de 1o de julho
      de 2005)38 e com a Política Nacional de Atenção às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias
      (Portaria no 1.391/GM, de 16 de agosto de 2005)11, os Programas Estaduais de Triagem Neonatal em Fase II são
      os responsáveis pela triagem neonatal da DF e pela promoção da saúde das pessoas com esta doença.
              A regulamentação do Sistema Único de Saúde, publicada no Diário Oficial da União, de 04 de setembro
      de 200939, estabelece que pacientes com DF terão primeiramente acompanhamento multidisciplinar em triagem
      neonatal (AMTN) com médico pediatra, psicólogo e assistente social. As famílias deverão receber orientação
      sobre o diagnóstico e o tratamento e ser encaminhadas para aconselhamento genético. A continuidade do
      atendimento deverá seguir o protocolo clínico e as diretrizes terapêuticas para tratamento da DF em centros de
      referência.

      9	Tratamento

              9.1 Fármaco
              • Hidroxiureia (HU): cápsulas em gel sólido com 500 mg do princípio ativo
              Para a manipulação da preparação líquida para crianças, recomenda-se dissolver a cápsula de 500 mg
      de HU em 10 ml de água destilada, obtendo a concentração de 50 mg/ml, o que facilita a administração da dose
      correta por quilograma de peso32. A estabilidade química e funcional do fármaco é mantida por aproximadamente
      6 meses em temperatura ambiente40. Por tratar-se de um fármaco citotóxico, é altamente recomendável que
      sejam seguidas as boas práticas de manipulação de preparações magistrais e oficinais41.

              9.2 Esquema de administração
               Dose inicial: 15 mg/kg/dia, por via oral, em dose única. Para o cálculo da dose, utiliza-se o peso real ou
      o ideal, aquele que for menor.
               Dose máxima tolerada (DMT): A DMT não deve ser > 35 mg/kg/dia19,24-30. Ela é definida como a maior
      dose capaz de promover a melhora mais proeminente no curso clínico e laboratorial da doença, sem a ocorrência
      de toxicidade hematológica, conforme a Tabela 124.
               Conduta durante a ocorrência de toxicidade: A HU deve ser descontinuada até a recuperação
      hematológica, renal, hepática ou gastrointestinal24. A dose de reinício da terapêutica é 5 mg/kg menor do que a
      dose que estava sendo utilizada quando ocorreu a intoxicação, seguindo os mesmos critérios de controle até a
      dose máxima tolerada para cada caso específico, que poderá ser de 20, 25 ou 35 mg/kg/dia22,24.

              9.3 Tempo de tratamento – critérios de interrupção
             O tratamento deve ter duração de pelo menos 2 anos e ser mantido por tempo indeterminado de acordo
      com a resposta clínica e laboratorial. É importante lembrar que cerca de 25% das pessoas não apresentam
      resposta satisfatória à HU, condição que determina a suspensão do tratamento.

            	 9.4 Benefícios esperados
              •	   Abolição ou diminuição dos episódios de dor
              •	   Aumento da produção de HbF
              •	   Aumento, mesmo que discreto, da concentração total da Hb
              •	   Diminuição dos episódios de síndrome torácica aguda
              •	   Diminuição do número de hospitalizações
              •	   Diminuição do número de transfusões sanguíneas


236
Doença Falciforme


      •	 Regressão ou estabilização de danos em órgãos ou tecidos
      •	 Melhora do bem-estar e da qualidade de vida e maior sobrevida

10 	 MONITORIZAÇÃO
			   Devem ser realizados os seguintes exames basais (antes do início do tratamento):
      •	 hemograma com contagem de plaquetas e reticulócitos para avaliar a possibilidade de
         inclusão do paciente neste protocolo e a toxicidade da HU;
      •	 eletroforese de Hb com dosagem de HbF para avaliar os possíveis efeitos benéficos do
         tratamento;
      •	 sorologias para hepatites B e C e para HIV;
      •	 dosagem sérica de transaminases (AST, ALT) e creatinina;
      •	 dosagem de ácido úrico;
      •	 beta-hCG sérico.
         Para monitorização laboratorial, devem ser realizados:
      •	 hemograma completo e contagem de reticulócitos (ver Tabela 1)
         −	 até a dose de manutenção: a cada 2 semanas
         −	 após a dose de manutenção: a cada 4 semanas
      •	 creatinina e transaminases (AST e ALT) (consideram-se toxicidade renal quando a dosagem
         de creatinina é > 50% do valor basal e toxicidade hepática quando o valor de ALT é duas
         vezes maior do que o limite superior)
         −	 até a dose de manutenção: a cada 4 semanas
         −	 após a dose de manutenção: a cada 12 semanas
      •	 hemoglobina fetal (ver Tabela 1)
         −	 até a dose de manutenção: a cada 8 semanas
         −	 após a dose de manutenção: a cada 24 semanas
         Devido aos possíveis efeitos adversos, a relação entre risco e benefício deve ser
  	      cuidadosamente avaliada nos seguintes casos:
      •	 uricosúria − o uso de HU pode aumentar os níveis séricos de ácido úrico. Níveis basais
         acima do limite normal devem ser monitorizados mensalmente;
      •	 ácido fólico − o uso de HU produz macrocitose, dificultando a suspeita laboratorial de
         deficiência de ácido fólico. Desta forma, é recomendado o emprego profilático concomitante
         de 5 mg/dia de ácido fólico, 3 vezes por semana. Cabe ressaltar que a deficiência de ácido
         fólico aumenta o risco de defeitos congênitos, especialmente fechamento do tubo neural;
      •	 interações medicamentosas − não há estudos adequados sobre interação entre HU e
         outros fármacos. Portanto, seu uso concomitante com outros medicamentos, principalmente
         com os que também podem produzir depressão da medula óssea, deve ser cuidadosamente
         monitorizado;
      •	 sorologia positiva para HIV − a associação de HU com os antirretrovirais didanosina e
         estavudina está contraindicada;
      •	 sorologia positiva para hepatites B e C − as provas de função hepática devem ser                Doença Falciforme
         monitorizadas mensalmente durante o uso da HU. No caso de insuficiência hepática, não
         há recomendação de ajuste da dose. O uso de HU pode diminuir os efeitos colaterais
         provocados por fármacos antivirais usados no tratamento das hepatites42;
      •	 insuficiência renal − embora poucos estudos tenham avaliado o uso de HU em pacientes
         com insuficiência renal, recomenda-se o ajuste da dose conforme o valor de depuração da
         creatinina: de 10-50 ml/min, administrar 50% da dose; < 10 ml/min, administrar 20% da dose.
         É recomendável a avaliação em conjunto com o nefrologista. Pacientes em hemodiálise
         devem receber HU após o procedimento;
      •	 medidas antropométricas − peso, altura e perímetro cefálico das crianças devem ser
         monitorizados a cada 2 semanas durante os 2 primeiros meses de tratamento ou enquanto a
         dose estiver sendo ajustada. Quando a criança estiver fazendo uso da dose de manutenção,
         a monitorização deve ser feita a cada mês. De acordo com Tompson e cols.21, crianças com


                                                                                                       237
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                 idade entre 9 e 17 meses devem realizar testes de desenvolvimento neuropsicomotor, pois dados
                 não publicados de pesquisas em animais sugerem que HU pode provocar um efeito deletério no
                 crescimento e no desenvolvimento cerebral.

              Todos os eventos adversos relacionados ao uso de HU devem ser valorizados43, pois podem contribuir
      para uma má adesão ao tratamento. O emprego de HU pode ser mantido na vigência de efeito adverso leve
      desde que haja acompanhamento regular de um especialista, porém a ocorrência de efeito adverso moderado
      ou grave exige suspensão do uso passível de reintrodução na dependência do dano causado e da vontade do
      usuário.
              Já foram relatados os seguintes eventos adversos:
              •	 neurológicos − letargia, cefaleia, tonturas, desorientação e alucinações (raramente);
              •	 gastrointestinais − estomatite, anorexia, náuseas, vômitos, diarreia e constipação;
              •	 dermatológicos − erupção maculopapular, eritema facial e periférico, alopecia, hiperpigmentação dos
                  anexos (pele e unhas), pele seca, ulceração da pele ou agravamento de úlcera já existente. Úlcera
                  isquêmica é um possível efeito adverso do uso crônico de HU. Para pacientes com história prévia
                  ou atual de úlcera isquêmica, não há contraindicação formal; entretanto, em caso de aparecimento
                  de úlcera isquêmica sem história anterior desta complicação, a suspensão do fármaco deve ser
                  considerada44;
              •	 renais − elevação dos níveis séricos de ureia e creatinina;
              •	 hepático − elevação das aminotransferases;
              •	 reprodutivos − oligospermia, azoospermia, efeito teratogênico fetal;
              •	 hematológicos − mielotoxicidade e hiperesplenismo em crianças;
              •	 outros − edema, febre, calafrios, mal-estar, astenia.
              A Tabela 1 apresenta a dose diária de hidroxiureia de acordo com a contagem de neutrófilos, de plaquetas,
      de reticulócitos e o nível da hemoglobina.

      Tabela 1 - Ajuste da Dose Diária de Hidroxiureia*
                                                   Contagens Celulares e Nível da Hemoglobina
                                              muito baixos                    baixos                  aceitáveis
                                       toxicidade hematológica                                 ponto de corte para o
                                                                                                   ajuste da dose
                                      (suspender o tratamento       (manutenção da               (início, reinício ou
                                    até que contagens celulares    dose utilizada no          aumento da dose até a
                                     aceitáveis sejam atingidas)        momento)              dose máxima tolerada)
      Neutrófilos (mm³)                        < 2.000                2.000 - 2.500                    > 2.500
      Plaquetas (mm³)                         < 80.000              80.000 - 95.000                   > 95.000
      Reticulócitos (mm³)**                   < 80.000              80.000 - 95.000                   > 95.000
      Hemoglobina (g/dl)                        < 4,5                    4,5 - 5,3                     4,5 - 5,3
       *	 daptada de Platt OS. NEJM 2008; 358: 1362-9
        A
       ** Contagem de reticulócitos se faz necessária até que a Hb atinja um valor > 9 g/dl

      11 	Regulação/controle/avaliação pelo gestor
             Recomenda-se que os indivíduos de qualquer idade com diagnóstico de DF sejam acompanhados em
      Centro de Referência para doença falciforme por facilitar o tratamento, o manejo das doses e o controle de
      efeitos adversos. O Centro de Referência que contar com farmacêutico poderá dispensar HU diretamente para
      o paciente.

      12 	Termo de Esclarecimento e Responsabilidade – TER
             É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e
      efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se
      prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.



238
Doença Falciforme


13	Referências Bibliográficas
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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


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240
Doença Falciforme



Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
Hidroxiureia


Eu, _______________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter
sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos
relacionados ao uso de hidroxiureia, indicada para o tratamento de doença falciforme.
         Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
_______________________________________________(nome do médico que prescreve).
         Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber
pode trazer as seguintes melhoras:
         •	 desaparecimento ou diminuição dos episódios de dor;
         •	 aumento da produção de Hb fetal;
         •	 aumento, mesmo que pequeno, da concentração total da Hb;
         •	 diminuição dos episódios de síndrome torácica aguda;
         •	 diminuição do número de hospitalizações;
         •	 diminuição do número de transfusões sanguíneas;
         •	 regressão ou estabilização de danos em órgãos ou tecidos;
         •	 melhora do bem-estar e da qualidade de vida e maior sobrevida.
       Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais
efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento:
         •	 diminuição do número de glóbulos brancos (leucopenia e neutropenia), de glóbulos vermelhos
            (anemia) e de plaquetas; cansaço, dor de cabeça, tonturas, desorientação e alucinações;
            perda de apetite, náuseas, vômitos, diarreia, prisão de ventre e dor de estômago; elevação
            de enzimas hepáticas, hepatite medicamentosa; infiltrado pulmonar e fibrose pulmonar;
            erupções na pele, hiperpigmentação das unhas, queda de cabelos, câncer de pele; perda
            de função renal, elevação dos níveis sanguíneos de ureia, creatinina e ácido úrico; febre,
            calafrios, mal-estar;
         •	 por atravessar a placenta chegando até a circulação fetal, a hidroxiureia tem um potencial
            risco de causar defeitos congênitos e até óbito fetal, por isso a gravidez deve ser evitada
            durante o tratamento. A hidroxiureia pode causar redução da capacidade reprodutiva de
            homens e mulheres;
         •	 por ser excretada através do leite materno, está totalmente contraindicado o uso de
            hidroxiureia na amamentação. Há duas opções a serem discutidas individualmente:
            suspensão do aleitamento materno ou suspensão do uso do medicamento, devendo-se
            levar em consideração os efeitos benéficos do aleitamento e do tratamento para a mãe.
       Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me
a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também
que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.                     Doença Falciforme
       Também estou ciente de que o ácido fólico, medicamento complementar ao tratamento, pode ser
maléfico à função renal (raramente) e provocar reação alérgica (febre e erupção cutânea).
       Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas
ao trata­ ento, desde que assegurado o anonimato.
        m




                                                                                                          241
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      Local:                                    Data:
      Nome do paciente:
      Cartão Nacional de Saúde:
      Nome do responsável legal:
      Documento de identificação do responsável legal:

                                        _____________________________________
                                        Assinatura do paciente ou do responsável legal
      Médico responsável:                                                      CRM:             UF:

                                               ___________________________
                                                Assinatura e carimbo do médico
                                                 Data:____________________
      Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
      Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada
      na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.




242
Doença Falciforme




                      Doença Falciforme




                    243
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Fluxograma de Tratamento
      Doença Falciforme




                                             Fluxograma de Tratamento Doença FalciformeHidroxiureia


                                                                                              Critérios de inclusão para menores de 3
                                                                                              anos:
                                                                                              ✓ dactilite antes do 1º ano de vida ou
                                                                                              ✓ hemoglobina < 7 g/dl (média de 3
                                                                                                  valores fora de evento agudo) ou
                      Paciente com diagnóstico de                                             ✓ leucócitos > 20.000/mm3 (média de
                                                                 Diagnóstico: clínico             3 valores fora de evento agudo)
                           doença falciforme                        e laboratorial
                                                                                              Critérios de inclusão para maiores de 3
                                                                                              anos:
                                                                                                  Presença de pelo menos um dos
                                                                                                 critérios abaixo nos últimos 12 meses:
                                                                                              ✓ ≥ 3 episódios álgicos agudos com
                                                                                                 necessidade de atendimento médico
                                                                                                 hospitalar ou comprovada incapacidade
                           Possui critérios de                                                   produtiva
                              inclusão para                                                   ✓ > 1 episódio de síndrome torácica aguda
                                                                                              ✓ hipoxemia crônica (SpO2 < 94%,
                            tratamento com                                                        avaliada em dois momentos
                               hidroxiureia?                                                      diferentes fora de evento agudo)
             Não                                                Sim                           ✓ lesões de órgãos crônicas (priapismo,
                                                                                                  necrose óssea, retinopatia proliferativa,
                                                                                                  entre outras)
                                                                                              ✓ hemoglobina < 7 g/dl (média de 3
                                                                                                  valores fora de evento agudo)
                                                                                              ✓ leucócitos > 20.000/mm3 (média de 3
                                                                                                  valores fora de evento agudo)
           Exclusão                                     Possui algum critério                 ✓ desidrogenase láctica acima de duas
                                           Sim                                          Não       vezes o valor de referência para a idade
           do PCDT                                         de exclusão?                       ✓ alterações ao ecodoppler transcraniano
                                                                                                  (> 200 cm/s comimpossibilidade de
                                                                                                  regime transfusional crônico)
                                                                                              ✓ HbF < 8% após 2 anos de idade
                                        Exclusão
                                        do PCDT
                                                                              Tratamento com
                                                                                hidroxiureia
                                                                         15 mg/kg/dia, por via oral, em
                                                                                 dose única
               Critérios de exclusão:
               ✓ gestação ou ausência de
                  anticoncepção adequada e regular
               ✓ impossibilidade de manter
                  acompanhamento clínico regular
               ✓ hipersensibilidade à hidroxiureia
               ✓ sorologia positiva para HIV                                     Houve resposta
               ✓ hemoglobina < 4,5 g/dl                                           terapêutica?
               ✓ plaquetas < 95.000/mm3
               ✓ neutrófilos < 2.500/mm3
               ✓ reticulócitos < 95.000/mm3                    Sim                                           Não




                                                        Manter o esquema                           Revisar a adesão ao
                                                         de tratamento.                       tratamento e, se necessário,
                                                                                                ajustar a dose (até a dose
            Monitorização laboratorial:
            ✓ hemograma completo e contagem                                                     máxima de 35 mg/kg/dia).
            de reticulócitos: a cada 2 semanas
            durante ajuste de dose e a cada 4
            semanas após
            ✓ creatinina, AST/TGO e ALT/TGP: a cada
            4 semanas durante ajuste de dose
            e a cada 12 semanas após
            ✓ hemoglobina fetal: a cada 8
            semanas durante ajuste da dose
            e a cada 24 semanas após                                                                 Houve resposta
                                                                                Sim                                                   Não
                                                                                                      terapêutica?




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Doença Falciforme



Fluxograma de Dispensação de Hidroxiureia
Doença Falciforme


                                      Fluxograma de Dispensação de Hidroxiureia
                                                 Doença Falciforme


                           Paciente solicita o                             CID-10: D56.1, D56.8, D 57.0, D 57.1, D 57.2
                            medicamento.                                   Exames:
                                                                           Para < 3 anos:
                                                                           ✓ eletroforese de Hb com HbF
                                                                           ✓ hemograma
                                                                           Para > 3 anos:
                                                                           ✓ hemograma, plaquetas e reticulócitos
                                                                           ✓ ß-HCG (para mulheres em idade fértil)
                       Possui LME corretamente
                                                              Sim          ✓ facultativos: gasometria, eletroforese de Hb
         Não             preenchido e demais                                 com HbF, DHL, eco-Doppler transcraniano
                        documentos exigidos?                               Dose: 15 mg/kg/dia (dose máxima 35 mg/kg/dia)



     Orientar o                                   CID-10, exames e dose estão
     paciente.                                    de acordo com o preconizado             Sim
                                   Não
                                                          pelo PCDT?

                          Encaminhar o                                              Realizar entrevista
                        paciente ao médico                                      farmacoterapêutica inicial
                            assistente.                                            com o farmacêutico.



                                                                                        Processo
                                                                         Não                                  Sim
                                                                                        deferido?
   Medidas/exames necessários para
   monitorização:
   ✓ hemograma, plaquetas, reticulócitos                            Não dispensar e
   Periodicidade: até a dose de manutenção, a                                                            Orientar o
                                                                      justificar ao
   cada 2 semanas; após a dose de manutenção,                                                            paciente.
   a cada 4 semanas                                                    paciente.
   ✓ creatinina, AST, ALT
   Periodicidade: até a dose de manutenção, a
   cada 4 semanas; após a dose de manutenção,
   a cada 12 semanas
   ✓ hemoglobina fetal
   Periodicidade: até a dose de manutenção, a                              Dispensação a cada mês de
   cada 8 semanas; após a dose de manutenção,                                      tratamento
   a cada 24 semanas
   ✓ medidas antropométricas
                                                                                   Entrevista
   Periodicidade: a cada 2 semanas durante os                                farmacoterapêutica de
   2 primeiros meses ou enquanto ajuste de dose                                  monitorização
   Obs. Solicitar dosagem de ácido úrico
         somente quando níveis basais
         estiverem acima do limite normal.
   Periodicidade: a cada 4 semanas
                                                       Paciente apresentou alteração

                                   Sim
                                                        nos exames não compatível
                                                       com o curso do tratamento ou           Não
                                                                                                                              Doença Falciforme
                                                             eventos adversos
                                                               significativos?


                       Dispensar e solicitar
                        parecer do médico                                                 Dispensar.
                            assistente.




                                                                                                                            245
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Ficha Farmacoterapêutica
      Doença Falciforme


      1 Dados do Paciente
      Nome: ___________________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________
      Endereço: ________________________________________________________________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________
      Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________


      2 Avaliação Farmacoterapêutica
      2.1 		Qual o tipo da doença (coletar informação no LME)?
          	 Talassemia beta
            o
           	 Outras talassemias	
            o
           	 Anemia falciforme com crise
            o
           	 Anemia falciforme sem crise
            o
           	 Transtornos falciformes heterozigóticos duplos
            o

      2.2	 	 ossui outras doenças diagnosticadas?
           P
      	 	 não
           o
      	 	 sim g Quais?________________________________________________________________________
           o

      2.3 		Está grávida ou amamentando? o não o sim g critério de exclusão para uso de hidroxiureia

      2.4 		Se mulher, encontra-se em idade reprodutiva? o não o sim g encaminhar ao ginecologista para uso de
      método anticonceptivo adequado

      2.5	 	 az uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais?
           F
         Nome comercial         Nome genérico               Dose total/dia e via          Data de início    Prescrito
                                                                                                           o não o sim
                                                                                                           o não o sim
                                                                                                           o não o sim
                                                                                                         o não o sim
      *	O uso concomitante de HU e antirretrovirais aumenta o risco de neuropatia periférica, pancreatite e insuficiência
        hepática, por isso esta associação está contraindicada.

      2.6		 á apresentou reações alérgicas a medicamentos?
          J
      	 	 não
           o
      	 	 sim g Quais? A que medicamentos? ______________________________________________________
           o

      2.7 		Possui prescrição de ácido fólico?
      	 	 não g Orientar e encaminhar o paciente ao médico assistente (é recomendado o uso profilático de ácido fólico)
            o
      	 	 sim
            o



246
Doença Falciforme


3 Monitorização do Tratamento
Registro dos Exames Laboratoriais
 Exames           Inicial    1o mês             2o mês            3o mês       4o mês    5o mês
 Previsão de data
 Data
 HbF                      XXXXX XXXXX      XXXXX                XXXXX XXXXX XXXXX
 Reticulócitos
 Hemoglobina
 Leucócitos
 Neutrófilos
 Plaquetas
 ALT                      XXXXX            XXXXX                XXXXX         XXXXXX XXXXXX
 AST                      XXXXX            XXXXX                XXXXX         XXXXXX XXXXXX
 Creatinina               XXXXX            XXXXX                XXXXX         XXXXXX XXXXXX
 Ácido úrico
 Beta-hCG

 Exames              6o mês     7o mês      8o mês       9o mês    10o mês   11o mês    12o mês
 Previsão de data
 Data
 HbF                XXXXXX     XXXXXX      XXXXXX      XXXXXX      XXXXXX XXXXXX
 Reticulócitos
 Hemoglobina
 Leucócitos
 Neutrófilos
 Plaquetas
 ALT                XXXXXXX               XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX                       XXXXXXX
 AST                XXXXXXX               XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX                       XXXXXXX
 Creatinina         XXXXXXX               XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX                       XXXXXXX
 Ácido úrico
 Beta hCG

 Registro das Medidas Antropométricas* (para crianças)
                       1o   2o      3o    4o    5o     6o      7o   8o     9o    10o   11o 12o
              Inicial
                      mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês
  Data
  Peso
  Altura
  Perímetro                                                                                           Doença Falciforme
  cefálico
*	Solicitar informações por escrito para o médico assistente, com parecer sobre o desenvolvimento
  ponderoestatural.

3.1		Foi alcançada a dose de manutenção (ver Tabela 1 do PCDT)?
	 	 g Periodicidade* de solicitação de exames permanece a mesma
     não
	 	 g Espaçar solicitação de exames conforme estabelecido no PCDT
     sim

   * Periodicidade:
    •	 hemograma completo e contagem de reticulócitos: até a dose de manutenção, a cada 2
       semanas; após, a cada 4 semanas
    •	 creatinina e transaminases (AST, ALT): até a dose de manutenção, a cada 4 semanas; após, a
       cada 12 semanas
    •	 hemoglobina fetal: até a dose de manutenção, a cada 8 semanas; após, a cada 24 semanas
                                                                                                    247
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      3.2 		Apresentou ALT/AST ou creatinina alterados?
      	 	 g Dispensar
            não
      	 	 g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (quando a creatinina for > 50% do valor
            sim
      		basal, há toxicidade renal)
      	 	 g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (quando ALT/AST forem duas vezes maior
            sim
      		do que o limite superior, há toxicidade hepática)

      3.3 	Apresentou níveis de ácido úrico acima dos valores normais antes do início do tratamento?
      	 não g Não requer monitorização mensal de ácido úrico
      	 sim g Encaminhar o paciente ao médico assistente (solicitar exame de ácido úrico mensalmente)

      3.4 	É portador de insuficiência renal?
      	 não g Não requer ajuste de dose de hidroxiureia
      	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (ajuste de dose conforme o valor de
      	    depuração da creatinina: 10-50 ml/min, administrar 50% da dose; < 10 ml/min, administrar 20% da dose)

      3.5 	Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos)
      	 não g Dispensar
      	 sim g Passar para a pergunta 3.6

      3.6 	Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
      	 não g Dispensar
      	 sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente

                                  Tabela de Registro de Eventos Adversos
          Data da
                                       Evento adverso                          *Intensidade       q Conduta
         entrevista




      Principais reações adversas já relatadas: letargia, cefaleia, tonturas, desorientação, alucinações, estomatite,
      anorexia, perda de peso, náuseas, vômitos, diarreia, constipação, erupção cutânea, eritema facial e periférico,
      alopecia, hiperpigmentação da pele e das unhas, pele seca, ulceração da pele ou agravamento de úlcera já
      existente, dor no estômago, edema, febre, calafrios, mal-estar, astenia
      * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
      q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição,
      ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever)

248
Doença Falciforme


                        TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO

                           1o mês   2o mês    3o mês      4o mês    5o mês    6o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                           7o mês   8o mês    9o mês      10o mês   11o mês   12o mês
Data
Nome comercial
Lote/Validade
Dose prescrita
Quantidade dispensada
Próxima dispensação
(Necessita de parecer
médico: sim/não)
Farmacêutico/CRF
Observações




                                                                                          Doença Falciforme




                                                                                        249
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Guia de Orientação ao Paciente
      Hidroxiureia


              este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.

              seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.

                          o medicamento é utilizado no tratamento de doença falciforme.


      1 	Doença
         •	    A doença falciforme, que passa dos pais para os filhos, é um tipo de anemia causada por alteração da
               forma dos glóbulos vermelhos do sangue (forma parecida com uma foice).
         •	    Os glóbulos vermelhos alterados podem causar obstrução nos vasos sanguíneos e dificultar a circulação,
               causando dor no corpo de intensidade variável e, com o tempo, lesões em alguns órgãos.
         •	    A pessoa pode se apresentar pálida e com amarelão (o branco do olho fica amarelo).

      2 	Medicamento
         •	    Este medicamento não cura a doença, mas melhora os sintomas e a qualidade de vida e reduz as dores.

      3 	Guarda do medicamento
         •	    Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura
               (cozinha e banheiro).
         •	    Conserve as cápsulas na embalagem original, bem fechada.

      4 	Administração do medicamento
         •	    Tome as cápsulas (sem mastigar ou abrir) junto às refeições, com um copo de água.
         •	    Procure tomar o medicamento sempre no mesmo horário estabelecido no início do tratamento.
         •	    Tome exatamente a dose que o médico indicou.
         •	    Evite contato direto com o pó contido na cápsula, pois pode ser prejudicial à saúde.
         •	    Se precisar abrir a cápsula para facilitar a administração do medicamento (no caso de crianças), converse
               com o farmacêutico sobre a forma mais segura de dissolver em água o pó contido na cápsula.

      5 	Reações desagradáveis
         •	    Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações
               desagradáveis, tais como cansaço, dor de cabeça, tonturas, desorientação, alucinações, estomatite,
               perda de apetite, perda de peso, náuseas, vômitos, diarreia, prisão de ventre, alergias na pele,
               vermelhidão no corpo e rosto, queda de cabelo, coloração diferente da pele e das unhas, pele seca, dor
               no estômago, inchaço, febre, calafrios, mal-estar.
         •	    Se a dor de estômago for muito forte, comunique-se com o médico ou farmacêutico imediatamente.
         •	    Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
         •	    Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade,
         	     documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.

      6 	Para mulheres em idade fértil
         •	    A hidroxiureia não pode ser usada durante a gravidez, pois há risco de que o bebê nasça com problemas
               físicos e/ou mentais. Portanto, é muito importante que a gravidez seja evitada nesse momento. Antes do
               início do tratamento, procure o ginecologista para o uso correto de métodos contraceptivos.
         •	    Antes de começar o tratamento, faça teste de gravidez.




250
Doença Falciforme


7 		Outras informações importantes
    •	   Procure tomar bastante líquido, principalmente água.
    •	   Evite dirigir ou operar máquinas pelo menos no início do tratamento, pois podem ocorrer
         tonturas.
    •	   Evite realizar exercícios físicos muito intensos ou nadar em águas muito frias quando for à praia
         ou à piscina, pois estas atividades podem provocar crises de dor.
    •	   Procure ter uma alimentação equilibrada para manter o organismo mais forte.
    •	   Não indique ou forneça o medicamento para qualquer outra pessoa.

8 	Uso de outros medicamentos
    •	   Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um
         profissional de saúde.
    •	   A anemia falciforme não é causada por falta de ferro no organismo, portanto não está indicada
         a utilização de medicamentos à base de ferro. Não se automedique.

9 	Realização dos exames de laboratório
    •	   A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento no
         organismo. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o tratamento.

10 	Para seguir recebendo o medicamento
    •	   Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos:
    	    − Receita médica atual
    	    − Cartão Nacional de Saúde ou RG
	        – Exames de laboratório: hemograma, plaquetas, reticulócitos, creatinina, AST, ALT, 		
	          hemoglobina fetal
    •	   Converse com o farmacêutico do SUS para saber que exames devem ser apresentados para
         o recebimento do medicamento, pois há variação dos exames citados acima a cada mês.

11 	Em caso de dúvida
    •	   Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer
         atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.

12 Outras informações
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_________________________________________________________________________________

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_________________________________________________________________________________
                                                                                                               Doença Falciforme

                         se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                                    devolva-o à farmácia do sus.




                                                                                                             251
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas




252
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

          Endometriose
          Portaria SAS/MS no 144, de 31 de março de 2010. (Retificada em 27.08.10)


    1 		 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA
              Da pesquisa realizada no Medline/PubMed, usando-se a estratégia de busca “endometriose” e
     “terapia medicamentosa”, a partir da Consulta Pública MS de 2003, e restringindo-se a metanálises e ensaios
     clínicos randomizados (ECR): (“1999” [Publication Date]: “3000” [Publication Date]) AND (“Endometriosis/
     drug therapy”[Mesh]), foram encontradas 4 metanálises e 82 ECRs. Como a sintomatologia relacionada à
     endometriose é dor pélvica e infertilidade e como pacientes somente com infertilidade serão consideradas
     Casos Especiais, foram incluídos nesta atualização 4 metanálises e 44 ECRs em que pelo menos um dos
     desfechos avaliados fosse melhora da dor com o tratamento. Foram excluídos 27 estudos nos quais o
     desfecho avaliado não incluía análise de sintomatologia dolorosa e 12 ECRs em outros idiomas que não
     inglês, português ou espanhol.

    2		 INTRODUÇÃO
              	 ndometriose é uma doença ginecológica definida pelo desenvolvimento e crescimento de estroma
              E
    e glândulas endometriais fora da cavidade uterina, o que resulta numa reação inflamatória crônica1. É
    diagnosticada quase que exclusivamente em mulheres em idade reprodutiva; mulheres pós-menopáusicas
    representam somente 2% - 4% de todos os casos submetidos a laparoscopia por suspeita de endometriose2.
    Como não há correlação entre sintomatologia e grau da doença e como para confirmação diagnóstica é
    necessária a realização de procedimento invasivo – laparoscopia –, a determinação da prevalência é difícil3,4.
    Estima-se uma taxa de prevalência em torno de 10%. Em mulheres inférteis, estes valores podem chegar a
    índices altos (30% - 60%)5. As localizações mais comumente envolvidas são ovários, fundo de saco posterior
    e anterior, folheto posterior do ligamento largo, ligamentos uterossacros, útero, tubas uterinas, cólon sigmoide,
    apêndice e ligamentos redondos6.
              	 patogênese da endometriose tem sido explicada por diversas teorias que apontam para a
              A
    multicausalidade, associando fatores genéticos, anormalidades imunológicas e disfunção endometrial4,6.
              Na teoria da implantação, o tecido endometrial, por meio da menstruação retrógrada, teria acesso
    a estruturas pélvicas através das tubas uterinas implantando-se na superfície peritoneal, estabelecendo
    fluxo sanguíneo e gerando resposta inflamatória7. A teoria da metaplasia celômica propõe que células
    indiferenciadas do peritônio pélvico teriam capacidade de se diferenciar em tecido endometrial. A teoria do
    transplante direto explicaria o desenvolvimento de endometriose em episiotomia, em cicatriz de cesariana e
    em outras cicatrizes cirúrgicas. Disseminação de células ou tecido endometriais através de vasos sanguíneos
    e linfáticos explicaria as localizações fora da cavidade pélvica.
              	 s apresentações clínicas mais comuns são infertilidade e dor pélvica – dismenorreia, dispareunia, dor
              A
    pélvica cíclica8,9. Podem ser encontrados sintomas relacionados a localizações atípicas do tecido endometrial
    – dor pleurítica, hemoptise, cefaleias ou convulsões, lesões dolorosas em cicatrizes cirúrgicas com dor, edema
    e sangramento local2. O exame físico pouco auxilia no diagnóstico, por não haver achado patognomônico. Dor
    à palpação de fundo de saco e de ligamentos uterossacros, palpação de nódulos ou massas anexiais, útero
    ou anexos fixos em posição retrovertida podem ser alguns dos achados ao exame físico1,2.
              	 estadiamento mais comumente usado é a classificação revisada da American Society of
              O
    Reproductive Medicine (ASRM)10,11 que leva em consideração tamanho, profundidade, localização dos



Consultores: Cláudia Vieira Mengarda, João Sabino Cunha Filho, Bárbara Corrêa Krug e
Karine Medeiros Amaral
Edição final: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                        253
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      implantes endometrióticos e gravidade das aderências. Consiste de 4 estágios:
      	        •	 estágio 1 (doença mínima) – implantes isolados e sem aderências significativas;
      	        •	 estágio 2 (doença leve) – implantes superficiais com menos de 5 cm, sem aderências significativas;
      	        •	 estágio 3 (doença moderada) – múltiplos implantes, aderências peritubárias e periovarianas evidentes;
      	        •	 estágio 4 (doença grave) – múltiplos implantes superficiais e profundos, incluindo endometriomas e
      aderências densas e firmes.
      	        O estágio 4 é o de doença mais extensa. Não há, entretanto, correlação entre o estágio da doença
      com prognóstico e nível de dor3,4. A dor é influenciada pela profundidade do implante endometriótico e por sua
      localização em áreas com maior inervação12,13.

      3		 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à
      		 saúde (CID-10)
           •	 N80.0 Endometriose do útero
           •	 N80.1 Endometriose do ovário
           •	 N80.2 Endometriose da trompa de Falópio
           •	 N80.3 Endometriose do peritônio pélvico
           •	 N80.4 Endometriose do septo retovaginal e da vagina
           •	 N80.5 Endometriose do intestino
           •	 N80.8 Outra endometriose

      4	Diagnóstico
               	 egundo consenso da European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE) e da American
               S
      Society for Reproductive Medicine (ASRM), o padrão-ouro para diagnóstico de endometriose é laparoscopia
      com inspeção direta da cavidade e visualização dos implantes, não necessitando de biópsia para confirmação
      histopatológica1,11. Embora alguns autores recomendem que todas as áreas de lesões suspeitas devam ser
      biopsiadas para correlação histológica, outros mostram que as correlações dos achados laparoscópicos com
      os histológicos são extremamente altas (97% - 99%)14 não necessitando de comprovação histológica, o que
      oneraria de maneira desnecessária a investigação das pacientes. A discrepância entre os estudos resulta dos
      diferentes delineamentos e do número de casos avaliados. Pacientes com peritônio visualmente normal podem
      ter o diagnóstico descartado15.

      5	   Critérios de inclusão
             	 erão incluídas neste protocolo de tratamento com danazol ou com análogos do GnRH as pacientes que
             S
      apresentarem todos os critérios abaixo:
      	      •	 dor pélvica como manifestação clínica a ser tratada;
      	      •	 tratamento prévio por 6 meses com contraceptivos orais ou progestágenos sem resposta ou recidiva de
      		 sintomatologia de dor relacionada à endometriose;
      	      •	 comprovação diagnóstica de endometriose por laparoscopia/laparotomia com laudo descritivo
      		 seguindo a classificação revisada da ASRM ou com resultado de exame anatomopatológico de
      		 biópsia peritoneal.

      6	 Critérios de exclusão
               	 erão excluídas deste protocolo de tratamento as pacientes que apresentarem pelo menos um dos
                S
      critérios abaixo:
               •	 gravidez (possibilidade de efeitos androgênicos no feto de sexo feminino);
               •	 amamentação;
               •	 sangramento genital de origem desconhecida (exclusivamente para tratamento com danazol);
               •	 disfunção hepática grave (exclusivamente para tratamento com danazol);
               •	 hipersensibilidade ao fármaco.

      7	 Casos Especiais
      	       •	 Uso de danazol por pacientes com porfiria (por causar exacerbações da doença) ou com história de
      evento tromboembólico

254
Endometriose


	        •	 Uso de anticoncepcionais orais por mulher tabagista com mais de 35 anos de idade (maior
risco de tromboembolia)
	        •	 Indicação de retratamento ou de tratamento por período mais prolongado

8	Tratamento
          A escolha do tratamento dependerá da gravidade dos sintomas, da extensão e localização da
doença, do desejo de engravidar e da idade da paciente. Pode ser medicamentoso, cirúrgico ou, ainda,
a combinação de ambos5. A eficácia dos tratamentos tem sido medida por avaliações da melhora da dor
e das taxas de fertilidade5. Todos os tratamentos hormonais reduzem a dor atribuída à endometriose
quando comparados com placebo e são igualmente efetivos quando comparados entre eles9.
          O principal foco do tratamento medicamentoso é a manipulação hormonal com intenção de
produzir pseudogravidez, pseudomenopausa ou anovulação crônica, criando um ambiente inadequado
para o crescimento e a manutenção dos implantes da endometriose4.
          Para o grupo de mulheres com infertilidade, não se justifica o tratamento hormonal com
supressão da ovulação4. Não há indicação de tratamento clínico para pacientes com infertilidade
relacionada à endometriose, pois estudos demonstram que nenhum dos medicamentos comumente
usados é efetivo16,17. A consulta cirúrgica, com cauterização dos focos, mostrou-se eficaz para o
tratamento de infertilidade secundária à endometriose nos estadiamentos 1 e 2. Um estudo multicêntrico
que avaliou 241 mulheres inférteis com endometriose mínima a moderada mostrou taxas de gravidez
significativamente mais altas no grupo em que foi realizada laparoscopia com ressecção/ablação dos
focos de endometriose18. Desta forma, após a cauterização dos focos, este grupo poderá ser submetido
ao tratamento da infertilidade.
          Várias condutas clínicas e cirúrgicas foram testadas até o momento para tratamento da
endometriose. Na escolha do tratamento, deve-se levar em conta apresentação clínica – se dor ou
infertilidade –, idade e história reprodutiva da paciente e localização e extensão da doença. Para os
casos em que a laparoscopia está indicada, devem ser feitas durante o ato cirúrgico excisão e ablação
da maior quantidade de focos possível de endometriose19.

        8.1 Tratamento Clínico

         	Anticoncepcionais orais (ACO) 	
         	 evem ser considerados no tratamento empírico da endometriose em mulheres com sintomas
         D
e exame físico sugestivos já descartadas outras doenças relacionadas à dor pélvica1. Este tratamento
produz retardo na progressão da doença além de proteção no caso de não haver desejo de engravidar20.
Em estudo comparando ACO (0,035 mg de etinilestradiol + 1 mg de noretisterona) com placebo21, houve
diminuição significativa dos escores de dismenorreia e dor não menstrual avaliados por escala verbal e
escala análogo-visual (EAV) em ambos os grupos, no entanto a redução foi significativamente mais alta
no grupo ACO (-2) de que no grupo placebo (-0,6). O volume dos endometriomas diminuiu de maneira
significativa no grupo ACO, mas não no grupo placebo. Não foram observados efeitos adversos graves
no grupo tratamento, mas houve maior incidência de náuseas e sangramento irregular. Um importante
potencial viés nesse estudo é que somente 10 mulheres do grupo ACO e 7 do grupo placebo tinham
                                                                                                              Endometriose
diagnóstico laparoscópico. Diagnóstico ultrassonográfico não tem valor para endometriose peritoneal1,
podendo ter havido mais pacientes com endometriose peritoneal profunda e permanência de dor no
grupo placebo.
         	 s ACOs, usados de maneira cíclica, foram comparados com agonistas do GnRH. Os agonistas
         O
foram mais efetivos para o alívio da dismenorreia, mas ACOs e agonistas apresentaram resultados
semelhantes em relação à diminuição da dispareunia e ao alívio de dor pélvica não específica22. Um
ensaio clínico randomizado que comparou ACOs com goserrelina mostrou que os ACOs obtiveram
melhor resposta no controle da dismenorreia e que a goserrelina foi superior na melhora da dispareunia23.
Ensaio clínico multicêntrico aberto demonstrou que ambos os tratamentos melhoram dismenorreia e
dor pélvica não menstrual, sem diferença de resposta entre eles24.



                                                                                                            255
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


              	Danazol
              	 roduz pseudomenopausa, inibe a liberação de GnRH e o pico de LH25, aumenta os níveis dos androgênios
               P
      (testosterona livre) e diminui os de estrogênios (inibe produção de esteroides no ovário com diminuição de
      produção de estrogênios), o que causa atrofia dos implantes endometrióticos26. Metanálise realizada em 2007
      demonstrou diminuição significativa de dor pélvica, dor lombar, dor para evacuar e do escore total de dor em
      relação ao placebo em 3 e 6 meses de tratamento e também manutenção da melhora por até 6 meses após
      descontinuação do tratamento26. Nessa metanálise, não houve melhora da dispareunia nas pacientes tratadas
      com danazol em relação ao placebo. Não foi demonstrada melhora nas taxas de fertilidade.
              	 nsaio clínico randomizado avaliando medroxiprogesterona (100 mg/dia) e danazol (600 mg/dia)
               E
      mostrou que ambos os medicamentos reduziram de forma semelhante os escores de dor em relação ao placebo,
      mantendo o efeito até 6 meses após a descontinuação do tratamento4. Estudo comparando danazol (800 mg/dia)
      e vários análogos do GnRH demonstrou vantagem estatisticamente significativa para o grupo danazol ao avaliar
      tempo de recorrência após tratamento27.
              	 m ensaio clínico aberto, comparando danazol (200 mg, 3 vezes ao dia) e triptorrelina (3,75 mg, de 6 em
               E
      6 semanas), houve diminuição dos escores de dor em ambos os tratamentos, sem diferença significativa entre
      os grupos. Maior número de pacientes do grupo danazol abandonou o estudo devido aos efeitos adversos, sendo
      os mais comuns ganho de peso, acne, rouquidão e edema. No grupo triptorrelina, as queixas mais comuns foram
      sintomas vasomotores, alterações de humor, insônia e pesadelos28. Danazol associou-se a efeitos androgênicos
      (alguns irreversíveis), alterações lipídicas, dano hepático5, diminuição de volume das mamas, cãibras, aumento
      do apetite29, acne, edema26.

                	Progestágenos
                	 ausam inibição do crescimento do tecido endometriótico diretamente através de decidualização e
                C
      atrofia. Também inibem a secreção de gonadotropina hipofisária e produção de hormônios ovarianos. Acetato de
      medroxiprogesterona (AMP) propicia melhora da dor e resolução dos implantes em comparação com danazol e
      superior a placebo, com efeitos adversos que se resolvem após a descontinuação do medicamento30. Um estudo
      comparando AMP (150 mg, por via intramuscular, a cada 90 dias) com ACO de baixa dosagem associado a
      danazol mostrou que AMP foi melhor na redução da dismenorreia em período de 12 meses de observação e teve
      o benefício da amenorreia30.
                	 nsaio clínico randomizado multicêntrico31, com “avaliador cego”, envolvendo 274 mulheres com
                E
      endometriose sintomática, comparando AMP (104 mg, por via subcutânea) com leuprorrelina (11,25 mg, por via
      intramuscular), demonstrou que AMP obteve melhora equivalente à da leuprorrelina na redução de dismenorreia,
      dispareunia, dor pélvica e sensibilidade pélvica. Em relação à densitometria óssea (DO), o grupo leuprorrelina
      mostrou diminuições significativas no fêmur e na coluna vertebral, enquanto o grupo AMP apresentou redução
      apenas na coluna, em 6 meses. No seguimento de 12 meses, o grupo leuprorrelina continuou com redução
      significativa à DO do fêmur (-1,3%) e da coluna (-1,7%), enquanto o grupo AMP (104 mg) não demonstrou
      redução significativa nestes locais (respectivamente 0% e 0,2%). Resultados semelhantes foram encontrados
      em outro ensaio clínico32 com 300 mulheres com endometriose sintomática em que o uso de AMP (104 mg) ou
      de leuprorrelina provocou reduções equivalentes em pelo menos 4 categorias de avaliação de dor (p < 0,02)
      e melhora em escore composto no 6o e no 18o mês. Reduções à DO no fêmur e na coluna no 6o mês foram
      significativamente menores com AMP (104 mg) em relação a leuprorrelina. Houve retorno da densidade mineral
      óssea aos níveis pré-tratamento após 12 meses no grupo AMP, mas não no grupo leuprorrelina. A produtividade
      total melhorou em ambos os grupos no 6o e no 18o mês.
                	 nsaio clínico randomizado comparando progestágeno desogestrel (75 mg) com ACO (etinilestradiol
                E
      20 mg + desogestrel 150 mg)33 em uso contínuo por 6 meses, em pacientes com dismenorreia ou dor pélvica
      após cirurgia conservadora para endometriose, demonstrou melhora tanto da dismenorreia quanto da dor
      pélvica com ambos os tratamentos. O uso do progestágeno desogestrel foi associado a sangramento de
      escape em 20% das pacientes; nas usuárias de ACO ocorreu aumento de peso significativo em 15%. Outro
      ensaio clínico randomizado aberto em mulheres com dor pélvica recorrente após cirurgia conservadora para
      endometriose em que as lesões de septo retovaginal não foram excisadas, o uso de ACO (etinilestradiol
      0,01 mg + acetato de ciproterona 3 mg) ou acetato de noretindrona (2,5 mg/dia, por 12 meses) demonstrou
      redução semelhante entre os grupos nos escores de dismenorreia, dispareunia profunda e dor não menstrual.


256
Endometriose


Na análise por intenção de tratar, 62% das pacientes do grupo ACO estavam satisfeitas ou muito
satisfeitas após 12 meses de tratamento quando comparadas com 73% do grupo noretindrona34.

         	Análogos do GnRH
         	 roporcionam mecanismo de feedback negativo na hipófise, gerando hipogonadismo
         P
hipogonadotrófico que leva a amenorreia e anovulação, de onde se tem o seu efeito terapêutico. Este
efeito inibitório é reversível35,36. Não podem ser administrados por via oral por serem imediatamente
destruídos pelo processo digestivo, sendo indicado seu uso por via parenteral – subcutâneo,
intramuscular, spray nasal ou intravaginal35. Promovem regressão dos implantes e melhora da dor
equivalentes às obtidas com danazol, porém com menos efeitos adversos36. Um estudo que avaliou dor
e qualidade de vida durante a fase estimulatória do análogo do GnRH demonstrou que, em 2 semanas,
os escores da EAV de dor para o grupo tratamento foram maiores. Em 4 semanas, houve melhora
significativa da dor no grupo tratado com leuprorrelina. Em relação à qualidade de vida avaliada pelo
SF-36 em 4 semanas, não houve diferença significativa entre os grupos37.

	       •	 Leuprorrelina
        Comparada contra placebo, mostrou diferença significativa no alívio da dismenorreia, da dor
e da sensibilidade pélvica e da dispareunia38,39. Ensaio clínico comparando nafarrelina, leuprorrelina e
placebo mostrou que os medicamentos foram melhores do que o placebo no alívio da dor, sem diferença
entre os grupo de tratamentos ativos40,41. O tratamento com leuprorrelina (3,75 mg) comparado com o
manejo expectante por 3 meses em 89 mulheres com endometriose estágios III e IV sintomáticas não
mostrou diferença estatisticamente significativa entre o grupo tratado com GnRH e o grupo controle
em relação a taxas de gestação (33% versus 40%), recorrência de dor moderada a grave (23% versus
24%) e recorrência total de dor em 18 meses (23% versus 29%)42.
        Em estudo aberto comparando acetato de leuprorrelina (3,75 mg, a cada 28 dias) com danazol
(200 mg, 3 vezes ao dia, por 24 semanas), houve melhora significativa dos sintomas de endometriose
em ambos os tratamentos. Efeitos adversos devido a hipoestrogenismo (fogachos) foram os mais
comuns no grupo leuprorrelina, e efeitos anabólicos e androgênicos (ganho de peso e acne) foram os
mais frequentes com danazol43.

	       •	 Gosserrelina
        Estudo comparando gosserrelina (3,6 mg, por via subcutânea, a cada 28 dias) e danazol (200 mg,
3 vezes ao dia) mostrou que ambos os tratamentos diminuíram de maneira semelhante os escores da AFS
(aderências, implantes), sintomas pélvicos e achados do exame físico44-46. A melhora foi observada
mesmo após 6 meses45.

	       •	 Triptorrelina
        Ensaio clínico randomizado comparando triptorrelina (3,75 mg, por via intramuscular, a cada
28 dias) e placebo demonstrou superioridade do tratamento ativo nas escalas de dor e redução da
extensão da endometriose (redução de 50% no grupo triptorrelina comparado a aumento de 17% no
grupo placebo)47. Em ensaio clínico randomizado aberto de tamanho amostral pequeno48, não houve
                                                                                                             Endometriose
diferença significativa entre os dois grupos em relação à persistência ou recorrência de dor pélvica
avaliada por escala verbal, recorrência de endometrioma ou taxas de gestação. Seguimento de 5
anos nas curvas de recorrência de dor e gestação não indicou diferença significativa entre o grupo
tratamento e o intervenção.
        Quanto à comparação entre os diferentes análogos do GnRH para tratamento da endometriose,
são poucos os ensaios clínicos. Os resultados mostraram não haver diferença entre estes fármacos em
relação à melhora sintomática das pacientes. Outro ensaio clínico randomizado comparando nafarrelina
e leuprorrelina verificou não haver diferença significativa na melhora do escore da qualidade de vida
em 3 e 6 meses41.
        Um estudo randomizado, duplo-cego49, com triptorrelina (T) e leuprorrelina (L) na comparação
de 3 meses de tratamento, não mostrou diferenças significativas em padrões bioquímicos de LH, FSH


                                                                                                           257
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      e estradiol, testes de função hepática e perfil lipídico. Também não houve diferença no surgimento de sintomas
      de hipoestrogenismo e de sangramento vaginal. Nesse mesmo estudo, houve uma etapa de cross-over, e os
      medicamentos foram avaliados por mais 3 meses. Após 8 semanas da última dose do análogo, mais pacientes do
      grupo L/T (80%) do que do grupo T/L (51,9%) tinham níveis de estradiol e LH anormalmente baixos. O tempo
      para retorno das menstruações foi significativamente mais longo no grupo L/T do que no grupo T/L, porém, como
      houve alteração da sequência dos medicamentos, não se pode concluir se o prolongamento de ação foi pelo
      último medicamento em uso ou se foi pela sequência adotada.
                Comparação de gosserrelina e nafarrelina em ensaio clínico randomizado, aberto50, mostrou que ambos
      os tratamentos reduzem significativamente os escores de dor em relação ao início de tratamento, porém sem
      diferença significativa entre eles. Não foi observada nenhuma diferença significativa nos escores de dor e nos
      efeitos adversos (fogachos, cefaleia, sudorese, ressecamento vaginal, padrão de sangramento vaginal).
                Em resumo, os análogos do GnRH apresentam eficácia e efetividade similares. A nafarrelina, embora
      apresente eficácia semelhante à dos demais análogos do GnRH, não agrega efetividade e tem posologia que
      dificulta a adesão ao tratamento, razão por que não se inclui entre os fármacos deste protocolo.

               Tratamento combinado
               Add-back therapy (associação de tratamentos hormonais ou não hormonais com análogos do GnRH) está
      indicada para diminuir os efeitos adversos dos análogos do GnRH – hipoestrogenismo, sintomas vasomotores e
      perda óssea. Os tratamentos hormonais geralmente usados incluem progestágenos, estrógenos ou combinação
      de progestágenos e estrógenos.
               Estudo comparando gosserrelina com ou sem TH (17-beta estradiol 2 mg e acetato de noretisterona 1
      mg) demonstrou que o acréscimo de TH ocasionou menos fogachos e menor alteração da libido e da secura
      vaginal. O tratamento combinado não causa perda da eficácia (melhora da dor e diminuição dos implantes
      endometrióticos) e apresenta melhora substancial dos sintomas hipoestrogênicos51 e da qualidade de vida52.
      Metanálise que comparou tibolona e acetato de medroxiprogesterona (100 mg/dia) e noretisterona, associação de
      estradiol (2 mg) e noretisterona (1 mg/dia) como tratamento combinado não mostrou diferença entre os diversos
      esquemas em relação à melhora da dor. Ocorreu importante melhora dos efeitos adversos – fogachos, secura
      vaginal e diminuição de perda óssea53-57.
               Já outro estudo observou retorno mais rápido de dismenorreia, dor pélvica e nodularidades
      pélvicas aos valores iniciais no grupo de tratamento combinado com estrogênio em dose mais alta (acetato
      de noretindrona 5 mg/dia + estrogênios conjugados 1,25 mg/dia) do que nos demais grupos (placebo,
      acetato de noretindrona 5 mg/dia e acetato de noretindrona 5 mg/dia + estrogênios conjugados 0,625 mg/
      dia)58. Da mesma maneira, um ensaio clínico randomizado pequeno comparando o uso de análogo do
      GnRH com o de placebo ou associado a etinilestradiol (20 mg) e desogestrel (0,15 mg) verificou melhora
      significativa de dismenorreia e dor pélvica em ambos os grupos. No grupo GnRH associado a placebo, os
      níveis séricos de cálcio foram significativamente mais altos e ocorreu maior perda de massa óssea59.
               Em um ensaio clínico60, 133 mulheres com diagnóstico cirúrgico de endometriose e com recorrência de
      dor pélvica, dismenorreia ou dispareunia foram randomizadas para 3 grupos de tratamento: grupo A) acetato
      de leuprorrelina (11,25 mg, de 3/3 meses) associado a estrogênio transdérmico e noretindrona (5 mg por via
      oral); grupo B) acetato de leuprorrelina (11,25 mg, de 3/3 meses); e grupo C) ACO E/P (etinilestradiol 0,03 mg
      + gestodeno 0,75 mg). As pacientes tratadas apenas com análogo do GnRH ou análogo do GnRH associado a
      tratamento combinado apontaram maior redução de dor pélvica, dismenorreia e dispareunia do que as tratadas
      com contraceptivo oral. As pacientes que receberam tratamento combinado obtiveram melhores escores da
      qualidade de vida, medido pelo SF-36, menor taxa de perda óssea, menos episódios de fogachos em relação ao
      grupo em uso apenas de análogo do GnRH e semelhante aos escores do contraceptivo oral.
               Em uma metanálise61 que incluiu 15 estudos e 910 mulheres com endometriose diagnosticada por
      laparoscopia, o uso de tratamento combinado apenas com progestágenos não demonstrou melhora de massa
      óssea em seguimento de 6 meses (IC 95% -0,21 a 0,52). Quando adotado tratamento combinado com estrógenos
      ou estrógenos associados a progestágenos, houve aumento significativo de massa óssea em 6 meses (IC 95%
      -0,77 a -0,21) e em 12 meses (IC 95% -1,02 a -0,10). Este resultado também foi demonstrado em ensaio clínico
      randomizado duplo-cego62 comparando acetato de leuprorrelina (3,75 mg, mensal) e, após a terceira injeção,
      associado a promegestona (0,5 mg + placebo (PP)) com acetato de leuprorrelina (3,75 mg, mensal) e, após a


258
Endometriose


terceira injeção, associado a estradiol (2 mg + promegestona 0,5 mg (EP)). Transcorridos 12 meses
de tratamento, as alterações à DO foram maiores no grupo com progestágenos e foram prevenidas no
grupo com estrógenos. Em outro estudo63 com tamanho amostral pequeno, também se observou que o
número de implantes endometrióticos diminuiu significativamente em ambos os grupos, sem diferença
significativa entre eles. À DO, no grupo que recebeu gosserrelina e placebo houve redução em 5,02%,
e no grupo com TH, aumento de 0,18%. O escore de Kupperman diminuiu em 75%, 129% e 113% no
grupo placebo, em 4, 12 e 24 meses, respectivamente, sendo que a diferença entre os grupos no final
do tratamento foi significativa.
         Em um estudo em que o acetato de gosserrelina mensal sem tratamento combinado foi
comparado com estradiol (2 mg/dia associados a acetato de noretisterona 1 mg/dia, ambos por via
oral, por 2 anos), não houve diferença entre os grupos à DO ao final do tratamento. Após 6 anos de
acompanhamento, à DO a média foi de 87,2% no grupo com TH e de 86,8% no grupo sem TH. No
entanto, o estudo tinha tamanho amostral pequeno e baixo poder para detectar diferença64.
         Somente um pequeno estudo com 13 pacientes em que estradiol (1 mg ao dia, por via oral,
em 6 pacientes) foi associado a acetato de leuprorrelina apontou uma tendência de os escores de dor
serem maiores no grupo em que foi associado estrogênio. Os fogachos foram mais leves no grupo com
estradiol. Entretanto, estas diferenças não foram estatisticamente significativas65.
         Outros tratamentos, como dispositivo intrauterino com levonorgestrel66-69, pentoxifilina70,71,
dienogest72,73, anastrazol74 e linestrol75, medicina chinesa com ervas76,77, infliximab78, implante de
etonogestrel79 e raloxifeno80, foram testados para endometriose, mas as evidências são limitadas e não
justificam sua recomendação até o presente momento.

         	 .2 TRATAMENTO CIRÚRGICO
         8
         	 ratamento cirúrgico está indicado quando os sintomas são graves, incapacitantes, quando
         T
não houve melhora com tratamento empírico com contraceptivos orais ou progestágenos, em casos de
endometriomas, de distorção da anatomia das estruturas pélvicas, de aderências, de obstrução do trato
intestinal ou urinário e em pacientes com infertilidade associada à endometriose1,25. A cirurgia pode ser
classificada como conservadora ou definitiva.

        	 irurgia conservadora
        C
        	 nvolve destruição dos focos de endometriose e remoção de aderências com consequente
        E
restauração da anatomia pélvica. Ocorre significativa redução da dor em 6 meses nas pacientes com
endometriose mínima, leve ou moderada submetidas à laparoscopia em comparação ao manejo
expectante (OR 4,97; IC 95%-1,85 a 13,39)81.

        	 irurgia definitiva
        C
        	 nvolve histerectomia com ou sem ooforectomia (de acordo com a idade da paciente). Está
        E
indicada quando há doença grave, persistência de sintomas incapacitantes após terapia medicamentosa
ou cirúrgica conservadora, outras doenças pélvicas com indicação de histerectomia e ausência de
desejo de engravidar. Histerectomia com salpingooforectomia bilateral com excisão de todos os focos
de endometriose mostrou taxas de cura de 90% (estudos não controlados)2.
                                                                                                              Endometriose
        	 m ensaio clínico randomizado constatou superioridade da laparoscopia cirúrgica (ablação dos
        U
implantes, lise de aderências e ablação do nervo uterossacro) quando comparada com a laparoscopia
diagnóstica, verificando-se importante diminuição da dor por período de 1 ano em até 90% das
pacientes82. Em relação à infertilidade associada a endometriose mínima ou leve, um estudo com 341
pacientes mostrou aumento da taxas cumulativas de gravidez com a laparoscopia cirúrgica (ressecção
ou ablação cirúrgica dos implantes)18. Tais resultados não se reproduziram em um estudo com menor
número de pacientes83.

         	 .3 TRATAMENTO COMBINADO
         8
         	 uso de supressão hormonal previamente à cirurgia pode diminuir a necessidade de dissecção
         O
cirúrgica, porém não prolonga o intervalo livre de doença, não aumenta as taxas de fertilidade nem
reduz as taxas de recorrência20.

                                                                                                            259
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


               O acréscimo de danazol em dose baixa (100 mg/dia) em esquema de tratamento cirúrgico associado
      a análogo do GnRH mostrou melhora dos sintomas dolorosos e manteve controle da dor por 12 e 24 meses84.
      Porém seu uso a curto prazo (3 meses) não evidenciou benefício em outro estudo com pacientes em estágios 3 e
      4 da AFS85. Estudo prospectivo não controlado usando ACO pós-tratamento cirúrgico não verificou diferença nas
      taxas de recorrência de sintomas de endometriose ou formação de endometriomas86. Dois estudos com análogos
      do GnRH após cirurgia para endometriose demonstraram melhor controle da dor e retardo na recorrência em
      período de acompanhamento de mais de 12 meses em relação ao placebo, porém sem alteração das taxas
      de fecundidade17,87. Outros ensaios clínicos, com pequeno tamanho amostral, testando análogos por período
      curto (3 meses) após cirurgia, não apontaram benefício na melhora da dor nem nas taxas de fecundidade16,42,48.
      Assim sendo, as evidências de benefício do tratamento combinado não são inequívocas, ficando o tratamento
      medicamentoso reservado para pacientes sintomáticas após o tratamento cirúrgico.	
               Uma metanálise88 incluiu 11 estudos que avaliaram a efetividade do tratamento clínico antes e após
      cirurgia em mulheres com endometriose. Em um ensaio clínico randomizado comparando somente tratamento
      cirúrgico com tratamento clínico pré-cirúrgico, houve melhora significativa de escores AFS no grupo que associou
      medicamento. Em relação ao tratamento pós-cirúrgico, foram incluídos 8 ensaios clínicos randomizados os quais
      não demonstraram benefício na melhora da dor ou nas taxas de gestação, porém verificaram diminuição de
      recorrência da doença. Na comparação de tratamento clínico pré-cirúrgico com tratamento pós-cirúrgico, um
      ensaio clínico randomizado não verificou diferenças significativas entre os grupos em relação à dor pélvica, a
      nodularidades pélvicas e à dispareunia. Comparando tratamento clínico pré-cirúrgico associado a tratamento pós-
      cirúrgico com somente tratamento pós-cirúrgico, um ensaio clínico randomizado não encontrou diferença entre
      os grupos em relação aos escores AFS e às taxas de gestação. Nessa metanálise há evidências insuficientes
      para concluir que a combinação de supressão hormonal com cirurgia ofereça algum ganho significativo.

              	 .4 FÁRMACOS
              8
             •	 Anticoncepcionais orais: apresentações disponíveis no SUS
             •	 Danazol: cápsulas de 50 mg, 100 mg e 200 mg
             •	 Análogos do GnRH
                −	 Gosserrelina: seringa com dose única de 3,6 mg ou de 10,8 mg
                −	 Leuprorrelina: frasco-ampola com 3,75 mg ou de 11,25 mg
                −	 Triptorrelina: frasco-ampola com 3,75 mg ou de 11,25 mg


              	 .5 ESQUEMAS DE ADMINISTRAÇÃO
              8
             •	 Anticoncepcionais orais: uso de acordo com apresentações disponíveis no SUS
             • Danazol: 200 mg, por via oral, 2 vezes ao dia, podendo a dose ser aumentada até 400 mg, 2 vezes
                ao dia2
             • Análogos do GnRH
                −	 Gosserrelina: 3,6 mg, por via subcutânea, mensalmente, ou 10,8 mg, a cada 3 meses
                −	 Leuprorrelina: 3,75 mg, por via intramuscular, mensalmente, ou 11,25 mg, a cada 3 meses
                −	 Triptorrelina: 3,75 mg, por via intramuscular, mensalmente, ou 11,25 mg, a cada 3 meses


              	 .6 BENEFÍCIOS ESPERADOS COM O TRATAMENTO CLÍNICO
              8
              •	 Diminuição da dor (em geral em torno de 3 semanas)
              •	 Regressão de nódulos endometrióticos (em cerca de 6 semanas)

             	 .7 TEMPO DE TRATAMENTO – CRITÉRIOS DE INTERRUPÇÃO
             8
             	 maior parte dos estudos26,40,41,45,51,89,90 tratou as pacientes por um período de 6 meses. A duração do
             A
      tratamento recomendada é de 3-6 meses. Pacientes que já fizeram uso de análogos do GnRH por período de
      6 meses e que permaneceram sintomáticas ou com recidiva de dor relacionada à endometriose devem ser
      encaminhadas para serviços especializados.




260
Endometriose


9	 Monitorização
	    •	 Danazol: contagem de plaquetas a cada 4-6 meses (trombocitose/ trombocitopenia foram
			         observadas). Em pacientes fazendo uso de danazol e carbamazepina, podem ocorrer
			         significativos aumentos dos níveis de carbamazepina com resultante toxicidade.
	  •	       Análogos do GnRH: pacientes que forem encaminhadas aos serviços especializados e
			         fizerem uso de análogos do GnRH por período superior a 6 meses devem ser avaliadas
			         quanto ao risco de osteoporose.
	  •	       Medroxiprogesterona: como há inibição central da liberação de FSH, é também necessária
			         a realização de DO a cada 2 anos para descartar osteoporose.

10	Acompanhamento pós-tratamento
        	 s pacientes devem ser reavaliadas a cada 6 meses para liberação do tratamento com danazol
        A
e análogos do GnRH. Solicitações de retratamento ou por períodos mais prolongados incluem-se nos
Casos Especiais deste protocolo. Pacientes que fizeram uso dos medicamentos de maneira escalonada
(contraceptivos orais, progestágenos, análogos do GnRH) e permaneceram sintomáticas ou tiveram
recidiva da sintomatologia dolorosa para reavaliação de retratamento devem ser encaminhadas
para serviços especializados. Elas poderão repetir o tratamento sem necessidade de novos exames
diagnósticos, requerendo-se apenas o laudo médico com a sintomatologia que ateste a ausência de
resposta terapêutica.

11	Regulação/controle/avaliação pelo gestor
         Pacientes com endometriose devem ser atendidas em serviços especializados em Ginecologia,
para seu adequado diagnóstico e inclusão no protocolo de tratamento.
         	 evem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a
         D
duração e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e
dispensadas, a adequação de uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento.
         A liberação de uso de danazol ou de análogos do GnRH para o tratamento da endometriose
depende de comprovação por laudo médico de que a paciente foi tratada anteriormente com ACO ou
progestágenos, sem resposta clínica, e de comprovação diagnóstica, conforme os itens Diagnóstico e
Critérios de Inclusão.

12	Termo de esclarecimento e responsabilidade – TER
        É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos,
benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso dos medicamentos preconizados neste protocolo.
O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência
Farmacêutica.

13	Referências bibliográficas
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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


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Endometriose


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264
Endometriose


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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
      Danazol, Gosserrelina, Leuprorrelina e Triptorrelina


               Eu, ______________________________________________________ (nome da paciente), declaro ter
      sido informada claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados
      ao uso de danazol, gosserrelina, leuprorrelina e triptorrelina, indicados para o tratamento de endometriose.
               Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
      _____________________________________________________ (nome do médico que prescreve).
               Assim, declaro que fui claramente informada de que o medicamento que passo a receber pode trazer as
      seguintes melhoras:
               •	 diminuição da dor;
               •	 redução dos nódulos endometrióticos.
               Fui também claramente informada a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos
      e riscos do uso dos medicamentos:
               •	 contraindicados para gestantes ou para mulheres que planejam engravidar;
               •	 contraindicados para mulheres que estão amamentando;
               •	 efeitos adversos do danazol – frequentes: distúrbios da menstruação, ganho de peso, calorões; menos
                  frequentes: inchaço, escurecimento da urina, cansaço, sonolência, acne, aumento da oleosidade
                  do cabelo e da pele, queda de cabelo, alteração da voz, crescimento do clitóris; raros: adenoma,
                  catarata, eosinofilia, disfunção hepática, pancreatite, hipertensão intracraniana manifestada por dor
                  de cabeça, náuseas e vômitos, leucocitose, pancreatite, rash cutâneo, síndrome de Stevens-Johnson,
                  trombocitopenia, fotossensibilidade;
               •	 efeitos adversos do gosserrelina – frequentes: calorões, distúrbios menstruais; menos frequentes:
                  visão borrada, diminuição da libido, cansaço, dor de cabeça, náuseas, vômitos, dificuldade para
                  dormir, ganho de peso, vaginite; raros: angina ou infarto do miocárdio, tromboflebites;
               •	 efeitos adversos do leuprorrelina – frequentes: calorões, diarreia, distúrbios menstruais; menos
                  frequentes: arritmias cardíacas, palpitações; raros: boca seca, sede, alterações do apetite, ansiedade,
                  náuseas, vômitos, desordens de personalidade, desordens da memória, diminuição da libido, ganho
                  de peso, dificuldade para dormir, delírios, dor no corpo, queda de cabelo e distúrbios oftalmológicos;
               •	 efeitos adversos do triptorrelina – frequentes: calorões, dores nos ossos, dor no local da injeção,
                  hipertensão, dor de cabeça; menos frequentes: dores nas pernas, fadiga, vômitos, insônia; raros:
                  tonturas, diarreia, retenção urinária, infecção do trato urinário, anemia, prurido;
               •	 contraindicados em casos de hipersensibilidade (alergia);
               •	 o risco de ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem.
               Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a
      devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei
      a ser atendida, inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
               Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao
      meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato.
                 m
               Meu tratamento constará do seguinte medicamento:
               o danazol
               o gosserrelina
               o leuprorrelina
               o triptorrelina




266
Endometriose


Local:                                    Data:
Nome do paciente:
Cartão Nacional de Saúde:
Nome do responsável legal:
Documento de identificação do responsável legal:

                             _____________________________________
                             Assinatura do paciente ou do responsável legal
Médico responsável:                                             CRM:             UF:

                                    ___________________________
                                     Assinatura e carimbo do médico
                                      Data:____________________
Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será
arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.




                                                                                                     Endometriose




                                                                                                   267
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Fluxograma de Tratamento
      Endometriose
                                                      Fluxograma de Tratamento
                                                            Endometriose


                                                 Paciente com suspeita clínica de
                                                          endometriose

        Comprovação diagnóstica:
        ✓ laparoscopia/laparotomia
          com laudo descritivo                               Sintomas graves,
          seguindo a classificação
          revisada da ASRM ou                            incapacitantes, presença
        ✓ resultado de                                      de endometriomas,
          anatomopatológico               Sim                                                          Não
                                                          suspeita de distorção da
                                                           anatomia pélvica e de
                                                          endometriose profunda?
                                       Cirurgia                                                  Tratamento empírico com
                                     diagnóstico-                                                 ACO ou progestágenos
                                     terapêutica                                                       por 6 meses


                              Confirmada a hipótese                     Exclusão
                                                               Não
                                de endometriose?                        do PCDT
                                                                                           Critérios de exclusão:
                                                                                           Danazol
                                         Sim                                               ✓ gestação / lactação ou
                                                                                           ✓ sangramento genital de origem desconhecida
                                                                                               ou
                                  Persistência da                                          ✓ disfunção hepática grave ou
                                                                                           ✓ hipersensibilidade ao fármaco
                   Não            sintomatologia                    Sim                    Análogos do GnRH
                                  após cirurgia?                                           ✓ gestação / lactação ou
                                                                                           ✓ hipersensibilidade ao fármaco


          Acompanhamento.

                                                                                                                Exclusão
       Não                                                                                                      do PCDT
                 Houve
                                                       Tratamento com ACO ou
              recidiva dos             Sim
                                                      progestágenos por 6 meses                                    Sim
               sintomas?

                                                                                                         Possui critérios de
             Interromper tratamento e                                                                     exclusão para o
                                                Sim        Melhora clínica?           Não                 tratamento com
             manter acompanhamento.
                                                                                                        danazol ou análogos
                                                                                                             do GnRH?
                            Houve                                                                                 Não
                                                             Nas pacientes tratadas com
        Sim              recidiva dos           Não          análogos do GnRH considerar
                          sintomas?                          o uso de tratamento
                                                             combinado com terapia                   Danazol ou análogos do
                                                             hormonal mas com sintomas
                                                             de hipoestrogenismo                       GnRH por 6 meses



                                           Manter                                    Sim                  Melhora clínica ?
                                       acompanhamento
                                                               Interromper tratamento e                                               Não
                                                               manter acompanhamento
        Monitorização:
        Danazol
         ✓ contagem de plaquetas a cada 4-6                                                                      Encaminhamento a
           meses                                                      Houve recidiva
        Análogos do GnRh e                      Não                                                 Sim              Serviços
        Medroxiprogesterona                                           dos sintomas?
         ✓ densitometria óssea a cada 2 anos                                                                      Especializados.


268
Endometriose



Fluxograma de Dispensação de Danazol, Gosserrelina,
Leuprorrelina e Triptorrelina

                                  Fluxograma de Dispensação
                 Danazol, Gosserrelina, Leuprorrelina e Triptorrelina Endometriose



                                                                           CID-10: N80.0, N80.1, N80.2, N80.3, N80.4,
                                                                           N80.5, N80.8
                   Paciente solicita o                                     Exames (para 1º tratamento):
                    medicamento.                                           ✓ laparoscopia/laparotomia com laudo
                                                                              descritivo (classificação revisada da
                                                                              ASRM) ou resultado de exame
                                                                              anatomopatológico de biópsia peritoneal
                                                                           ✓ TGO eTGP (para danazol)
                                                                           Dose:
              Possui LME corretamente                                      danazol: 400-800 mg/dia, por VO
                preenchido e demais                                        gosserrelina: 3,6 mg a cada mês ou 10,8 mg
                                                                           a cada 3 meses, por via SC
               documentos exigidos?                   Sim                  leuprorrelina/triptorrelina: 3,75 mg a cada
   Não                                                                     mês ou 11,25 mg a cada 3 meses, por via IM




Orientar o                                    CID-10, exames e dose
paciente.               Não                   estão de acordo com o                 Sim
                                             preconizado pelo PCDT?

                                                                          Realizar entrevista
                Encaminhar o
                                                                      farmacoterapêutica inicial
              paciente ao médico
                                                                         com o farmacêutico.
                  assistente.




                                                                                Processo
                                                                Não                                     Sim
                                                                                deferido?

                                                          Não dispensar e
                                                                                                    Orientar o
                                                            justificar ao
     Exame necessário para dispensação/                                                             paciente.
     monitorização:                                          paciente.
     ✓ para danazol: contagem de plaquetas
     Periodicidade: a cada 4-6 meses


                                                                  Dispensação a cada mês de
                                                                  tratamento ou cada 3 meses
                                                                          Entrevista
                                                                     farmacoterapêutica de
                                                                         monitorização
                                                                                                                           Endometriose



                                              Paciente apresentou alteração
                                               nos exames não compatível
                          Sim                                                             Não
                                              com o curso do tratamento ou
                                             eventos adversos significativos?

               Dispensar e solicitar
               parecer do médico                                                       Dispensar.
                   assistente.



                                                                                                                         269
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Ficha Farmacoterapêutica
      Endometriose


      1	Dados do Paciente
      Nome: ___________________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________
      Endereço: ________________________________________________________________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________
      Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________



      2	Avaliação Farmacoterapêutica
      2.1	Quais os tratamentos já realizados para endometriose? Quando?
      _________________________________________________________________________________________
      _________________________________________________________________________________________
      _________________________________________________________________________________________
      2.2		Possui outras doenças diagnosticadas?
      	 o não
      	 o sim g Quais? _________________________________________________________________________
      _________________________________________________________________________________________

      2.3	Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais?
         Nome comercial        Nome genérico          Dose total/dia e via              Data de início      Prescrito
                                                                                                           o não o sim
                                                                                                           o não o sim
                                                                                                           o não o sim
                                                                                                           o não o sim
      * Uso concomitante de danazol e carbamazepina pode ocasionar toxicidade da carbamazepina.

      2.4		Já apresentou reações alérgicas a medicamentos?
      	 o não
      	 o sim g Quais? A que medicamentos? ______________________________________________________


      3	 Monitorização do Tratamento
      Exames Laboratoriais para Uso de Danazol
                                         Inicial                           6o mês                        12o mês
      Data prevista
      Data
      Plaquetas

      3.1	 Apresentou contagem de plaquetas fora da normalidade?
      	    não g Dispensar
      	    sim g Dispensar e encaminhar a paciente ao médico assistente

270
Endometriose


3.2 	 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos
Adversos)
	     não g Dispensar
	     sim g Passar para a pergunta 3.3

3.3 	 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
	     não g Dispensar
	     sim g Dispensar e encaminhar a paciente ao médico assistente

                         Tabela de Registro de Eventos Adversos

    Data da                      Evento adverso                      *Intensidade          q Conduta
   entrevista




Principais reações adversas já relatadas:
Danazol: distúrbios da menstruação, ganho de peso, calorões, inchaço, escurecimento da urina, fadiga,
sonolência, acne, aumento da oleosidade do cabelo e da pele, alopecia, alteração da voz, crescimento
do clitóris, cefaleia, náuseas e vômitos, rash cutâneo, fotossensibilidade
Gosserrelina: calorões, distúrbios menstruais, visão borrada, diminuição da libido, fadiga, cefaleia,
náuseas, vômitos, insônia, ganho de peso, vaginite, dor no peito, dor nas pernas
                                                                                                                 Endometriose
Leuprorrelina: calorões, diarreia, distúrbios menstruais, arritmias cardíacas, palpitações, boca seca,
sede, alterações do apetite, ansiedade, náuseas, vômitos, desordens de personalidade, desordens
da memória, diminuição da libido, ganho de peso, insônia, delírios, mialgias, alopecia e distúrbios
oftalmológicos
Triptorrelina: calorões, dores nos ossos, dor no local da injeção, hipertensão, cefaleia, dores nas
pernas, fadiga, vômitos, insônia, tonturas, diarreia, retenção urinária, infecção do trato urinário, anemia,
prurido
* Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica
(nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro
(descrever)


                                                                                                               271
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                              TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO

                                  1o mês       2o mês      3o mês       4o mês    5o mês    6o mês
      Data
      Nome comercial
      Lote/Validade
      Dose prescrita
      Quantidade dispensada
      Próxima dispensação
      (Necessita de parecer
      médico: sim/não)
      Farmacêutico/CRF
      Observações




                                  7o mês       8o mês      9o mês       10o mês   11o mês   12o mês
      Data
      Nome comercial
      Lote/Validade
      Dose prescrita
      Quantidade dispensada
      Próxima dispensação
      (Necessita de parecer
      médico: sim/não)
      Farmacêutico/CRF
      Observações




      * A dispensação dos análogos de GnRH pode ser feita a cada 3 meses (para as apresentações
      trimestrais dos medicamentos).




272
Endometriose




                 Endometriose




               273
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Guia de Orientação ao Paciente
      Danazol, Gosserrelina, Leuprorrelina e Triptorrelina



            este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.

            seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.

                            o medicamento é utilizado no tratamento de endometriose.


      1	Doença
      	  •	 A camada de tecido que recobre o útero internamente e que sangra durante a menstruação é o endométrio.
      		 Endometriose é uma doença na qual este tecido se desenvolve fora do útero causando inflamação. O
      		 sintoma mais comum é dor no baixo ventre.
      	
      2	 Medicamento
      	  •	 Este medicamento não cura a doença, mas melhora a dor e proporciona às mulheres a chance de engravidar.

      3	Guarda do medicamento		
      	 Danazol:
      	 •	 Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura
      		 (cozinha e banheiro). Conserve as cápsulas na embalagem original.

      	Gosserrelina, leuprorrelina, triptorrelina:
      	 •	 Guarde estes medicamentos em locais com temperatura inferior a 25°C.

      4	Administração dos medicamentos
      	Danazol:
      	  •	 Tome as cápsulas (sem mastigar ou abrir) com um copo de água. Procure tomar o medicamento sempre 	
      		 no mesmo horário estabelecido no início do tratamento.
      	  •	 Tome exatamente a dose que o médico indicou.

      	Gosserrelina, leuprorrelina, triptorrelina:
      	 •	 Os medicamentos deverão ser administrados por injeção subcutânea ou intramuscular.
      	 •	 Procure saber com clareza todos os passos para a aplicação do medicamento que você está recebendo 	
      		 com o médico ou profissional de enfermagem, bem como sua forma de preparo. Não prepare ou aplique 	
      		 o medicamento até que esteja bem treinada.
      	 •	 Procure orientação com o farmacêutico sobre como descartar de forma adequada as seringas e agulhas 	
      		 após o uso.

      5	Reações desagradáveis
      		Danazol:
      	 	 •	 Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações
         		 desagradáveis, tais como náuseas, vômitos, diarreia, dor de cabeça, nervosismo, desorientação, fraqueza,
         		 convulsões, ganho de peso, inchaço, alterações do paladar, aumento da pressão arterial, aparecimento
         		 de espinhas, crescimento de pelos, engrossamento da voz.
       	
      	Gosserrelina, leuprorrelina, triptorrelina:
      	 •	 Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações
      		 desagradáveis, tais como dor ou inchaço no local de aplicação da injeção, ondas de calor, dores nos
      		 ossos, alergias na pele, dor de cabeça, náuseas, vômitos, queda de cabelo.


274
Endometriose


	 •	 Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
	 •	 Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e
		 Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.

6	Uso de outros medicamentos
	 •	 Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um
		 profissional de saúde.

7	Outras informações importantes
	 •	   Gosserrelina, leuprorrelina e triptorrelina podem ser usados 1 vez por mês ou a cada 3 meses.
		     Portanto, verifique a apresentação recebida para não correr o risco de usar o medicamento em
		     intervalos diferentes do recomendado. Em caso de dúvida, procure orientação com o profissional
		     de saúde (médico, enfermeiro ou farmacêutico do SUS).

8	Realização dos exames de laboratório
	 •	 A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento no seu
		 organismo. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o tratamento.

9	Para seguir recebendo o medicamento
	 •	 Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos:
		     − Receita médica atual
		     − Cartão Nacional de Saúde ou RG
		     − Exame para danazol: contagem de plaquetas a cada 4-6 meses


10	 Em caso de dúvida
	 •	 Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer 	
		 atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.


11	Outras informações
_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________


                        se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                                  devolva-o à farmácia do sus.
                                                                                                          Endometriose




                                                                                                        275
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas




276
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

          Esclerose Lateral Amiotrófica
          Portaria SAS/MS no 496, de 23 de dezembro de 2009.


    1 		 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA
             	 ara a análise de eficácia dos tratamentos específicos para a síndrome de esclerose lateral amiotrófica
             P
    atualmente registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e, portanto, disponíveis para
    utilização e comercialização no Brasil, foram realizadas buscas nas bases descritas abaixo.
             	 a base Medline/PubMed: “Riluzole”[Substance Name] AND “Amyotrophic Lateral Sclerosis”[Mesh];
             N
    “Riluzole”[Substance Name] AND “motor neuron disease”[Mesh];
             	 a base Ovid MEDLINE:Riluzole AND Amyotrophic Lateral Sclerosis AND Clinical Trial [Publication
             N
    Type]; Riluzole AND motor neuron disease AND Clinical Trial [Publication Type] limitadas a: “Humans, Meta-
    Analysis, Randomized Controlled Trial”.
             Na base Cochrane: “Riluzole”; “Amyotrophic Lateral Sclerosis”; “Motor neuron disease”.
             Avaliados todos os estudos disponíveis, foram selecionados metanálises e ensaios clínicos
    randomizados, controlados e duplos-cegos publicados até 30/09/2009.

    2	 	INTRODUÇÃO
             	 sclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma das principais doenças neurodegenerativas, ao lado das
             E
    doenças de Parkinson e de Alzheimer. Sua incidência na população varia de 0,6- 2,6 por 100.000 habitantes1,2.
    Idade é o fator preditor mais importante para sua ocorrência, sendo mais prevalente nos pacientes com idade
    entre 55 e 75 anos3. Trata-se de um distúrbio progressivo que envolve a degeneração do sistema motor em
    vários níveis: bulbar, cervical, torácico e lombar4.
             	 credita-se que, por ocasião do primeiro sintoma, mais de 80% dos neurônios motores já foram
             A
    perdidos5. Mais de 90% dos casos são esporádicos, e o restante tem padrão de herança autossômica
    dominante, às vezes relacionado à mutação do gene SOD16. A sobrevida média dos pacientes com ELA é de
    3-5 anos. Na ausência de ventilação mecânica prolongada, a porcentagem de sobreviventes em 10 anos é de
    8%-16%7, podendo chegar a 15 anos ou mais com a ajuda de suporte ventilatório8.
             	 quadro clínico de ELA reflete a perda de neurônios do sistema motor – do córtex ao corno anterior da
             O
    medula. Sinais físicos deste distúrbio envolvem achados nos neurônios motores superior e inferior. Disfunção
    sensitiva é incompatível com o diagnóstico de ELA, a não ser que faça parte de um distúrbio subjacente. Os
    achados físicos correlacionam-se com as diferentes topografias da degeneração dos núcleos motores: bulbar,
    cervical ou lombar.
             	 acientes com ELA de início bulbar apresentam disartria, disfagia ou ambas. Exclusão de outras
             P
    causas potenciais é importante, tais como carcinoma esofágico e miastenia gravis. O envolvimento bulbar pode
    ser devido à degeneração do neurônio motor inferior (paralisia bulbar), do superior (paralisia pseudobulbar)
    ou de ambos. Paralisia bulbar é associada com paralisia facial inferior e superior e dificuldade de movimento
    palatal com atrofia, fraqueza e fasciculação da língua. A paralisia pseudobulbar é caracterizada por labilidade
    emocional (também conhecida como risada ou choro patológicos), aumento do reflexo mandibular e
    disartria5.	
             	 acientes com ELA de início cervical apresentam sintomas nos membros superiores, uni ou
             P
    bilateralmente. Fraqueza proximal pode-se apresentar com dificuldade nas tarefas associadas à abdução do
    ombro, tais como lavar ou pentear o cabelo; fraqueza distal pode se manifestar em atividades que requeiram



Consultores: Pedro Schestatsky, Márcia Fagundes Lorena Chaves, Bárbara Corrêa Krug e
Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                        277
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      habilidade de pinçamento. Sinais físicos nos membros superiores podem também ser devidos à disfunção do
      neurônio motor superior, do inferior ou de ambos. O braço pode apresentar atrofia intensa com fasciculação
      profusa, mas com reflexos hiperativos.
              	 acientes com ELA de início lombar apresentam degeneração de neurônios motores lombares que pode
              P
      manifestar-se com pé caído e dificuldade de subir escadas (fraqueza proximal).
              	 s principais sinais e sintomas de ELA podem ser reunidos em dois grupos4,9:
              O
              •	 sinais e sintomas resultantes diretos da degeneração motoneuronal − fraqueza e atrofia, fasciculações
                 e cãibras musculares, espasticidade, disartria, disfagia, dispneia e labilidade emocional;
              •	 sinais e sintomas resultantes indiretos dos sintomas primários − distúrbios psicológicos, distúrbios
                 de sono, constipação, sialorreia, espessamento de secreções mucosas, sintomas de hipoventilação
                 crônica e dor.

      3		 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à
      		saúde (CID-10)
            •	 G12.2 Doença do neurônio motor

      4 		 DIAGNÓSTICO

              	 .1 CLÍNICO
              4
              	 diagnóstico de ELA é evidente nos pacientes com longa evolução da doença e sinais e sintomas
              O
      generalizados. O diagnóstico precoce da doença, quando o paciente tem apenas sintomas focais em uma
      ou duas regiões (bulbar, membros superiores, tronco ou membros inferiores), pode ser difícil e dependerá da
      presença de sinais em outras regiões afetadas e de várias investigações seriadas10,11. O tempo médio do início
      dos sintomas até a confirmação diagnóstica é de aproximadamente 10-13 meses12. O diagnóstico de ELA é feito
      com base na presença de sinais de comprometimento do neurônio motor superior e inferior concomitantes em
      diferentes regiões. Os critérios de El Escorial classificam os diagnósticos em vários subtipos13.

             ELA definitiva
             Sinais de neurônio motor superior (NMS) e inferior (NMI) em três regiões (bulbar, cervical, torácica ou
      lombossacra).

            	 LA provável
            E
            Sinais de NMS e NMI em duas regiões (bulbar, cervical, torácica ou lombossacra) com algum sinal de
      NMS rostral aos sinais de NMI.

             ELA provável com suporte laboratorial
             Sinais de NMS e NMI em uma região ou sinais de NMS em uma ou mais regiões associados à evidência
      de denervação aguda à eletroneuromiografia em dois ou mais segmentos.

              ELA possível
              Sinais de NMS e NMI em uma região somente.

              ELA suspeita
              Sinais de NMS em uma ou mais regiões (bulbar, cervical, torácica ou lombossacra).
              Sinais de NMI em uma ou mais regiões (bulbar, cervical, torácica ou lombossacra).

              Em todas as modalidades, deve haver evidência de progressão da doença e ausência de sinais sensitivos.

             4.2 EXAMES COMPLEMENTARES
             Pacientes com suspeita de ELA devem realizar uma série de exames, com os respectivos resultados
      compatíveis com a doença:
             •	 ressonância magnética (RM) de encéfalo e junção craniocervical com ausência de lesão estrutural
                que explique os sintomas;

278
Esclerose Lateral Amiotrófica


        •	 eletroneuromiografia (ENMG) dos 4 membros com presença de denervação em mais de um
           segmento e neurocondução motora e sensitiva normais;
        •	 hemograma completo dentro da normalidade;
        •	 função renal (ureia e creatinina) dentro da normalidade;
        •	 função hepática (ALT/TGP, AST/TGO) e protrombina dentro da normalidade.

        	 .3 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
        4
       	 os estágios iniciais da doença, em que pode haver sinais mínimos de disfunção dos NMS
       N
e NMI, a ELA pode ser confundida com uma série de outras condições clínicas, com os respectivos
diagnósticos diferenciais14:
       •	 outras doenças do neurônio motor − esclerose lateral primária, atrofia muscular progressiva,
           atrofia muscular espinhal, atrofia muscular espinobulbar;
       •	 doenças estruturais − mielopatia espondilótica, malformação de Arnold-Chiari, siringomielia
           ou bulbia, irradiação do sistema nervoso central (SNC), acidente vascular cerebral, tumor;
       •	 doenças tóxicas/metabólicas − hipertireoidismo, hiperparatireoidismo, intoxicação por
           metais pesados, latirismo;
       •	 doenças inflamatórias autoimunes − neuropatia motora multifocal com bloqueio de condução,
           polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica, esclerose múltipla, miastenia gravis,
           miosite por corpos de inclusão, polimiosite, síndrome paraneoplásica;
       •	 doenças hereditárias − deficiência de hexosaminidase A, paresia espástica com amiotrofia,
           ataxia espinocerebelar, distrofia muscular orofaríngea, adrenomieloneuropatia, deficiência de
           maltase ácida;
       •	 doenças infecciosas − HIV, HTLV-1, doença de Creutzfeldt-Jakob, sífilis;
       •	 outras doenças degenerativas do SNC − degeneração corticobasal, demência por corpos
           de Lewy, atrofia de múltiplos sistemas, paralisia supranuclear progressiva, doença de
           Parkinson;
       •	 fasciculações benignas;
       •	 amiotrofia monomélica − doença de Hirayama.

5 		 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
	   	    Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem os critérios
    diagnósticos para ELA definitiva ou ELA provável com suporte laboratorial, avaliados por médico
    especialista em Neurologia através de laudo detalhado.

6 		 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO




                                                                                                             Esclerose Lateral Amiotrófica
       Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem uma das
condições abaixo:
       •	 insuficiência renal ou hepática;
       •	 outra doença grave ou incapacitante, incurável ou potencialmente fatal;
       •	 outras formas de doenças do corno anterior medular;
       •	 eletroneuromiografia sem demonstração de bloqueio da condução motora ou sensitiva;
       •	 demência e distúrbios visuais, autonômicos e esfincterianos;
       •	 gravidez ou amamentação;
       •	 ventilação assistida;
       •	 hipersensibilidade ao medicamento.

7 		 TRATAMENTO
        	 árias estratégias modificadoras da doença têm sido testadas em ensaios clínicos15-32, mas
        V
apenas um medicamento (riluzol) foi aprovado até agora. Bensimon e cols.33 publicaram o primeiro estudo
duplo-cego, randomizado, avaliando o papel do riluzol na ELA. Foram estratificados 155 pacientes de
acordo com a topografia de início da doença e submetidos ao tratamento com riluzol na dose de 100
mg/dia. Após 573 dias, 58% dos pacientes do grupo placebo estavam vivos, em contraste com 74%


                                                                                                           279
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      do grupo riluzol. O subgrupo mais beneficiado apresentava doença em nível bulbar na fase inicial, com aumento
      de sobrevida de aproximadamente 2-3 meses. Além disso, a perda de força muscular foi significativamente mais
      lenta no grupo tratado. Um estudo publicado 2 anos mais tarde, envolvendo centros americanos e um número
      maior de pacientes, confirmou estes achados34.
               	 epois da publicação de uma revisão sistemática do grupo Cochrane15 e uma avaliação pelo Institute for
               D
      Clinical Excellence (NICE) do Reino Unido35, foram recomendados estudos adicionais para investigar os aspectos
      do potencial de efetividade do riluzol na ELA. O uso deste medicamento tem resultado em uma sobrevida maior
      do que a reportada nos ensaios clínicos randomizados controlados, achado que necessita de confirmação36.

              	 .1 FÁRMACO
              7
              	 iluzol: comprimidos de 50 mg
              R

              	 .2 ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO
              7
              	 tratamento com riluzol deve ser iniciado na dose de 50 mg, por via oral, a cada 12 horas, administrados
              O
      1 hora antes ou 2 horas após as refeições.

              	 .3 TEMPO DE TRATAMENTO
              7
              	 tempo de tratamento é indeterminado e dependerá da tolerabilidade do paciente.
              O

              	 .4 BENEFÍCIOS ESPERADOS
              7
      		•        Aumento do tempo de sobrevida

      8 		 MONITORIZAÇÃO
              	 acompanhamento a longo prazo deverá ser realizado por neurologista clínico37. Recomenda-se a
              O
      realização dos seguintes exames: hemograma, plaquetas e enzimas hepáticas antes de iniciar o tratamento, no
      primeiro, no segundo, no terceiro, no sexto, no nono e no décimo segundo mês e, após, quando clinicamente
      necessário.
              	 ritérios para suspensão do tratamento
              C
              •	 Quando ALT/TGP ou AST/TGO estiver 5 vezes acima do limite superior da normalidade
              •	 Quando ocorrer citopenia: leucócitos totais < 3.000/mm3 ou neutrófilos < 1.500/mm3 ou plaquetas
              	 < 100.000/mm3 ou hemoglobina < 10 g/dl
              •	 Evolução para ventilação assistida

      9 		 ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO
             Os pacientes devem ter nova consulta agendada após 1 mês de tratamento para avaliação dos efeitos
      adversos e após 1 ano para avaliação da efetividade do riluzol.

      10  	REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR
            Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração
      e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas, da
      adequação do uso do medicamento e do acompanhamento pós-tratamento.

      11	 TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE − TER
               	 obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal sobre potenciais riscos, benefícios e
               É
      efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se
      prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.




280
Esclerose Lateral Amiotrófica


12 	 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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                                                                                                                            Esclerose Lateral Amiotrófica
       brain derived neurotrophic factor administered by intrathecal infusion to patients with amyotrophic lateral
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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


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282
Esclerose Lateral Amiotrófica



Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
Riluzol


         Eu, ______________________________________________________ (nome do(a) paciente),
declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos
adversos relacionados ao uso de riluzol, indicado para o tratamento de esclerose lateral amiotrófica.
         Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
_______________________________________________(nome do médico que prescreve).
         Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber
pode trazer a seguinte melhora:
         •	 aumento do tempo de sobrevida.
         Fui também claramente informado(a) a respeito de contraindicações, potenciais efeitos
adversos e riscos do uso deste medicamento:
         •	 os riscos na gravidez ainda não são bem conhecidos; portanto, caso engravide, devo avisar
            imediatamente o médico;
         •	 os efeitos adversos já relatados − fraqueza, sono, náuseas, vômitos, diarreia, dor na barriga,
            formigamentos, alteração nas enzimas do fígado, dor de cabeça, aumento dos batimentos
            do coração, diminuição das células brancas (diminuição das defesas) e vermelhas (anemia)
            do sangue;
         •	 contraindicado para pacientes com hipersensibilidade ao riluzol ou aos componentes da
            fórmula e para aqueles com problemas no fígado.
         Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-
me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também
que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
         Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações
relativas ao meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato.
                       m
          
 Local:                                              Data:
 Nome do paciente:
 Cartão Nacional de Saúde:
 Nome do responsável legal:
 Documento de identificação do responsável legal:




                                                                                                               Esclerose Lateral Amiotrófica
                                 _____________________________________
                                 Assinatura do paciente ou do responsável legal
 Médico responsável:                                                      CRM:                   UF:

                                        ___________________________
                                         Assinatura e carimbo do médico
                                          Data:____________________
Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será
arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.

       




                                                                                                             283
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Fluxograma de Tratamento
      Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)




                                                                                                Diagnóstico: clínico, laboratorial
                                                                                                e neurofisiológico
                         Paciente com diagnóstico de ELA

                                                                                           Critérios de inclusão:
                                                                                           ✓ ELA definitiva: sinais de neurônio
                                                                                             motor superior (NMS) e inferior
                                                                                             (NMI) em 3 regiões (bulbar,
                                                                                             cervical, torácica ou lombossacra)
                           Possui critérios de inclusão                                    ✓ ELA provável com suporte
                              para uso de riluzol?                                           laboratorial: sinais de NMS e NMI
                                                                                             em uma região ou sinais de NMS
                Não                                                                          em uma ou mais regiões associados
                                                                   Sim                       à evidência de denervação aguda à
                                                                                             eletroneuromiografia em 2 ou mais
                                                                                             segmentos

            Exclusão do
              PCDT                                       Possui algum critério
                                                            de exclusão?
                                               Sim                                   Não



                                         Exclusão do                             Tratamento
                                           PCDT                                  com riluzol



                                                                             Encontram-se as
                                                                            enzimas hepáticas
                                                                          5 vezes acima do limite
                                                                            de normalidade ou
                                                                   Sim         há citopenia?             Não




                                                        Suspender o tratamento.                Manter o tratamento.


          Critérios de exclusão:
          ✓ insuficiência renal ou hepática
          ✓ demência
          ✓ distúrbios visuais, autonômicos
            ou esfincterianos
          ✓ doença do corno anterior medular                              Houve evolução para
                                                  Sim                                                           Não
          ✓ doenças graves ou                                             ventilação assistida?
            incapacitantes, incuráveis ou
            provavelmente fatais
          ✓ eletroneuromiografia sem
            demonstração de bloqueio da
            condução motora ou sensitiva
          ✓ hipersensibilidade ao                                                                           Manter o
            medicamento
          ✓ ventilação assistida                                                                          tratamento.
          ✓ gravidez ou amamentação




284
Esclerose Lateral Amiotrófica



Fluxograma de Dispensação de Riluzol
Esclerose Lateral Amiotrófica

    Portaria SAS/MS n 389, de 19 de setembro de 2001.



                                                                                       CID-10: G12.2
                                                                                       Exames obrigatórios para
                          Paciente solicita o                                          abertura do processo:
                           medicamento.                                                ✓ ressonância magnética de
                                                                                          encéfalo e junção craniocervical
                                                                                       ✓ eletroneuromiografia
                                                                                       ✓ hemograma e plaquetas
                                                                                       ✓ tempo de protrombina
                                                                                       ✓ ureia, creatinina
                     Possui LME corretamente                                           ✓ ALT/TGP e AST/TGO
                                                                                       Dose: 100 mg/dia
       Não             preenchido e demais                   Sim
                      documentos exigidos?

    Orientar o
                                                CID-10, exames e dose estão
    paciente.
                                  Não           de acordo com o preconizado                 Sim
                                                        pelo PCDT?


                         Encaminhar o                                              Realizar entrevista
                          paciente ao                                          farmacoterapêutica inicial
                        médico assistente.                                        com o farmacêutico.


                                                                                         Processo
                                                                           Não                                 Sim
                                                                                         deferido?


                                                                    Não dispensar e                        Orientar o
    Exames necessários para                                      justificar ao paciente.                   paciente.
    monitorização:
    ✓ Hemograma e plaquetas
    ✓ ALT/TGP e AST/TGO
    Periodicidade: a cada mês nos
    primeiros 3 meses de tratamento e,
    após, a cada 3 meses. Após o
    primeiro ano, a periodicidade fica a
    critério médico.                                                         Dispensação a cada mês de




                                                                                                                               Esclerose Lateral Amiotrófica
                                                                                      tratamento
                                                                            Entrevista farmacoterapêutica
                                                                                  de monitorização




                                                 Paciente apresentou alteração
                                                  nos exames não compatível
                                 Sim              com o curso do tratamento,                  Não
                                                evolução da doença ou eventos
                                                    adversos significativos?

               Dispensar* e solicitar parecer
                                                                                           Dispensar.
                  do médico assistente.



                    * Observação: se ALT/TGP ou AST/TGO > 5x o limite da normalidade ou leucócitos
               < 3.000 mm3 ou neutrófilos < 1.500 mm3 ou plaquetas < 100.000 mm3 ou hemoglobina < 10g/dl
                                 ou evolução para ventilação assistida, não dispensar.




                                                                                                                             285
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Ficha Farmacoterapêutica
      Esclerose Lateral Amiotrófica


      1 DADOS DO PACIENTE
      Nome: ___________________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Nome do cuidador: _________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________
      Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________
      Endereço: ________________________________________________________________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________
      Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________
      Telefones: ________________________________________________________________________________

      2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA

      2.1	 Está grávida ou amamentando? o não o sim g critério de exclusão para uso de riluzol

      2.2	 Possui outras doenças diagnosticadas?
           o não
           o sim g Quais? ________________________________________________________________________
           (se insuficiência renal, insuficiência hepática, demência, distúrbios visuais, distúrbios autonômicos, distúrbios
           esfincterianos, doença do corno anterior medular e doenças graves ou incapacitantes g critério de exclusão
           para uso de riluzol: reavaliar solicitação do medicamento)

      2.3	 Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais?
        Nome comercial        Nome genérico       Dose total/dia e via                      Data de início    Prescrito
                                                                                                             o não o sim
                                                                                                             o não o sim
                                                                                                             o não o sim
                                                                                                             o não o sim
      * Interação potencial da toxina botulínica com aminoglicosídios e anticoagulantes

      2.4	 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos?
           o não
           o sim g Quais? A que medicamentos? ______________________________________________________

      3 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO
      Registro dos Exames Laboratoriais
       Exames*                 Inicial    1o mês        2o mês     3o mês        6o mês       9o mês             12o mês
       Previsão de data
       Data
       Hemoglobina
       Plaquetas
       Leucócitos
       Neutrófilos
       AST/TGO
       ALT/TGP
      * Após o primeiro ano de tratamento, a periodicidade dos exames fica a critério médico.



286
Esclerose Lateral Amiotrófica




3.1	 Apresentou valores alterados (ALT ou AST > 5 vezes o limite da normalidade, hemoglobina
 	   < 10 g/dl, leucócitos < 3.000 mm3, neutrófilos < 1.500 mm3, plaquetas < 100.000 mm3)?
     não g Dispensar
     sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (critério para suspensão do
     tratamento)

3.2 	 Evoluiu para ventilação assistida?
      não g Dispensar
      sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (critério para suspensão do
      tratamento)

3.3 	 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos
      Adversos)
      não g Dispensar
      sim g Passar para a pergunta 3.4

3.4 	 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
      não g Dispensar
      sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente

                       TABELA DE REGISTRO DE EVENTOS ADVERSOS

    Data da
   entrevista                 Evento adverso                   *Intensidade         q Conduta




                                                                                                          Esclerose Lateral Amiotrófica




Principais reações adversas já relatadas: náuseas, vômitos, fraqueza, tonturas, formigamentos,
diarreia, perda de apetite, sonolência, dor abdominal, constipação, cefaleia, taquicardia
* Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica
(nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro
(descrever)


                                                                                                        287
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                              TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO

                              1o mês       2o mês        3o mês         4o mês   5o mês    6o mês
      Data
      Nome comercial
      Lote/Validade
      Quantidade dispensada
      Próxima dispensação:
      (Necessita de parecer
      médico: sim/não)
      Farmacêutico/CRF
      Observações




                              7o mês       8o mês        9o mês        10o mês   11o mês   12o mês
      Data
      Nome comercial
      Lote/Validade
      Quantidade dispensada
      Próxima dispensação:
      (Necessita de parecer
      médico: sim/não)
      Farmacêutico/CRF
      Observações




288
Esclerose Lateral Amiotrófica



Guia de Orientação ao Paciente
Riluzol


 este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.

 seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.

        o medicamento é utilizado no tratamento de esclerose lateral amiotrófica.


1	 DOENÇA
  •	   Esclerose lateral amiotrófica é uma doença na qual ocorre a perda da junção dos neurônios,
       levando a problemas nos músculos, como fraqueza, espasmos, cãibras, dificuldade de executar
       tarefas do dia-a-dia, entre outros.

2	 MEDICAMENTO
  •	   Este medicamento não cura a doença, mas aumenta o tempo de vida.

3 	GUARDA DO MEDICAMENTO
  •	 Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de
     temperatura (cozinha e banheiro).
  •	 Conserve os comprimidos na embalagem original.
  •	 Mantenha o medicamento fora do alcance de crianças.


4 	ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO
  •	 Tome os comprimidos (sem mastigar ou triturar) 1 hora antes ou 2 horas após as refeições para
     garantir melhor ação do medicamento.
  •	 Procure tomar sempre no mesmo horário estabelecido no início do tratamento.
  •	 Em caso de esquecimento de uma dose, tome-a assim que lembrar. Se faltar pouco tempo para
     a próxima tomada, aguarde e tome somente a quantidade do próximo horário. Não tome a dose
     em dobro para compensar a que foi esquecida.

5 	REAÇÕES DESAGRADÁVEIS
  •	 Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações
     desagradáveis, tais como náuseas, vômitos, fraqueza, tonturas, formigamentos, diarreia, perda




                                                                                                         Esclerose Lateral Amiotrófica
     de apetite, sonolência, dor abdominal, prisão de ventre e dor de cabeça.
  •	 Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
  •	 Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e
     Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.

6 	USO DE OUTROS MEDICAMENTOS
  •	   Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um
       profissional de saúde. Pode ser perigoso à saúde.

7 	REALIZAÇÃO DOS EXAMES DE LABORATÓRIO
  •	   A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento no seu
       organismo. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o tratamento.

8 	OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES
  •	   Em caso de gravidez durante o tratamento, procure o médico imediatamente.
  •	   Não indique ou forneça o medicamento para qualquer outra pessoa.



                                                                                                       289
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


        •	 Evite o uso de bebidas alcoólicas durante o tratamento.
        •	 Evite dirigir ou operar máquinas pelo menos no início do tratamento, pois podem ocorrer problemas de
           tonturas e sonolência.
        •	 Em caso de sensação de febre, o médico deve ser informado imediatamente.


      9 	PARA SEGUIR RECEBENDO O MEDICAMENTO
        •	   Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos:
             - 	 Receita médica atual
             - 	 Cartão Nacional de Saúde ou RG
             - 	 Exames de laboratório: hemograma, plaquetas, ALT/TGP e AST/TGO, a cada mês nos primeiros 3
                 meses de tratamento e, após, a cada 3 meses. Depois do primeiro ano de tratamento, a periodicidade
                 fica a critério médico.

      10  EM CASO DE DÚVIDA
        •	   Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude,
             procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.

      11 	 OUTRAS INFORMAÇÕES
      ______________________________________________________________________________________

      ______________________________________________________________________________________

      ______________________________________________________________________________________

      ______________________________________________________________________________________

      ______________________________________________________________________________________


                                  se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                                            devolva-o à farmácia do sus.




290
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

          Espasticidade
          Portaria SAS/MS no 377, de 10 de novembro de 2009.


    1 		 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA
            	 a base de dados Medline/Pubmed (acesso em 29 de julho de 2009), utilizando-se as expressões
            N
    “Botulinum Toxin Type A”[Mesh] AND “Muscle Spasticity”[Mesh] e restringindo-se a ensaios clínicos
    randomizados (ECRs), revisões e metanálises publicados nos últimos 5 anos, nas línguas inglesa ou
    espanhola, foram identificados 51 artigos. Destes, foram selecionados para elaboração deste protocolo as
    revisões sistemáticas e 22 ECRs nos quais os desfechos clínicos foram relevantes. Foram excluídos artigos
    não indexados.

    2 		 INTRODUÇÃO
             	 spasticidade é um distúrbio motor caracterizado pelo aumento do tônus muscular, dependente da
             E
    velocidade, associado à exacerbação do reflexo miotático1. As principais causas de espasticidade são acidente
    vascular cerebral, traumatismo cranioencefálico e traumatismo raquimedular em adultos e paralisia cerebral
    em crianças. Está associada com redução da capacidade funcional, limitação da amplitude do movimento
    articular, desencadeamento de dor, aumento do gasto energético metabólico e prejuízo nas tarefas diárias,
    como alimentação, locomoção, transferências (mobilidade) e cuidados de higiene. Pode causar contraturas,
    rigidez, luxações e deformidades articulares. Por outro lado, o aumento do tônus muscular pode contribuir
    para estabilização articular, melhora postural, facilitação das trocas de decúbito e transferências. Portanto, é
    uma situação clínica a ser modulada e não completamente eliminada2,3.
             	 ondição clínica multicausal, parte da síndrome do neurônio motor superior, a espasticidade acomete
             C
    milhões de pessoas em todo o mundo. Incidência e prevalência apresentam taxas variadas e estão intimamente
    relacionadas com as doenças correspondentes. Não há dados epidemiológicos oficiais no Brasil.
             	 a Tabela 1, estão apresentados os dados da literatura internacional1.
             N

     Tabela 1 - Epidemiologia da Espasticidade

                  Doença                         Prevalência                  Espasticidade na doença (%)
     Traumatismo cranioencefálico
                                             1 - 2 : 1.000 habitantes                     13 - 20
     (moderado a grave)
     Acidente vascular cerebral              2 - 3 : 100 habitantes                       20 - 30

     Traumatismo raquimedular                27 : 100.000 habitantes                      60 - 78

     Paralisia cerebral                      2 : 1.000 nascidos vivos                     70 - 80


             	 médico deve conhecer os princípios da reabilitação, pois o manejo da espasticidade é
             O
    multifatorial. Pode requerer tratamentos medicamentosos (quimiodenervação fenólica, baclofeno
    intratecal), não medicamentosos (manobras de manutenção da amplitude do movimento articular, treino
    funcional, órteses   de posicionamento, afastamento de fatores de exacerbação – vestuário inadequado,
    frio, posicionamento corporal inadequado) ou cirúrgicos (alongamentos musculotendinosos, tenotomias,


Consultores: Fábio Coelho Guarany, Antônio Cardoso dos Santos, Bárbara Corrêa Krug
e Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                       291
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      neurotomias, rizotomias), dependendo da sua magnitude e do comprometimento clínico-funcional do
      paciente. Assim, não  são  recomendadas medidas isoladas para se alcançarem os objetivos estabelecidos1,4.
              	 á pouco mais de duas décadas foram publicados os primeiros estudos sobre toxina botulínica tipo
              H
      A (TBA) na redução do tônus muscular. A TBA é uma proteína produzida pelo Clostridium botulinum (bacilo
      anaeróbio causador do botulismo – intoxicação alimentar sistêmica que provoca, entre outros sintomas, paralisia
      muscular flácida). Os primeiros relatos sobre o micro-organismo datam do século XIX, mas somente na década
      de 1920 foram descritas as primeiras tentativas de purificação da TBA. Atualmente, a TBA é parte integrante
      do arsenal terapêutico de condições espásticas, distonias, estrabismo, entre outras, podendo ser utilizada com
      segurança e eficácia5.

      3		 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à
      		 saúde (CID-10)
           •	 G04.1 Paraplegia espástica tropical
           •	 G80.0 Paralisia cerebral espástica
           •	 G80.1 Diplegia espástica
           •	 G80.2 Hemiplegia infantil
           •	 G81.1 Hemiplegia espástica
           •	 G82.1 Paraplegia espástica
           •	 G82.4 Tetraplegia espástica
           •	 I69.0 Sequelas de hemorragia subaracnóidea
           •	 I69.1 Sequelas de hemorragia intracerebral
           •	 I69.2 Sequelas de outras hemorragias intracranianas não traumáticas
           •	 I69.3 Sequelas de infarto cerebral
           •	 I69.4 Sequelas de acidente vascular cerebral não especificado como hemorrágico ou isquêmico
           •	 I69.8 Sequelas de outras doenças cerebrovasculares e das não especificadas
           •	 T90.5 Sequelas de traumatismo intracraniano
           •	 T90.8 Sequelas de outros traumatismos especificados da cabeça

      4		 DIAGNÓSTICO
               	 diagnóstico é clínico. Ao exame físico, o médico gradua o tônus muscular segundo a Escala de Ashworth
               O
      Modificada (EAM), instrumento mais utilizado nos desfechos clínicos da literatura. A escala apresenta 5 categorias
      que variam do tônus normal à rigidez (Tabela 2), conforme a resistência muscular contra a movimentação passiva
      do(s) segmento(s) afetado(s)6-8.
               	 m situações excepcionais, a critério médico, a confirmação dos grupos musculares espásticos pode ser
               E
      feita através do estudo eletroneuromiográfico dinâmico9.
               	 ão importante quanto o diagnóstico da espasticidade é avaliar seu impacto na função motora global,
               T
      na dor, no desenvolvimento de contraturas e deformidades osteomusculoarticulares, nos autocuidados ou na
      assistência do cuidador. A partir destas informações, o plano terapêutico deve ser estabelecido1,10.

      Tabela 2 - Escala de Ashworth Modificada
       Grau                                               Descrição
        0     Tônus normal
        1     Leve aumento do tônus muscular com mínima resistência no fim do movimento
        1+ Leve aumento do tônus muscular com mínima resistência em menos da metade do movimento
        2     Aumento mais marcado do tônus muscular na maior parte do movimento, mas a mobilização passiva é
              efetuada com facilidade
        3     Considerável aumento do tônus muscular, mas a movimentação passiva é efetuada com dificuldade
        4     Segmento afetado rígido em flexão ou extensão


              	 EAM serve para avaliar a intensidade da hipertonia e a resposta terapêutica. A partir do grau 1, um
              A
      indicador associado à disfunção, à dor e à necessidades de assistência pode indicar tratamento.


292
Espasticidade


5		 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
       	 erão incluídos11 neste protocolo de tratamento os portadores de espasticidade que
       S
apresentarem as condições abaixo:
       •	 um dos diagnósticos codificados no item 3;
       •	 comprometimento funcional, dor ou risco de estabelecimento de deformidades
       	 osteomusculoarticulares, devidamente informados por laudo médico;
       •	 inserção em programa de reabilitação onde paciente, familiar ou cuidador seja capaz de
       	 assegurar o seguimento do tratamento, monitorização dos efeitos adversos e adesão às
       	 medidas instituídas.

6		 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
       	 erão excluídos11 deste protocolo de tratamento os pacientes espásticos que apresentarem
       S
pelo menos uma das situações abaixo:
       •	 hipersensibilidade a um ou mais componentes da formulação das apresentações de TBA;
       •	 perda definitiva da mobilidade articular por contratura fixa ou anquilose com EAM grau 4;
       •	 doenças da junção neuromuscular (miastenia gravis, síndrome de Eaton-Lambert);
       •	 desenvolvimento de anticorpos contra TBA;
       •	 infecção no local de aplicação;
       •	 gravidez ou amamentação;
       •	 uso concomitante de aminoglicosídios ou espectiomicina;
       •	 impossibilidade de seguimento do acompanhamento médico e de manutenção dos cuidados
       	 de reabilitação propostos.

7		 CASOS ESPECIAIS
       	 onsideram-se casos especiais os que apresentem situações não previstas ou que estejam em
        C
desacordo com este protocolo. As divergências mais frequentes estão relacionadas com codificação da
CID-10, frequência de aplicação, dose total preconizada, indicação e falha terapêutica12. Nestes casos,
recomenda-se a avaliação individual e presencial do paciente por um Comitê de Especialistas.

8		 COMITÊ DE ESPECIALISTAS
        	 Comitê de Especialistas tem por objetivo assessorar o gestor estadual na avaliação dos casos
        O
especiais relacionadas ao tratamento com TBA. Deve ser constituído por, no mínimo, dois médicos
especialistas em Medicina Física e Reabilitação − Fisiatria, Neurologia, Neurocirurgia ou Ortopedia
e estar inserido no Centro de Referência em Espasticidade. Quando não for possível ou a critério
do gestor, deve contar com profissionais vinculados a instituições de excelência no ensino médico,
credenciadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

9		 CENTRO DE REFERÊNCIA
         	 Centro de Referência em Espasticidade tem por objetivo estabelecer a prática do uso racional
         O
da TBA no tratamento da espasticidade através da prescrição da menor dose eficaz, compartilhamento
de frascos nos casos de doses fracionadas, monitorização de eventos adversos e de falhas terapêuticas,
armazenamento e dispensação e prestação de assistência multidisciplinar. Devem ser realizadas as
                                                                                                             Espaticidade

etapas de avaliação, planejamento, administração e acompanhamento do tratamento com TBA10.
Sugere-se que o Centro de Referência esteja vinculado a um Serviço de Medicina Física e Reabilitação
− Fisiatria credenciado pelo SUS. Quando não for possível, deve estar vinculado a instituições de
excelência no ensino médico, credenciadas pelo SUS, com equipe multidisciplinar constituída de
médico especialista (Medicina Física e Reabilitação − Fisiatria, Neurologia, Neurocirurgia ou Ortopedia)
com experiência em avaliação clínica e funcional da espasticidade, de terapeuta ocupacional e de
fisioterapeuta11. A escolha das instituições que abrigarão os centros deve ser realizada pelos gestores
estaduais de acordo com critérios técnicos, geográficos e científicos por eles estabelecidos.
         	 experiência com a criação de Centros de Referência em Espasticidade e com a implantação
         A
dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde na assistência farmacêutica


                                                                                                           293
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      tem demonstrado redução nos gastos públicos com TBA, além de permitir uma comunicação ativa e informativa
      entre a classe médica, contribuindo para o uso racional de medicamentos12.

      10		 TRATAMENTO
              	 tratamento da espasticidade1,4,10 é parte do tratamento reabilitador, não estando recomendado o uso
              O
      da TBA em quadros de espasticidade generalizada. Para o uso de TBA como modalidade terapêutica, o paciente
      deve estar inserido em um programa de reabilitação ou, no mínimo, realizando atendimento de fisioterapia. Os
      fatores de exacerbação do tônus muscular, como infecções, úlceras de pressão, órteses mal-adaptadas ou
      complicações clínicas, devem ser afastados ou manejados concomitantemente.
              	 planejamento do tratamento com TBA suscita os seguintes questionamentos:
              O
               •	 seu uso será capaz de reduzir a espasticidade do(s) segmento(s) afetado(s) na magnitude desejada?
               •	 seu uso, através da redução da espasticidade, será capaz de tratar ou prevenir alterações
               	 osteomusculoarticulares ou dor?
               •	 seu uso é seguro, sem risco de perda da funcionalidade preexistente?
              	 e todas as respostas forem afirmativas, o médico será capaz de realizar o correto planejamento
              S
      terapêutico.

               	 0.1 FÁRMACO
               1
               	 BA é uma neurotoxina, produzida pela bactéria Clostridium botulinum, que bloqueia a liberação de
               T
      acetilcolina, principal neurotransmissor da placa motora, interrompendo a transmissão neuronal e o consequente
      bloqueio neuromuscular5.
               	 xistem três apresentações comerciais de TBA aprovadas para espasticidade pela Agência Nacional
               E
      de Vigilância Sanitária (ANVISA). Serão utilizadas as nomenclaturas toxina botulínica tipo A 1 (TBA-1), toxina
      botulínica tipo A 2 (TBA-2) e toxina botulínica tipo A 3 (TBA-3) (Tabela 3). Cabe ao médico prescritor conhecer
      as similaridades e as diferenças entre elas, pois são produtos biológicos que apresentam mecanismos de
      ação idênticos (efeito de classe), mas que diferem em seu comportamento farmacocinético. As formulações
      não possuem a mesma potência, e as unidades das formulação não são unidades-padrão internacionais. Uma
      preparação não é diretamente intercambiável com outra, devendo ser realizado ajuste de dose conforme a
      apresentação utilizada. Com base na literatura, considerando o efeito de classe, sugere-se a seguinte conversão
      aproximada de doses13-15.
               •	 1 U de TBA-1 = 1 U de TBA-3
               •	 1 U de TBA-1 ou 1 U de TBA-3 = 3-4 U de TBA-2
               	 revisão da literatura, através de metanálises, revisões sistemáticas e ensaios clínicos randomizados
               A
      duplos-cegos controlados, demonstrou, em 7 estudos com adultos, totalizando 2.103 indivíduos, e em 6 com
      3.098 indivíduos de 2 a 19 anos de idade, que a TBA é segura e eficaz na redução da espasticidade. Os
      eventos adversos mais frequentes são sintomas locais, como dor, hematoma, infecção local, atrofia e fraqueza
      muscular e alterações da sudorese. Os relatos de efeitos sistêmicos mais comuns são cansaço, fraqueza
      generalizada, prurido e reações alérgicas. Normalmente, os efeitos não são intensos e, na maioria dos casos,
      são autolimitados13,16-28.

      Tabela 3 - Apresentações da TBA
                                                     TBA-1                     TBA-2                       TBA-3
      Forma farmacêutica                       Pó seco a vácuo        Pó liofilizado injetável   Pó liofilizado injetável
      Número de unidades/frasco                      100 U               500 U                          100 U
                                              0,5 mg de albumina 0,125 mg de albumina              5 mg de gelatina,                
      Composição                             humana e 0,9 mg de humana e 2,5 mg de               25 mg de dextrano e
                                                      NaCl              lactose                    25 mg de sacarose
                                             ≤ 5 °C em freezer ou
      Armazenagem pré-reconstituição                                    2 - 8 °C                          2 - 8 ºC
                                             2 - 8 °C em geladeira
      Armazenagem pós-reconstituição                2 - 8 °C            2 - 8 °C                          2 - 8 °C
      Tempo de validade pós-reconstituição         24 horas                   8 horas                     4 horas


294
Espasticidade


       10.2 ESQUEMAS DE ADMINISTRAÇÃO
         A TBA é injetada por via intramuscular conforme plano terapêutico. A aplicação deve ser
realizada por médico devidamente capacitado, especialista em Medicina Física e Reabilitação −
Fisiatria, Neurologia, Neurocirurgia ou Ortopedia. A dose total por sessão de tratamento deve seguir
as recomendações das bulas oficiais dos medicamentos, dividida entre os músculos selecionados. A
determinação das doses baseia-se na intensidade da espasticidade, no comprometimento funcional,
no peso corporal e no tamanho e número de músculos a serem tratados.
         Cada aplicação deve sempre utilizar a menor dose eficaz estimada. Nos casos em que os
objetivos não forem alcançados, novas aplicações podem ser consideradas respeitando o intervalo
mínimo de 3 a 4 meses. Tais medidas são indispensáveis para evitar falha terapêutica pela formação
de anticorpos16 (Tabela 4).
         	 duração do efeito é variável e influenciada por outras medidas antiespásticas, como uso de
         A
medicamentos por via oral, órteses e realização de fisioterapia. Recomenda-se reavaliação em 4 a 6
semanas após cada aplicação, sendo as demais realizadas a critério médico.
         	 pós a injeção local, a TBA difunde-se pelo tecido muscular e por outros tecidos. Seu efeito
         A
concentra-se próximo ao ponto de aplicação e diminui afastando-se dele. Pode ocorrer difusão para
músculos vizinhos, especialmente quando doses ou volumes elevados são utilizados, além de fraqueza
da musculatura adjacente16.
         	 m relação às técnicas de aplicação4,6,10, são feitas as seguintes recomendações:
         E
         •	 utilizar sempre solução salina sem conservantes (soro fisiológico a 0,9%) para a
            reconstituição;
         •	 evitar o borbulhamento ou a agitação do conteúdo do frasco durante a reconstituição e
         	 aspiração do medicamento para a seringa de injeção;
         •	 para a localização correta dos músculos, pode ser utilizada eletroestimulação ou
         	 eletromiografia de modo a posicionar com precisão a agulha, especialmente nos casos de
         	 difícil discriminação, como músculos do antebraço, em obesos e crianças por exemplo;
         •	 em músculos grandes ou distais, sugere-se injetar o medicamento em pelo menos 2 pontos;
         •	 pode-se injetar em mais de um músculo no mesmo procedimento, desde que as doses
         	 disponíveis sejam adequadas para cada músculo;
         •	 a critério médico, podem ser realizados os procedimentos sob sedação ou anestesia geral,
         	 principalmente em crianças.

Tabela 4 - Recomendações para Manutenção da Resposta Terapêutica a Longo Prazo
 Utilizar a menor dose eficaz estimada em cada aplicação.
 Respeitar o intervalo mínimo de 3 a 4 meses entre as aplicações.
 Prolongar o máximo possível o intervalo entre as reaplicações.

       	 0.3 TEMPO DE TRATAMENTO
       1
         	 tratamento costuma ter duração indeterminada, podendo ser interrompido por qualquer das
          O
situações relacionadas no item Critérios de Exclusão. Após um número não previsível de aplicações,
o efeito pode se tornar mais fraco ou ausente, mesmo com aumento da dose. Estes casos levam à
suspeita de formação de anticorpos. Um teste clínico simples e acessível – teste de anticorpos no
                                                                                                           Espaticidade

músculo frontal – pode ser realizado. Injetam-se 10 U de TBA-1 ou TBA-3 ou 20 U TBA-2 no músculo
frontal, 3 cm acima do canto lateral de um dos olhos. Após 1-3 semanas em avaliação médica, pede-se
para o paciente elevar as sobrancelhas; caso o músculo injetado apresente movimento similar ao do
lado não injetado (ausência de paralisia ou fraqueza muscular), considera-se falha do efeito da TBA16.

       	 0.4 BENEFÍCIOS ESPERADOS
       1
       	 s benefícios esperados do tratamento com TBA são os seguintes:
       O
       •	 melhora da capacidade funcional (locomoção, transferências, atividades da vida diária);
       •	 prevenção de contraturas e deformidades osteomusculoarticulares;
       •	 diminuição da dor;

                                                                                                         295
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                •	   facilitação no uso de órteses e realização dos cuidados de higiene do paciente;
                •	   redução da taxa de uso de outros medicamentos;
                •	   diminuição da frequência e severidade dos espasmos;
                •	   redução do número de procedimentos de reabilitação.

      11	 MONITORIZAÇÃO
              	 monitorização deve ser feita pelo registro de informações relevantes sobre o tratamento, como
              A
      diagnóstico, grupos musculares abordados, doses utilizadas, avaliação de tônus e registro de efeitos adversos.
      Em doses adequadas, respeitando a técnica de aplicação e com profissionais experientes, pode-se dizer que é
      um tratamento seguro. O paciente ou seu responsável deve ser orientado a procurar o médico imediatamente se
      quaisquer efeitos indesejáveis surgirem.

      12	 REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR
              	 ecomenda-se aos gestores estaduais que a TBA seja utilizada exclusivamente nos Centros de
              R
      Referência, considerando as especificidades do medicamento (conservação em refrigeração, intervalo entre
      administrações, indicações e cálculo de doses), a necessidade de médicos especialistas e a abordagem
      multidisciplinar no manejo da espasticidade.

      13	 TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE – TER
               	 obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal sobre potenciais riscos, benefícios e
               É
      efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se
      prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.

      14	 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
      1.	    Vivancos-Matellano F, Pascual-Pascual SI, Nardi-Vilardaga J, Miquel-Rodriguez F, de Miguel-Leon I, Martinez-Garre
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      5.	    Naumann M, Toyka KV, Moore P. History and current applications of botulinum toxin – from poison to remedy. In: Moore
             P, Naumann M, editors. Handbook of botulinum toxin treatment. 2nd ed. Oxford: Blackwell Science; 2003. p. 3-8.
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      13.	   Rieder CR, Schestatsky P, Socal MP, Monte TL, Fricke D, Costa J, et al. A double-blind, randomized, crossover study of
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296
Espasticidade


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16.	 Moore P, Naumann M. General and clinical aspects of treatment with botulinum toxin. In Moore P, Naumann
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     in patients receiving botulinum toxin type A for treatment of poststroke spasticity: a pooled-data analysis of
     three clinical trials. Clin Ther. 2007;29(4):683-90.
28.	 Molenaers G, Schörkhuber V, Fagard K, Van Campenhout A, De Cat J, Pauwels P, et al. Long-term use
     of botulinum toxin type A in children with cerebral palsy: treatment consistency. Eur J Paediatr Neurol.
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                                                                                                                            Espaticidade




                                                                                                                          297
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Termo de Esclarecimento e Responsabilidade
      Toxina Botulínica Tipo A


               Eu, ______________________________________________________ (nome                     do(a)  paciente),
       declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos
       adversos relacionados ao uso de toxina botulínica tipo A, indicado para o tratamento de espaticidade.
               Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico
       _______________________________________________(nome                    do      médico      que    prescreve).
               Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode
       trazer as seguintes melhoras:
               •	 melhora da atividade funcional (locomoção, atividades diárias);
               •	 prevenção de contratura e deformidades nas articulações (juntas);
               	 diminuição da dor;
               •	 facilitação no uso de órteses e realização dos cuidados de higiene;
               •	 diminuição da frequência e severidade dos espasmos;
               •	 redução do uso de medicamentos antiespásticos;
               •	 redução do número de procedimentos de reabilitação.
               Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos
       adversos e riscos do uso deste medicamento:
               •	 os riscos na gravidez ainda não são bem conhecidos; portanto, caso engravide, devo avisar
                   imediatamente o médico;
               •	 o principal efeito desagradável é dor no local de aplicação da injeção;
               •	 os efeitos adversos são pouco frequentes (estimativa de que a cada 100 pacientes que recebem
                   o medicamento apenas 3 terão algum tipo de reação). Já foram relatados fraqueza, náuseas,
                   coceira, dor de cabeça, alergias na pele, mal-estar geral, febre, dor no corpo.
               Fui também informado(a) de que este medicamento não tem por objetivo curar a doença que originou
       a espasticidade. Conforme a marca comercial utilizada, a dose da toxina botulínica pode ser ajustada e devo
       procurar orientação do médico ou farmacêutico em caso de dúvida.
               Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me
       a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que
       continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento.
               Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao
       meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato. 
                 m
        Local:                                                             Data:
        Nome do paciente:
        Cartão Nacional de Saúde:
        Nome do responsável legal:
        Documento de identificação do responsável legal:

                                                         _____________________________________
                                                         Assinatura do paciente ou do responsável legal
        Médico responsável:                                                                   CRM:        UF:

                                                                  ___________________________
                                                                   Assinatura e carimbo do médico
                                                                    Data:____________________

       Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
       Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada
       na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.

298
Espasticidade




                  Espaticidade




                299
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Fluxograma de Tratamento
      Espasticidade



                                                                                                Diagnóstico: clínico

                       Paciente com diagnóstico de
                              espasticidade                                         Critérios de inclusão:
                                                                                    ✓ comprometimento funcional, dor ou risco
                                                                                      de estabelecimento de deformidades
                                                                                      osteomusculoarticulares e
                                                                                    ✓ inserção em programa de reabilitação


                                                                                    Recomenda-se reavaliação a cada 4-6
                              Possui critérios de                                     semanas após cada aplicação.
                          inclusão para tratamento                                  Benefícios esperados:
                                 com TBA?                                           ✓ melhora da capacidade funcional
                                                                                    ✓ prevenção de contraturas e deformidades
                                                                                      osteomusculoarticulares
                                                                                    ✓ diminuição da dor
             Não                                               Sim                  ✓ facilitação no uso de órteses e realização
                                                                                      dos cuidados de higiene do paciente
                                                                                    ✓ redução da taxa de uso de outros
                                                                                      medicamentos
                                                                                    ✓ diminuição da frequência e severidade
                                                                                      dos espasmos
          Exclusão                                                                  ✓ redução do número de procedimentos de
          do PCDT                                                                     reabilitação

                                             Possui algum critério de
                         Sim                                                      Não
                                                   exclusão?

                                                                                        Tratamento
                                                                                         com TBA




        Critérios de exclusão e/ou interrupção:                                      Houve resposta
        ✓ doenças da junção neuromuscular                                Sim                                     Não
                                                                                      terapêutica?
          (miastenia gravis, síndrome de
          Eaton-Lambert) ou
        ✓ uso concomitante de
          potencializadores do bloqueio                         Manter o esquema de
          neuromuscular (aminoglicosídios ou                                                         Ajustar a dose. Reaplicar
                                                               tratamento. Respeitar o
          espectiomicina) ou                                                                             em 3-4 meses e
        ✓ desenvolvimento de anticorpos
                                                              intervalo de aplicação de,
                                                                                                      reavaliar os pontos de
          contra TBA ou                                        pelo menos, 3-4 meses.
                                                                                                             aplicação.
        ✓ perda definitiva da mobilidade articular           Utilizar a menor dose eficaz
          por contratura ou anquilose com EAM               estimada em cada aplicação.
          grau 4 ou
        ✓ infecção no local de aplicação ou
        ✓ hipersensiblidade a TBA ou a um de
          seus componentes ou
        ✓ gravidez ou amamentação ou
        ✓ impossibilidade de seguimento do                                       Houve resposta
          acompanhamento médico e                                                terapêutica e há
          manutenção dos cuidados de                  Sim                                                              Não
          reabilitação propostos.
                                                                             ausência dos critérios de
                                                                                   interrupção?

                                                                                                            Suspender o uso
                                                                                                                de TBA.

300
Espasticidade



Fluxograma de Dispensação de Toxina Botulínica
Espasticidade



     Portaria SAS/MS n 389, de 19 de setembro de 2001.
                     Paciente solicita o
                      medicamento.                                     CID-10: G04.1, G80.0, G80.1, G80.2,
                                                                       G81.1, G82.1, G82.4, I69.0, I69.1, I69.2,
                                                                       I69.3, I69.4, I69.8, T90,5, T90.8
                                                                       Exame:
                                                                       ß-HCG (para mulheres em idade fértil)
                                                                       Dose: de acordo com o músculo, ver
                  Possui LME corretamente                              PCDT
    Não             preenchido e demais              Sim
                   documentos exigidos?


 Orientar o
 paciente.                              CID-10 e dose estão de acordo
                          Não                                                         Sim
                                        com o preconizado pelo PCDT?



                     Encaminhar o                                            Realizar entrevista
                   paciente ao médico                                    farmacoterapêutica inicial
                       assistente.                                          com o farmacêutico.


                                                                                    Processo
                                                                      Não                                 Sim
                                                                                    deferido?


                                                              Não dispensar e                         Orientar o
                                                           justificar ao paciente.                    paciente.




                                                                    Dispensação pelo menos a cada
                                                                        3 meses de tratamento
                                                                    Entrevista farmacoterapêutica
                                                                          de monitorização
                                                                                                                     Espaticidade


                                           Paciente apresentou eventos
                          Sim               adversos significativos ou                   Não
                                                falha terapêutica?



              Dispensar e solicitar parecer
                                                                                      Dispensar.
                 do médico assistente.




                                                                                                                   301
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas



      Ficha Farmacoterapêutica
      Espasticidade


      1 DADOS DO PACIENTE
      Nome:___________________________________________________________________________________
      Cartão Nacional de Saúde:__________________ RG:_____________________________________________
      Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________
      Endereço:________________________________________________________________________________
      Telefones:________________________________________________________________________________
      Médico assistente:_ _______________________________________________ CRM: ____________________
                        _
      Telefones:  ________________________________________________________________________________

      2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA
      2.1 	 Qual a causa da espasticidade?
            o Traumatismo cranioencefálico
            o Acidente vascular cerebral
            o Traumatismo raquimedular
            o Paralisia cerebral

      2.2 	 Já realizou procedimentos cirúrgicos para espasticidade? o não o sim g Qual?_____________________
            o Rizotomia
            o Neurectomia
            o Bloqueio neurolítico com fenol
            o Alongamento de tendão
            o Outro_______________________________________________________________________________

      2.3   Quais os medicamentos utilizados para espasticidade?
         Medicamento         Dose diária         Efetividade*    Efeitos adversos                Atualmente em uso
                                                                                                    o não o sim
                                                                                                    o não o sim
                                                                                                    o não o sim
      * Escala entre +++++ (máxima efetividade) a + (mínima efetividade)

      2.4 	 Está grávida ou amamentando? o não o sim g critério de exclusão para uso da toxina botulínica

      2.5	 Possui outras doenças diagnosticadas?
           o não
           o sim g Quais?________________________________________________________________________

      2.6 	 Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais?
        Nome comercial         Nome genérico       Dose total/dia e via               Data de início     Prescrito
                                                                                                        o não o sim
                                                                                                        o não o sim
                                                                                                        o não o sim
                                                                                                        o não o sim
      * Interação potencial da toxina botulínica com aminoglicosídios e anticoagulantes




302
Espasticidade


2.7 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos?
     o não
     o sim g Quais? A que medicamentos?_______________________________________________

3 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO
3.1	 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos
     Adversos)
     não g Dispensar
     sim g Passar para a pergunta 3.2

3.2	 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso?
     não g Dispensar
     sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente

                      TABELA DE REGISTRO DE EVENTOS ADVERSOS
	
     Data da
    entrevista               Evento adverso                  *Intensidade         q Conduta




Principais reações adversas já relatadas: fraqueza, cansaço, mal-estar, sonolência, náuseas, dor de
cabeça, alergia na pele, coceiras, febre, dor no corpo
* Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada
q Conduta do paciente para resolução do evento apresentado
                                                                                                        Espaticidade




                                                                                                      303
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


                                   TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO*
      	
                                    1a dispensação        2a dispensação         3a dispensação   4a dispensação
          Data
          Nome comercial
          Lote/Validade
          Dose prescrita/Músculo
          Quantidade dispensada
          Próxima dispensação
          (Necessita de parecer
          médico: sim/não)
          Farmacêutico/CRF
          Observações



      *As aplicações devem ocorrer em intervalos de pelo menos 3 meses. A dispensação, portanto, deve ser pelo
       menos trimestral.




304
Espasticidade



Guia de Orientação ao Paciente
Toxina Botulínica


 este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus.

  seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento.

                  o medicamento é utilizado no tratamento de espasticidade.


1 	DOENÇA
   •	   É uma doença que leva a uma diminuição da amplitude dos movimentos, causando dor,
        dificuldade de executar tarefas do dia-a-dia, rigidez e deformidades nas articulações.

2 	MEDICAMENTO
   •	 A toxina botulínica tem 3 apresentações comerciais com características diferenciadas, mudando,
      inclusive, a dose a ser utilizada.
   •	 Este medicamento não cura a doença, mas melhora a qualidade de vida, com diminuição da
      contração dos músculos, do desconforto e da dor que a doença provoca.

3 	GUARDA DO MEDICAMENTO
   •	 Guarde o medicamento na geladeira, mas não há necessidade de ser congelado.
   •	 Mantenha o medicamento fora do alcance de crianças.


4 	ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO
   •	   Este medicamento deve ser aplicado pelo médico especialista em ambiente hospitalar.

5	 REAÇÕES DESAGRADÁVEIS
   •	 Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas
      reações desagradáveis, que geralmente não trazem muito desconforto. Entre elas incluem-se
      fraqueza, cansaço, mal-estar, sonolência, náuseas, dor de cabeça, alergia na pele, coceiras,
      febre, dor no corpo.
   •	 Podem ocorrer dor nos pontos de aplicação e formação de manchas roxas.
   •	 Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
   •	 Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e
      Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.	
      	
6 	USO DE OUTROS MEDICAMENTOS
   •	 Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um
      profissional de saúde. Pode ser perigoso à saúde.

7 	OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES
                                                                                                         Espaticidade

   •	   Em caso de gravidez durante o tratamento, procure o médico imediatamente.
   •	   Não indique ou forneça o medicamento para qualquer outra pessoa.

8 	PARA SEGUIR RECEBENDO O MEDICAMENTO
   •	   Retorne à farmácia pelo menos a cada 3 meses, com os seguintes documentos:
        - Receita médica atual
        - Cartão Nacional de Saúde ou RG




                                                                                                       305
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      9 EM CASO DE DÚVIDA
        •	   Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude,
             procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.

      10 OUTRAS INFORMAÇÕES
      ______________________________________________________________________________________

      ______________________________________________________________________________________

      ______________________________________________________________________________________

      ______________________________________________________________________________________

      ______________________________________________________________________________________


                       levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia

                               até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira.

                                  se, por algum motivo, não usar o medicamento,

                                             devolva-o à farmácia do sus.




306
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas

           Fibrose Cística - Insuficiência Pancreática
           Portaria SAS/MS no 224, de 10 de maio de 2010. (Retificada em 27.08.10)


     1	 Metodologia de busca da literatura
              Para a análise da eficácia das enzimas pancreáticas no tratamento da insuficiência pancreática em
     pacientes com fibrose cística foram realizadas buscas nas bases Medline/Pubmed e Cochrane.
              	 a base Medline/Pubmed foram localizados 110 estudos conforme os seguintes critérios de busca:
              N
     (“pancreas”[Mesh Terms] AND “pancreas”[All Fields] AND “pancreatic”[All Fields]) AND “enzymology”[Subheading]
     AND “enzymology”[All Fields] AND “enzymes”[All Fields] AND “enzymes”[Mesh Terms]) AND (“cystic
     fibrosis”[Mesh Terms]) AND (“cystic”[All Fields] AND “fibrosis”[All Fields]) AND “cystic fibrosis”[All Fields])
              	 a base de dados Cochrane foram usadas as estratégias de busca “cystic fibrosis”, “pancreatic
              N
     enzymes” e não foram localizadas revisões sistemáticas.
              	 oram selecionados para avaliação ensaios clínicos randomizados publicados até 16/11/2009.
              F
     Não foram encontradas metanálises nem revisões sistemáticas. Foram excluídos estudos sobre o uso de
     enzimas em outras doenças, estudos de adesão ao tratamento e qualidade de vida e estudos de correlação
     da insuficiência pancreática com o genótipo.

     2	 Introdução
              	 ibrose cística, também chamada de mucoviscidose, é uma doença genética autossômica recessiva.
              F
     Embora predomine na população caucasiana, com incidência de 1:3.000 nascidos vivos, pode estar presente
     em todos os grupos étnicos1. No Brasil, a incidência ainda é ignorada, contudo estudos regionais mostram
     dados estatísticos variáveis que sugerem uma incidência em torno de 1:7.000 no país como um todo2. A vida
     média dos pacientes com fibrose cística tem aumentado nos últimos anos, alcançando a terceira década,
     resultado do diagnóstico precoce e do tratamento especializado instituído nas fases iniciais da doença3.
              	 nsuficiência pancreática é a manifestação gastrointestinal mais comum na fibrose cística.
              I
     Aproximadamente 85% dos pacientes apresentam comprometimento em graus variáveis da função pancreática
     no decorrer da vida4. Estima-se que dois terços dos lactentes apresentam insuficiência pancreática ao nascer5.
              	 má-absorção intestinal na fibrose cística é multifatorial. A deficiência de enzimas pancreáticas é o
              A
     fator predominante e decorre da obstrução dos ductos pancreáticos e da destruição progressiva do pâncreas
     por fibrose. Em consequência, ocorre má-absorção dos nutrientes e comprometimento do estado nutricional.
     A má-absorção das gorduras leva a esteatorreia (caracterizada por fezes volumosas, frequentes, fétidas e
     oleosas), flatulência, distensão abdominal e deficiência de vitaminas lipossolúveis5. As manifestações clínicas
     tornam-se aparentes quando há destruição de mais de 90% do pâncreas exócrino.
              	 insuficiência pancreática pode variar de intensidade no decorrer da doença, o que requer reavaliação
              A
     clínica e nutricional dos pacientes para ajuste da dose das enzimas pancreáticas6.

     3	 	 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à
     	   	 saúde (CID-10)
             •	 E84.1 Fibrose cística com manifestações intestinais
             •	 E84.8 Fibrose cística com outras manifestações




Consultores: Fernando Antonio de Abreu e Silva, Isabella Scatolin, Elenara da Fonseca Andrade Procianoy,
Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame
Os autores declararam ausência de conflito de interesses.

                                                                                                                       307
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas


      4   	 Diagnóstico

              	 .1 Diagnóstico clínico
              4
                	 osse crônica, esteatorreia e suor salgado são sintomas clássicos de fibrose cística. Entretanto, a
                T
      gravidade e a frequência dos sintomas são muito variáveis e podem ser diferentes conforme a faixa etária, mas a
      maioria dos pacientes apresenta-se sintomática nos primeiros anos de vida. Ao nascer, 10%-18% dos pacientes
      podem apresentar íleo meconial5,6.
                	 sintoma respiratório mais frequente é tosse persistente, inicialmente seca e aos poucos produtiva,
                O
      com eliminação de escarro mucoide a francamente purulento. A radiografia de tórax pode inicialmente apresentar
      sinais de hiperinsuflação e espessamento brônquico, mas, com o decorrer do tempo, podem surgir atelectasias
      segmentares ou lobares. O achado de bronquiectasias é mais tardio. As exacerbações da doença pulmonar
      caracterizam-se por aumento da tosse, taquipneia, dispneia, mal-estar, anorexia e perda de peso. Insuficiência
      respiratória e cor pulmonale são eventos finais4.
                	 inusopatia crônica está presente em quase 100% dos pacientes. Polipose nasal recidivante ocorre em
                S
      cerca de 20% dos casos e pode ser a primeira manifestação da doença4.
                	 istensão abdominal, evacuações com gordura e baixo ganho de peso são sinais e sintomas fortemente
                D
      sugestivos de má-absorção intestinal que, na maioria dos casos, deve-se à insuficiência pancreática exócrina6.
                	 o sistema reprodutor, observam-se puberdade tardia, azoospermia em até 95% dos homens e
                N
      infertilidade em 20% das mulheres7.

              	 .2 Diagnóstico Laboratorial
              4
               	 diagnóstico de fibrose cística é clínico, podendo ser confirmado pela detecção de níveis elevados de
               O
      cloreto e sódio no suor ou por estudo genético com a identificação de 2 mutações para a fibrose cística8. O teste
      mais fidedigno é a análise iônica quantitativa do suor estimulado por pilocarpina. Consideram-se positivos os
      valores de cloreto e sódio no suor > 60 mEq/l em pelo menos 2 aferições9.
               	 diagnóstico de insuficiência pancreática é clínico. Embora não sejam usadas como exames diagnósticos
               O
      de rotina, dosagens de gordura em coleta de fezes de 72 horas10 e elastase fecal11-13 auxiliam na identificação de
      insuficiência pancreática.

      5	   Critérios de inclusão
              	 erão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes com diagnóstico confirmado ou com suspeita
               S
      de fibrose cística e evidência clínica de insuficiência pancreática (esteatorreia).

      6	   Critérios de exclusão
              	 erão incluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem hipersensibilidade ou
               S
      intolerância ao medicamento.

      7	   Centro de Referência
              	 ecomenda-se que a prescrição das enzimas pancreáticas seja realizada por médicos especialistas
              R
      vinculados a Centros de Referência de fibrose cística. Os pacientes devem ser avaliados periodicamente em
      relação à efetividade do tratamento. A existência de Centro de Referência facilita o tratamento bem como o
      manejo das doses conforme o necessário e o controle de efeitos adversos.

      8	   Tratamento
              	 tratamento com enzimas pancreáticas em pacientes com insuficiência pancreática está associado a
              O
      aumento do coeficiente de absorção de gordura, redução na frequência de evacuações, melhora na consistência
      das fezes e ganho ponderal14-17.

              8.1 Fármacos
             	 s enzimas pancreáticas encontram-se disponíveis nas seguintes apresentações conforme a
             A
      concentração em unidades de lipase:
             	 ancreatina: 10.000 e 25.000 U
             P
             	 ancrelipase: 4.500, 12.000, 18.000 e 20.000 U
             P

308
Fibrose cística - Insuficiência pancreática


         	8.2 Esquema de Administração
         	A dose inicial pode ser estimada com base no peso do paciente e no grau de ingestão de
gordura
Protocolos 1
Protocolos 1
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Protocolos 1

  • 2. MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS Volume I Série A. Normas e Manuais Técnicos Brasília - DF 2010
  • 3. 2010. MINISTÉRIO DA SAÚDE. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. SÉRIE A. NORMAS E MANUAIS TÉCNICOS TIRAGEM: 2a EDIÇÃO - 15.000 EXEMPLARES JOSÉ GOMES TEMPORÃO Ministro de Estado da Saúde ALBERTO BELTRAME Secretário de Atenção à Saúde/Ministério da Saúde Elaboração, distribuição e informações: EQUIPE DA COORDENAÇÃO EXECUTIVA MINISTÉRIO DA SAÚDE BÁRBARA CORRÊA KRUG SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDARA CARMANIM SACCILOTTO DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO ESPECIALIZADA ISABEL CRISTINA ANASTÁCIO MACEDO Esplanada dos Ministérios, Bloco G, 9º andar KARINE MEDEIROS AMARAL CEP:70058-900 LILIANA RODRIGUES DO AMARAL Brasília - DF MÁRCIA GALDINO DA SILVA Tel.: (61) 3315.2626 MAURO MEDEIROS BORGES Fax: (61) 3226.3674 SANDRA MARIA SCHMAEDECKE e-mail: dae@saude.gov.br VANESSA DE FARIA SANTOS KUSSLER Home Page: www.saude.gov.br/sas GRÁFICA EDITORA PALLOTTI HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ Estrada Ivo Afonso Dias, 297. B.Fazenda São Borja Unidade de Sustentabilidade Social CEP: 93032-550 R. Javari, 182, B. Mooca São Leopoldo - RS São Paulo - SP Tel.: (51) 3081.0801 Tel.: (11) 2081.6400 CNPJ: 95.602.942/0016-32 e-mail: livroprotocolos@haoc.com.br www.graficapallotti.com.br Home Page: www.hospitalalemao.org.br Normalização: Scibooks/Scientific EDITORES Revisão: Officium-Assessoria, PAULO DORNELLES PICON Seleção e Habilitação Ltda. MARIA INEZ PORDEUS GADELHA Produção Eletrônica: Kromak Images ALBERTO BELTRAME Projeto Gráfico: Vanessa Fick Diagramação: Jurandir Martins
  • 4. Apresentação José Gomes Temporão Ministro da Saúde longo de quase 22 anos de existência, o Sistema Único de Saúde (SUS) se consolidou como a Ao principal política pública do Brasil, promovendo inclusão social e buscando de forma contínua fortalecer seus pilares básicos de acesso universal e igualitário e atenção integral à saúde. Único acesso aos serviços de saúde para 160 milhões de brasileiros (cerca de 80% da população), o SUS vem desenvolvendo mecanismos para aprimorar sua gestão e ampliar sua abrangência. Somente em 2009, para se ter ideia, foram realizados 3 bilhões de atendimentos ambulatoriais, 380 milhões de consultas médicas, 280 mil cirurgias cardíacas e 10 milhões de procedimentos de radioterapia e de quimioterapia. Além disso, outros avanços importantes merecem destaque: temos um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos do mundo, ganhamos reconhecimento internacional pelo sucesso de nossas campanhas de vacinação em massa e somos o único país em desenvolvimento a garantir, gratuitamente, tratamento integral a portadores de HIV. Pela complexidade e dimensão continental do Brasil, o SUS enfrenta desafios importantes. O envelhecimento populacional e a mudança do perfil epidemiológico reforçam a necessidade de constantes avaliações, correções e inovações para o aprimoramento do Sistema. Da mesma forma, o advento de novas tecnologias e a pressão, muitas vezes acrítica, por sua incorporação exigem que tenhamos, no Brasil, um complexo industrial da saúde forte, menos dependente tecnologicamente do mercado externo. À medida que ampliamos nossa capacidade produtiva, conquista- mos maior autonomia para definir prioridades na produção, sempre visando a uma oferta assistencial de melhor qualidade. E é com este objetivo que investimos, nos últimos sete anos, mais de 6 bilhões de reais em infraestrutura, pesquisa e tecnologia no setor da saúde. Incorporamos vacinas e medicamentos, incentivamos a transferência de tecnologia para a produção de remédios a partir de parcerias com o setor privado, iniciamos a construção de fábricas públicas e reativamos laboratórios públicos para a produção de medicamentos. páginas destes Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas são também resultado do esforço do As Ministério da Saúde no sentido de aprimorar o sistema e qualificar a atenção aos usuários do SUS. Este é o primeiro volume de outros que virão, e aborda os 33 protocolos publicados entre janeiro de 2009 e maio de 2010 pela Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), que contou também com importante atuação da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), da Comissão de Incorporação de Tecnologias (CITEC) e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, este no âmbito dos “Projetos para o Desenvolvimento Institucional do SUS”. Temos orgulho em apresentar este primeiro volume à população – usuários, profissionais da saúde, gestores do SUS, agentes públicos e privados da assistência à saúde e do direito. A atualização dos protocolos clínicos e das diretrizes terapêuticas é a garantia ao paciente de que ele terá no SUS um tratamento seguro, com cuidados assistenciais e condutas diagnósticas e terapêuticas definidas a partir de critérios técnicos e científicos de eficácia e efetividade. 22 de Julho de 2010.
  • 5. Apresentação Alberto Beltrame Secretário de Atenção à Saúde Uma adequada assistência farmacêutica é parte essencial da assistência à saúde, e o acesso a medicamentos é, em muitos casos, fundamental para o processo de atenção integral à saúde. A garantia do acesso a medicamentos, especialmente àqueles recém-lançados, ditos inovadores, no entanto, tem sido tema frequente de debates e até mesmo de tensões entre usuários e gestores do SUS, muitas vezes media- das pelo Judiciário. sociedade tem assistido esperançosa, ou até mesmo assombrada, a uma verdadeira avalanche A de inovações tecnológicas no campo da saúde. Há menos de dez anos, cerca de metade dos recursos diagnósticos e terapêuticos hoje existentes não estavam disponíveis. A aceleração das inovações tem mar- cado de forma indelével a medicina neste início de século. escalada do conhecimento e a velocidade com que este se transforma em produtos inovadores, A ou pretensamente inovadores, atendem, de um lado, ao legítimo anseio de médicos, pacientes e gestores de sistemas de saúde em poder dispor e oferecer mais e melhores recursos terapêuticos. De outro lado, são instrumentos na disputa entre conglomerados farmacêuticos e produtores de equipamentos em colocar-se adiante uns dos outros e, com isso, garantir mercados e dividendos a seus acionistas, pois da inovação de- pendem o lucro e a sobrevivência dessas empresas. Em face deste imperativo empresarial e da ansiedade generalizada da sociedade por soluções terapêuticas, a cada ano são lançados medicamentos e outros produtos, cujo processo de desenvolvimento e avaliação, muitas vezes, deixa a desejar, seja pela grande assimetria entre benefícios e custos ou simples- mente pela sua segurança, nem sempre bem estabelecida. Assim, se o acesso a medicamentos, especificamente, é questão central da atenção à saúde, é pre- ciso que se discuta e se defina sua abrangência. Deve ser ele ilimitado, mesmo que envolva medicamentos experimentais, sem registro no Brasil e sem suficiente comprovação científica de eficácia e efetividade, ou deve ser tecnicamente parametrizado? Diante deste quadro, a inovação tecnológica e, especialmente, sua incorporação à prática assisten- cial e aos sistemas de saúde, não podem se curvar a pressões corporativas, industriais ou mercantis, e sim ser subordinadas aos interesses da saúde pública, da sociedade, das pessoas. Deve-se evitar que um objeto de pesquisa, uma hipótese ou um resultado interino sejam antecipados como conhecimento científico defini- tivo e extrapole-se como uma conduta médica estabelecida antes das verificações e validações necessárias. Escolhas precisam ser feitas. Governos, sociedade, indivíduos, assim como as famílias frequentemente se deparam com a necessidade de fazer escolhas. E essas escolhas não são apanágio de países pobres ou emergentes. Países desenvolvidos também o fazem. Sistemas de saúde, especialmente os de cobertura universal como o nosso, devem ser ainda mais criteriosos nas suas escolhas. incorporação de novas tecnologias, insumos, equipamentos e medicamentos envolve, além de A aspectos econômicos e orçamentários, aspectos morais e éticos, adequada alocação de recursos públicos e critérios técnicos que não dispensam a evidência científica de sua validade, nem a determinação de seu custo/benefício e de seu custo/utilidade. Assim, fazer as escolhas corretas é o desafio que se impõe aos atores no campo da saúde, sejam eles governo, pagadores privados, profissionais de saúde e consumidores. O desafio é proceder ao escrutínio sistemático das inovações com vistas a identificar aquelas que aportem benefícios reais, para então incorporá-las.
  • 6. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ministério da Saúde, ao reafirmar seus compromissos de fazer de seu cotidiano uma luta perma- O nente para melhorar as condições de saúde de nossa gente, de aumentar ações e serviços de saúde, de ampliar o acesso e a atenção à saúde com justiça e equidade e de promover a adequada alocação dos re- cursos públicos, tem sido responsável em suas escolhas e criterioso quanto às suas incorporações. De forma clara e transparente, com base em firmes critérios técnicos e em evidências científicas, as incorporações têm beneficiado sempre as alternativas diagnósticas e terapêuticas reconhecidamente seguras e efetivas, cujos benefícios e custos guardem o melhor equilíbrio possível e não prejudiquem a justiça e a igualdade de acesso a elas. incorporação de uma nova tecnologia precisa seguir-se de uma adequada utilização na prática A assistencial, de forma a gerar os melhores impactos esperados sobre a saúde da população. A elaboração e a publicação dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs) têm papel essencial nesse processo. Ao publicar este primeiro volume dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, o Minis- tério da Saúde cumpre um relevante papel na organização e qualificação da atenção à saúde e do próprio SUS bem como na melhoria de sua gestão. Difunde-se, desta maneira, em larga es- cala, informação técnica de qualidade baseada na melhor evidência científica existente. Observan- do ética e tecnicamente a prescrição médica, os PCDTs têm o objetivo de estabelecer os critérios de diagnóstico de doenças, o algoritmo de tratamento com os medicamentos e as doses adequadas, os mecanismos para o monitoramento clínico quanto à efetividade do tratamento e a supervisão de possíveis efeitos adversos, além de criar mecanismos para a garantia da prescrição segura e eficaz. Além de nortearem uma assistência médica e farmacêutica efetiva e de qualidade, os PCDTs auxiliam os gestores de saúde nas três esferas de governo, como instrumento de apoio na disponibilização de procedimentos e na tomada de decisão quanto à aquisição e dispensação de medicamentos tanto no âmbito da atenção primária como no da atenção especializada, cumprindo um papel fundamental nos processos de gerenciamento dos programas de assistência farmacêutica, na educação em saúde, para profissionais e pacientes, e, ainda, nos aspectos legais envolvidos no acesso a medicamentos e na assistência como um todo. Neste primeiro volume estão reunidos 33 PCDTs, todos tratando de temas relevantes para a população brasileira e para a gestão do SUS. São revisões/atualizações de Protocolos já existentes ou inteiramente no- vos, publicados previamente em consulta pública e posteriormente consolidados em portarias da Secretaria de Atenção à Saúde. Muitos outros PCDTs estão sendo elaborados ou atualizados e, passando pelo mesmo processo de consulta pública e consolidação, deverão ser reunidos num segundo volume, a também se publicar em breve. Assim é o trabalho de elaboração e publicação de PCDTs – um processo dinâmico e per- manente de revisão, complementação, atualização técnico-científica e executiva e de consideração de novas demandas e realidades. Todo este processo de atualização e elaboração dos PCDTs foi desenvolvido em parceria com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), que presta suporte gerencial e financeiro ao desenvolvimento deste trabalho e integra os “Projetos de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS” dos chamados Hospitais de Excelência. Aqui registro o agradecimento ao HAOC e a todos aqueles que, devidamente nominados ou não neste volume, especialistas dos grupos elaboradores, integrantes da equipe da coordenação técnica e membros do grupo técnico de verificação, contribuíram e continuam a contribuir para tornar este trabalho uma realidade. 21 de Julho de 2010.
  • 7. Introdução Hospital Alemão Oswaldo Cruz HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, desde sua fundação, em 1897, sustenta a vocação para cuidar das pessoas, sempre aliando acolhimento, precisão e excelência assistencial. A base desse cuidado é o atendi- mento integral à cadeia da saúde, que engloba educação, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, com foco nas áreas circulatórias, digestivas, osteomusculares, oncológicas e atenção ao idoso. A atuação de seu competente corpo clínico e de uma das equipes assistenciais mais bem treinadas contribui para que o Hospital seja reconhecido como uma das melhores instituições de saúde do Brasil. No âmbito mundial, o reconhecimento é chancelado pela certificação internacional da Joint Commission International (JCI). A trajetória da Instituição é orientada pelo tripé da sustentabilidade – obtenção de resultados finan- ceiros somados a benefícios sociais e ambientais. Com esse direcionamento, o Hospital, ao zelar pela quali- dade da assistência e redução dos desperdícios, alcança eficiência do seu modelo de gestão e garante que os ganhos econômicos coexistam com ações para promover o desenvolvimento da sociedade. SUSTENTABILIDADE SOCIAL Em 2008, ao lado de outras cinco entidades privadas, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz foi habilitado pelo Ministério da Saúde como “Hospital de Excelência”. Criado esse vínculo formal com o poder público, em novembro de 2008, foi assinado o Termo de Ajuste para Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (SUS), na condição de Entidade Beneficente de Assistência Social. A instituição comprome- teu-se com 12 projetos ligados a gestão, pesquisa, capacitação e tecnologia, ampliando os benefícios ofereci- dos à população brasileira. Para atender aos programas, foi constituída a Superintendência de Sustentabilidade Social, respon- sável por coordenar e colocar em prática os projetos que contribuem para a qualidade de vida e saúde da população, buscando os mais elevados padrões de atendimento e tecnologia. Uma unidade foi inaugurada no bairro da Mooca, em São Paulo, para, além de abrigar a execução dos projetos “Programa Integrado de Combate ao Câncer Mamário” e “Centro de Oncologia Colorretal”, centralizar a coordenação e supervisão das ações. Ao participar dos “Projetos de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS”, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz contribui com suporte gerencial, técnico e financeiro. Com transparência e rastreabilidade dos recursos utilizados, a instituição coloca à disposição do setor público o que tem de melhor, colaborando para a consolidação das melhores práticas do modelo de atuação das Entidades Beneficentes de Assistência Social em prol do desenvolvimento do Sistema Único de Saúde do País. Inserido no objetivo maior, o projeto de “Criação do Núcleo de Coordenação e Elaboração dos Pro- tocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas para Medicamentos de Alto Custo” busca o impacto direto na quali- dade dos serviços de saúde oferecidos à população por meio da otimização de todo o processo de escolha de medicamentos, entrega e acompanhamento posterior, o que acarreta um atendimento integral e sem des- perdícios de recursos.
  • 8. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas O Hospital Alemão Oswaldo Cruz atua em parceria com o Ministério da Saúde com a coordenação da equipe técnica, formada por profissionais do setor altamente qualificados e engajados nas premissas do projeto de promoção do uso racional e seguro de medicamentos. O projeto de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas articula-se, ainda, com outros dois, igualmente apoiados pela instituição: “Desenvolvimento de Sistema Informatizado para Gerenciamento e Implementação de PCDT” e “Criação de Serviços Especializa- dos nos Estados para Implementação de Protocolos Clínicos”. Nesta edição do livro, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz reconhece a importância do relacionamento com o Ministério da Saúde, com agradecimento particular à Secretaria de Atenção à Saúde e à Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), cujo comprometimento foi fundamental para o sucesso e andamento do projeto dos PCDTs. Por fim, a instituição acredita que, com o apoio aos projetos acordados com o Ministério da Saúde, sua contribuição torna-se mais efetiva para o desenvolvimento do Sistema Único de Saúde.
  • 9. Os Editores Há numerosas evidências na literatura científica de que os chamados Clinical Practice Guidelines são efetivos em melhorar os processos e a estrutura dos cuidados em saúde. elaboração e a publicação de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs) para as doen- A ças e condições tratadas com os medicamentos hoje integrantes do Componente Especializado da Assistên- cia Farmacêutica (CEAF) consolidam o processo de criação de políticas públicas baseadas em evidências científicas. Vários outros PCDTs encontram-se em diferentes estágios de elaboração e publicação, todos com foco na qualificação dos processos diagnósticos e terapêuticos. A relevância dos temas protocolados está definida pela própria doença ou pela condição a ser tratada e, também, pela inclusão do(s) medicamento(s) no CEAF. Trata-se de situações clínicas prioritárias para a saúde pública que, por sua prevalência, complexidade ou alto impacto financeiro, impõem ao Ministério da Saúde a necessidade de protocolar e estabelecer diretrizes técnico-científicas e gerenciais. A dinâmica de elaboração dos PCDTs adotada nesta edição foi parcialmente alterada em relação ao processo anterior. Foram aperfeiçoados os métodos de elaboração e de alcance de consenso interno, mantendo-se a forma de obtenção de consenso externo, por meio de chamada em consulta pública nacional, com a publicação dos PCDTs no Diário Oficial da União. Isto porque a elaboração de normas e Guidelines também evoluiu muito na última década, conforme se pode observar na literatura científica sobre o tema. Atendendo a recomendações internacio- nais (The AGREE Collaboration. Appraisal of Guidelines for Research & Evaluation (AGREE) Instrument. www.agreecollaboration.org), foram desenvolvidas estratégias que solidificaram novos processos relaciona- dos com a validade, a fidedignidade, a relevância e a potencial aceitabilidade das recomendações. A literatura científica reconhece a dificuldade de os médicos seguirem recomendações que não sejam condizentes com a realidade local, que não sejam reprodutíveis, que se afastem da verdade e da ciência ou que sejam de difícil compreensão. Acumulam-se diretrizes elaboradas sob óticas diversas e em cujo conteúdo encontram-se interesses alheios, que podem resultar no predomínio do interesse financeiro sobre o científico. Por outro lado, a nova recomendação pode ser vista como uma ameaça à autoridade técnica do profissional. Assim, no esforço maior de se fazer chegar à melhor prática profissional, com máxima dedicação e interesse no bem público e na busca do melhor para a saúde pública brasileira, foi que os grupos técnicos debruçaram-se sobre esse trabalho tão nobre para o exercício da medicina e a qualificação da gestão da saúde pública. Uma das principais estratégias para a obtenção de consenso interno foi a criação de um grupo técnico multissetorial e multiprofissional do Ministério da Saúde (GT/MS), formado por profissionais das áreas de administração, bioquímica, ciência e tecnologia, economia, farmácia, fisioterapia e medicina, representantes da Comissão de Incorporação de Tecnologias (CITEC), do Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF), do Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT) – ligados à Secretaria de Ciên- cia e Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS) –, do Departamento de Atenção Especializada (DAE) da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS) e por membros da Equipe da Coordenação Técnica (ECT) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), parceiro do Ministério da Saúde no âmbito dos “Projetos para o De- senvolvimento Institucional do SUS”. O GT/MS tem a liderança executiva do DAE/SAS/MS e conta com a consultoria técnica de um médico com experiência na criação de diretrizes, ligado à ECT/HAOC, sendo a edição das versões de todos os textos
  • 10. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas uma responsabilidade conjunta. A ECT/HAOC age proativamente na formação dos grupos elaboradores, no repasse a eles das normas editoriais publicadas (Portaria SAS/MS nº 375, de 10 de novembro de 2009) e no auxílio contínuo nos processos de busca da literatura, de estabelecimento de padrões de qualidade e de rele- vância dos estudos encontrados, bem como na interpretação técnica das evidências científicas disponíveis. A ECT/HAOC encarrega-se da organização e estruturação do trabalho e dos contratos com os grupos elaboradores dos PCDTs. Nesses contratos, ficam claramente expressos os acordos de confidencialidade para preservação dos autores e dos textos até a publicação em livro e a declaração de conflitos de interesses de todos os autores. Tais acordos visam a preservar os consultores e o Ministério da Saúde em esferas tão relevantes como sigilo e independência intelectual, fatores indispensáveis para a validade e fidedignidade das recomendações técnicas. Todos os grupos elaboradores são compostos por médicos especialistas nos respectivos assuntos. A revisão da literatura é realizada por médicos especialistas ou por médicos internistas com treinamento em Epidemiologia e conhecimento de Medicina Baseada em Evidências. As buscas são realizadas de maneira estruturada, ou seja, pela revisão ampla no Medline (a maior base de dados disponível) e, sempre que pos- sível, no Embase. Não seria adequado, nem desejável, realizar revisões sistemáticas completas para cada pergunta relevante em cada um dos Protocolos; certamente excelentes textos científicos seriam elaborados, porém de difícil, se não inviável, implementação em razão do tempo demandado. Optou-se pelo processo ágil da revisão estruturada com definição de desfechos clínicos relevantes estabelecidos pelos médicos especialistas. Além disso, são enfatizadas a busca e a leitura de ensaios clínicos randomizados (ECRs) metodologicamente bem planejados e conduzidos, com desfechos relevantes para os pacientes. ECRs com desfechos intermediários (laboratoriais) são frequentemente excluídos da leitura crítica. Todas as revisões sistemáticas (RS) encontradas são incluídas na análise, exceto as inconclusivas ou as que tratam de intervenções ou desfechos irrelevantes. Os textos são inicialmente avaliados pelo GT/MS. Depois de lidos, são discutidos em detalhes nas reuniões periódicas do GT/MS, ocasiões em que são feitas verificações técnicas ou propostas adequações às formas de funcionamento e de financiamento do SUS. Todas as sugestões voltam aos grupos elaboradores para nova revisão, que resulta na primeira versão do PCDT. As situações de discordância são resolvidas com a participação de todos os envolvidos, sempre mantendo o foco no interesse maior, que é o bem público, de se adotar no SUS a melhor prática assistencial e os mais qualificados e seguros métodos diagnósticos e terapêuticos. Em algumas situações, o texto é rea- presentado ao GT/MS e novas sugestões retornam ao grupo elaborador. Neste caso, é a partir de uma se- gunda versão que o DAE/SAS/MS define e formata a minuta das consultas públicas ou das portarias a serem encaminhadas para publicação, pela SAS/MS, no Diário Oficial da União. Quando publicado em consulta pública, o PCDT passa para uma segunda etapa. As sugestões de usuários, médicos, empresas farmacêuticas e entidades representativas de classes profissionais e de paci- entes, independentemente de sua forma de entrada no Ministério da Saúde, são encaminhadas para avalia- ção pelos grupos elaboradores. Sugestões validadas e referendadas por estudos científicos com adequação metodológica para avaliação de eficácia e segurança são incorporadas aos textos dos PCDTs. Quando se tratar de medicamento ou procedimento não constante da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e Órteses, Próteses e Materiais do SUS, um parecer técnico é solicitado ao grupo elaborador do PCDT e submetido à CITEC. A CITEC avalia a relevância, a pertinência e o impacto financeiro da incorporação da tecnologia em pauta: se recomendada pela CITEC e aprovada pelo Ministro da Saúde, é inserida na Tabela e incorporada ao novo texto do PCDT. Assim, estes 33 PCDTs, publicados como portarias da SAS, resultaram de um extenso trabalho técnico de pessoas e instituições e da própria sociedade brasileira. Durante este árduo processo, manifesta- ções de satisfação de todos os envolvidos em sua elaboração e de usuários finais – profissionais da saúde e pacientes – puderam ser testemunhadas, comprovando que a solidez e a fidedignidade técnicas dos PCDTs têm impacto positivo nas políticas públicas de saúde. 21 de Julho de 2010.
  • 11. Sumário Apresentação Apresentação ________________________________________________________________________3 José Gomes Temporão – Ministro da Saúde Apresentação ________________________________________________________________________5 Alberto Beltrame – Secretário de Atenção à Saúde Introdução___________________________________________________________________________7 Hospital Alemão Oswaldo Cruz Os Editores__________________________________________________________________________9 Estrutura e Montagem____________________________________________________________13 Protocolos Acne Grave_________________________________________________________________________21 Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais_______________________________37 Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina____________________________59 Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Reposição de Ferro III___________________77 Angioedema__________________________________________________________________________93 Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha_________________________________________109 Artrite Reativa – Doença de Reiter______________________________________________________127 Deficiência de Hormônio do Crescimento – Hipopituitairismo__________________________________143 Dermatomiosite e Polimiosite___________________________________________________________161 Distonias Focais e Espasmo Hemifacial__________________________________________________183 Doença Celíaca_____________________________________________________________________203 Doença de Parkinson_________________________________________________________________211 Doença Falciforme___________________________________________________________________233 Endometriose_______________________________________________________________________253 Esclerose Lateral Amiotrófica___________________________________________________________277 Espasticidade_______________________________________________________________________291 Fibrose Cística – Insuficiência Pancreática________________________________________________307 Fibrose Cística – Manifestações Pulmonares______________________________________________323 Hiperfosfatemia na Insuficiência Renal Crônica____________________________________________339 Hiperplasia Adrenal Congênita_________________________________________________________357 Hiperprolactinemia___________________________________________________________________375 Hipoparatireoidismo__________________________________________________________________395 Hipotireoidismo Congênito_____________________________________________________________409 Ictioses Hereditárias__________________________________________________________________421 Insuficiência Adrenal Primária – Doença de Addison________________________________________437 Insuficiência Pancreática Exócrina______________________________________________________453 Miastenia Gravis____________________________________________________________________465 Osteodistrofia Renal__________________________________________________________________489 Puberdade Precoce Central____________________________________________________________507 Raquitismo e Osteomalacia____________________________________________________________525 Síndrome de Guillan-Barré____________________________________________________________545
  • 12. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Síndrome de Turner__________________________________________________________________563 Uveítes Posteriores Não Infecciosas_____________________________________________________577 Editores e Equipe Técnica_______________________________________________________597 Anexos Anexo I – Cartas-Modelo______________________________________________________________603 Anexo II – Ficha de Registro de Intervenção Farmacêutica___________________________________605
  • 13. Estrutura e Montagem dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Os Editores estrutura e a montagem deste livro seguem o mesmo padrão utilizado na edição dos Protoco- A los Clínicos e Diretrizes Terapêuticas de 2002. A estrutura de cada capítulo compreende seis módulos: 1. Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas; 2. Termo de Esclarecimento e Responsabilidade; 3. Fluxograma de Tratamento; 4. Fluxograma de Dispensação; 5. Ficha Farmacoterapêutica; e 6. Guia de Orientação ao Paciente. Os módulos encontram-se inter-relacionados e abordam aspectos médicos, farmacêuticos e de gestão. Cada um deles segue uma padronização de formato que é explicada a seguir. MÓDULO 1 - DIRETRIZES DIAGNÓSTICAS E TERAPÊUTICAS s linhas gerais de diagnóstico, tratamento, monitorização clínica e laboratorial da doença são tra- A çadas nesta seção. As diferentes intervenções terapêuticas são abordadas sob a perspectiva de criação de uma linha de cuidado envolvendo os vários níveis de atenção. Quando não fazia parte do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), adstrito, portanto, à Atenção Básica, o medicamento recomendado não constou nos módulos Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, Fluxograma de Dis- pensação, Ficha Farmacoterapêutica e Guia de Orientação ao Paciente. Reservaram-se estes módulos aos medicamentos do CEAF, sob responsabilidade de gestão das Secretarias Estaduais da Saúde. s textos dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs), juntamente com o Termo de O Esclarecimento e Responsabilidade, foram publicados no Diário Oficial da União, sob a forma de portaria ministerial. Pequenas diferenças entre a portaria publicada e o texto deste livro são apenas estruturais, para José Gomes Temporão respeitar a padronização do formato, preservando-se sempre o conteúdo. As normas para elaboração das Ministro da Saúde diretrizes terapêuticas foram estabelecidas pela Portaria SAS/MS nº 375, de 10 de novembro de 2009. s PCDTs foram organizados na sequência apresentada abaixo. Alguma variação entre eles decorre O das particularidades de cada doença. 1 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA escreve detalhadamente a estratégia de busca utilizada na revisão de literatura, citando as bases D de dados consultadas, palavras-chave, período no tempo e limites de busca (se utilizados), tipos e número de estudos identificados, critérios de inclusão dos estudos. Foram priorizadas as revisões sistemáticas (com ou sem metanálise), os ensaios clínicos randomizados e, na ausência destes, a melhor evidência disponível, sempre acompanhadsa de uma análise da qualidade metodológica e sua implícita relação como estabeleci- mento de relação de causalidade. 2 INTRODUÇÃO Corresponde à conceituação da situação clínica a ser tratada, com a revisão de sua definição e epidemiologia, potenciais complicações e morbimortalidade associada. Sempre que disponíveis, dados da epidemiologia da doença no Brasil foram fornecidos. 3 CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DAS DOENÇAS E PROBLEMAS RELACIONADOS À SAÚDE (CID-10) Utiliza a classificação da doença ou condição segundo a CID-10. 4 DIAGNÓSTICO presenta os critérios de diagnóstico para a doença, subdivididos em diagnóstico clínico, A laboratorial ou por imagem, quando necessário. 13
  • 14. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Correspondem aos critérios a serem preenchidos pelos pacientes para serem incluídos no protocolo de tratamento com os medicamentos do CEAF. Estes critérios podem ser clínicos ou incluir exames laboratoriais e de imagem. Trata-se aqui de definir claramente a situação clínica na qual o benefício do tratamento é evidente- mente superior ao risco. 6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO orrespondem aos critérios que impedem a inclusão do paciente no PCDT podendo, em geral, configu- C rar contraindicações absolutas relacionadas aos medicamentos ou situações clínicas peculiares em que não haja evidência de eficácia ou exista evidência de risco ao paciente. CASOS ESPECIAIS 7 ompreendem situações a respeito da doença ou do tratamento em que a relação risco/benefício deve C ser cuidadosamente avaliada pelo médico prescritor, nas quais um Comitê de Especialistas, designado pelo ges- tor estadual, poderá ou não ser consultado para decisão final de tratar (exemplos: idosos, crianças, gestantes e existência de contraindicações relativas) ou em situações clínicas não contempladas nos critérios de inclusão, mas que necessitam de tratamento. 8 COMITÊ DE ESPECIALISTAS onstitui-se de um grupo técnico-científico capacitado que é proposto em determinados PCDTs em que C se julga necessária a avaliação dos pacientes por motivos de subjetividade do diagnóstico, complexidade do tratamento, risco alto com necessidade de monitoramento, ou em casos especiais. Comitê de Especialistas deverá estar inserido, sempre que possível, em um Serviço Especializado ou O em um Centro de Referência, sendo sua constituição uma recomendação que protege o paciente e o gestor, mas não uma obrigatoriedade. CENTRO DE REFERÊNCIA 9 em como objetivo prestar assistência em saúde aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), T promovendo a efetividade do tratamento e o uso responsável e racional dos medicamentos preconizados nos PCDTs. O Centro de Referência (CR) pode proceder à avaliação, ao acompanhamento e, quando for o caso, à administração dos medicamentos. Sua criação é preconizada em alguns protocolos, com particulari- dades que deverão respeitar e adaptar-se a cada doença/condição ou cuidado especial requerido, como cus- to muito elevado, possibilidade de compartilhamento, necessidade de armazenamento, estabilidade, etc. A constituição do CR é uma recomendação, mas não uma obrigatoriedade. 0 TRATAMENTO 1 iscute-se o embasamento científico das opções de tratamento para todas as fases evolutivas da doen- D ça. Sempre que indicados, os tratamentos não farmacológicos (mudanças de hábitos, dieta, exercícios físicos, psicoterapia, fototerapia, entre outros) e cirúrgicos são também avaliados. O tratamento apresenta-se dividido em subitens. 0.1 FÁRMACOS 1 Indicam os nomes da substâncias ativas de acordo com a Denominação Comum Brasileira (DCB) e as apresentações disponíveis do(s) medicamento(s) no SUS em ordem crescente das linhas de tratamento. 0.2 ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO 1 Apresenta as doses terapêuticas recomendadas (incluindo mínima e máxima, quando houver), as vias de administração e os cuidados especiais, quando pertinentes. Indica os medicamentos a serem utilizados nas diferentes fases evolutivas, caso o esquema terapêutico seja distinto ou haja escalonamento de doses. 0.3 TEMPO DE TRATAMENTO – CRITÉRIOS DE INTERRUPÇÃO 1 Define o tempo de tratamento e os critérios para sua interrupção. Tão importante quanto os critérios de 14
  • 15. Estrutura e Montagem início são os critérios de finalização de tratamento. Ênfase é dada no esclarecimento destes critérios com vista à proteção dos pacientes. 10.4 BENEFÍCIOS ESPERADOS Relata de forma objetiva os desfechos que podem ser esperados com o tratamento, isto é, desfechos com comprovação científica na literatura médica. 11 MONITORIZAÇÃO Descreve quando e como monitorizar a resposta terapêutica ou a toxicidade do medicamento. Estão também contemplados efeitos adversos significativos que possam orientar uma mudança de opção terapêutica ou de dose. 12 ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO Define as condutas após o término do tratamento. Nos tratamentos crônicos, sem tempo definido, indica também quando e como os pacientes devem ser reavaliados. 13 REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR Esclarece ao gestor do SUS quais os passos administrativos que devem ser seguidos especificamente para a doença ou condição do PCDT, se houver alguma particularidade. 14 TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE – TER Refere-se à necessidade de preenchimento do TER, cuja obrigatoriedade é exclusiva para os medicamentos pertencentes ao CEAF. 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS São numeradas e listadas segundo a ordem de aparecimento no texto, sendo identificadas por algarismos arábicos sobrescritos. MÓDULO 2 - TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE O Termo de Esclarecimento e Responsabilidade (TER) tem por objetivo o comprometimento do paciente (ou de seu responsável) e do médico com o tratamento estabelecido. Deve ser assinado por ambos após leitura pelo paciente e/ou seu responsável e esclarecimento de todas as dúvidas pelo médico assistente. Com o objetivo de facilitar o entendimento por parte do paciente e/ou de seus cuidadores, o texto é escrito em linguagem de fácil compreensão. Em algumas situações, porém, são mantidos os termos técnicos devido à falta de um sinônimo de fácil entendimento pelo paciente. Nessas situações, o médico assistente é o responsável por tais esclarecimentos. São citados como possíveis efeitos adversos os mais frequentemente descritos pelo fabricante do medicamento ou pela literatura científica. Efeitos raros são referidos apenas quando apresentam grande relevância clínica. Os TERs podem dizer respeito a um único medicamento ou a um conjunto deles, a serem ou não empregados simultaneamente para a doença em questão. Nos TERs que se referem a mais de um medicamento, ficam assinalados, de forma clara para o paciente, os que compõem seu tratamento. Em alguns casos, os Protocolos incluem medicamentos que não fazem parte do CEAF, apresentando dispensação por meio de outros Componentes da Assistência Farmacêutica ou blocos de financia- mento. Tais medicamentos não são incluídos nos TERs, não sendo seu preenchimento, nesses casos, obrigatório. A concordância e a assinatura do TER constituem condição inarredável para a dispensação do medicamento do CEAF. 15
  • 16. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas MÓDULOS 3 E 4 - FLUXOGRAMAS Cada PCDT apresenta dois fluxogramas: o de tratamento (médico) e o de dispensação (farmacêutico), exceto os que não possuem medicamentos do CEAF. Os fluxogramas de tratamento representam graficamente as Diretrizes Terapêuticas, apontando os principais passos desde o diagnóstico até o detalhamento das respos- tas aos diferentes tratamentos ou doses. Os fluxogramas de dispensação apresentam as etapas a serem segui- das pelos farmacêuticos ou outros profissionais envolvidos nas etapas especificadas, desde o momento em que o paciente solicita o medicamento até sua efetiva dispensação. Foram construídos de forma a tornar rápido e claro o entendimento da Diretriz Diagnóstica e Terapêutica e colocados lado a lado no livro de maneira a tornar claras ao médico e ao farmacêutico as fases interligadas do seu trabalho, que sempre são complementares. Os fluxogramas adotam a seguinte padronização: Caixa azul = Situação. Define o início dos fluxos, estabelecendo a situação do paciente. Caixa cinza = Explicação. Detalha e/ou explica questões ou condutas. Caixa rósea = Conduta restritiva. Especifica uma ação que necessita de atenção e/ou cautela. Caixa verde = Conduta permissiva. Especifica um caminho aberto e mais frequentemente recomendado. Caixa verde com linha grossa = Conduta final permissiva. Estabelece tratamento e/ou dispensação. Os próximos passos a partir desta caixa são de reavaliações do tratamento ou da dispensação. Caixa rósea com linha grossa = Conduta final restritiva. Estabelece a interrupção do tratamento ou mudança de conduta. Losango amarelo = Questionamento. Introduz uma pergunta a ser respondida (sim ou não) quando o fluxograma apresenta mais de um caminho a seguir. Caixa laranja com bordas arredondadas = Alerta. Estabelece critérios de interrupção do tratamento e da dispensação. Os fluxogramas de tratamento (médico) apresentam-se em formatos muito variáveis dependendo da es- trutura do diagnóstico e do tratamento da doença em questão. Já os fluxogramas de dispensação (farmacêutico) têm uma estrutura geral comum. Alguns aspectos previamente estabelecidos podem facilitar a compreensão dos fluxogramas de dispensação e são abaixo discutidos. • Possui LME corretamente preenchido e demais documentos exigidos? No momento da solicitação do medicamento, deverá ser averiguado se estão preenchidos adequada- mente os campos do Laudo para Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos do CEAF (LME) além dos demais documentos exigidos de acordo com a legislação vigente. 16
  • 17. Estrutura e Montagem • CID-10, exame(s) e dose(s) está(ão) de acordo com o preconizado pelo PCDT? O profissional deve averiguar se a CID-10, a(s) dose(s) prescrita(s) e o(s) exame(s) necessário(s) para avaliação da solicitação do medicamento estão em conformidade com o estabelecido no PCDT. As doses representam, via de regra, o mínimo e o máximo recomendado por dia, a fim de facilitar o cálculo do quantitativo a ser dispensado por mês. • Realização de entrevista farmacoterapêutica inicial com o farmacêutico Sugere-se que ocorra no momento da solicitação do(s) medicamento(s) pelo pacien- te ao gestor do SUS. Esta atividade envolve as definições da Atenção Farmacêutica e, quando realizada, deve ser desenvolvida pelo profissional farmacêutico. Para isso deve-se utilizar a Ficha Farmacoterapêutica, podendo os dados coletados ser utilizados para atividades de orientação ao paciente. A entrevista poderá ser feita após o deferimento e a autorização da dispensação, variando de acordo com a logística de cada estabelecimento de saúde. A realização da entrevista farmaco- terapêutica e as etapas seguintes do fluxograma, que envolvem o processo da Atenção Farmacêutica, constituem uma recomendação, mas não uma obrigatoriedade. • Processo deferido? Feita a entrevista farmacoterapêutica, recomenda-se a avaliação técnica dos documentos exigidos para a solicitação dos medicamentos. Após esta avaliação, a dispensação deve ocorrer com as devidas orientações farmacêuticas ao paciente sobre o seu tratamento. Caso a solicitação seja indeferida ou não autorizada, o motivo deve ser explicado ao paciente, de preferência por escrito. • Orientar ao paciente. A entrevista farmacoterapêutica pode fornecer dados para o farmacêutico elaborar uma estra- tégia de orientação ao paciente. O farmacêutico deve informá-lo (oralmente e por escrito) sobre o arma- zenamento e uso correto do medicamento dispensado e entregar-lhe o respectivo Guia de Orientação ao Paciente. • Realização de entrevista farmacoterapêutica de monitorização Sugere-se uma entrevista a cada dispensação. Realizada pelo farmacêutico, sob as definições da Atenção Farmacêutica, a Ficha Farmacoterapêutica serve de registro das informações de segui- mento do paciente. A cada dispensação, ou quando especificado no PCDT, o farmacêutico deve solicitar, avaliar e registrar os exames laboratoriais, bem como registrar os eventos adversos ocorridos. Em caso de alteração dos exames laboratoriais não compatível com o curso da doença e/ou eventos adversos significativos que necessitem de avaliação médica, o paciente deve ser encaminhado ao médico assis- tente. Se os eventos forem avaliados como potencialmente graves, o farmacêutico poderá suspender a dispensação até a avaliação pelo médico assistente. Na ocorrência de alterações laboratoriais não compatíveis com o curso do tratamento ou de eventos adversos significativos, a próxima dispensação poderá ser efetuada somente se os parâmetros estiverem condizentes com os definidos no PCDT ou mediante parecer favorável (por escrito) do médico assistente à continuidade do tratamento. O farmacêu- tico pode manifestar-se através de carta ao médico assistente (Anexo 1), entregue ao paciente, ou através de comunicação direta ao médico assistente. As condutas seguidas e as demais informações pertinentes devem ser descritas na Ficha de Registro da Intervenção Farmacêutica (Anexo 2). • Os exames laboratoriais mostraram alterações não compatíveis com o curso do tratamento ou o paciente apresentou sintomas que indiquem eventos adversos significativos? Esta pergunta é direcionada à investigação de alterações laboratoriais que não estejam de acordo com o esperado para o medicamento ou com o curso da doença, bem como à verificação de ocorrência de eventos adversos. Orientação sumária, na forma de perguntas e respostas com valores de referência e eventos ad- versos significativos que necessitem de avaliação médica, encontra-se na Ficha Farmacoterapêutica. 17
  • 18. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas • Realização de exames necessários para a monitorização Este item fornece informações a respeito dos exames ou documentos que devem ser monitorizados e/ou avaliados, não sendo obrigatório para todos os Protocolos. MÓDULO 5 - FICHA FARMACOTERAPÊUTICA Para cada protocolo é apresentada uma Ficha Farmacoterapêutica, caracterizada por um roteiro de perguntas com o intuito de servir como instrumento para o controle efetivo do tratamento estabelecido, promovendo o acompanhamento dos pacientes relativo a eventos adversos, exames laboratoriais, inte- rações medicamentosas e contraindicações, entre outros. O farmacêutico pode ainda incorporar outras per- guntas pertinentes. Além disso, a Ficha Farmacoterapêutica tem como propósito servir de instrumento de acompanhamento dos desfechos de saúde da população. As tabelas não foram concebidas com relação ao tamanho para representar a real necessidade da práti- ca, devendo o farmacêutico adaptá-las para o registro mais adequado das informações. Como regra, a Ficha Farmacoterapêutica é concebida para 1 ano de acompanhamento e consta de três itens: 1 DADOS DO PACIENTE Apresenta dados de identificação do paciente, do cuidador (se necessário) e do médico assistente. 2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA São apresentadas perguntas de cunho geral (outras doenças diagnosticadas, uso de outros medicamen- tos, história de reações alérgicas e consumo de bebidas alcoólicas, entre outros) e específico para cada medi- camento. Quando pertinentes, são listadas as principais interações medicamentosas e as doenças nas quais o risco/benefício para uso do medicamento deve ser avaliado. 3 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO Apresenta perguntas que orientam o farmacêutico a avaliar o paciente quanto aos exames laboratoriais e à ocorrência de eventos adversos. Em caso de suspeita de um evento significativo ou alteração laborato- rial não compatível com o curso da doença, o farmacêutico deve encaminhar o paciente ao médico assistente acompanhado de carta; em casos peculiares, deve realizar contato telefônico. Na tabela de registro dos exames laboratoriais, o campo “Previsão de data” deve ser preenchido para estimar a data de realização do exame, que não necessita ser obrigatoriamente seguida. Tabela de Registro de Eventos Adversos Apresenta tabela para registro da data da entrevista farmacoterapêutica, do evento adverso relatado e de sua intensidade, bem como da conduta praticada. As principais reações adversas já relatadas para o medica- mento são listadas. Tabela de Registro da Dispensação Apresenta tabela para registro do que foi dispensado, com informações sobre data da dispensação, medicamento (registrando-se o nome comercial para controle do produto efetivamente dispensado), lote, dose, quantidade dispensada e farmacêutico responsável pela dispensação. Nesta tabela também pode ser indicada a eventual necessidade de que a próxima dispensação seja feita mediante parecer médico. A Tabela de Registro da Dispensação foi elaborada para registro de um medicamento. Devem ser usa- das tantas tabelas quantas forem necessárias para usuários de mais de um medicamento. 18
  • 19. Estrutura e Montagem MÓDULO 6 - GUIA DE ORIENTAÇÃO AO PACIENTE O Guia de Orientação ao Paciente é um material informativo que contém as principais orientações sobre a doença e o medicamento a ser dispensado. O farmacêutico deve dispor deste material, o qual, além de servir como roteiro para orientação oral, será entregue ao paciente, bus- cando complementar seu processo educativo. A linguagem utilizada pretende ser de fácil compreensão por parte do paciente. Na medida do possível, não foram empregados jargões médicos nem termos rebuscados. Como regra, o elenco de medicamentos do PCDT encontra-se em um único Guia de Orientação ao Paciente, no qual os medicamentos utilizados devem ser assinalados, quando pertinente. 19
  • 20. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 20
  • 21. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Acne Grave Portaria SAS/MS no 143, de 31 de março de 2010. 1 etodologia de busca da literatura M busca na literatura foi realizada através da avaliação de artigos publicados entre 1980 e setembro de A 2009, com as palavras-chave acne vulgaris e therapeutics (Mesh), incluindo-se ensaios clínicos, metanálise ou diretrizes terapêuticas conduzidos com humanos e escritos na língua inglesa. Foram utilizadas as base de dados Medline/Pubmed, Cochrane e Scielo. A busca gerou 292 artigos, sendo que a grande maioria era de estudos com terapias tópicas, hormonais e laser, entre outros. Quando a pesquisa foi restringida ao tema de interesse do protocolo, utilizando-se os termos acne vulgaris e isotretinoin (Mesh), foram encontrados 40 artigos. Foram excluídos da análise estudos sobre o uso da isotretinoína para outros fins terapêuticos, tratamentos com fórmula de isotretinoína não disponível no Brasil (micronizada), tratamentos para acne que não incluíam isotretinoína e estudos que somente avaliavam aspectos específicos dos efeitos adversos laboratoriais e moleculares do tratamento com isotretinoína. Desta seleção, foram analisados 11 ensaios clínicos randomizados (ECR) e 2 diretrizes terapêuticas utilizados neste protocolo. No banco de dados Cochrane, foram encontradas 4 revisões sistemáticas, mas apenas uma foi avaliada, visto que as demais eram referentes a tratamentos diversos para acne que não incluíam isotretinoína. Foram utilizados também estudos não indexados pertinentes ao tema. 2 INTRODUÇÃO Acne é uma dermatose extremamente comum na prática médica. Em recente levantamento epidemiológico realizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, acne foi a causa mais frequente de consultas ao dermatologista, correspondendo a 14% de todos os atendimentos1. Outros estudos epidemiológicos mostram que 80% dos adolescentes e adultos jovens entre 11-30 anos de idade irão sofrer de acne2. Seu tratamento justifica-se pela possibilidade de evitar tanto lesões cutâneas permanentes quanto aparecimento ou agravamento de transtornos psicológicos oriundos do abalo à autoestima ocasionado pelas lesões3-5. Os principais fatores etiopatogênicos relacionados à acne são: 1) produção de andrógenos pelo corpo, 2) produção excessiva de sebo, 3) alteração na descamação do epitélio do ducto da glândula sebácea, 4) proliferação de Propionibacterium acnes, e 5) respostas inflamatórias e imunológicas do indivíduo6. 3 CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DAS DOENÇAS E PROBLEMAS RELACIONADOS À SAÚDE (CID-10) • L70.0 Acne vulgar • L70.1 Acne conglobata • L70.8 Outras formas de acne 4 DIAGNÓSTICO O diagnóstico de acne é clínico e caracterizado por lesões cutâneas variadas, como comedos abertos e fechados, pápulas inflamatórias, pústulas, nódulos, cistos, lesões conglobatas e cicatrizes. As lesões envolvem principalmente a face e o dorso, mas podem estender-se para a região superior dos braços e do tórax anterior. Consultores: Gabriela Maldonado, Ana Maria Costa Pinheiro Sampaio, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 21
  • 22. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas A acne pode ser classificada, quanto a sua gravidade – o que se torna muito importante para a tomada de decisões terapêuticas6 –, em: • acne não inflamatória − acne comedônica (grau I) – presença de comedos abertos • acne inflamatória: − papulopustulosa (grau II) – pápulas inflamatórias ou pústulas associadas aos comedos abertos; − nodulocística (grau III) – lesões císticas e nodulares associadas a qualquer das lesões anteriores; − conglobata (grau IV) – presença das lesões anteriores associadas a nódulos purulentos, numerosos e grandes, formando abscessos e fístulas que drenam material purulento. Outras informações clínicas que determinam a gravidade da acne são a extensão das lesões e a presença de cicatrizes. 5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Devido ao seu potencial teratogênico e às várias reações adversas possíveis, o tratamento com isotretinoína oral para acne deve ser restrito aos casos mais graves e refratários a outras medidas terapêuticas, bem como aos pacientes dos quais se espera ótima adesão aos cuidados necessários durante o tratamento. Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem pelo menos uma das condições abaixo e necessariamente a quarta: • acne nodulocística grave; • acne conglobata; • outras variantes graves de acne; • ausência de resposta satisfatória ao tratamento convencional, incluindo antibióticos sistêmicos administrados por um período de pelo menos 2 meses6 (doxiciclina na dose de 100 mg /dia é um exemplo de opção terapêutica); • acne com recidivas frequentes, requerendo cursos repetidos e prolongados de antibiótico sistêmico2,6-8. 6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem uma das condições abaixo: • gravidez; • amamentação; • hipersensibilidade à isotretinoína, à vitamina A ou aos componentes da fórmula. Seu uso deve ser evitado ou realizado com cuidado nos casos de: • insuficiência hepática – não há descrição na literatura de valores alterados de transaminases hepáticas que tornem o uso de isotretinoína contraindicado; • pacientes com menos de 15 anos; • alterações no metabolismo de lipídios expressas pelo nível sérico de triglicerídios > 500 mg/dl ou nível sérico de colesterol > 300 mg/dl9-12. Os pacientes excluídos por alteração no metabolismo dos lipídios poderão ser incluídos neste protocolo após correção da dislipidemia por tratamento específico; • ausência de condições de compreender e executar as orientações médicas. 7 Casos especiais Nas mulheres com potencial de gravidez, o uso de isotretinoína está contraindicado, exceto se preencherem todos os requisitos abaixo: • apresentar acne nodulocística grave refratária à terapia usual; • mostrar-se confiável para compreender e executar as orientações dadas; • ter recebido orientações verbais e por escrito sobre os riscos do uso de isotretinoína durante a gestação e de possíveis falhas dos métodos contraceptivos utilizados; • iniciar o tratamento no segundo ou terceiro dia do ciclo menstrual regular. Em mulheres com possibilidade de engravidar e que preencham as condições acima, recomenda-se o uso de 2 métodos anticoncepcionais desde 2 meses antes do tratamento até 1 mês após seu final. O teste sorológico de gravidez deve ser negativo antes do início e realizado mensalmente até 5 semanas após a última administração da isotretinoína13. 22
  • 23. Acne Grave 8 TRATAMENTO A escolha do tratamento para acne compreende uma série de opções que irão variar de acordo com a gravidade do quadro. Estas opções incluem o uso de substâncias de limpeza de pele, retinoides e fármacos antibacterianos tópicos para os casos mais leves até o uso de antibióticos sistêmicos, terapias hormonais e o uso de isotretinoína para os casos mais graves e resistentes. Os ECRs que avaliam o uso da isotretinoína oral para o tratamento da acne foram analisados em uma revisão sistemática realizada em 199914, a única feita até o momento com esse fim. A revisão sistemática buscou ECRs com a palavra-chave acne e avaliou publicações de todos os tipos de tratamento para todos os graus de acne. Foram selecionados 250 artigos; destes, apenas 9 estudaram o uso de isotretinoína oral. Peck e cols.15 realizaram um dos primeiros estudos comparando isotretinoína oral com placebo em pacientes com acne grave. Foram avaliados 33 pacientes randomizados nos 2 grupos, sendo que aqueles que receberam isotretinoína o fizeram em uma dose média de 0,65 mg/kg/dia por 16 semanas. Os resultados clínicos favoráveis ao uso da isotretinoína foram estatisticamente significativos, mas o estudo teve muitas limitações metodológicas, pois, além do número pequeno de pacientes, cerca de metade dos do grupo placebo apresentou piora clínica, necessitando abandonar o estudo. Estudos comparando isotretinoína oral com outras terapias sistêmicas foram feitos por Prendiville e cols.16 e Lester e cols.17 com dapsona e tetraciclina, respectivamente. O primeiro foi realizado com 40 pacientes com acne grave randomizados para receber isotretinoína (40 mg/dia) ou dapsona (100 mg/dia), acompanhados por 16 semanas. Ambos os grupos apresentaram melhora clínica significativa, porém, no grupo dapsona, a melhora foi mais tardia. Na comparação entre os grupos, o que recebeu isotretinoína apresentou melhora mais significativa, mas a análise estatística não é descrita para todas as variáveis. Lester e cols. avaliaram 30 pacientes randomizados para receber isotretinoína (1 mg/kg/dia) ou tetraciclina (1.000 mg/dia). Não houve diferença significativa entre os grupos na semana 12, porém, no seguimento pós-terapia, os pacientes que usaram isotretinoína tiveram melhora significativa quanto ao número e ao tamanho dos cistos, assim como com relação à contagem de comedos e pústulas. No início da década de 1980, vários trabalhos foram desenvolvidos para avaliar a resposta clínica da acne a doses variadas de isotretinoína. Em 1980, Farrel e cols.18 publicaram um ECR com 14 pacientes divididos em 3 grupos para uso de isotretinoína nas doses de 1,0, 0,5 e 0,1 mg/kg/dia por 12 semanas, tendo mostrado diferença significativa em todos os pacientes em comparação ao estado basal, mas sem diferença entre os grupos. Em 1982, King e cols.19 avaliaram, por 16 semanas, 28 pacientes randomizados em 3 grupos com as mesmas doses do estudo anterior e mostraram resultados semelhantes tanto na resposta clínica como na taxa de redução de sebo, sem diferença entre os grupos. Jones e cols.20, em 1983, e Stewart e cols.21, no mesmo ano, publicaram trabalhos com metodologia similar e mostraram que num grupo de 76 e 22 pacientes, respectivamente, a taxa de excreção de sebo foi significativamente menor no grupo que recebeu 1 mg/kg/dia de isotretinoína comparado aos outros grupos, mas a avaliação clínica da acne não mostrou diferença entre eles. Em todos estes trabalhos, especialmente no de Jones e cols.20, que seguiu os pacientes por 16 semanas após o término do tratamento, houve tendência a menos relapsos nos grupos com doses maiores de isotretinoína, mas os dados não apresentaram análise estatística. Van der Meeren e cols.22, em 1983, mostraram, através de ECR com 58 homens com acne Acne Grave conglobata, que não houve diferença significativa na avaliação clínica da acne entre grupos que recebiam 0,5 ou 1 mg/kg de isotretinoína por via oral. O resultado foi avaliado após 12 semanas e mostrou que os efeitos adversos clínicos foram mais frequentes e mais graves nos pacientes que receberam dose maior do medicamento. Em 1984, foi publicado por Strauss e cols.23 o maior ECR comparando doses de isotretinoína: 150 pacientes alocados em caráter multicêntrico. Foi o primeiro trabalho a mostrar diferença significativa na avaliação do grau de acne entre os grupos que receberam 1 e 0,1 mg/kg/dia já a partir da quarta semana após o término do tratamento. O estudo mostrou também que apenas 10% dos pacientes que receberam a dose maior de isotretinoína necessitaram de retratamento contra 42% dos que receberam a dose menor. 23
  • 24. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Com base nestes estudos, surgiram as considerações do uso de dose maior de isotretinoína com vistas à resposta clínica sustentada. Ainda que os efeitos adversos sejam mais frequentes, geralmente são de pouca gravidade e reversíveis ao término da terapia. m 1993, com o objetivo de avaliar recidivas e necessidade de retratamentos, Layton e cols.24 publicaram E estudo observacional com 88 pacientes após 10 anos de uso de isotretinoína nas doses de 0,5-1 mg/kg/dia por 16 semanas ou até 85% de melhora clínica. Os achados revelaram que 61% estavam sem lesões, 16% necessitaram de terapia complementar com antibióticos e 23% realizaram retratamento com isotretinoína. Em 2001, Gollnick e cols.25 realizaram um ECR aberto com 85 pacientes do sexo masculino com acne grave (grau IV). Foram randomizados 50 pacientes para receber minociclina (100 mg/dia + ácido azelaico a 20% em gel tópico) e 35 para receber isotretinoína em doses regressivas iniciando com 0,8 mg/kg/dia e indo até 0,5 mg/kg/ dia. Os pacientes receberam os respectivos tratamentos por 6 meses e depois foram seguidos por mais 3 meses, sendo que o grupo minociclina seguiu recebendo ácido azelaico tópico, e o grupo da isotretinoína, não. Ambos os tratamentos foram eficazes, porém a isotretinoína foi superior. Os efeitos adversos foram leves em ambos os grupos. Kaymak e cols.26, em 2006, avaliaram, em estudo observacional, 100 pacientes em tratamento para acne com isotretinoína na dose de 100 mg/kg/dose total com doses diárias de 0,5 a 1 mg/kg/dia. Os desfechos foram melhora clínica e efeitos adversos: 91% dos pacientes tiveram cura das lesões e 9% melhora parcial. Apenas efeitos adversos mucocutâneos foram relatados, sendo que 100% dos pacientes apresentaram queilite. Akman e cols.27, em 2007, realizaram ECR para testar doses intermitentes de isotretinoína e compará-las com a dose-padrão contínua. Sessenta e seis pacientes com acne moderada a grave foram divididos em três grupos para receber isotretinoína na dose de 0,5 mg/kg/dia: nos primeiros 10 dias do mês por 6 meses (grupo 1), todos os dias do primeiro mês e depois nos 10 primeiros dias de cada mês por 5 meses (grupo 2) ou diariamente por 6 meses (grupo 3). Todos os esquemas de tratamento foram eficazes (p < 0,001). A isotretinoína em dose- padrão (grupo 3) foi superior à intermitente do grupo 1 nos casos de acne grave (p = 0,013). Este foi o primeiro estudo randomizado considerando doses intermitentes. Embora os resultados tenham sido interessantes, foi um estudo pequeno, com cerca de 20 pacientes em cada grupo. Além disso, não há informações sobre taxas de recidiva dos esquemas alternativos, e é importante ressaltar que nos pacientes mais graves, nos quais está focado este protocolo, o esquema contínuo foi superior. m 2007, um ECR de Oprica e cols.28 comparou a eficácia clínica e microbiológica de isotretinoína (1 mg/ E kg/dia) com tetraciclina (500 mg/dia por via oral + adapaleno a 0,1% em gel tópico) para tratamento de acne moderada a grave em 52 pacientes. Houve superioridade significativa da eficácia clínica no grupo da isotretinoína, assim como redução total de Propionibacterium acnes. Não houve diferença entre os grupos quanto à presença de bactérias resistentes. á poucos trabalhos comparativos avaliando o tratamento de acne com isotretinoína porque as tentativas H nos estudos iniciais já mostraram resultados nunca antes obtidos com terapias convencionais. Nenhum outro tratamento leva à cura das lesões em porcentagem tão alta de resposta como isotretinoína, e seu uso acabou consagrado. 8.1 Fármaco • Isotretinoína: cápsulas de 10 e 20 mg 8.2 Esquema de administração A dose varia de 0,5-2 mg/kg/dia, em 1 ou 2 tomadas diárias, ingerido(s) com os alimentos junto às refeições. A dose preconizada é de 0,5-1,0 mg/kg/dia, mas pacientes com lesões muito avançadas ou preponderantemente no tronco podem receber até 2 mg/kg/dia. A dose pode ser ajustada conforme a resposta clínica e a ocorrência de efeitos adversos. Atingir uma dose total cumulativa de 120-150 mg/kg é recomendado para diminuir as recidivas29,30. 8.3 Tempo de tratamento – critérios de interrupção O tempo de tratamento irá depender da dose total diária e da dose total cumulativa. Na maioria dos casos, este tempo será de 4 a 6 meses. Um segundo período de tratamento pode ser iniciado 2 meses após a interrupção do tratamento anterior se as lesões persistirem ou houver recorrência de lesões graves. 24
  • 25. Acne Grave São critérios de interrupção do tratamento triglicerídios > 800 mg/ml (risco de pancreatite)12 e transaminases hepáticas > 2,5 vezes o valor normal. Neste caso, deve-se interromper o tratamento e repetir os exames em 15 dias. Se o valor das transaminases tiver retornado ao normal, pode-se reintroduzir isotretinoína em dose mais baixa com controle estrito. Caso os exames se mantenham alterados, o paciente deve ser encaminhado para investigação de hepatopatia. Nos aumentos de transaminases hepáticas < 2,5 vezes o valor normal, deve-se reduzir a dose da isotretinoína e repetir os exames em 15 dias. Se os valores estiverem normais, deve-se manter o tratamento; caso contrário, deve-se interromper o tratamento e investigar hepatopatia29. 8.4 Benefícios esperados A resposta terapêutica geralmente não ocorre antes de 1-2 meses do início do tratamento; da mesma forma, os benefícios terapêuticos permanecem por alguns meses após o término da terapia. As pústulas tendem a melhorar antes das pápulas e dos nódulos, e as lesões de face tendem a responder mais rapidamente do que as de tronco2. Após usar a dose total cumulativa, cerca de 15% dos casos não terão remissão completa e, mesmo que as recomendações em termos do uso da dose ideal sejam cumpridas, ocorrerão recidivas em cerca de 20% dos pacientes31. Os fatores de risco relacionados à recidiva são uso de dose baixa de isotretinoína (0,1-0,5 mg/kg), acne grave, acne acometendo tronco e mulheres com mais de 25 anos ao início da terapia. Geralmente as recidivas ocorrem no primeiro ano após o tratamento e raramente após 3 anos. 9 Monitorização A alteração no perfil lipídico é um efeito colateral comum ao uso da isotretinoína. Estudo de coorte populacional mostrou que a elevação de triglicerídios ocorreu em 45% dos pacientes durante o tratamento e que aumento de colesterol total foi encontrado em 30% deles32. Geralmente as elevações são leves e não determinam a interrupção do tratamento. No caso de alteração do perfil lipídico, os pacientes devem ser seguidos do ponto de vista clínico e laboratorial a cada 3 meses. Deve ser realizada orientação dietética, com redução do consumo de açúcares simples e bebida alcoólica para triglicerídios, e redução no consumo de alimentos ricos em gordura saturada para controle do colesterol. A redução da dose de isotretinoína dependerá do resultado dos exames subsequentes e da dieta29. A incidência de elevação nos níveis de transaminases hepáticas é relativamente baixa (11%), e a maioria das elevações é leve (91%)29. Deve-se dar atenção àqueles pacientes com maior risco de hepatotoxicidade: consumo de álcool, antecedente de hepatopatia e terapia medicamentosa concomitante29,32. Associação entre depressão/suicídio e tratamento com isotretinoína foi descrita em vários relatos de casos33. No entanto, pequenos ensaios clínicos não confirmaram a associação34,35, e uma revisão sistemática sobre o tema concluiu que as informações disponíveis atualmente são insuficientes para estabelecer uma relação causal entre o medicamento e o risco de depressão e suicídio36. Sugere- se atenção para a possibilidade do surgimento desses sintomas nos pacientes em tratamento. Devido aos possíveis efeitos adversos do fármaco, a relação entre risco e benefício deve ser avaliada nos pacientes com predisposição a desenvolver alterações nos seguintes órgãos ou sistemas: • sistema nervoso central – fadiga, cefaleia, pseudotumor cerebral (hipertensão intracraniana), Acne Grave alterações visuais; • pele e mucosas – ressecamento de pele e mucosas (xerose, conjuntivite, queilite, uretrite) e fotossensibilidade. Os efeitos mucocutâneos são os mais comuns relacionados à terapia e podem ocorrer em até 100% dos pacientes; • trato gastrointestinal – boca seca, náuseas, vômitos, dor abdominal, doença inflamatória intestinal e sangramento intestinal; • trato geniturinário – proteinúria, hematúria e perda da função renal; • sistema musculoesquelético – artralgia, dor muscular e hiperostose; • olhos – conjuntivite, opacidade corneana, fotofobia, intolerância a lentes de contato e diminuição da visão noturna; 25
  • 26. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas • sistema hematopoiético – anemia, leucopenia, trombocitopenia e trombocitose; • possibilidade de interações medicamentosas em usuários de: carbamazepina (diminuição de seu nível sérico); tetraciclina e minociclina (aumento da incidência de pseudotumor cerebral e papiledema); vitamina A (potencialização dos efeitos tóxicos da isotretinoína); álcool (reação semelhante à do dissulfiram, com náuseas, cefaleia, hipotensão e síncope). O controle das enzimas hepáticas (AST e ALT), colesterol total e frações e triglicerídios deve ser realizado antes do início do tratamento e repetido após 30 dias e a cada 3 meses. O teste de gravidez deve ser repetido 1 vez por mês durante todo o tratamento. 10 Acompanhamento pós-tratamento O tempo de tratamento é definido pelo peso do paciente e pela dose diária do medicamento. Em geral, o tratamento dura de 6-9 meses. Após o término, o medicamento permanece no organismo por 30 dias37,38. Entretanto, sugere-se que a anticoncepção seja mantida por 60 dias como medida de segurança, já que os ciclos menstruais das pacientes são variáveis bem como o período do mês em que será interrompido o uso de isotretinoína. Após 30 dias da suspensão do tratamento, não é necessária monitorização laboratorial. 11 Regulação/controle/avaliação pelo gestor Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas, a adequação do uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento. 12 Termo de esclarecimento e responsabilidade – TER É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 13 Referências bibliográficas 1. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Perfil nosológico das consultas dermatológicas no Brasil. An Bras Dermatol. 2006;81(6):549-58. 2. Gollnick H, Cunliffe W, Berson D, Dreno B, Finlay A, Leyden JJ, et al. Management of acne: a report from Global Alliance to Improve Outcomes in Acne. J Am Acad Dermatol. 2003;49(1 Suppl):S1-37. 3. Picardi A, Abeni D, Melchi CF, Puddu P, Pasquini P. Psychiatric morbidity in dermatological outpatients: an issue to be recognized. Br J Dermatol. 2000;143(5):983-91. 4. Mallon E, Newton JN, Klassen A, Stewart-Brown SL, Ryan TJ, Finlay AY. The quality of life in acne: a comparison with general medical conditions using generic questionnaires. Br J Dermatol. 1999;140(4):672-6. 5. Cunliffe WJ. Acne and unemployment. Br J Dermatol. 1986;115(3):386. 6. Sinclair W, Jordaan HF; Global Alliance to Improve Outcomes in Acne. Acne guideline 2005 update. S Afr Med J. 2005;95(11 Pt 2):881-92. 7. Katsambas AD, Stefanaki C, Cunliffe WJ. Guidelines for treating acne. Clin Dermatol. 2004;22(5):439-44. 8. Katsambas AD, Papakonstantinou A. Acne: systemic treatment. Clin Dermatol. 2004;22(5):412-8. 9. Marsden JR. Lipid metabolism and retinoid therapy. Pharmacol Ther. 1989;40(1):55-65. 10. Marsden J. Hyperlipidaemia due to isotretinoin and etretinate: possible mechanisms and consequences. Br J Dermatol. 1986;114(4):401-7. 11. Lestringant GG, Frossard PM, Agarwal M, Galadar IH. Variations in lipid and lipoprotein levels during isotretinoin treatment for acne vulgaris with special emphasis on HDL-cholesterol. Int J Dermatol. 1997;36(11):859-62. 12. McCarter TL, Chen YK. Marked hyperlipidaemia and pancreatitis associated with isotretinoin therapy. Am J Gastroenterol. 1992;87(12):1855-8. 13. Goldsmith LA, Bolognia JL, Callen JP, Chen SC, Feldman SR, Lim HW, et al. American Academy of Dermatology Consensus Conference on the safe and optimal use of isotretinoin: summary and recommendations. J Am Acad Dermatol. 2004;50(6):900-6. 14. Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ). Management of acne. Summary, Evidence 26
  • 27. Acne Grave Report/Technology Assessment: Number 17 [Internet]. Rockville (MD): AHRQ; [cited 2010 May 5]. Publication No. 01-E018; Mar 2001. Available from: http://www.ahrq.gov/clinic/epcsums/acnesum.htm. 15. Peck GL, Olsen TG, Butkus D, Pandya M, Arnaud-Battandier J, Gross EG, et al. Isotretinoin versus placebo in the treatment of cystic acne. A randomized double-blind study. J Am Acad Dermatol. 1982;6(4 Pt 2 Suppl):735-45. 16. Prendiville JS, Logan RA, Russell-Jones R. A comparison of dapsone with 13-cis retinoic acid in the treatment of nodular cystic acne. Clin Exp Dermatol. 1988;13(2):67-71. 17. Lester RS, Schachter GD, Light MJ. Isotretinoin and tetracycline in the management of severe nodulocystic acne. Int J Dermatol. 1985;24(4):252-7. 18. Farrel LN, Strauss JS, Stranieri AM. The treatment of severe cystic acne with 13-cis-retinoic acid. Evaluation of sebum production and the clinical response in a multiple-dose trial. Am Acad Dermatol. 1980;3(6):602-11. 19. King K, Jones DH, Daltrey DC, Cunliffe WJ. A double-blind study of the effects of 13-cis-retinoic acid on acne, sebum excretion rate and microbial population. Br J Dermatol. 1982;107(5):583-90. 20. Jones DH, King K, Miller AJ, Cunliffe WJ. A dose-response study of 13-cis-retinoic acid in acne vulgaris. Br J Dermatol. 1983;108(3):333-43. 21. Stewart ME, Benoit AM, Stranieri AM, Rapini RP, Strauss JS, Downing DT. Effect of oral 13-cis- retinoic acid at three dose levels on sustainable rates of sebum secretion and on acne. J Am Acad Dermatol 1983;8(4):532-8. 22. van der Meeren HL, van der Schroeff JG, Stijnen T, van Duren JA, van der Dries HA, van Voorst Vader PC. Dose-response relationship in isotretinoin therapy for conglobate acne. Dermatologica. 1983;167(6):299-303. 23. Strauss JS, Rapini RP, Shalita AR, Konecky E, Pochi PE, Comite H, et al. Isotretinoin therapy for acne: results of a multicenter dose-response study. J Am Acad Dermatol. 1984;10(3):490-6. 24. Layton AM, Knaggs H, Taylor J, Cunliffe WJ. Isotretinoin for acne vulgaris – 10 years later: a safe and successful treatment. Br J Dermatol. 1993;129(3):292-6. 25. Gollnick HP, Graupe K, Zaumseil RP. Comparison of combined azelaic acid cream plus oral minocycline with oral isotretinoin in severe acne. Eur J Dermatol. 2001;11(6):538-44. 26. Kaymak Y, Ilter N. The results and side effects of systemic isotretinoin treatment in 100 patients with acne vulgaris. Dermatol Nurs. 2006;18(6):576-80. 27. Akman A, Durusoy C, Senturk M, Koc CK, Soyturk D, Alpsoy E. Treatment of acne with intermittent and conventional isotretinoin: a randomized, controlled multicenter study. Arch Dermatol Res. 2007;299(10):467-73. 28. Oprica C, Emtestam L, Hagströmer L, Nord CE. Clinical and microbiological comparisons of isotretinoin vs tetracycline in acne vulgaris. Acta Derm Venereol. 2007;87(3):246-54. 29. Chivot M. Retinoid therapy for acne. A comparative review. Am J Clin Dermatol. 2005;6(1):13-9. 30. Thielitz A, Krautheim A, Gollnick H. Update in retinoid therapy of acne. Dermatol Ther.2006;19 (5):272-9. 31. Stainforth JM, Layton AM, Taylor JP, Cunliffe WJ. Isotretinoin for the treatment of acne vulgaris: which factors may predict the need for more than one course? Br J Dermatol. 1993;129(3):297-301. 32. Zane LT, Leyden WA, Marqueling BA, Manos MM.A population-based analysis of laboratory abnormalities during isotretinoin therapy for acne vulgaris. Arch Dermatol. 2006;142(8):1016-22. 33. Wysowski DK, Pitts M, Beitz J. An analysis of reports of depression and suicide in patients treated with isotretinoin. J Am Acad Dermatol. 2001;45(4):515-9. Acne Grave 34. Ferahbas A, Turan MT, Esel E, Utas S, Kutlugun C, Kilic CG. A pilot study evaluating anxiety and depressive scores in acne patients treated with isotretinoin. J Dermatolog Treat. 2004;15(3):153-7. 35. Bremner JD, Fani N, Ashraf A, Votaw JR, Brummer ME, Cummins T, et al. Functional brain imaging alterations in acne patients treated with isotretinoin. Am J Psychiatry. 2005;162(5):983-91. 36. Marqueling AL, Zane LT. Depression and suicidal behavior in acne patients treated with isotretinoin: a systematic review. Semin Cutan Med Surg. 2005;24(2):92-102. 37. Orfanos, CE, Zouboulis CC. Oral retinoics in the treatment of seborrhoea and acne. Dermatology. 1998;196(1):140-7. 38. Bérard A, Azoulay L, Koren G, Blais L, Perreault S, Oraichi D. Isotretinoin, pregnancies, abortions and birth defects: a population-based perspective. Br J Clin Pharmacol. 2007;63(2):196-205. 27
  • 28. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Isotretinoína Eu, ______________________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de isotretinoína, indicada para o tratamento de acne grave. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _______________________________________________(nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer a seguinte melhora: • melhora da pele. Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento: • contraindicado na gestação ou em mulheres que planejam engravidar; • contraindicado em casos de alergia ao fármaco, à vitamina A e a seus derivados; • efeitos adversos – pele e mucosas (boca, nariz, vagina) secas, coceiras na pele, rouquidão, ressecamento e problemas nos olhos (por exemplo, conjuntivite, catarata), queda de cabelo, pelos – aumento do crescimento dos pelos, dores musculares, dores nas articulações, dor de cabeça, zumbido no ouvido, náuseas, vômitos, diarreia, diminuição das células brancas e vermelhas do sangue, aumento ou diminuição das plaquetas (células da coagulação), aumento dos triglicerídios ou do colesterol, aumento do ácido úrico no sangue, aumento da possibilidade de infecções. Os efeitos mais raros incluem inflamação do pâncreas (pancreatite) e inflamação do fígado (hepatite); • possibilidade de ocorrência de piora da acne nas primeiras semanas do tratamento; • pacientes com problemas depressivos devem ser cuidadosamente acompanhados em caso de piora do quadro; • recomenda-se a utilização de cremes com fator de proteção solar, visto que o sol pode provocar o aparecimento de reações na pele; • o risco de ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato. m Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. 28
  • 29. Acne Grave Acne Grave 29
  • 30. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Acne Grave Fluxograma de Tratamento Acne Grave Isotretinoína Paciente com diagnóstico de acne grave Diagnóstico: clínico Possui critérios de Critérios de inclusão para homens ou mulheres sem potencial de inclusão para gravidez: Não ✓ acne nodulocística grave, ou acne tratamento com conglobata, ou outras variantes isotretinoína? graves de acne, ou acne com recidivas frequentes ou requerendo cursos repetidos e prolongados de antibioticoterapia sistêmica Sim ✓ ausência de resposta satisfatória ao tratamento convencional, incluindo antibióticos sistêmicos, por um período de pelo menos 2 meses Critérios de inclusão para mulheres Exclusão Possui algum critério com potencial de gravidez: Sim ✓ acne nodulocística grave com do PCDT de exclusão? ausência de resposta satisfatória ao tratamento usual Não Critérios de exclusão: Monitorização laboratorial: ✓ gravidez ou amamentação ✓ perfil lipídico (colesterol total, HDL, ✓ hipersensibilidade à triglicerídios) e transaminases (AST e ALT) Tratamento com isotretinoína, à vitamina A ou a um dos componentes da Periodicidade: após 30 dias e a cada isotretinoína formulação 3 meses ✓ ß-hCG em mulheres em idade fértil Periodicidade: mensalmente Houve Sim resposta Não terapêutica? Revisar a adesão ao tratamento Manter o esquema e, se necessário, ajustar a dose de tratamento. até 2 mg/kg/dia (para pacientes com lesões avançadas ou predominantemente do tronco). Ocorreram eventos Recomenda-se manter o adversos graves ou esquema de tratamento triglicerídios > 800 mg/dl ou transaminases > 2,5 Não por 4-9 meses (até dose vezes o limite da cumulativa de normalidade? 120-150 mg/kg). Sim Considerar reinício Lesões persistem do tratamento após ou há recorrência Sim de lesões graves? 2 meses do término do Interromper o tratamento tratamento anterior. temporariamente; Não considerar o reinício com redução de dose. Acompanhamento. 30
  • 31. Acne Grave Fluxograma de Dispensação de Isotretinoína Acne Grave Fluxograma de Dispensação de IsotretinoínaAcne Grave Paciente solicita o CID-10: L70.0, L70.1, L70.8 Exames: medicamento. ✓ ß-hCG (para mulheres em idade fértil) ✓ colesterol total e frações ✓ triglicerídios ✓ AST e ALT Possui LME corretamente Dose: Isotretinoína: 0,5-2 mg/kg/dia em preenchido e demais 1 ou 2 doses diárias documentos exigidos? Não Sim Orientar o CID-10, exames e dose paciente. Não estão de acordo com o Sim preconizado pelo PCDT? Realizar entrevista Encaminhar o farmacoterapêutica inicial paciente ao médico com o farmacêutico. assistente. Processo Não Sim deferido? Exames necessários para monitorização: ✓ ß-hCG. (para mulheres em Não dispensar e Orientar o idade fértil). justificar ao Periodicidade: a cada mês paciente. ✓ colesterol total e frações, paciente. triglicerídios, AST e ALT Periodicidade: ao final do 1o mês e, após, a cada 3 meses Dispensação a cada mês de tratamento Entrevista farmacoterapêutica de monitorização Acne Grave Paciente apresentou alteração Sim dos exames não compatível Não com o curso do tratamento ou eventos adversos significativos? Dispensar* e solicitar parecer do médico Dispensar. assistente. * Observação: se triglicerídios acima de 800mg/ml; transaminases hepáticas > 2,5 vezes o valor normal: não dispensar. 31
  • 32. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Acne Grave 1 Dados do Paciente Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: ________________________________RG: ______________________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: ________________________________RG: ______________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN:_______/_____/_____ Idade: ________ Peso:________ Altura:________ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: _____________________________________________________CRM:_______________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 Avaliação Farmacoterapêutica 2.1 Tem o paciente mais 15 anos de idade? o não g Não dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente o sim g Dispensar 2.2 Qual o diagnóstico clínico? (coletar esta informação no LME) o Acne comedônica (grau I) g critério de exclusão para uso de isotretinoína. Reavaliar solicitação do medicamento o Acne papulopustulosa (grau II) g critério de exclusão para uso de isotretinoína. Reavaliar solicitação do medicamento o Acne nodulocística grave o Acne conglobata o Outras variantes graves de acne g Quais? _______________________________________________ 2.3 Já usou antibióticos por pelo menos 2 meses? o não g critério de exclusão para uso de isotretinoína. Primeira opção de tratamento deve ser com antibióticos sistêmicos o simgQuais?_____________________________________________________________________________ 2.4 Apresentou teste de gravidez (b-hCG) negativo? o não g Não dispensar e encaminhar a paciente ao médico assistente o sim g Dispensar 2.5 Faz uso de métodos anticoncepcionais? o não g Não dispensar temporariamente e encaminhar a paciente ao atendimento ginecológico o gDispensar.Quais?___________________________________________________________________ sim 2.6 Possui outras doenças diagnosticadas? o não o simgQuais?___________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ (Se dislipidemia (colesterol > 300 mg/dl e triglicerídios > 500 mg/dl), não dispensar e encaminhar o paciente para tratamento prévio. Se insuficiência hepática, não dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente) 32
  • 33. Acne Grave 2.7 Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim * Risco de interação da isotretinoína com tetraciclina, minociclina e carbamazepina; o uso de vitamina A potencializa os efeitos tóxicos da isotretinoína g orientar o paciente quanto ao risco do uso de complexos vitamínicos que contenham a vitamina. 2.8 Faz uso de bebidas alcoólicas? o não o sim g Com que frequência?_____________________________________________________ (Desaconselhar o uso durante o tratamento – efeito dissulfiram) 2.9 Faz uso de lentes de contato? o não sim g Desaconselhar o uso durante o tratamento o (Informar sobre risco de ressecamento de mucosas) 2.10 Apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não o sim g Quais? A que medicamentos?______________________________________________ 3 Monitorização do Tratamento Exames Laboratoriais Inicial 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data prevista Data Colesterol XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX HDL XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX LDL XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX Triglicerídios XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX AST XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX ALT XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX β-hCG 3.1 Apresentou exames com valores alterados? não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente sim g Dispensar Acne Grave 3.2 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher a Tabela Registro de Eventos Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.3 3.3 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente 33
  • 34. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Tabela de Registro de Eventos Adversos Data da Evento adverso *Intensidade qConduta entrevista Principais reações adversas já relatadas: pele e mucosas (boca, nariz, vagina) secas, prurido na pele, rouquidão, ressecamento e problemas nos olhos (por exemplo, conjuntivite, catarata), queda de cabelo ou aumento do crescimento dos pelos, mialgias, artralgias, cefaleia, zumbido no ouvido, náuseas, vômitos, diarreia, icterícia, infecções * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever) Tabela de Registro da Dispensação 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 34
  • 35. Acne Grave Guia de Orientação ao Paciente Isotretinoína Este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. Seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. O medicamento é utilizado no tratamento de acne grave. 1 Doença • A acne é classificada como grave quando as “espinhas” ocorrem em grande extensão (rosto e/ ou tronco), com secreção de inflamação, podendo deixar lesões na pele. • A acne grave pode trazer transtornos psicológicos se não for tratada adequadamente, pois pode abalar a autoestima, principalmente dos adolescentes. 2 Medicamento • Este medicamento melhora a aparência da pele e, consequentemente, a autoestima e a qualidade de vida. 3 Guarda do medicamento • Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura (cozinha e banheiro). • Conserve as cápsulas na embalagem original, bem fechada. 4 Administração do medicamento • Tome as cápsulas inteiras (sem mastigar ou triturar) junto às refeições, para garantir melhor ação do medicamento. • Tome o número exato de cápsulas prescrito pelo médico e procure tomá-las sempre no horário estabelecido no início do tratamento. • Em caso de esquecimento de uma dose, tome-a assim que lembrar. Se faltar pouco tempo para a próxima dose, aguarde e tome somente a quantidade do próximo horário. Não tome a dose em dobro. 5 Reações desagradáveis • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, tais como pele e mucosas (boca, nariz, vagina) secas, coceiras na pele, rouquidão, ressecamento e problemas nos olhos, queda de cabelos, aumento do crescimento dos pelos, dores musculares, dores nas articulações, dor de cabeça, zumbido no ouvido, náuseas, vômitos, diarreia. • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Mais informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Acne Grave Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 Métodos seguros para evitar a gravidez • Este medicamento pode trazer problemas muito graves ao feto, podendo nascer um bebê com defeitos físicos e mentais. Por isso, é muito importante que você tome cuidado para não engravidar. • A gravidez deve ser evitada até 60 dias após ter terminado o tratamento, pois o medicamento ainda estará presente no seu organismo. • Em caso de gravidez durante o tratamento, procure o médico imediatamente. 35
  • 36. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 7 Outras informações importantes • A resposta ao tratamento geralmente ocorre 1-2 meses após o início do uso do medicamento. Da mesma forma, os benefícios permanecem por alguns meses após o final do tratamento. • Em alguns casos, a acne grave pode voltar, e um novo tratamento pode ser necessário. • Durante o tratamento, use cremes com fator de proteção solar (FPS) 15 no mínimo, pois o sol pode provocar o aparecimento de reações na pele. Evite exposição ao sol entre 10-16 horas. 8 Uso de outros medicamentos • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. • Evite o uso de polivitamínicos contendo vitamina A, pois pode ocorrer um aumento dos efeitos tóxicos da isotretinoína. 9 Realização de exames de laboratório • A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento no seu organismo. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o tratamento. 10 Para seguir recebendo o medicamento • Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos: − Receita médica atual − Cartão Nacional de Saúde ou RG − Exames: colesterol total e frações, triglicerídios, ALT e AST ao final do 1o mês e, após, de 3 em 3 meses. Para mulheres, β-hCG a cada mês 11 Em caso de dúvida • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação do médico ou farmacêutico do SUS. 12 Outras informações ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. 36
  • 37. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais Portaria SAS/MS no 212, de 10 de abril de 2010. 1 Metodologia de busca da literatura A revisão da literatura foi feita por meio de busca no Medline/PubMed e em links relevantes (incluindo- se Cochrane Controlled Trials Register) com as palavras-chave granulocyte colony-stimulating factors [G-CSF] OR granulocyte-macrophage colony-stimulating factors [GM-CSF] OR white blood cell growth factors OR hematopoietic colony-stimulating factors AND neutropenia OR aplastic anemia OR myelodysplastic syndromes, restringindo-se aos seguintes tipos de estudo: randomized controlled trial, meta-analysis, practice guidelines, reviews. O período considerado inclui desde o ano de 2001 até dezembro de 2009*. Todos os estudos encontrados foram avaliados. Consideraram-se, também, referências relevantes já incluídas no protocolo anterior (04 de novembro de 2002), bem como aquelas derivadas dos artigos selecionados inicialmente. 2 Introdução Os fatores de crescimento da linhagem mieloide (G-CSF – filgrastim/lenograstim e GM-CSF – molgramostim/sargramostim) fazem parte da família de citocinas reguladoras da proliferação, diferenciação e ativação funcional das células hematopoiéticas mieloides (progenitoras e maduras). G-CSF regula a produção da linhagem neutrofílica. Sua administração em humanos promove aumento dose-dependente nos níveis de neutrófilos circulantes, sobretudo por reduzir o tempo de maturação da célula progenitora até o neutrófilo maduro. Filgrastim é uma glicoproteína produzida por técnica de DNA recombinante pela Escherichia coli. Já lenograstim é produzido por células derivadas de ovário de hamster. Ambos se ligam a receptores específicos da membrana de progenitores mieloides, promovendo a proliferação e diferenciação da linhagem neutrofílica e ativando as funções fagocíticas e citotóxicas de neutrófilos maduros. GM-CSF estimula o crescimento de colônias de granulócitos, macrófagos e eosinófilos. Seu uso em humanos resulta em aumento dose-dependente dos neutrófilos, eosinófilos, macrófagos e, às vezes, linfócitos no sangue periférico. Molgramostim, em virtude de um número maior de efeitos adversos, é pouco usado1,2. Apesar de outras complicações, particularmente as hemorrágicas, as infecciosas permanecem como as principais causas de morbimortalidade nos pacientes com anemia aplástica grave e mielodisplasia, estando o grau de infecção diretamente relacionado com o grau de neutropenia. O impacto na qualidade de vida dos pacientes é elevado, bem como os custos para o sistema de saúde3,4. A despeito do efeito benéfico de G-CSF em desfechos relevantes, como aumento do número de neutrófilos e redução do tempo de neutropenia, e, de modo menos consistente, redução do número de infecções e de internações hospitalares, não há diminuição de mortalidade, como se verá adiante. Serão incluídos neste protocolo de tratamento pacientes com anemia aplástica congênita ou adquirida, neutropenias constitucionais e aqueles com mielodisplasia, condições clínicas em que, apesar de não haver redução clara da mortalidade, as evidências na literatura apoiam o uso profilático ou terapêutico ambulatorial de G-CSF, com base em desfechos intermediários, mas relevantes5-12. 3 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • D46.0 Anemia refratária sem sideroblastos • D46.1 Anemia refratária com sideroblastos Consultores: Antônio Vaz Macedo, Henrique Neves da Silva Bittencourt, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 37
  • 38. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas • D46.7 Outras síndromes mielodisplásicas • D61.0 Anemia aplástica constitucional • D61.1 Anemia aplástica induzida por drogas • D61.2 Anemia aplástica devida a outros agentes externos • D61.3 Anemia aplástica idiopática • D61.8 Outras anemias aplásticas especificadas • D7 Agranulocitose • Z94.8 Outros órgãos e tecidos transplantados 4 Diagnóstico Neutropenia pode ser leve (1.000-1.500/mm3), moderada (500-1.000/mm3) ou grave (< 500/mm3)13. Pode-se ainda classificá-la, conforme os graus de toxicidade do esquema quimioterápico, em grau I (1.500- 2.000/mm3), grau II (1.000 a 1.500/mm3), grau III (500 a 1.000/mm3) e grau IV (< 500mm3) (National Cancer Institute/ EUA). Neutropenia febril é definida como temperatura oral isolada ≥ 38,3º C ou ≥ 38,0º C por ≥ 1 hora, associada a contagem absoluta de neutrófilos < 500/mm3 ou < 1.000/mm3 com previsão de queda para < 500/mm3 nas 24h-48h subsequentes (Infectious Diseases Society of America - IDSA)13. Neutropenia crônica grave é definida pela contagem absoluta de neutrófilos < 500/mm3, com duração de meses a anos. Estão incluídas nesta categoria neutropenia congênita, neutropenia cíclica e neutropenia idiopática14,15. A frequência e a gravidade das infecções dependem não só da contagem e da velocidade de queda dos neutrófilos, como também de anormalidades da função fagocitária ou de outros deficits na função imunológica, do grau do dano causado pelo tratamento à mucosa e à barreira mucociliar, da história de tratamento radioterápico ou quimioterápico anterior, de outras condições do hospedeiro e do germe específico (Tabelas 1 e 2)13,16-22. Tabela 1 - Estratificação de Risco na Neutropenia Febril13,16-22 Grupo de risco Características dos pacientes neutropenia grave (< 100/mm3) e prolongada (> 10 dias); neoplasia hematológica; doença primária não controlada; transplante de células-tronco hematopoiéticas Alto risco (TCTH); idade > 60-65 anos; comorbidade significativa* ou baixo estado de performance**; sepse/choque, infecção profunda/grave (por exemplo, pneumonia, meningite, infecção fúngica invasiva) tumores sólidos → quimioterapia intensiva → TCTH autólogo; duração moderada Risco intermediário de neutropenia (7-10 dias); comorbidade mínima; estabilidade clínica e hemodinâmica tumores sólidos → quimioterapia convencional; neutropenia de curta duração (≤ 7dias); nenhuma comorbidade; estabilidade clínica e hemodinâmica; febre de Baixo risco origem indeterminada ou infecção não complicada (por exemplo, ITU, celulite não complicada) * Insuficiência respiratória/hipóxia, confusão mental, insuficiência cardíaca congestiva (NYHA classes III-IV), arritmia cardíaca não controlada apesar de tratamento adequado, insuficiência renal (creatinina > 2x o valor superior do normal - VSN), disfunção hepática (bilirrubina > 2,5xVSN ou AST-ALT > 4xVSN), vômito, mucosite ou diarreia de graus III-IV, hipercalcemia sintomática, coagulação intravascular disseminada, sangramento não controlado (requerendo transfusões)18,20 ** Critério de toxicidade do ECOG (Eastern Cooperative Oncology Group) ≥ 323 adaptado17 38
  • 39. Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais Tabela 2 - Escore para Identificação de Pacientes com Neutropenia Febril de Baixo Risco no Início da Febre20 Característica Escore* Grau de doença Ausência de sintomas 5 Sintomas leves 5 Sintomas moderados 3 Hipotensão arterial ausente 5 Doença pulmonar obstrutiva crônica ausente 4 Tumor sólido ou ausência de infecção fúngica prévia 4 Desidratação ausente 3 Início ambulatorial da febre 3 Idade < 60 anos** 2 * Escore ≥ 21 indicativo de baixo risco para complicações e morbidade (pontuação máxima = 26) ** Não se aplica a pacientes ≤ 16 anos. Em pacientes ≤ 16 anos, são indicativos de baixo risco para infecções bacterianas graves contagem inicial de monócitos ≥ 100/mm3, ausência de comorbidades e radiografia de tórax normal19. Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais Em linhas gerais, pacientes com bom estado geral e que não apresentam comorbidades, mucosite, infecção documentada e complicações metabólicas/orgânicas podem ser considerados de baixo risco13,18-20,22. Pacientes com neutropenia crônica grave (congênita, cíclica ou idiopática) ou mielodisplasia, de maneira geral, predominam na classe alto risco. 5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes (adultos e crianças) que apresentarem pelo menos uma das condições clínicas abaixo: • anemia aplástica grave em imunossupressão (uso ambulatorial e hospitalar de ciclosporina, glicocorticoide e imunoglobulina antitimocítica ou antilinfocítica) (ver Casos Especiais) – G-CSF está liberado para adultos e crianças com contagem de neutrófilos < 200/mm3. Estudos atuais mostram que G-CSF apresenta valor limitado nesta doença24,25. A prescrição dependerá do julgamento clínico em situações específicas. Quando utilizado, deve ser aplicado somente nos primeiros 90 dias de imunossupressão. O uso isolado do fator não é preconizado; • neutropenia crônica (constitucional) grave (neutropenia congênita, cíclica ou idiopática) (uso hospitalar e ambulatorial26,27) – a utilização, a longo prazo, de G-CSF está relacionada com aumento mantido na contagem absoluta de neutrófilos em mais de 90% dos pacientes e redução na incidência de infecções graves15,27-29. Preconiza-se o uso de filgrastim/molgramostim em doses baixas (1 a 5 mg/kg/dia ou a cada 2 a 7 dias)30. Considera-se critério de inclusão o número total de neutrófilos ≤ 500/mm3. Dependendo da situação clínica, o uso do filgrastim/molgramostim pode justificar-se com contagens maiores, embora as evidências, nesses casos, não sejam claras31; • mielodisplasia com neutropenia grave e infecção de repetição (uso ambulatorial e hospitalar) – a indicação está recomendada para adultos, de forma individualizada, como terapêutica de suporte isolada ou em combinação com estimuladores da eritropoese no tratamento de doentes com mielodisplasia de baixo risco ou risco intermediário-1 do International Prognostic Scoring System (IPSS), com contagem de neutrófilos < 500/mm3 e infecções resistentes ou de repetição requerendo hospitalizações32. O uso prolongado e intermitente de G-CSF/GM-CSF parece trazer algum benefício neste contexto, sem aumento aparente no risco de evolução para leucemia mieloide aguda32-38. Os fatores de crescimento hematopoiético aumentam, de forma dose-dependente, o nível de neutrófilos circulantes em 60% – 100% dos pacientes, chegando a níveis normais em grande parte dos casos, e podem contribuir para melhora clínica e da qualidade de vida39,40. Interrupção no uso dos fatores é seguida de queda na contagem de neutrófilos circulantes34,35,37. Estudos prospectivos em adultos sugerem um efeito 39
  • 40. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas sinérgico do uso combinado de CSF com eritropoietina na resposta eritroide33,41-45. Na mielodisplasia de alto risco (IPSS intermediário-2 ou alto), o uso dos fatores parece não oferecer benefício, não estando recomendado33,36. O uso de fatores está também recomendado, com base em determinados critérios, nas seguintes situações clínicas: mobilização de células progenitoras para transplante de medula óssea (uso hospitalar e ambulatorial); neutropenia associada a transplante de medula óssea (uso hospitalar ou ambulatorial); neutropenia induzida por quimioterapia (uso hospitalar ou ambulatorial); síndrome da imunodeficiência adquirida com neutropenia (uso ambulatorial) e hepatite C com neutropenia secundária ao uso de alfainterferona/alfapeginterferona associado ou não a ribavirina (uso hospitalar ou ambulatorial). Estas situações são tratadas em regulamentos específicos. 6 Critérios de exclusão Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes portadores de hipersensibilidade ao filgrastim/ molgramostim ou a proteínas derivadas de Escherichia coli. A utilização de fatores não será recomendada por falta de evidências científicas de eficácia sobre desfechos clínicos relevantes, nas seguintes situações: • gestantes ou mães que estejam amamentando – são medicamentos incluídos na categoria C da classificação do FDA; faltam estudos em humanos; não está estabelecido se os fatores de crescimento hematopoiético são eliminados pelo leite materno; não há relatos de efeitos adversos relacionados à amamentação em humanos; deve-se considerar a relação risco-benefício potencial de seu uso neste contexto; • pacientes com agranulocitose associada a medicamentos – alguns estudos mostram benefício na utilização de fatores na agranulocitose secundária ao uso de medicamentos, especialmente na redução do tempo de neutropenia e na incidência de complicações infecciosas ou fatais. Medicamentos mais comumente implicados são clozapina, carbamazepina, dapsona, dipirona, propiltiouracil, metimazol, carbimazol, penicilina G, procainamida, rituximabe, anti-inflamatórios não esteroides, sulfassalazina e ticlopidina. Os estudos disponíveis são relatos de casos, evidência considerada insuficiente para justificar sua recomendação27,46-48. Seu emprego também não está recomendado em leucemia aguda refratária36, neutropenia febril em pacientes em quimioterapia de tumores sólidos em geral (exceto em casos particulares de câncer de mama e pulmão de pequenas células)5,49, pacientes críticos não neutropênicos50, sepse neonatal não associada a neutropenia51-53 e outras condições infecciosas, como pneumonia, “pé diabético”, doença de Crohn (fístulas). 7 Casos especiais Para pacientes (adultos e crianças) com anemia aplástica grave em terapia com imunossupressão (uso ambulatorial e hospitalar de ciclosporina, glicocorticoide e imunoglobulina antitimocítica ou antilinfocítica), há indicação de uso de fatores se a contagem de neutrófilos < 200/mm3,54. Estudos atuais mostram que G-CSF apresenta valor limitado nesta doença24,25. Parece haver benefício mais claro apenas nos casos menos graves quando, usualmente, seu uso não seria requerido34. O emprego isolado de fatores não é preconizado34. Embora haja recuperação mais rápida de neutrófilos quando administrados juntamente com a terapia imunossupressora, não há vantagem significativa em termos de resposta hematológica global ou sobrevida34. Seu uso dependerá do julgamento clínico em situações específicas55-57. O aumento na contagem de neutrófilos (> 500/mm3) nos primeiros 3 meses é preditivo de resposta e sobrevida para estes pacientes58. O uso de fatores, portanto, pode permitir a identificação de não respondedores e orientar seu encaminhamento para transplante. Quando utilizados, devem ser aplicados somente nos primeiros 90 dias de imunossupressão54,59. Para os casos de sepse neonatal associada a neutropenia grave, faltam estudos para determinar um benefício claro de seu uso rotineiro. Apesar disto, a gravidade e a inexistência de alternativas podem justificar sua utilização60,61. 8 Tratamento O uso dos fatores de crescimento de linhagem mieloide deve levar em consideração a avaliação de risco global do paciente no que se refere a: • contagem de neutrófilos (atual ou prevista); • condições relacionadas ao paciente (fatores de risco) – idade, presença de comorbidades; • condições clínicas significativas, história de tratamento radioterápico ou quimioterápico anterior; • doença de base; 40
  • 41. Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais • toxicidade do tratamento; • intenção do tratamento (curativo ou paliativo). Há consenso internacional nas recomendações dos fatores de crescimento de linhagem mieloide para tratamento da neutropenia em pacientes com doenças hematológicas ou não hematológicas, com base em ensaios clínicos randomizados25, 54,59,62-65 e metanálises24, em especial na neutropenia crônica grave e na mielodisplasia. 8.1 Fármacos • Filgrastim: frasco-ampola 300 mg/1 ml • Molgramostim: frasco-ampola 300 mg/1 ml 8.2 Esquema de administração – tempo de tratamento De modo geral, utilizam-se G-CSF e GM-CSF na dose de 5 mg/kg/dia. Na mobilização de células- tronco periféricas (CTP) para transplante, emprega-se, usualmente, a dose de 10 mg/kg/dia13,66,67. • Neutropenia crônica (constitucional) grave (neutropenia congênita, cíclica e idiopática) (uso ambulatorial e hospitalar) Tratamento eficaz é obtido com doses entre 1 e 10 mg/kg/dia15. Recomenda-se uso diário ou em dias alternados a longo prazo. A dose inicial é de 5 mg/kg/dia e pode ser escalonada para 10 mg/kg/dia em caso de não resposta, com incrementos posteriores de 10 mg/kg/dia a cada 14 dias até a obtenção de uma Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais contagem de neutrófilos > 1.000-1.500/mm3,15. Em seguida, sugere-se reduzir a dose progressivamente e utilizar a menor dose suficiente para manter as contagens de neutrófilos > 500/mm3 15,28,63,68-70. Consideram- se não respondedores os pacientes que não tenham obtido contagem satisfatória (para esta indicação específica) com até 120 mg/kg/dia de G-CSF15. Para estes casos, TCTH ou terapias adicionais devem ser considerados71. • Anemia aplástica grave em terapia com imunossupressão (uso ambulatorial e hospitalar de ciclosporina, glicocorticoide e antitimocítico ou antilinfocítico) Seu uso dependerá do julgamento clínico em situações específicas55-57,59. Quando utilizado, deve ser iniciado na dose de 5 mg/kg/dia se a contagem de neutrófilos for < 200/mm3 no início do esquema de imunossupressão54. Deve-se manter o tratamento por até 90 dias, ou interromper antes caso ocorra resposta da doença de base à terapia imunossupressora. • Mielodisplasia com neutropenia grave e infecção de repetição (uso ambulatorial e hospitalar) A dose inicial é de 5 mg/kg/dia se a contagem de neutrófilos estiver < 500/mm3 e ocorrerem infecções resistentes ou de repetição que necessitem de hospitalização31,36,40,72. Deve-se manter a dose indicada até a obtenção de contagem estável de neutrófilos > 1.000/mm3,40. Em seguida, sugere- se reduzir a dose progressivamente e utilizar a menor dose suficiente para manter as contagens de neutrófilos > 500/mm3. A administração pode ser mantida de forma intermitente (2 ou 3 vezes por semana), em doses baixas (1-5 mg/kg/dia), associada ou não a alfaepoetina, ajustando-se a dose à resposta obtida2,31,36,40,67,72. Para o efeito sinérgico com a alfaepoetina, uma dose média diária ou intermitente (2 ou 3 vezes por semana) de 1-2 mg/kg/dia costuma ser eficaz na normalização da contagem de neutrófilos41,44,72,73. A administração de filgrastim (G-CSF) pode ser feita por infusão intravenosa ou por via subcutânea. A via preferencial é a subcutânea pela melhor relação custo-benefício13,66,67,74. Molgramostim, pouco utilizado atualmente, é administrado de maneira semelhante à de G-CSF (dose total, posologia e vias de administração). Seus resultados são comparáveis aos de G-CSF13,66,67. 8.3 Cuidados especiais5 • Não se recomenda o escalonamento de doses fora do contexto da neutropenia crônica (constitucional) grave ou de TCTH. • Recomenda-se suspender o uso de fatores em caso de leucocitose (contagem de leucócitos >10.000/mm3). 41
  • 42. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Nas condições em que não se prevê recuperação medular, como nas neutropenias congênitas e nas mielodisplasias, preconiza-se o uso da menor dose possível para manter a contagem de neutrófilos > 500/mm3. • Em crianças, não há evidências de alterações no crescimento e desenvolvimento, na maturação sexual e nas funções endócrinas com o uso de G-CSF. Os efeitos adversos parecem ser semelhantes aos dos adultos14. 8.4 Benefícios esperados Benefícios gerais (evidência consistente)5,6,8-13,18,24,66,67,74-101: • aumento do número de neutrófilos; • redução no tempo de neutropenia; • redução na incidência de neutropenia grave; • redução no tempo de neutropenia febril. Benefícios específicos Anemia aplástica grave102: • recuperação mais rápida de neutrófilos quando administrado juntamente com a terapia imunossupressora54-56,59,62,103,104; • redução na taxa de recidiva ou falha com a terapia imunossupressora24,59,62; • de modo menos consistente, redução na taxa de infecções graves59. Neutropenia crônica grave15,27-29: • aumento na produção e maturação de neutrófilos63,105; • aumento no número de neutrófilos circulantes em cerca de 90% dos casos15,63,69; • redução na incidência e duração dos eventos infecciosos63,105; • redução na incidência de infecções graves27,105,106; • redução no tempo de uso de antibióticos15,63,106; • aumento na sobrevida global107. Mielodisplasia de baixo risco ou risco intermediário-1 (IPSS)102: • aumento no nível de neutrófilos circulantes32-37,65,108; • menor incidência de infecções65,108; • efeito sinérgico do uso combinado com eritropoetina na resposta eritroide33,41,42,44,45 e, em alguns casos, na sobrevida global33. 9 Monitorização Hemograma completo com diferencial e contagem de plaquetas devem ser realizados 2-3 vezes por semana ou ajustados para cada contexto clínico particular109. Este controle pode ser mais espaçado no caso de doenças crônicas. Em vista do potencial de toxicidade hepática e renal e de hiperuricemia (ver item Efeitos Adversos), sobretudo com o uso prolongado, sugere-se avaliação bioquímica a cada 4 semanas, que deve incluir ALT e AST, creatinina e ácido úrico. Deve-se atentar para possíveis sinais clínicos, como esplenomegalia, urticária, hipotireoidismo, alterações oculares, a cada avaliação clínica. Nas neutropenias congênitas e mielodisplasias, aspirado de medula óssea deve ser realizado antes e após o início do uso crônico do medicamento, a intervalos de 6 meses a 1 ano, com base na avaliação de risco inicial, para estudo morfológico, citogenético, relação mieloide/eritroide e, se disponível, avaliação de unidades formadoras de colônias de granulócitos-macrófagos27. Se houver sinais incipientes de mielodisplasia, como presença de alteração citogenética clonal isolada sem outras evidências de doença, ou mutação isolada do receptor para os fatores de crescimento hematopoiético, pode-se adotar conduta conservadora. Recomenda-se, como opção neste caso, reduzir a dose do fator ao máximo e monitorar os sinais de progressão, se houver, para doença maligna manifesta107,110. 42
  • 43. Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais 9.1 Efeitos adversos Dor osteomuscular é a complicação mais frequente111. Podem, ainda, ocorrer sintomas gripais, cefaleia, artralgia, parestesia, sintomas gastrointestinais, esplenomegalia leve, plaquetopenia moderada, anemia, osteopenia/osteoporose, hipotireoidismo, hiperuricemia, alterações hepáticas e renais e, mais raramente, febre, fotofobia, reações alérgicas e anafiláticas, exacerbação de doenças autoimunes latentes, injúria pulmonar e eventos cardiovasculares. Há relatos de casos isolados de ruptura esplênica com dose de fatores de crescimento hematopoiético (20 mg/kg/dia) em doadores sadios68,111-113. Os efeitos adversos de filgrastim e molgramostim estão discriminados no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade. 9.2 Potencial para efeitos adversos É possível que os medicamentos atuem como fatores de crescimento para clones leucêmicos já existentes, efeito observado in vitro mas ainda não comprovado in vivo5,77-85,114. Pacientes com neutropenia congênita e síndrome de Shwachman-Diamond em uso de G-CSF parecem apresentar maior risco de desenvolver mielodisplasia e leucemia mieloide aguda107,115; no entanto, é possível que isto esteja mais relacionado à própria história natural da doença (o uso de G-CSF, ao prolongar a sobrevida, poderia permitir o acúmulo gradativo de aberrações genéticas em pacientes já predispostos para transformação maligna)69,107,110. O Severe Chronic Neutropenia International Registry (SCNIR), que apresenta como um de seus Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais principais objetivos o monitoramento da ocorrência de efeitos adversos resultantes do uso de G-CSF em pacientes com neutropenia congênita, cíclica ou idiopática, não demonstrou efeitos especificamente relacionados a seu uso prolongado (por mais de 11 anos, em uso diário ou alternado) ou à dose de tratamento14,68. Particularmente na mielodisplasia, transformação para leucemia manifesta é ocorrência natural da doença69,113,116. Em pacientes com anemia aplástica e tratamento imunossupressor, o risco associado ao uso de G-CSF é controverso; parece haver risco aumentado de mielodisplasia no uso a longo prazo (> 3 meses) em pacientes que não respondem à terapia imunossupressora em 6 meses117,118; no entanto, estudos bem delineados com seguimento de 10 anos ou mais são necessários34,119. 10 Acompanhamento pós-tratamento O tempo de tratamento varia conforme cada contexto clínico ou doença de base. Uso crônico continuado (com administração diária ou intermitente) está previsto para neutropenias crônicas graves e para casos individualizados de mielodisplasia. Os critérios para suspensão do medicamento estão indicados no item Esquemas de Administração – Tempo de Tratamento. A reavaliação dos tratamentos crônicos deve basear-se no julgamento clínico, sugerindo-se, para tal, intervalos mínimos mensais/bimensais. 11 Regulação/controle/avaliação pelo gestor evem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração D e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas, a adequação de uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento. O tratamento com medicamentos preconizados neste protocolo para pacientes com qualquer diagnóstico previsto, em tratamento em regime de internação hospitalar, é de responsabilidade do hospital, estando seu custeio incluído na Autorização de Internação Hospitalar – AIH. Também devem ser observados os regulamentos específicos para o uso e fornecimento de G-CSF ou GM-CSF em caso de neutropenia induzida por quimioterapia, síndrome da imunodeficiência adquirida com neutropenia e hepatite C com neutropenia secundária ao uso de alfainterferona/alfapeginterferona. 43
  • 44. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 12 Termo de esclarecimento e responsabilidade – TER É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal sobre potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso dos medicamentos preconizados neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 13 Referências bibliográficas 1. Souza LM, Boone TC, Gabrilove J, Lai PH, Zsebo KM, Murdock DC, et al. Recombinant human granulocyte colony- stimulating factor: effects on normal and leukemic myeloid cells. Science. 1986;232(4746):61-5. 2. Metcalf D. The colony stimulating factors. Discovery, development, and clinical applications. Cancer. 1990;65(10):2185-95. 3. Lyman GH, Kuderer NM. Filgrastim in patients with neutropenia: potential effects on quality of life. Drugs. 2002;62(Suppl 1):65- 78. 4. Lyman GH, Kuderer NM. The economics of the colony-stimulating factors in the prevention and treatment of febrile neutropenia. Crit Rev Oncol Hematol. 2004;50(2):129-46. 5. Ozer H, Armitage JO, Bennett CL, Crawford J, Demetri GD, Pizzo PA, et al. 2000 update of recommendations for the use of hematopoietic colony-stimulating factors: evidence-based, clinical practice guidelines. American Society of Clinical Oncology Growth Factors Expert Panel. J Clin Oncol. 2000;18(20):3558-85. 6. Geissler K, Koller E, Hubmann E, Niederwieser D, Hinterberger W, Geissler D, et al. Granulocyte colony-stimulating factor as an adjunct to induction chemotherapy for adult acute lymphoblastic leukemia – a randomized phase-III study. Blood. 1997;90(2):590-6. 7. Laver J, Amylon M, Desai S, Link M, Schwenn M, Mahmoud H, et al. Randomized trial of r-metHu granulocyte colony- stimulating factor in an intensive treatment for T-cell leukemia and advanced-stage lymphoblastic lymphoma of childhood: a Pediatric Oncology Group pilot study. J Clin Oncol. 1998;16(2):522-6. 8. Ottmann OG, Hoelzer D, Gracien E, Ganser A, Kelly K, Reutzel R, et al. Concomitant granulocyte colony-stimulating factor and induction chemoradiotherapy in adult acute lymphoblastic leukemia: a randomized phase III trial. Blood. 1995;86(2):444-50. 9. Pui CH, Boyett JM, Hughes WT, Rivera GK, Hancock ML, Sandlund JT, et al. Human granulocyte colony-stimulating factor after induction chemotherapy in children with acute lymphoblastic leukemia. N Engl J Med. 1997;336(25):1781-7. 10. Scherrer R, Geissler K, Kyrle PA, Gisslinger H, Jäger U, Bettelheim P, et al. Granulocyte colony-stimulating factor (G-CSF) as an adjunct to induction chemotherapy of adult acute lymphoblastic leukemia (ALL). Ann Hematol. 1993;66(6):283-9. 11. Sung L, Nathan PC, Lange B, Beyene J, Buchanan GR. Prophylactic granulocyte colony-stimulating factor and granulocyte-macrophage colony-stimulating factor decrease febrile neutropenia after chemotherapy in children with cancer: a meta-analysis of randomized controlled trials. J Clin Oncol. 2004;22(16):3350-6. 12. Welte K, Reiter A, Mempel K, Pfetsch M, Schwab G, Schrappe M, et al. A randomized phase-III study of the efficacy of granulocyte colony-stimulating factor in children with high-risk acute lymphoblastic leukemia. Berlin-Frankfurt-Munster Study Group. Blood. 1996;87(8):3143-50. 13. Hughes WT, Armstrong D, Bodey GP, Bow EJ, Brown AE, Calandra T, et al. 2002 guidelines for the use of antimicrobial agents in neutropenic patients with cancer. Clin Infect Dis. 2002;34(6):730-51. Epub 2002 Feb 13. 14. Dale DC, Cottle TE, Fier CJ, Bolyard AA, Bonilla MA, Boxer LA, et al. Severe chronic neutropenia: treatment and follow- up of patients in the Severe Chronic Neutropenia International Registry. Am J Hematol. 2003;72(2):82-93. 15. Zeidler C, Boxer L, Dale DC, Freedman MH, Kinsey S, Welte K. Management of Kostmann syndrome in the G-CSF era. Br J Haematol. 2000;109(3):490-5. 16. Bodey GP, Buckley M, Sathe YS, Freireich EJ. Quantitative relationships between circulating leukocytes and infection in patients with acute leukemia. Ann Intern Med. 1966;64(2):328-40. 17. Donowitz GR, Maki DG, Crnich CJ, Pappas PG, Rolston KV. Infections in the neutropenic patient – new views of an old problem. Hematology Am Soc Hematol Educ Program. 2001:113-39. 18. García-Carbonero R, Mayordomo JI, Tornamira MV, López-Brea M, Rueda A, Guillem V, et al. Granulocyte colony- stimulating factor in the treatment of high-risk febrile neutropenia: a multicenter randomized trial. J Natl Cancer Inst. 2001;93(1):31-8. 19. Klaassen RJ, Goodman TR, Pham B, Doyle JJ. “Low-risk” prediction rule for pediatric oncology patients presenting with fever and neutropenia. J Clin Oncol. 2000;18(5):1012-9. 20. Klastersky J, Paesmans M, Rubenstein EB, Boyer M, Elting L, Feld R, et al. The Multinational Association for Supportive Care in Cancer risk index: A multinational scoring system for identifying low-risk febrile neutropenic cancer patients. J 44
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  • 49. Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais human granulocyte colony-stimulating factor. Blood. 1991;77(5):937-41. 104. Kojima S, Matsuyama T. Stimulation of granulopoiesis by high-dose recombinant human granulocyte colony- stimulating factor in children with aplastic anemia and very severe neutropenia. Blood. 1994;83(6):1474-8. 105. Bonilla MA, Dale D, Zeidler C, Last L, Reiter A, Ruggeiro M, et al. Long-term safety of treatment with recombinant human granulocyte colony-stimulating factor (r-metHuG-CSF) in patients with severe congenital neutropenias. Br J Haematol. 1994;88(4):723-30. 106. Lehrnbecher T, Welte K. Haematopoietic growth factors in children with neutropenia. Br J Haematol. 2002;116(1):28-56. 107. Freedman MH, Bonilla MA, Fier C, Bolyard AA, Scarlata D, Boxer LA, et al. Myelodysplasia syndrome and acute myeloid leukemia in patients with congenital neutropenia receiving G-CSF therapy. Blood. 2000;96(2):429-36. 108. Greenberg PL, Negrin R, Nagler A. The use of haemopoietic growth factors in the treatment of myelodysplastic syndromes. Cancer Surv. 1990;9(1):199-212. 109. Ammann RA, Leibundgut K, Hirt A, Ridolfi Lüthy A. Individual timing of blood counts in G-CSF prophylaxis after myelosuppressive chemotherapy reduces G-CSF injections, blood counts, and costs: a prospective randomized study in children and adolescents. Support Care Cancer. 2002;10(8):613-8. Epub 2002 May 29. 110. Freedman MH. Safety of long-term administration of granulocyte colony-stimulating factor for severe chronic neutropenia. Curr Opin Hematol. 1997;4(3):217-24. 111. Tigue CC, McKoy JM, Evens AM, Trifilio SM, Tallman MS, Bennett CL. Granulocyte-colony stimulating factor administration to healthy individuals and persons with chronic neutropenia or cancer: an overview of safety Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais considerations from the Research on Adverse Drug Events and Reports project. Bone Marrow Transplant. 2007;40(3):185-92. Epub 2007 Jun 11. 112. D‘Souza A, Jaiyesimi I, Trainor L, Venuturumili P. Granulocyte colony-stimulating factor administration: adverse events. Transfus Med Rev. 2008;22(4):280-90. 113. Nuamah NM, Goker H, Kilic YA, Dagmoura H, Cakmak A. Spontaneous splenic rupture in a healthy allogeneic donor of peripheral-blood stem cell following the administration of granulocyte colony-stimulating factor (g-csf). A case report and review of the literature. Haematologica. 2006;91(5 Suppl):ECR08. 114. Harousseau JL, Witz B, Lioure B, Hunault-Berger M, Desablens B, Delain M, et al. Granulocyte colony- stimulating factor after intensive consolidation chemotherapy in acute myeloid leukemia: results of a randomized trial of the Groupe Ouest-Est Leucemies Aigues Myeloblastiques. J Clin Oncol. 2000;18(4):780-7. 115. Rosenberg PS, Alter BP, Bolyard AA, Bonilla MA, Boxer LA, Cham B, et al. The incidence of leukemia and mortality from sepsis in patients with severe congenital neutropenia receiving long-term G-CSF therapy. Blood. 2006;107(12):4628-35. Epub 2006 Feb 23. 116. Touw IP, Bontenbal M. Granulocyte colony-stimulating factor: key (f)actor or innocent bystander in the development of secondary myeloid malignancy? J Natl Cancer Inst. 2007;99(3):183-6. 117. Kaito K, Kobayashi M, Katayama T, Masuoka H, Shimada T, Nishiwaki K, et al. Long-term administration of G-CSF for aplastic anaemia is closely related to the early evolution of monosomy 7 MDS in adults. Br J Haematol. 1998;103(2):297-303. 118. Kojima S, Ohara A, Tsuchida M, Kudoh T, Hanada R, Okimoto Y, et al. Risk factors for evolution of acquired aplastic anemia into myelodysplastic syndrome and acute myeloid leukemia after immunosuppressive therapy in children. Blood. 2002;100(3):786-90. 119. Imashuku S, Hibi S, Bessho F, Tsuchida M, Nakahata T, Miyazaki S, et al. Detection of myelodysplastic syndrome/ acute myeloid leukemia evolving from aplastic anemia in children, treated with recombinant human G-CSF. Haematologica. 2003;88(11):ECR31. 49
  • 50. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Filgrastim e Molgramostim Eu, _______________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de filgrastim e molgramostim indicados para o tratamento de neutropenias. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico ______________________________________________________(nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer as seguintes melhoras: • aumento do número de células brancas do sangue (neutrófilos); • redução no tempo de neutropenia (células brancas reduzidas no sangue); • redução na incidência de neutropenia grave; • redução no tempo de neutropenia febril. Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento: • os riscos na gravidez ainda não são bem conhecidos; portanto, caso engravide, devo avisar imediatamente o médico; • não está estabelecido se os medicamentos são eliminados pelo leite materno. Não há relatos de problemas relacionados à amamentação em humanos; entretanto, é fundamental discutir com o médico antes de amamentar; • existem indícios de que pacientes em uso destes medicamentos podem desenvolver câncer, porém estudos mais aprofundados são necessários; • efeitos adversos – redução do número de glóbulos vermelhos (anemia), redução do número de plaquetas (o que pode acarretar sangramentos), aumento dos glóbulos brancos para valores acima dos níveis normais; risco de ocorrência de “síndrome mielodisplástica” e leucemia mieloide aguda; dor de cabeça; infarto do miocárdio, arritmias, hipotensão; diminuição da função da tireoide (hipotireoidismo); aumento de ácido úrico no sangue (hiperuricemia); perda de apetite (anorexia), náuseas, alterações no paladar; possibilidade de toxicidade pulmonar, possibilidade de toxicidade sobre o fígado e os rins; reações alérgicas de pele; dores em ossos, músculos e articulações; sensibilidade à luz (fotofobia) e problemas oculares; reações anafiláticas; febre; aumento do tamanho do baço (esplenomegalia) e ruptura de baço (raramente). Fui também informado(a) de que este medicamento é utilizado para ajudar o organismo a produzir células brancas do sangue, prevenindo infecções em pacientes que estão com baixa resistência devido ao uso de outros medicamentos, em transplantados ou em portadores de doenças do sangue. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato. m Meu tratamento constará do seguinte medicamento: o filgrastim o molgramostim 50
  • 51. Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais 51
  • 52. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Fluxograma de Tratamento Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Uso de Fatores Estimuladores de Colônias de Neutrófilos Diagnóstico: clínico e laboratorial Paciente com neutropenia Critérios de inclusão: ✓ anemia aplástica grave em terapia de imunossupressão, com contagem de neutrófilos < 200/mm3 ✓ neutropenia crônica (constitucional) grave, com contagem de neutrófilos ≤ 500/mm 3 ✓ mielodisplasia com neutropenia Exclusão Possui algum critério de grave e infecções de repetição, com Sim contagens de neutrófilos ≤ 500/mm 3 do PCDT exclusão? de risco baixo ou intermediário do IPSS em infecções de repetição resistentes ou requerendo hospitalização Monitorização laboratorial: ✓ hemograma completo inicialmente Não 2-3 vezes por semana, aumentando-se a periodicidade Critérios de exclusão: progressivamente de acordo com critérios clínicos ✓ hipersensibilidade ao filgrastim, ✓ transaminases (ALT/AST), Tratamento ao molgramostim ou a proteínas derivadas de Escherichia coli creatinina e ácido úrico inicialmente com fatores a cada 4 semanas ✓ agranulocitose secundária ao estimuladores uso de medicamentos ✓ aspirado de medula óssea antes do tratamento e a cada 6-12 meses de colônias de nos casos de mielodisplasias e neutrófilos neutropenias congênitas Mielodisplasia de Anemia aplástica Neutropenia baixo risco ou risco grave crônica grave intermediário com neutropenia grave Filgrastim ou molgramostim Filgrastim ou molgramostim na Filgrastim ou molgramostim na dose de 5 mg/kg/dia, dose de 5 mg/kg/dia, por via SC, na dose de 5 mg/kg/dia, por via SC diariamente ou em dias alternados por via SC Suspender o medicamento Em caso de não resposta, pode-se aumentar Manter a dose até obter quando houver resposta da a dose em 10 mg/kg/dia a cada 14 dias até contagens de neutrófilos doença de base ao 120 mg/kg/dia, visando manter a contagem > 1000/mm3. A seguir, tratamento de neutrófilos entre 1.000-1.500/mm3. reduzir para a menor dose imunossupressor ou após Buscar sempre a menor dose efetiva para efetiva para manter 90 dias de uso. manter > 500/mm3 neutrófilos. neutrófilos > 500/mm3. 52
  • 53. Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais Fluxograma de Dispensação de Filgrastim ou Molgramostim Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais Fluxograma de Dispensação de filgrastim ou molgramostim Anemia aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias constitucionais Paciente solicita o CID-10: D46.0, D46.1, D46.7, D61.0, D61.1, D61.2, D61.3, D61.8, D70, Z94.8 medicamento. Exames: ✓ hemograma ✓ aspirado de medula óssea (para uso crônico) Exames não obrigatórios: ✓ plaquetas ✓ ALT, AST ✓ creatinina Possui LME corretamente ✓ ácido úrico preenchido e demais Dose: 5 mg/kg/dia de filgrastim ou documentos exigidos? molgramostim com esquema que pode variar Não Sim de acordo com a doença Orientar o CID-10, exames e Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais paciente. dose estão de acordo Não Sim com o preconizado pelo PCDT? Encaminhar o Realizar entrevista paciente ao farmacoterapêutica inicial médico assistente. com o farmacêutico. Processo Não Sim deferido? Não dispensar e Orientar o justificar ao Exames necessários para monitorização: paciente. paciente. ✓ hemograma completo e plaquetas Periodicidade: inicialmente 2 a 3x por semana, aumentando a periodicidade de acordo critério clínico ✓ ALT, AST, creatinina, ácido úrico Periodicidade: a cada mês ✓ aspirado de medula óssea (em casos de uso crônico) Dispensação a cada mês de Periocidade: a cada 6 meses a 1 ano tratamento Entrevista farmacoterapêutica de monitorização Paciente apresentou alteração nos exames não compatível Sim Não com o curso do tratamento ou eventos adversos significativos? Dispensar* e solicitar parecer do médico Dispensar. assistente. * Observação: para anemia aplástica grave: interromper antes de 90 dias caso ocorra resposta da doença de base à terapia imunossupressora: não dispensar. 53
  • 54. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais 1 Dados do Paciente Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN: ____________/ _____/ ______ Idade: ______Peso: _____ Altura: ______ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 Avaliação Farmacoterapêutica 2.1 Qual a doença de base? o Anemia aplástica o Mielodisplasia o Neutropenias constitucionais 2.2 Possui outras doenças diagnosticadas? o não o sim g Quais? ________________________________________________________________________ 2.3 Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim 2.4 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não o sim g Quais? A que medicamentos? ______________________________________________________ 3 Monitorização do Tratamento Exames Laboratoriais Exames Inicial 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Previsão de data Data Hemoglobina Hematócrito Leucócitos Linfócitos Neutrófilos Plaquetas ALT* AST* Creatinina* Ácido úrico* * Exames preconizados quando o medicamento for utilizado por período prolongado. 54
  • 55. Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais 3.1 Encontram-se os neutrófilos dentro da normalidade? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente 3.2 Encontram-se ALT, AST, creatinina e ácido úrico dentro da normalidade? não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (possibilidade de toxicidade hepática e renal e hiperuricemia) sim g Dispensar 3.3 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.4 3.4 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente Tabela de Registro de Eventos Adversos Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais Data da Evento adverso *Intensidade q Conduta entrevista Principais reações adversas já relatadas: cefaleia, infarto do miocárdio, arritmias, hipotensão, anorexia, náuseas, alterações no paladar, dor no peito, reações alérgicas de pele, prurido, dor em ossos, músculos e articulações, fotofobia, alterações oftalmológicas, febre, esplenomegalia e ruptura de baço * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever) 55
  • 56. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 56
  • 57. Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais Guia de Orientação ao Paciente Filgrastim e Molgramostim este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. o medicamento é utilizado no tratamento de anemia aplástica, mielodisplasia e neutropenias constitucionais. 1 Doenças • Anemia aplástica, mielodisplasia e neutropenias constitucionais são doenças que podem causar diminuição das defesas do organismo, aumentando o risco de infecções. 2 Medicamento • Este medicamento fortalece as defesas do organismo, aumentando a quantidade de células brancas no sangue e diminuindo o risco de infecções. Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais 3 Guarda do medicamento • O medicamento deve ser guardado na geladeira, mas não deve ser congelado. • Mantenha o medicamento fora do alcance das crianças. 4 Administração do medicamento • Você poderá fazer as aplicações em hospital, sob supervisão de um profissional de enfermagem, ou em casa. Neste caso, as normas básicas de aplicação das injeções devem ser seguidas. Procure orientação de um profissional de saúde. • O medicamento pode ser usado por via intravenosa ou subcutânea. • Siga corretamente as orientações do médico em relação à via e respeite o horário de aplicação. • Procure orientações com o farmacêutico sobre como descartar de forma adequada as seringas e agulhas após o uso. 5 Reações desagradáveis • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, tais como dor de cabeça, batimentos irregulares do coração, tontura, perda de apetite, náuseas, alterações no paladar, reações alérgicas de pele, dor em ossos, músculos e juntas, sensibilidade à luz e problemas oculares. • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 Uso de outros medicamentos • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. 7 Realização dos exames de laboratório • A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento no seu organismo. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o tratamento. 57
  • 58. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 8 Para seguir recebendo o medicamento • Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos: − Receita médica atual − Cartão Nacional de Saúde ou RG − Exames: hemograma e plaquetas com intervalos de realização a critério médico; ALT, AST, creatinina e ácido úrico a cada mês; aspirado de medula óssea a cada 6 meses a 1 ano ou com intervalos de realização a critério médico 9 Em caso de dúvida • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 10 Outras informações _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira. se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. 58
  • 59. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina Portaria SAS/MS no 226, de 10 de maio de 2010. (Retificada em 27.08.10) 1 Metodologia de busca da literatura Foi realizada busca de artigos nas bases de dados do Medline/Pubmed, Embase e Cochrane, limitada aos últimos 10 anos até 31 de janeiro de 2010. Foram selecionados ensaios clínicos randomizados, metanálises e revisões sistemáticas envolvendo o tratamento farmacológico da anemia na doença renal crônica, tendo sido excluídos estudos cujos desfechos não tivessem relevância clínica ou cujo fármaco não tivesse registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No Medline/Pubmed, foi utilizada a estratégia de busca “Kidney Failure, Chronic”[Mesh] AND “Anemia”[Mesh] AND (“humans”[Mesh Terms] AND (Meta-Analysis[ptyp] OR Randomized Controlled Trial[ptyp]). A pesquisa encontrou 107 estudos, dos quais 24 foram julgados relevantes para o protocolo. Nova busca com a mesma estratégia, porém sem limite de data, identificou outros 4 estudos que foram incluídos tendo em vista sua importância histórica. No Embase, foi utilizada a estratégia de busca ‘chronic kidney failure’/exp AND ‘drug therapy’/exp AND ([cochrane review]/lim OR [controlled clinical trial]/lim OR [meta analysis]/lim OR [randomized controlled trial]/lim OR [systematic review]/lim) AND [humans]/lim AND [embase]/lim. Os 86 estudos identificados foram analisados. Foram incluídos 3 estudos adicionais em relação àqueles já encontrados na busca do Pubmed. Na biblioteca Cochrane, utilizando-se a expressão “chronic kidney failure anemia”, foram localizadas 3 revisões sistemáticas, incluídas na elaboração do protocolo. Estas buscas foram realizadas no dia 09/02/10. Foi consultado ainda o UpToDate, versão 17.3, através do site http://www.uptodateonline.com, e livros-texto de Nefrologia. 2 Introdução Anemia é definida como um estado de deficiência de massa eritrocitária e hemoglobina, resultando em aporte insuficiente de oxigênio para órgãos e tecidos. Os valores normais de hematócrito e hemoglobina variam em relação a idade, gênero, raça e outros fatores. O conceito clássico, segundo a Organização Mundial de Saúde, considera que há anemia quando a hemoglobina for < 13 g/dl em homens e mulheres na pós-menopausa e < 12 g/dl em mulheres na pré-menopausa. Esta condição estará presente em até 90% dos pacientes com insuficiência renal crônica (IRC) e taxa de filtração glomerular < 25-30 ml/min1,2. A anemia na IRC pode se desenvolver em decorrência de qualquer uma das condições hematológicas que afetam a população geral. Porém a causa mais comum, sobretudo nos pacientes com doença mais avançada, é a deficiência de eritropoetina. Essa glicoproteína, produzida pelos rins, atua na medula óssea estimulando as células progenitoras da série eritroide. Os maiores estímulos para sua produção são anemia e hipóxia tecidual. Em pacientes com IRC, os níveis produzidos estão aquém do esperado para o grau de anemia apresentado deficiência relativa de sua produção. Isso decorre da perda progressiva de néfrons ao longo da história natural da IRC, com consequente limitação à produção de eritropoetina3,4. Além da menor produção de eritrócitos, em razão dos níveis insuficientes de eritropoetina, pacientes com IRC apresentam também menor meia-vida eritrocitária decorrente de um pequeno grau de hemólise. Tal alteração pode ser parcialmente corrigida com a suplementação de eritropoetina exógena4. A manutenção de estoques corporais adequados de ferro é fundamental para boa resposta ao tratamento com alfapoetina, sendo a deficiência de ferro ou sua reduzida disponibilidade as principais causas Consultores: Guilherme Geib, Pedro Renato Chocair, Carlos Alberto Prompt, Fernando Saldanha Thomé, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 59
  • 60. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas de falha do tratamento. Estima-se que pacientes em hemodiálise percam em média 2 g de ferro por ano pelo método dialítico, além de perdas resultantes de outras causas (gastrointestinais, coletas de sangue frequentes, etc.), justificando-se a necessidade de avaliação sistemática e reposição apropriada5. A presença de anemia acarreta uma série de consequências aos pacientes com IRC. A qualidade de vida é afetada, uma vez que da anemia decorrem, dentre outros, sintomas como fadiga, dispneia, prejuízo da capacidade cognitiva. Há ainda uma predisposição a eventos cardiovasculares6-8, com aumento da mortalidade relacionada9 e, possivelmente, aumento da mortalidade geral destes pacientes10,11. O maior número de eventos acaba por levar a um maior número de hospitalizações com aumento de custos ao sistema de saúde3,4. A correção da anemia através do uso de alfaepoetina praticamente suprimiu a necessidade de transfusões sanguíneas e os riscos a elas associados e, além disso, promoveu benefícios em relação à melhora da qualidade de vida e do desempenho físico e cognitivo e a redução do número de hospitalizações12. Entretanto, estudos recentes têm demonstrado que a manutenção de um alvo de hemoglobina > 13 g/dl associou-se a aumento da morbimortalidade13. Diante disto, a faixa terapêutica atualmente recomendada para hemoglobina situa-se entre 10-12 g/dl. No Brasil, estima-se, a partir dos dados do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, que, em 2008 e 2009, respectivamente, 72.730 e 75.822 pacientes submeteram-se a diálise e cerca de 90% deles, a hemodiálise. O uso de alfaepoetina fez parte do tratamento de mais de 80% destes pacientes. 3 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • N18.0 Doença renal em estádio final • N18.8 Outra insuficiência renal crônica 4 Diagnóstico A presença de anemia deve ser sistematicamente avaliada em pacientes com IRC, sobretudo nos com sinais/sintomas sugestivos, como fadiga, dispneia, descoramento de mucosas, taquicardia, dentre outros. Avaliação clínica completa deve ser realizada a fim de excluir outras causas de anemia. O diagnóstico de anemia se estabelece pela presença de hemoglobina < 13 g/dl em homens e mulheres na pós-menopausa e < 12 g/dl em mulheres na pré-menopausa. A avaliação laboratorial deve incluir hemograma completo, dosagem de ferritina e saturação da transferrina. A necessidade de exames adicionais, para diagnóstico diferencial de outras doenças que cursam com anemia, dependerá da avaliação clínica individualizada. Em pacientes com anemia decorrente de IRC, o hemograma costuma revelar anemia do tipo doença crônica, ou seja, normocítica e normocrômica. As reservas de ferro devem ser avaliadas e corrigidas conforme Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Anemia na Insuficiência Renal Crônica – Reposição de Ferro III. 5 Critérios de inclusão Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes com IRC que apresentarem todas as condições abaixo: • doença renal crônica nos estágios 3-5, definida como taxa de filtração glomerular calculada < 60 ml/min por 1,73 m2; • presença de anemia com nível de hemoglobina ≤10 g/dl; • reservas adequadas de ferro, definidas por ferritina sérica >100 ng/dl e saturação da transferrina > 20% em pacientes em tratamento conservador ou diálise peritoneal e ferritina sérica > 200 ng/dl e saturação da transferrina > 20% em pacientes em hemodiálise. 6 Critérios de exclusão Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem: • hipersensibilidade ou intolerância ao medicamento ou a um de seus componentes; • hipertensão arterial sistêmica não controlada (níveis > 140/90 mmHg) mesmo com uso de 3 anti- hipertensivos; • anemia de outras etiologias. 60
  • 61. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina 7 Casos especiais Os riscos e benefícios do uso de alfaepoetina durante a gestação devem ser criteriosamente avaliados antes de sua utilização. Há evidências de que o medicamento causa anormalidades em animais, mas o risco em humanos ainda não está definido. O benefício do produto, porém, pode justificar o risco na gravidez. Não se sabe se o medicamento é excretado pelo leite materno. O uso de alfaepoetina para correção da anemia em pacientes com câncer está associado com aumento das taxas de recidiva de tumores sólidos e potencial aumento da mortalidade relacionada à doença. Diante disto, deve ser utilizada com muita cautela em pacientes com anemia por IRC e diagnóstico de câncer. 8 Tratamento A suplementação de alfaepoetina em pacientes com IRC tem o potencial de reduzir de forma importante a necessidade de transfusões, com seus riscos associados, além de contribuir para evitar a sobrecarga de ferro, reduzir a massa ventricular esquerda e melhorar a qualidade de vida dos pacientes12. Os benefícios do tratamento foram avaliados em metanálise publicada por Jones e cols.14. Além do aumento dos níveis de hemoglobina e consequente melhora da qualidade de vida e redução da Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina necessidade de transfusões, os pacientes ainda tiveram substancial redução na taxa de hospitalizações. Há diferentes agentes estimuladores da eritropoese, como alfaepoetina, betaepoetina, darbepoetina e ativadores contínuos do receptor da eritropoetina (CERA), sendo a posologia a principal diferença entre eles. A alfaepoetina, por ser o representante mais bem estudado, com maior experiência de uso clínico e perfil de segurança a longo prazo conhecido, permanece como agente de escolha no tratamento da anemia na IRC. Quando comparada à alfaepoetina, a darbepoetina não mostrou vantagens em termos de eficácia15. Não foram localizados ensaios clínicos randomizados comparando a eficácia de betaepoetina ou ativadores contínuos do receptor da eritropoetina com o tratamento padrão, alfaepoetina. Diante disto, seu uso permanece experimental, não sendo recomendado por este protocolo. Pacientes em tratamento conservador e em diálise peritoneal Pacientes com IRC em tratamento conservador ou em programa de diálise peritoneal beneficiam-se do uso de alfaepoetina para correção de anemia. Estudo publicado por Revicki e cols.16 comparou seu uso contra observação em 83 pacientes com IRC em tratamento conservador. A anemia foi corrigida em 79% dos que receberam alfaepoetina e em 0% dos controles. Houve ainda melhora significativa no desempenho físico e cognitivo, além de outros itens relacionados à qualidade de vida. O impacto da correção da anemia na qualidade de vida de pacientes com IRC em tratamento conservador foi avaliado em estudo publicado por Alexander e cols.17. Os autores demonstraram que a correção da anemia correlacionou-se com melhoras estatistica e clinicamente significativas em escores de qualidade de vida. Revisão sistemática da Cochrane18 buscou avaliar a eficácia da alfaepoetina no tratamento da anemia em pacientes com IRC em tratamento conservador. Os autores concluíram que o tratamento corrige a anemia, evita transfusões e melhora a qualidade de vida e a capacidade física. Apesar de a anemia ser um conhecido fator de risco para a progressão da IRC, persiste motivo de debate se sua correção poderia retardar a necessidade de hemodiálise. Em estudo publicado por Gouva e cols.19, incluindo 88 pacientes com IRC em tratamento conservador, o uso precoce de alfaepoetina (definido como início de alfaepoetina com hemoglobina entre 9-11 g/dl) associou-se com retardo na progressão da doença e na necessidade de diálise em relação ao grupo que iniciou alfaepoetina tardiamente (início quando hemoglobina < 9 g/dl). Por outro lado, no estudo CREATE20, que randomizou 603 pacientes com IRC nos estágios 3 e 4 com alvos de hemoglobina entre 11-12,5 g/dl (grupo intervenção) ou 10,5-11,5 g/dl (grupo controle), não houve diferença em relação à progressão da doença e mais pacientes no grupo intervenção necessitaram de diálise. A massa ventricular esquerda também não parece diferir quando a alfaepoetina é iniciada mais precocente21,22. A frequência de administração de alfaepoetina em pacientes com IRC em tratamento conservador foi motivo do estudo PROMPT23. Os pacientes foram randomizados para 1 dos 4 braços 61
  • 62. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas de tratamento com alfaepoetina subcutânea: 10.000 UI, 1 vez por semana; 20.000 UI, a cada 2 semanas; 30.000 UI, a cada 3 semanas; e 40.000 UI, a cada 4 semanas. O desfecho primário foi o nível de hemoglobina ao final das 16 semanas de tratamento. Não houve diferença estatisticamente significativa em relação aos níveis de hemoglobina e em medidas de qualidade de vida ao final do tratamento. Cerca de 90% dos pacientes dos grupos que receberam alfaepoetina a cada 1 ou 2 semanas e 75% daqueles dos grupos que a receberam a cada 3 ou 4 semanas mantiveram hemoglobina > 11 g/dl ao final do estudo. Os autores concluíram que menor frequência de administração de alfaepoetina pode ser efetiva e flexibilizaria o tratamento da anemia nesse grupo de pacientes. Em outro estudo, publicado por Pergola e cols.24, a administração de alfaepoetina semanalmente ou a cada 2 semanas mostrou-se igualmente eficaz em pacientes com IRC nos estágios 3-4. Pacientes em hemodiálise Os benefícios do uso de alfaepoetina no tratamento da anemia em pacientes com IRC em hemodiálise foram claramente demonstrados no clássico estudo publicado por Eschbach e cols.12. Os 333 pacientes incluídos, com hematócrito < 30% e reservas adequadas de ferro, virtualmente eliminaram a necessidade de transfusões sanguíneas após 2 meses de tratamento com alfaepoetina, uma vez que tiveram a anemia corrigida. A dose média de alfaepoetina, utilizada por via intravenosa, foi de 75 UI/kg, 3 vezes por semana. Os pacientes tiveram ainda melhora significativa na qualidade de vida. A frequência de administração de alfaepoetina em pacientes em hemodiálise foi estudada por Lee e cols.25. Os 84 pacientes foram randomizados entre 2 grupos: o grupo intervenção, que recebia alfaepoetina 1 vez por semana por via subcutânea, e o grupo controle, que recebia alfaepoetina 2 ou 3 vezes por semana (conforme uso prévio) por via subcutânea. Não houve diferença estatisticamente significativa em relação a níveis de hemoglobina e doses de alfaepoetina após 12 semanas, desfechos principais do estudo. Tais resultados sugerem que o uso de dose única semanal pode ser uma opção no tratamento de manutenção deste grupo de pacientes. Revisão sistemática da Cochrane, publicada anteriormente ao estudo de Lee e cols.25, avaliou o impacto de diferentes frequências de administração subcutânea de alfaepoetina na correção da anemia em pacientes em diálise26. Os níveis de hemoglobina foram semelhantes, independentemente da frequência do uso da alfaepoetina (1, 2 ou 3 vezes por semana). A dose única semanal associou-se com necessidade adicional de 12 UI/kg de alfaepoetina. Não houve diferença em relação à ocorrência de efeitos adversos. Reservas de ferro A manutenção de reservas adequadas de ferro associa-se à necessidade de menores doses de alfaepoetina para correção da anemia dos pacientes. Em vista disto, todos os pacientes devem ser avaliados e tratados de acordo com o PCDT de Anemia na Insuficiência Renal Crônica – Reposição de Ferro III. Via de administração A melhor via de administração de alfaepoetina permanece motivo de debate, sobretudo em relação aos pacientes em hemodiálise. Para os que estiverem em tratamento conservador e em programa de diálise peritoneal, a via preferencial é a subcutânea. A comparação entre a administração de alfaepoetina por via subcutânea ou intravenosa foi o objetivo do estudo publicado por Kaufman e cols.27. Os autores demonstraram que o uso subcutâneo foi capaz de manter os níveis de hemoglobina com uma dose de alfaepoetina 30% menor do que a administrada por via intravenosa, o que gerou significativa redução de custos ao tratamento. A taxa relatada de desconforto no local da aplicação foi muito baixa, com 86% dos pacientes que receberam alfaepoetina por via subcutânea graduando o desconforto como leve ou ausente. Estudo publicado por Messa e cols.28 buscou comparar a eficácia da administração intravenosa em relação à subcutânea no tratamento da anemia em pacientes em hemodiálise. Os resultados demonstraram que a administração intravenosa semanal foi inferior à subcutânea semanal e à intravenosa dividida em 3 doses semanais. Níveis-alvo de hemoglobina Metanálise publicada por Phrommintikul e cols.13, incluindo mais de 5.000 pacientes provenientes de 9 ensaios clínicos (entre eles os recentes estudos CREATE20 e CHOIR29), buscou avaliar a relação entre nível-alvo de hemoglobina e eventos cardiovasculares e mortalidade geral e atualizou os resultados de revisão 62
  • 63. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina sistemática prévia da Cochrane30. Os autores verificaram que a manutenção de níveis mais elevados de hemoglobina (entre 12-16 g/dl) associou-se com aumento da mortalidade geral, além de maior número de trombose de fístula arteriovenosa e de casos de hipertensão de difícil controle. Não houve diferença em relação à ocorrência de infartos do miocárdio ou hipertrofia ventricular esquerda. Em outra metanálise, publicada por Clement e cols.31, não foram observadas vantagens clinicamente relevantes em relação à qualidade de vida na manutenção da hemoglobina em níveis > 12 g/dl. Visando avaliar especificamente o impacto do nível de hemoglobina na hipertrofia ventricular esquerda, Parfrey e cols.32 publicaram metanálise demonstrando ausência de benefício em manter níveis > 12 g/dl quando comparados a níveis convencionais. Diante destes resultados, pode-se concluir que buscar a correção completa da anemia, mantendo-se níveis de hemoglobina > 12 g/dl, não traz benefícios adicionais em relação ao controle sintomático e à qualidade de vida e pode levar a aumento da morbimortalidade. Recomenda-se, portanto, que o tratamento vise alvos de hemoglobina entre 10-12 g/dl. 8.1 Fármaco Alfaepoetina: frasco-ampola com 1.000 UI, 2.000 UI, 3.000 UI, 4.000 UI e 10.000 UI 8.2 Esquema de administração Pacientes em tratamento conservador ou em programa de diálise peritoneal podem ser tratados Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina inicialmente com uma das seguintes opções, ajustadas posteriormente de acordo com a resposta terapêutica: • 50-100 UI/kg, por via subcutânea, divididas em 1-3 aplicações por semana; • 10.000 UI, por via subcutânea, 1 vez por semana; • 20.000 UI, por via subcutânea, 1 vez a cada 2 semanas. Pacientes em hemodiálise podem ser tratados inicialmente com uma das seguintes opções, ajustadas posteriormente de acordo com a resposta terapêutica: • 50-100 UI/kg, por via subcutânea, divididas em 1-3 aplicações por semana; • 50-100 UI/kg, por via intravenosa, divididas em 3 aplicações por semana. Diversos nomogramas para ajuste de dose de alfaepoetina foram descritos em pacientes com IRC33-35. A maioria, contudo, não foi validada de forma prospectiva. Inexistem comparações diretas entre diferentes estratégias de ajuste de dose. Sugere-se que os pacientes tenham a hemoglobina monitorizada a cada 2 semanas após cada ajuste de dose até a estabilização e, a partir de então, a cada 4 semanas. As doses devem ser corrigidas conforme o nível de hemoglobina: • se, após 4 semanas de tratamento, a elevação de hemoglobina for < 0,3 g/dl por semana, aumentar a dose em 25%, respeitando o limite da dose máxima, que é de 300 UI/kg/semana por via subcutânea e de 450 UI/kg/semana por via intravenosa; • se, após 4 semanas de tratamento, a elevação de hemoglobina estiver no intervalo de 0,3- 0,5 g/dl por semana, manter a dose em uso; • se, após 4 semanas, a elevação de hemoglobina for > 0,5 g/dl por semana ou o nível de hemoglobina estiver entre 12-13 g/dl, reduzir a dose em 25%-50%, respeitando o limite da dose mínima recomendada, que é de 50 UI/kg/semana por via subcutânea; • suspender temporariamente o tratamento se o nível de hemoglobina estiver > 13 g/dl. 8.3 Tempo de tratamento – Critérios de interrupção O tratamento deve ser mantido de forma contínua, visando o alvo de hemoglobina de 11 g/dl. Recomenda-se a interrupção temporária do tratamento se os níveis de hemoglobina forem > 13 g/dl, com reinício do mesmo quando os níveis estiverem < 11 g/dl. Deve ser considerada a suspensão do tratamento na ocorrência de evento adverso grave. 63
  • 64. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 8.4 Benefícios esperados O tratamento com alfaepoetina tem como benefícios a correção da anemia, com consequente redução da necessidade de transfusões e do número de hospitalizações, além da melhora sintomática da qualidade de vida e da capacidade cognitiva e do desempenho físico. 9 Monitorização A resposta ao tratamento deve ser acompanhada por dosagens de hemoglobina a serem realizadas a cada 2 semanas até a estabilização dos níveis e após cada ajuste de dose. Quando houver nível de hemoglobina estável após 2 medidas consecutivas, a frequência de aferição pode ser mensal. Deve-se atentar para a necessidade de monitorização concomitante das reservas de ferro, conforme o PCDT específico. Tendo em vista que o uso de alfaepoetina está associado com o desenvolvimento de hipertensão arterial de difícil controle, os pacientes devem ter a pressão arterial aferida pelo menos a cada 15 dias, independentemente de história prévia de hipertensão arterial sistêmica. Deve ser considerada a suspensão de alfaepoetina na presença de hipertensão arterial estágio 2 (pressão sistólica ≥ 160 ou pressão diastólica ≥ 100 mmHg) refratária ao tratamento com 3 diferentes fármacos em dose-alvo, uma vez que esta situação pode estar relacionada com aumento da mortalidade13. A aplasia pura da série eritroide é um evento raro que pode decorrer do uso de agentes estimuladores da eritropoese. A condição clínica caracteriza-se por anemia grave, baixa contagem de reticulócitos e ausência de precursores eritroides na medula óssea, na presença de normalidade das outras séries (leucócitos e plaquetas) e resulta da produção de anticorpos neutralizantes da eritropoetina, seja endógena ou exógena. Sua ocorrência é estimada em 1,6 por 10.000 pacientes/ano com o uso de alfaepoetina por via subcutânea, havendo raros relatos de uso intravenoso. Recomenda-se que sejam avaliados para esta condição os pacientes em uso de alfaepoetina há pelo menos 4 semanas e que desenvolvam: • queda da hemoglobina > 0,5 g/dl por semana na ausência de transfusões ou necessidade de transfusão de pelo menos uma unidade de hemácias por semana para manter os níveis de hemoglobina; • contagens normais de leucócitos e plaquetas; • contagem absoluta de reticulócitos < 10.000/ml. Na ocorrência de aplasia pura da série eritroide, o uso de alfaepoetina deve ser suspenso, e tratamento específico, instituído, conforme PCDT da Aplasia Pura Adquirida da Série Vermelha. Considera-se resposta inadequada ao tratamento a persistência de anemia (níveis de hemoglobina < 10-12 g/dl) ou a necessidade de doses muito altas de alfaepoetina (300 UI/kg/semana por via subcutânea e 450 UI/kg/semana por via intravenosa). Os pacientes devem ser inicialmente avaliados em relação à adequada reserva de ferro, de acordo com o PCDT Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Reposição de Ferro III, pois esta é a causa mais comum. Nos pacientes com reservas de ferro adequadas, outras causas devem ser afastadas, como outras anemias carenciais (deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico), hiperparatireoidismo secundário não controlado, terapia dialítica inadequada, doenças inflamatórias/infecciosas crônicas, neoplasias (sólidas e hematológicas), mielofibrose, síndromes mielodisplásicas, hemoglobinopatias, intoxicação por alumínio, aplasia pura da série eritroide. Nestes casos, tratamento específico deve ser instituído3,36. 10 Regulação/controle/avaliação pelo gestor Os pacientes devem ser acompanhados em serviços especializados de hemodiálise/nefrologia. Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas e a adequação de uso do medicamento. 11 Termo de Esclarecimento e Responsabilidade – TER É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 64
  • 65. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina 12 Referências Bibliográficas 1. Hsu CY, Bates DW, Kuperman GJ, Curhan GC. Relationship between hematocrit and renal function in men and women. Kidney Int. 2001;59(2):725-31. 2. Kazmi WH, Kausz AT, Khan S, Abichandani R, Ruthazer R, Obrador GT, et al. Anemia: an early complication of chronic renal insufficiency. Am J Kidney Dis. 2001;38(4):803-12. 3. Berns JS. Erythropoietin for the anemia of chronic kidney disease in hemodialysis patients [Internet]. Waltham (MA): UpToDate; 2009 [cited 2010 May 20]. Available from: http://www.uptodate.com/patients/content/topic.do ?topicKey=~yYkpYJgCgMsBCSc&selectedTitle=1~150. 4. Fishbane S. Hematologic Aspects of Kidney Disease. In: Brenner BM, editor. Brenner and Rector’s The Kidney. 8th ed. Philadelphia: WB Saunders; 2007. p. 1728-38. 5. Eschbach JW, Cook JD, Scribner BH, Finch CA. Iron balance in hemodialysis patients. Ann Intern Med. 1977;87(6):710-3. 6. Abramson JL, Jurkovitz CT, Vaccarino V, Weintraub WS, McClellan W. Chronic kidney disease, anemia, and incident stroke in a middle-aged, community-based population: the ARIC Study. Kidney Int. 2003;64(2):610-5. 7. Jurkovitz CT, Abramson JL, Vaccarino LV, Weintraub WS, McClellan WM. Association of high serum creatinine and anemia increases the risk of coronary events: results from the prospective community-based atherosclerosis risk in communities (ARIC) study. J Am Soc Nephrol. 2003;14(11):2919-25. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina 8. Sarnak MJ, Tighiouart H, Manjunath G, MacLeond B, Griffith J, Salem D, et al. Anemia as a risk factor for cardiovascular disease in The Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC) study. J Am Coll Cardiol. 2002;40(1):27-33. 9. McClellan WM, Flanders WD, Langston RD, Jurkovitz C, Presley R. Anemia and renal insufficiency are independent risk factors for death among patients with congestive heart failure admitted to community hospitals: a population-based study. J Am Soc Nephrol. 2002;13(7):1928-36. 10. Locatelli F, Pisoni RL, Combe C, Bommer J, Andreucci VE, Piera L, et al. Anaemia in haemodialysis patients of five European countries: association with morbidity and mortality in the Dialysis Outcomes and Practice Patterns Study (DOPPS). Nephrol Dial Transplant. 2004;19(1):121-32. 11. Levin A. The relationship of haemoglobin level and survival: direct or indirect effects? Nephrol Dial Transplant. 2002;17(Suppl 5):8-13. 12. Eschbach JW, Abdulhadi MH, Browne JK, Delano BG, Downing MR, Egrie JC, et al. Recombinant human erythropoietin in anemic patients with end-stage renal disease. Results of a phase III multicenter clinical trial. Ann Intern Med. 1989;111(12):992-1000. 13. Phrommintikul A, Haas SJ, Elsik M, Krum H. Mortality and target haemoglobin concentrations in anaemic patients with chronic kidney disease treated with erythropoietin: a meta-analysis. Lancet. 2007;369(9559):381-8. 14. Jones M, Ibels L, Schenkel B, Zagari M. Impact of epoetin alfa on clinical end points in patients with chronic renal failure: a meta-analysis. Kidney Int. 2004;65(3):757-67. 15. Vanrenterghem Y, Bárány P, Mann JF, Kerr PG, Wilson J, Baker NF, et al. Randomized trial of darbepoetin alfa for treatment of renal anemia at a reduced dose frequency compared with rHuEPO in dialysis patients. Kidney Int. 2002;62(6):2167-75. 16. Revicki DA, Brown RE, Feeny DH, Henry D, Teehan BP, Rudnick MR, et al. Health-related quality of life associated with recombinant human erythropoietin therapy for predialysis chronic renal disease patients. Am J Kidney Dis. 1995;25(4):548-54. 17. Alexander M, Kewalramani R, Agodoa I, Globe D. Association of anemia correction with health related quality of life in patients not on dialysis. Curr Med Res Opin. 2007;23(12):2997-3008. 18. Cody J, Daly C, Campbell M, et al. Recombinant human erythropoietin for chronic renal failure anaemia in pre-dialysis patients. Cochrane Database Syst Rev. 2005;(3):CD003266. 19. Gouva C, Nikolopoulos P, Ioannidis JP, Siamopoulos KC. Treating anemia early in renal failure patients slows the decline of renal function: a randomized controlled trial. Kidney Int. 2004;66(2):753-60. 20. Drüeke TB, Locatelli F, Clyne N, Eckardt KU, Macdougall IC, Tsakiris D, et al. Normalization of hemoglobin level in patients with chronic kidney disease and anemia. N Engl J Med. 2006;355(20):2071-84. 21. Macdougall IC, Temple RM, Kwan JT. Is early treatment of anaemia with epoetin-alpha beneficial to pre- dialysis chronic kidney disease patients? Results of a multicentre, open-label, prospective, randomized, comparative group trial. Nephrol Dial Transplant. 2007;22(3):784-93. Epub 2006 Sep 12. 65
  • 66. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 22. Roger SD, McMahon LP, Clarkson A, Disney A, Harris D, Hawley C, et al. Effects of early and late intervention with epoetin alpha on left ventricular mass among patients with chronic kidney disease (stage 3 or 4): results of a randomized clinical trial. J Am Soc Nephrol. 2004;15(1):148-56. 23. Provenzano R, Bhaduri S, Singh AK; PROMPT Study Group. Extended epoetin alfa dosing as maintenance treatment for the anemia of chronic kidney disease: the PROMPT study. Clin Nephrol. 2005;64(2):113-23. 24. Pergola PE, Gartenberg G, Fu M, Wolfson M, Rao S, Bowers P. A randomized controlled study of weekly and biweekly dosing of epoetin alfa in CKD Patients with anemia. Clin J Am Soc Nephrol. 2009;4(11):1731-40. Epub 2009 Sep 17. 25. Lee YK, Kim SG, Seo JW, Oh JE, Yoon JW, Koo JR, et al. A comparison between once-weekly and twice- or thrice- weekly subcutaneous injection of epoetin alfa: results from a randomized controlled multicentre study. Nephrol Dial Transplant. 2008;23(10):3240-6. Epub 2008 May 9. 26. Cody J, Daly C, Campbell M, et al. Frequency of administration of recombinant human erythropoietin for anaemia of end- stage renal disease in dialysis patients. Cochrane Database Syst Rev. 2005;(3):CD003895. 27. Kaufman JS, Reda DJ, Fye CL, Goldfarb DS, Henderson WG, Kleinman JG, et al. Subcutaneous compared with intravenous epoetin in patients receiving hemodialysis. Department of Veterans Affairs Cooperative Study Group on Erythropoietin in Hemodialysis Patients. N Engl J Med. 1998;339(9):578-83. 28. Messa P, Nicolini MA, Cesana B, Brezzi B, Zattera T, Magnasco A, et al. Efficacy prospective study of different frequencies of Epo administration by i.v. and s.c. routes in renal replacement therapy patients. Nephrol Dial Transplant. 2006;21(2):431-6. Epub 2005 Oct 25. 29. Singh AK, Szczech L, Tang KL, Banhart H, Sapp S, Wolfson M, et al. Correction of anemia with epoetin alfa in chronic kidney disease. N Engl J Med. 2006;355(20):2085-98. 30. Strippoli GF, Navaneethan SD, Craig JC. Haemoglobin and haematocrit targets for the anaemia of chronic kidney disease. Cochrane Database Syst Rev. 2006;(4):CD003967. 31. Clement FM, Klarenbach S, Tonelli M, Johnson JA, Manns BJ. The impact of selecting a high hemoglobin target level on health-related quality of life for patients with chronic kidney disease: a systematic review and meta-analysis. Arch Intern Med. 2009;169(12):1104-12. 32. Parfrey PS, Lauve M, Latremouille-Viau D, Lefebvre P. Erythropoietin therapy and left ventricular mass index in CKD and ESRD patients: a meta-analysis. Clin J Am Soc Nephrol. 2009;4(4):755-62. Epub 2009 Apr 1. 33. Tolman C, Richardson D, Bartlett C, Will E. Structured conversion from thrice weekly to weekly erythropoietic regimens using a computerized decision-support system: a randomized clinical study. J Am Soc Nephrol. 2005;16(5):1463-70. Epub 2005 Mar 23. 34. Brimble KS, Rabbat CG, McKenna P, Lambert K, Carlisle EJ. Protocolized anemia management with erythropoietin in hemodialysis patients: a randomized controlled trial. J Am Soc Nephrol. 2003;14(10):2654-61. 35. Patterson P, Allon M. Prospective evaluation of an anemia treatment algorithm in hemodialysis patients. Am J Kidney Dis. 1998;32(4):635-41. 36. Rossert J, Gassmann-Mayer C, Frei D, McClellan W. Prevalence and predictors of epoetin hyporesponsiveness in chronic kidney disease patients. Nephrol Dial Transplant. 2007;22(3):794-800. Epub 2007 Jan 8. 66
  • 67. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Alfaepoetina Eu, _____________________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de alfaepoetina, indicada para o tratamento de anemia na insuficiência renal crônica. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _____________________________________________________ (nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer as seguintes melhoras: • correção da anemia e consequente redução da necessidade de transfusões; • melhora dos sintomas e da qualidade de vida; • redução do número de hospitalizações; • melhora da capacidade cognitiva e do desempenho físico. Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento: • os riscos do medicamento ainda não são bem conhecidos na gravidez; portanto, caso engravide, devo avisar imediatamente o médico; • efeitos adversos mais comumente relatados – tonturas, sonolência, febre, dor de cabeça, dor nas juntas e nos músculos, fraqueza e aumento da pressão arterial. Também podem ocorrer problemas graves no coração, como infarto do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais (derrame), além da formação de trombos. Ausência da produção de células vermelhas do sangue foi relatada raramente após meses a anos de tratamento com alfaepoetina; • reações no local da injeção, como queimação e dor, podem ocorrer, mas mais frequentemente em pacientes que receberam o medicamento por via subcutânea do que por via intravenosa; • contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) ao medicamento ou a um de seus componentes e em caso de pressão alta não controlada. • o risco da ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo- me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu tratamento, desde que assegurado o anonimato. Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. 67
  • 68. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica Fluxograma de Tratamento Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica Alfaepoetina Paciente com IRC e anemia Diagnóstico: laboratorial Critérios de inclusão: ✓ insuficiência renal crônica com taxa de filtração glomerular Possui critérios de calculada < 60 ml/min/1,73 m 2 inclusão para ✓ hemoglobina ≤ 10 g/dl tratamento com ✓ reservas adequadas de ferro: Pacientes em tratamento Não alfaepoetina? Sim conservador ou diálise peritoneal ✓ ferritina > 100 ng/dl e saturação da transferrina > 20% Pacientes em hemodiálise Exclusão Possui algum critério ✓ ferritina > 200 ng/dl e saturação da transferrina > 20% do PCDT de exclusão? Sim Não Exclusão do PCDT Encontra-se o paciente em hemodiálise? Não Critérios de exclusão: Sim ✓ hipersensibilidade ou intolerância a alfaepoetina ou a um de seus componentes ✓ hipertensão arterial sistêmica não Alfaepoetina 50-100 UI/kg, por via SC, controlada (níveis > 140/90 mmHg) Alfaepoetina divididas em 1-3 mesmo com uso de pelo menos 3 50-100 UI/kg, por via SC, divididas em anti-hipertensivos) aplicações/semana 1-3 aplicações/semana (via preferencial) ou ✓ anemia de outras etiologias ou 10.000 UI, por via SC, 50-100 UI/kg, por via IV, divididas em 1 vez por semana 3 aplicações/semana ou Objetivos do tratamento: 20.000 UI, por via SC, ✓ nível de hemoglobina entre 1 vez a cada 2 semanas 10-12 g/dl ✓ redução da necessidade de transfusões ✓ melhora dos sintomas e da qualidade de vida Hemoglobina Suspensão temporária do > 13 g/dl? Sim tratamento. Reiniciar Monitorização: quando Hb < 11g/dl. ✓ dosagem de hemoglobina a cada 2 semanas até Não estabilização e após cada ajuste de dose ✓ quando hemoglobina Hemoglobina Reduzir a dose em 25-50%, Sim estável após duas medidas entre 12-13 g/dl? até limite mínimo de dose. consecutivas, passar à frequência mensal Não Elevação de Hb < 0,3 g/dl/semana: Elevação de Hb entre Elevação de Hb > 0,5 g/dl por semana: aumentar a dose em 25% 0,3-0,5 g/dl por semana: (até o limite máximo de 300 UI/kg por semana reduzir a dose em 25%-50% por via SC ou 450 UI/kg por semana por via IV). manter a dose. (até limite mínimo de 50 UI/kg por semana). 68
  • 69. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina Fluxograma de Dispensação de Alfaepoetina Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica Fluxograma de Dispensação de AlfaepoetinaAnemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica CID-10: N18.0, N18.8 Paciente solicita o Exames: medicamento. ✓ hemograma ✓ saturação de transferrina e ferritina ✓ creatinina sérica Doses: Pacientes em tratamento conservador ou em diálise peritoneal ✓ 50 - 100 UI/kg, por via SC, divididas em 1 a 3 vezes por semana Possui LME corretamente ✓ 10.000 UI, por via SC, 1 vez por semana preenchido e demais ✓ 20.000 UI, por via SC, 1 vez a cada 2 semanas documentos exigidos? Pacientes em hemodiálise ✓ 50 - 100 UI/kg, por via SC, divididas em 1 a 3 vezes Não Sim por semana ✓ 50 - 100 UI/kg, por via IV, divididas em 3 vezes Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina por semana Orientar o CID-10, exames e paciente. dose estão de acordo Não Sim com o preconizado pelo PCDT? Encaminhar o Realizar entrevista paciente ao farmacoterapêutica inicial médico assistente. com o farmacêutico. Processo Sim Não deferido? Não dispensar e Orientar o justificar ao paciente. paciente. Exames necessários para monitorização: Dispensação a cada mês de ✓ hemograma e plaquetas Periodicidade: a cada mês ou a critério médico tratamento Entrevista farmacoterapêutica de monitorização Paciente apresentou alteração nos exames não compatível com Sim Não o curso do tratamento ou eventos adversos significativos? Dispensar* e solicitar parecer do médico Dispensar. assistente. * Observação: se hipertensão arterial estágio 2 (pressão sistólica ≥ 160 ou pressão diastólica ≥ 100 mmHg) refratária ou aplasia pura da série eritroide ou Hb > 13g/dl: não dispensar. 69
  • 70. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica Alfaepoetina e Sacarato de Hidróxido de Ferro III 1 Dados do Paciente Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 Avaliação Farmacoterapêutica 2.1 Possui anemia com nível de hemoglobina ≤ 10 g/dl? o não g Não dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente o sim g Indicar o valor da hemoglobina antes do início do tratamento: _______________________________ 2.2 É portador de doença renal crônica? não g Não dispensar (outras causas de anemia não são tratadas neste PCDT) o sim g Qual o estágio? _________________________________________________________________ o 2.3 Apresenta estoques de ferro adequados? (ferritina sérica > 100 ng/dl e saturação da transferrina > 20% em pacientes em tratamento conservador ou diálise peritoneal e ferritina sérica > 200 ng/dl e saturação da transferrina > 20% em pacientes em hemodiálise) não g Passar para a próxima pergunta o sim g Passar para a pergunta 2.5 o 2.4 Possui prescrição de suplementação de ferro? não g Encaminhar o paciente ao médico assistente o sim o 2.5 ossui outras doenças diagnosticadas? P não o sim g Quais? _________________________________________________________________________ o _________________________________________________________________________________________ (para pacientes hipertensos, estão recomendados monitorização rigorosa da pressão arterial e acompanhamento cardiológico) 2.6 Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim 70
  • 71. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina 2.7 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não o sim g Quais? A que medicamentos? ______________________________________________ 3 Monitorização do Tratamento Exames Laboratoriais Inicial 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data prevista Data Hemoglobina* Hematócrito Reticulócitos Leucócitos Plaquetas Ferritina sérica** Saturação de transferrina** Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data prevista Data Hemoglobina* Hematócrito Reticulócitos Leucócitos Plaquetas Ferritina sérica** Saturação de transferrina** * Deve ser monitorizada a cada 2 semanas até a estabilização dos níveis; após, a cada ajuste de dose de alfaepoetina. Quando houver nível de hemoglobina estável após 2 medidas consecutivas, o exame pode ser mensal. ** Deve ser monitorizada a cada mês até atingir o alvo terapêutico; após, a cada 3 meses. 3.1 Após 1 mês de tratamento com alfaepoetina, qual o aumento semanal de hemoglobina? se < 0,3 g/dl g aumentar a dose em 25%, respeitando o limite da dose máxima, que é de 300 UI/kg/semana, por via subcutânea, e de 450 UI/kg/semana, por via intravenosa se 0,3-0,5 g/dl g manter a dose em uso se > 0,5 g/dl ou Hb entre 12 - 13 g/dl g reduzir a dose em 25% - 50%, respeitando o limite da dose mínima recomendada, que é de 50 UI/kg/semana, por via subcutânea 3.2 Apresentou ferritina sérica > 800 ng/dl (ou > 1.200 ng/dl em pacientes com doses > 22.500 UI/ semana de alfaepoetina) ou saturação de transferrina > 50%? não g Dispensar sim g Suspender temporariamente o tratamento com sacarato de hidróxido de ferro III 3.3 Apresentou hemoglobina > 13 g/dl? não g Dispensar sim g Suspender temporariamente o tratamento com alfaepoetina 71
  • 72. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 3.4 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.5 3.5 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente Tabela de Registro de Eventos dversos A Data da Evento adverso *Intensidade q Conduta entrevista Principais reações adversas já relatadas: reações no local da injeção (como queimação e dor), tontura, sonolência, febre, cefaleia, artralgia, mialgia, fraqueza, gosto metálico, náuseas, vômitos, alteração na pressão arterial, visão dupla, formigamentos, distúrbios gastrointestinais * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever) 72
  • 73. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 73
  • 74. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Guia de Orientação ao Paciente Alfaepoetina este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. o medicamento é utilizado no tratamento de anemia na insuficiência renal crônica. 1 Doença • A anemia ocorre quando há menos células vermelhas no sangue do que o normal. Em pacientes com insuficiência renal crônica (IRC), é uma importante complicação. A anemia leva a uma piora da qualidade de vida, devendo ser acompanhada de forma cuidadosa. • A anemia pode ser causada pela deficiência de eritropoetina, substância responsável pelo estímulo da produção das células vermelhas do sangue. Outras causas incluem diálise inadequada, infecções, inflamações, tumores. 2 Medicamento • Este medicamento melhora os sintomas da doença com a correção da anemia, reduz a necessidade de transfusões, as complicações e o número de hospitalizações, além de melhorar o desempenho físico e a qualidade de vida. 3 Guarda do medicamento • O medicamento deve ser guardado na geladeira, mas não deve ser congelado. 4 administração do medicamento • O medicamento deverá ser administrado por injeção subcutânea ou intravenosa, em ambiente hospitalar ou em clínica de diálise. • Se for utilizar o medicamento em casa, procure saber com clareza todos os passos para sua aplicação com o médico ou profissional de enfermagem, bem como a forma de preparo. Não prepare ou injete o medicamento até que esteja bem treinado. • Procure orientações com o farmacêutico sobre como descartar de forma adequada as seringas e agulhas após o uso. • Procure aplicar sempre no mesmo horário estabelecido no início do tratamento. • Aplique exatamente a dose que o médico indicou. 5 Reações desagradáveis • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, tais como reações no local da injeção (como queimação e dor), tontura, sonolência, febre, dor de cabeça, dor nas juntas, dor nos músculos e fraqueza. • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 Uso de outros medicamentos • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. 7 Para seguir recebendo o medicamento • Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos: − Receita médica atual − Cartão Nacional de Saúde ou RG − Exames: hemograma e plaquetas a cada mês 74
  • 75. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina 8 Em caso de dúvida • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 9 Outras informações _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira. se, por algum motivo, não usar o medicamento, Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica – Alfaepoetina devolva-o à farmácia do sus. 75
  • 76. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 76
  • 77. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III Portaria SAS/MS no 226, de 10 de maio de 2010. (Retificada em 27.08.10) 1 Metodologia de busca da literatura Foram utilizados como estratégia de busca no Medline/Pubmed os termos “ferric oxide”[Mesh] ou “iron”[Mesh] ou “iron compounds”[Mesh] e (“kidney failure, chronic”[Mesh] ou “hemodialysis”[Mesh]) e “anemia”[Mesh], restringindo-se a busca para ensaios clínicos randomizados e metanálises publicados nos últimos 10 anos. A busca resultou em 28 artigos. No Embase, foram empregados como estratégia de busca os termos ‘hemodialysis’/exp ou ‘chronic kidney failure’/exp ou ‘dialysis’/exp e ‘anemia’/exp e ‘iron’/exp, limitando-se a ensaios clínicos randomizados, metanálises e revisões da Cochrane, publicados nos últimos 10 anos. A busca resultou em 54 artigos. Quando avaliadas em conjunto, as buscas em ambas as bases de dados identificaram 9 ensaios clínicos e 2 metanálises com intervenções e desfechos relevantes para o tema de interesse deste protocolo. As buscas foram realizadas no dia 15/12/09. Foram consultados ainda o UpToDate, versão 17.3, através do site http://www.uptodateonline.com, e as diretrizes da National Kidney Foundation – Kidney Disease Outcomes Quality Initiative, através do site http://www.kidney.org/professionals/KDOQI/guidelines_commentaries.cfm#guidelines, ambos acessados em 30/11/2009. A consulta à bibliografia dessas fontes levou à identificação de outros 11 estudos observacionais, utilizados principalmente na Introdução deste protocolo. 2 Introdução Anemia é uma complicação frequente e importante da insuficiência renal crônica (IRC), associando-se com aumento de morbidade e mortalidade1-5. O conceito clássico de anemia, segundo a Organização Mundial de Saúde, considera que há anemia quando a hemoglobina for < 13 g/dl em homens e mulheres na pós-menopausa e < 12 g/dl em mulheres na pré-menopausa. Esta condição estará presente em cerca de 90% dos pacientes com IRC e taxa de filtração glomerular < 25-30 ml/min1. Entretanto, anemia pode estar presente em pacientes com depuração da creatinina entre 30-60 ml/min, e o consenso atual sugere que a reposição de ferro e de alfaepoetina deve ser feita tendo como meta níveis de hemoglobina entre 11-12 g/dl6,7. Na maioria dos casos, a anemia decorre primariamente da produção renal reduzida de eritropoetina. A manutenção de estoques corporais adequados de ferro é fundamental para uma boa resposta ao tratamento com alfaepoetina, sendo a deficiência de ferro ou sua reduzida disponibilidade as principais causas de falha do tratamento. Estima-se que pacientes em hemodiálise percam em média 2 g de ferro por ano pelo método dialítico, além de perdas por outras causas (gastrointestinais, coletas de sangue frequentes, etc.), justificando-se a necessidade de avaliação sistemática e reposição apropriada8. No Brasil, estima-se, a partir dos dados dos Sistemas de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SUS), que, em 2008 e 2009, respectivamente, 72.730 e 75.822 pacientes submeteram-se a diálise e cerca de 90% deles, a hemodiálise. O uso de alfaepoetina fez parte do tratamento de mais de 80% destes pacientes9. Apesar de a reposição de ferro ter benefícios definidos em relação à correção da anemia da IRC e à redução de doses de alfaepoetina, a melhor forma de administração e os parâmetros para sua indicação e acompanhamento ainda são motivos de controvérsia, razão pela qual sua protocolização pelo SUS faz-se necessária. Consultores: Guilherme Geib, Fernando Saldanha Thomé, Pedro Renato Chocair, Carlos Alberto Prompt Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 77
  • 78. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 3 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • N18.0 Doença renal em estádio final • N18.8 Outra insuficiência renal crônica 4 Diagnóstico Antes do início do tratamento, todos os pacientes devem ser avaliados e outras causas de anemia afastadas. O diagnóstico de deficiência absoluta de ferro em pacientes com IRC em hemodiálise é estabelecido quando os seguintes critérios estiverem presentes: • saturação de transferrina < 20%; • ferritina sérica < 200 ng/dl. Pacientes em hemodiálise podem ainda apresentar deficiência relativa de ferro, representando uma situação em que os estoques de ferro se encontram dentro dos limites de normalidade por critérios convencionais, mas com incapacidade de mobilização adequada do ferro para eritropoese sob estímulo de alfaepoetina. Os critérios diagnósticos de deficiência relativa são: • saturação de transferrina < 20%; • ferritina sérica entre 200-800 ng/dl. 5 Critérios de inclusão Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes com diagnóstico de IRC, com taxa de filtração glomerular calculada < 30 ml/min/1,73m2, independentemente da idade, e com as seguintes condições: • anemia com hemoglobina sérica < 11 g/dl para ambos os sexos; • deficiência absoluta ou relativa de ferro; • estar em hemodiálise. 6 Critérios de exclusão Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem: • hemocromatose; • hemossiderose; • anemia hemolítica; • ferritina sérica > 1.200 ng/dl ou saturação de transferrina > 50%; • hipersensibilidade ou intolerância ao produto ou a um de seus componentes. 7 Casos Especiais Em pacientes com hemoglobina inferior a 11 g/dl, necessitando doses elevadas de alfaepoetina º(≥ 225 UI/kg/semana ou ≥ 22.500 UI/semana), pode ser considerada a reposição de ferro parenteral se a ferritina sérica estiver < 1.200 ng/dl e a saturação da transferrina < 25%, levando-se em conta os potenciais riscos e benefícios do tratamento nesta situação. Pacientes em tratamento conservador ou em programa de diálise peritoneal podem beneficiar-se com o uso de ferro por via oral como suplementação. Caso apresentem intolerância gastrointestinal, inadequada adesão ou insuficiente resposta ao tratamento oral, poderá ser considerada a reposição parenteral de ferro. Nestes casos, o diagnóstico de deficiência de ferro é dado por níveis de ferritina < 100 ng/dl e saturação de transferrina < 20%. Na gravidez, é recomendada dose de 25 mg por semana de sacarato de hidróxido de ferro III por via intravenosa. Não se recomenda o uso no primeiro trimestre. 8 Tratamento Os ensaios clínicos10-18 e as metanálises19,20 disponíveis acerca da efetividade do ferro parenteral no tratamento de anemia em pacientes com IRC tiveram como desfechos principais a taxa de anemia e a presença de efeitos adversos. Desfechos de maior repercussão clínica, como impacto em sobrevida e qualidade de vida, não foram adequadamente avaliados. Em pacientes com IRC em tratamento conservador, o uso rotineiro de ferro parenteral proporcionou pequeno ganho nos níveis de hemoglobina (0,31 g/dl), o que não parece representar vantagem clínica significativa 78
  • 79. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III em relação à reposição oral de ferro, segundo metanálise publicada19. Diante disto, neste grupo de pacientes, o uso de ferro parenteral só deve ser considerado em casos de intolerância ou falha do tratamento por via oral. A mesma metanálise demonstrou ainda que, em pacientes em hemodiálise crônica, o uso sistemático do ferro parenteral foi superior à reposição oral de ferro em relação ao incremento de hemoglobina (0,83 mg/dl, IC 95% 0,09-1,57). Tal resposta foi independente do uso de alfaepoetina, cuja dose foi significativamente menor no grupo que recebeu ferro por via parenteral19. Em metanálise de estudos observacionais na população de crianças em hemodiálise, constatou- se benefício com o uso de ferro parenteral quanto a aumento da hemoglobina e redução das doses de alfaepoetina20. Dois ensaios clínicos, visando, respectivamente, manter ferritina > 200 ng/dl13 e saturação de transferrina entre 30%-50%12 com reposição parenteral de ferro em pacientes em hemodiálise, verificaram redução das doses necessárias de alfaepoetina para manter a hemoglobina dentro da Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III faixa-alvo quando comparados com o grupo controle, que visava manter ferritina entre 100-200 ng/dl13 e saturação da transferrina entre 20%-30%12. O ensaio clínico DRIVE, publicado por Coyne e cols.18, incluindo pacientes com anemia (hemoglobina < 11 g/dl), ferritina entre 500-1.200 ng/dl, saturação de transferrina < 25% e necessitando de doses de alfaepoetina > 225 UI/kg/semana ou 22.500 UI/semana, comparou o uso de ferro parenteral com a não reposição de ferro, tendo como desfecho a variação da hemoglobina. A dose de alfaepoetina foi aumentada em 25% em ambos os grupos. O aumento da hemoglobina foi significativamente maior no grupo que recebeu ferro parenteral (diferença de cerca de 0,5 g/dl). A resposta ao tratamento não diferiu entre os pacientes que apresentavam ferritina > ou < 800 ng/dl previamente ao início do tratamento. O estudo DRIVE-II realizou o acompanhamento dos pacientes incluídos no estudo anterior e observou redução significativa nas doses de alfaepoetina nos que receberam ferro parenteral21. Tais dados sugerem que possa haver benefício com a suplementação adicional de ferro neste subgrupo de pacientes, mas os riscos e benefícios do tratamento devem ser adequadamente avaliados. 8.1 Fármacos Sulfato ferroso: comprimidos de 40 mg; solução oral de 25 mg/ml Sacarato de hidróxido de ferro III: ampola de 5 ml com 100 mg de ferro III (20 mg/ml, por via intravenosa). Deve ser diluído em 100 ml de solução fisiológica e infundido em 15 minutos, segundo o fabricante. Um estudo demonstrou segurança de seu uso em tempos de administração menores, de até 5 minutos, sem aumento de reações adversas22. 8.2 Esquemas de administração (uso adulto) Ferro oral: dose de 40 mg de ferro elemento, por via oral, 3 vezes ao dia, nos intervalos das refeições Sacarato de hidróxido de ferro III: solução injetável Dose-teste Os estudos clínicos que avaliaram a segurança do sacarato de hidróxido de ferro demonstraram que o mesmo é seguro e que a utilização de dose-teste, apesar de recomendada pelo fabricante, pode ser dispensada22. Quando utilizada, deve ser realizada na primeira administração e consiste em diluir 25 mg de ferro elementar em 100 ml de solução salina, por via intravenosa, em no mínimo 15 minutos. Deve-se aguardar 15 minutos antes de administrar o restante da primeira dose ou repor as doses necessárias nos dias subsequentes, caso não ocorram reações adversas como cefaleia, náuseas, vômitos, parestesias, distúrbios gastrointestinais, dores musculares, febre, hipotensão, urticária, rubor e reação anafilática. Dose de ataque Indicada quando o nível de ferritina sérica for < 200 ng/dl e saturação de transferrina for < 20%. Devem ser administrados 1.000 mg de ferro divididos em 10 sessões de hemodiálise ou em 10 dias diferentes (2 ou 3 vezes por semana) em pacientes em diálise peritoneal ou em tratamento conservador. 79
  • 80. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Dose de manutenção Indicada para manter os estoques adequados de ferro em pacientes com níveis de ferritina > 200 ng/dl e saturação da transferrina > 20%. Devem ser administrados 100 mg de ferro por via intravenosa em dose única a cada 15 dias. Em pacientes com deficiência relativa de ferro que necessitem de doses de alfaepoetina > 225 UI/kg/ semana ou 22.500 UI/semana, pode-se considerar novo curso de dose de ataque (1.000 mg de ferro divididos em 10 sessões de hemodiálise), após avaliados os riscos e benefícios. 8.3 Tempo de tratamento – critérios de interrupção O tratamento com ferro parenteral deve ser interrompido temporariamente quando a saturação de transferrina for > 50% ou a ferritina sérica for > 800 ng/dl (> 1.200 ng/dl em pacientes necessitando de doses de alfaepoetina > 225 UI/kg/semana ou 22.500 UI/semana). Após o retorno dos valores de ferritina sérica para 500 ng/dl (800 ng/dl em pacientes necessitando de doses de alfaepoetina > 225 UI/kg/semana ou 22.500 UI/semana) ou da saturação de transferrina para valores < 50%, recomenda-se reiniciar o uso de ferro parenteral com a metade da dose anterior. 8.4 Objetivos do tratamento • Manter os níveis de hemoglobina entre 10-12 g/dl. • Manter o nível sérico de ferritina entre 200-800 ng/dl (até 1.200 ng/dl em pacientes necessitando de doses de alfaepoetina > 225 UI/kg/semana ou 22.500 UI/semana). • Manter a saturação da transferrina entre 20%-50%. • Reduzir, quando possível, a dose terapêutica necessária de alfaepoetina. • Em pacientes em diálise peritoneal ou tratamento conservador, manter ferritina > 100 ng/dl e saturação de transferrina entre 20%-50%. 8.5 Benefícios esperados • Correção da anemia e, consequentemente, melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida, além de redução da morbimortalidade pela IRC • Otimização das doses de alfaepoetina 9 Monitorização Antes do início do tratamento, os pacientes devem realizar hemograma completo, dosagens de ferritina e saturação de transferrina com vistas ao diagnóstico diferencial de anemia e estabelecimento da deficiência de ferro. Dosagens de hemoglobina, ferritina e saturação de transferrina devem ser repetidas mensalmente enquanto estiverem fora do alvo terapêutico. Após, mantêm-se dosagens mensais de hemoglobina e trimestrais de ferritina e saturação de transferrina. O uso de ferro parenteral deve ser suspenso 7-10 dias antes da realização dos exames. Deve-se dar atenção especial aos casos de anafilaxia com sacarato de hidróxido de ferro III ou produtos semelhantes, bem como aos com suspeita de infecção ativa ou insuficiência hepática. 10 Regulação/Controle/Avaliação pelo Gestor Os pacientes devem ser acompanhados em serviços especializados de hemodiálise. Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas e a adequação de uso do medicamento. 11 Termo de Esclarecimento e Responsabilidade – TER É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 80
  • 81. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III 12 Referências Bibliográficas 1. Kazmi WH, Kausz AT, Khan S, Abichandani R, Ruthazer R, Obrador GT, et al. Anemia: an early complication of chronic renal insufficiency. Am J Kidney Dis. 2001;38(4):803-12. 2. Abramson JL, Jurkovitz CT, Vaccarino V, Weintraub WS, McClellan W. Chronic kidney disease, anemia, and incident stroke in a middle-aged, community-based population: the ARIC Study. Kidney Int. 2003;64(2):610-5. 3. Jurkovitz CT, Abramson JL, Vaccarino LV, Weintraub WS, McClellan WM. Association of high serum creatinine and anemia increases the risk of coronary events: results from the prospective community-based atherosclerosis risk in communities (ARIC) study. J Am Soc Nephrol. 2003;14(11):2919-25. 4. McClellan WM, Flanders WD, Langston RD, Jurkovitz C, Presley R. Anemia and renal insufficiency are independent risk factors for death among patients with congestive heart failure admitted to community hospitals: a population-based study. J Am Soc Nephrol. 2002;13(7):1928-36. 5. Sarnak MJ, Tighiouart H, Manjunath G, MacLeod B, Griffith J, Salem D, et al. Anemia as a risk factor for cardiovascular disease in The Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC) study. J Am Coll Cardiol. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III 2002;40(1):27-33. 6. Singh AK, Szczech L, Tang KL, Barnhart H, Sapp S, Wolfson M, et al. Correction of anemia with epoetin alfa in chronic kidney disease. N Engl J Med. 2006;355(20):2085-98. 7. Drüeke TB, Locatelli F, Clyne N, Eckardt KU, Macdougall IC, Tsakiris D, et al. Normalization of hemoglobin level in patients with chronic kidney disease and anemia. N Engl J Med. 2006;355(20):2071-84. 8. Eschbach JW, Cook JD, Scribner BH, Finch CA. Iron balance in hemodialysis patients. Ann Intern Med. 1977;87(6):710-3. 9. Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). Censo de Diálise SBN 2008 [Internet]. São Paulo: SBN; 2008 [citado 2009 Nov 30]; Disponível em: http://198.106.86.84/Censo/2008/censoSBN2008.pdf. 10. Anirban G, Kohli HS, Jha V, Gupta KL, Sakhuja V. The comparative safety of various intravenous iron preparations in chronic kidney disease patients. Ren Fail. 2008;30(6):629-38. 11. Li H, Wang SX. Intravenous iron sucrose in peritoneal dialysis patients with renal anemia. Perit Dial Int. 2008;28(2):149-54. 12. Besarab A, Amin N, Ahsan M, Vogel SE, Zazuwa G, Frinak S, et al. Optimization of epoetin therapy with intravenous iron therapy in hemodialysis patients. J Am Soc Nephrol. 2000;11(3):530-8. 13. DeVita MV, Frumkin D, Mittal S, Kamran A, Fishbane S, Michelis MF. Targeting higher ferritin concentrations with intravenous iron dextran lowers erythropoietin requirement in hemodialysis patients. Clin Nephrol. 2003;60(5):335-40. 14. Li H, Wang SX. Intravenous iron sucrose in Chinese hemodialysis patients with renal anemia. Blood Purif. 2008;26(2):151-6. Epub 2008 Jan 22. 15. Sav T, Tokgoz B, Sipahioglu MH, Deveci M, Sari I, Oymak O, et al. Is there a difference between the allergic potencies of the iron sucrose and low molecular weight iron dextran? Ren Fail. 2007;29(4):423-6. 16. Sheashaa H, El-Husseini A, Sabry A, Hassan N, Salem A, Khalil A, et al. Parenteral iron therapy in treatment of anemia in end-stage renal disease patients: a comparative study between iron saccharate and gluconate. Nephron Clin Pract. 2005;99(4):c97-101. Epub 2005 Feb 3. 17. Ruiz-Jaramillo Mde L, Guízar-Mendoza JM, Gutiérrez-Navarro Mde J, Dubey-Ortega LA, Amador-Licona N. Intermittent versus maintenance iron therapy in children on hemodialysis: a randomized study. Pediatr Nephrol. 2004;19(1):77-81. Epub 2003 Nov 22. 18. Coyne DW, Kapoian T, Suki W, Singh AK, Moran JE, Dahl NV, et al. Ferric gluconate is highly efficacious in anemic hemodialysis patients with high serum ferritin and low transferrin saturation: results of the Dialysis Patients’ Response to IV Iron with Elevated Ferritin (DRIVE) Study. J Am Soc Nephrol. 2007;18(3):975-84. Epub 2007 Jan 31. 19. Rozen-Zvi B, Gafter-Gvili A, Paul M, Leibovici L, Shpilberg O, Gafter U. Intravenous versus oral iron supplementation for the treatment of anemia in CKD: systematic review and meta-analysis. Am J Kidney Dis. 2008;52(5):897-906. Epub 2008 Oct 8. 20. Gillespie RS, Wolf FM. Intravenous iron therapy in pediatric hemodialysis patients: a meta-analysis. Pediatr Nephrol. 2004;19(6):662-6. Epub 2004 Mar 30. 81
  • 82. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 21. Kapoian T, O’Mara NB, Singh AK, Moran J, Rizkala AR, Geronemus R, et al. Ferric gluconate reduces epoetin requirements in hemodialysis patients with elevated ferritin. J Am Soc Nephrol. 2008;19(2):372-9. Epub Jan 23. 22. Charytan C, Levin N, Al-Saloum M, Hafeez T, Gagnon S, Van Wyck DB. Efficacy and safety of iron sucrose for iron deficiency in patients with dialysis-associated anemia: North American clinical trial. Am J Kidney Dis. 2001;37(2):300-7. 82
  • 83. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Sacarato de Hidróxido de Ferro III Eu, _____________________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de sacarato de hidróxido de ferro III, indicado para o tratamento de insuficiência renal crônica. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _____________________________________________________ (nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer as seguintes melhoras: • correção da anemia e, consequentemente, melhora da capacidade funcional e da qualidade Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III de vida, além de redução da morbimortalidade pela IRC; • otimização das doses de alfaepoetina. Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento: • não há relato de efeitos adversos ao feto com o uso de sacarato de hidróxido de ferro III em doses usuais durante a gravidez; entretanto, caso engravide, devo avisar o médico; • efeitos adversos já relatados – dor no local de administração, alteração da coloração da pele, dor no quadrante inferior abdominal, dor de cabeça, dores no corpo, taquicardia, calorões, náuseas, vômitos, falta de ar, tonturas; • possibilidade de reações tardias (em relação à administração) – tontura, desmaio, febre, calafrios, vermelhidão, coceiras, dores pelo corpo, confusão mental; • possibilidade de reação anafilactoide grave com morte (1 para cada 4 milhões de doses administradas); • contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) ao medicamento em pacientes com hemocromatose, talassemia, anemia falciforme, anemia hemolítica e anemia associada a leucemias; • o risco da ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo- me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu tratamento, desde que assegurado o anonimato. Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. 83
  • 84. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica Fluxograma de Tratamento Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal CrônicaSacarato de Hidróxido de Ferro III Diagnóstico: laboratorial Paciente com IRC e anemia por deficiência de ferro Critérios de inclusão: ✓ hemoglobina < 11g/dl e Pacientes em hemodiálise: ✓ deficiência absoluta de ferro (saturação de transferrina < 20% e ferritina < 200 ng/dl) Possui critérios de ou relativa de ferro (saturação de inclusão para tratamento transferrina < 20% e ferritina 200-800 ng/dl) ou ✓ necessidade de doses elevadas de alfapoetina com sacarato de hidróxido (≥ 225 UI/kg/semana ou ≥ 22.500 UI/semana) Não Sim com ferritina < 1.200 ng/dl e saturação de de ferro III? transferrina < 25% Pacientes em diálise peritoneal ou tratamento conservador: ✓ falha ou intolerância ao tratamento com ferro por VO e ferritina < 100 ng/dl e saturação de transferrina < 20% Exclusão Possui algum critério Sim Não do PCDT de exclusão? Critérios de exclusão: ✓ hemocromatose ✓ hemossiderose ✓ anemia hemolítica Deficiência absoluta ✓ ferritina sérica > 1.200 ng/dl de ferro? ✓ saturação de transferrina > 50% Sim Não ✓ hipersensibilidade ao sacarato de hidróxido de ferro III ou a um de seus componentes Dose de ataque de Objetivos do tratamento: sacarato de ✓ hemoglobina entre 10-12 g/dl hidróxido de ferro III ✓ saturação de transferrina entre 20%-50% ✓ ferritina entre 200-500 ng/dl (até Não 800 ng/dl em pacientes com Dose de ataque de necessidade de altas doses de Houve resposta eritropoetina, definidas Sim sacarato de terapêutica? por > 22.500 UI/semana) hidróxido de ferro III Monitorização laboratorial: Monitorização ✓ hemoglobina Periodicidade: mensalmente laboratorial ✓ saturação de transferrina e Suspender o tratamento se a saturação ferritina de transferrina > 50% ou Periodicidade: mensalmente até ferritina > 800 ng/dl (ou > 1.200ng/dl atingir o alvo terapêutico; após, se houver necessidade de altas doses a cada 3 meses de alfapoetina). Considerar ajustes de dose ou nova dose de ataque se houver persistência de deficiência de ferro. Avaliar outras causas de anemia ferropriva. Saturação de transferrina Manter o esquema de tratamento se < 50% e ferritina < 500 ng/dl Reiniciar o tratamento com os exames estiverem de acordo com metade da dose prévia. Sim (ou < 800 ng/dl quando o alvo terapêutico. houver necessidade de altas doses de alfapoetina) Não Manter acompanhamento. 84
  • 85. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III Fluxograma de Dispensação de Sacarato de Hidróxido de Ferro III Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica Fluxograma de Dispensação de Sacarato de hidróxido de ferro IIIAnemia na Insuficiência Renal Crônica Paciente solicita o medicamento. CID-10: N18.0, N18.8 Exames: ✓ hemograma ✓ saturação de transferrina e ferritina ✓ creatinina (para tratamento conservador) Dose: ✓ dose de ataque: 1.000 mg, por EV, Possui LME corretamente divididos em 10 sessões de hemodiálise ✓ dose de manutenção: 100 mg, por EV, preenchido e demais Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III em dose única a cada 15 dias. documentos exigidos? Para gestantes: 25 mg por semana, por EV Não Sim Orientar o CID-10, exames e paciente. dose estão de acordo Não Sim com o preconizado pelo PCDT? Encaminhar o Realizar entrevista paciente ao farmacoterapêutica inicial médico assistente. com o farmacêutico. Processo Não Sim deferido? Não dispensar e Orientar o justificar ao paciente. paciente. Exames necessários para monitorização: ✓ hemograma Periodicidade: a cada mês ✓ saturação de transferrina e ferritina Periodicidade: a cada mês até atingir o alvo terapêutico; após, a cada 3 meses Dispensação a cada mês de tratamento Entrevista farmacoterapêutica de monitorização Paciente apresentou alteração nos exames não compatível Sim Não com o curso do tratamento ou eventos adversos significativos? Dispensar* e solicitar parecer do médico Dispensar. assistente. * Observação: se a saturação de transferrina superior a 50% ou ferritina sérica for superior a 800ng/dL (superior a 1.200 ng/dL em pacientes necessitando doses de alfaepoetina superiores a 225 UI/Kg/ semana ou 22.500 UI/semana): não dispensar. 85
  • 86. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica Alfaepoetina e Sacarato de Hidróxido de Ferro III 1 Dados do Paciente Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 Avaliação Farmacoterapêutica 2.1 Possui anemia com nível de hemoglobina ≤ 10 g/dl? o não g Não dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente o sim g Indicar o valor da hemoglobina antes do início do tratamento: _______________________________ 2.2 É portador de doença renal crônica? o não g Não dispensar (outras causas de anemia não são tratadas neste PCDT) o sim g Qual o estágio? _________________________________________________________________ 2.3 Apresenta estoques de ferro adequados? (ferritina sérica > 100 ng/dl e saturação da transferrina > 20% em pacientes em tratamento conservador ou diálise peritoneal e ferritina sérica > 200 ng/dl e saturação da transferrina > 20% em pacientes em hemodiálise) o não g Passar para a próxima pergunta o sim g Passar para a pergunta 2.5 2.4 Possui prescrição de suplementação de ferro? o não g Encaminhar o paciente ao médico assistente o sim 2.5 Possui outras doenças diagnosticadas? o não o sim g Quais? ________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ (para pacientes hipertensos, estão recomendados monitorização rigorosa da pressão arterial e acompanhamento cardiológico) 2.6 Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim 86
  • 87. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III 2.7 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não o sim g Quais? A que medicamentos? _____________________________________________ 3 Monitorização do Tratamento Exames Laboratoriais Inicial 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data prevista Data Hemoglobina* Hematócrito Reticulócitos Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III Leucócitos Plaquetas Ferritina sérica** Saturação de transferrina** 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data prevista Data Hemoglobina* Hematócrito Reticulócitos Leucócitos Plaquetas Ferritina sérica** Saturação de transferrina** * Deve ser monitorizada a cada 2 semanas até a estabilização dos níveis; após, a cada ajuste de dose de alfaepoetina. Quando houver nível de hemoglobina estável após 2 medidas consecutivas, o exame pode ser mensal. ** Deve ser monitorizada a cada mês até atingir o alvo terapêutico; após, a cada 3 meses. 3.1 Após 1 mês de tratamento com alfaepoetina, qual o aumento semanal de hemoglobina? se < 0,3 g/dl g aumentar a dose em 25%, respeitando o limite da dose máxima, que é de 300 UI/kg/semana, por via subcutânea, e de 450 UI/kg/semana, por via intravenosa se 0,3-0,5 g/dl g manter a dose em uso se > 0,5 g/dl ou Hb entre 12-13 g/dl g reduzir a dose em 25%-50%, respeitando o limite da dose mínima recomendada, que é de 50 UI/kg/semana, por via subcutânea 3.2 Apresentou ferritina sérica > 800 ng/dl (ou > 1.200 ng/dl em pacientes com doses > 22.500 UI/ semana de alfaepoetina) ou saturação de transferrina > 50%? não g Dispensar sim g Suspender temporariamente o tratamento com sacarato de hidróxido de ferro III 3.3 Apresentou hemoglobina > 13 g/dl? não g Dispensar sim g Suspender temporariamente o tratamento com alfaepoetina 87
  • 88. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 3.4 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.5 3.5 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente Tabela de Registro de Eventos Adversos Data da Evento adverso *Intensidade q Conduta entrevista Principais reações adversas já relatadas: reações no local da injeção (como queimação e dor), tontura, sonolência, febre, cefaleia, artralgia, mialgia, fraqueza, gosto metálico, náuseas, vômitos, alteração na pressão arterial, visão dupla, formigamentos, distúrbios gastrointestinais * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever) 88
  • 89. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 89
  • 90. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Guia de Orientação ao Paciente Sacarato de Hidróxido de Ferro III este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. o medicamento é utilizado no tratamento de anemia na insuficiência renal crônica. 1 Doença • A anemia ocorre quando há menos células vermelhas no sangue do que o normal. Em pacientes com insuficiência renal crônica (IRC), é uma importante complicação. A anemia leva a uma piora da qualidade de vida, devendo ser acompanhada de forma cuidadosa. • A anemia pode ser causada pela deficiência de eritropoetina, substância responsável pelo estímulo da produção das células vermelhas do sangue. Outras causas incluem diálise inadequada, infecções, inflamações, tumores. 2 Medicamento • Este medicamento melhora os sintomas da doença com a correção da anemia, reduz as doses necessárias de alfaepoetina, além de melhorar o desempenho físico e a qualidade de vida. 3 Guarda do medicamento • Guarde os medicamentos protegidos do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura (cozinha e banheiro). • Conserve as ampolas na embalagem original. 4 administração do medicamento • O medicamento deverá ser administrado por injeção intravenosa, em ambiente hospitalar ou em clínica de diálise. 5 Reações desagradáveis • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, tais como reações no local da injeção (como queimação e dor), tontura, gosto metálico, náuseas, vômitos, alteração na pressão arterial, visão dupla, formigamentos, distúrbios gastrointestinais. • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 Uso de outros medicamentos • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. 7 Para seguir recebendo o medicamento • Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos: − Receita médica atual − Cartão Nacional de Saúde ou RG − Exames: hemoglobina, ferritina e saturação da transferrina a cada mês enquanto os valores não estiverem adequados; após, hemoglobina a cada mês; ferritina e saturação da transferrina a cada 3 meses. 90
  • 91. Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III 8 Em caso de dúvida • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 9 Outras informações _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Anemia em Pacientes com Insuficiência Renal Crônica - Reposição de Ferro III se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. 91
  • 92. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 92
  • 93. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Angioedema Portaria SAS/MS no 109, de 23 de abril de 2010. (Republicada em 23.04.10) 1 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA Em revisão nas bases de dados Medline/Pubmed e Embase, usando-se a estratégia de busca “angioedema, hereditary”[Mesh] AND “drug therapy”[Mesh] e restringindo-se a ensaios clínicos, metanálises e ensaios clínicos randomizados, foram revisados e incluídos neste protocolo todos os artigos identificados. Adicionalmente, foi realizada revisão no Medline/Pubmed sobre a eficácia e a segurança do uso de agentes antifibrinolíticos no tratamento do angioedema hereditário. A estratégia de busca utilizada foi “angioedema, hereditary”[Mesh] AND “antifibrinolytics agents”[Mesh], restringindo-se a ensaios clínicos, metanálises e ensaios clínicos randomizados. Todos os artigos identificados foram revisados, sendo incluídos aqueles que versavam sobre angioedema e sua terapia com danazol. As bibliografias dos artigos incluídos também foram revisadas, e artigos não indexados também foram incluídos. Outras fontes consultadas foram livros-texto e o UpToDate, versão 17.3. 2 INTRODUÇÃO Angioedema hereditário (AEH) é uma doença genética causada pela atividade deficiente do inibidor da C1 esterase (C1-INH), molécula natural inibidora de calicreína, de bradicinina e de outras serases do plasma. É classificado como uma imunodeficiência primária do sistema complemento, com herança autossômica dominante e expressividade variável; o gene responsável está localizado no cromossomo 111-10. História familiar positiva fortalece a suspeita diagnóstica, mas sua ausência não exclui o diagnóstico. Não há estudos de prevalência de AEH no Brasil. Estima-se que 1:10.000-50.000 indivíduos sejam afetados pela doença7. AEH manifesta-se com o surgimento de edema não pruriginoso, não doloroso e não eritematoso em qualquer parte do corpo, principalmente na face e nas extremidades1,2, e afeta os sistemas respiratório e gastrointestinal, podendo desencadear edema de glote e/ou cólicas abdominais respectivamente. O comprometimento da respiração pode resultar em asfixia e, se não tratado, pode ser responsável pelo óbito em cerca de 25% dos pacientes. Ainda, as cólicas abdominais podem ser interpretadas como abdômen agudo e muitos pacientes acabam sendo submetidos a laparotomia exploradora desnecessariamente. As crises podem ser espontâneas ou desencadeadas por ansiedade, estresse, pequenos traumas, cirurgias, tratamentos dentários, menstruação ou gravidez1-4. A suspeita de AEH deve ser considerada em pacientes com crises repetidas de angioedema e de dor abdominal sem quadros de urticária6. AEH pode ser classificado em tipo 1 (defeitos quantitativos do C1-INH), tipo 2 (defeitos funcionais do C1-INH) e tipo 3 (C1-INH é normal, mas se relaciona, em um terço dos casos, com deficiência de fator XII)11. A forma mais comum é a tipo 1, ocorrendo em 85% dos casos, com níveis plasmáticos de C1-INH usualmente reduzidos em 5% - 30% do normal. Alguns pacientes, entretanto, podem apresentar níveis entre 30% - 50%. No tipo 2, o C1-INH permanece com níveis séricos normais ou mesmo elevados, sendo diagnosticado mediante demonstração de que sua atividade está abaixo de 50% do normal11. Angioedema adquirido (AEA) ocorre por redução de C1-INH resultante de sua clivagem por autoanticorpos ou por uma anormalidade estrutural de C1-INH, levando à ligação com a albumina, formando complexos inativos e favorecendo o consumo excessivo desta serinoprotease4,8. O diagnóstico diferencial entre AEH e AEA pode ser feito através da dosagem da fração C1q do complemento, a qual se encontra Consultores: Ida Vanessa Doederlein Schwartz, Anete Sevciovic Grumach, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 93
  • 94. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas reduzida no AEA. Neste caso, devem ser investigadas doenças de base, como as linfoproliferativas. O tratamento de AEA envolve o tratamento da doença de base; entretanto, quando o paciente apresentar episódios muito frequentes ou graves de angioedema, danazol pode ser indicado. AEH pode ser distinguido clinicamente de outras formas de edema pelas seguintes características: início rápido (minutos a horas), distribuição assimétrica e em áreas não dependentes e envolvimento dos lábios, laringe e intestino. O diagnóstico diferencial deve ser feito com angioedema comum não hereditário (alérgico), linfoedemas, macroqueilia da síndrome de Melkerson-Rosenthal e outros edemas de origem cardíaca e renal1. 3 CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE DOENÇAS E PROBLEMAS RELACIONADOS À SAÚDE (CID-10) D84.1 Defeito no sistema complemento • 4 DIAGNÓSTICO O diagnóstico de AEH tipos 1 e 2 é obtido pela presença dos seguintes critérios: • anamnese, exame físico e quadro clínico compatível com AEH; constatação laboratorial de ausência ou redução (< 50%) ou de defeito funcional de C1-INH • (função <50%), de redução do complemento hemolítico total (CH50) e de diminuição da fração C4 do complemento. Deve-se ressaltar que C4 e CH50 podem encontrar-se normais fora das crises. omo C1-INH é normal no AEH tipo 3, o diagnóstico é baseado principalmente em achados de anamnese C e exame físico. A história clínica deve ser semelhante à dos AEH tipos 1 e 2, sendo que, em pacientes do sexo feminino, é comum o relato de utilização de anticoncepcionais hormonais. Para confirmação do diagnóstico, os casos suspeitos podem ser avaliados e acompanhados em serviço especializado de Imunologia. diagnóstico de AEA, por sua vez, é baseado em achados clínicos semelhantes àqueles encontrados O no AEH, embora história familiar positiva não seja frequente. Do ponto de vista laboratorial, também deve ser constatada a ausência ou redução (< 50%) de C1-INH, redução do complemento hemolítico total (CH50) e diminuição da fração C4 do complemento. Deve-se ressaltar que C4 e CH50 podem encontrar-se normais fora das crises. 5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem diagnóstico confirmado de AEH tipos 1, 2 ou 3, conforme critérios especificados no item Diagnóstico, e ocorrência de mais de um episódio de angioedema em menos de 3 meses, bem como pacientes com AEA que apresentarem episódios muito frequentes ou graves e que também poderão ser tratados com danazol. 6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem pelo menos um dos critérios abaixo: • mulheres com sangramento genital de origem desconhecida; • disfunção grave hepática, renal ou cardíaca, pois o uso de danazol pode causar ou agravar uma disfunção hepática, ocasionar hepatoma ou hepatocarcinoma e agravar a hipertensão arterial; • gravidez ou amamentação, devido à possibilidade de ocorrência de efeitos androgênicos no sexo feminino; • porfiria; • hipersensibilidade ou intolerância ao medicamento; • neoplasia de próstata. Caso o médico responsável opte pela liberação do uso de danazol em alguma das situações acima mesmo considerando o alto risco associado, o paciente deverá ser informado dos possíveis efeitos adversos, e o médico deverá encaminhar laudo justificando a prescrição. 7 CASOS ESPECIAIS Os pacientes com AEH ou AEA expostos a situações que possam desencadear um evento grave, tais como manipulação da cavidade bucal para cirurgia odontológica ou manobras endoscópicas, devem utilizar 94
  • 95. Angioedema danazol com intuito profilático, conforme orientação constante do item Esquema de Administração12-23. 8 TRATAMENTO O tratamento do AEH pode ser subdividido em: • tratamento das crises; • profilaxia a longo prazo das crises; • profilaxia a curto prazo das crises. Por ser uma doença genética, também está indicada realização de aconselhamento genético por médico geneticista. O tratamento das crises é predominantemente hospitalar, não sendo, portanto, alvo deste PCDT. O tratamento, neste caso, não inclui o uso de danazol7,9,18. Se houver risco de asfixia, pode-se utilizar plasma fresco. Já foram usados na profilaxia das crises andrógenos atenuados e agentes antifibrinolíticos: ácido épsilon aminocaproico (inibidor da plasmina) e ácido tranexâmico (inibidor da ativação do plasminogênio), com maior eficácia dos andrógenos7-18. Entre os andrógenos atenuados, danazol é o T mais utilizado, pelo nível de evidência. Ensaio clínico duplo-cego com 9 pacientes comparou 93 cursos de 28 dias de danazol com placebo em pacientes com AEH. As crises ocorreram em 93,6% dos cursos com placebo contra 2,2% de danazol (P < 0,001). Análise do efeito de danazol demonstrou que as crises ocorreram mais tardiamente nos pacientes durante um curso de placebo precedido de um curso de danazol (média de 14 dias contra 9 dias se precedido de placebo: P < 0,05). Não houve diferença de efeitos adversos nos dois grupos (cursos)16. Considerando a magnitude do efeito nesse ensaio clínico, danazol continua sendo o medicamento de primeira escolha para a prevenção de novas crises. As contraindicações para seu uso são: • gravidez; • amamentação; • insuficiência renal, hepática ou cardíaca; • neoplasia de próstata. Nos casos acima, o médico responsável pelo paciente deve ponderar os riscos e benefícios de seu uso. O paciente deve ser monitorizado pela possibilidade de desenvolver adenoma hepático e hipertensão intracraniana benigna (pseudotumor cerebral) após o uso prolongado deste fármaco23. É controversa a associação entre uso de danazol e risco aumentado de aterosclerose24,25,26. Estudos de acompanhamento de longo prazo de pacientes utilizando danazol demonstraram que o benefício da prevenção de crises é maior em casos mais graves e que a monitorização de efeitos adversos deve ser mandatória14,15. Farkas e cols.27, em um estudo longitudinal e retrospectivo, avaliaram 92 pacientes com AEH, sendo 46 em uso de danazol (dose diária de manutenção: 33-200 mg/dia) e 46 sem tratamento, por um período mínimo de 4 anos, não sendo encontradas, entre os dois grupos, diferenças clinicamente relevantes nos parâmetros de função e de ultrassonografia hepática. Os autores sugerem que o desenvolvimento de tumores hepáticos relacionados ao uso de danazol está associado a doses diárias mais elevadas (400-800 mg), à falta de monitorização dos pacientes e ao maior tempo de uso (neste caso, independentemente da dose), e chamam a atenção para a necessidade de definição da menor dose clinicamente eficaz. Angioedema Dada a raridade da situação clínica, os estudos com outros medicamentos além do danazol, inclusive inibidores da plasmina e da ativação do plasminogênio, são metodologicamente limitados28. A busca realizada não encontrou ensaios clínicos randomizados contra placebo (ou contra danazol) envolvendo o ácido épsilon aminocaproico. Em relação ao ácido tranexâmico, foi localizado um único ensaio clínico contra placebo, do tipo cruzado e duplo-cego, envolvendo este medicamento. Tal estudo incluiu 5 pacientes, com efeito positivo em 3 deles29. Assim, danazol permanece como o medicamento melhor estudado nesta condição clínica e, por isso, recomendado neste protocolo como agente profilático das crises de AEH. 95
  • 96. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 8.1 FÁRMACO Danazol: cápsula de 50, 100 e 200 mg 8.2 ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO Danazol: 200 mg, por via oral, divididos em 2 administrações diárias, durante o primeiro mês. Após, a dose deve ser ajustada conforme resposta clínica e laboratorial (ver Monitorização). Se o paciente com AEH for exposto à situação potencialmente desencadeadora de crise, danazol deve ser administrado nas 2 semanas que antecedem o procedimento, com o dobro da dose utilizada para controle clínico. 8.3 TEMPO DE TRATAMENTO − CRITÉRIO DE INTERRUPÇÃO O tratamento deve ser mantido continuadamente. A menor dose deve ser estabelecida para o controle dos sintomas clínicos e minimização dos efeitos adversos. Na presença de tumores hepáticos, o tratamento deve ser interrompido. 8.4 BENEFÍCIOS ESPERADOS • Redução do número e/ou da gravidade das manifestações de angioedema 9 MONITORIZAÇÃO Após o primeiro mês de tratamento, deve-se avaliar a resposta clínica (ausência de evento agudo) e laboratorial (atividade de C1-INH em aproximadamente 50% do valor normal e C4 dentro dos valores normais). Se o resultado inicial for satisfatório, deve-se reduzir a dose de danazol para a menor dose capaz de controlar os sintomas clínicos. Se o resultado for insatisfatório, a dose diária pode ser aumentada até o máximo de 600 mg. Efeitos androgênicos, como mudança de voz, acne, aumento de pelos, irregularidade menstrual, acúmulo de gordura, entre outros, devem ser acompanhados. Em relação aos efeitos adversos, devem ser avaliados hematócrito, hemoglobina, AST, ALT, gama-GT, fosfatase alcalina, colesterol total e frações, triglicerídios e realizado exame qualitativo de urina a cada 6 meses. Sugere-se ultrassonografia abdominal anual para visualização hepática, devido ao risco de desenvolvimento de tumor hepático. Em pacientes que estiverem fazendo uso de danazol e carbamazepina, podem ocorrer significativos aumentos dos níveis de carbamazepina com resultante toxicidade. Deve-se evitar o uso de inibidores da angiotensina e estrogênios, por serem potencialmente desencadeadores de crises. 10 REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR Os pacientes devem ser diagnosticados em serviços especializados em Imunologia ou Genética. Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas e a adequação de uso do medicamento. 11 TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE − TER É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Atkinson JP, Cicardi M, Sheffer AL. Pathogenesis and clinical manifestations of hereditary angiodema [Internet]. Waltham (MA): UpToDate; 2008 [cited 2010 May 7]. Available from: http://www.uptodate.com patients/content/topic.do?topicKey=~khRaD40Nj4l03q. 2. Morgan BP, Harris CL. Complement therapeutics: history and current progress. Mol Immunol. 2003;40 (24):159-70. 3. Davis AE 3rd. The pathogenesis of hereditary angioedema. Transfus Apher Sci. 2003;29(3):195-203. 4. Markovic SN, Inwards DJ, Frigas EA, Phyliky RP. Acquired C1 esterase inhibitor deficiency. Ann Int Med. 2000;132(2):144-50. 96
  • 97. Angioedema 5. Binkley K, Davis AE 3rd. Estrogen-dependent inherited angioedema. Transfus Apher Sci. 2003;29(3):215-9. 6. Nzeako UC, Frigas E, Tremaine WJ. Hereditary Angioedema. Arch Intern Med.2001;161(20): 2417-29. 7. Bork Konrad, Hardt J, Schicketanz KH, Ressel N. Clinical studies of sudden upper airway obstruction in patients with hereditary angioedema due to C1 esterase inhibitor deficiency. Arch Intern Med. 2003;163(10):1229-35. 8. Kirschfink M, Grumach AS. Deficiências de complemento. In: Grumach AS, editor. Alergia e imunologia na infância e na adolescência. Rio de Janeiro: Atheneu; 2001. p. 497-514. 9. Cicardi M, Zingale LC, Pappalardo E, Folcioni A, Agostoni A. Autoantibodies and lymphoproliferative diseases in acquired C1-inhibitor deficiences. Medicine (Baltimore). 2003;82(4):274-81. 10. Gompels MM, Lock RJ, Unsworth DJ, Johnston SL, Archer CB, Davies SV. Misdiagnosis of hereditary angio-oedema type 1 and type 2. Br J Dermatol. 2003;148(4):719-23. 11. Atkinson JP, Cicardi M, Sheffer AL. Diagnosis of hereditary and acquired angioedema (C1inhibitor disorders) [Internet].Waltham (MA): UpToDate; 2008 [cited 2010 May 7]. Available from:http://www.uptodate. com/patients/content/topic.do?topicKey=~M/MMOIbeyIEbZ7&selectedTitle=1~150&source=search_result. 12. Craig TJ. Appraisal of danazol prophylaxis for hereditary angioedema. Allergy Asthma Proc. 2008;29(3):225-31. Epub 2008 Apr 2. 13. Zuraw BL. Diagnosis and management of hereditary angioedema: an American approach. Transfus Apher Sci. 2003;29(3):239-45. 14. Bork K, Bygum A, Hardt J. Benefits and risks of danazol in hereditary angioedema: a long-term survey of 118 patients. Ann Allergy Asthma Immunol. 2008;100(2):153-61. 15. Zuraw BL. Hereditary angiodema: a current state-of-the-art review, IV: short- and long-term treatmentof hereditary angioedema: out with the old and in with the new? Ann Allergy Asthma Immunol.2008;100(1 Suppl 2):S13-8. 16. Banerji A, Sloane DE, Sheffer AL. Hereditary angioedema: a current state-of-the-art review, V:attenuated androgens for the treatmet of hereditary angioedema. Ann Allergy Asthma Immunol. 2008;100(1Suppl 2):S19-22. 17. Farkas H, Harmat G, Füst G, varga L, Visy B. Clinical management of hereditary angio-oedema in children. Pediatric Allergy Immunol. 2002;13(3):153-61. 18. Fay A, Abinun M. Current management of hereditary angio-oedema (C’1 esterase inhibitor deficiency). J Clin Pathol. 2002;55(4):266-70. 19. Cicardi M, Zingale L. How do we treat patients with hereditary angioedema. Transfus Apher Sci. 2003;29(3):221-7. 20. Bowen T, Hebert J, Ritchie B, Burnham J, MacSwwwn M, Warrington R, et al. Management of hereditary angioedema: a Canadian approach. Transfus Apher Sci. 2003;29(3):205-14. 21. Gelfand JA, Sherins RJ, Alling DW, Frank MM. Treatment of hereditary angiodema with danazol Reversal of clinical and biochemical abnormalities. N Eng J Med. 1976;295(26):1444-8. 22. Micromedex. DrugDex system [CD-ROM]. Greenwood Village (CO): Micromedex; 2007. 23. Wolters Kluwer Health. Drug Facts and Comparisons [CD-ROM]. St. Louis (MO): Wolters Kluwer Health; 2007. 24. Széplaki G, Varga L, Valentin S, Kleiber M, Karádi I, Romics L, et al. Adverse effects of danazol prophylaxis on the lipid profiles of patients with hereditary angioedema. J Allergy Clin Immunol. Angioedema 2005;115(4):864-9. 25. Szegedi R, Széplaki G, Varga L, Prohászka Z, Széplaki Z, Karádi I, et al. Long-term danazol prophylaxis does not lead to increased carotid intima-media thickness in hereditary angioedema patients. Atherosclerosis. 2008;198(1):184-91. Epub 2007 Oct 30. 26. Birjmohun RS, Kees Hovingh G, Stroes ES, Hofstra JJ, Dallinga-Thie GM, meijers JC, et al. Effects of short- term and long-term danazol treatment on lipoproteins, coagulation, and progression ofatherosclerosis: two clinical trials in healthy volunteers and patients with hereditary angioedema. Clin Ther. 2008;30(12):2314-23. 27. Farkas H, Czaller I, Csuka D, Vas A, Valentin S, Varga L, et al. The effect of long-term danazol prophylaxis on liver function in hereditary angioedema: a longitudinal study. Eur J Clin Pharmacol. 2010;66(4):419- 26.Epub 2009 Dec 19. 97
  • 98. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 28. Atkinson JP, Cicardi M, Sheffer AL. Prevention of attacks in hereditary angiodema [Internet]. Waltham (MA): UpToDate; 2009 [cited 2010 May 7]. Available from: http://www.uptodate.com/patients/content/topic.do?topicKey=~q4q8ma_ EQaw_FP. 29. Blohmé G. Treatment of hereditary angioneurotic oedema with tranexamic acid. A random double-blind cross-over study. Acta Med Scand. 1972;192(4):293-8. 98
  • 99. Angioedema Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Danazol Eu,______________________________________________(nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de danazol, indicado para o tratamento de angioedema. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _______________________________________________(nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer a seguinte melhora: • redução do número e/ou gravidade das manifestações do angioedema. Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento: • os riscos na gravidez ainda não são bem conhecidos; portanto, caso engravide, devo avisar imediatamente o médico; • pequenas quantidades do medicamento podem passar para o leite materno; portanto, seu uso durante a amamentação não está indicado; • efeitos adversos já relatados − náuseas, vômitos, diarreia, dor de cabeça, nervosismo, desorientação, fraqueza, convulsões, ganho de peso, inchaço, alterações do paladar, aumento da pressão arterial, perda de potássio e insuficiência cardíaca congestiva; • contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) conhecida ao medicamento; • o risco da ocorrência de eventos adversos aumenta com a superdosagem. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu tratamento, desde que assegurado o anonimato. Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Angioedema Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. 99
  • 100. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Angioedema Diagnóstico: clínico, laboratorial Paciente com diagnóstico de angioedema Critérios de exclusão: ✓ mulheres com sangramento genital de origem desconhecida Possui critérios de ✓ gravidez ou amamentação inclusão para ✓ disfunção renal, hepática ou Exclusão cardíaca grave tratamento com danazol Não do PCDT ✓ porfiria para profilaxia das ✓ história de hipersensibilidade ao crises? danazol ✓ câncer de próstata Para uso nestas situações, ver texto do PCDT Sim Critérios de inclusão: ✓ diagnóstico confirmado de angioedema hereditário (tipos 1, 2 ou Exclusão Possui algum critério 3) e ocorrência de ≥ 1 episódio de Sim angioedema num período de 3 meses do PCDT de exclusão? Não Monitorização laboratorial: Critérios de resposta: ✓ hemograma, perfil lipídico ✓ clínico: ausência de crises (colesterol total, HDL, agudas triglicerídios), creatinina, provas Tratamento com ✓ laboratorial: atividade de C1-INH hepáticas (AST, ALT, fosfatase danazol em aproximadamente 50% do alcalina, gama-GT), exame 200 mg, por via oral, normal e níveis normais de C4 qualitativo de urina 2 vezes ao dia Periodicidade: a cada 6 meses ✓ ultrassonografia abdominal (não obrigatória) Periodicidade: anualmente Revisar a adesão ao Houve tratamento e, se Sim resposta Não necessário, ajustar a terapêutica? dose de 200 mg/dia até 600 mg/dia. Manter o esquema de tratamento, Houve eventos promovendo a adversos graves ou Manter o Não tratamento. redução da dose até presença de tumores a menor dose hepáticos ? clinicamente efetiva. Suspender o Sim tratamento. 100
  • 101. Angioedema Fluxograma de Dispensação de Danazol Angioedema Paciente solicita o CID-10:D84.1 medicamento. Exames: Para os tipos 1 e 2: ✓ C1-INH ✓ CH50 ✓ C4 Possui LME corretamente Dose: 200 mg/dia (máximo de 600 mg/dia) Não preenchido e demais Sim documentos exigidos? Orientar o CID-10, exames e dose estão paciente. de acordo com o preconizado Sim Não pelo PCDT? Encaminhar o Realizar entrevista paciente ao médico farmacoterapêutica inicial assistente. com o farmacêutico. Processo Não Sim deferido? Exames necessários para monitorização: Não dispensar e Orientar o ✓ C1-INH, C4 justificar ao Periodicidade: após o 1o mês paciente. ✓ hematócrito, hemoglobina, AST, ALT, paciente. gama-GT, fosfatase alcalina, colesterol total e frações, triglicerídios e exame qualitativo de urina Periodicidade: a cada 6 meses ✓ ultrassonografia abdominal Periodicidade: anual (não obrigatória) Dispensação a cada mês de tratamento Entrevista farmacoterapêutica de monitorização Paciente apresentou alteração dos exames não compatível Sim Não Angioedema com o curso do tratamento ou eventos adversos significativos? Dispensar e solicitar parecer do médico Dispensar. assistente. 101
  • 102. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Angioedema 1 DADOS DO PACIENTE Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA 2.1 Possui outras doenças diagnosticadas? o não o sim g Quais? _______________________________________________________________________ 2.2 Está grávida ou amamentando? o não o sim g critério de exclusão para uso de danazol 2.3 Se mulher, encontra-se em idade reprodutiva? o não o sim g encaminhar ao ginecologista para uso de método anticonceptivo adequado 2.4 Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim * O uso de danazol e carbamazepina pode causar significativos aumentos dos níveis de carbamazepina com resultante toxicidade. Deve-se evitar o uso de inibidores da angiotensina e de estrogênios, por serem potencialmente desencadeadores de crises. 2.5 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não o sim g Quais? A que medicamentos? _____________________________________________________ 102
  • 103. Angioedema 3 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO Registro dos Exames Laboratoriais Exames Inicial 1o mês 6o mês 12o mês Previsão de data Data C1-INH C4 Hematócrito Hemoglobina ALT AST Gama-GT Fosfatase alcalina Colesterol total HDL LDL Triglicerídios EQU pH Densidade Glicose Bilirrubinas Corpos cetônicos Proteínas Urobilinogênio Nitritos Esterease leucocitária Leucócitos Hemácias Glicose Observação 3.1 Encontra-se C1-INH em aproximadamente 50% do valor normal e C4 dentro dos valores normais? não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (aumentar a dose conforme estabelecido no PCDT) sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (reduzir a dose conforme Angioedema estabelecido no PCDT) 3.2 Realizou ultrassonografia abdominal anual? não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (se resultado alterado) 3.3 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.4 103
  • 104. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 3.4 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente TABELA DE REGISTRO DE EVENTOS ADVERSOS Data da Evento adverso *Intensidade qConduta entrevista Principais reações adversas já relatadas: náuseas, vômitos, diarreia, cefaleia, nervosismo, desorientação, fraqueza, convulsões, ganho de peso, edema, alterações do paladar, hipertensão, falta de ar, hirsutismo, acne, mudança de voz, irregularidade menstrual * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever) 104
  • 105. Angioedema TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações Angioedema 105
  • 106. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Guia de Orientação ao Paciente Danazol este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. o medicamento é utilizado no tratamento de angioedema. 1 DOENÇA • É uma doença genética que causa inchaço principalmente no rosto, nas mãos e nos pés. Pode levar ao inchaço das vias respiratórias e do aparelho gastrointestinal com o aparecimento de edema de glote (fechamento da garganta) e cólicas na barriga. • Se não tratada, a doença pode causar morte. 2 MEDICAMENTO • Este medicamento não cura a doença, mas melhora suas manifestações. 3 GUARDA DO MEDICAMENTO • Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura (cozinha e banheiro). Conserve as cápsulas na embalagem original. 4 ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO • Tome as cápsulas (sem mastigar ou abrir), com um copo de água. Procure tomar o medicamento sempre no mesmo horário estabelecido no início do tratamento. • Tome exatamente a dose que o médico indicou. 5 REAÇÕES DESAGRADÁVEIS • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, tais como náuseas, vômitos, diarreia, dor de cabeça, nervosismo, desorientação, fraqueza, convulsões, ganho de peso, inchaço, alterações do paladar, aumento da pressão arterial, aparecimento de espinhas, crescimento de pelos, engrossamento da voz. • Se os sintomas forem muito intensos, como dor de cabeça forte, problemas de visão, náuseas e vômitos, comunique-se imediatamente com o médico. • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 PARA MULHERES EM IDADE FÉRTIL • O danazol não pode ser usado durante a gravidez, pois há risco de que o bebê nasça com problemas físicos e/ou mentais. Portanto, é muito importante que a gravidez seja evitada nesse momento. Antes do início do tratamento, procure o ginecologista para o uso correto de métodos contraceptivos. • Antes de começar o tratamento, faça o teste de gravidez. 7 USO DE OUTROS MEDICAMENTOS • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. 8 REALIZAÇÃO DOS EXAMES DE LABORATÓRIO • A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento no organismo. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o tratamento. 106
  • 107. Angioedema 9 PARA SEGUIR RECEBENDO O MEDICAMENTO Fluxograma de Dispensação de Toxina Botulínica • Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos: Distonias Focais e Espasmo Hemifacial - Receita médica atual - Cartão Nacional de Saúde ou RG - Exames: C1-INH e C4 ao final do primeiro mês e a cada 6 meses; hematócrito, hemoglobina, AST, ALT, gama-GT, fosfatase alcalina, colesterol total, HDL, LDL, triglicerídios e EQU a cada Portaria SAS/MS n 389, de 19 de setembro de 2001. 6 meses; ultrassonografia abdominal a cada 12 meses 10 EM CASO DE DÚVIDA • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 11 OUTRAS INFORMAÇÕES _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. Angioedema 107
  • 108. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 108
  • 109. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha Portaria SAS/MS no 227, de 10 de maio de 2010. 1 Metodologia de busca da literatura Foram realizadas buscas nas bases de dados do Medline/Pubmed, Embase e Cochrane em 22 de fevereiro de 2010. Na base de dados Medline/Pubmed, foi utilizada a estratégia “Red-Cell Aplasia, Pure”[Mesh] AND “Therapeutics”[Mesh], sem limite de data e restrita a estudos em humanos. A busca resultou em 149 artigos, não tendo sido encontrado ensaio clínico randomizado. Os artigos identificados como relatos de casos foram excluídos. A maioria das recomendações deste protocolo deriva de estudos observacionais e recomendações de especialistas. Na base de dados Embase, foi repetida a busca acima e não foram encontrados estudos relevantes que não resultassem da busca efetuada no Medline/Pubmed. Na biblioteca Cochrane, não foram localizadas revisões sistemáticas relacionadas ao tema. Também foram consultados livros-texto de Hematologia e o UpToDate, versão 17.3, através do site http://www.uptodateonline.com/online/index.do. 2 Introdução Aplasia pura adquirida crônica da série vermelha (APASV) é uma síndrome clínica rara, caracterizada por anemia grave, hipoproliferativa (com reticulocitopenia importante) e marcada diminuição ou até inexistência de eritroblastos na medula óssea, com presença normal de precursores das outras séries celulares1-3. APASV pode ocorrer como doença primária (também chamada de idiopática) ou secundária a diversas outras doenças. Dentre as causas secundárias destacam-se doenças autoimunes, neoplasias, linfoproliferações, infecções virais após transplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico ABO incompatível e uso de medicamentos1,2 (Tabela 1). APASV pode se manifestar de maneira aguda e autolimitada, frequentemente observada em crianças, e de maneira crônica, mais comum em adultos2. Estudos observacionais apontam uma sobrevida média superior a 10 anos para os casos de APASV idiopática, podendo ser significativamente menor em pacientes com doença secundária, conforme a patologia de base1,3. Não foram localizados estudos de prevalência de APASV. Postula-se que um mecanismo envolvendo autoimunidade (autoanticorpos da classe IgG) e ativação de linfócitos T citotóxicos e natural killers esteja implicado no desenvolvimento da aplasia, com destruição dos precursores eritroides ainda na medula óssea1,2. Consultores: Carolina da Fonte Pithan, Marcelo Capra, Rafael Selbach Scheffel, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 109
  • 110. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Tabela 1 - Causas Secundárias de Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha1,2 Medicamentos Fenitoína, carbamazepina, ácido valproico, fenobarbital, sulfametoxazol-trimetoprim, zidovudina, cloranfenicol, linezolida, dapsona, penicilina, rifampicina, lamivudina, clorpropamida, estimulantes da eritropoese, micofenolato de mofetila, azatioprina, tacrolimo, fludarabina, cladribina, alopurinol e metildopa Infecções Parvovírus B19, HIV, hepatites virais Causas autoimunes Anemia hemolítica autoimune, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, transplante de medula óssea ABO incompatível Neoplasias linfoides Leucemia linfocítica crônica, leucemia de grandes linfócitos granulares, doença de Hodgkin, linfoma não Hodgkin, mieloma múltiplo Neoplasias mieloides Leucemia mieloide crônica, metaplasia mieloide agnogênica com mielofibrose, pródromo de síndrome mielodisplásica Outras causas Timoma, gestação 3 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • D60.0 Aplasia pura adquirida crônica da série vermelha 4 Diagnóstico 4.1 Diagnóstico clínico As manifestações clínicas da doença decorrem da anemia ou da doença de base causadora, quando presente. Como a anemia tem início insidioso, é comum que os pacientes tenham sintomatologia leve ou ausente por ocasião do diagnóstico. Para investigação das causas secundárias de APASV deve-se pesquisar, à anamnese, o uso de medicamentos, exposição a fármacos e infecções. Ao exame físico, devem ser investigados sinais clínicos indicativos de alguma doença de base. 4.2 Diagnóstico laboratorial O diagnóstico laboratorial baseia-se na presença de todos os achados abaixo1-3: • anemia normocítica e normocrômica, com série vermelha com morfologia normal na periferia; • reticulocitopenia importante (reticulócitos < 10.000/ml); • contagens normais de plaquetas e leucócitos; • medula óssea com megacariopoese, linfopoese e mielopoese normais com ausência ou redução significativa de precursores eritroides. Para a investigação e exclusão de causas secundárias de APASV, os seguintes exames iniciais devem ser solicitados: • hemograma completo, com análise de esfregaço periférico e contagem de reticulócitos; • tomografia computadorizada de tórax para investigação de timoma; • anti-HIV e anti-HCV; • biópsia e aspirado de medula óssea; • anticorpo antinuclear. 5 Critérios de inclusão Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes com diagnóstico de APASV idiopática que não entrarem em remissão em 1 mês e os com APASV secundária que não tenham respondido ao tratamento da doença de base ou após suspensão, por 1 mês, do medicamento responsável pela anemia. 110
  • 111. Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha 6 Critérios de exclusão Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes com intolerância ou hipersensibilidade aos medicamentos propostos. 7 Casos especiais 7.1 Pacientes com timoma – imunosupressores Em pacientes com diagnóstico de timoma, a incidência de desenvolvimento de APASV é de 5%. Atualmente, recomenda-se a realização de timectomia nestes casos, com taxas de resposta referidas na literatura de 25%-30%3. Alguns trabalhos mais recentes mostraram que somente timectomia não é suficiente para o tratamento, sendo necessário o uso de medicamentos imunosupressores4,5. Um estudo com 41 pacientes com timoma e APASV sugeriu que a resposta a esquemas terapêuticos contendo ciclosporina seria maior e mais sustentada4. Apesar da limitação dos estudos, recomenda-se o uso de medicamentos imunossupressores nestes casos. 7.2 Pacientes com infecção por parvovírus B19 Alguns estudos com pacientes portadores de infecção crônica pelo parvovírus B19 estabelecida (presença de um pequeno número de proeritroblastos vacuolados gigantes à biópsia de medula; presença de anticorpos anti-B19 IgM no soro ou detecção do DNA viral no soro por técnicas de biologia molecular) sugerem a utilização de imunoglobulina intravenosa nos casos de anemia importante e infecção crônica em pacientes imunossuprimidos, aparentemente com boas taxas de remissão, porém com muitas recidivas6-8. Os estudos são todos observacionais (séries de casos e relatos de caso). Pela gravidade desta condição clínica, sugere-se o uso deste medicamento, apesar da frágil evidência encontrada na literatura. 7.3 Pacientes com APASV secundária ao uso de alfaepoetina humana Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha Os pacientes que desenvolvem APASV secundária ao uso de alfaepoetina humana devem ter seu atendimento inicial centrado na suspensão do medicamento. Como o mecanismo de desenvolvimento desta complicação é a formação de anticorpos, está indicado o uso de imunossupressores neste cenário clínico. Recentemente, um peptídio agonista do receptor da eritropoetina foi utilizado em 14 pacientes com insuficiência renal crônica e APASV, com diminuição da necessidade de transfusões e melhora dos níveis de hemoglobina9. Por não haver estudos com maior número de pacientes e com delineamentos mais rigorosos, este medicamento precisa ter sua utilidade comprovada, não podendo ainda ser recomendado na prática médica. 8 Tratamento O tratamento de APASV varia conforme a etiologia estabelecida da doença. Durante a avaliação inicial do paciente, um suporte transfusional adequado deverá ser oferecido de acordo com os sintomas secundários à anemia. Nos casos de APASV secundária a outras doenças e medicamentos, o tratamento primário será dirigido à doença de base e à suspensão dos possíveis fármacos relacionados ao desenvolvimento da aplasia. Em cerca de 10%-12% dos casos de APASV idiopática pode ocorrer remissão espontânea da doença em curto espaço de tempo, recomendando-se aguardar pelo menos 1 mês antes de iniciar tratamento imunossupressor específico3. Nos pacientes em que não houver melhora com o tratamento da doença de base, a APASV deve ser tratada como uma doença imunológica, sendo então recomendados medicamentos imunossupressores, para os quais já foram propostos diversos esquemas terapêuticos. Uma abordagem sugerida é o uso inicial de prednisona, seguido de adição de ciclofosfamida. Nos pacientes resistentes a estes dois medicamentos, pode ser utilizada ciclosporina1,3. As respostas a todos os medicamentos atualmente disponíveis para o tratamento da APASV são semelhantes e não existem estudos que permitam a comparação entre eles. Portanto, a seleção é baseada nos perfis dos efeitos adversos. 111
  • 112. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Para os pacientes com infecção crônica pelo parvovírus B19 e em imunosupressão, recomenda-se o uso de imunoglobulina intravenosa (ver Casos Especiais). Prednisona Prednisona foi o primeiro medicamento a ser utilizado para o tratamento de APASV e permanece como primeira escolha1-3. Em uma série avaliada por Clark e cols.10, em 1984, 10 dos 27 (37%) pacientes responderam ao tratamento, com um período médio de resposta de 2,5 semanas. Outro estudo retrospectivo com 25 pacientes mostrou taxas semelhantes de resposta com estes medicamentos (36%); as taxas descritas na literatura variam de 30%-62%3. A taxa de remissão dos 185 pacientes que usaram corticosteroides, em um estudo retrospectivo proveniente de um registro nacional japonês, foi de 60%11. Apesar da boa resposta, uma das limitações ao uso desta classe de medicamentos é a alta taxa de recidiva: até 80% quando a dose é diminuída nos 2 primeiros anos de tratamento3,10. Uma outra limitação é o grande índice de morbidade decorrente do uso crônico, como miopatia, infecções, hiperglicemia e osteoporose3. No mesmo estudo de Clark e cols.10, os pacientes com recidiva que voltaram a receber corticosteroides apresentaram novamente boa taxa de resposta (10/13, 77%). É recomendado que o fármaco iniciado seja retirado gradualmente, em uma tentativa de diminuir a incidência de recidiva até que seja atingida a dose mínima necessária para manter o paciente em remissão. Ciclofosfamida Ciclofosfamida é um agente alquilante que pode ser utilizado no tratamento de APASV isoladamente ou em associação a corticosteroides nos casos em que a resposta a eles não for adequada1. O uso deste medicamento isoladamente tem taxas de resposta descritas na literatura entre 7%-20%, enquanto combinado com corticosteroides pode atingir 40%-60%, sendo esta a forma recomendada atualmente2. O tempo médio para resposta é de 11-12 semanas. Atingida a resposta adequada, o tratamento com corticosteroides deve ser diminuído e o tratamento com ciclofosfamida deve ser reduzido até sua suspensão após a normalização do hematócrito3. A remissão obtida com esquemas contendo ciclofosfamida parece ser maior quando comparada com esquemas que utilizam somente corticosteroides ou mesmo ciclosporina3. Porém cabe salientar que o uso crônico de agentes alquilantes pode trazer complicações importantes, como neoplasias secundárias e infertilidade relacionadas à dose cumulativa e ao tempo de tratamento. Em razão destes efeitos adversos graves, não é recomendado o uso de ciclofosfamida por mais de 6 meses. Ciclosporina Estudos que avaliaram a utilização de ciclosporina no tratamento de APASV mostraram taxas de resposta entre 65%-87%3. Em um estudo com 150 pacientes, dos quais 38 receberam ciclosporina, a taxa de resposta foi de 82%, sendo de 87% nos com APASV primária e de 73% nos com causas secundárias12. Em um estudo retrospectivo proveniente de um registro nacional japonês que incluiu 185 pacientes, tendo 62 deles APASV primária, a taxa de remissão foi de 74% nos que usaram ciclosporina. Os pacientes tratados somente com ciclosporina (n = 23) ficaram livres de transfusão em média 82 dias após o início do tratamento11. Em pacientes que necessitam de tratamento de manutenção, parece haver aumento do tempo livre de recidiva: 103 meses nos pacientes em uso de terapia combinada de ciclosporina com corticosteroides e 33 meses nos pacientes somente em uso de corticosteroides (p < 0,01)11. Apesar destas prováveis vantagens do tratamento com ciclosporina, não foi possível comprovar até o momento sua superioridade em relação aos corticosteroides em termos de sobrevida geral3. Quando utilizada, a ciclosporina deve ser mantida por até 3 meses caso ocorra resposta clínica adequada. Sua retirada deve ser gradual, a exemplo dos corticoesteroides, uma vez que a recidiva da doença é comum quando o fármaco é suspenso abruptamente3,11. Cabe ressaltar que a terapia com ciclosporina não é isenta de complicações, e a nefrotoxicidade pode representar uma limitação importante do tratamento. 8.1 Fármacos Prednisona: comprimidos de 5 e 20 mg • • Ciclofosfamida: drágeas de 50 mg 112
  • 113. Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha • Ciclosporina: cápsulas de 10, 25, 50 e 100 mg; solução oral de 100 mg/ml • Imunoglobulina humana: frasco-ampola de 0,5; 1,0; 2,5, 3,0; 5,0 e 6,0 g 8.2 Esquemas de administração • Prednisona: são preconizados 60 mg por dia em doses divididas. O medicamento deve ter sua dose diminuída gradativamente depois de alcançada resposta clínica. • Ciclofosfamida: a dose inicial deve ser de 2 a 3 mg/kg dia. Outro esquema proposto é iniciar com 50 mg/dia, por via oral, e aumentar 50 mg semanalmente ou a cada 2 semanas, até uma dose máxima de 150 mg por dia, de acordo com a contagem de plaquetas e leucócitos. Atingida resposta clínica adequada, a dose deve ser gradualmente reduzida em 3 meses. • Ciclosporina: não há consenso na literatura sobre a melhor dose a ser utilizada. Um esquema proposto é o uso de 12 mg/kg/dia, divididos em 2 administrações diárias1. Alguns estudos demonstraram que doses menores podem ser adequadas e, por isso, preconiza-se que seja utilizada a dosagem sérica dos níveis de ciclosporina como monitorização da dose ideal a ser empregada3. • Imunoglobulina humana: pela natureza da evidência disponível para este medicamento, diversos esquemas terapêuticos já foram descritos, inexistindo um esquema terapêutico padrão. O esquema pode variar de 400 mg/kg por 5 dias até 1.000 mg/kg por 3 dias. 8.3 Tempo de tratamento – critérios de interrupção O tempo de tratamento varia conforme o medicamento utilizado, idealmente até a remissão da doença. Pacientes com recidivas frequentes podem necessitar de tratamento continuado para manter a remissão. Preconiza-se que o tratamento com ciclofosfamida não ultrapasse 6 meses. 8.4 Benefícios esperados • Recuperação da anemia com aumento do número de reticulócitos e redução dos sintomas Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha clínicos de anemia • Redução da necessidade de transfusões 9 Monitorização Prednisona Devem ser dosados glicemia de jejum, potássio, colesterol total, triglicerídios e aferida a pressão arterial antes do início do tratamento. Durante o uso de corticosteroides, o paciente deve ser reavaliado clinicamente no mínimo a cada 3 meses e laboratorialmente no mínimo a cada ano. Os glicocorticoides devem ser usados pelo menor tempo possível, desde que haja resposta clínica adequada. Ciclofosfamida Devem ser realizados hemograma e dosagem de plaquetas semanalmente no primeiro mês, quinzenalmente no segundo e terceiro meses e, após, mensalmente ou se houver mudança nas doses. Também deve ser realizado controle da função hepática (ALT, AST, GGT e bilirrubinas), na mesma periodicidade dos hemogramas nos primeiros 6 meses e depois trimestralmente. Ciclosporina Deve ser realizada monitorização dos níveis séricos do fármaco (a serem mantidos entre 100- 200 ng/ml), da pressão arterial sistêmica e da função renal (creatinina) antes do início do tratamento e repetida a cada 2 semanas nos primeiros 3 meses de tratamento e, após, mensalmente se o paciente estiver clinicamente estável. Se houver desenvolvimento de hipertensão, a dose deve ser reduzida de 25%-50%; persistindo a hipertensão, o tratamento deve ser suspenso. Imunoglobulina humana Pacientes em uso deste medicamento podem apresentar reações adversas relacionadas à infusão (febre, náusea, vômito), que deve ser suspensa se houver qualquer um destes sintomas. Requer uso cuidadoso em pacientes com condições que possam levar à perda da função renal (idosos, 113
  • 114. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas doença renal prévia, diabetes melito, sepse) por existirem relatos de casos de indução de insuficiência renal aguda. Outra complicação descrita é anemia hemolítica. Para a monitorização destes efeitos adversos, devem ser realizados exames laboratoriais (nível sérico de creatinina, hemograma) e avaliação clínica de efeitos adversos relacionados à infusão e débito urinário. 10 Acompanhamento pós-tratamento Inexiste uma recomendação formal quanto ao tempo de acompanhamento pós-tratamento dos pacientes com APASV. Como a recidiva é bastante comum com os esquemas terapêuticos atualmente disponíveis e os níveis de evidência na literatura não são ideais, visto tratar-se de uma doença rara, sugere-se que os pacientes sejam acompanhados em serviço especializado de Hematologia e Hemoterapia por, pelo menos, 5 anos. 11 Regulação/controle/avaliação pelo gestor Pacientes sob suspeita de terem adquirido APASV devem ser encaminhados a serviços especializados em Hematologia para um adequado diagnóstico e inclusão no protocolo de tratamento. Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão dos pacientes neste protocolo, a duração e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas, a adequação de uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento. 12 Termo de esclarecimento e responsabilidade – TER É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso dos medicamentos preconizados neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Schier SL. Acquired pure red cell aplasia [Internet]. Waltham (MA): UpToDate; 2009 [cited 2010 May 25]. Available from: http://www.uptodate.com/patients/content/topic.do?topicKey=~ZbPxAEEkDJzkXZ&selectedTitle=1~150. 2. Sawada K, Hirokawa M, Fujishima N. Diagnosis and management of acquired pure red cell aplasia. Hematol Oncol Clin North Am. 2009;23(2):249-59. 3. Sawada K, Fujishima N, Hirokawa M. Acquired pure red cell aplasia: updated review of treatment. Br J Haematol. 2008;142(4):505-14. Epub 2008 May 28. 4. Hirokawa M, Sawada K, Fujishima N, Nakao S, Urabe A, Dan K, et al. Long-term response and outcome following immunosuppressive therapy in thymoma-associated pure red cell aplasia: a nationwide cohort study in Japan by the PRCA collaborative study group. Haematologica. 2008;93(1):27-33. 5. Thompson CA, Steensma DP. Pure red cell aplasia associated with thymoma: clinical insights from a 50-year single- institution experience. Br J Haematol. 2006;135(3):405-7. 6. Koduri PR, Kumapley R, Valladares J, Teter C. Chronic pure red cell aplasia caused by parvovirus B19 in AIDS: use of intravenous immunoglobulin – a report of eight patients. Am J Hematol. 1999;61(1):16-20. 7. Kurtzman G, Frickhofen N, Kimball J, Jenkins DW, Nienhuis AW, Young NS. Pure red-cell aplasia of 10 years’ duration due to persistent parvovirus B19 infection and its cure with immunoglobulin therapy. N Engl J Med. 1989;321(8):519-23. 8. Frickhofen N, Abkowitz JL, Safford M, Berry JM, Antunez-de-Mayolo J, Astrow A, et al. Persistent B19 parvovirus infection in patients infected with human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1): a treatable cause of anemia in AIDS. Ann Intern Med. 1990;113(12):926-33. 9. Macdougall IC, Rossert J, Casadevall N, Stead RB, Duliege A, Froissart M, et al. A Peptide-Based Erythropoietin- Receptor Agonist for Pure Red-Cell Aplasia. N Engl J Med. 2009;361:1848-55. 10. Clark DA, Dessypris EN, Krantz SB. Studies on pure red cell aplasia. XI. Results of immunosuppressive treatment of 37 patients. Blood. 1984;63(2):277-86. 11. Sawada K, Hirokawa M, Fujishima N, Teramura M, Bessho M, Dan K, et al. Long-term outcome of patients with acquired primary idiopathic pure red cell aplasia receiving cyclosporine A. A nationwide cohort study in Japan for the PRCA Collaborative Study Group. Haematologica. 2007;92(8):1021-8. Epub 2007 Jul 20. 12. Mamiya S, Itoh T, Miura AB. Acquired pure red cell aplasia in Japan. Eur J Haematol. 1997;59(4):199-205. 114
  • 115. Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Ciclofosfamida, Ciclosporina e Imunoglobulina Humana Eu, ______________________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de ciclofosfamida, ciclosporina e imunoglobulina humana, indicados para o tratamento de aplasia pura adquirida crônica da série vermelha. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _______________________________________________(nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer a seguinte melhora: • recuperação da anemia com aumento do número de reticulócitos; • redução dos sintomas clínicos de anemia; • redução da necessidade de transfusões. Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento: • não se sabe ao certo os riscos do uso da ciclosporina e imunoglobulina humana na gravidez; portanto, caso engravide, devo avisar imediatamente o médico; • ciclofosfamida não deve ser usada durante a gestação pelo risco de má-formação do feto; • efeitos adversos da ciclofosfamida – náuseas, vômitos, queda de cabelo, risco aumentado de infecções, anemia, toxicidade para a medula óssea, infecções na bexiga, risco de sangramento (redução do número de plaquetas); • efeitos adversos da ciclosporina – problemas nos rins e fígado, tremores, aumento da quantidade de pelos no corpo, pressão alta, aumento do crescimento da gengiva, aumento Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha do colesterol e triglicerídios, formigamentos, dor no peito, batimentos rápidos do coração, convulsões, confusão, ansiedade, depressão, fraqueza, dor de cabeça, unhas e cabelos quebradiços, coceira, espinhas, náuseas, vômitos, perda de apetite, soluços, inflamação na boca, dificuldade para engolir, sangramentos, inflamação do pâncreas, prisão de ventre, desconforto abdominal, diminuição das células brancas do sangue, linfoma, calorões, aumento da quantidade de cálcio, magnésio e ácido úrico no sangue, toxicidade para os músculos, problemas respiratórios, sensibilidade aumentada à temperatura e aumento das mamas; • efeitos adversos da imunoglobulina humana – dor de cabeça, calafrios, febre, reações no local de aplicação da injeção que incluem dor, coceira e vermelhidão, problemas renais (aumento de creatinina e ureia no sangue, seguido de oligúria e anúria, insuficiência renal aguda, necrose tubular aguda, nefropatia tubular proximal, nefrose osmótica); • contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) aos fármacos; • o risco da ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo- me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato. m Meu tratamento constará do seguinte medicamento: o ciclofosfamida o ciclosporina o imunoglobulina humana 115
  • 116. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. 116
  • 117. Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha 117
  • 118. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha (APASV) Fluxograma de Tratamento Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha (APASV) Prednisona, Ciclofosfamida, Ciclosporina, Imunoglobulina Humana Diagnóstico: clínico, laboratorial Paciente com diagnóstico de APASV Critérios de inclusão: APASV idiopática ✓ sem remissão em 1 mês após o diagnóstico Possui critérios de APASV secundária Sim ✓ sem resposta ao tratamento da Não inclusão para doença de base ou suspensão, por tratamento? 1 mês, do medicamento responsável pela anemia Critério de exclusão: Possui algum ✓ intolerância ou Exclusão do hipersensibilidade aos Sim critério de Não PCDT medicamentos do PCDT exclusão? APASV associada a timoma ou a infecção por parvovírus B19? Sim Não APASV associada a timoma: timectomia APASV associada a parvovírus B19: tratamento com imunoglobulina humana Tratamento Monitorar Sim Houve resposta Não com clínica e laboratorial*? prednisona * Resposta ao tratamento: ✓ recuperação da anemia e aumento do número de reticulócitos Houve resposta clínica Sim Não ✓ diminuição da necessidade e laboratorial*? de transfusões Adicionar Manter o tratamento e ciclofosfamida. diminuir gradualmente a dose até limite para manter a remissão. Houve resposta clínica Sim Não e laboratorial*? Manter o tratamento e diminuir Trocar o gradualmente a dose até limite para esquema por manter a remissão. Recomenda-se ciclosporina. tratamento por no máximo 6 meses. 118
  • 119. Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha Fluxograma de Dispensação de Ciclosporina, Ciclofosfamida e Imunoglobulina Humana Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série de Ciclosporina, Ciclofosfamida e Fluxograma de Dispensação Vermelha (APASV) Imunoglobulina HumanaAplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha (APASV) CID-10: D60.0 Exames: Paciente solicita o ✓ hemograma completo, com análise de esfregaço periférico e contagem de reticulócitos medicamento. ✓ contagem de plaquetas ✓ biópsia e aspirado de medula óssea Para portadores de parvovírus B19: ✓ anticorpos anti-B19 IgM no soro ou ✓ detecção do DNA viral soro por técnicas de biologia molecular Exames não obrigatórios: Possui LME corretamente ✓ tomografia computadorizada de tórax preenchido e demais ✓ anti-HIV e anti-HCV documentos exigidos? ✓ anticorpo antinuclear Não Sim Dose: ciclofosfamida: 2-3 mg/kg/dia até 150 mg/dia, por VO ciclosporina: 12 mg/kg/dia, por VO imunoglobulina humana: 400 mg/kg por 5 dias até 1.000 mg/kg por 3 dias, por via IV Orientar o CID-10, exames e paciente. dose estão de acordo Não Sim com o preconizado pelo PCDT? Encaminhar o Realizar entrevista paciente ao farmacoterapêutica inicial Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha médico assistente. com o farmacêutico. Processo Exames necessários para monitorização: Não deferido? Sim Para ciclofosfamida: ✓ hemograma e plaquetas Periodicidade: semanalmente no primeiro mês, quinzenalmente no segundo e terceiro meses e, após, mensalmente ou se houver mudança nas doses Não dispensar e Orientar o ✓ ALT, AST, GGT e bilirrubinas justificar ao paciente. Periodicidade: a mesma do hemograma nos paciente. primeiros 6 meses e, após, trimestralmente Para ciclosporina: ✓ níveis séricos do fármaco Periodicidade: a critério médico ✓ creatinina Periodicidade: a cada 2 semanas nos primeiros 3 Dispensação a cada mês de meses de tratamento e, após, mensalmente Para imunoglobulina humana: tratamento ✓ creatinina e hemograma Entrevista Periodicidade: a critério médico farmacoterapêutica de monitorização Paciente apresentou alteração nos exames não compatível Sim Não com o curso do tratamento ou eventos adversos significativos? Dispensar* e solicitar parecer do médico Dispensar. assistente. * Observação: se houver o desenvolvimento de hipertensão, deve ser realizada redução de 25% a 50% da dose de ciclosporina; persistindo hipertensão após esta redução, o tratamento deve ser suspenso; não dispensar. 119
  • 120. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha 1 Dados do Paciente Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 Avaliação Farmacoterapêutica 2.1 Quais as causas da aplasia pura adquirida crônica da série vermelha? o Idiopática ______________________________________________________________________________ o Doença autoimune _____________________________________________________________________ o Neoplasias_____________________________________________________________________________ o Linfoproliferações________________________________________________________________________ o Infecções virais_________________________________________________________________________ o Uso de medicamentos ___________________________________________________________________ o Outras causas __________________________________________________________________________ 2.2 Possui outras doenças diagnosticadas? o não o sim gQuais? __________________________________________________________________________ 2.3 Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim 2.4 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não sim o gQuais?A que medicamentos? _________________________________________________________ 120
  • 121. Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha 3 Monitorização do Tratamento Exames Laboratoriais – Monitorização dos Medicamentos Utilizados* Inicial 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data prevista** Data Hemoglobina Leucócitos Neutrófilos Linfócitos Reticulócitos Plaquetas ALT AST GGT Bilirrubinas Creatinina Ciclosporina sérica 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data prevista** Data Hemoglobina Leucócitos Neutrófilos Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha Linfócitos Reticulócitos Plaquetas ALT AST GGT Bilirrubinas Creatinina Ciclosporina sérica * Completar a tabela de acordo com os medicamentos utilizados. ** A periodicidade dos exames varia conforme o medicamento. Para ciclofosfamida 3.1 Houve alteração significativa dos exames de função hepática? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose deve ser reavaliada ou o medicamento descontinuado) Para ciclosporina (monitorizar pressão arterial e creatinina antes do início do tratamento e repetir a cada 2 semanas nos primeiros 3 meses de tratamento e, após, mensalmente se o paciente se encontrar clinicamente estável) 3.2 Desenvolveu hipertensão ao longo do tratamento? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose deve ser reduzida de 25% a 50%; persistindo a hipertensão, o tratamento deve ser descontinuado) 121
  • 122. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 3.3 Houve alteração significativa dos níveis de creatinina? não g Dispensar não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose deve ser reavaliada ou o medicamento descontinuado) Para imunoglobulina humana 3.4 Houve alteração significativa dos níveis de creatinina? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose deve ser reavaliada ou o medicamento descontinuado) Para todos os medicamentos 3.5 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.6 3.6 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente Tabela de Registro de Eventos Adversos Data da Evento adverso *Intensidade q Conduta entrevista Observar as reações adversas já relatadas de acordo com o medicamento utilizado * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever) 122
  • 123. Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 123
  • 124. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Guia de Orientação ao Paciente Ciclofosfamida, Ciclosporina e Imunoglobulina Humana este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. o medicamento é utilizado no tratamento de aplasia pura adquirida crônica da série vermelha. 1 Doença • Aplasia pura adquirida crônica da série vermelha é uma doença na medula óssea na qual ocorre pouca ou nenhuma produção das células vermelhas do sangue, levando a uma anemia grave. Pode ocorrer por várias causas, dentre as quais doenças autoimunes, neoplasias, infecções virais e uso de medicamentos. 2 Medicamento • Este medicamento não cura a doença, porém melhora a anemia e os sintomas de cansaço, fraqueza, tonturas, entre outros, diminuindo a necessidade de transfusões de sangue. 3 Guarda do medicamento • Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura (cozinha e banheiro). Conserve o medicamento na embalagem original. • A imunoglobulina humana deve ser guardada na geladeira, mas não deve ser congelada. 4 Administração do medicamento • Tome os comprimidos, drágeas ou cápsulas (sem mastigar ou abrir) com ajuda de um líquido, de preferência junto às refeições. • Tome o número exato de cápsulas prescrito pelo médico e procure tomá-las sempre no horário estabelecido no início do tratamento. • Em caso de esquecimento de uma dose, tome-a assim que lembrar. Não tome a dose em dobro para compensar a que foi esquecida. • A imunoglobulina humana deve ser aplicada em ambiente hospitalar. 5 Reações Desagradáveis • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, que variam de acordo com o medicamento, tais como dor de cabeça, náuseas, vômitos, diarreia, queda de cabelo, perda de apetite, reações alérgicas, febre, calafrios, falta de ar. • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 Uso de outros medicamentos • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. 7 Para seguir recebendo o medicamento • Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos: − Receita médica atual − Cartão Nacional de Saúde ou RG − Exames: para ciclofosfamida – hemograma e plaquetas semanalmente no primeiro mês, quinzenalmente no 124
  • 125. Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha segundo e terceiro meses e, após, mensalmente ou se houver mudança nas doses; ALT, AST, GGT e bilirrubinas no mesmo intervalo do hemograma nos primeiros 6 meses e, após, trimestralmente para ciclosporina – níveis séricos do fármaco com intervalo a critério médico, creatinina a cada 2 semanas nos primeiros 3 meses de tratamento e, após, mensalmente para imunoglobulina humana – creatinina e hemograma com intervalos a critério médico 8 Em caso de dúvida • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 9 Outras informações _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. para imunoglobina humana: Aplasia Pura Adquirida Crônica da Série Vermelha levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira. 125
  • 126. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 126
  • 127. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Artrite Reativa - Doença de Reiter Portaria SAS/MS no 207, de 23 de abril de 2010. 1 Metodologia de busca da literatura oram utilizadas as bases de dados Medline/Pubmed e Embase e livros-texto de Medicina. F busca na base de dados Medline/Pubmed foi realizada em janeiro de 2010, utilizando-se as A palavras-chave reactive arthritis [Mesh] AND diagnosis [Mesh]. Essa busca restringiu-se a artigos em língua inglesa e a estudos realizados em humanos, com o uso dos filtros Practice Guideline, Review e Guideline, resultando em 99 artigos. A busca realizada com as palavras-chave reactive arthritis [Mesh] AND therapeutics [Mesh] restringiu-se a artigos em língua inglesa e conduzidos em humanos, com o emprego dos filtros Clinical Trial, Meta-analysis, Practice Guideline, Randomized Controlled Trial, Review, Guideline e Controlled Clinical Trial, resultando em 49 artigos. om a busca na base de dados Embase feita em 5 de janeiro de 2010 através das palavras-chave C reactive arthritis/exp AND diagnosis/exp, sendo limitada a artigos em língua inglesa e conduzidos em humanos, com o uso do filtro review/it, foram encontrados 114 artigos. Também foi realizada busca nessa mesma base de dados com as palavras-chave reactive arthritis/exp AND therapy/exp. Tal busca restringiu-se a artigos em língua inglesa e realizados em humanos, com os filtros [cochrane review]/lim OR [controlled clinical trial]/lim OR [meta-analysis]/lim OR [randomized controlled trial]/lim OR [systematic review]/lim, tendo sido obtidos 30 artigos. escolha dos artigos para inclusão no PCDT baseou-se nos seguintes critérios: todos foram A revisados, e os identificados como revisões, consensos ou estudos clínicos sobre o tema foram selecionados para a elaboração do protocolo e incluídos no texto. busca em livros-texto baseou-se no livro UpToDate, versão 17.2, disponível através do site www. A uptodateonline.com, consultado no dia 25 de novembro de 2009. 2 Introdução ntigamente denominada doença de Reiter, a artrite reativa é uma das espondiloartropatias A soronegativas, grupo de doenças reumáticas crônicas que afetam articulações periféricas e da coluna e que compartilham características clínicas, radiológicas e genéticas semelhantes. Neste grupo de doenças (espondiloartropatias), além de artrite reativa, encontram-se espondilite anquilosante, artrite psoriática, espondiloartropatia associada à doença inflamatória intestinal e espondiloartropatia indiferenciada1. expressão artrite reativa refere-se a uma artrite que se desenvolve durante ou logo após uma A infecção bacteriana, geralmente geniturinária ou gastrointestinal, desencadeada por patógenos que não se consegue isolar nas articulações acometidas2,3. É, pois, uma artrite asséptica que ocorre subsequentemente a uma infecção extra-articular4. A artrite reativa é composta da tríade clínica de artrite, uretrite e conjuntivite pós- infecciosas3. O envolvimento extra-articular pode também cursar com vulvite, balanite, lesões mucocutâneas, dactilites e entesites diversas5-7. á uma forte associação das espondiloartropatias com o antígeno leucocitário humano B27 (HLA-B27), H presente em cerca de 60% dos pacientes com artrite reativa2-10. O antígeno bacteriano desencadeia a reação imunológica responsável pela artrite, que se perpetua mesmo após a cura da infecção. A positividade do HLA-B27 é um marcador de risco para artrite e também para o envolvimento do esqueleto axial e de maior agressividade da doença3,5,8. Consultores: Beatriz Antunes de Mattos, José Miguel Dora, Luiz Roberto de Fraga Brusch, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 127
  • 128. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas rtrite reativa é uma entidade nosológica cujo conceito ainda está em evolução, não havendo critérios A diagnósticos ou de classificação definitivos e validados. Um consenso de especialistas2, reunidos em Berlim em 1999, sugeriu que a identificação de alguns fatores pode ser de utilidade diagnóstica: • patógenos causadores – clássicos: Chlamydia trachomatis, Yersinia sp., Salmonella sp., Shigella sp. e Campilobacter sp.; e prováveis: Clostridium difficile e Chlamydia pneumoniae; • intervalo entre a infecção sintomática e o início da artrite – de alguns dias a 8 semanas; • padrão da artrite típico – monoartrite ou oligoartrite assimétrica, predominantemente nos membros inferiores; • diferença entre as formas reativa aguda e crônica – artrite reativa de mais de 6 meses de duração é diagnosticada como crônica. uma doença pouco frequente e, entre as espondiloartropatias, constitui a minoria dos casos2. Sua É incidência é provavelmente subestimada, já que casos leves podem não ser diagnosticados. A artrite reativa é uma condição que ocorre globalmente, afetando predominantemente adultos jovens entre 20 e 40 anos. Acomete mais homens do que mulheres, numa taxa de 3:1 quando a infecção inicial é geniturinária5,8. Já a artrite reativa pós-entérica atinge igualmente ambos os sexos8. m populações de países escandinavos, os dados de prevalência da artrite reativa são de 30-40 por E 100.000 pessoas, e os de incidência, de 5-28 por 100.000 pessoas/ano. Estima-se que em torno de 1% das uretrites não gonocócicas e em 3% das enterites bacterianas ocorra desenvolvimento posterior de artrite reativa. Em surtos de diarreias bacterianas, a incidência de artrite é de 0% - 4%. o Brasil, em uma série hospitalar, verificou-se aumento da prevalência de artrite reativa na população N de pacientes infectados com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) a partir de 19859. Neles, o quadro clínico é mais agressivo e mais resistente aos tratamentos usuais5,9. O prognóstico, na maioria dos casos, é bom, com grande parte recuperando-se gradualmente em poucos meses. Entretanto, 66% dos pacientes permanecem com desconforto articular, dor lombar baixa e sintomas de entesopatia após a crise inicial, e cerca de 15% - 30% desenvolvem doença inflamatória articular crônica6-8,11. 3 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • M02.3 Doença de Reiter 4 Diagnóstico .1 Clínico 4 síndrome clínica caracterizada por artrite, uretrite, conjuntivite e lesões mucocutâneas, comumente A conhecida por artrite reativa ou doença de Reiter, é uma doença multissistêmica desencadeada por uma resposta imune do hospedeiro após exposição a um antígeno5. A tríade clássica – artrite, uretrite e conjuntivite – ocorre apenas em um terço dos casos, e o quadro clínico acompanhado de sinais mucocutâneos é pouco frequente. s pacientes são geralmente adultos jovens (entre 20 e 40 anos), com história de infecção nas últimas O 4 semanas5. A doença pode se manifestar de forma localizada e leve ou de forma grave e multissistêmica, acompanhada de febre, mal-estar e perda de peso. O envolvimento articular varia desde monoartrite transitória até poliartrite com acometimento axial. A manifestação clínica mais comum (95%) é a presença de oligoartrite aguda e assimétrica dos membros inferiores, principalmente joelhos, calcanhares e articulações metatarsofalangianas. Sinovites, tendinites e entesites das pequenas articulações apresentam-se com os sintomas dolorosos e os dedos característicos da doença (“dedos em salsicha”). No entanto, 50% dos pacientes podem apresentar acometimento dos membros superiores8. Dores nas costas e nas nádegas ocorrem devido ao acometimento das articulações sacroilíacas. Também pode haver apresentação reativa à infecção com entesite ou bursite isoladas, sem presença de artrite. m 30% dos casos, pode haver conjuntivite, que geralmente precede a artrite em poucos dias e tende a ser leve E e bilateral. Queixas de olhos vermelhos e secreção ou de crostas nas pálpebras ocorrem em alguns casos. A secreção é estéril, e o quadro regride em até 4 semanas. Complicações como episclerite, ceratite, uveíte (irite) e úlcera de córnea são muito raras, mas exigem identificação e tratamento especializado urgente, pois podem evoluir para cegueira5,8. artrite reativa que ocorre após doença sexualmente transmitida está associada a uretrite ou cervicite, que podem A ser assintomáticas, mas normalmente se manifestam com disúria ou secreção uretral/vaginal5. O envolvimento entérico pode ser leve e passar despercebido5. 128
  • 129. Artrite Reativa - Doença de Reiter .2 Diagnóstico laboratorial/radiológico 4 m paciente com mono-oligoartrite, a importância da avaliação laboratorial reside na análise E do líquido sinovial para diagnóstico diferencial com artrite séptica, artrite por cristais e artrite traumática. Na artrite reativa, o líquido sinovial apresenta predomínio de polimorfonucleares na fase aguda e de linfócitos na fase crônica. As imagens radiológicas são inespecíficas, servindo apenas para afastar outros diagnósticos. testagem do HLA-B27 isoladamente tem pouco valor diagnóstico, não estando indicada na A rotina de atendimento dos pacientes. Os demais exames laboratoriais são de pouca utilidade para o diagnóstico, pois são inespecíficos e pouco sensíveis. Marcadores inflamatórios, velocidade de sedimentação globular (VSG) e proteína C reativa (PCR) geralmente se encontram aumentados e podem ser utilizados como marcadores laboratoriais de atividade da doença. A investigação etiológica pode ter algum interesse epidemiológico; entretanto, coproculturas geralmente são negativas na fase de artrite8. 5 Critérios de Inclusão erão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem quadro clínico S de monoartrite ou oligoartrite assimétrica predominantemente nos membros inferiores, com história comprovada ou sugestiva de infecção geniturinária ou gastrointestinal nas 4 semanas anteriores ao aparecimento dos sinais articulares. 6 Critérios de Exclusão erão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes com intolerância ou S hipersensibilidade à sulfassalazina. 7 Tratamento uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) é o tratamento inicial dos pacientes com O artrite reativa4,12. Glicocorticoide intra-articular e sulfassalazina são empregados quando os AINEs não controlam os sintomas satisfatoriamente. Exercícios físicos e fisioterapia podem fazer parte do tratamento. Antibióticos podem ser úteis para as uretrites em atividade. Os AINEs são a primeira linha de tratamento para a fase aguda de dor e inflamação da artrite. São usados nas suas doses máximas e de forma contínua por pelo menos 2 semanas, sendo geralmente bastante eficazes no controle dos sintomas5,8,10. Apesar da melhora dos sintomas, não existem evidências de que os AINEs alterem o Artrite Reativa - Doença de Reiter curso da doença2,10. As medidas de mobilidade da coluna e os reagentes de fase aguda (VSG e PCR) não mostram modificação significativa com o uso de AINEs10. uso de glicocorticoide intra-articular pode ajudar de forma segura e eficaz o tratamento de O uma lesão única e com sintomas incapacitantes. As injeções locais de glicocorticoide também são efetivas no controle dos sintomas nas entesites. Raramente glicocorticoide sistêmico é indicado, sendo empregado apenas nos raros casos de doença grave, prolongada ou sistêmica em que ocorre resistência aos AINEs2,5,8,12. Nesses casos, o glicocorticoide pode ser administrado por 1 a 12 semanas5,8. uso de antibióticos por curto ou longo período no tratamento da artrite reativa é foco de O muitos estudos. Entretanto, depois que a artrite se manifesta, os antibióticos não parecem modificar o curso da doença1,5,8,13. Antibióticos para as infecções gastrointestinais ativas seguem os padrões da prática das doenças infecciosas nos locais em que acontecem. Em geral, não são indicados para as infecções entéricas não complicadas2,5. Para as infecções geniturinárias por Chlamydia, o tratamento adequado deve ser prontamente instituído para o paciente e para seu parceiro sexual, o que, teoricamente, diminuiria o desenvolvimento da artrite reativa; entretanto, por razões éticas, estudos placebo-controlados nunca foram realizados1,2,5. s chamadas drogas antirreumáticas modificadoras de doenças (DMARD, sigla em inglês) A estão indicadas quando não há controle satisfatório dos sintomas com AINEs e glicocorticoides tópicos, ou se a doença se torna crônica, recorrente ou mais erosiva e agressiva2,5,12. s DMARDs foram desenvolvidas primariamente para o tratamento da artrite reumatoide, e seu A emprego foi posteriormente extrapolado para as espondiloartropatias soronegativas. Entre as DMARDs, 129
  • 130. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas sulfassalazina é a mais avaliada para a condição, sendo bem tolerada, segura e eficaz para a doença articular periférica nas doses de até 2.000 mg/dia1,5,14. Além da ação antibacteriana, sulfassalazina diminui os níveis de imunoglobulina (Ig) sérica, principalmente a IgA, e reduz o VSG. Ensaio clínico randomizado multicêntrico (19 centros), que incluiu 134 pacientes com artrite reativa que haviam apresentado falha no tratamento inicial com AINEs, tratados por 9 meses (com placebo ou sulfassalazina na dose de 2.000 mg/dia), mostrou superioridade do medicamento no tempo para resolução e no controle satisfatório dos sintomas ao final do tratamento (62,3% versus 47,7% para sulfassalazina e placebo, respectivamente; p = 0,02)15. Outros estudos menores confirmaram os resultados da diminuição do tempo de duração, da gravidade da rigidez matinal, da melhora do bem-estar geral e dos exames laboratoriais com o uso de sulfassalazina10,14. Na dose de 2.000 mg/dia, o efeito adverso documentado foi desconforto gastrointestinal leve12,15,16. .1 Fármacos 7 • AINE - ibuprofeno: comprimidos de 600 mg • Glicocorticoide intra-articular - fosfato dissódico de dexametasona: solução injetável 4 mg/ml • DMARD - sulfassalazina: comprimidos de 500 mg .2 Esquema de administração 7 • Ibuprofeno 600 mg: 1 comprimido, por via oral, 3 a 4 vezes ao dia • Sulfassalazina 500 mg: 1 a 2 comprimidos por via oral, 2 vezes ao dia, por 3 a 6 meses ou até a remissão da doença articular inflamatória • Fosfato dissódico de dexametasona: 0,1 a 1 ampola intra-articular, a cada 4 semanas .3 Tempo de tratamento – CRITÉRIO DE INTERRUPÇÃO 7 tratamento deve ser mantido ou interrompido com base na avaliação do médico e dos sintomas e O sinais do paciente. .4 Benefícios esperados 7 spera-se melhora dos sintomas de dor, dos sinais de inflamação articular e da qualidade de vida. E O reconhecimento e o tratamento precoces da artrite reativa podem reduzir a morbidade e a progressiva incapacidade nos pacientes acometidos – uma população jovem e produtiva4. 8 Monitorização o seguimento dos pacientes, é importante acompanhar a evolução da doença através da avaliação N clínica, que inclui sinais de edema articular, presença e tempo de duração da rigidez matinal, dor noturna, número de articulações acometidas, mobilidade da coluna e limitação funcional. A presença de entesites, dactilites, conjuntivites, uretrites e o estado geral do paciente devem ser também avaliados. xames laboratoriais, como hemograma, exame sumário de urina (urina tipo 1) e VSG, devem ser E apresentados nas consultas de acompanhamento. Nos casos de artrite reativa aguda, as consultas devem inicialmente ter menos de 1 mês de intervalo, sendo progressivamente espaçadas ao longo do tratamento. Nos casos de artrite reativa crônica, as consultas devem ter intervalo de 3-6 meses. Em pacientes em uso de AINEs, devem ser avaliados níveis pressóricos, sinais de perda da função renal (edema e ganho de peso) e sintomas dispépticos. Se houver suspeita de perda de função renal, dosagens de creatinina e ureia séricas devem ser solicitadas. acientes em uso de glicocorticoide intra-articular devem ser avaliados para complicações locais e P sistêmicas. As primeiras são infrequentes, podendo decorrer da injeção do glicocorticoide em tendões, com possibilidade de levar a ruptura, e em nervos, podendo levar a necrose. É importante que em todas as consultas sejam avaliados sinais clínicos de excesso de glicocorticoide, como fragilidade capilar, presença de giba, estrias violáceas, fácies de lua cheia, fraqueza muscular proximal e hipertensão. O excesso de glicocorticoides pode acarretar osteoporose, miopatia, hipertensão arterial, diabetes melito e catarata. Pacientes que durante o tratamento com sulfassalazina apresentarem leucopenia (< 3.000 leucócitos/mm3), contagem de polimorfonucleares < 1.500/mm3, plaquetas < 100.000/mm3, diminuição aguda ou progressiva da hemoglobina ou do hematócrito, ou desenvolverem proteinúria, devem suspender o tratamento com este fármaco14. 130
  • 131. Artrite Reativa - Doença de Reiter 9 Acompanhamento pós-tratamento s pacientes com remissão da doença, sem sequelas, não necessitam de acompanhamento O regular específico. Os pacientes com complicações decorrentes da doença ou do tratamento devem ter o acompanhamento mantido, orientado para o problema apresentado, conforme a avaliação da equipe médica assistente. 10 Regulação/controle/avaliação pelo gestor evem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a D duração e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas, a adequação de uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento. 11 Termo de Esclarecimento e Responsabilidade – TER obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, É benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 12 Referências Bibliográficas 1. Anandarajah A, Ritchlin CT. Treatment update on spondyloarthropathy. Curr Opin Rheumatol. 2005;17(3): 247-56. 2. Yu DT. Reactive arthritis (formerly Reiter syndrome). UpToDate 17,2; 2009. Available from: http://www. uptodate.com/ 3. Inman RD. The Spondyloarthropathies. In: Goldman L, Ausiello D, editors. Cecil Textbook of Medicine. 22nd edition. Philadelphia: WB Saunders; 2004. p. 1654-60. 4. Chudomirova K, Abadjieva TS, Yankova R. Clinical tetrad of arthritis, urethritis, conjunctivitis and mucocutaneous lesions (HLA-B27-associated spondyloarthropathy, Reiter syndrome): report of a case. Dermatol Online J. 2008;14(12):4. 5. Handulay SS, Glynne SJ, Keat A. When is arthritis reactive? [review]. Postgrad Med J. 2006;82(969):446-53. 6. Laasila K, Laasonen L, Leirisalo-Repo M. Antibiotic treatment and long term prognosis of reactive arthritis. Ann Rheum Dis. 2003;62(7);655-8. 7. Arora S, Arora G. Reiter’s disease in a six-year-old girl. Indian J Dermatol Venereol Leprol. 2005;71(4):285-6. 8. Leirisalo-Repo M. Reactive arthritis [review]. Scand J Rheumatol. 2005;34(4):251-9. 9. Verztman JF, Leite NH, Goldfarb M, Guimarães S, Nava JJ, Manhães LM. Manifestações Artrite Reativa - Doença de Reiter Reumatológicas da AIDS Estudo de 72 Casos. Rev Méd [Internet]. 2002 Oct-Dec [cited 2010 May 5];36(4):[about 1 p.]. Available from: http://www.hse.rj.saude.gov.br/profissional/revista/36c/post18.asp. 10. Maksymowych WP, Breban M, Braun J. Ankylosing spondylitis and current disease-controling agents: do they work? Best Pract Res Clin Rheumatol. 2002;16(4):619-30. 11. Yli-Kerttula T, Luukkainen R, Yli-Kerttula U, Möttönen T, Hakola M, Korpela M, et al. Effect of a three month course of ciprofloxacin on the late prognosis of reactive arthritis. Ann Rheum Dis. 2003;62(9):880-4. 12. Mease PJ. Disease-modifying antirheumatic drug therapy for spondyloarthropathies:advances in treatment [review]. Curr Opin Rheumatol. 2003;15(3):205-12. 13. Putschky N, Pott HG, Kuipers JG, Zeidler H, Hammer M, Wollenheupt J. Comparing 10-day and 4-month doxycycline courses for treatment of Chlamydia trachomatis-reactive arthritis: a prospective, doble-blind trial. Ann Rheum Dis. 2006:65(11):1521-4. 14. Clegg DO, Reda DJ, Abdellatif M. Comparison of sulfasalazine and placebo for the treatment of axial and peripheral articular manifestations of the seronegative spondylarthropathies: a Department of Veterans Affairs cooperative study. Arthritis Rheum. 1999;42(11):2325-9. 15. Clegg DO, Reda DJ, Weisman MH, Cush JJ, Vasey FB, Schumacher HR Jr, et al. Comparison of sulfasalazine and placebo for the treatment of reactive arthritis (Reiter’s syndrome). A Department of Veterans Affairs cooperative study. Arthritis Rheum. 1996;39(12):2021-7. 16. Olivieiri I, Palazzi C, Peruz G, Padula A. Management issues with elderly-onset rheumatoid arthrtis: an update. Drugs Aging. 2005 22(10):809-22. 131
  • 132. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Sulfassalazina Eu, ______________________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de sulfassalazina, indicada para o tratamento de artrite reativa - doença de Reiter. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _______________________________________________(nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer as seguintes melhoras: • melhora dos sintomas de dor e dos sinais de inflamação articular; • melhora da qualidade de vida. Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento: • estudos com sulfassalazina no primeiro trimestre da gravidez em animais não mostraram anormalidades nos descendentes; porém não há estudos em humanos; o risco para o bebê é muito improvável; estudos no terceiro trimestre da gravidez mostraram evidências de riscos ao feto, mas um benefício potencial pode ser maior do que os riscos; • efeitos adversos mais relatados – dor de cabeça, sensibilidade aumentada aos raios solares, alergias de pele graves, dores abdominais, náuseas, vômitos, perda de apetite, diarreia, hepatite, dificuldade para engolir, diminuição do número dos glóbulos brancos no sangue, parada na produção de sangue pela medula óssea (anemia aplásica), anemia por destruição aumentada dos glóbulos vermelhos do sangue (anemia hemolítica), diminuição do número de plaquetas no sangue, falta de ar associada a tosse e febre (pneumonite intersticial), dores articulares, cansaço e reações alérgicas; • contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) ao medicamento; • o risco da ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu tratamento, desde que assegurado o anonimato. Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. 132
  • 133. Artrite Reativa - Doença de Reiter Artrite Reativa - Doença de Reiter 133
  • 134. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Artrite Reativa - Doença de Reiter Fluxograma de Tratamento Doença de Reiter Sulfassalazina Diagnóstico: clínico Paciente com diagnóstico de doença de Reiter Critérios de inclusão para sulfassalazina: ✓ monoartrite ou oligoartrite assimétrica predominantemente nos membros inferiores, com história comprovada ou sugestiva de Possui critérios de infecção geniturinária ou gastrointestinal nas 4 semanas anteriores ao aparecimento dos inclusão para sinais articulares tratamento? ✓ pacientes refratários ou intolerantes a dois Não meses de tratamento com AINE nas suas Sim doses maximas e corticosteroides tópicos ou portadores de doença crônica, recorrente ou mais erosiva e agressiva Exclusão do PCDT Critérios de exclusão: Possui algum critério de ✓ intolerância ou exclusão? hipersensibilidade a sulfassalazina Sim Não Exclusão do PCDT Tratamento com Avaliação clínica: sulfassalazina ✓ sinais de edema articular ✓ presença e tempo de duração de rigidez matinal ✓ dor noturna ✓ número de articulações acometidas ✓ mobilidade da coluna ✓ limitação funcional Houve melhora ✓ presença de entesites, Sim Não sintomática? dactilites, conjuntivites e uretrites ✓ estado geral Revisar a adesão ao Manter o esquema de tratamento e, se tratamento e reavaliar o necessário, ajustar a dose paciente regularmente. de sulfassalazina. Houve resposta Sim Não terapêutica? Suspender a sulfassalazina se durante o tratamento o paciente desenvolver: ✓ leucopenia (< 3.000/mm3) ✓ polimorfonucleares (< 1.500/mm3) ✓ plaquetopenia (< 100.000/mm3) ✓ queda de hemoglobina/hematócrito ✓ proteinúria 134
  • 135. Artrite Reativa - Doença de Reiter Fluxograma de Dispensação de Sulfassalazina Artrite Reativa Fluxograma deReiter - Doença de Dispensação de SulfassalazinaDoença de Reiter Paciente solicita o medicamento. CID-10: M02.3 Dose: sulfassalazina: 1-2 g/dia Possui LME corretamente preenchido e demais documentos exigidos? Não Sim Orientar o CID-10 e dose estão de paciente. Não acordo com o preconizado Sim pelo PCDT? Encaminhar o Realizar entrevista paciente ao médico farmacoterapêutica inicial assistente. com o farmacêutico. Processo Não Sim deferido? Não dispensar e Exames necessários para monitorização: Orientar o justificar ao Crianças: paciente. ✓ hemograma, plaquetas, VSG e EQU. paciente. Artrite Reativa - Doença de Reiter Periodicidade: para doença crônica a cada mês ou a cada 3-6 meses. Para doença aguda com intervalos menores de 1 mês ✓ creatinina e ureia: se suspeita de perda da função renal Dispensação a cada mês de tratamento Entrevista farmacoterapêutica de monitorização Paciente apresentou alteração nos exames não compatível Sim Não com o curso do tratamento ou eventos adversos significativos? Dispensar* e solicitar Dispensar. parecer do médico assistente. *Observação: se leucopenia (<3.000 leucócitos/mm3), contagem de polimorfonucleares <1.500/mm3, plaquetas < 100.000/mm3, diminuição aguda ou progressiva da hemoglobina ou do hematócrito ou desenvolverem proteinúria: não dispensar 135
  • 136. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Artrite Reativa - Doença de Reiter 1 DADOS DO PACIENTE Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA 2.1 Qual o intervalo de tempo entre o primeiro sintoma e o diagnóstico definitivo? ________________________ _________________________________________________________________________________________ 2.2 Possui outras doenças diagnosticadas? o não o sim g Quais? _______________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ 2.3 Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim 2.4 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não o sim g Quais? A que medicamentos? _____________________________________________________ 136
  • 137. Artrite Reativa - Doença de Reiter 3 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO Exames Laboratoriais Inicial 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data prevista* Data Plaquetas Hemoglobina Leucócitos Neutrófilos VSG Creatinina** Ureia** EQU Proteínas * Os exames podem ser espaçados para 3-6 meses se a doença for crônica. ** Exames a serem solicitados se a resposta à pergunta 3.1 for sim. 3.1 Para AINEs: aumento dos níveis pressóricos, sinais de perda de função renal (edema e ganho de peso) ou sintomas dispépticos? não g Dispensar sim g Se houver suspeita de perda de função renal, dosagens de creatinina e ureia séricas devem ser solicitadas. 3.2 Para sulfassalazina: houve exames com alterações significativas, fora da normalidade? (leucócitos < 3.000/mm3, polimorfonucleares < 1.500/mm3, plaquetas < 100.000/mm3, diminuição aguda ou progressiva de hemoglobina, hematócrito ou proteinúria) não g Dispensar g Não dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (o medicamento deve ser sim suspenso) 3.3 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Artrite Reativa - Doença de Reiter Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.4 3.4 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente 137
  • 138. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Tabela de Registro de Eventos Adversos Data da Evento adverso *Intensidade q Conduta entrevista Principais reações adversas já relatadas: Glicocorticoide intra-articular: complicações no local da aplicação (ruptura dos tendões e nervos, podendo levar a necrose), fragilidade capilar, presença de giba, estrias violáceas, fácies de lua cheia, fraqueza muscular proximal, hipertensão, osteoporose, miopatia, poliúria, sede excessiva, problemas de visão Sulfassalazina: cefaleia, fotossensibilidade, alergias de pele graves, dores abdominais, náuseas, vômitos, perda de apetite, diarreia, dificuldade para engolir, falta de ar associada a tosse e febre, dores articulares, cansaço e reações alérgicas * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever) 138
  • 139. Artrite Reativa - Doença de Reiter TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações Artrite Reativa - Doença de Reiter 139
  • 140. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Guia de Orientação ao Paciente Sulfassalazina Este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. Seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. O medicamento é utilizado no tratamento de artrite reativa - doença de reiter. 1 Doença • A artrite reativa, também chamada de doença de Reiter, afeta as articulações (juntas) e a coluna e geralmente acontece durante ou logo após alguma infecção geniturinária ou gastrointestinal. • A doença também pode causar sintomas como febre, mal-estar, perda de peso, dor e inchaço nos dedos (“dedos em salsicha”). 2 Medicamento • Este medicamento melhora os sintomas da dor, a inflamação e a qualidade de vida. 3 Guarda do medicamento • Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura (cozinha e banheiro). • Conserve os comprimidos na embalagem original, bem fechada. 4 administração do medicamento • Tome as cápsulas (sem mastigar ou abrir) após as refeições, com um copo de água. • Tome exatamente a dose que o médico indicou, estabelecendo um mesmo horário todos os dias. • Em caso de esquecimento de uma dose, tome-a assim que lembrar. Não tome a dose em dobro para compensar a que foi esquecida. 5 Reações desagradáveis • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, tais como dor de cabeça, sensibilidade aumentada aos raios solares, alergias de pele, dores abdominais, náuseas, vômitos, perda de apetite, diarreia, dificuldade para engolir, falta de ar associada a tosse e febre, cansaço e reações alérgicas. • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, entre em contato com o médico ou farmacêutico. • Mais informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 Uso de outros medicamentos • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. 7 Para seguir recebendo o medicamento • Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos: Receita médica atual − Cartão Nacional de Saúde ou RG − − Exames: hemograma, plaquetas, VSG, EQU a cada mês ou conforme orientação médica. Podem necessárias dosagens de creatinina e ureia, conforme orientação médica ou farmacêutica. ser 140
  • 141. Artrite Reativa - Doença de Reiter 8 Em caso de dúvida • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 9 Outras informações _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. Artrite Reativa - Doença de Reiter 141
  • 142. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 142
  • 143. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo Portaria SAS/MS no 110, de 10 de março de 2010. (Republicada em 12.05.10) 1 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA ara análise do tratamento de hipopituitarismo em crianças na fase de crescimento e em adultos com P deficiência do hormônio do crescimento, foram realizadas buscas nas bases Medline/Pubmed, Embase e Cochrane, descritas abaixo. Na base de dados Medline/Pubmed (acesso em 15 de agosto de 2009), foram utilizadas as expressões “growth hormone deficiency”; “growth hormone deficiency in children”; “growth hormone deficiency in adults”; “growth hormone deficiency in children” and “diagnosis”; “growth hormone deficiency in adults” and “diagnosis”; “growth hormone deficiency in children” and “treatment”; “growth hormone deficiency in adults” and “treatment”. Na base de dados Embase (acesso em 15 de agosto de 2009), foram utilizadas as expressões “growth hormone deficiency”/exp AND “drug therapy”/exp. Na base de dados Cochrane (acesso em 15 de agosto de 2009), utilizou-se a expressão “growth hormone deficiency”. Dos artigos identificados, foram selecionados os mais relevantes para elaboração deste protocolo. 2 INTRODUÇÃO O hormônio do crescimento (GH), polipeptídio produzido e secretado por células especializadas localizadas na hipófise anterior, tem por principal função a promoção do crescimento e do desenvolvimento corporal. Além disto, participa da regulação do metabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos1. Não existem estudos brasileiros sobre a incidência da deficiência de GH; em estudo americano, a incidência foi de 1 em cada 3.480 nascidos vivos2. A deficiência de GH pode ser congênita ou adquirida. As causas congênitas são menos comuns e podem ou não estar associadas a defeitos anatômicos. As causas adquiridas incluem tumores e doenças infiltrativas da região hipotálamo-hipofisária, tratamento cirúrgico de lesões hipofisárias, trauma, infecções e infarto hipofisário ou radioterapia craniana3,4. A deficiência de GH ocorre de maneira isolada ou em associação a outras deficiências de hormônios hipofisários. 3 CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE DOENÇAS E PROBLEMAS RELACIONADOS À SAÚDE (CID-10) • E23.0 Hipopituitarismo 4 DIAGNÓSTICO 4.1 DIAGNÓSTICO CLÍNICO Crianças e Adolescentes Os principais achados clínicos em crianças e adolescentes com deficiência de GH são baixa estatura e redução da velocidade de crescimento. É importante salientar que outras causas de baixa estatura, como displasias esqueléticas, síndrome de Turner em meninas e doenças crônicas, devem ser excluídas3. Consultores: Cristiane Kopacek, Regina Helena Elnecave, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 143
  • 144. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas A investigação para deficiência de GH está indicada nas seguintes situações: • baixa estatura grave, definida como estatura (comprimento/altura) inferior -3 desvios-padrão (z-score = -3) da curva da Organização Mundial de Saúde (OMS 2007)5, disponível no sítio eletrônico http://www.who.int/growthref/; • baixa estatura, definida como estatura entre -3 e -2 desvios-padrão (z-score = -2 a -3) da estatura prevista para idade e sexo (OMS 2007), associada à redução da velocidade de crescimento, definida como velocidade de crescimento inferior ao percentil 25 da curva de velocidade de crescimento 6,7 (disponível no sítio eletrônico http:// www.who.int/growthrej/); • estatura acima de -2 desvios-padrão para idade e sexo, associada a baixa velocidade de crescimento (abaixo -1 desvio-padrão da curva de crescimento em 12 meses)3; • presença de condição predisponente, como lesão intracraniana e irradiação do sistema nervoso central; • deficiência de outros hormônios hipofisários; • sinais e sintomas de deficiência de GH/hipopituitarismo no período neonatal (hipoglicemia, icterícia prolongada, micropênis, defeitos de linha média). Adultos A deficiência de GH do adulto pode ser isolada ou associada a outras deficiências hormonais e decorrer de duas situações8: • persistência da deficiência de GH iniciada na infância; • presença de lesão na região hipotálamo-hipofisária (tumor, irradiação do sistema nervoso central, trauma, doença inflamatória ou infecciosa) surgida na vida adulta. 4.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Crianças e adolescentes Na avaliação de baixa estatura, a dosagem de IGF-1 é importante. Valores de IGF-1 acima da média para idade e sexo são forte evidência contra o diagnóstico de deficiência de GH. Este deve ser confirmado pela realização de testes provocativos da secreção de GH e de dosagem de IGF-1. Os testes provocativos envolvem estímulos como a administração de insulina, clonidina, levodopa e glucagon, conforme protocolos específicos9,10. O teste com hipoglicemia insulínica não deve ser realizado em crianças com menos de 20 kg, com história de convulsões ou cardiopatias. Para técnicas como quimioluminescência e imunofluorometria, que utilizam anticorpos monoclonais, o ponto de corte utilizado é uma concentração de GH < 5 ng/ml10-13. Nos casos de suspeita de deficiência isolada de GH, são necessários dois testes provocativos para que se estabeleça o diagnóstico. Em pacientes que apresentam lesão anatômica ou defeitos da região hipotálamo- hipofisária, história de tratamento com radioterapia e/ou deficiência associada a outros hormônios hipofisários, apenas um teste provocativo é necessário para o diagnóstico. Em pacientes com deficiência de outros hormônios hipofisários, estes devem estar adequadamente repostos antes da realização do teste. Nos casos de suspeita de deficiência de GH no período pré-puberal, deverá ser realizado priming com hormônios sexuais previamente à realização do teste provocativo de secreção de GH: • meninas com idade a partir de 8 anos e estágio puberal abaixo de M3 e PH3 de Tanner deverão receber 3 doses de 1,25 mg/m2 de estrógenos conjugados, por via oral, administradas 72, 48 e 24 horas antes da realização do teste14,15; • meninos com idade a partir de 9 anos e estágio puberal abaixo de PH3 de Tanner deverão receber 2 doses de 50 mg de cipionato de testosterona, por via intramuscular, administradas 16 dias e 48 horas antes da realização do teste15. Adultos Para comprovar a deficiência de GH iniciada na vida adulta, considera-se deficiência grave quando a concentração de GH for < 3 ng/ml no teste de estímulo (insulina, GHRH-arginina ou glucagon)8. O paciente deve apresentar evidência de lesão hipotálamo-hipofisária e sintomas de deficiência, como dislipidemia e osteoporose. Para que os testes de estímulo sejam valorizados, é imprescindível que os pacientes com outras deficiências hipotálamo-hipofisárias estejam fazendo adequada reposição hormonal. 144
  • 145. Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo 4.3 DIAGNÓSTICO POR EXAMES DE IMAGEM Crianças e adolescentes Em crianças e adolescentes com mais de 2 anos de idade, com baixa estatura e redução da velocidade de crescimento, a avaliação da idade óssea é um método auxiliar importante11. Na deficiência de GH, em geral a idade óssea apresenta um atraso de + de 2 desvios-padrão. Na suspeita clínica, com confirmação laboratorial de deficiência de GH, deverá ser realizada avaliação por imagem (tomografia computadorizada ou, preferencialmente, ressonância magnética) da região hipotálamo- hipofisária, buscando alterações anatômicas auxiliares no diagnóstico (transecção de haste hipofisária, neuro-hipófise ectópica, hipoplasia de hipófise, lesões expansivas selares ou displasia septonasal). Adultos No caso de deficiência de GH iniciada na vida adulta, também deverá ser realizada avaliação por imagem (tomografia computadorizada ou, preferencialmente, ressonância magnética) da região hipotálamo-hipofisária. A avaliação da densidade mineral óssea através de densitometria permite identificar a presença de osteoporose, sendo esta situação tratada em Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas específico. 5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem diagnóstico de deficiência de GH, conforme itens 4.1 e 4.2. As seguintes informações são necessárias para confirmação diagnóstica: Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo Crianças e adolescentes • idade, peso e altura atuais; • peso e comprimento ao nascer, idade gestacional*; • velocidade de crescimento no último ano ou curva de crescimento (preferencial) em crianças com mais de 2 anos; • estadiamento puberal; • altura dos pais biológicos*; • raio X de mãos e punhos para a idade óssea; • IGF-1, glicemia, TSH e T4 total ou livre (e demais exames do eixo hipofisário no caso de pan-hipopituitarismo) e as reposições hormonais realizadas; • exame de imagem (RM de hipófise, preferencialmente); • 2 testes para GH com data e estímulos diferentes (informar se realizado priming com estradiol ou testosterona. Em casos com alterações anatômicas, pode-se aceitar 1 teste); • 1 ou mais testes em lactentes com sinais e sintomas de deficiência de GH/hipopituitarismo (hipoglicemia, icterícia prolongada, micropênis, defeitos de linha média). (* Na impossibilidade de fornecer tais dados, em casos de crianças adotivas, por exemplo, justificar a não inclusão dos mesmos) Adultos • idade; • comprovação de deficiência prévia, se existente; • fatores de risco para deficiência iniciada na vida adulta; • IGF-1, glicemia, TSH e T4 total ou livre (e demais exames do eixo hipofisário, no caso de pan-hipopituitarismo); • reposições hormonais realizadas, se pertinente; • exame de imagem (RM de hipófise, preferencialmente); • 1 teste de estímulo para GH; • densitometria óssea; • perfil lipídico: colesterol total, HDL-colesterol e triglicerídios séricos. 145
  • 146. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem qualquer uma das seguintes condições: • doença neoplásica ativa; • doença aguda grave; • hipertensão intracraniana benigna; • retinopatia diabética proliferativa ou pré-proliferativa; • intolerância ao uso do medicamento. • outras causas de baixa estatura para crianças e adolescentes como displasias esqueléticas, síndrome de Turner em meninas e doenças crônicas. Em caso de doença neoplásica, o tratamento com somatropina somente poderá ser utilizado após liberação documentada por oncologista, decorridos 2 anos de tratamento e remissão completa da doença16,17. 7 CENTROS DE REFERÊNCIA Os pacientes devem ter avaliação diagnóstica periódica e acompanhamento terapêutico por endocrinologistas ou pediatras, condição para a dispensação do medicamento. Pacientes com hipopituitarismo devem ser avaliados periodicamente em relação à eficácia do tratamento e ao desenvolvimento de toxicidade aguda ou crônica. A existência de centro de referência facilita o tratamento, o ajuste de doses e o controle de efeitos adversos. 8 TRATAMENTO O tratamento da deficiência de GH foi realizado inicialmente com a administração de GH obtido a partir da hipófise de cadáveres humanos. Esta modalidade foi suspensa em 1985 por estar relacionada à ocorrência da doença de Creutzfeldt-Jakob (encefalopatia)18. Na mesma época, tornou-se disponível a somatropina humana recombinante, forma biossintética que substituiu o tratamento anterior19. A utilização da somatropina humana recombinante para tratamento da deficiência de GH foi avaliada em um ensaio clínico randomizado e em estudos de séries de casos. Setenta e sete crianças com baixa estatura foram submetidas a testes provocativos de secreção de GH e, após, randomizadas de acordo com a resposta dos testes para tratamento com diferentes doses de somatropina ou não tratamento durante 1 ano20. O estudo mostrou melhora no desvio-padrão da altura e da velocidade de crescimento nos subgrupos tratados com somatropina. No entanto, esse estudo apresenta problemas no delineamento, visto não haver descrição do método de randomização e não houve cegamento dos avaliadores do tratamento. Os estudos de coorte, embora não apresentem grupo de comparação e tenham sido realizados a partir de banco de dados da indústria farmacêutica, representam a principal evidência de benefício do tratamento com somatropina em crianças com deficiência de GH. No estudo de Cutfield e cols., houve melhora do desvio-padrão (DP) da altura de -3,1 DP pré-tratamento para -1,5 DP pós-tratamento por uma mediana de 8,1 anos21. No estudo de August e cols., houve melhora de -2,6 DP para -1,3 DP após tempo médio de tratamento de 4,5 anos22. Em análise de custo-efetividade, realizada pelo sistema de saúde inglês a partir do resultado dos estudos publicados, o tratamento com somatropina em crianças com deficiência de GH foi considerado custo-efetivo23. 8.1 FÁRMACO As apresentações comerciais da somatropina disponíveis no Sitema Único de Saúde são de 4 e de 12UI por frasco-ampola. Na fórmula de conversão, 1 mg equivale a 3 UI. Há apresentações com volumes de diluente diferentes para a mesma dose de hormônio, o que deverá ser observado quando da prescrição e orientação ao paciente. 8.2 ESQUEMAS DE ADMINISTRAÇÃO Crianças e adolescentes Somatropina: 0,025-0,035 mg/kg/dia ou 0,075-0,10 UI/kg/dia, administrados por via subcutânea à noite 6-7 vezes/semana 146
  • 147. Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo Adultos Somatropina: 0,15-0,3 mg/dia ou 0,5-1,0 UI/dia (independentemente do peso corporal), ajustada com dosagem de IGF-18,24,25 8.3 TEMPO DE TRATAMENTO – CRITÉRIOS DE INTERRUPÇÃO O tratamento com somatropina deverá ser interrompido nas seguintes situações: • em crianças cuja velocidade de crescimento for < 2 cm por ano, estando tal achado associado à idade óssea de 14-15 anos em meninas e de 16 anos em meninos26; • não comparecimento a 2 consultas subsequentes num intervalo de 3 meses, sem adequada justificativa; • em caso de intercorrência, como processo infeccioso grave ou traumatismo necessitando de internação, o tratamento deverá ser interrompido durante 1-2 meses ou até que o paciente se recupere; • em caso de câncer surgido ou recidivado durante o tratamento, interromper e somente reiniciar após 2 anos livre da doença, conforme orientação do oncologista. 8.4 Benefícios esperados • Aumento da altura e velocidade de crescimento em crianças e adolescentes • Aumento da densidade mineral óssea em adultos • Melhora da dislipidemia em adultos Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo 9 MONITORIZAÇÃO 9.1 CRIANÇAS E ADOLESCENTES A monitorização do tratamento com somatropina em crianças deverá ser realizada em consultas clínicas a cada 3-6 meses com a aferição das medidas antropométricas. Exames laboratoriais para avaliação da glicemia de jejum e função tireoidiana e exame radiológico para avaliação da idade óssea devem ser realizados anualmente. Como forma de verificação do uso adequado do fármaco e monitorização da dose, deve ser realizada dosagem de IGF-1 anual ou após mudança de dose. Recomenda-se manter a dose de somatropina para pacientes com valores de IGF-1 dentro da normalidade e com velocidade de crescimento adequada. Em pacientes com crescimento insatisfatório e valores baixos de IGF-1, a adesão ao tratamento deve ser conferida, e o diagnóstico, reavaliado. No caso de serem observados níveis de IGF-1 acima dos limites superiores da normalidade, a dose do fármaco deve ser reduzida, com nova medida da IGF-1 após 30-60 dias e, assim, sucessivamente até a normalização. 9.2 ADULTOS No caso do tratamento após o final do crescimento e para o adulto com deficiência, a dosagem de IGF-1 poderá ser realizada 1 mês após cada mudança de dose até o estabelecimento da dose adequada. A partir de então, a dosagem poderá ser realizada anualmente. A meta para adequação da dose é manter os níveis de IGF-1 próximos da média para idade ou entre a média e o limite superior da normalidade8,24,25. Monitorizam-se as complicações da falta de reposição, como dislipidemia e osteoporose, além da inadequada distribuição de gordura corporal e da baixa resistência à atividade física, e as complicações do excesso de reposição, como, por exemplo, alterações glicêmicas, características acromegálicas e miocardiopatia hipertrófica. 9.3 SEGURANÇA Somatropina é considerado fármaco seguro, com raros efeitos colaterais graves. Deve- se atentar para o risco de desenvolvimento de intolerância à glicose e hipertensão intracraniana benigna27. Pacientes com doença neoplásica prévia deverão ser acompanhados por oncologista e por neurocirurgião. Em uma grande série de casos, não houve aumento da recorrência de neoplasia ou da incidência de novos casos em pacientes em uso de somatropina17. 147
  • 148. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 10 ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO 0.1 CRIANÇAS E ADOLESCENTES 1 ncerrada a fase de crescimento, interrompe-se o tratamento e, num intervalo de 30-90 dias, realiza- E se um novo teste de estímulo da secreção de GH, sendo necessário apenas 1 teste. O teste de estímulo deve ser com insulina, GHRH-arginina ou glucagon. No reteste, para comprovar persistência da deficiência de GH no período de transição para a vida adulta, considera-se uma dosagem de IGF-1 baixa para idade e sexo e uma concentração de GH inferior a 5 ng/ml no teste de estímulo28-30. 0.2 ADULTOS 1 os casos de deficiência de GH grave, a reposição hormonal é considerada permanente, ajustando-se N a dose conforme os níveis de IGF-18,24,25. 11 REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR ecomenda-se a criação de Centro de Referência para avaliação e monitorização clínica das respostas R terapêuticas, decisão de interrupção de tratamento e avaliação de casos complexos e de diagnóstico difícil. evem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a D monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas, a adequação de uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento. 12 TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE – TER obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e É efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Thorner MO, Vance ML, Laws ER Jr, Horvalth E, Kovacs K. The anterior pituitary. In: Wilson JD, Foster DW, KronenbergHM, Larsen PR, editors. Williams textbook of endocrinology. 9th ed. Philadelphia: WB Saunders; 1998. p. 249-341. 2. Lindsay R, Feldkamp M, Harris D, Robertson J, Rallison M. Utah Growth Study: growth standards and the prevalence of growth hormone deficiency. J Pediatr. 1994;125(1):29-35. 3. Reiter EO, Rosenfeld RG. Normal and aberrant growth. In: Wilson JD, Foster DW, Kronenberg HM, Larsen PR, editors. Williams textbook of endocrinology. 9th ed. Philadelphia: WB Saunders; 1998. p. 1427-509. 4. Adan L, Trivin C, Sainte-Rose C, Zucker JM, Hartmann O, Brauner R. GH deficiency caused by cranial irradiation during childhood: factors and markers in young adults. J Clin Endocrinol Metab. 2001;86(11):5245-51. 5. de Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ. 2007;85(9):660-7. 6. Tanner JM, Davies PS. Clinical longitudinal standards for height and height velocity for North American children. J Pediatr. 1985;107(3):317-29. 7. Rosenfield RL, Tanner JM, Healy MJR, Zachman M, Blizzard RM. Height and height velocity [letter]. GGH.988;5(2):8-9. 8. Jallad RS, Bronstein MD. Deficiência de GH na vida adulta: como diagnosticar e quando tratar? Arq Bras Endocrinol Metab. 2008;52(5):861-71. 9. Richmond EJ, Rogol AD. Growth hormone deficiency in children. Pituitary 2008;11(2):115-20. 10. de Paula LP, Czepielewski MA. Avaliação dos métodos diagnósticos para deficiência de GH (DGH) na infância: IGFs, IGFBPs, testes de liberação, ritmo de GH e exames de imagem. Arq Bras Endocrinol Metab. 2008;52(5):734-44. 11. Growth Hormone Research Society. Consensus guidelines for the diagnosis and treatment of growth hormone (GH) deficiency in childhood and adolescence: summary statement of the GH Research Society. Clin Endocrinol Metab. 2000;85(11):3990-3. 12. Shalet SM, Toogood A, Rahim A, Brennan BM. The diagnosis of growth hormone deficiency in children and adults. Endocr Rev. 1998;19(2):203-23. 13. Tauber M. Growth hormone testing in KIGS. In: Ranke MB, Price DA, Reiter EO, editors. Growth hormone therapy in pediatrics: 20 years of KIGS. Basel: Karger; 2007. p. 54-85. 14. Martinez AS, Domené HM, Ropelato G, Jasper HG, Pennisi PA, Escobar ME, et al. Estrogen priming effecton 148
  • 149. Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo growth hormone(GH) provocative test: a useful tool for the diagnosis of GH deficiency. J Clin Endocrinol Metab. 2000;85(11):4168-72. 15. Marin G, Domené HM, Barnes KM, Blackwell BJ, Cassorla FG, Cutler Jr GB. The effects of estrogen priming and puberty on the growth hormone response to standardized treadmill exercise and arginine-insulin in normal girls and boys. J Clin Endocrinol Metab. 1994;79(2):537-41. 16. Guidelines for the use of growth hormone in children with short stature. A report by the Drug and Therapeutics Committee of the Lawson Wilkins Pediatric Endocrine. J Pediatr. 1995;127(6):85767. 17. Blethen SL, Allen DB, Graves D, August G, Moshang T, Rosenfeld R. Safety of recombinant deoxyribonucleicacid-derived growth hormone: The National Cooperative Growth Study experience. J Clin Endocrinol Metab.1996;81(5):1704-10. 18. Hintz RL. The prismatic case of Creutzfeldt-Jakob disease associated with pituitary growth hormone treatment. J Clin Endocrinol Metab. 1995;80(8):2298-301. 19. Vance ML, Mauras N. Growth hormone therapy in adults and children. N Engl J Med.1999;341(16):1206-16. 20. Soliman AT, Khadir MMA. Growth parameters and predictors of growth in short children with and without growth hormone deficiency treated with human GH: a randomized controlled study. J Trop Pediatr.1996;42(5):281-6. 21. Cutfield W, Lindberg A, Wikland KA, Chatelain P, Ranke MB, Wilton P. Final height in idiopathic growth hormone deficiency: the KIGS experience. KIGS International Board. Acta Pediatr Suppl. 1999;88(428):72-5. 22. August GP, Julius JR, Blethen SL. Adult height in children with growth hormone deficiency who are treated with biosynthetic growth hormone: The National Cooperative Growth Study experience. Pediatrics. 1998;102 (2 Pt 3):512-6. 23. National Institute for Clinical Excellence (NICE). Guidance on the use of human growth hormone(somatropin) Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo in children with growth failure [Internet]. London: NICE; 2002 [cited 2010 May 7]. Available from: http://www. nice.org.uk/nicemedia/live/11458/32368/32368.pdf. 24. Consensus guidelines for the diagnosis and treatment of adults with growth hormone deficiency: summary statement of the Growth Hormone Research Society Workshop on Adult Growth Hormone Deficiency. J Clin Endocrinol Metab. 1998;83(2):379-81. 25. Johannsson G. Treatment of growth hormone deficiency in adults. Horm Res. 2009;71(suppl 1):116-22. Epub 2009 Jan 21. 26. Rapaport R, Bowlby DA. Clinical aspects of growth and growth disorders. In: Pescovitz OH, Eugster EA, editors. Pediatric endocrinology: mechanisms, manifestations, and management. Philadelphia: Lippincott Williams & Willkins; 2004. p 172-90. 27. Drug facts and comparisons. 61th ed. St Louis (MO): Facts and Comparisons; 2007. 28. Clayton PE, Cuneo RC, Juul A, Monson JP, Shalet SM, Tauber M, et al. Consensus statement on management of the GH-treated adolescent in the transition to adult care. Eur J Endocrinol. 2005;152(2):165-70. 29. Molitch ME, Clemmons DR, Malozowski S, Merriam GR, Shalet SM, Vance ML, et al. Evaluation and treatment of adult growth hormone deficiency: an Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2006;91(5):1621-34. Epub 2006 Apr 24. 30. Bonfig W, Bechtold S, Bachmann S, Putzker S, Fuchs O, Pagel P, et al. Reassessment of the optimal growth hormone cut-off level in insulin tolerance testing for growth hormone secretion in patients with childhood-onset growth hormone deficiency during transition to adulthood. J Pediatr Endocrinol Metab. 2008;21(11):1049-56. 149
  • 150. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Somatropina Eu, ______________________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de somatropina, indicada para o tratamento de deficiência de hormônio do crescimento - hipopituitarismo. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _______________________________________________(nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer as seguintes melhoras: • aumento da altura e velocidade de crescimento em crianças e adolescentes • aumento da densidade mineral óssea em adultos; • melhora da dislipidemia em adultos. Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento: • os riscos na gravidez ainda não são bem conhecidos; portanto, caso engravide, devo avisar imediatamente o médico; • a segurança para o uso da somatropina durante a amamentação ainda não foi estabelecida; • efeitos adversos já relatados – reações no local da injeção, como dor, inchaço e inflamação. Algumas reações mais raras incluem dor de cabeça, dor nos músculos, fraqueza, aumento da glicose no sangue, resistência à insulina, dor no quadril e/ou nos joelhos, leucemia e hipotireoidismo; • contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) conhecida ao fármaco; • o risco da ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a devolvê- lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato. m   Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. 150
  • 151. Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo 151
  • 152. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo Diagnóstico: clínico, laboratorial Critérios de inclusão: ✓ quadro clínico compatível (conforme item 4.1) Paciente com diagnóstico de Crianças e adolescentes: baixa estatura, redução da velocidade de crescimento, deficiência de outros hormônios hipofisários, deficiência de hormônio do presença de condição predisponente (como lesão intracraniana crescimento ou irradiação do sistema nervoso central), sinais ou sintomas de deficiência de GH no período neonatal (hipoglicemia, icterícia prolongada, micropênis, defeitos de linha média) Adultos: persistência de deficiência de GH iniciada na infância ou surgimento de lesão na região hipotálamo-hipofisária e sintomas de deficiência, como dislipidemia ou osteoporose Possui critérios de ✓ IGF-1 abaixo da média para idade e sexo inclusão para tratamento ✓ teste(s) de estímulo para GH (insulina, clonidina, levodopa ou glucagon) compatíveis com deficiência de GH (conforme item 4.2) com somatoprina? Não Sim Critérios de exclusão: ✓ doença neoplásica ativa ✓ doença aguda grave ✓ hipertensão intracraniana benigna Exclusão Sim Possui algum critério de ✓ retinopatia diabética proliferativa ou Não do PCDT exclusão? pré-proliferativa ✓ outras causas de baixa estatura Tratamento com Exames de monitorização: somatoprina ✓ IGF-1 Periodicidade: anualmente ou após mudança da dose dentro dos valores de referência ✓ glicemia de jejum normal Periodicidade: anualmente ✓ exames de função tireoideana normais Periodicidade: anualmente Encontram-se os exames de monitorização normais e o crescimento adequado? Sim Não Testes de estímulo para GH: * Em pacientes que apresentam lesão anatômica ou defeitos da região hipotálamo-hipofisária, história de tratamento com radioterapia e/ou deficiência associada a outros hormônios hipofisários, em pacientes adultos com diagnóstico de Manter o esquema de Revisar a adesão ao deficiência de GH na infância, avaliar apenas com 1 teste provocativo. tratamento. Reavaliar a tratamento e, se necessário, Em pacientes com deficiência de outros cada 3-6 meses ou ajustar a dose de hormônios hipofisários, estes devem estar adequadamente repostos antes da realização do interromper. somatoprina ou interromper. teste. * Em pacientes pré-puberes, deverá ser realizado priming com hormônios sexuais antes da realização do teste: ✓ meninas com idade a partir de 8 anos e Houve resposta estágio puberal abaixo de M3 e PH3 de Tanner Sim Não deverão receber 3 doses de 1,25 mg/m2 de estrógenos conjugados, por VO, administradas terapêutica? 72, 48 e 24h antes da realização do teste; ✓ meninos com idade a partir de 9 anos e estágio puberal abaixo de PH3 de Tanner deverão receber 2 doses de 50 mg de cipionato de Critérios de interrupção: testosterona, por via IM, administradas 16 dias e 48h antes da realização do teste. ✓ em crianças cuja velocidade de crescimento for < 2 cm/ano, estando tal achado associado à idade óssea de 14-15 anos em meninas e de 16 anos em meninos ✓ não comparecimento a 2 consultas subsequentes num intervalo de 3 meses, sem adequada justificativa ✓ em caso de intercorrência, como processo infeccioso grave ou traumatismo necessitando de internação, o tratamento deverá ser interrompido durante 1-2 meses ou até que o paciente se recupere ✓ em caso de câncer surgido ou recidivado durante o tratamento, interromper o tratamento e somente reiniciar após 2 anos livre da doença, conforme orientação do oncologista 152
  • 153. Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo Fluxograma de Dispensação de Somatropina Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo CID-10: E23.0 Exames: Paciente solicita o Crianças e adultos medicamento. ✓ laudo com informações clinicas* ✓ IGF-1 ✓ teste de estímulo para GH ✓ TC ou RNM de hipófise (facultativo) Só para crianças (facultativo): Possui LME corretamente ✓ raio X de mãos e punhos Só para adultos (obrigatórios): Não preenchido e demais Sim ✓ densitometria óssea documentos exigidos? ✓ colesterol total, HDL e triglicerídios Dose: Crianças: 0,025-0,035 mg/kg/dia ou 0,075-0,10 UI/kg/dia Adultos: 0,15-0,3 mg/dia ou 0,5-1,0 UI/dia Orientar o CID-10, exames e dose paciente. Não estão de acordo com o Sim preconizado pelo PCDT? Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo Realizar entrevista Encaminhar o farmacoterapêutica inicial paciente ao médico com o farmacêutico. assistente. Processo Exames necessários para monitorização: Não Sim Crianças deferido? ✓ medidas antropométricas Periodicidade: a cada 3-6 meses ✓ exame radiológico, glicemia de jejum, TSH, T4 Não dispensar e Orientar o Periodicidade: anualmente justificar ao ✓ IGF-1 paciente. paciente. Periodicidade: anualmente ou após mudança da dose Adultos ✓ IGF-1 Periodicidade: após cada mudança da dose Dispensação a cada mês de até o estabelecimento da dose adequada. Após, anualmente tratamento ✓ colesterol total, HDL, triglicerídios, Entrevista densitometria, glicemia Periodicidade: a critério médico farmacoterapêutica de monitorização Paciente apresentou alteração nos exames não compatível Sim Não com o curso do tratamento ou eventos adversos significativos? Dispensar e solicitar parecer do médico Dispensar. assistente. * Crianças: idade atual, peso e altura ao nascer e atuais; idade gestacional (se possível); velocidade de crescimento no último ano ou curva de crescimento (preferencial) em crianças com mais de 2 anos; estadiamento puberal; altura dos pais biológicos (se possível) Adultos: idade; comprovação de deficiência prévia, se existente; fatores de risco para deficiência iniciada na vida adulta 153
  • 154. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Deficiência de Hormônio de Crescimento - Hipopituitarismo 1 DADOS DO PACIENTE Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA 2.1 Possui outras doenças diagnosticadas? o não o sim gQuais?_________________________________________________________________________ 2.2 Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim 2.3 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não o sim gQuais?_________________________________________________________________________ 3 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO Registro do Exame de IGF-1 Exames Inicial 3o mês 6o mês 9o mês 12o mês Previsão de data Data IGF-1 Medidas Antropométricas Exames Inicial 3o mês 6o mês 9o mês 12o mês Previsão de data Data Peso Altura 154
  • 155. Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo Registro dos Exames Laboratoriais Exames Inicial 12o mês Previsão de data Data Glicemia de jejum TSH T4 Colesterol total* HDL* Triglicerídios* * Somente para adultos Para crianças e adolescentes 3.1 Houve mudança da dose de somatropina? g Dispensar (o exame de IGF-1 deve ser realizado anualmente) não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (realizar novo exame de IGF-1) sim 3.2 Estão baixos os níveis de IGF-1 ou o crescimento é insatisfatório? g Dispensar não Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a adesão ao tratamento deve ser sim conferida, e o diagnóstico, reavaliado) 3.3 Está o nível da IGF-1 acima dos limites superiores da normalidade? g Dispensar não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose de somatropina deve ser sim reduzida, com nova medida da IGF-1 após 30-60 dias e, assim, sucessivamente até a normalização dos níveis de IGF-1) 3.4 Realiza exame radiológico anual de mãos e punhos? g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente não g Dispensar sim Para adultos 3.5 Houve mudança da dose de somatropina? g Dispensar (o exame de IGF-1 deve ser realizado anualmente) não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (realizar novo exame de IGF-1) sim 3.6 Houve estabelecimento da dose adequada de acordo com idade? g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (adequar a dose) não g Manter a dose (o exame de IGF-1 poderá ser realizado anualmente) sim Para crianças, adolescentes e adultos 3.7 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos) g Dispensar não g Passar para a pergunta 3.8 sim 3.8 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? g Dispensar não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente sim 155
  • 156. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas TABELA DE REGISTRO DE EVENTOS ADVERSOS Data da Evento adverso *Intensidade q Conduta entrevista Principais reações adversas já relatadas: reações no local de aplicação (dor, edema, inflamação), cefaleia, mialgias, astenia, dor no quadril ou joelhos, fadiga * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever) 156
  • 157. Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO Fluxograma de Dispensação de Toxina Botulínica Distonias Focais e Espasmo Hemifacial o 1 mês o 2 mês o o 3 mês 4 mês 5o mês 6o mês Data Nome comercial Lote/Validade Portaria SAS/MS n 389, de 19 de setembro de 2001. Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data Nome comercial Lote/Validade Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 157
  • 158. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Guia de Orientação ao Paciente Somatropina este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. o medicamento é utilizado no tratamento de deficiência de hormônio do crescimento - hipopituitarismo. 1 DOENÇA • É uma doença que em crianças causa diminuição do crescimento e em adultos pode causar problemas nos ossos, aumento das gorduras no sangue e diminuição da capacidade de se exercitar. 2 MEDICAMENTO • Este medicamento não cura a doença, mas melhora suas manifestações. 3 GUARDA DO MEDICAMENTO • O medicamento deve ser guardado na geladeira, mas não deve ser congelado. 4 ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO • O medicamento deverá ser administrado por injeções subcutâneas. • Procure informações precisas sobre todos os passos para a aplicação do medicamento com o médico ou profissional de enfermagem, bem como sobre sua forma de preparo. Não prepare ou aplique o medicamento até que esteja bem treinado. • Procure orientações com o farmacêutico de como descartar de forma adequada as seringas e agulhas após o uso. • Procure aplicar as injeções sempre no mesmo horário estabelecido no início do tratamento. • Aplique exatamente a dose que o médico indicou. 5 REAÇÕES DESAGRADÁVEIS • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, tais como dor ou inchaço no local de aplicação da injeção, dores nos músculos, dores nas juntas, dor de cabeça e fraqueza. • Se houver estes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 USO DE OUTROS MEDICAMENTOS • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. 7 OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES • Como há diferentes marcas e apresentações de somatropina, observe cuidadosamente a que você recebeu e a quantidade a ser aplicada. Em caso de dúvida, procure orientações com o profissional de saúde (médico, enfermeiro ou farmacêutico do SUS). 158
  • 159. Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo 8 REALIZAÇÃO DOS EXAMES DE LABORATÓRIO Fluxograma de Dispensação de Toxina Botulínica • A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento Distonias Focais e Espasmo casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o no organismo. Em alguns Hemifacial tratamento. 9 PARA SEGUIR RECEBENDO 19MEDICAMENTO 2001. Portaria SAS/MS n 389, de O de setembro de • Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos: − Receita médica atual − Cartão Nacional de Saúde ou RG − Exames para crianças: peso e altura a cada 3-6 meses; exame radiológico, glicemia de jejum, TSH e T4 a cada ano; IGF-1 a cada ano ou após a mudança da dose − Exames para adultos: IGF-1 após cada mudança da dose até o estabelecimento da dose adequada e, após, anualmente; colesterol total, HDL, triglicerídios, densitometria e glicemia a cada ano 10 EM CASO DE DÚVIDA • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 11 OUTRAS INFORMAÇÕES Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira. se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. 159
  • 160. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 160
  • 161. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Dermatomiosite e Polimiosite Portaria SAS/MS no 206, de 23 de abril de 2010. (Republicada em 27.08.10) 1 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA Foi realizada revisão da literatura até a data de 15/01/2010 nas bases de dados Medline/Pubmed, Embase e Cochrane. o Medline/Pubmed foi utilizada a estratégia “dermatomyositis/therapy”[Mesh Term] OR “polymyositis/ N therapy”[Mesh Term] AND (Clinical Trial[ptyp] OR Meta-Analysis[ptyp] OR Practice Guideline[ptyp] OR Randomized Controlled Trial[ptyp] OR Controlled Clinical Trial[ptyp]) AND “humans”[MeSH Term], obtendo- se 68 estudos. No Embase, foi utilizada a estratégia (‘dermatomyositis’/exp OR ‘polymyositis’/exp) AND ‘drug therapy’/exp AND ([cochrane review]/lim OR [controlled clinical trial]/lim OR [meta analysis]/lim OR [randomized controlled trial]/lim OR [systematic review]/lim) AND [humans]/lim”, obtendo-se 130 estudos. Quando analisados individualmente, a maioria foi excluída por referir-se a outras condições clínicas, apresentar desfechos sem relevância para o presente protocolo ou avaliar medicamentos sem registro no país. Foram incluídos 15 estudos considerados relevantes. busca na biblioteca Cochrane identificou uma revisão sistemática relacionada ao tema, já localizada A acima. Foram incluídos uma diretriz internacional de tratamento, capítulos de livro-texto, capítulo relacionado ao tema no UpToDate, versão 17.3, e artigos não indexados considerados relevantes pelos autores. 2 Introdução As miopatias inflamatórias, grupo heterogêneo de doenças, se caracterizam por fraqueza muscular proximal e elevação sérica de enzimas originadas da musculatura esquelética. Embora não existam sistemas de classificação de doença prospectivamente validados, a classificação originalmente proposta por Bohan e Peter1 é amplamente utilizada. São reconhecidos cinco subtipos de doença: polimiosite primária idiopática (PM), dermatomiosite primária idiopática (DM), PM ou DM associada à neoplasia, PM ou DM juvenil e PM ou DM associada a outras doenças do colágeno. Atualmente, um projeto internacional multidisciplinar está em andamento para desenvolver um consenso sobre critérios de classificação das miopatias inflamatórias2. Tanto na PM quanto na DM, a principal manifestação é fraqueza proximal e simétrica das cinturas pélvica e escapular e da musculatura cervical. Dependendo do grau da perda de força, pode ocorrer desde fadiga e intolerância ao exercício até marcha cambaleante e dificuldade para subir escadas. A evolução tende a ser gradual e progressiva. Poucos pacientes apresentam mialgia associada. Disfagia, distúrbios cardíacos, acometimento respiratório, vasculite e calcificações subcutâneas (calcinoses) são manifestações extramusculares possíveis. A DM se diferencia da PM pelo acometimento cutâneo. As pápulas de Gottron são consideradas patognomônicas de DM. Consistem de pápulas róseas ou violáceas localizadas nas superfícies extensoras das articulações interfalangianas e metacarpofalangianas, cotovelos, joelhos e maléolo medial. O sinal de Gottron é um eritema macular com a mesma distribuição das pápulas de Gottron. O heliótropo, caracterizado por lesões eritematosas ou violáceas nas pálpebras superiores, é outro sinal típico. Além destes, são observadas manchas ou placas eritematosas desencadeadas por fotoexposição com distribuição característica no tórax superior – ombros, dorso (sinal do xale) e/ou pescoço – e no tórax anterior em “V” (sinal do decote). Fissuras e descamação podem ocorrer nas polpas digitais dos quirodáctilos e são referidas como “mãos de mecânico”3. Consultores: Claiton Viegas Brenol, João Carlos Tavares Brenol, Luiz Roberto de Fraga Brusch, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Edição Final: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 161
  • 162. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas A etiologia das miopatias inflamatórias permanece desconhecida. Há relatos de associação com antígenos de histocompatibilidade, agentes ambientais e autoimunidade. A incidência anual de DM e PM é estimada em menos de 10 casos por milhão de indivíduos. As mulheres são mais afetadas do que os homens, numa proporção aproximada de 2:1, havendo um pico bimodal de surgimento da doença entre 5 – 15 anos de idade e entre 45 – 65 anos4. O curso da doença é variável. A maioria dos pacientes responde satisfatoriamente ao tratamento inicial com glicocorticoides, especialmente os com DM. Adicionalmente, podem-se identificar outros padrões evolutivos com um período de remissão inicial seguido de um ou mais episódios de recidiva, curso monocíclico ou refratário ao tratamento usual. Dentre os fatores de mau prognóstico, podem ser destacados diagnóstico inicial em idosos, grau avançado de fraqueza muscular no momento do diagnóstico, disfunção da musculatura respiratória, presença de disfagia, demora no início do tratamento após 6 meses do início dos sintomas, comprometimento pulmonar (doença intersticial pulmonar) ou cardíaco (miocardite) e associação com neoplasia5-7. 3 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • M33.0 Dermatomiosite juvenil • M33.1 Outras dermatomiosites • M33.2 Polimiosite 4 Diagnóstico Os critérios clássicos descritos por Bohan e Peter ainda são úteis para a orientação diagnóstica de DM/ PM. Após a exclusão de outras etiologias, como infecciosas, metabólicas, tóxicas, distróficas, endocrinológicas e de miopatias mitocondriais e por corpúsculo de inclusão1,2,8, devem ser levados em consideração os seguintes critérios, conforme Tabela 1: • fraqueza muscular proximal das cinturas pélvica e escapular; • evidência de miosite à biópsia muscular − os parâmetros mais utilizados para evidenciar inflamação muscular incluem necrose de fibras musculares dos tipos I e II; fagocitose de elementos celulares; degeneração e regeneração de fibras musculares com variação em seus diâmetros; e infiltrado linfomonocitário endomisial, perimisial, perivascular ou intersticial; • elevação de qualquer enzima muscular sérica − creatinofosfoquinase (CPK) ou aldolase ou desidrogenase lática (DHL) ou aminotransferases (em particular, a aspartatoaminotransferase) • eletromiografia compatível com miopatia − potenciais de unidade motora polifásicos de baixa amplitude e de curta duração; fibrilações, mesmo em repouso; descargas de formato bizarro e repetitivas; • lesões cutâneas características de DM − heliótropo; pápulas de Gottron; sinal de Gottron. Tabela 1 - Critérios Diagnósticos Diagnóstico Dermatomiosite Polimiosite Definitivo Presença de 4 critérios* Presença de 4 critérios Provável Presença de 3 critérios* Presença de 3 critérios Possível Presença de 2 critérios* Presença de 2 critérios *Acrescido do último critério, característico de DM O fator antinuclear (FAN) é positivo em 80% dos pacientes com DM ou PM9. Aproximadamente 30% dos pacientes com DM e PM possuem autoanticorpos definidos como miosite-específicos (anti-Jo-1, anti-PL-7, anti-PL-12, anti-EJ, anti-Mi-2). Tais anticorpos estão associados a manifestações clínicas características. Febre, artrite, fenômeno de Raynaud e doença pulmonar intersticial, por exemplo, compõem uma síndrome relacionada ao anticorpo anti-Jo-1 (síndrome antissintetase), presente em 20% dos pacientes com PM. Embora os anticorpos miosite-específicos tenham papel importante na avaliação prognóstica dos pacientes, sua aplicação na tomada de decisão terapêutica na rotina clínica necessita de validação em estudos mais abrangentes10. Os níveis séricos das enzimas musculares estão elevados em algum momento durante a evolução da doença, sendo que a CPK apresenta maior sensibilidade. O surgimento de níveis elevados de CPK pode anteceder a fraqueza muscular clínica em algumas semanas. 162
  • 163. Dermatomiosite e Polimiosite acientes com diagnóstico de DM/PM apresentam risco aumentado de neoplasia em P comparação com a população geral11. A indicação de triagem para neoplasia deverá ser orientada através da identificação de fatores de risco à anamnese e ao exame físico completo e de acordo com a faixa etária de cada paciente. 5 Critérios de inclusão erão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes com diagnóstico provável ou S definitivo de DM ou PM. 6 Critérios de exclusão Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que fizerem uso de um dos medicamentos abaixo: • hidroxicloroquina − uso concomitante de primaquina, maculopatia prévia associada aos antimaláricos ou hipersensibilidade ao medicamento; • azatioprina e ciclofosfamida − imunossupressão (AIDS, linfoma e outros), infecção ativa, tuberculose, gravidez, amamentação, neoplasia atual ou hipersensibilidade aos medicamentos; • ciclosporina − imunossupressão (AIDS, linfoma e outros), insuficiência renal crônica, neoplasia atual, gravidez, amamentação, infecção ativa, tuberculose, hipertensão não controlada ou hipersensibilidade ao medicamento; • prednisona e metilprednisolona − úlcera péptica ativa, insuficiência hepática, tuberculose ou hipersensibilidade aos medicamentos; • imunoglobulina humana − deficiência seletiva de IgA, gravidez, amamentação, hiperprolinemia ou hipersensibilidade ao medicamento; • metotrexato − gravidez, amamentação, doenças hematológicas graves, doença ulcerosa péptica ativa, anormalidades hepáticas ou renais graves, abuso de drogas ou etilismo, infecção ativa, tuberculose ou hipersensibilidade ao medicamento. 7 Tratamento 7.1 Tratamento não farmacológico lém do manejo terapêutico adequado, intervenções não farmacológicas são importantes A na abordagem dos pacientes com miopatias inflamatórias. Dentre elas destacam-se programas de reabilitação desde o início da doença12-14, medidas para evitar aspiração em pacientes com disfunção Dermatomiosite e Polimiosite esofágica, fotoproteção em pacientes com DM e profilaxia contra osteoporose e infecções oportunistas5. 7.2 Tratamento farmacológico baixa prevalência e a heterogeneidade de expressão clínica das miopatias inflamatórias bem A como a falta de critérios diagnósticos bem estabelecidos dificultam a condução de ensaios clínicos e, consequentemente, o estabelecimento de uma estratégia terapêutica padronizada15. Além disso, a abordagem individual dos pacientes depende da gravidade da doença muscular e sistêmica e da identificação de fatores de mau prognóstico. tratamento deve ser iniciado com glicocorticoide (GC) sistêmico16. Os pacientes precisam O ser informados de que a corticoterapia pode ter duração superior a 12 meses. O uso de GC pode induzir remissão da doença em aproximadamente 40% – 60% dos pacientes, embora mais de 80% apresentem algum grau de melhora clínica e laboratorial com o tratamento17. No caso de resposta insatisfatória, pode ser necessária a repetição da biópsia muscular com vistas ao diagnóstico diferencial com outras miopatias (miosite por corpúsculo de inclusão, por exemplo). associação de imunossupressores à corticoterapia é aconselhável, principalmente para A pacientes com fatores de mau prognóstico. Azatioprina (AZA) e metotrexato (MTX) são considerados medicamentos de primeira linha como agentes poupadores de GC5. 163
  • 164. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ZA tem sido utilizada nas miopatias inflamatórias associada a GC15. A associação de prednisona e A AZA foi avaliada em ensaio clínico randomizado, duplo-cego, e comparada com prednisona e placebo em 16 pacientes com diagnóstico de PM. Após 3 meses de tratamento, não houve diferença entre os grupos nas variáveis avaliadas (força muscular ou CPK)18. Os pacientes foram reavaliados após 3 anos de seguimento, e o grupo tratado com a associação de prednisona e AZA utilizou uma dose diária menor de corticosteroide (1,6 mg/ kg versus 8,7 mg/kg) e apresentou maior capacidade funcional19. MTX também foi avaliado quanto à sua eficácia nas miopatias inflamatórias15. Análise retrospectiva de 113 casos consecutivos demonstrou que o uso de MTX pode ser superior ao de AZA ou GC em pacientes sem resposta clínica completa após tratamento inicial com um curso de prednisona17. Estudo randomizado comparou ciclosporina com MTX em pacientes com diagnóstico de DM/PM grave. Ao final de 6 meses, não houve diferença estatística significativa entre os grupos em relação a força muscular e teste funcional, avaliação clínica e global do paciente, nível sérico de CPK e mioglobina20. A associação de MTX oral e AZA pode ser superior ao MTX intravenoso em monoterapia em pacientes com falha prévia a pelo menos um fármaco citotóxico. Estudo randomizado cruzado comparou AZA associada a MTX administrados por via oral contra MTX intravenoso em pacientes com miosite inflamatória refratária. Não foram encontradas diferenças nos níveis séricos de CPK no final do seguimento. Análise por intenção de tratar mostrou tendência de melhora clínica (força muscular e capacidade funcional) no grupo que utilizou a terapia combinada oral21. os pacientes refratários ao tratamento com GC e imunossupressores, tem sido preconizado o uso de N imunoglobulina humana (IGH). Esta recomendação é baseada em dois estudos. O medicamento foi avaliado em ensaio clínico duplo-cego, controlado contra placebo, em 15 pacientes com DM resistente ao tratamento com GC e imunossupressores. No grupo tratado com IGH, houve resposta estatisticamente significativa na avaliação do escore de força muscular e dos sintomas neuromusculares após 3 meses22. Em estudo observacional com 35 pacientes com PM refratária a corticoterapia e a imunossupressores, foi administrada IGH mensalmente (durante 4 – 6 meses). Após 6 meses, houve decréscimo de 50% da dose inicial de prednisona, redução dos níveis de CPK e melhora da força muscular. Houve resposta clínica satisfatória em 70% dos pacientes, que foi mantida em aproximadamente metade deles ao longo de 3 anos de observação23. O uso de IGH não se relacionou com eventos adversos sérios24. iclofosfamida intravenosa é uma alternativa em pacientes portadores de DM/PM associada a doença C pulmonar intersticial resistente ao uso de GC e imunosupressores. Em estudo observacional com 17 pacientes, foram encontrados os seguintes resultados: 11 evoluíram com melhora da dispneia após introdução da ciclofosfamida, 6 de 7 pacientes descontinuaram oxigenoterapia e 12 obtiveram melhora ≥ 10% na capacidade vital25. lguns pacientes com DM apresentam doença cutânea não responsiva a GC e imunossupressores. A Estudos observacionais têm demonstrado benefício com o uso de antimaláricos, como hidroxicloroquina e disfosfato de cloroquina, sendo este último menos utilizado devido ao risco de toxicidade ocular26,27. 7.3 Fármacos • Prednisona: comprimidos de 5 e 20 mg • Metilprednisolona: pó para solução injetável de 500 mg • Azatioprina: comprimidos de 50 mg • Metotrexato: comprimidos de 2,5 mg; solução injetável 25 mg/ml • Ciclosporina: comprimidos de 10, 25, 50 e 100 mg; solução oral de 100 mg/ml 50 ml • Ciclofosfamida: pó para solução injetável de 1 g • Imunoglobulina humana: frasco-ampola de 500, 1.000, 2.500, 3.000, 5.000 e 6.000 mg • Hidroxicloroquina: comprimidos de 400 mg 7.4 Esquemas de administração • Prednisona − iniciar com 1 mg/kg/dia, que deve ser mantido por 6-8 semanas; se houver controle da doença, iniciar diminuição gradual da dose não superior a 20% da dose vigente a cada 4 semanas até 10 mg/dia e manter conforme a evolução clínica até se completar em 9-12 meses de corticoterapia; caso haja recidiva durante a redução da dose, retornar à mínima dose efetiva e adicionar AZA ou MTX (ou ajustar as doses dos mesmos, se já em uso). 164
  • 165. Dermatomiosite e Polimiosite • Metilprednisolona − administrar pulsoterapia de 1.000 mg, por via intravenosa, ao longo de 1 hora por 3 dias consecutivos e repetir mensalmente conforme a resposta terapêutica. Indicada nos casos de fraqueza muscular grave ou acometimento sistêmico grave, incluindo os pacientes com envolvimento do esôfago, com disfagia importante e risco de aspiração, envolvimento pulmonar intersticial e ou miocardite. • Azatioprina − iniciar com 50 mg/dia em adultos, por via oral, aumentando 50 mg semanalmente até a dose total de 2-3 mg/kg/dia. • Metotrexato − iniciar com 15 mg/semana, por via oral ou subcutânea, podendo a dose ser aumentada até 25 mg/semana. • Ciclosporina − iniciar com 3-4 mg/kg/dia divididos em 2 doses até o máximo de 6 mg/kg/dia Indicada na falha do uso de GC mais AZA ou MTX. • Ciclofosfamida − administrar 300-800 mg/m2, por via intravenosa, a cada 4 semanas. Indicada na falha do uso de GC mais AZA ou MTX e na presença de doença pulmonar intersticial grave. • Imunoglobulina humana − iniciar com 1 g/kg/dia por 2 dias ou 0,4 g/kg/dia por 5 dias, esquema repetido mensalmente por 3-6 meses. Indicada na falha do uso de GC mais AZA ou MTX ou doença grave refratária à pulsoterapia com GC. • Hidroxicloroquina − iniciar com dose usual de 400 mg/dia para casos de doença cutânea não responsiva a GC e a imunosupressores. 7.5 Tempo de tratamento − Critérios de interrupção ão existe um período estabelecido para a duração do tratamento. Após a remissão clínica, N as dosagens dos fármacos podem ser diminuídas gradualmente, sob monitorização sistemática da atividade da doença. Sugere-se diminuir primeiro a dose de prednisona. Após suspensão do GC, pode- se reduzir a dose dos imunossupressores em intervalos mensais ao longo de aproximadamente 6 meses. 7.6 Benefícios esperados • Melhora da força muscular • Prevenção de desenvolvimento de complicações extramusculares • Controle das manifestações cutâneas na DM 8 Monitorização Com relação à eficácia, ainda não foram validados escores padronizados para medir a atividade Dermatomiosite e Polimiosite da doença e o dano nas miopatias inflamatórias2. Sugere-se monitorização periódica da força muscular no quadríceps, deltoides e flexores do pescoço, bem como das enzimas musculares. As enzimas mais comumente utilizadas são CPK, aldolase, LDH, AST/TGO e ALT/TGP. A melhora clínica tem maior valor na avaliação da resposta terapêutica do que as enzimas musculares séricas. Ajustes nas doses do GC com o objetivo de normalizá-las podem determinar doses cumulativas desnecessariamente aumentadas5. Além da triagem de doenças infecciosas previamente ao início de seu uso, a toxicidade dos imunossupressores deve ser cuidadosamente monitorizada: • prednisona e metilprednisolona − solicitar glicemia de jejum, potássio, perfil lipídico, densitometria óssea e aferição da pressão arterial no início do tratamento. Pacientes devem receber suplementação diária de cálcio (1.500 mg/cálcio elementar), vitamina D3 (400 – 800 UI) ou bisfosfonados de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde para Osteoporose. Reavaliar anualmente perfil lipídico e densitometria óssea; • azatioprina − solicitar hemograma e plaquetas, testes de função hepática (fosfatase alcalina, AST e ALT) quinzenalmente até o terceiro mês e, após, mensalmente. AZA deve ser suspensa ou ter a dose reduzida em pacientes que desenvolverem leucopenia (leucócitos < 4.000/mm3) ou trombocitopenia (contagem de plaquetas < 150.000/mm3); • metotrexato − devem ser solicitadas provas de função hepática (AST e ALT), hemograma, contagem de plaquetas, ureia e creatinina antes do início do tratamento, mensalmente nos 165
  • 166. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas primeiros 6 meses e, após, a cada 2 a 3 meses durante seu uso ou conforme necessidade clínica. Se houver elevação de transaminases (2 vezes o valor do limite superior de referência), o medicamento deve ser suspenso por 2 semanas e, então, reavaliado com nova aferição de enzimas hepáticas. Consumo de bebidas alcoólicas é desaconselhado ao longo do tratamento com MTX. Diminuição da contagem de leucócitos ou de plaquetas necessita de redução da dose de MTX. Também deve-se diminuir a dose se houver o surgimento de úlceras orais ou estomatite. Tosse e dispneia devem ser avaliadas com raio X de tórax e testes de função pulmonar devido ao potencial risco de pneumonite, devendo ser usado com cautela em pacientes pneumopatas. Sintomas como náuseas e vômitos respondem à redução da dose de MTX ou incremento da dose semanal de ácido fólico. Pode ser utilizado um antiemético ou ser o MTX ingerido junto às refeições para tentar diminuir estes sintomas. As causas mais comuns de toxicidade aguda do MTX são insuficiência renal aguda e administração concomitante de sulfametoxazol-trimetoprim. A associação de ácido fólico (5-10 mg/semana) pode minimizar os efeitos adversos. Está contraindicado o uso de MTX em pacientes com insuficiência renal, hepatopatias, supressão da medula óssea e em mulheres em idade fértil que não estejam fazendo anticoncepção; • ciclosporina − monitorizar pressão arterial sistêmica e função renal (creatinina) antes do início do tratamento, repetir a avaliação a cada 2 semanas nos primeiros 3 meses de tratamento e, após, mensalmente se o paciente estiver clinicamente estável. Se houver desenvolvimento de hipertensão, deve ser realizada redução de 25%-50% da dose de ciclosporina; persistindo a hipertensão, o tratamento deve ser descontinuado. Também perfil lipídico e eletrólitos séricos devem ser avaliados periodicamente. Está contraindicada para pacientes com alteração da função renal, hipertensão não controlada e maligni­ ade. Seu perfil de toxicidade restringe a utilização; d • ciclofosfamida − solicitar hemograma, plaquetas e exame comum de urina com microscopia 14 dias após cada infusão até a estabilização da dose. Além da imunossupressão com consequente aumento de risco de infecções, aumento de risco de neoplasias, infertilidade, toxicidade hematológica e cistite hemorrágica são outros eventos adversos potenciais. Para prevenir este último, se recomenda hidratação vigorosa e se sugere administração de mesna por via intravenosa ou oral (1 mg para cada mg de ciclofosfamida) dividida em 3 tomadas: 30 minutos antes da infusão, 30 minutos após a infusão e 4 horas após o término da infusão; • imunoglobulina humana − é administrada por via intravenosa. Os pacientes devem ser monitorizados quanto a reações infusionais. Dentre outros eventos descritos, citam-se meningite asséptica, insuficiência renal, hiperproteinemia, edema pulmonar e eventos trombóticos; • hidroxicloroquina − deve ser realizado exame oftalmológico no início do tratamento e a cada 6-12 meses. Hemograma periódico é recomendado. Dosagem de enzimas musculares (CPK e aldolase) está indicada para casos com suspeita de miopatia. 9 Acompanhamento pós-tratamento A duração do tratamento não é pré-determinada. O seguimento dos pacientes, incluindo consultas e exames complementares, deverá ser programado conforme a evolução clínica e as alterações detectadas à monitorização da toxicidade dos medicamentos. 10 Regulação/controle/avaliação pelo gestor Recomenda-se que os pacientes sejam atendidos em serviços especializados em Reumatologia ou Clínica Médica. Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas, a adequação de uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento. 11 Termo de esclarecimento e responsabilidade − TER É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso dos medicamentos preconizados neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 166
  • 167. Dermatomiosite e Polimiosite 12 Referências bibliográficas 1. Bohan A, Peter JB. Polymyositis and dermatomyositis (first of two parts). N Engl J Med. 1975;292(7):344-7. 2. Oddis CV, Rider LG, Reed AM, Ruperto N, Brunner HI, Koneru B, et al., International consensus guidelines for trials of therapies in the idiopathic inflammatory myopathies. Arthritis Rheum. 2005;52(9): 2607-15. 3. Brenol CV, Xavier RM. Semiologia do Sistema Locomotor. In: Barros E, Albuquerque GC, Pinheiro CTS, Czepielewski MA, editores. Exame clínico - consulta rápida. 2ª ed. Porto Alegre: ArtMed; 2004. p. 510. 4. Firestein GS, Kelley WN. Kelley’s textbook of rheumatology. Philadelphia: Saunders; 2009. 5. Miller ML, Rudnicki SA. Initial treatment of dermatomyositis and polymyositis in adults [Internet]. Waltham (MA): UpToDate; 2009 [cited 2010 May 18]. Available from: http://www.uptodate.com/ patients/content/topic.do?topicKey=~v_wcVHBb7M0w&selectedTitle=1~150. 6. Dankó K, Ponyi A, Constantin T, Borgulya G, Szegedi G. Long-term survival of patients with idiopathic inflammatory myopathies according to clinical features: a longitudinal study of 162 cases. Medicine (Baltimore). 2004;83(1):35-42. 7. Marie I, Hachulla E, Hatron PY, Hellot MF, Levesque H, Devulder B, et al. Polymyositis and dermatomyositis: short term and longterm outcome, and predictive factors of prognosis. J Rheumatol. 2001;28(10):2230-7. 8. Bohan A, Peter JB. Polymyositis and dermatomyositis (second of two parts). N Engl J Med. 1975;292(8): 403-7. 9. Reichlin M, Arnett FC Jr. Multiplicity of antibodies in myositis sera. Arthritis Rheum. 1984;27(10): 1150-6. 10. Gunawardena H, Betteridge ZE, McHugh NJ, Myositis-specific autoantibodies: their clinical and pathogenic significance in disease expression. Rheumatology (Oxford). 2009;48(6):607-12. 11. Buchbinder R, Forbes A, hall S, Dennett X, Giles G. Incidence of malignant disease in biopsy- proven inflammatory myopathy. A population-based cohort study. Ann Intern Med. 2001;134(12):1087-95. 12. Alexanderson H, Dastmalchi M, Esbjörnsson-Liljedahl M, Opava CH, Lundenberg IE. Benefits of intensive resistance training in patients with chronic polymyositis or dermatomyositis. Arthritis Rheum. 2007;57(5):768-77. 13. Alexanderson H, Stenström CH, Jenner G, Lundberg I. The safety of a resistive home exercise program in patients with recent onset active polymyositis or dermatomyositis. Scand J Rheumatol. 2000;29(5):295-301. 14. Escalante A, Miller L, Beardmore TD. Resistive exercise in the rehabilitation of polymyositisdermatomyositis. J Rheumatol. 1993;20(8):1340-4. 15. Choy EH, Hoogendijk JE, Lecky B, Winer JB, Gordon P. WITHDRAWN: Immunosuppressant and immunomodulatory treatment for dermatomyositis and polymyositis. Cochrane Database Syst Rev. 2009;(4):CD003643. 16. Hengstman GJ, van den Hoogen FH, van Engelen BG. Treatment of the inflammatory myopathies: Dermatomiosite e Polimiosite update and practical recommendations. Expert Opin Pharmacother. 2009;10(7):1183-90. 17. Joffe MM, Love LA, Leff RL, Fraser DD, Targoff IN, Hicks JE, et al. Drug therapy of the idiopathic inflammatory myopathies: predictors of response to prednisone, azathioprine, and methotrexate and a comparison of their efficacy. Am J Med. 1993;94(4):379-87. 18. Bunch TW, Worthington JW, Combs JJ, Ilstrup DM, Engel AG. Azathioprine with prednisone for polymyositis. A controlled, clinical trial. Ann Intern Med. 1980;92(3):365-9. 19. Bunch TW. Prednisone and azathioprine for polymyositis: long-term followup. Arthritis Rheum. 1981;24 (1):45-8. 20. Vencovský J, Jarosová K, Machácek S, Studýnková J, Kafková J, Bartunková J, et al. Cyclosporine A versus methotrexate in the treatment of polymyositis and dermatomyositis. Scand J Rheumatol, 2000;29(2):95-102. 21. Villalba L, Hicks JE, Adams EM, Sherman JB, Gourley MF, Leff RL, et al. Treatment of refractory myositis: a randomized crossover study of two new cytotoxic regimens. Arthritis Rheum. 1998;41(3):392-9. 22. Dalakas MC, Illa I, Dambrosia JM, Soueidan SA, Stein DP, Otero C, et al. A controlled trial of high-dose intravenous immune globulin infusions as treatment for dermatomyositis. N Engl J Med. 1993;329(27): 1993-2000. 23. Cherin P, Pelletier S, Teixeira A, Laforet P, Genereau T, Simon A, et al. Results and long-term followup of intravenous immunoglobulin infusions in chronic, refractory polymyositis: an open study with thirty-five adult patients. Arthritis Rheum. 2002;46(2):467-74. 24. Saito E, Koike T, Hashimoto H, Miyasaka N, Ikeda Y, Hara M, et al. Efficacy of high- 167
  • 168. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas dose intravenous immunoglobulin therapy in Japanese patients with steroid-resistant polymyositis and dermatomyositis. Mod Rheumatol. 2008;18(1):34-44. Epub 2008 Jan 25. 25. Yamasaki Y, Yamada H, Yamasaki M, Ohkubo M, Azuma K, Matsuoka S, et al. Intravenous cyclophosphamide therapy for progressive interstitial pneumonia in patients with polymyositis/dermatomyositis. Rheumatology (Oxford). 2007;46(1):124-30. Epub 2006 Jun 4. 26. Woo TY, Callen JP, Voorhees JJ, Bickers DR, Hanno R, Hawkins C. Cutaneous lesions of dermatomyositis are improved by hydroxychloroquine. J Am Acad Dermatol. 1984;10(4):592-600. 27. Ang GC, Werth VP. Combination antimalarials in the treatment of cutaneous dermatomyositis: a retrospective study. Arch Dermatol. 2005;141(7):855-9. 168
  • 169. Dermatomiosite e Polimiosite Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Azatioprina, Metotrexato, Ciclosporina, Imunoglobulina Humana e Hidroxicloroquina Eu,_________________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre os benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de azatioprina, metotrexato, ciclosporina e imunoglobulina humana e hidroxicloroquina, indicados para o tratamento da dermatomiosite e polimiosite. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _______________________________________________(nome do médico que prescreve). Assim declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer as seguintes melhoras: • melhora da força muscular; • prevenção do desenvolvimento de complicações extramusculares; • controle das manifestações da pele na dermatomiosite. Fui também claramente informado (a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento: • não se sabe ao certo os riscos do uso de ciclosporina e imunoglobulina na gravidez; portanto, caso engravide, devo avisar imediatamente o médico; • ciclofosfamida não deve ser usada durante a gestação pelo risco de má formação do feto; • há riscos para a azatioprina durante a gravidez, porém o benefício pode ser maior do que os riscos e isso deve ser discutido com o médico. • efeitos adversos da azatioprina – diminuição das células brancas, vermelhas e plaquetas do sangue, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, fezes com sangue, problemas no fígado, febre, calafrios, diminuição de apetite, vermelhidão de pele, perda de cabelo, aftas, dores nas juntas, problemas nos olhos (retinopatia), falta de ar e pressão baixa; • efeitos adversos do metotrexato – convulsões, confusão mental, febre, calafrios, sonolência, queda de cabelo, espinhas e furúnculos, alergias de pele, sensibilidade à luz, alterações da pigmentação da pele, formação de bolhas e perda de regiões da pele e de mucosas (síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica), náuseas, vômitos, perda de apetite, inflamação na boca, úlceras gastrointestinais, problemas no fígado, diminuição das células brancas do sangue e das plaquetas, problemas nos rins Dermatomiosite e Polimiosite e nos pulmões, diminuição das defesas imunológicas do organismo com ocorrência de infecções; • efeitos adversos da ciclosporina – problemas nos rins e fígado, tremores, aumento da quantidade de pelos no corpo, pressão alta, aumento do crescimento da gengiva, aumento do colesterol e triglicerídios, formigamentos, dor no peito, batimentos rápidos do coração, convulsões, confusão, ansiedade, depressão, fraqueza, dores de cabeça, unhas e cabelos quebradiços, coceira, espinhas, náuseas, vômitos, perda de apetite, soluços, inflamação na boca, dificuldade para engolir, sangramentos, inflamação do pâncreas, prisão de ventre, desconforto abdominal, diminuição das células brancas do sangue, linfoma, calorões, aumento da quantidade de cálcio, magnésio e ácido úrico no sangue, toxicidade para os músculos, problemas respiratórios, sensibilidade aumentada à temperatura e aumento das mamas; • efeitos adversos da imunoglobulina humana – dor de cabeça, calafrios, febre, reações no local de aplicação da injeção (dor, coceira e vermelhidão), problemas renais (aumento de creatinina e ureia no sangue, insuficiência renal aguda, necrose tubular aguda, nefropatia tubular proximal, nefrose osmótica); • efeitos adversos da hidroxicloroquina – diminuição das células brancas do sangue, dor de cabeça, náuseas, vômitos, diarreia, cólicas, problemas na pele, coceiras, 169
  • 170. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas irritabilidade, nervosismo, psicose, convulsões, fraqueza, perda de peso, perda de apetite, problemas visuais, perda e descoloração dos cabelos, pigmentação de mucosas, diminuição da audição, sensibilidade à luz. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu tratamento, desde que assegurado o anonimato. Meu tratamento constará do seguinte medicamento: o azatioprina o metotrexato o ciclosporina o imunoglobulina humana o hidroxicloroquina Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. 170
  • 171. Dermatomiosite e Polimiosite Dermatomiosite e Polimiosite 171
  • 172. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Dermatomiosite e Polimiosite Fluxograma de Tratamento Polimiosite e Dermatopolimiosite Critérios de exclusão (específicos a cada Diagnóstico: clínico, Paciente com diagnóstico definitivo medicamento individualmente, laboratorial ou provável de polimiosite ou não excluindo dos demais): dermatopolimiosite conforme PCDT ✓ presença de hipersensibilidade ao medicamento ou a um de seus componentes ✓ presença de contraindicação Sim clínica ao uso do medicamento Fatores de mau prognóstico: Exclusão Possui algum critério ✓ Idade > 65 anos Sim ✓ graus avançados de fraqueza do PCDT de exclusão? muscular ✓ disfunção da musculatura respiratória Não ✓ presença de disfagia ✓ retardo no início do tratamento superior a 6 meses Há presença de Não fatores de mau Sim prognóstico? Tratamento com Tratamento prednisona e com azatioprina ou prednisona metotrexato Houve Refratário ao Sim resposta Sim tratamento? Não Não terapêutica? Revisar a adesão; Manter tratamento considerar nova Paciente com e iniciar redução Manter tratamento biópsia muscular para doença gradativa da dose. pulmonar e iniciar redução diagnóstico diferencial. gradativa da dose. intersticial? Não Sim Apresenta doença Considerar uso de cutânea não ciclofosfamida. Não controlada? Sim Considerar uso de Considerar uso de ciclosporina. hidroxicloroquina. Casos especiais: Em pacientes com diagnóstico definitivo ou provável de polimiosite ou dermatopolimiosite Manter e apresentando fraqueza tratamento e muscular grave ou Revisar a adesão. iniciar comprometimento sistêmico Refratário ao grave, considerar pulsoterapia Considerar uso de Sim tratamento? Não redução com metilprednisolona e, na imunoglobulina. gradativa da ausência de resposta satisfatória, uso de imunoglobulina dose quando intravenosa. possível. 172
  • 173. Dermatomiosite e Polimiosite Fluxograma de Dispensação de Azatioprina, Metotrexato, Ciclosporina, Imunoglobulina Humana e Hidroxicloroquina Dermatomiosite e Polimiosite Fluxograma de Dispensação de Azatioprina, Metotrexato, Ciclosporina e Imunoglobulina HumanaDermatomiosite e Polimiosite Portaria SAS/MS n 389, de 19 de setembro de 2001. CID-10: M33.0, M33.1, M33.2 Paciente solicita o Exames (2 dos 3 abaixo): medicamento. ✓ biópsia muscular ✓ CPK ou aldolase ou DHL ou ALT/AST ✓ eletromiografia Dose: azatioprina: 50 mg/dia até 2-3 mg/kg/dia, por VO metotrexato: 15 mg-25 mg/semana, por VO ou SC ciclosporina: 3-4 mg/kg/dia até 6 mg/kg/dia, por VO Possui LME corretamente imunoglobulina humana: 1 g/kg/dia por 2 dias ou 0,4 g/kg/dia por 5 dias, dose repetida mensalmente por preenchido e demais 3-6 meses, por IV documentos exigidos? hidroxicloroquina: 400 mg/dia Não Sim Orientar o CID-10, exames e paciente. dose estão de acordo Não Sim com o preconizado pelo PCDT? Encaminhar o Realizar entrevista paciente ao farmacoterapêutica inicial médico assistente. com o farmacêutico. Processo Sim Não deferido? Não dispensar e Orientar o justificar ao paciente. paciente. Dermatomiosite e Polimiosite Exames necessários para monitorização: ✓ CPK, aldolase, DHL, AST e ALT Periodicidade: a critério médico Obs.: Demais exames de monitorização variam de acordo com o medicamento utilizado (ver item Monitorização). Dispensação a cada mês de tratamento Entrevista farmacoterapêutica de monitorização Paciente apresentou alteração nos exames não compatível Sim Não com o curso do tratamento ou eventos significativos? Dispensar e solicitar parecer do médico Dispensar. assistente. 173
  • 174. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Dermatomiosite e Polimiosite 1 Dados do Paciente Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde:________________________________________RG: _______________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: ________________________________________RG: _______________________ Sexo: o Masculino oFeminino DN: ___________/ ____ / _____ Idade:_______ Peso:_______ Altura: ________ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: ________________________________________________CRM: _____________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 Avaliação Farmacoterapêutica 2.1 Qual o subtipo da miopatia? o Polimiosite primária idiopática (PM) o Dermatomiosite primária idiopática (DM) o PM ou DM associada à neoplasia o PM ou DM juvenil o PM ou DM associada a outras doenças do colágeno 2.2 Qual o intervalo de tempo entre o primeiro sintoma e o diagnóstico definitivo? _________________________________________________________________________________________ 2.3 Possui outras doenças diagnosticadas? o não o sim g Quais? ________________________________________________________________________ (metotrexato contraindicado para pacientes com insuficiência renal, hepatopatias, supressão da medula óssea; ciclosporina: contraindicada para pacientes com alteração da função renal, hipertensão não controlada e maligni­ ade) d 2.4 Para metotrexato: encontra-se a paciente em idade fértil? o não o sim g Passar para a pergunta 2.5 2.5 Faz uso de método contraceptivo? o não g Não dispensar temporariamente e encaminhar a paciente ao ginecologista o sim 2.6 Para metotrexato: faz uso de bebidas alcoólicas? o não o sim g Orientar o paciente que o consumo de bebidas alcoólicas é desaconselhado ao longo do tratamento. 2.7 Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim * O uso concomitante de sulfametoxazol-trimetoprim e metotrexato aumenta o risco de toxicidade aguda. 174
  • 175. Dermatomiosite e Polimiosite 2.8 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não o sim g Quais? A que medicamentos?_______________________________________________ 3 Monitorização do Tratamento Exames Laboratoriais – Monitorização da Doença Inicial 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data prevista* Data CPK DHL ALT AST 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data prevista* Data CPK DHL ALT AST * A periodicidade dos exames pode variar conforme critério médico. Exames Laboratoriais – Monitorização dos Medicamentos Utilizados* Inicial 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data prevista** Data Hemoglobina Leucócitos Dermatomiosite e Polimiosite Neutrófilos Linfócitos Plaquetas Ureia Creatinina Fosfatase alcalina Colesterol total HDL LDH Triglicerídios CPK Aldolase 175
  • 176. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data prevista** Data Hemoglobina Leucócitos Neutrófilos Linfócitos Plaquetas Ureia Creatinina Fosfatase alcalina Colesterol total HDL LDH Triglicerídios CPK Aldolase * Completar a tabela de acordo com os medicamentos utilizados. ** A periodicidade dos exames varia conforme o medicamento. Para azatioprina: solicitar hemograma e dosagem de plaquetas, testes de função hepática – fosfatase alcalina – AST/TGO e ALT/TGP (quinzenalmente até o terceiro mês e, após, mensalmente) 3.1 Apresentou leucócitos < 4.000/mm3 ou plaquetas < 150.000/mm3? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (o medicamento deve ser suspenso ou ter a dose reduzida) Para metotrexato: solicitar provas de função hepática (TGO, TGP), hemograma, dosagem de plaquetas, ureia e creatinina antes do início do tratamento e mensalmente nos primeiros 6 meses e, após, a cada 2-3 meses durante seu uso ou conforme necessidade clínica 3.2 Houve elevação de transaminases (2 vezes o valor do limite superior de referência)? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (o medicamento deve ser suspenso por 2 semanas, e o paciente, então, reavalido com novo exame) 3.3 Apresentou leucopenia ou plaquetopenia? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (o medicamento deve ter a dose reduzida) 3.4 Apresentou úlceras orais ou estomatite? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (o medicamento deve ter a dose reduzida) 3.5 Apresentou tosse ou dispneia? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (o paciente deve ser avaliado com Rx de tórax e testes de função pulmonar devido ao potencial risco de pneumonite) 176
  • 177. Dermatomiosite e Polimiosite 3.6 Apresentou náuseas e vômitos? não g Dispensar g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose do medicamento pode ser sim reduzida ou aumentada; ácido fólico ou de antiemético pode ser prescrito). Orientar a utilização do medicamento junto às refeições para tentar diminuir estes sintomas. Para ciclosporina: monitorizar pressão arterial e creatinina antes do início do tratamento e repetir a cada 2 semanas nos primeiros 3 meses de tratamento e, após, mensalmente, se o paciente estiver clinicamente estável; perfil lipídico e eletrólitos devem ser avaliados periodicamente 3.7 Desenvolveu hipertensão ao longo do tratamento? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose deve ser reduzida de 25% – 50%; persistindo a hipertensão, o tratamento deve ser descontinuado) 3.8 Houve alteração significativa da creatinina, do perfil lipídico ou dos eletrólitos? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (a dose deve ser reavaliada ou o medicamento descontinuado) Para hidroxicloriquina 3.9 Realizou exame oftalmológico no início do tratamento e a cada 6-12 meses? não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico sim g Dispensar 3.10 Estão os valores do hemograma alterados de forma significativa? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico 3.11 Há suspeita de miopatia? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico (a dosagem de enzimas musculares CPK e aldolase, deve ser realizada) Para todos os medicamentos Dermatomiosite e Polimiosite 3.12 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.13 3.13 Necessita de avaliação do médico assistente com relação a efeito adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente 177
  • 178. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Tabela de Registro de Eventos Adversos Data da Evento adverso *Intensidade q Conduta entrevista Observar as reações adversas já relatadas de acordo com o medicamento utilizado * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever) 178
  • 179. Dermatomiosite e Polimiosite TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações Dermatomiosite e Polimiosite 179
  • 180. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Guia de Orientação ao Paciente Azatioprina, Metotrexato, Ciclosporina, Imunoglobulina Humana e Hidroxicloroquina este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. o medicamento é utilizado no tratamento de dermatomiosite e polimiosite. 1 DOENÇA • Dermatomiosite e polimiosite são doenças de evolução gradual e progressiva, que causam dor e perda da força dos músculos, cansaço, dificuldade de realizar exercícios, caminhar e subir escadas. Outras manisfestações incluem dificuldade para ngolir, problemas de coração e pulmões, e entre outros. • A dermatomiosite se diferencia da polimiosite por incluir problemas na pele, como manchas e bolinhas avermelhadas, que aparecem principalmente na área das juntas. 2 MEDICAMENTO • Este medicamento não cura a doença, porém melhora a força dos músculos, controla os problemas da pele e previne o desenvolvimento de outras complicações. 3 GUARDA DO MEDICAMENTO • Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura (cozinha e banheiro). Conserve o medicamento na embalagem original. • A imunoglobulina humana deve ser guardada na geladeira, mas não deve ser congelada. 4 ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO • Tome os comprimidos ou cápsulas (sem mastigar ou abrir) com ajuda de um líquido, de preferência junto às refeições. • Tome exatamente a dose prescrita nos dias que o médico indicou, estabelecendo um mesmo horário todos os dias. • Em caso de esquecimento de uma dose, tome-a assim que lembrar. Não tome a dose em dobro para compensar a que foi esquecida. • A imunoglobulina humana deve ser aplicada em ambiente hospitalar. 5 REAÇÕES DESAGRADÁVEIS • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, que variam de acordo com o medicamento, tais como dor de cabeça, náuseas, vômitos, diarreia, queda de cabelo, perda de apetite, reações alérgicas, febre, calafrios, falta de ar. • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 PARA MULHERES EM IDADE FÉRTIL • O metotrexato não pode ser usado durante a gravidez, pois há risco de que o bebê nasça com problemas físicos e/ou mentais. Portanto, é muito importante que a gravidez seja evitada nesse momento. Antes do início do tratamento, procure o ginecologista para o uso correto de método contraceptivo. • Antes de começar o tratamento, faça o teste de gravidez. 180
  • 181. Dermatomiosite e Polimiosite 7 USO DE OUTROS MEDICAMENTOS • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. 8 PARA SEGUIR RECEBENDO O MEDICAMENTO • Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos: - Receita médica atual - Cartão Nacional de Saúde ou RG - Exames: CPK, aldolase, DHL, AST e ALT, com intervalos de realização a critério médico. Além destes, de acordo com o medicamento, o farmacêutico irá indicar outros exames necessários para serem encaminhados nas dispensações. 9 EM CASO DE DÚVIDA • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 10 OUTRAS INFORMAÇÕES _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. Para Imunoglobulina Humana: levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira. Dermatomiosite e Polimiosite 181
  • 182. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 182
  • 183. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Distonias Focais e Espasmo Hemifacial Portaria SAS/MS no 376, de 10 de novembro de 2009. 1 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA ara o tratamento das distonias com toxina botulínica (TB), foi realizada pesquisa na literatura médica P com relação a dados de eficácia e segurança das diferentes apresentações da TB disponíveis no país. revisão da literatura obedeceu a uma estratégia de busca no Medline/PubMed até 01/10/2009. As A palavras-chave utilizadas foram “dystonia, torticollis, cervical dystonia, blepharospasm, hemifacial spasm, writer’s cramp, Meige syndrome, essential tremor, laryngeal dystonia, spasmodic dysphonia, orofacial dystonia” associadas à expressão “botulinum toxin”. Não foi determinado limite para o tempo abrangido pela busca, porém foi estabelecido um filtro para ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas/metanálises. os 90 artigos identificados, foram excluídos os estudos metodologicamente inadequados ou com D tamanho amostral muito reduzido, sendo selecionados 5 revisões sistemáticas/metanálises e 18 ensaios clínicos. 2 INTRODUÇÃO istonia é uma disfunção neurológica caracterizada pela contração involuntária e sustentada de D um músculo isolado ou de um grupo muscular1, podendo ser primária (idiopática) ou secundária a outras doenças. As distonias podem causar movimentos e posturas anormais, que podem ser incapacitantes e, frequentemente, dolorosos1. Entretanto, nem toda contração muscular involuntária constitui uma distonia. Cãibras, tremor, espasticidade e outros movimentos involuntários, como coreia, não são considerados distonias. incidência das formas focais é estimada em 2 novos casos por milhão de habitantes por ano, A resultando em uma prevalência de 29,5 casos por 100.000 habitantes1,2. Estas taxas são maiores do que as de outras doenças neurológicas bem conhecidas, tais como doença do neurônio motor, miastenia gravis ou doença de Huntington. s distonias, grupo heterogêneo de desordens, podem ser assim classificadas: A • pela idade de início (precoces e tardias); • pela etiologia (primárias ou secundárias); • pela distribuição corporal do comprometimento. De acordo com a distribuição corporal, as distonias podem ser classificadas em1,2: • focais, envolvendo músculos de uma região limitada do corpo (por exemplo, a face); • segmentares, envolvendo grupos musculares contíguos (por exemplo, membro superior e ombro); • hemidistônicas, afetando os membros do mesmo lado do corpo; • multifocais, envolvendo segmentos corporais não contíguos; • generalizadas, envolvendo uma perna e o tronco ou ambas as pernas e qualquer outro segmento do corpo. O tratamento das distonias é essencialmente sintomático e se baseia no alívio das contrações musculares, revertendo os movimentos e as posturas anormais e a dor associada e prevenindo contraturas e deformidades. A toxina botulínica tipo A (TBA) representa uma opção terapêutica reconhecida, sendo considerada o tratamento de escolha para a maioria das distonias focais e segmentares. Consultores: Mariana Peixoto Socal, Carlos Roberto de Mello Rieder, Thaís Lampert Monte, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 183
  • 184. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 3 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • G24.0 Distonia induzida por drogas • G24.1 Distonia familiar idiopática • G24.2 Distonia não familiar idiopática • G24.3 Torcicolo espasmódico • G24.4 Distonia orofacial idiopática • G24.5 Blefaroespasmo • G24.8 Outras distonias • G51.8 Espasmo hemifacial 4 DIAGNÓSTICO As distonias focais têm diagnóstico sindrômico, baseado, portanto, nos achados clínicos, não havendo exames laboratoriais ou de imagem específicos. Podem ser manifestações de outras doenças neurológicas, sendo a identificação de possíveis causas secundárias uma rotina na assistência aos pacientes. As características clínicas que constituem os critérios diagnósticos para as distonias focais passíveis de tratamento com TB estão descritas abaixo. 4.1 DISTONIAS CRANIOFACIAIS E ESPASMO HEMIFACIAL Blefaroespasmo Blefaroespasmo é a contração espasmódica involuntária e bilateral do músculo orbicular dos olhos que causa fechamento ocular forçado, intermitente ou sustentado. Contrações da musculatura frontal e músculos médios e inferiores da face podem ocorrer concomitantemente na chamada síndrome de Meige3. Os primeiros sintomas costumam ser sensação de irritação ocular ou hipersensibilidade à luz, ocasionando aumento da frequência do piscamento, cuja intensidade aumenta gradualmente até tornar-se uma contratura espasmódica, dificultando a abertura ocular. Em alguns casos, pode haver grande prejuízo de visão (cegueira funcional) devido aos espasmos, sendo necessária ajuda para a realização das atividades habituais4,5. spasmo hemifacial E Espasmo hemifacial é um dos mais comuns distúrbios do movimento craniofacial e consiste em movimentos involuntários tônicos ou clônicos, irregulares, dos músculos de um só lado da face (orbicular dos olhos, frontal, risório, zigomático maior), além do platisma. O espasmo hemifacial caracteriza-se por espasmos musculares frequentemente associados à compressão do nervo facial por estruturas vasculares na saída do tronco cerebral6. D istonia oromandibular Distonia oromandibular caracteriza-se por contrações espasmódicas da musculatura mastigatória (temporal e masseter), facial inferior (orbicular da boca, complexo submentoniano, pterigóideos lateral e medial), lingual, labial e, esporadicamente, cervical (platisma). Os espasmos causam dificuldade para abrir ou fechar a boca devido ao desvio lateral da mandíbula, trismo ou bruxismo e desvio lateral ou superior ou protrusão da língua2,7. Desta forma, dificultam a mastigação, a deglutição e a articulação das palavras e causam limitação funcional e embaraço social para muitos pacientes8. 4.2 DISTONIA LARÍNGEA OU DISFONIA ESPASMÓDICA Distonia laríngea é uma forma de distonia focal que compromete os músculos da prega vocal, da laringe e da faringe envolvidos no processo de vocalização, podendo estar associada à distonia de outros músculos faciais. Existem duas formas de distonia laríngea: adutora e abdutora. Na distonia adutora, ocorre adução exagerada e irregular da prega vocal, que determina um padrão de voz cansado, com timbre metálico, áspero, tensoestrangulado, do tipo sufocado, com início e término abruptos (voz entrecortada), devido a quebras curtas na fonação. A fala tem redução da maciez e se torna menos compreensível, embora o canto seja usualmente menos afetado do que a fala propriamente dita, exceto nos casos severos. 184
  • 185. Distonias Focais e Espasmo Hemifacial Na distonia abdutora (forma menos frequente), ocorre contração sustentada dos músculos cricoaritenóideos posteriores, com abdução exagerada da prega vocal. A voz fica reduzida em volume, assoprada ou sussurrada, resultando em segmentos afônicos e dificultando a compreensão9,10. 4.3 DISTONIA CERVICAL OU TORCICOLO ESPASMÓDICO Distonia cervical é o tipo mais comum de distonia focal. Caracteriza-se por contração involuntária de músculos da região cervical, de forma assimétrica, ocasionando alterações da postura cefálica, tais como desvio lateral, para frente, para trás, rotação ou ainda uma combinação destes movimentos. Além disso, é comum a variação na intensidade dos espasmos, que costumam piorar durante períodos de estresse e de cansaço e melhorar com o repouso ou quando em decúbito dorsal. Dor é uma manifestação comum das distonias cervicais, estando presente em cerca de dois terços dos pacientes2,11,12. distonia cervical classifica-se em: A • tipo I - cabeça rotada para um lado com elevação do ombro ipsilateral; • tipo II - cabeça rotada para um lado; • tipo III - cabeça inclinada para um lado com elevação do ombro ipsilateral; • tipo IV - cabeça inclinada para trás. .4 DISTONIA DE MEMBRO 4 este tipo de distonia focal, também conhecido como cãibra do escrivão, ocupacional ou de N tarefa, ocorre uma excessiva contração simultânea de músculos antagonistas do antebraço apenas durante um ato específico, em geral o de escrever. Normalmente, costuma permanecer restrita ao membro que está sendo utilizado, afetando mais frequentemente o grupo de músculos flexores do antebraço13, mas o compartimento extensor também pode estar envolvido. Evolução do quadro pode ocorrer, com as contrações musculares sendo desencadeadas pela realização de outros movimentos ou surgindo mesmo durante o repouso. É possível que este distúrbio seja consequência da atividade repetitiva do membro em indivíduos geneticamente predispostos14. 5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem uma das formas abaixo, de acordo com os critérios diagnósticos: Distonias Focais e Espasmo Hemifacial • blefaroespasmo; • distonia laríngea; • espasmo hemifacial; • distonia cervical; • distonia oromandibular; • cãibra do escrivão. 6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO erão excluídos deste protocolo de tratamento pacientes que apresentarem pelo menos uma S das condições abaixo: • gravidez ou amamentação; • hipersensibilidade à TB ou a um de seus componentes; • doença neuromuscular associada (por exemplo, doenças do neurônio motor, miastenia gravis); • uso concomitante de potencializadores do bloqueio neuromuscular (por exemplo, aminoglicosídios); • presença provável de anticorpos contra a TB, definida por perda de resposta terapêutica, após um determinado número de aplicações, em paciente com melhora inicial; • perda definitiva de amplitude articular por anquilose ou retração tendínea. 185
  • 186. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 7 TRATAMENTO .1 FÁRMACO 7 B é uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Seu principal mecanismo de ação T é o bloqueio da liberação de acetilcolina, o principal neurotransmissor da placa motora. Provoca interrupção da transmissão neuronal com consequente bloqueio neuromuscular e, por este motivo, é usada em condições que se caracterizam por atividade muscular exagerada, como é o caso das distonias. Após injeção local, a TBA difunde-se pelos músculos e outros tecidos. Seu efeito concentra-se próximo ao ponto de aplicação e diminui com o aumento da distância com relação a esse ponto. Difusão para músculos vizinhos é possível, especialmente quando volumes elevados são utilizados, podendo ocasionar eventos adversos15. uso clínico da TBA teve início na década de 1980 e, desde então, vários estudos, incluindo ensaios O clínicos randomizados e controlados e metanálises, têm demonstrado sua eficácia e segurança no tratamento das distonias focais. Este protocolo inclui apresentações comerciais da TBA que, individualmente, tiveram sua eficácia clínica demonstrada no tratamento das distonias focais. stão registradas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), atualmente, três apresentações E de TBA, comercializadas por três diferentes laboratórios. Neste protocolo, estas apresentações serão denominadas: TBA-1, TBA-2 e TBA-3. s apresentações comerciais de TBA têm formas de armazenamento, diluição e doses de administração A diferentes. São produtos biológicos com o mesmo mecanismo de ação, mas diferem em seu comportamento farmacocinético. O médico deverá conhecer suas similaridades e diferenças, pois não há uma razão fixa de equipotência entre elas. Não existem unidades-padrão internacionais, e as unidades de uma preparação não são intercambiáveis com as de outra, ou seja, as unidades de uma formulação de toxina são exclusivas para aquele produto. s doses e os pontos de aplicação são semelhantes entre as formulações de TBA-1 e TBA-316,17, A diferentemente do que ocorre com TBA-218. Até o momento, apesar da dificuldade em estabelecer um consenso sobre a proporção mais adequada, a literatura internacional aceita uma proporção de 1:3 ou 1:4 entre a TBA-1 e a TBA-219-22. Um ensaio clínico randomizado e cruzado, realizado no Brasil, avaliando a eficácia e a tolerabilidade da TBA-3 em comparação com as da TBA-1 no tratamento do blefaroespasmo e do espasmo hemifacial, demonstrou terem ambas eficácia e segurança equivalentes: quando administradas em doses e pontos de aplicação idênticos, apresentaram os mesmos resultados quanto à melhora subjetiva global, ao tempo para início de resposta, à duração da eficácia e à incidência e gravidade dos efeitos adversos17. s características das apresentações de TBA estão reproduzidas na Tabela 1. A Tabela 1 - Apresentações da TBA TBA-1 TBA-2 TBA-3 Forma farmacêutica Pó seco a vácuo Pó liofilizado injetável Pó liofilizado injetável Número de unidades/frasco 100 U 500 U 100 U 0,125 mg de albumina 5 mg de gelatina, 0,5 mg de albumina Composição humana e 2,5 mg de 25 mg de dextrano e humana e 0,9 mg de NaCl lactose 25 mg de sacarose ≤ 5 °C em freezer ou Armazenagem pré-reconstituição 2 - 8 °C 2 - 8 ºC 2 - 8 °C em geladeira Armazenagem pós-reconstituição 2 - 8 °C 2 - 8 °C 2 - 8 °C Tempo de validade pós-reconstituição 24 horas 8 horas 4 horas .2 ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO 7 m relação às técnicas de aplicação da TBA, são feitas as seguintes recomendações: E • a aplicação deve ser realizada por médico capacitado; • utilizar sempre solução salina sem conservantes (soro fisiológico a 0,9%) para a reconstituição; • evitar o borbulhamento ou a agitação do conteúdo do frasco durante a reconstituição e a aspiração do 186
  • 187. Distonias Focais e Espasmo Hemifacial medicamento para a seringa de injeção; • indicar e modificar as injeções (doses e pontos de aplicação) de acordo com o resultado terapêutico obtido após cada aplicação; • aplicar as injeções em múltiplos pontos em cada músculo (pelo menos 2 pontos, podendo ser mais nos músculos grandes); • em adultos, recomenda-se uma dose máxima por aplicação de: TBA-1 = 360 U, TBA-2 = 1.000 U e TBA-3 = 360 U, independentemente do número de músculos envolvidos e do número de pontos de aplicação nos quais será dividida; • em crianças, recomenda-se uma dose máxima, por sessão de aplicação, de 6 U/kg ou no máximo 360 U de TBA-1 ou TBA-3. A TBA-2 não foi registrada para tratamento das distonias em crianças; • administrar a TBA em todos os músculos desejados na mesma sessão de aplicação; • respeitar um intervalo mínimo de 3 meses entre as aplicações de TBA (para diminuir o risco de formação de anticorpos contra a toxina), mesmo que sejam em músculos diferentes; • considerar o uso de eletromiografia (EMG) para as aplicações de TBA. Segundo a literatura23, as taxas de melhora são semelhantes entre as aplicações guiadas ou não por EMG, concluindo que seu uso não é necessário na maioria dos pacientes. Mesmo assim, para casos especiais, quando determinados músculos não podem ser adequadamente palpados ou quando o paciente é refratário à abordagem convencional, pode-se utilizar EMG ou eletroestimulação para otimizar a administração da toxina, a critério do Centro de Referência. 7.3 TRATAMENTO DOS TIPOS ESPECÍFICOS DE DISTONIA Blefaroespasmo Existem vários estudos avaliando a eficácia da TB no tratamento do blefaroespasmo. Uma revisão que analisou 55 estudos, com mais de 2.500 pacientes no total24, concluiu ser a TBA altamente efetiva no tratamento desta condição, com uma taxa de sucesso de aproximadamente 90% e duração média de efeito entre 2-3,5 meses. Posteriormente, uma metanálise da literatura gerou uma recomendação com nível de evidência B (dois estudos classe II) para o tratamento do blefaroespasmo com TB19,25. Distonias Focais e Espasmo Hemifacial Usualmente administra-se a TBA em 3-5 pontos do músculo orbicularis oculi, bilateralmente26. Deve-se evitar a porção central da pálpebra superior, para que não ocorra a indesejada difusão para o músculo elevador da pálpebra, com risco de ptose palpebral. Injeções centrais na pálpebra inferior também devem ser evitadas, sendo que quanto mais próximo da borda palpebral for injetada a toxina, maior o risco de efeitos adversos oculares20. As doses recomendadas para aplicação no músculo orbicularis oculi encontram-se reproduzidas na Tabela 215. Tabela 2 - Doses Recomendadas de TBA para Blefaroespasmo TBA-1 e TBA-3 TBA-2 (U) (U) Dose por ponto 2,5 - 5 20 Dose total por olho 10 - 30 40 - 140 e a resposta clínica inicial for inadequada, as doses podem ser aumentadas em cerca de 2 S a 4 vezes. Doses acima de 5 U de TBA-1 ou de TBA-3 por sítio não trazem beneficio adicional e não deveriam ser utilizadas27,28. Em pacientes com contração concomitante da região da sobrancelha ou dos demais músculos faciais (síndrome de Meige), injeções em pontos adicionais podem ser aplicadas nos músculos corrugador, frontal, zigomático, risório ou platisma29,30, em doses semelhantes. Espasmo hemifacial Poucos ensaios clínicos randomizados e controlados avaliaram o uso de TBA para este tratamento. No entanto, há evidências de que o tratamento com TBA melhora cerca de 88% dos casos24. 187
  • 188. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Espasmo hemifacial é uma das condições clínicas mais frequentes em ambulatório de distúrbios do movimento, ocasionando desconforto e perda funcional da visão decorrente da contração da musculatura orbicular dos olhos. De acordo com o Assessment Subcommitee da Academia Americana de Neurologia, há uma recomendação de grau C para o tratamento do espasmo hemifacial com TB (1 estudo classe II e 1 estudo classe III)25. As injeções podem ser administradas tanto por via subcutânea quanto intramuscular. A literatura não é conclusiva em relação aos locais de aplicação e às doses-padrão empregadas, mas, usualmente, doses similares às utilizadas no blefaroespasmo são aplicadas no músculo orbicularis oculi29 e doses adicionais de 2,5-5 U são administradas nos demais músculos faciais, em geral no nível do malar e da musculatura zigomática31. A resposta clínica começa a ser observada cerca de 2 a 4 dias após as injeções e atinge um pico de ação ao fim da primeira semana32, e o efeito persiste por aproximadamente 16 semanas30,32,33. A dose total utilizada é 17,5-50 U de TBA-1 ou TBA-3 ou 50-200 U de TBA-2. Distonia oromandibular tratamento desta condição com TBA requer um detalhado conhecimento da anatomia local. Nos casos O em que há abertura da boca, os principais músculos envolvidos são os do complexo submentoniano e pterigóideo lateral. Quando o espasmo é de fechamento da boca, os principais músculos são o masseter, o pterigóideo medial (ou interno) e o temporal. tratamento com TBA, em estudos não controlados, promoveu melhora em até dois terços dos O pacientes34. As doses recomendadas para este tratamento estão reproduzidas na Tabela 327,34. Tabela 3 - Doses Recomendadas de TBA para Distonia Oromandibular TBA-1 ou TBA-3 TBA-2 Músculos (U) (U) Complexo submentoniano 12,5 - 50 40 - 200 Masseter 25 - 75 75 - 300 istonia laríngea ou disfonia espasmódica D ntes que um paciente seja considerado candidato a injeções com TBA, o diagnóstico de distonia A laríngea deve ser confirmado por avaliação neurológica e otorrinolaringológica. Os achados clínicos devem ser documentados por videolaringoscopia e a administração da TBA deve ser executada pelo ou com acompanhamento do otorrinolaringologista. a disfonia espasmódica adutora (forma mais comum), o músculo tireoaritnóideo deve ser localizado N e injeções percutâneas de TBA devem ser realizadas através da membrana cricotireodeia, com uma dosagem recomendada de TBA-1 entre 4 e 10 U, de acordo com a severidade da distonia35. Os benefícios do tratamento com TBA verificados envolvem melhora significativa da severidade dos sintomas sob diversos aspectos, conforme demonstrado por vários estudos, incluindo metanálises36,37 e estudos de coorte38. A melhora nos parâmetros fisiológicos, acústicos e autoperceptuais foi estatisticamente significativa, variando a porcentagem em cada medida entre 74%-91%, embora nenhuma diferença tenha sido encontrada entre injeções uni ou bilaterais. A melhora da voz observada inicia após 24-72 horas da aplicação e dura cerca de 4 meses39. O tratamento da distonia laríngea com TB possui recomendação de grau B (1 estudo classe I)25. istonia cervical D O tratamento da distonia cervical com TBA possui recomendação de grau A (7 estudos classe I)25. O medicamento propicia melhora significativa da posição anormal da cabeça e da dor, quando comparado com placebo40,41. Cerca de 80% dos pacientes apresentam melhora do desvio postural e 76%-93% têm melhora da dor. A melhora clínica tende a ser observada em torno de 7 dias após a aplicação, porém, em alguns casos, pode levar até 4-8 semanas para aparecer42. O pico de resposta ocorre em 4 a 6 semanas e a duração de efeito é de cerca de 3 meses43,44. A correta seleção dos músculos envolvidos, de acordo com o tipo de distonia cervical, é o fator mais importante para a adequada resposta ao tratamento. As doses e os músculos estão sumarizados na Tabela 415. 188
  • 189. Distonias Focais e Espasmo Hemifacial Tabela 4 - Doses Recomendadas de TBA para Distonia Cervical Pontos de TBA-1 ou TBA-3 TBA-2 Tipos Músculos aplicação (U) (U) Esternocleidomastóideo mínimo 2 50 - 100 150 - 400 Tipo I - cabeça rotada Elevador da escápula 1-2 50 200 para um lado com Escaleno mínimo 2 25 - 50 75 - 200 elevação do ombro Esplênio 1-3 25 - 75 75 - 300 ipsilateral Trapézio 1-8 25 - 100 75 - 400 Tipo II - cabeça rotada mínimo 2 Esternocleidomastóideo 25 - 100 75 - 400 para um lado se dose > 25 Tipo III - cabeça Esternocleidomastóideo mínimo 2 25 - 100 75 - 400 inclinada para um lado Elevador da escápula mínimo 2 25 - 100 75 - 400 com elevação do ombro Escaleno mínimo 2 25 - 75 75 - 300 ipsilateral Trapézio 1-8 25 - 100 75 - 400 Tipo IV - cabeça Esplênio bilateral 2-8 50 - 200 150 - 800 inclinada para trás Trapézio 1-8 25 - 100 75 - 400 Cãibra do escrivão rês ensaios clínicos demonstraram melhora significativa da postura ou da dor associada em T pelo menos uma das aplicações45-47, determinando uma recomendação de grau B para o uso da TBA no tratamento desta condição (1 estudo classe I e 3 estudos classe III)25. A resposta clínica inicia, aproximadamente, 1 semana após a injeção, com efeito máximo em 2 semanas e duração de cerca de 3 meses. No entanto, apesar do benefício inicial, somente um terço dos pacientes permanece em tratamento continuado por mais de 2 anos48. Pacientes do sexo feminino e aqueles com punho em flexão têm melhor prognóstico, enquanto os com tremor distônico associado apresentam resposta pobre13. Não há estudos comparativos entre a TBA-1 e a TBA-2 para esta distonia. As doses recomendadas para o tratamento estão apresentadas na Tabela 515. Tabela 5 - Doses Recomendadas de TBA para Cãibra do Escrivão Músculos TBA-1 ou TBA-3 TBA-2 (U) (U) Distonias Focais e Espasmo Hemifacial Flexor profundo dos dedos 20 - 40 60 - 120 Flexor ulnar do carpo Flexor superficial dos dedos 25 - 50 75 - 150 Flexor radial do carpo Flexor longo do polegar 10 - 20 30 - 50 Extensor longo do polegar Pronador redondo 20 - 30 60 - 100 Lumbricais/extensor do dedo índice 5 - 10 15 - 30 Extensor comum dos dedos 15 - 25 50 - 75 .4 TEMPO DE TRATAMENTO 7 tempo é indeterminado, devendo o tratamento ser mantido enquanto o paciente apresentar O resposta terapêutica e não houver nenhum dos critérios de exclusão. As aplicações devem ocorrer em intervalos de pelo menos 3 meses. Será considerada falha terapêutica o fato de os pacientes não obterem os benefícios esperados com o tratamento ou apresentarem efeitos adversos graves ou que interfiram em suas atividades habituais. .5 BENEFÍCIOS ESPERADOS 7 ão há um tratamento que resulte na cura definitiva das distonias. Apenas é possível promover- N se um alívio sintomático. Os principais benefícios esperados do tratamento com TBA são: • diminuição da frequência e severidade dos espasmos; • diminuição da dor ou desconforto ocasionados pelos espasmos; • melhora da atividade funcional e da qualidade de vida dos pacientes. 189
  • 190. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 8 MONITORIZAÇÃO .1 EFEITOS ADVERSOS 8 s injeções de TBA são geralmente bem toleradas, não havendo diferenças significativas entre as A apresentações comerciais com relação a seus efeitos adversos. Os mais comuns estão relacionados aos locais de injeção ou à fraqueza excessiva dos músculos injetados, a qual, em geral, é transitória, porém pode ter variados graus de intensidade28,33. Seu uso repetido pode causar fraqueza e atrofia dos músculos estriados28,49. feitos adversos sistêmicos são raros e consistem de um quadro semelhante ao viral, que é transitório, E mas pode persistir por algumas semanas. Injeções intravasculares acidentais podem ocasionar fraqueza muscular generalizada44. Abaixo estão arrolados alguns dos principais efeitos adversos da TBA: • relacionados aos locais de injeção − sensação dolorosa e equimoses ou hematomas locais; • relacionados aos músculos periorbitais – os mais comuns são lacrimejamento, fotofobia e irritação ocular. Pode ocorrer fraqueza muscular excessiva, que impossibilita o fechamento ou a abertura dos olhos. Cerca de 10% dos pacientes desenvolvem ptose palpebral, a qual melhora espontaneamente em menos de 2 semanas33. Outras complicações incluem visão turva, equimoses locais, exotropia ou endotropia (estrabismo) e diplopia. Alguns pacientes relatam redução acentuada do piscamento, provocando olho seco e queratite; • relacionados aos músculos cervicais – disfagia é o efeito adverso mais comum50. Parece haver relação entre o surgimento de disfagia e a difusão de TBA, seja pela aplicação de altas doses, seja pelos músculos injetados. Boca seca, paralisia da prega vocal e fraqueza da musculatura cervical também podem ocorrer. Comprometimento respiratório é um evento adverso grave possível em razão de as injeções serem aplicadas na região cervical, em torno da boca e nas cordas vocais. Pneumotórax é uma complicação rara, potencialmente grave, que pode ocorrer por penetração pleural, ao serem aplicadas injeções cervicais baixas ou na região dorsal. .2 CONTRAINDICAÇÕES 8 ntre as contraindicações à TB, incluem-se hipersensibilidade a ela ou a um de seus componentes, E diagnóstico de miastenia gravis ou doenças do neurônio motor. Deve-se evitar a utilização em mulheres grávidas que estejam amamentando, assim como em pacientes em uso de aminoglicosídios e outros potencializadores do bloqueio neuromuscular. Não se deve administrar TB a pacientes com infecção local na área a ser injetada. Cuidados especiais devem ser tomados nos pacientes com coagulopatia ou em uso de anticoagulantes. .3 DESENVOLVIMENTO DE ANTICORPOS CONTRA TBA 8 mbora a maioria dos pacientes continue a responder às injeções de TBA, alguns se tornam menos E responsivos ao longo do tempo, ou até mesmo refratários ao tratamento. Ainda que problemas técnicos, tais como local de aplicação ou dose insuficiente, possam justificar a perda do benefício da resposta, é frequente, entre os médicos aplicadores, atribuir-se o fracasso terapêutico ao desenvolvimento de anticorpos neutralizantes para a TBA. Não existem dados comparando a probabilidade de desenvolver anticorpos anti-TBA entre as diferentes preparações de TBA comercialmente disponíveis. Desta forma, a melhor estratégia para evitar a formação de anticorpos neutralizantes da TBA ainda é buscar sempre a menor dose e o maior intervalo interdoses possível, independentemente da apresentação comercial que estiver em uso. 9 COMITÊ DE ESPECIALISTAS O Comitê de Especialistas tem por objetivo assessorar o gestor estadual na avaliação dos casos especiais relacionados ao tratamento com TBA. Deve ser constituído por, no mínimo, dois médicos especialistas em Neurologia/Neurocirurgia e estar inserido no Centro de Referência em Distonias. Quando não for possível ou a critério do gestor, deve contar com profissionais vinculados a instituições de excelência no ensino médico, credenciadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 190
  • 191. Distonias Focais e Espasmo Hemifacial 10 CENTRO DE REFERÊNCIA Recomenda-se a organização de Centros de Referência, a serem habilitados e cadastrados pelo gestor estadual. Estes centros devem ser constituídos por médicos com experiência no tratamento das distonias com TB. Os Centros de Referência permitirão viabilizar uma estrutura de apoio para o sistema de saúde através do atendimento de rotina para pacientes com distonia (aplicações da toxina, reavaliações, etc.) e da avaliação de pacientes que já estejam em tratamento externo e que forem considerados “casos complexos” (seja por dificuldades diagnósticas, por prescrição de doses altas da TBA, seja por periodicidade menor do que a recomendada ou, ainda, por falha terapêutica ou ocorrência de efeitos adversos). A experiência com a criação de Centros de Referência em Distonias e com a implantação dos protocolos clínicos do Ministério da Saúde para o tratamento com TBA demonstrou, ao longo dos anos, redução significativa nos gastos públicos com o tratamento, além de propiciar uma comunicação ativa e informativa entre a classe médica, contribuindo para o uso racional de medicamentos51. 11 ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO Como o tempo de tratamento é indeterminado e o intervalo de aplicação depende do tipo de distonia e da resposta do paciente, o acompanhamento pós-tratamento deve ocorrer a cada aplicação, podendo o paciente ter, ou não, a aplicação subsequente, conforme o item Monitorização. 12 REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR Casos específicos para os quais a dose prescrita é maior do que a recomendada ou a dose é menor do que o equivalente a um frasco-ampola, devem ser encaminhados para avaliação e aplicação no Centro de Referência. 13 TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE – TER É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal sobre potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Distonias Focais e Espasmo Hemifacial 1. Jankovic J, Fahn S. Dystonic disorders. In: Jankovic J, Tolosa E, editors. Parkinson’s disease and movement disorders. 2nd ed. Baltimore: Williams & Wilkins; 1993. p. 337-74. 2. Tolosa E, Muñoz E. Idiopathic and symptomatic dystonias. In: Tolosa E, Koller WC, Gershanik OS, editors. Differential diagnosis and treatment of movement disorders. Boston: Butterworth-Heinemann; 1998. p. 53-66. 3. Maurri S, Brogelli S, Alfieri G, Barontini F. Use of botulinum toxin in Meige’s disease. Riv Neurol. 1988;58(6):245-8. 4. Grandas F, Elston J, Quinn N, Marsden CD. Blepharospasm: a review of 264 patients. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1988;51(6):767-72. 5. Jankovic J, Ford J. Blepharospasm and orofacial-cervical dystonia: clinical and pharmacological findings in 100 patients. Ann Neurol. 1983;13(4):401-11. 6. Wang A, Jankovic J. Hemifacial spasm: clinical findings and treatment. Muscle Nerve. 1998;21(12):1740-47. 7. Tolosa ES, Martí MJ. Adult-onset idiopathic torsion dystonias. In: Watts RL, Koller WC, editors. Movement disorders: neurologic principles and practice. New York: McGraw-Hill; 1997. p. 429-41. 8. Yébenes JG, Pernaute RS, Tabernero C. Symptomatic Dystonias. In: Watts RL, Koller WC, editors. Movement disorders: neurologic principles and practice. New York: McGraw-Hill; 1997. p. 455-75. 9. Blitzer A, Brin MF, Fahn S, Lovelace RE. Clinical and laboratory characteristics of focal laryngeal dystonia: study of 110 cases. Laryngoscope. 1988;98(6 Pt 1):636-40. 10. Rosenfield DB. Spasmodic dysphonia. Adv Neurol. 1988;50:537-45. 11. Chan J, Brin MF, Fahn S. Idiopathic cervical dystonia: clinical characteristics. Mov Disord. 1991;6(2):119-26. 12. Jankovic J, Leder S, Warner D, Schwartz K. Cervical dystonia: clinical findings and associated movement disorders. Neurology. 1991;41(7):1088-91. 13. Das CP, Dressler D, Hallett M. Botulinum toxin therapy of writer’s cramp. Eur J Neurol. 2006;13(Suppl 1):55-9. 191
  • 192. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 14. Hallett M. The neurophysiology of dystonia. Arch Neurol. 1998;55(5):601-3. 15. Moore P, Naumann M. Handbook of botulinum toxin treatment. 2nd ed. Oxford: Blackwell Science; 2003. 16. Tang X, Wan X. Comparison of Botox with a Chinese type A botulinum toxin. Chin Med J (Engl). 2000;113(9):794-8. 17. Rieder CR, Schestatsky P, Socal MP, Monte TL, Fricke D, Costa J, et al. A double-blind, randomized, crossover study of prosigne versus botox in patients with blepharospasm and hemifacial spasm. Clin Neuropharmacol. 2007;30(1):39-42. 18. Marchetti A, Magar R, Findley L, Larsen JP, Pirtosek Z, Ruzicka E, et al. Retrospective evaluation of the dose of Dysport and BOTOX in the management of cervical dystonia and blepharospasm: the REAL DOSE study. Mov Disord. 2005;20(8):937-44. 19. Nüssgens Z, Roggenkämper P. Comparison of two botulinum-toxin preparations in the treatment of essential blepharospasm. Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol. 1997;235(4):197-9. 20. Sampaio C, Ferreira JJ, Simões F, Rosas MJ, Magalhães M, Correia AP, et al. DYSBOT: a single-blind, randomized parallel study to determine whether any differences can be detected in the efficacy and tolerability of two formulations of botulinum toxin type A – Dysport and Botox – assuming a ratio of 4:1. Mov Disord. 1997;12(6):1013-8. 21. Odergren T, Hjaltason H, Kaakkola S, Solders G, Hanko J, Fehling C, et al. A double blind, randomised, parallel group study to investigate the dose equivalence of Dysport and Botox in the treatment of cervical dystonia. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1998;64(1):6-12. 22. Ranoux D, Gury C, Fondarai J, Mas JL, Zuber M. Respective potencies of Botox and Dysport: a double blind, randomised, crossover study in cervical dystonia. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2002;72(4):459-62. 23. Comella CL, Buchman AS, Tanner CM, Brown-Toms NC, Goetz CG. Botulinum toxin injection for spasmodic torticollis: increased magnitude of benefit with electromyographic assistance. Neurology. 1992;42(4):878-82. 24. Jost WH, Kohl A. Botulinum toxin: evidence-based medicine criteria in blepharospasm and hemifacial spasm. J Neurol. 2001;248(Suppl 1):21-4. 25. Simpson DM, Blitzer A, Brashear A, Comella C, Dubinsky R, Hallett M, et al. Assessment: Botulinum neurotoxin for the treatment of movement disorders (an evidence-based review). Report of the Therapeutics and Technology Assessment Subcommittee of the American Academy of Neurology. Neurology. 2008;70(19):1699-706. 26. Bhidayasiri R, Cardoso F, Truong DD. Botulinum toxin in blepharospasm and oromandibular dystonia: comparing different botulinum toxin preparations. Eur J Neurol. 2006;13(Suppl 1):21-9. 27. Jankovic J. Blepharospasm and oromandibular-laryngeal-cervical dystonia: a controlled trial of botulinum A toxin therapy. Adv Neurol. 1988;50:583-91. 28. Patrinely JR, Whiting AS, Anderson RL. Local side effects of botulinum toxin injections. Adv Neurol. 1988;49:493-500. 29. Brin MF, Fahn S, Moskowitz C, Friedman A, Shale HM, Greene PE, et al. Localized injections of botulinum toxin for the treatment of focal dystonia and hemifacial spasm. Mov Disord. 1987;2(4):237-54. 30. Kraft SP, Lang AE. Botulinum toxin injections in the treatment of blepharospasm, hemifacial spasm, and eyelid fasciculations. Can J Neurol Sci. 1988;15(3):276-80. 31. Tolosa E, Martí MJ, Kulisevsky J. Botulinum toxin injection therapy for hemifacial spasm. Adv Neurol. 1988;49:479-91. 32. Mauriello JA, Coniaris H, Haupt EJ. Use of botulinum toxin in the treatment of one hundred patients with facial dyskinesias. Ophthalmology. 1987;94(8):976-79. 33. Dutton JJ, Buckley EG. Long-term results and complications of botulinum A toxin in the treatment of blepharospasm. Ophthalmology. 1988;95(11):1529-34. 34. Tan EK, Jankovic J. Botulinum toxin A in patients with oromandibular dystonia: long-term follow-up. Neurology. 1999;53(9):2102-7. 35. Teive HA, Scola RH, Werneck LC, Quadros Ad, Gasparetto EL, Sa DS, et al. [Use of botulinum toxin in the treatment of laryngeal dystonia (spasmodic dysphonia): preliminary study of twelve patients]. Arq Neuropsiquiatr. 2001;59:97-100. French. 36. Boutsen F, Cannito MP, Taylor M, Bender B. Botox treatment in adductor spasmodic dysphonia: a meta-analysis. J Speech Lang Hear Res. 2002;45(3):469-81. 37. Whurr R, Nye C, Lorch M. Meta-analysis of botulinum toxin treatment of spasmodic dysphonia: a review of 22 studies. Int J Lang Commun Disord. 1998;33 Suppl:327-9. 38. Damrose JF, Goldman SN, Groessl EJ, Orloff LA. The impact of long-term botulinum toxin injections on symptom severity in patients with spasmodic dysphonia. J Voice. 2004;18(3):415-22. 39. Blitzer A, Brin MF, Stewart CF. Botulinum toxin management of spasmodic dysphonia (laryngeal dystonia): a 12-year experience in more than 900 patients. Laryngoscope. 1998;108(10):1435-41. 192
  • 193. Distonias Focais e Espasmo Hemifacial 40. Costa J, Espírito-Santo C, Borges A, Ferreira JJ, Coelho M, Moore P, et al. Botulinum toxin type A therapy for cervical dystonia. Cochrane Database Syst Rev. 2005;(1):CD003633. 41. Greene P, Kang U, Fahn S, Brin M, Moskowitz C, Flaster E. Double-blind, placebo-controlled trial of botulinum toxin injections for the treatment of spasmodic torticollis. Neurology. 1990;40(8):1213-8. 42. Jankovic J, Schwartz K, Donovan DT. Botulinum toxin treatment of cranial-cervical dystonia, spasmodic dysphonia, other focal dystonias and hemifacial spasm. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1990;53(8):633-9. 43. Jankovic J, Schwartz K. Botulinum toxin injections for cervical dystonia. Neurology. 1990;40(2):277-80. 44. Anderson TJ, Rivest J, Stell R, Steiger MJ, Cohen H, Thompson PD, et al. Botulinum toxin treatment of spasmodic torticollis. J Royal Soc Med. 1992;85(9):524-9. 45. Tsui JK, Bhatt M, Calne S, Calne DB. Botulinum toxin in the treatment of writer’s cramp: a double blind study. Neurology. 1993;43(1):183-5. 46. Yoshimura DM, Aminoff MJ, Olney RK. Botulinum toxin therapy for limb dystonias. Neurology. 1992;42(3 Pt 1):627-30. 47. Cole R, Hallett M, Cohen LG. Double-blind trial of botulinum toxin for treatment of focal hand dystonia. Mov Disord. 1995;10(4):466-71. 48. Karp BI, Cole RA, Cohen LG, Grill S, Lou JS, Hallett M. Long-term botulinum toxin treatment of focal hand dystonia. Neurology. 1994;44(1):70-6. 49. Stell R, Thompson PD, Marsden CD. Botulinum toxin in spasmodic torticollis. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1988;51(7):920-3. 50. Moore AP, Blumhardt LD. A double blind trial of botulinum toxin “A” in torticollis, with one year follow up. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1991;54(9):813-6. 51. Picon PD, Guarany FC, Socal MP, Leal MP, Laporte EA, Schestatsky P, et al. Implementation of Brazilian guidelines for botulinum toxin: a three-year follow-up of a cost-reduction strategy in the public health system of Rio Grande do Sul, Brazil. Oral presentation of the 4th Health Technology Assessment International Annual Meeting; 2007 Jun 17-20; Barcelona, Spain. Distonias Focais e Espasmo Hemifacial 193
  • 194. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Toxina Botulínica Tipo A Eu, ______________________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de toxina botulínica tipo A, indicada para o tratamento de distonias focais e espasmo hemifacial. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _______________________________________________(nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer as seguintes melhoras: • diminuição da frequência e intensidade dos espasmos (contração involuntária do músculo); • diminuição da dor ou desconforto ocasionados pelas contrações; • melhora da atividade funcional e da qualidade de vida. Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento: • os riscos na gravidez ainda não são bem conhecidos; portanto, caso engravide, devo avisar imediatamente o médico; • o principal efeito desagradável é dor no local de aplicação da injeção; • os efeitos adversos variam de acordo com o local de aplicação; os mais relatados nas distonias cervicais são tontura, fraqueza geral, cansaço, sonolência, mal-estar geral, dificuldade para engolir, náuseas, boca seca, dor de cabeça, irritabilidade; no blefaroespasmo (espasmo de pálpebra) e no espasmo hemifacial, são irritação nos olhos, lacrimejamento, relaxamento e inchaço da pálpebra, visão turva e tonturas. Conforme a marca comercial utilizada, a dose da toxina botulínica pode ser ajustada e devo procurar orientação do médico ou farmacêutico em caso de dúvida. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato. m   Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. 194
  • 195. Distonias Focais e Espasmo Hemifacial Distonias Focais e Espasmo Hemifacial 195
  • 196. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Distonias Focais e Espasmo Hemifacial Fluxograma de Tratamento Distonias Focais e Espasmo Hemifacial Toxina Botulínica (TBA) Paciente com diagnóstico de distonias ou espasmos hemifaciais Diagnóstico: clínico Critérios de inclusão: Diagnóstico de: Possui critérios de ✓ blefaroespasmo ou ✓ distonia laríngea ou inclusão para ✓ espasmo hemifacial ou Não tratamento com TBA? Sim ✓ distonia cervical ou ✓ distonia oromandibular ou ✓ cãibra do escrivão Exclusão ✓ diminuição da Possui algum critério do PCDT Sim frequência e de exclusão? severidade dos espasmos Não ✓ diminuição da dor ou desconforto ocasionados Exclusão pelos espasmos Tratamento com do PCDT ✓ melhora da TBA atividade funcional e da qualidade de vida dos pacientes Houve resposta terapêutica? Sim Não Critérios de exclusão: ✓ doença neuromuscular associada ✓ uso concomitante de potencializadores do bloqueio neuromuscular Manter o tratamento. ✓ perda definitiva de amplitude articular Respeitar o intervalo de Ajustar a dose. Reaplicar por anquilose ou retração tendínea aplicação de, pelo em 3 meses e reavaliar ✓ hipersensiblidade a TBA ou a um de menos, 3 meses. os pontos de aplicação. seus componentes ✓ gravidez ou amamentação Não houve resposta terapêutica ou provável Não presença de anticorpos Sim contra TBA ou efeitos adversos graves? Suspender o uso de TBA. 196
  • 197. Distonias Focais e Espasmo Hemifacial Fluxograma de Dispensação de Toxina Botulínica Distonias Focais e Espasmo Hemifacial Portaria SAS/MS n 389, de 19 de setembro de 2001. Paciente solicita o medicamento. CID-10: G24.0, G24.1,G24.2, G24.3, G24.4, G24.5, G24.8, G51.8 Exame; ß-HCG (para mulheres em idade fértil) Dose: de acordo com o músculo, vide PCDT Possui LME corretamente Não preenchido e demais Sim documentos exigidos? Orientar o CID-10, exame e dose estão de paciente Não acordo com o preconizado pelo Sim PCDT? Realizar entrevista Encaminhar o farmacoterapêutica inicial paciente ao com o farmacêutico. médico assistente Processo Não Sim deferido? Não dispensar e Orientar o justificar ao paciente paciente Distonias Focais e Espasmo Hemifacial Dispensação pelo menos a cada 3 meses de tratamento Entrevista farmacoterapêutica de monitorização Paciente apresentou eventos Sim adversos significativos ou Não falha terapêutica? Dispensar e solicitar parecer Dispensar do médico assistente 197
  • 198. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Distonias Focais e Espasmo Hemifacial 1 DADOS DO PACIENTE Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA 2.1 Qual a classificação da distonia (coletar esta informação no LME)? o Focal (envolve músculos de uma região limitada do corpo, por exemplo a face) o Segmentar (envolve grupos musculares contíguos, por exemplo membro superior e ombro) o Hemidistônica (afeta os membros do mesmo lado do corpo) o Multifocal (envolve segmentos corporais não contíguos) o Generalizada (envolve uma perna e o tronco ou ambas as pernas e qualquer outro segmento do corpo) 2.2 Está grávida ou amamentando? o não o sim g critério de exclusão para uso da toxina botulínica 2.3 Possui outras doenças diagnosticadas? o não o sim gQuais?________________________________________________________________________ (se miastenia gravis ou doença do neurônio motor g critério de exclusão para uso da toxina botulínica: reavaliar solicitação do medicamento) 2.4 Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim * Interação potencial da toxina botulínica com aminoglicosídios e anticoagulantes 2.5 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não o sim g Quais? A que medicamentos?______________________________________________________ 3 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO 3.1 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.2 3.2 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente 198
  • 199. Distonias Focais e Espasmo Hemifacial TABELA DE REGISTRO DE EVENTOS ADVERSOS Data da Evento adverso *Intensidade q Conduta entrevista Principais reações adversas já relatadas: variam de acordo com o local de aplicação. Nas distonias cervicais, são tontura, fraqueza, cansaço, mal-estar, sonolência, dificuldade para engolir, náuseas, boca seca, dor de cabeça e irritabilidade. No blefaroespasmo e espasmo hemifacial, são irritação nos olhos, secura dos olhos, visão dupla e turva, lacrimejamento, relaxamento e inchaço da pálpebra, tonturas e fotofobia. * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta do paciente para resolução do evento apresentado Distonias Focais e Espasmo Hemifacial TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO* 1a dispensação 2a dispensação 3a dispensação 4a dispensação Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação: (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações * As aplicações devem ocorrer em intervalos de pelo menos 3 meses. A dispensação, portanto, deve ser pelo menos trimestral. 199
  • 200. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Guia de Orientação ao Paciente Toxina Botulínica este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. o medicamento é utilizado no tratamento de distonias focais e espasmo hemifacial. 1 DOENÇA • É um problema neurolólogico que leva a uma contração involuntária de um determinado músculo ou de um grupo muscular. Pode ser incapacitante e dolorosa. 2 MEDICAMENTO • A toxina botulínica tem 3 apresentações comerciais com características diferenciadas, mudando, inclusive, a dose a ser utilizada. • Este medicamento não cura a doença, mas melhora a qualidade de vida, com diminuição da contração dos músculos, do desconforto e da dor que a doença provoca. 3 GUARDA DO MEDICAMENTO • Guarde o medicamento na geladeira, mas não há necessidade de ser congelado. • Mantenha o medicamento fora do alcance de crianças. 4 ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO • Este medicamento deve ser aplicado pelo médico especialista em ambiente hospitalar. 5 REAÇÕES DESAGRADÁVEIS • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, que geralmente não ocasionam muito desconforto. Entre elas incluem-se tontura, fraqueza, cansaço, mal-estar, dificuldade para engolir, náuseas, boca seca, secura e irritação nos olhos, visão dupla e turva, lacrimejamentos, sensibilidade à luz. • Podem ocorrer dor nos pontos de aplicação e formação de manchas roxas. • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 USO DE OUTROS MEDICAMENTOS • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. Pode ser perigoso à saúde. 7 OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES • Em caso de gravidez durante o tratamento, procure o médico imediatamente. • Não indique ou forneça o medicamento para qualquer outra pessoa. 8 PARA SEGUIR RECEBENDO O MEDICAMENTO • Retorne à farmácia pelo menos a cada 3 meses, com os seguintes documentos: - Receita médica atual - Cartão Nacional de Saúde ou RG 200
  • 201. Distonias Focais e Espasmo Hemifacial 9 EM CASO DE DÚVIDA • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 10 OUTRAS INFORMAÇÕES _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira. se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. Distonias Focais e Espasmo Hemifacial 201
  • 202. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 202
  • 203. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Doença Celíaca Portaria SAS/MS no 307, de 17 de setembro de 2009. (Republicada em 26.05.10) 1 Introdução A doença celíaca (DC) é autoimune1, sendo causada pela intolerância permanente ao glúten, principal fração proteica presente no trigo, no centeio, na cevada e na aveia, e se expressa por enteropatia mediada por linfócitos T em indivíduos geneticamente predispostos. Estudos de prevalência da DC têm demonstrado que ela é mais frequente do que se pensava2-15, mas continua sendo subestimada. A falta de informação sobre a DC e a dificuldade para o diagnóstico prejudicam a adesão ao tratamento e limitam as possibilidades de melhora do quadro clínico. Outra particularidade é o fato de a DC predominar em indivíduos faiodérmicos, embora existam relatos de sua ocorrência em indivíduos melanodérmicos. Pesquisas revelam que a doença atinge pessoas de todas as idades, mas compromete principalmente crianças de 6 meses a 5 anos de idade. Foi também observada frequência maior em pacientes do sexo feminino, na proporção de duas mulheres para cada homem. O caráter hereditário da doença torna imprescindível que parentes em primeiro grau de celíacos se submetam ao teste para sua detecção. Três formas de apresentação clínica da DC são reconhecidas: clássica ou típica, não clássica ou atípica e assintomática ou silenciosa16,17. • Forma clássica ou típica Caracteriza-se pela presença de diarreia crônica, em geral acompanhada de distensão abdominal e perda de peso. Os pacientes também podem apresentar diminuição do tecido celular subcutâneo, atrofia da musculatura glútea, falta de apetite, alteração de humor (irritabilidade ou apatia), vômitos e anemia. Esta forma clínica pode ter evolução grave, conhecida como crise celíaca, que ocorre quando há retardo no diagnóstico e na instituição de tratamento adequado, particularmente entre o primeiro e o segundo anos de vida, sendo frequentemente desencadeada por infecção. Esta complicação potencialmente fatal se caracteriza pela presença de diarreia com desidratação hipotônica grave, distensão abdominal por hipopotassemia e desnutrição grave, além de outras manifestações, como hemorragia e tetania. • Forma não clássica ou atípica Caracteriza-se por quadro mono ou oligossintomático, em que as manifestações digestivas estão ausentes ou, quando presentes, ocupam um segundo plano. Os pacientes podem apresentar manifestações isoladas, como, por exemplo, baixa estatura, anemia por deficiência de ferro refratária à reposição de ferro por via oral, anemia por deficiência de folato e vitamina B12, osteoporose, hipoplasia do esmalte dentário, artralgias ou artrites, constipação intestinal refratária ao tratamento, atraso puberal, irregularidade do ciclo menstrual, esterilidade, abortos de repetição, ataxia, epilepsia (isolada ou associada à calcificação cerebral), neuropatia periférica, miopatia, manifestações psiquiátricas (depressão, autismo, esquizofrenia), úlcera aftosa recorrente, elevação das enzimas hepáticas sem causa aparente, adinamia, perda de peso sem causa aparente, edema de surgimento abrupto após infecção ou cirurgia e dispepsia não ulcerosa. • Forma assintomática ou silenciosa Caracteriza-se por alterações sorológicas e histológicas da mucosa do intestino delgado compatíveis com DC, na ausência de manifestações clínicas. Esta situação pode ser comprovada especialmente entre Consultores: Helena Pimentel, Lídia Ruth Marques Silveira, Maria Inez Pordeus Gadelha, Maria Lúcia Barcellos Pereira e Paula Regla Vargas Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 203
  • 204. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas grupos de risco para a DC, como, por exemplo, parentes em primeiro grau de pacientes celíacos, e vem sendo reconhecida com maior frequência nas últimas duas décadas, após o desenvolvimento dos marcadores sorológicos para a doença. A dermatite herpetiforme, considerada DC da pele, que se apresenta com lesões cutâneas do tipo bolhoso e intensamente pruriginoso, se relaciona também com intolerância permanente ao glúten.   2 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • K90.0 Doença celíaca   3 Critérios de inclusão Serão incluídos neste protocolo os pacientes que apresentarem as condições abaixo: • sintomas ou sinais das formas clássica e não clássica de DC; • indivíduos de risco, entre os quais a prevalência de DC é esperada como consideravelmente maior do que a da população geral: parentes em primeiro grau (pais e irmãos) de pacientes com DC18-21; • indivíduos com anemia por deficiência de ferro refratária à reposição de ferro oral22, com redução da densidade mineral óssea23-24, com atraso puberal ou baixa estatura sem causa aparente25-26; • indivíduos com doenças autoimunes, como diabetes melito insulinodependente27, tireoidite autoimune28, deficiência seletiva de IgA29, síndrome de Sjögren30, colestase autoimune31, miocardite autoimune32; • indivíduos com síndromes de Down33, com síndrome de Turner34 ou de Williams34; • indivíduos com infertilidade35, com história de aborto espontâneo36 ou com dermatite herpetiforme37.   4 Diagnóstico Para o diagnóstico definitivo da DC é imprescindível a realização de endoscopia digestiva alta com biópsia de intestino delgado, devendo-se obter no mínimo 4 fragmentos da porção mais distal do duodeno (pelo menos da segunda ou terceira porção) para exame histopatológico do material biopsiado, considerado o padrão- ouro no diagnóstico da doença34. Os marcadores sorológicos são úteis para identificar os indivíduos que deverão submeter-se à biópsia de intestino delgado, especialmente aqueles com ausência de sintomas gastrointestinais, com doenças associadas à DC e com parentes em primeiro grau assintomáticos. Estes marcadores também são úteis para acompanhar o tratamento do paciente celíaco, como, por exemplo, na detecção de transgressão à dieta. Os 3 principais testes sorológicos para detecção da intolerância ao glúten incluem as dosagens de anticorpos antigliadina, antiendomísio e antitransglutaminase. om relação ao anticorpo antigliadina, descrito por Haeney e cols. em 1978 e determinado pela técnica C de ELISA, deve-se considerar que a especificidade do anticorpo da classe IgA (71%-97% nos adultos e 92%-97% nas crianças) é maior do que a da classe IgG (50%) e que a sensibilidade é extremamente variável em ambas as classes38,39. O anticorpo antiendomísio da classe IgA, descrito por Chorzelski e cols. em 1984, baseia-se na técnica de imunofluorescência indireta. Apresenta alta sensibilidade (entre 88%-100% nas crianças e entre 87%-89% nos adultos), sendo baixa  em crianças com menos de 2 anos, e também alta especificidade (91%-100% nas crianças e 99% nos adultos) 38,39. No entanto, é um teste que depende da experiência do examinador, tem menor custo/benefício e é mais trabalhoso do que a técnica de ELISA40. om relação ao anticorpo antitransglutaminase da classe IgA, descrito por Dieterich e cols. em 1997, C e obtido pelo método de ELISA, deve-se observar que o teste apresenta altas sensibilidade (92%-100% em crianças e adultos) e especificidade (91%-100%)38. Em resumo, para detecção da intolerância ao glúten, há superioridade do anticorpo antiendomísio e do anticorpo antitransglutaminase, ambos da classe IgA, principalmente o anticorpo antitransglutaminase recombinante humana IgA, em relação ao antigliadina. Considerando a maior facilidade de dosagem do anticorpo antitransglutaminase, aliada a elevadas sensibilidade e especificidade na população pediátrica e adulta, este é o teste sorológico de escolha para avaliação inicial dos indivíduos com suspeita de intolerância ao glúten40. eve-se destacar que a deficiência de imunoglobulina A é responsável por resultados falso-negativos dos D testes sorológicos antiendomísio e antitransglutaminase da classe IgA. Por este motivo, indicam-se como testes 204
  • 205. Doença Celíaca diagnósticos iniciais as dosagens séricas simultâneas do anticorpo antitransglutaminase da classe IgA e da imunoglobulina A. Convém enfatizar que, até o momento, os marcadores sorológicos para DC não substituem o exame histopatológico do intestino delgado, que continua sendo o padrão-ouro para o diagnóstico da doença. Os testes sorológicos serão considerados testes diagnósticos iniciais, por identificarem os indivíduos a serem encaminhados à biópsia duodenal. No entanto, é de ressaltar que há indicação de biópsia para indivíduos com sintomas ou sinais de DC, mas com marcadores sorológicos negativos, principalmente se integrarem grupo de risco. Em relação à biópsia de intestino delgado, para que a interpretação histológica do fragmento seja fidedigna, é fundamental o intercâmbio entre o médico endoscopista e o médico responsável direto pelo doente – de preferência médico experiente em Gastroenterologia Pediátrica ou Clínica – com o médico patologista. A orientação do fragmento de biópsia pelo endoscopista e a inclusão correta do material em parafina pelo histotecnologista são de extrema importância para a avaliação anatomopatológica dos fragmentos biopsiados. papel do endoscopista no diagnóstico da doença pela biópsia de intestino delgado é O fundamental, e a execução da técnica deve ser impecável. Os fragmentos para biópsia poderão ser retirados da segunda ou terceira porção do duodeno ou das porções ainda mais distais do intestino delgado que o endoscópio consiga atingir. Deve haver cuidado com a manipulação dos fragmentos; por se tratar de amostra muito delicada, facilmente está sujeita a se desintegrar, impossibilitando a análise histológica. Além disso, é imprescindível que cada fragmento seja colocado, separadamente, em papel de filtro, com o correto posicionamento (num total de 4 fragmentos em seus respectivos papéis de filtro) dentro de um frasco com formol. lesão clássica da DC consiste em mucosa plana ou quase plana, com criptas alongadas e A aumento de mitoses, epitélio superficial cuboide, com vacuolizações, borda estriada borrada, aumento do número de linfócitos intraepiteliais e lâmina própria com denso infiltrado de linfócitos e plasmócitos. Marsh41, em 1992, demonstrou haver uma sequência da progressão da lesão da mucosa do intestino delgado na DC: • estágio 0 (padrão pré-infiltrativo) – com fragmento sem alterações histológicas e, portanto, considerado normal; • estágio I (padrão infiltrativo) – a arquitetura da mucosa apresenta-se normal, com aumento do infiltrado dos linfócitos intraepiteliais (LIE); • estágio II (lesão hiperplásica) – caracterizado por alargamento das criptas e aumento do número de LIEs; • estágio III (padrão destrutivo) – há presença de atrofia vilositária, hiperplasia críptica e aumento do número de LIEs; • estágio IV (padrão hipoplásico) – caracterizado por atrofia total com hipoplasia críptica, considerada forma possivelmente irreversível. Nos últimos anos, alguns autores têm tentado aperfeiçoar este critério, tanto na valorização do grau de atrofia vilositária42, quanto na padronização do número de LIEs consideradas aumentadas42-45. alteração da mucosa intestinal do tipo Marsh III, que se caracteriza pela presença de atrofia A vilositária, demonstra evidência de associação com a DC43,44, embora não seja lesão patognomônica da doença. A primeira padronização do diagnóstico da DC foi proposta pela Sociedade Europeia Doença Celíaca de Gastroenterologia Pediátrica em 196945. Este critério recomendava realizar a primeira biópsia diagnóstica e, a seguir, 2 anos de dieta sem glúten e biópsia de controle; caso esta fosse normal, seria necessária a instituição de dieta com glúten por 3 meses ou até o aparecimento de sintomas, e a realização da terceira biópsia que, se mostrasse alterações compatíveis com DC, comprovaria definitivamente a doença. Caso não houvesse alteração nesta última biópsia, o paciente deveria permanecer em observação por vários anos, pois poderia tratar-se de erro diagnóstico ou retardo na resposta histológica. m 1990, após a introdução dos testes sorológicos e melhor experiência com a doença, a mesma E Sociedade modificou estes critérios, dispensando a provocação e a terceira biópsia na maioria dos pacientes47. Haveria exceções quando o diagnóstico fosse estabelecido antes dos 2 anos de idade ou quando houvesse dúvida com relação ao diagnóstico inicial, como, por exemplo, falta evidente de resposta clínica à dieta sem glúten, não realização de biópsia inicial ou biópsia inadequada ou não típica da DC47. 205
  • 206. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 5 Fluxo para o diagnóstico da doença celíaca a evidência de sintomas ou sinais das formas clássicas e atípicas da DC e para indivíduos de risco, N deve-se solicitar, simultaneamente, dosagem do anticorpo antitransglutaminase recombinante humana da classe IgA (TTG) e da imunoglobulina A (IgA). Se ambas se mostrarem normais, o acometimento dos indivíduos pela DC é pouco provável no momento. Entretanto, na forte suspeita de DC, deve-se encaminhar o paciente para Serviço de Referência em Gastroenterologia Pediátrica ou Clínica para melhor avaliação quanto à realização de biópsia de intestino delgado. m parente em primeiro grau acometido de DC, ou com diagnóstico de doença autoimune ou doença E não autoimune relacionada à DC, deve-se repetir a dosagem do TTG no futuro. Se a dosagem do anticorpo antitransglutaminase (TTG) for anormal, o indivíduo deverá ser encaminhado a serviço de Clínica Médica, Gastroenterologia ou Pediatria com vistas à realização de biópsia do intestino delgado. Se TTG for normal, mas a dosagem de IgA estiver alterada, deve ser considerada a possibilidade de resultado falso-negativo pela presença de imunodeficiência primária, e o indivíduo deverá ser encaminhado a serviço de Clínica Médica, Gastroenterologia ou Pediatria com vistas à realização de biópsia do intestino delgado. Se o exame histopatológico for positivo para lesão clínica da mucosa intestinal da DC, confirma-se o diagnóstico da doença. or último, TTG anormal, IgA normal e biópsia de intestino delgado negativa excluem o diagnóstico de P DC, e o resultado da dosagem de TTG deve ser considerado falso-positivo. Contudo, o exame histopatológico deve ser revisto e, se realmente for negativo, ou seja, se estiver ausente a lesão clássica da mucosa do intestino delgado, deve-se considerar o achado endoscópico como lesão em mosaico (acometimento em patchy) e indicar nova biópsia intestinal com a obtenção de múltiplos fragmentos. Se, novamente, o padrão histológico não for de DC, a existência da doença é pouco provável. 6 Tratamento e prognóstico tratamento da DC consiste em dieta sem glúten, devendo-se, portanto, excluir da alimentação tudo o O que contenha trigo, centeio, cevada e aveia, por toda a vida48. om a instituição de dieta totalmente sem glúten, há normalização da mucosa intestinal e das manifestações C clínicas. Porém, no caso de diagnóstico tardio, pode haver alteração da permeabilidade da membrana intestinal por longo período de tempo e a absorção de macromoléculas poderá desencadear quadro de hipersensibilidade alimentar, resultando em manifestações alérgicas49. Este quadro deve ser considerado quando o indivíduo não responde adequadamente à dieta sem glúten e apresenta negatividade nos exames sorológicos para DC. necessário destacar que as deficiências nutricionais decorrentes da má-absorção dos macronutrientes É e micronutrientes, por exemplo, deficiência de ferro, de ácido fólico, de vitamina B12 e de cálcio, devem ser diagnosticadas e tratadas. Assim, deve-se atentar para a necessidade de terapêutica medicamentosa adequada para correção destas deficiências. dano nas vilosidades da mucosa intestinal pode ocasionar deficiência na produção das dissacaridases O na dependência do grau de seu acometimento. Por isso, deve-se verificar a intolerância temporária a lactose e sacarose, que reverte com a normalização das vilosidades50. á relatos de uma série de manifestações não malignas associadas à DC, tais como osteoporose, H esterilidade e distúrbios neurológicos e psiquiátricos51. Dentre as doenças malignas, são relatadas associações com adenocarcinoma de intestino delgado, linfoma e carcinoma de esôfago e faringe52. O risco das manifestações está associado com a inobservância à dieta isenta de glúten e ao diagnóstico tardio, como nos sintomas neurológicos53. ortanto, justifica-se a prescrição de dieta totalmente isenta de glúten por toda a vida a todos os P indivíduos com DC, independentemente das manifestações clínicas. A dieta deve ser rigorosa, pois transgressões sucessivas poderão desencadear um estado de refratariedade ao tratamento50. dieta imposta é restritiva, difícil e permanente, ocasionando alterações na rotina dos indivíduos e de A sua família. Devido ao caráter familiar da desordem, aproximadamente 10% dos parentes dos celíacos podem apresentar a mesma doença54. ambém enfatiza-se a necessidade da atenção multidisciplinar e multiprofissional aos indivíduos com DC, T pois, além dos cuidados médicos, eles podem precisar de atendimento por profissionais de Nutrição, Psicologia e Serviço Social de forma individualizada e coletiva54,55.   206
  • 207. Doença Celíaca 7 Regulação/controle/avaliação pelo Gestor A regulação do acesso é um componente essencial para a organização da rede assistencial e garantia de atendimento aos pacientes. Facilita as ações de controle e avaliação, que incluem, entre outras, a manutenção atualizada do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES) e o monitoramento da produção dos procedimentos (por exemplo, frequência apresentada versus autorizada, valores apresentados versus autorizados versus pagos) e, como verificação do atendimento, os resultados do teste de detecção e da biópsia duodenal e as consultas de acompanhamento. Ações de auditoria devem verificar in loco, por exemplo, a existência e a observância da regulação do acesso assistencial, a compatibilidade da cobrança com os serviços executados, a abrangência e a integralidade assistenciais e o grau de satisfação dos pacientes. 8 Referências bibliográficas 1. Farrel, R.J.; Kelly, C.P. Current concepts: celiac sprue. The New England Journal of Medicine. v. 346, n. 3, p. 180-188, 2002. 2. Fasano A, Catassi C. Current approaches to diagnosis and treatment of celiac cisease: an evolving spectrum. Gastroenterology 2001;120:636-51. 3. Catassi C, Fabiani E, Rätsch IM, et al. The coeliac iceberg in Italy. A multicentre antigliadin antibodies screening for coeliac disease in school-age subjects. Acta Paediatr 1996;85:29-35. 4. Mäki M, Mustalahti K, Kokkonen J, et al. Prevalence of Celiac Disease among Children in Finland. N Engl J Med 2003;348:2517-24. 5. Fasano A, Berti I, Gerarduzzi T, et al. Prevalence of celiac disease in at-risk an not-at-risk groups in the United States: a large multicenter study. Arch Intern Med 2003;163:286-92. 6. Catassi C, Ratsch I, Gandolfi L, et al. Why is coeliac disease endemic in the people of the Sahara? Lancet 1999;354(9179):647-8. 7. Shahbazkhani B, Malekzadeh R, Sotoudeh M, et al. High prevalence of celiac disease in apparently healthy Iranian blood donors. Eur J Gastroenterol Hepatol 2003;15:475-8. 8. Polanco I, Jasinski C, De Rosa S. Coeliac disease in Argentina and Uruguay. In: Auricchio S, Visakorpi JK eds. Common food intolerances I: Epidemiology of coeliac disease. Dyn Nutr Res. Basel: Karger, 1993;2:57-63. 9. Araya M, Mondragon A, Perez-Bravo F, et al. Celiac disease in a Chilean population carrying Amerindian traits. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2000;31:381-6. 10. Gomez JC, Selvaggio G, Pizarro B, et al. Value of a screening algorithm for celiac disease using tissue transglutaminase antibodies as first level in a population-based study. Am J Gastroenterol 2002;97:2785-90.  11. Gandolfi L, Pratesi R, Cordoba JCM, et al. Prevalence of celiac disease among blood donors in Brazil. Am J Gastroenterol 2000;95:689-92. 12. Melo SBC, Fernandes MI, Peres LC, et al. Prevalence and demographic characteristics of celiac disease among blood donnors in Ribeirão Preto, state of São Paulo, Brazil. Dig Dis Sci 2006; 51:1020-5. 13. Oliveira RP, Sdepanian VL, Barreto JA, et al. High prevalence of celiac disease in Brazilian blood donor volunteers based on screening by IgA anti-tissue transglutaminase antibody. Eur J Gastroenterol Hepatol. 2007;19(1):43-9. 14. Pratesi R, Gandolfi L, Garcia SG, et al. Prevalence of coeliac disease: unexplained age-related variation in the same population. Scand J Gastroenterol 2003;38:747-50. Doença Celíaca 15. Pereira MA, Ortiz-Agostinho CL, Nishitokukado I, et al. Prevalence of celiac disease in an urban area of Brazil with predominantly European ancestry. World J Gastroenterol. 2006 Oct 28;12(40):6546-50. 16. Sdepanian VL, Morais MB, Fagundes-Neto U. Doença Celíaca: a evolução dos conhecimentos desde sua centenária descrição original até os dias atuais. Arq Gastroenterol 1999;36:244-57. 17. Sdepanian VL, Morais MB, Fagundes-Neto U. Doença celíaca: características clínicas e métodos utilizados no diagnóstico de pacientes cadastrados na Associação dos Celíacos do Brasil. J Pediatr 2001;77:131-8. 18. Vitoria JC, Arrieta A, Astigarraga I, et al. Use of serological markers as a screening test in family members of patients with celiac disease. J Pediatr Gastroenterol Nutr 1994;19:304-9. 19. Nunes CRS, Medeiros EHGR, Leser P, et al. Dosagem do anticorpo antigliadina em parentes de primeiro grau de pacientes celíacos. Arq Gastroenterol 1998;35:69-73. 20. Kotze LM, Utiyama SR, Nisihara RM, et al. Antiendomysium antibodies in brazilian patients with celiac disease 207
  • 208. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas and their first –degree relatives. Arq Gastroenterol 2001;38:94-103. 21. Laranjeira MS. Prevalência de doença celíaca em parentes de primeiro grau de pacientes com doença celíaca em São Paulo – Brasil [dissertação]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina – UNIFESP; 2005. 22. Ransford RA, Hayes M, Palmer M, et al. A controlled, prospective screening study of celiac disease presenting as iron deficiency anemia. J Clin Gastroenterol 2002;35:228-33. 23. Sdepanian VL, de Miranda Carvalho CN, de Morais MB, et al. Bone mineral density of the lumbar spine in children and adolescents with celiac disease on a gluten-free diet in Sao Paulo, Brazil. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2003;37:571-6. 24. Mpra S, Barera G. Bone mass and bone metabolism in pediatric gastrointestinal disorders. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2004;39:129-40. 25. Bonamico M, Scire G, Mariani P, et al. Short stature as the primary manifestation of monosymptomatic celiac disease. J Pediatr Gastroenterol Nutr 1992;14:12-6. 26. Oliveira MC, Reis FJ, Chagas AJ, et al. Study of intestinal malabsorption diseases as cause of monosymptomatic short stature. J Pediatr 1998;74:213-6. 27. Barera G, Bonfanti R, Viscardi M, et al. Occurrence of celiac disease after onset of type 1 diabetes: a 6-year prospective longitudinal study. Pediatrics 2002;109:833-8. 28. Mulder CJ, Tytgat GN, Groenland F, et al. Combined coeliac disease and thyroid disease. Eur J Gastroenterol Hepatol 1999;11:939-40. 29. Savilahti E, Pelkonen P, Visakorpi JK. IgA deficiency in children: A clinical study with special reference to intestinal findings. Arch Dis Child, 46:665, 1971. 30. Szodoray P, Barta Z, Lakos G, et al. Coeliac disease in Sjögren’s syndrome-a study of 111 Hungarian patients. Rheumatol Int 2004;24:278–82. 31. Lawson A, West J, Aitha GP, et al. Autoimmune cholestatic liver disease in people with coeliac disease: a population- based study of their association. Aliment Pharmacol Ther 2005;21:401-5. 32. Frustaci A, Cuoco L, Chimenti C, et al. Celiac disease associated with autoimmune myocarditis. Circulation 2002; 105:2611-8. 33. Hansson T, Dahlbom l, Rogberg S, et al. Antitissue transglutaminase and antithyroid autoantibodies in children with Down syndrome and celiac disease. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2005;40:170-4. 34. National Institutes of Health consensus development conference statement on celiac disease, June 28-30, 2004. Gastroenterology 2005:128:S1-S9. 35. Meloni GF, Dessole S, Vargiu N, et al. The prevalence of coeliac disease in infertility. Hum Reprod 1999;14:2759-61. 36. Kotze LM. Gynecologic and obstetric findings related to nutritional status and adherence to a gluten-free diet in Brazilian patients with celiac disease. J Clin Gastroenterol 2004;38:567-74. 37. Karpati S. Dermatitis herpetiformis: close to unravelling a disease. J Dermatol Sci 2004;34:83-90. 38. Hill ID, Dirks MH, Liptak GS, et al. North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition. Guideline for the diagnosis and treatment of celiac disease in children: recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2005;40:1-19. 39. Rostami K, Kerckhaert J, Tiemessen R, et al. Sensitivity of antiendomysium and antigliadin antibodies in untreated celiac disease: disappointing in clinical practice. Am J Gastroenterol 1999;94:888-94.  40. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência e Tecnologia. Nota Técnica de Revisão Rápida – Diagnóstico Sorológico da Doença Celíaca. Brasília, 2009. 6p. (mimeo) 41. MARSH MN. Gluteu, majorhistocompatibility complex, and the small intestine. A molecular and immunobiologic approach to the spectrum of gluteusensivity (celiac sprue). Gastroentecnology. 1992; 102(01);330-54 42. Oberhuber G, Granditsch G, Vogelsang H. The histopathology of coeliac disease: time for a standardized report scheme for pathologists. Eur J Gastroenterol Hepatol 1999;11:1185-94. 43. Wahab PJ, Meijer JW, Mulder CJ. Histologic follow-up of people with celiac disease on a gluten-free diet: slow and incomplete recovery. Am J Clin Pathol 2002;118:459-63. 44. Meijer JW, Wahab PJ, Mulder CJ. Small intestinal biopsies in celiac disease: duodenal or jejunal? Virchows Arch 2003;442:124-8. 45. Hayat M, Cairns A, Dixon MF, et al. Quantitation of intraepithelial lymphocytes in human duodenum: what is normal? J Clin Pathol 2002;55:393-4. 46. Meewisse GW. Diagnostic criteria in coeliac disease. Acta Paediatr Scand  1970;59:461-3. 208
  • 209. Doença Celíaca 47. Walker-Smith JA, Guandalini S, Schmitz J, et al. Revised criteria for diagnosis of coeliac disease. Report of Working Group of European Society of Paediatric Gastroenterology and Nutrition. Arch Dis Child 1990;65:909- 11. 48. Sdepanian VL, Scaletsky ICA, Fagundes-Neto U, et al. Assessment of gliadin in supposedly gluten-free foods prepared and purchased by celiac patients. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2001;32:65-70. 49. Ferreira, C.T.; Seidman, E. Food allergy: a practical update from the gastroenterological viewpoint. Jornal de Pediatria, v.83, n.1, p 7-20, 2007. 50. Beyer, P.L. Terapia clínica nutricional para distúrbios do trato gastrintestinal baixo. IN: MAHAN, L. K.; ESCOTT- STUMP, S.. Krause alimentos, nutrição & dietoterapia. 10a ed. São Paulo, Roca, cap.31. p 643-670, 2002. 51. Holmes GKT. Non-malignant complications of coeliac disease. Acta Paediatr 1996;85:68-75. 52. Catassi C, Fabiani E, Corrao G, et al. Italian Working Group on Coeliac Disease and Non-Hodgkin’s- Lymphoma. Risk of non-Hodgkin lymphoma in celiac disease. JAMA 2002;287:1413-9. 53. Siqueira Neto, J.I.; Costa, A.C.L.V.; Magalhães, F.G.; Silva, G. S.. Neurological manifestations of celiac disease. Arquivos Neuropsiquiatr, v.62, n.4, p. 969-972, 2004. 54. Fragoso Arbelo, Trini; Díaz Lorenzo, Tamara; Pérez Ramos, Elvira; Milán Pavón, Rebeca; Luaces Fragoso, Ernesto. Importancia de los aspectos psicosociales en la enfermedad celíaca / Importance of psychosocial aspects in celiac disease. Rev. cuba. med. gen. integr;18(3), mayo-jun. 2002. 55. Santos, S.V.; Fagulha, T. Síndrome nefrótica e doença celíaca na infância: perspectiva da criança sobre a relação que os outros estabelecem com ela. Psicologia, saúde e doenças – ano/vol II, nº 2, pags. 27 41, Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde, Lisboa, 2001. Doença Celíaca 209
  • 210. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Diagnóstico Doença Celíaca Fluxograma de Diagnóstico Doença Celíaca Critérios de inclusão: ✓ presença de sinais e sintomas Paciente com suspeita clínica compatíveis com formas clássica (ou típica) e não clássica (ou atípica) de ou risco para doença celíaca doença celíaca ✓ indivíduos de risco: • familiares em primeiro grau de pacientes • anemia por deficiência de ferro refratária à reposição oral com sulfato ferroso • redução da densidade mineral óssea desproporcional à idade • baixa estatura sem outras causas identificáveis • presença de outras doenças Dosagem do anticorpo autoimunes antitransglutaminase • síndromes de Down, Turner ou Williams IgA (TTG) e da • infertilidade ou aborto espontâneo sem causa identificada imunoglobulina A (IgA) • dermatite herpetiforme TTG negativa e TTG negativa e TTG positiva IgA normal IgA baixa Encaminhar para Serviço de Clínica Médica, Probabilidade Gastroenterologia ou alta de doença Sim celíaca? Pediatria para avaliação da necessidade de biópsia de duodeno. Não Biópsia diagnóstica de doença celíaca? Não Sim Doença celíaca excluída Orientação terapêutica nutricional: dieta sem glúten por toda a vida. 210
  • 211. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Doença de Parkinson Portaria SAS/MS no 228, de 10 de maio de 2010. (Republicada em 27.08.10) 1 Metodologia de busca da literatura ara a análise de eficácia dos tratamentos específicos para doença de Parkinson foram realizadas P buscas nas bases descritas abaixo. Foram analisados todos os estudos disponíveis e selecionados para avaliação metanálises e ensaios clínicos randomizados, controlados e duplos-cegos publicados até 31/07/2009. a base Medline/Pubmed AND Ovid Medline: N treatment” AND “Parkinson´s disease” ;“drug therapy” AND “Parkinson’s disease” “ a base Cochrane: N levodopa”;“dopamine agonist”; “pramipexol”; “bromocriptine”; “cabergolina”; “ “catechol-O methyltransferase inhibitors”; “amantadine”; “selegiline”; “anticholinergics” 2 Introdução oença de Parkinson (DP), descrita por James Parkinson em 1817, é uma das doenças neurológicas D mais comuns e intrigantes dos dias de hoje. Tem distribuição universal e atinge todos os grupos étnicos e classes socioeconômicas. Estima-se uma prevalência de 100 a 200 casos por 100.000 habitantes. Sua incidência e prevalência aumentam com a idade1. o ponto de vista patológico, DP é uma doença degenerativa cujas alterações motoras decorrem D principalmente da morte de neurônios dopaminérgicos da substância nigra que apresentam inclusões intracitoplasmáticas conhecidas com corpúsculos de Lewy. Suas principais manifestações motoras incluem tremor de repouso, bradicinesia, rigidez com roda denteada e anormalidades posturais2. No entanto, as alterações não são restritas à substância nigra e podem estar presentes em outros núcleos do tronco cerebral (por exemplo, núcleo motor dorsal do vago), córtex cerebral e mesmo neurônios periféricos, como os do plexo mioentérico3. A presença de processo degenerativo além do sistema nigroestriatal pode explicar uma série de sintomas e sinais não motores, tais como alterações do olfato, distúrbios do sono, hipotensão postural, constipação, mudanças emocionais, depressão, ansiedade, sintomas psicóticos, prejuízos cognitivos e demência, dentre outros4. or ser uma doença progressiva, que usualmente acarreta incapacidade grave após 10 a 15 anos, P tem elevado impacto social e financeiro, particularmente na população mais idosa. Estima-se que o custo anual mundial com medicamentos antiparkinsonianos esteja em torno de 11 bilhões de dólares, sendo o tratamento cerca de 3 a 4 vezes mais caro para pacientes na fase avançada da doença5,6. omente na década de 60, após a identificação das alterações patológicas e bioquímicas no cérebro S de pacientes com DP, surgiu o primeiro tratamento com sucesso, abrindo caminho para o desenvolvimento de novas terapias efetivas. A introdução de levodopa representou o maior avanço terapêutico na DP, produzindo benefícios clínicos para praticamente todos os pacientes e reduzindo a mortalidade por esta doença. No entanto, logo após a introdução do medicamento, se tornou evidente que o tratamento por longo prazo era complicado pelo desenvolvimento de efeitos adversos, que incluem flutuações motoras, discinesias e complicações neuropsiquiátricas7,8. Além disto, com a progressão da doença, os pacientes passam a apresentar manifestações que não respondem adequadamente à terapia com levodopa, tais como episódios de congelamento, instabilidade postural, disfunções autonômicas e demência. Consultores: Carlos Roberto de Mello Rieder, Vitor Tumas, Vanderci Borges, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 211
  • 212. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas s manifestações motoras da DP podem ser explicadas de maneira simplificada pelo modelo no qual o A estriado possui um papel-chave dentro das vias motoras cerebrais. O processo de degeneração de neurônios dopaminérgicos nigroestriatais leva a uma redução da modulação da dopamina estriatal e, consequentemente, a alterações motoras. Este modelo prediz que, aumentando-se a estimulação dopaminérgica ou reduzindo- se a estimulação colinérgica ou glutamatérgica, os sintomas melhoram. Existem atualmente vários modos de intervenção farmacológica sintomática4,7-9: • levodopa standard ou com formulações de liberação controlada, em associação com inibidor da levodopa decarboxilase; • agonistas dopaminérgicos; • inibidores da monoamino oxidase B (MAO-B); • inibidores da catecol-O-metiltransferase (COMT); • anticolinérgicos; • antiglutamatérgicos. objetivo inicial do tratamento deve ser a redução da progressão dos sintomas. Uma vez que o O tratamento sintomático seja requerido, os medicamentos devem produzir melhora funcional com um mínimo de efeitos adversos e sem indução do aparecimento de complicações futuras. Este protocolo não pretende propor uma maneira única de tratamento dos pacientes com DP, mas, sim, servir de diretriz, apontando vantagens e desvantagens de diferentes opções terapêuticas disponíveis, especialmente quanto à eficácia e segurança. 3 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • G20 Doença de Parkinson 4 Diagnóstico evolução da doença, a gravidade e a progressão dos sintomas variam enormemente de um paciente A para outro4. Não se dispõe, até o momento, de teste diagnóstico para a doença. Embora neurologistas geralmente concordem que o diagnóstico da DP requer a identificação de alguma combinação dos sinais motores cardinais (tremor de repouso, bradicinesia, rigidez com roda denteada, anormalidades posturais), uma classificação clínica padrão ainda não foi obtida. studos têm demonstrado as dificuldades na diferenciação clínica entre DP e outras síndromes E parkinsonianas. Avaliando-se à necropsia 100 cérebros de pacientes diagnosticados clinicamente por neurologistas britânicos como portadores de DP, houve confirmação anatomopatológica em somente 75% dos casos10. No entanto, quando revisados os diagnósticos patológicos e clínicos de 143 casos vistos por neurologistas especializados em distúrbios de movimento do National Hospital for Neurology and Neurosurgery de Londres, o valor preditivo positivo do diagnóstico clínico aumentou para 98,6%11. Atualmente, os critérios do Banco de Cérebros da Sociedade de Parkinson do Reino Unido são os mais utilizados para o diagnóstico.12 om base nestes critérios, o paciente terá diagnóstico de DP se apresentar lentidão dos movimentos C (bradicinesia), 1 critério necessário e pelo menos 3 critérios de suporte positivo. Segundo o Banco de Cérebros da Sociedade de Parkinson do Reino Unido12, os critérios podem ser divididos nos 3 grupos apresentados a seguir. • Critérios necessários para diagnóstico de DP − bradicinesia (e pelo menos um dos seguintes sintomas abaixo) − rigidez muscular − tremor de repouso (4-6 Hz) avaliado clinicamente − instabilidade postural não causada por distúrbios visuais, vestibulares, cerebelares ou proprioceptivos • Critérios negativos (excludentes) para DP − história de AVC de repetição − história de trauma craniano grave − história definida de encefalite − crises oculogíricas 212
  • 213. Doença de Parkinson − tratamento prévio com neurolépticos − remissão espontânea dos sintomas − quadro clínico estritamente unilateral após 3 anos − paralisia supranuclear do olhar − sinais cerebelares − sinais autonômicos precoces − demência precoce − liberação piramidal com sinal de Babinski − presença de tumor cerebral ou hidrocefalia comunicante − resposta negativa a altas doses de levodopa − exposição a metilfeniltetraperidínio • Critérios de suporte positivo para o diagnóstico de DP (3 ou mais são necessários para o diagnóstico) − início unilateral − presença de tremor de repouso − doença progressiva − persistência da assimetria dos sintomas − boa resposta a levodopa − presença de discinesias induzidas por levodopa − resposta a levodopa por 5 anos ou mais − evolução clínica de 10 anos ou mais 5 Critérios de inclusão erão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem os critérios para S o diagnóstico clínico de DP segundo o Banco de Cérebros da Sociedade de Parkinson do Reino Unido12. 6 Critérios de exclusão erão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem critérios S negativos para o diagnóstico clínico da DP segundo o Banco de Cérebros da Sociedade de Parkinson do Reino Unido12 e aqueles com contraindicação ou intolerância a medicamento especificado neste protocolo. 7 Tratamento natureza progressiva da DP e suas manifestações clínicas (motoras e não motoras), A associadas a efeitos colaterais precoces e tardios da intervenção terapêutica, tornam o tratamento da doença bastante complexo. stima-se que a taxa de morte dos neurônios dopaminérgicos da substância nigra situa-se E Doença de Parkinson ao redor de 10% ao ano13. Consequentemente, com o tempo, a sintomatologia parkinsoniana piora e a necessidade de medicamentos sintomáticos aumenta. O grau de resposta aos medicamentos vai decrescendo com a progressão da doença e novos sintomas vão surgindo. Um objetivo desejado seria reduzir ou interromper esta progressão. revenção primária não é possível devido à ausência de marcadores biológicos ou fatores de P risco identificáveis, à parte o envelhecimento ou transmissão genética em raras famílias. Prevenção secundária, uma vez que a DP tenha sido diagnosticada, busca reduzir a progressão, parar ou mesmo reverter a morte neuronal. m resumo, o tratamento da DP deve visar à redução da progressão da doença (neuroproteção) E e o controle dos sintomas (tratamento sintomático). Os critérios de inclusão para estas circunstâncias e a orientação sobre que medicamento antiparkinsoniano deve ser utilizado serão discutidos a seguir. .1 Prevenção da progressão da doença 7 om base em várias vias bioquímicas que poderiam ter participação na morte neuronal, C 213
  • 214. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas diversos fármacos são potenciais candidatos ao papel de neuroprotetor. No entanto, ensaios clínicos controlados e randomizados para mostrar neuroproteção na DP são controversos9. Não há como medir diretamente a perda neuronal in vivo, e não se tem claro como a sintomatologia se correlaciona com a morte neuronal. Além disto, é difícil separar clinicamente efeito sintomático de efeito protetor. Um desfecho clínico comumente utilizado, por exemplo, é o momento em que o paciente virgem de tratamento apresenta piora funcional e necessita da introdução de levodopa. elegilina e vitamina E foram estudadas com este desfecho e se verificou que selegilina retardava S a necessidade de levodopa quando comparada com placebo, resultado inicialmente interpretado como neuroproteção14. Entretanto, foi subsequentemente observado que, quando o tratamento com selegilina era interrompido, esta diferença desaparecia, indicando que o fármaco tinha um efeito leve e não sustentado, mas que era suficientemente grande para retardar o início da administração de levodopa15. Porém, nos estudos randomizados e controlados, realizados para testar a neuroproteção na DP com medicamentos como vitamina E, selegilina, ou bromocriptina, constatou-se que nenhum deles produziu evidências definitivas para neuroproteção16,17. ais recentemente, inibidores da MAO-B foram investigados com este objetivo e se mostraram melhores M do que placebo na fase inicial da doença18. Sua introdução na fase mais tardia melhorou o desempenho motor, o que poderia sugerir um efeito neuroprotetor19. Entretanto, quando comparados com entacapona, não mostraram diferença significativa quanto à melhora dos sintomas20. m resumo, neuroproteção na DP é uma meta ainda não atingida até o momento e nenhum medicamento E pode ter recomendação na prática clínica com este propósito. 7.2 Tratamento Sintomático recomendável instituir tratamento sintomático no momento do diagnóstico. Pacientes com incapacidade É funcional causada por sintomas parkinsonianos também devem receber tratamento sintomático. A definição de incapacidade funcional deve ser considerada em bases individuais, pois existirão distintas implicações funcionais para diferentes indivíduos. escolha do medicamento mais adequado deverá levar em consideração fatores como estágio da A doença, sintomatologia presente, ocorrência de efeitos colaterais, idade do paciente, medicamentos em uso e seu custo. ara pacientes com DP sem tratamento prévio P Sintomas leves sem prejuízo funcional decisão de utilizar ou não algum medicamento nesta situação depende mais do próprio paciente. Não A há evidências clínicas de efeito neuroprotetor com selegilina. O tratamento inicial com este fármaco visa obter benefícios sintomáticos em pacientes com sintomas leves (sem prejuízo para atividades de vida diária)14-16. Da mesma forma, amantadina tem efeito sintomático modesto e é bem tolerada, podendo ser usada nesta situação. nticolinérgicos são utilizados como terapia inicial, especialmente nos casos em que o tremor é a A manifestação predominante em pacientes mais jovens e sem disfunção cognitiva, pois apresentam vários efeitos colaterais, especialmente nos indivíduos mais velhos21. endo em vista a maior ocorrência de efeitos adversos com estes medicamentos, levodopa é o fármaco T inicial, especialmente para indivíduos idosos e/ou com algum grau de comprometimento cognitivo, para os quais se deve tentar evitar a administração de anticolinérgicos. Sintomas com prejuízo funcional e os sintomas produzirem graus de incapacidade e o tratamento dopaminérgico for necessário, tanto S levodopa quanto agonistas dopaminérgicos podem ser utilizados21,22. Levodopa é o medicamento mais efetivo no controle dos sintomas da DP, especialmente rigidez e bradicinesia. A consistência de efeito nos mais de 30 anos de experiência valida sua utilização clínica. Em estudos randomizados e controlados, levodopa mostrou ser mais eficaz no controle dos sintomas motores do que os agonistas dopaminérgicos17,23. Tem sido sugerido que levodopa poderia ser tóxica para neurônios da substância nigra e, portanto, aumentar a progressão da doença24, porém não existem evidências convincentes de estudos em animais ou em humanos para apoiar esta hipótese25. Pelo contrário, o estudo ELLDOPA26 (Earlier versus Later Levodopa Therapy in Parkinson’s Disease) 214
  • 215. Doença de Parkinson demonstrou a segurança de levodopa e desfez as hipóteses de neurotoxicidade do fármaco. Este estudo foi composto por 4 braços (1 com placebo e 3 com doses diferentes de 150, 300 e 600 mg de levodopa). Transcorridas 40 semanas de tratamento e uma interrupção de 2 semanas, observou-se diferença na avaliação motora favorável a qualquer das 3 doses de levodopa em relação ao placebo. A partir dos resultados obtidos, concluiu-se que, se o objetivo é garantir um bom controle funcional do indivíduo, não se deve retardar o início de levodopa. No entanto, o maior problema com seu uso é o aparecimento das flutuações motoras e discinesias associadas com o tratamento prolongado. A ocorrência de discinesias está relacionada principalmente com doses altas de levodopa, por isto o ideal seria empregar doses mais baixas. Flutuações motoras” se referem a respostas motoras flutuantes à administração da levodopa, “ com encurtamento da duração de seu efeito (fenômeno do wearing off) e interrupção súbita de sua ação, levando a uma situação “resposta-falta de resposta” (fenômeno on-off) ao medicamento. Pacientes mais jovens são particularmente mais vulneráveis ao aparecimento destes sintomas22. As complicações motoras podem atingir cerca de 80% dos pacientes jovens e 44% dos mais velhos após 5 anos de tratamento27. revenção de flutuações motoras e discinesias P m dos benefícios teóricos dos agonistas dopaminérgicos sobre a dopamina é uma meia-vida U longa, resultando em menor estimulação pulsátil dos receptores de dopamina, o que poderia reduzir o risco do desenvolvimento de flutuações motoras e discinesias. De fato, pacientes tratados com levodopa apresentam maior número de flutuações motoras e discinesias do que os tratados com pramipexol e cabergolina28,29. No entanto, estas diferenças entre agonistas e levodopa parecem desaparecer a longo prazo, pois estudos com mais de uma década de seguimento sugerem que os pacientes acabam tendo a mesma frequência de complicações motoras independentemente do tratamento que receberam nos primeiros anos da doença30,31. Com base nestes dados, tem sido recomendado que indivíduos mais jovens iniciem o tratamento sintomático com os agonistas da dopamina, por apresentarem maior risco das complicações motoras com levodopa21,22,32. Porém, se os sintomas motores não forem bem controlados com doses adequadas de agonistas dopaminérgicos, levodopa deve ser logo adicionada a eles. ários agonistas dopaminérgicos foram estudados para o tratamento da DP33-35. Pramipexol V mostrou-se superior ao placebo em estudos de nível I. á circunstâncias nas quais é preferível iniciar-se o tratamento sintomático com levodopa ao H invés de com agonistas dopaminérgicos21,22: • idade – deve ser considerada quando o tratamento com antiparkinsonianos for iniciado. Se, por um lado, pacientes mais jovens apresentam risco elevado de flutuações induzidas por levodopa, pacientes com mais de 70 anos possuem poucas chances de desenvolver complicações motoras com a administração do fármaco; • presença de comorbidades – pode também determinar a escolha do medicamento a ser Doença de Parkinson adotado inicialmente. O tratamento com agonistas dopaminérgicos está associado com maior número de efeitos adversos, incluindo alucinações, sonolência e hipotensão postural; • presença de prejuízo cognitivo – torna levodopa o medicamento de escolha. emprego de levodopa de liberação controlada, visando a obtenção de uma estimulação de O receptores da dopamina de forma mais continuada, não reduz a taxa de complicações motoras futuras após 5 anos em relação ao tratamento com levodopa de apresentação padrão34. ara pacientes com DP em uso de levodopa P o tratamento de pacientes em fase avançada da doença, que já se encontram em tratamento N com levodopa, vários medicamentos mostraram-se eficazes em estudos randomizados e controlados com placebo, entre eles bromocriptina36,37, cabergolina37, pramipexol38,39, tolcapona e entacapona39,40,41. Devido ao risco de hepatotoxicidade, monitorização da função hepática é obrigatória nos usuários de tolcapona. O tratamento com este inibidor da COMT somente será uma opção terapêutica se não houver controle com outros medicamentos9. 215
  • 216. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas pesar dos agonistas dopaminérgicos apresentarem diferenças farmacocinéticas e distintos sítios de A ligação, os agonistas oralmente ativos são muito similares9. A cabergolina não está autorizada na ANVISA para o tratamento da DP ratamento das complicações motoras T lguns anos após o tratamento com levodopa, as complicações motoras se tornam frequentes e acarretam A pioras funcionais aos pacientes. Elas compreendem as flutuações motoras, conhecidas como fenômenos de wearing-off e on-off, e discinesias ou movimentos involuntários. ários trabalhos mostram que os agonistas dopaminérgicos são capazes de reduzir as flutuações motoras. V Estudo randomizado e controlado com placebo sugere que pramipexol38,49 é eficaz em reduzir o tempo do dia em que o paciente permanece no período off. Outros agonistas (bromocriptina e cabergolina) são considerados de baixa eficácia9. Os inibidores da COMT, tolcapona e entacapona, são outra categoria de medicamentos eficazes na redução das flutuações motoras42,43. ara controle das discinesias induzidas por levodopa, o objetivo é reduzi-las sem piora do quadro motor. P Para isto, a alternativa é associar um agonista dopaminérgico e reduzir a dose de levodopa. Amantadina é outra opção por ser um medicamento comprovadamente eficaz em controlar discinesias44,45. a Tabela 1 estão apresentados o resumo dos medicamentos utilizados na doença de Parkinson e os N respectivos efeitos esperados. 216
  • 217. Doença de Parkinson Tabela 1 - Medicamentos e Efeitos Esperados Prevenção das Controle das complicações Medicamento Controle sintomático do parkinsonismo complicações motoras motoras Levodopa/ Levodopa padrão e levodopa Levodopa com eficácia claramente estabelecida Carbidopa de liberação lenta igualmente no controle sintomático da DP26 Sem evidência Levodopa/ eficazes na melhora dos Benserazida sintomas motores36,46 Em monoterapia em pacientes na fase inicial da DP, é considerada possivelmente eficaz no controle sintomático da doença, porém é menos eficaz do que levodopa17,47. Possivelmente Não existem evidências suficientes para eficaz na redução Possivelmente eficaz no comparar sua eficácia à de outros agonistas dos riscos de controle das flutuações motoras Bromocriptina dopaminérgicos. ocorrência de em pacientes com DP em Não há evidência para o uso combinado com complicações levodopoterapia48 levodopa em pacientes na fase inicial da DP motoras precoces48 estáveis, sem flutuações motoras48. É eficaz quando usada em pacientes com DP avançada em levodopaterapia com flutuações motoras9. Em monoterapia em pacientes sem tratamento prévio, é eficaz no controle dos sintomas motores nos primeiros 2 anos da doença23,49. Em pacientes com doença avançada em uso de levodopa, mostrou-se eficaz no controle das Eficaz no manejo das complicações motoras on-off e reduziu a dose Possivelmente complicações motoras em diária de levodopa necessária39,49. eficaz na redução pacientes com DP avançada. Não deve ser utilizado como primeira escolha dos riscos de Diminui o período off em Pramipexol em indivíduos idosos ou com prejuízo cognitivo ocorrência de 1 a 2 h/dia39,49. Em pacientes ou funcional grave; levodopa deve ser o complicações com insuficiência renal, medicamento de primeira linha. motoras precoces23 optar por agonistas com Pode ser utilizado como monoterapia metabolismo hepático. em pacientes jovens com risco maior do aparecimento de discinesias ou como medicamento associado a levodopa em pacientes com flutuações motoras, especialmente se associadas com discinesias. Não há evidência suficiente É eficaz no controle sintomático da doença Sem evidência Selegilina de que previna ou controle as quando usada em monoterapia14 na fase inicial. complicações motoras da DP48. É possivelmente eficaz no controle sintomático Eficaz na redução das Doença de Parkinson da doença tanto em monoterapia quanto discinesias a curto prazo, associada a anticolinérgicos ou levodopa, sendo os dados inadequados especialmente fase inicial. Os estudos, Sem evidência para avaliação desse benefício Amantadina entretanto, apresentam qualidade metodológica moderada e não avaliam a dimensão dos a longo prazo44,45. Em relação efeitos nem a duração dos benefícios usados à diminuição das flutuações em fases avançadas no tratamento das motoras, não há evidências discinesias. suficientes para seu uso. Quando administradas São eficazes no controle sintomático da concomitantemente com Tolcapona/ doença quando usadas em associação com Sem evidência levodopa, são eficazes Entacapona levodopa em pacientes sem ou com mínimas no manejo das flutuações complicações motoras48. motoras. Aumentam o período on e diminui o tempo off 46. Controle dos sintomas iniciais em pacientes Não deve ser utilizado em Biperideno/ Sem evidência jovens, especialmente quando tremor é idosos ou pacientes com Triexifenidil manifestação predominante21. prejuízo cognitivo. 217
  • 218. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 8 Fármacos • Levodopa/carbidopa: comprimidos de 200/50 mg e 250/25 mg Levodopa/benserazida: comprimidos ou cápsulas 100/25 mg e comprimidos de 200/50 mg • Bromocriptina: comprimidos ou cápsulas de liberação retardada de 2,5 e 5 mg • Pramipexol: comprimidos de 0,125, 0,25 e 1 mg • Amantadina: comprimidos de 100 mg • Biperideno: comprimidos de 2 mg e comprimidos de liberação controlada de 4 mg • Triexifenidil: comprimidos de 5 mg • Selegilina: comprimidos de 5 e 10 mg • Tolcapona: comprimidos de 100 mg • Entacapona: comprimidos de 200 mg 9 Esquemas de administração • Levodopa/carbidopa: a dose inicial recomendada é de 250/25 mg/dia, dividida em pelo menos 2 administrações. • Levodopa/benserazida: a dose recomendada é de 200/50 mg/dia, dividida em pelo menos 2 administrações. As doses vão sendo ajustadas subsequentemente de acordo com a resposta clínica. A dose média eficaz para a maioria dos pacientes é de 600-750 mg/dia de levodopa. • Bromocriptina: a dose recomendada é de 7,5 a 70 mg/dia e deve ser aumentada conforme resposta clínica e tolerabilidade48. • Pramipexol: a dose recomendada é de 2-4,5 mg/dia, dividida em 3 administrações diárias. Recomenda- se o aumento gradual da dose. Iniciar com 0,125 mg, 3 vezes ao dia, e aumentar a cada 5-7 dias sucessivamente para 0,75 mg/dia; 1,5 mg/ dia; 2,25 mg/dia; 3mg/dia; 3,75 mg/dia; 4,5 mg/dia. • Amantadina: a dose inicial recomendada é de 100 mg, 2 vezes ao dia; aumentar, se necessário, até 400 mg/dia. Não descontinuar abruptamente, devendo ser a retirada gradual em 1-2 semanas. • Biperideno: a dose terapêutica situa-se entre 2 e 8 mg/dia. • Triexifenidil: a dose inicial recomendada é de iniciar com doses de 0,5 a 1 mg/dia, podendo ser aumentada até 15 mg/dia. O tratamento com anticolinérgico não deve ser interrompido abruptamente devido ao risco de efeito rebote e piora do parkinsonismo. • Selegilina: a dose recomendada é de 5 a 10 mg/dia. • Tolcapona: a dose recomendada é de 100 mg 3 vezes ao dia, sendo a dose máxima recomendada de 600 mg. • Entacapona: a dose recomendada é de 200 mg, 4 a 10 vezes ao dia. ombinação de fármacos C a DP, frequentemente é necessária a combinação de fármacos de diferentes classes para melhor N controle dos sintomas. As combinações mais utilizadas são as seguintes8,50.51: • associação de anticolinérgicos – presença de tremor refratário a levodopa e/ou a agonistas dopaminérgicos em indivíduos sem contraindicações para o uso dos mesmos; • associação de agonistas dopaminérgicos a levodopa – no momento em que começam a ocorrer as flutuações motoras, a associação de um agonista dopaminérgico (medicamentos com meia-vida superior à de levodopa) pode auxiliar no controle das flutuações; • associação de inibidores da COMT a levodopa – os inibidores da COMT sempre devem ser utilizados com esta associação, pois não possuem efeito antiparkinsoniano se usados sem levodopa; • associação de agonistas dopaminérgicos a levodopa com inibidores da COMT – pacientes com flutuações motoras graves não controladas com nenhum dos regimes acima; • associação de amantadina a levodopa – a amantadina, além da possibilidade de uso em monoterapia na fase inicial da doença, é utilizada em pacientes com flutuações motoras e discinesias por melhorar as discinesias; • associação de inibidores da MAO (selegelina) a levodopa – também utilizada para aumentar a biodisponibilidade da levodopa na presença de flutuações motoras. 218
  • 219. Doença de Parkinson 10 Tempo de tratamento – critérios de interrupção P é uma doença de caráter progressivo e irreversível, necessitando, portanto, de tratamento D continuado. À medida que a doença avança, aumenta o risco de aparecimento de demência e psicose associada ao tratamento. Nesta situação, devem ser mantidas as menores doses possíveis de levodopa capazes de controlar sintomas motores. Medicamentos como anticolinérgicos, inibidores da MAO, amantadina, agonistas dopaminérgicos e inibidores da COMT devem ser retirados nesta sequência, na tentativa de melhorar o estado mental. 11 Benefícios esperados • Melhora dos sintomas motores e da qualidade de vida 12 Monitorização monitorização dos efeitos adversos deve ser feita com questionamento clínico. Em caso de A aparecimento de efeitos adversos significativos que comprometam a qualidade de vida dos pacientes, deve ser feito ajuste de dose, interrupção do tratamento ou troca de medicamento. s efeitos adversos mais comuns com o uso de levodopa a curto prazo são náuseas, vômitos, O anorexia, sonolência, hipotensão postural, insônia, agitação. A longo prazo, ocorrem flutuações motoras e discinesias. om o uso de bromocriptina, mais comumente (> 1%) podem ocorrer cefaleia, tontura, náusea, C vômitos, hipotensão ortostática, fadiga, anorexia, constipação, congestão nasal. Menos comumente (< 1%) podem ocorrer arritmias, alopecia, insônia, paranoia, depressão, convulsões, sonolência diurna incontrolável, psicoses e alucinações. Agonistas dopaminérgicos ergolínicos também podem associar- se a fibrose de válvulas cardíacas, pleuropulmonar e peritoneal. É necessária monitorização para estes efeitos adversos, especialmente o cardíaco, com ecocardiografia pelo menos anual. om o uso de pramipexol, os efeitos adversos gerais são náuseas, vômitos, anorexia, hipotensão C postural, edema, tontura, alucinações, delírios, sonolência excessiva diurna e transtornos do impulso (jogo patológico, hipersexualidade e outras formas de compulsão). Na presença de alucinações, sonolência excessiva diurna e transtornos do impulso, está recomendada a redução das doses ou até a retirada do medicamento em casos mais graves. Com o uso de amantadina, os efeitos adversos mais frequentes são alucinações visuais, confusão mental, insônia, alterações do sono como pesadelos, livedo reticular e edema dos membros inferiores. Deve-se ter cuidado com a administração da amantadina em pacientes que apresentem função renal alterada, pois 90% de sua excreção é pela urina. om o uso de biperideno e triexifenidil, os efeitos adversos podem ser periféricos, como secura C da boca, turvação visual e retenção urinária; os efeitos colaterais centrais são alteração de memória, confusão mental e alucinações. Portanto, o uso em pacientes idosos deve ser evitado. om o uso de selegilina, os efeitos adversos (> 1%) incluem fraqueza, náuseas, dor abdominal, C boca seca, hipotensão ortostática e insônia. Menos comumente (< 1%) podem ocorrer hipertensão, Doença de Parkinson palpitação, arritmias, angina, edema periférico, síncope, alucinações, tontura, confusão, cefaleia, ansiedade, depressão, rash, fotossensibilidade, constipação, perda de peso, anorexia, diarreia, noctúria, hiperplasia prostática, retenção urinária, disfunção sexual, tremor, coreia, discinesias, visão borrada. 13 Regulação/controle/avaliação pelo gestor s pacientes devem ser diagnosticados em serviços especializados em Neurologia e Geriatria. O Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas e a adequação de uso do medicamento. 14 Termo de esclarecimento e responsabilidade – TER É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso dos medicamentos preconizados neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 219
  • 220. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 16 Referências bibliográficas 1. Tanner C, Hubble J, Chan P. Epidemiology and genetics of Parkinson’s disease. In Movement Disorders: Neurologic principles and Practice. Watts RL, Koller WC, editors. New York: McGraw-Hill; 1997. p. 137-52. 2. Paulson H, Stern M. Clinical manifestations of Parkinson’s disease. In Movement Disorders: Neurologic principles and Practice. Watts RL, Koller WC, editors. New York: McGraw-Hill; 1997. p. 183-200. 3. Braak H, Del Tredici K, Rüb U, de Vos RA, Jansen Steur EN, Braak E. Staging of brain pathology related to sporadic Parkinson’s disease. Neurobiol Aging. 2003;24(2):197-211. 4. Lees AJ, Hardy J, Revesz T. Parkinson’s disease. Lancet. 2009;373(9680):2055-66. 5. Dodel RC, Eggert KM, Singer MS, Eichhorn TE, Pogarell O, Oertel WH. Costs of drug treatment in Parkinson’s disease. Mov Disord. 1998;13(2):249-54. 6. Siderowf AD, Holloway RG, Stern MB. Cost-effectiveness analysis in Parkinson’s disease: determining the value of interventions. Mov Disord. 2000;15(3):439-45. 7. Lang AE. When and how should treatment be started in Parkinson disease? Neurology. 2009;72(7 Suppl):S39-43. 8. Olanow CW, Stern MB, Sethi K. The scientific and clinical basis for the treatment of Parkinson disease (2009). Neurology. 2009;72(21 Suppl 4):S1-136. 9. Rascol O, Goetz C, Koller W, Poewe W, Sampaio C. Treatment interventions for Parkinson’s disease: an evidence based assessment. Lancet. 2002;359(9317):1589-98. 10. Hughes AJ, Ben-Shlomo Y, Daniel SE, Lees AJ. What features improve the accuracy of clinical diagnosis in Parkinson’s disease: a clinicopathologic study. Neurology. 1992;42(6):1142-6. 11. Hughes AJ, Daniel SE, Ben-Shlomo Y, Lees AJ. The accuracy of diagnosis of parkinsonian syndromes in a specialist movement disorder service. Brain. 2002;125(Pt 4):861-70. 12. Hughes AJ, Daniel SE, Kilford L, Lees AJ. Accuracy of clinical diagnosis of idiopathic Parkinson’s disease: a clinico- pathological study of 100 cases. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1992;55(3):181-4. 13. Morrish PK, Rakshi JS, Bailey DL, Sawle GV, Brooks DJ. Measuring the rate of progression and estimating the preclinical period of Parkinson’s disease with [18F]dopa PET. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1998;64(3):314-9. 14. Effect of deprenyl on the progression of disability in early Parkinson’s disease. The Parkinson Study Group. N Engl J Med. 1989;321(20):1364-71. 15. Effects of tocopherol and deprenyl on the progression of disability in early Parkinson’s disease. The Parkinson Study Group. N Engl J Med. 1993;328(3):176-83. 16. Olanow CW, Hauser RA, Gauger L, Malapira T, Koller W, Hubble J, et al. The effect of deprenyl and levodopa on the progression of Parkinson’s disease. Ann Neurol. 1995;38(5):771-7. 17. Comparisons of therapeutic effects of levodopa, levodopa and selegiline, and bromocriptine in patients with early, mild Parkinson’s disease: three year interim report. Parkinson’s Disease Research Group in the United Kingdom. BMJ. 1993;307(6902):469-72. 18. Parkinson Study Group. A controlled trial of rasagiline in early Parkinson disease: the TEMPO Study. Arch Neurol. 2002;59(12):1937-43. 19. Olanow CW, Rascol O, hauser R, Feigin PD, Jankovic J, Lang A, et al. A double-blind, delayed-start trial of rasagiline in Parkinson’s disease. N Engl J Med. 2009;361(13):1268-78. 20. Rascol O, Brooks DJ, Melames E, Oertel W, Poewe W, Stocchi F, et al. Rasagiline as an adjunct to levodopa in patients with Parkinson’s disease and motor fluctuations (LARGO, Lasting effect in Adjunct therapy with Rasagiline Given Once daily, study): a randomised, double-blind, parallel-group trial. Lancet. 2005;365(9463):947-54. 21. Miyasaki JM, Martin W, Suchowesky O, Weiner WJ, Lang AE. Practice parameter: initiation of treatment for Parkinson’s disease: an evidence-based review: report of the Quality Standards Subcommittee of the American Academy of Neurology. Neurology. 2002;58(1):11-7. 22. Koller WC. Treatment of early Parkinson’s disease. Neurology. 2002;58(4 Suppl 1):S79-86. 23. Parkinson Study Group. Pramipexole vs levodopa as initial treatment for Parkinson disease: A randomized controlled trial. Parkinson Study Group. JAMA. 2000;284(15):1931-8. 24. Fahn S. Is levodopa toxic? Neurology. 1996;47(6 Suppl 3):S184-95. 25. Agid Y, Ahlskog E, Albanese A, Calne D, Chase T, De Yebenes J, et al. Levodopa in the treatment of Parkinson’s disease: a consensus meeting. Mov Disord. 1999;14(6):911-3. 26. Fahn S, Oakes D, Shoulson I, Kieburtz K, Rudolph A, Lang A, et al. Levodopa and the progression of Parkinson’s disease. N Engl J Med. 2004;351(24):2498-508. 220
  • 221. Doença de Parkinson 27. Kostic V, Przedborski S, Flaster E, Sternic N. Early development of levodopa-induced dyskinesias and response fluctuations in young-onset Parkinson’s disease. Neurology. 1991;41(2 Pt 1):202-5. 28. Rascol O, Brooks DJ, Korczyn AD, De Deyn PP, Clarke CE, Lang AE. A five-year study of the incidence of dyskinesia in patients with early Parkinson’s disease who were treated with ropinirole or levodopa. 056 Study Group. N Engl J Med. 2000;342(20):1484-91. 29. Rinne UK, Bracco F, Chouza C, Dupont E, Gershanik O, Marti Masso JF, et al. Early treatment of Parkinson’s disease with cabergoline delays the onset of motor complications. Results of a double-blind levodopa controlled trial. The PKDS009 Study Group. Drugs. 1998;55 (Suppl 1):23-30. 30. Hauser RA, Rascol O, Korczyn AD, Jon Stoessl A, Watts RL, Poewe W, et al. Ten-year follow-up of Parkinson’s disease patients randomized to initial therapy with ropinirole or levodopa. Mov Disord. 2007;22(16):2409-17. 31. Katzenschlager R, Head J, Schrag A, Ben-Shlomo Y, Evans A, Lees AJ, et al. Fourteen-year final report of the randomized PDRG-UK trial comparing three initial treatments in PD. Neurology. 2008;71(7):474-80. Epub 2008 Jun 25. 32. Silver DE, Ruggieri S. Initiating therapy for Parkinson’s disease. Neurology. 1998;50(6 Suppl 6):S18-22; discussion S44-8. 33. Barone P, Bravi D, Bermejo-Pareja F, Marconi R, Kulisevsky J, Malagù S, et al. Pergolide monotherapy in the treatment of early PD: a randomized, controlled study. Pergolide Monotherapy Study Group. Neurology. 1999;53(3):573-9. 34. Block G, Liss C, Reines S, Irr J, Nibbelink D. Comparison of immediate-release and controlled release carbidopa/levodopa in Parkinson’s disease. A multicenter 5-year study. The CR First Study Group. Eur Neurol. 1997;37(1):23-7. 35. Koller WC, Hutton JT, Tolosa E, Capilldeo R. Immediate-release and controlled-release carbidopa/levodopa in PD: a 5-year randomized multicenter study. Carbidopa/Levodopa Study Group. Neurology. 1999;53(5):1012-9. 36. Guttman M. Double-blind comparison of pramipexole and bromocriptine treatment with placebo in advanced Parkinson’s disease. International Pramipexole-Bromocriptine Study Group. Neurology. 1997;49(4):1060-5. 37. Hutton JT, Koller WC, Ahlskog JE, Pahwa R, Hurtig HI, Stern MB, et al. Multicenter, placebo-controlled trial of cabergoline taken once daily in the treatment of Parkinson’s disease. Neurology. 1996;46(4):1062-5. 38. Pinter MM, Pogarell O, Oertel WH. Efficacy, safety, and tolerance of the non-ergoline dopamine agonist pramipexole in the treatment of advanced Parkinson’s disease: a double blind, placebo controlled, randomised, multicentre study. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1999;66(4):436-41. 39. Adler CH, Singer C, O’Brien C, Hauser RA, Lew MF, Marek KL, et al. Randomized, placebo-controlled study of tolcapone in patients with fluctuating Parkinson disease treated with levodopa-carbidopa. Tolcapone Fluctuator Study Group III. Arch Neurol. 1998;55(8):1089-95. 40. Rinne UK, Larsen JP, Siden A, Worm-Petersen J. Entacapone enhances the response to levodopa in parkinsonian patients with motor fluctuations. Nomecomt Study Group. Neurology. 1998;51(5):1309-14. 41. Waters CH, Kurth M, Bailey P, Shulman LM, LeWitt P, Dorflinger E, et al. Tolcapone in stable Parkinson’s disease: efficacy and safety of long-term treatment. The Tolcapone Stable Study Group. Neurology. 1997;49(3):665-71. Doença de Parkinson 42. Kurth MC, Adler CH, Hilaire MS, Singer C, Waters C, LeWitt P, et al. Tolcapone improves motor function and reduces levodopa requirement in patients with Parkinson’s disease experiencing motor fluctuations: a multicenter, double-blind, randomized, placebo-controlled trial. Tolcapone Fluctuator Study Group I. Neurology. 1997;48(1):81-7. 43. Ruottinen HM, Rinne UK. Entacapone prolongs levodopa response in a one month double blind study in parkinsonian patients with levodopa related fluctuations. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1996;60(1):36-40. 44. Snow BJ, Macdonald l, Mcauley D, Wallis W. The effect of amantadine on levodopa-induced dyskinesias in Parkinson’s disease: a double-blind, placebo-controlled study. Clin Neuropharmacol. 2000;23(2):82-5. 45. Verhagen Metman L, Del Dotto P, van den Munckhof P, Fang J, Mouradian MM, Chase TN. Amantadine as treatment for dyskinesias and motor fluctuations in Parkinson’s disease. Neurology. 1998;50(5):1323-6. 46. Dupont E, Andersen A, Boas J, Boisen E, Borgmann R, Helgetveit AC, et al. Sustained-release Madopar HBS compared with standard Madopar in the long-term treatment of de novo parkinsonian patients. Acta Neurol Scand. 1996;93(1):14-20. 47. Management of Parkinson’s disease: an evidence-based review. Mov Disord. 2002;17 (Suppl 4):S1-166. 221
  • 222. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 48. Staal-Schreinemachers AL, Wesseling H, Kamphuis DJ, vd Burg W, Lakke JP. Low-dose bromocriptine therapy in Parkinson’s disease: double-blind, placebo-controlled study. Neurology. 1986;36(2):291-3. 49. Shannon KM, Bennett JP Jr, Friedman JH. Efficacy of pramipexole, a novel dopamine agonist, as monotherapy in mild to moderate Parkinson’s disease. The Pramipexole Study Group. Neurology. 1997;49(3):724-8. 50. Pahwa R, Factor SA, Lyons KE, Ondo WG, Gronseth G, Bronte-Stewart H, et al. Practice Parameter: treatment of Parkinson disease with motor fluctuations and dyskinesia (an evidence-based review): report of the Quality Standards Subcommittee of the American Academy of Neurology. Neurology. 2006;66(7):983-95. 51. Goetz CG, Poewe W, Rascol O, Sampaio C. Evidence-based medical review update: pharmacological and surgical treatments of Parkinson’s disease: 2001 to 2004. Mov Disord. 2005;20(5):523-39. 222
  • 223. Doença de Parkinson Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Bromocriptina, Pramipexol, Amantadina, Triexifenidil, Selegilina, Tolcapona e Entacapona Eu, ____________________________________________________________(nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de bromocriptina, pramipexol, amantadina, triexifenidil, selegilina, tolcapona e entacapona, indicados para o tratamento de doença de Parkinson. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _______________________________________________(nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer as seguintes melhoras: • melhora dos sintomas motores da doença; • diminuição do risco de ocorrência de complicações motoras; • diminuição do tremor, da lentidão dos movimentos, da rigidez e da produção excessiva de saliva, além da melhora da marcha e da fala. Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso destes medicamentos: • os riscos na gravidez ainda não estão bem estabelecidos; portanto, caso engravide, devo avisar imediatamente o médico sem interromper o tratamento; • contraindicados em casos de hipersensibilidade (alergia) aos fármacos ou a componentes da formulação; • efeitos adversos da bromocriptina – náuseas, vômitos, dor de cabeça, tontura, cansaço, alterações digestivas, secura da boca, perda de apetite, nariz entupido, tonturas ao levantar, alterações dos batimentos do coração, inchaço de pés, queda de cabelo, psicose, alucinação, insônia, pesadelos, aumento dos movimentos do corpo, problemas nos pulmões; • efeitos adversos da pramipexol – cansaço, fraqueza, movimentos do corpo não usuais, alucinações, insônia, náusea, vômitos, esquecimento, confusão, tonturas ao levantar, visão dupla, dificuldade para engolir, febre, aumento da frequência urinária, dor muscular ou nas juntas, reações paranoides (como medo e desconfiança), constipação, secura na boca, sonhos anormais, perda de apetite, perda de peso, diminuição do apetite sexual, rinite, reações alérgicas de pele. Efeitos adversos menos frequentes incluem dificuldade para respirar, inchaço nas pernas e braços e perda de controle para urinar; • efeitos adversos da amantadina – náuseas, perda de apetite, tontura, insônia, nervosismo, agitação, dificuldade de concentração, dor de cabeça, perda de memória, alteração da concentração, depressão, pesadelos, risco de suicídio, constipação, boca seca, diarreia, fadiga, sonolência, irritação nos olhos, aumento dos movimentos do corpo, respiração curta, Doença de Parkinson aumento da pressão arterial, palpitação, retenção urinária, alergias de pele, diminuição das células brancas e vermelhas no sangue, febre, inchaço de tornozelos, problemas no coração, tontura ao levantar. Efeitos adversos mais raros incluem euforia, diminuição do apetite sexual, vômitos e cansaço; • efeitos adversos da triexifenidil – reações alérgicas na pele, confusão, problemas na visão, prisão de ventre, dificuldade ou dor para urinar, boca seca, sensibilidade aumentada dos olhos à luz, náuseas, vômitos. Reações menos frequentes ou raras incluem dor de cabeça, perda de memória, nervosismo, cansaço, tonturas ao levantar, dor de estômago, inflamação da boca ou língua, dificuldade para dormir; • efeitos adversos da selegilina – aumento dos movimentos não usuais do corpo, dor no peito, alterações nos batimentos do coração, dificuldade para respirar, inchaço, alucinações, desorientação, agitação, nervosismo, ansiedade, dor de cabeça, aumento da pressão arterial, tonturas ao levantar, prisão de ventre, diarreia, dificuldade ou dor para urinar, sangramento gastrointestinal, fezes escurecidas, dor intensa no estômago, alteração de 223
  • 224. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas comportamento, irritabilidade, perda de apetite, perda de peso, reações alérgicas de pele, cansaço, fraqueza, bruxismo (ranger dos dentes), dor abdominal, secura na boca, náuseas, vômitos. Efeitos mais raros incluem ansiedade, nervosismo, contração involuntária na face, problemas de visão, calafrios, cãibras, formigamentos, aumento da sensibilidade à luz; • efeitos adversos da tolcapona – dor abdominal, perda de apetite, diarreia, alucinações, dor de cabeça, insônia, náuseas, vômitos, infecções do trato respiratório, confusão, dor no peito, fadiga, hiperatividade, perda do equilíbrio, sintomas gripais, prisão de ventre, aumento do suor, secura da boca, azia, gases, descoloração da urina, febre. Efeitos mais raros incluem agitação, dor nas juntas, diminuição da pressão arterial, irritabilidade, problemas no fígado, olhos e pele amarelados, dificuldade de pensamento ou concentração, cãibras, formigamentos, coceiras, infecções do trato urinário, síndrome neuroléptica maligna (dificuldade para respirar, taquicardia, febre alta, pressão arterial irregular, perda do controle para urinar); • efeitos adversos da entacapona – alucinações, aumento dos movimentos do corpo, infecções, febre, tosse, dor ou dificuldade para urinar, cansaço, dor abdominal, diarreia, prisão de ventre, náusea, agitação, nervosismo, ansiedade, respiração curta, boca seca, azia, gases, vômito, sonolência, descoloração da urina. Efeitos adversos mais raros incluem confusão mental e problemas nos pulmões e nos músculos (rabdomiólise); • risco da ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem e com o uso concomitante de medicamentos. Estou ciente de que pode haver necessidade de mudança das doses. Estou da mesma forma ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato.  m Meu tratamento constará de um ou mais dos seguintes medicamentos: o bromocriptina o pramipexol o amantadina o triexifenidil o selegilina o tolcapona o entacapona Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. 224
  • 225. Doença de Parkinson Doença de Parkinson 225
  • 226. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Doença de Parkinson Fluxograma de Tratamento Doença de Parkinson Levodopa/Carbidopa, Bromocriptina, Pramipexol, Amantadina, Biperideno, Triexifenidil, Selegilina, Tolcapona e Entacapona • Critérios necessários para diagnóstico de Paciente com diagnóstico clínico de doença de Parkinson: ✓ bradicinesia (e pelo menos um dos sintomas doença de Parkinson segundo os critérios do abaixo) Banco de Cérebros da Sociedade de Parkinson do ✓ rigidez muscular Reino Unido ✓ tremor de repouso (4-6 Hz) ✓ instabilidade postural não causada por distúrbios visuais, vestibulares, cerebelares ou proprioceptivos. Possui algum • Critérios de suporte positivo para diagnóstico de doença de Parkinson (necessários no Sim critério de Não mínimo 3): exclusão? ✓ início unilateral ✓ tremor de repouso ✓ doença progressiva Exclusão do ✓ persistência da assimetria dos sintomas PCDT ✓ boa resposta a levodopa ✓ discinesias induzidas por levodopa ✓ resposta a levodopa por 5 anos ou mais ✓ evolução clínica de 10 anos ou mais Avaliação clínica incluindo severidade dos sintomas • Critérios negativos (excludentes) para doença de Parkinson: e prejuízo funcional. ✓ história de AVC de repetição ✓ história de trauma craniano grave ✓ história definida de encefalite ✓ crises oculogíricas ✓ tratamento prévio com neurolépticos Possui sintomas ✓ remissão espontânea dos sintomas moderados a graves ✓ quadro clínico estritamente unilateral após e prejuízo funcional? 3 anos ✓ paralisia supranuclear do olhar Não Sim ✓ sinais cerebelares ✓ sinais autonômicos precoces ✓ demência precoce ✓ liberação piramidal com sinal de Babinski ✓ tumor cerebral ou hidrocefalia comunicante ✓ resposta negativa a altas doses de levodopa Tratamento com ✓ exposição a metilfeniltetraperidínio Tratamento com selegilina ou ✓ paciente com contraindicação ou levodopa ou intolerância aos medicamentos amantadina ou agonistas especificados anticolinérgicos ou dopaminérgicos levodopa Paciente em tratamento Paciente em tratamento com levodopa sem com levodopa com controle adequado complicações motoras Associar agonistas Realizar tratamento dopaminérgicos ou com agonistas inibidores da COMT. dopaminérgicos, inibidores da COMT ou amantadina. 226
  • 227. Doença de Parkinson Fluxograma de Dispensação de Bromocriptina, Pramipexol, Amantadina, Triexifenidil, Selegilina, Tolcapona e Entacapona Fluxograma de Dispensação de Bromocriptina, Pramipexol, Doença de Parkinson Amantadina, Triexifenidil, Selegilina, Tolcapona e Entacapona Doença de Parkinson Paciente solicita o medicamento. CID-10: G20 Dose: ✓ bromocriptina: 7,5-70 mg/dia Possui LME corretamente ✓ pramipexol: 2-4,5 mg/dia ✓ amantadina: 200-400 mg/dia preenchido e demais ✓ biperideno e triexifenidil: 0,5-15 mg/dia documentos exigidos? ✓ selegilina: 5-10 mg/dia Não Sim ✓ tolcapona: 300-600 mg/dia ✓ entacapona: 800 mg-2.000 mg/dia Orientar o paciente. CID-10 e dose estão de Não acordo com o preconizado Sim pelo PCDT? Encaminhar o Realizar entrevista paciente ao farmacoterapêutica inicial médico assistente. com o farmacêutico. Processo Sim Não deferido? Não dispensar e Orientar o justificar ao paciente. Exames necessários para dispensação/ paciente. monitorização: ✓ monitorização clínica, com avaliação dos efeitos adversos para cada medicamento ✓ para tolcapona: TGO e TGP. Periodicidade: a critério médico Dispensação a cada mês de tratamento Doença de Parkinson Entrevista farmacoterapêutica de monitorização Paciente apresentou eventos Sim Não adversos significativos? Dispensar e solicitar parecer do médico Dispensar. assistente. 227
  • 228. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Doença de Parkinson 1 Dados do Paciente Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN: _____/ _____/ ______ Idade: ______Peso: _____ Altura: ______ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 Avaliação Farmacoterapêutica 2.1 Apresenta Parkinson-plus? (coletar informação no LME) o não o sim g O tratamento deve ser realizado com levodopa/carbidopa ou levodopa/benserazida, se responsivos 2.2 Com que idade foi feito o diagnóstico? ______________________________________________________ 2.3 Quais os medicamentos já utilizados para o tratamento?_________________________________________ _________________________________________________________________________________________ 2.4 Possui outras doenças diagnosticadas? o não o sim g Quais? ________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ 2.5 Faz uso de outros medicamentos? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim 2.6 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não o sim g Quais? A que medicamentos? ______________________________________________________ 3 Monitorização do Tratamento 3.1 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.2 3.2 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente 228
  • 229. Doença de Parkinson TABELA DE REGISTRO DE EVENTOS ADVERSOS Data da Evento adverso *Intensidade q Conduta entrevista Observar as reações adversas já relatadas de acordo com o medicamento utilizado * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever) Doença de Parkinson 229
  • 230. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 230
  • 231. Doença de Parkinson Guia de Orientação ao Paciente Bromocriptina, Pramipexol, Amantadina, Triexifenidil, Selegilina, Tolcapona e Entacapona este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. o medicamento é utilizado no tratamento de doença de parkinson. 1 Doença • Parkinson é uma doença neurológica, sem causa definida, que raramente ocorre antes dos 50 anos e que evolui lentamente levando à incapacidade física e mental. • A doença de Parkinson pode causar tremores durante o repouso, rigidez nos músculos, diminuição da mobilidade, dificuldade no equilíbrio, alterações emocionais (depressão, ansiedade) e demência. 2 Medicamento • Este medicamento melhora os sintomas de incapacidade física e a qualidade de vida. 3 Guarda do medicamento • Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura (cozinha e banheiro). • Conserve o medicamento na embalagem original. 4 administração do medicamento • Tome as cápsulas (sem mastigar ou abrir) com ajuda de um líquido. Tome exatamente a dose que o médico indicou, estabelecendo um mesmo horário todos os dias. • Em caso de esquecimento de uma dose, tome-a assim que lembrar. Não tome a dose em dobro para compensar a que foi esquecida. 5 Reações desagradáveis • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, tais como náuseas, vômitos, perda de apetite, sonolência ou falta de sono, tontura, dor de cabeça, queda de cabelo, boca seca, urina escura, diarreia ou prisão de ventre. • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Doença de Parkinson Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 Uso de outros medicamentos • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. 7 Para seguir recebendo o medicamento • Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos: − Receita médica atual − Cartão Nacional de Saúde ou RG 8 Em caso de dúvida • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 231
  • 232. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 9 Outras informações importantes • Não faça uso de bebidas alcoólicas durante o tratamento, pois reações desagradáveis podem acontecer, principalmente com o uso da bromocriptina. • Quando estiver sentado ou deitado, procure não levantar rapidamente para evitar tonturas. • Caso seja necessário interromper o uso do medicamento, isto deve ser feito de maneira gradual, sob orientação médica. 10 Outras informações _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. 232
  • 233. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Doença Falciforme Portaria SAS/MS no 55, de 29 de janeiro de 2010. 1 metodologia de busca da literatura ara a análise de eficácia do tratamento específico para doença falciforme atualmente registrado na P Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e, portanto, disponível para utilização e comercialização no Brasil, foram realizadas buscas nas bases descritas abaixo até 30/08/2009. a base Medline/Pubmed: N • “hydroxyurea” [Substance Name] AND “hemoglobin, sickle” [Mesh] limitadas a “humans, meta-analysis, randomized controlled trial, review, journal article”. Na base Scielo: • “hidroxiureia” e “doença falciforme”, limitadas a artigos originais. 2 Introdução Doença falciforme (DF) é uma condição genética autossômica recessiva resultante de defeitos na estrutura da hemoglobina (Hb) associados ou não a defeitos em sua síntese1,2. As hemoglobinopatias decorrentes de defeitos na estrutura da Hb são mais frequentes em povos africanos, e as talassemias causadas por defeitos na síntese, em povos do Mediterrâneo, da Ásia e da China1,2. Apesar desta predileção étnica, a DF está presente em todos os continentes como consequência das migrações populacionais1-5. No Brasil, que reconhecidamente apresenta uma das populações de maior heterogeneidade genética do mundo6, a maior prevalência da doença ocorre nas regiões Norte e Nordeste7. Indivíduos com DF obrigatoriamente herdam uma mutação materna e outra paterna. As mutações herdadas podem encontrar-se em estado homozigótico (SS), único genótipo que pode ser denominado “anemia” falciforme4,5, ou heterozigótico composto, ou seja, a doença é causada pela herança de HbS em combinação com outro defeito (estrutural ou de síntese) na Hb (SC, SD, SE, S betatalassemia, S alfatalassemia ou S mut rara). A maioria dos genitores de crianças com DF são heterozigotos simples, ou seja, apresentam um gene da HbA (normal) associado a um gene de Hb variante1-5. Não é incomum a identificação de DF em um dos pais durante a investigação familiar suscitada pelo nascimento de um filho diagnosticado através de triagem neonatal (teste do pezinho) para a doença8-10. A heterogeneidade mutacional e outras características genéticas do indivíduo relacionadas a fatores ambientais e sociais são responsáveis por um amplo espectro de manifestações e complicações clínicas de DF1,4,8, fato relevante que deve ser levado em consideração durante o complexo aconselhamento genético10, bem como durante o tratamento e o acompanhamento clínico dos pacientes e de suas famílias. O reconhecimento de que a DF é prevalente no Brasil6,7 foi determinante para a instituição da Política Nacional de Atenção à Doença Falciforme (PNADF) do Ministério da Saúde11. Estima-se que 4% da população brasileira tenha o traço falciforme (heterozigose simples) e que 25.000-50.000 pessoas tenham a doença em estado homozigótico (SS – anemia falciforme) ou na condição de heterozigotos compostos (SC, SD, SE, S betatalassemia – doença falciforme)7. A HbS na forma desoxigenada perde sua complexa estrutura quaternária e adquire uma estrutura primária (polimerização hemoglobínica). A partir da polimerização, a HbS torna-se insolúvel, alterando a forma eritrocitária (que normalmente é um disco bicôncavo) para uma estrutura que lembra uma foice: fenômeno da eritrofalciformação. Os eritrócitos falciformados são fagocitados prematuramente pelo sistema monocítico- Autores: Elizabeth Lemos Silveira, Lúcia Mariano da Rocha Silla, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 233
  • 234. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas macrofágico, ocasionando anemia hemolítica crônica, geralmente de importante magnitude12. A hemólise, por uma via metabólica complexa, compromete o metabolismo do óxido nítrico, o que ocasiona vasculopatia proliferativa. Há alterações endoteliais que geram um estado inflamatório crônico. O endotélio lesado expõe o fator tecidual que desencadeia a cascata da coagulação e libera multímeros de von Willebrand. Ainda, na DF com a expressão anômala de moléculas de adesão, há maior interação entre os elementos celulares sanguíneos e o endotélio vascular13-15. Portanto, os pilares fisiopatogênicos da vasoclusão na DF são o fenômeno da eritrofalciformação, a maior interação entre células endoteliais, leucócitos e plaquetas, a vasculopatia proliferativa, o estado inflamatório crônico e a hipercoagulabilidade12-15. A PNADF tem por objetivo diminuir a alta taxa de morbimortalidade de DF11, caracterizada por anemia hemolítica crônica e por eventos agudos e potencialmente letais: crises vasoclusivas e síndrome torácica12. Por isso, o diagnóstico precoce através da triagem neonatal e o uso de imunobiológicos especiais e de antibioticoprofilaxia são fundamentais para a saúde dos portadores da doença16. A identificação dos pacientes antes do início sintomatológico visa a diminuir os episódios vasoclusivos, também denominados crises falcêmicas4,16. Nestas crises, pode haver dor intensa, lesões isquêmicas teciduais e danos em todos os órgãos e sistemas (cérebro, coração, fígado, rins, pele, olhos, esqueleto e pulmões)17-20. A maioria dos desfechos fatais é precedida de episódios agudos, como, por exemplo, síndrome torácica aguda3,12,21-32. Em 1994, um estudo norte-americano multicêntrico, denominado Cooperative Study of Sickle Cell Disease (CSSCD)23, observou que a sobrevida mediana dos homens com DF era de 42 anos, e a das mulheres, de 48 anos. Constatou também que pacientes com DF com valores de Hb fetal (HbF) > 8% sobreviviam mais do que aqueles com um valor abaixo deste ponto de corte19. A hidroxiureia (HU) apresenta um efeito citotóxico que, ao inibir a enzima ribonucleotídeo redutase, produz vários efeitos benéficos nos pacientes com DF, tais como aumento da produção de HbF, da hidratação de glóbulos vermelhos e da taxa hemoglobínica, maior produção de óxido nítrico e diminuição da expressão de moléculas de adesão. Até o momento, ela é considerada a terapia farmacológica de maior sucesso para DF24-32. Observação por 9 anos levou Steinberg e cols22 a concluírem que a HU deve ser usada indefinidamente pelos pacientes que dela necessitam. Além disto, as chances de o fármaco produzir efeitos indesejáveis são muito menores do que as chances de os indivíduos apresentarem desfechos fatais em decorrência da doença21-33. O uso da HU diminuiu em 40% o risco de óbito por DF17,18, baixou de 4,5 para 2,5 o número anual de episódios álgicos agudos em adultos e reduziu em cerca de 50% as necessidades transfusionais e o número de episódios de síndrome torácica aguda22,24. A prescrição de HU para a população pediátrica tem demonstrado claros benefícios, e o medicamento parece ser bem tolerado27-32, podendo prevenir tanto infarto esplênico quanto manifestações neurológicas (convulsões, paralisias, distúrbios da fala, cegueira transitória e alterações da consciência)16,27-32. A principal desvantagem relacionada ao uso de HU consiste na necessidade de monitoramento frequente dos efeitos citotóxicos do fármaco. O potencial teratogênico e carcinogênico do fármaco tem um peso maior no momento da prescrição para crianças16,20,33-34. Outra desvantagem para a população infantil é a ausência da forma farmacêutica líquida do fármaco29. A complexidade da doença e dos cuidados necessários durante o tratamento suscitou a normatização da dispensação da HU em centros de referência e a criação, em 2002, deste protocolo clínico35. 3 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • D56.1 Talassemia beta • D56.8 Outras talassemias • D57.0 Anemia falciforme com crise • D57.1 Anemia falciforme sem crise • D57.2 Transtornos falciformes heterozigóticos duplos 4 Diagnóstico Tanto eletroforese por focalização isoelétrica (IEF) quanto cromatografia líquida de alta resolução (HPLC) podem ser utilizadas para o diagnóstico de DF. Se HPLC tiver sido o método escolhido pelo programa de triagem 234
  • 235. Doença Falciforme neonatal, os casos alterados deverão ser confirmados por IEF e igualmente reportados36. 5 Critérios de inclusão Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que preencherem todos os critérios abaixo: • idade > 3 anos; • possibilidade de comparecimento às consultas e de realização de exames laboratoriais periódicos; • teste de gravidez (beta-hCG sérico) negativo para mulheres em idade reprodutiva; • comprometimento de mulheres em idade reprodutiva em usar método anticoncepcional com eficácia confirmada durante a terapia com HU. Serão também incluídos os que preencherem pelo menos um dos seguintes critérios nos últimos 12 meses: • 3 ou mais episódios álgicos agudos com necessidade de atendimento médico hospitalar ou comprovada incapacidade produtiva (escola/trabalho); • mais de um episódio de síndrome torácica aguda (STA), definida como presença de infiltrado pulmonar recente, não atelectásico, envolvendo pelo menos um segmento pulmonar completo, acompanhado de dor torácica, temperatura superior a 38,5 ºC, taquipneia, sibilos ou tosse em paciente com DF3; ou 1 episódio de STA com necessidade de O2 ou transfusão sanguínea ou 1 episódio de STA com necessidade de internação em unidade de tratamento intensivo; • hipoxemia crônica – saturação de oxigênio persistentemente < 94%, medida em 2 visitas clínicas consecutivas fora de evento agudo e afastada a possibilidade de obstrução adenoidal/amigdaliana em crianças; • outras situações em que haja comprovação de lesão crônica de órgão (priapismo, necrose óssea, retinopatia proliferativa, entre outras); • concentração de Hb < 7g/dl (média de 3 valores fora de evento agudo); • concentração de HbF < 8% após 2 anos de idade; • leucocitose > 20.000/mm3 (média de 3 valores fora de evento agudo); • desidrogenase láctica (DHL) 2 vezes acima do valor de referência para a idade; • alterações ao eco-Doppler transcraniano (> 200 cm/s com impossibilidade de regime transfusional crônico). 6 Critérios de exclusão Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes com as seguintes condições: • hipersensibilidade à HU; • níveis basais inaceitáveis para o início do tratamento (Tabela 1) – contagem de neutrófilos < 2.500mm3, de plaquetas < 95.000/mm3, de reticulócitos < 95.000/mm3 e de hemoglobina < 4,5g/dl; Doença Falciforme • gravidez – o uso de HU deve ser descontinuado por 3 a 6 meses antes da gravidez por possíveis efeitos teratogênicos do fármaco37; • amamentação – como a HU é excretada através do leite materno, cabe decidir pela interrupção do aleitamento ou pela suspensão do uso do fármaco, levando-se em consideração a importância do tratamento para a mãe; • sorologia positiva para HIV – o uso concomitante de HU e antirretrovirais aumenta o risco de neuropatia periférica, pancreatite e insuficiência hepática, razão pela qual a associação destes medicamentos está contraindicada. 7 Casos especiais Devido aos possíveis efeitos teratogênicos e carcinogênicos da HU, a instituição de medidas terapêuticas para crianças com menos de 3 anos de idade deve ser criteriosamente analisada, levando- 235
  • 236. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas se em consideração o risco de morbimortalidade da doença. Pelo menos um dos seguintes fatores deve estar presente: • dactilite (antes do primeiro ano de vida); • concentração de Hb < 7g/dl (média de 3 valores fora de evento agudo); • contagem de leucócitos > 20.000/mm3 (média de 3 valores fora de evento agudo). 8 Centro de Referência Conforme já definido na Portaria GM/MS no 822, de 06 de junho de 200136, em consonância com o Programa Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme (Portaria no 1.018/GM, de 1o de julho de 2005)38 e com a Política Nacional de Atenção às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias (Portaria no 1.391/GM, de 16 de agosto de 2005)11, os Programas Estaduais de Triagem Neonatal em Fase II são os responsáveis pela triagem neonatal da DF e pela promoção da saúde das pessoas com esta doença. A regulamentação do Sistema Único de Saúde, publicada no Diário Oficial da União, de 04 de setembro de 200939, estabelece que pacientes com DF terão primeiramente acompanhamento multidisciplinar em triagem neonatal (AMTN) com médico pediatra, psicólogo e assistente social. As famílias deverão receber orientação sobre o diagnóstico e o tratamento e ser encaminhadas para aconselhamento genético. A continuidade do atendimento deverá seguir o protocolo clínico e as diretrizes terapêuticas para tratamento da DF em centros de referência. 9 Tratamento 9.1 Fármaco • Hidroxiureia (HU): cápsulas em gel sólido com 500 mg do princípio ativo Para a manipulação da preparação líquida para crianças, recomenda-se dissolver a cápsula de 500 mg de HU em 10 ml de água destilada, obtendo a concentração de 50 mg/ml, o que facilita a administração da dose correta por quilograma de peso32. A estabilidade química e funcional do fármaco é mantida por aproximadamente 6 meses em temperatura ambiente40. Por tratar-se de um fármaco citotóxico, é altamente recomendável que sejam seguidas as boas práticas de manipulação de preparações magistrais e oficinais41. 9.2 Esquema de administração Dose inicial: 15 mg/kg/dia, por via oral, em dose única. Para o cálculo da dose, utiliza-se o peso real ou o ideal, aquele que for menor. Dose máxima tolerada (DMT): A DMT não deve ser > 35 mg/kg/dia19,24-30. Ela é definida como a maior dose capaz de promover a melhora mais proeminente no curso clínico e laboratorial da doença, sem a ocorrência de toxicidade hematológica, conforme a Tabela 124. Conduta durante a ocorrência de toxicidade: A HU deve ser descontinuada até a recuperação hematológica, renal, hepática ou gastrointestinal24. A dose de reinício da terapêutica é 5 mg/kg menor do que a dose que estava sendo utilizada quando ocorreu a intoxicação, seguindo os mesmos critérios de controle até a dose máxima tolerada para cada caso específico, que poderá ser de 20, 25 ou 35 mg/kg/dia22,24. 9.3 Tempo de tratamento – critérios de interrupção O tratamento deve ter duração de pelo menos 2 anos e ser mantido por tempo indeterminado de acordo com a resposta clínica e laboratorial. É importante lembrar que cerca de 25% das pessoas não apresentam resposta satisfatória à HU, condição que determina a suspensão do tratamento. 9.4 Benefícios esperados • Abolição ou diminuição dos episódios de dor • Aumento da produção de HbF • Aumento, mesmo que discreto, da concentração total da Hb • Diminuição dos episódios de síndrome torácica aguda • Diminuição do número de hospitalizações • Diminuição do número de transfusões sanguíneas 236
  • 237. Doença Falciforme • Regressão ou estabilização de danos em órgãos ou tecidos • Melhora do bem-estar e da qualidade de vida e maior sobrevida 10 MONITORIZAÇÃO Devem ser realizados os seguintes exames basais (antes do início do tratamento): • hemograma com contagem de plaquetas e reticulócitos para avaliar a possibilidade de inclusão do paciente neste protocolo e a toxicidade da HU; • eletroforese de Hb com dosagem de HbF para avaliar os possíveis efeitos benéficos do tratamento; • sorologias para hepatites B e C e para HIV; • dosagem sérica de transaminases (AST, ALT) e creatinina; • dosagem de ácido úrico; • beta-hCG sérico. Para monitorização laboratorial, devem ser realizados: • hemograma completo e contagem de reticulócitos (ver Tabela 1) − até a dose de manutenção: a cada 2 semanas − após a dose de manutenção: a cada 4 semanas • creatinina e transaminases (AST e ALT) (consideram-se toxicidade renal quando a dosagem de creatinina é > 50% do valor basal e toxicidade hepática quando o valor de ALT é duas vezes maior do que o limite superior) − até a dose de manutenção: a cada 4 semanas − após a dose de manutenção: a cada 12 semanas • hemoglobina fetal (ver Tabela 1) − até a dose de manutenção: a cada 8 semanas − após a dose de manutenção: a cada 24 semanas Devido aos possíveis efeitos adversos, a relação entre risco e benefício deve ser cuidadosamente avaliada nos seguintes casos: • uricosúria − o uso de HU pode aumentar os níveis séricos de ácido úrico. Níveis basais acima do limite normal devem ser monitorizados mensalmente; • ácido fólico − o uso de HU produz macrocitose, dificultando a suspeita laboratorial de deficiência de ácido fólico. Desta forma, é recomendado o emprego profilático concomitante de 5 mg/dia de ácido fólico, 3 vezes por semana. Cabe ressaltar que a deficiência de ácido fólico aumenta o risco de defeitos congênitos, especialmente fechamento do tubo neural; • interações medicamentosas − não há estudos adequados sobre interação entre HU e outros fármacos. Portanto, seu uso concomitante com outros medicamentos, principalmente com os que também podem produzir depressão da medula óssea, deve ser cuidadosamente monitorizado; • sorologia positiva para HIV − a associação de HU com os antirretrovirais didanosina e estavudina está contraindicada; • sorologia positiva para hepatites B e C − as provas de função hepática devem ser Doença Falciforme monitorizadas mensalmente durante o uso da HU. No caso de insuficiência hepática, não há recomendação de ajuste da dose. O uso de HU pode diminuir os efeitos colaterais provocados por fármacos antivirais usados no tratamento das hepatites42; • insuficiência renal − embora poucos estudos tenham avaliado o uso de HU em pacientes com insuficiência renal, recomenda-se o ajuste da dose conforme o valor de depuração da creatinina: de 10-50 ml/min, administrar 50% da dose; < 10 ml/min, administrar 20% da dose. É recomendável a avaliação em conjunto com o nefrologista. Pacientes em hemodiálise devem receber HU após o procedimento; • medidas antropométricas − peso, altura e perímetro cefálico das crianças devem ser monitorizados a cada 2 semanas durante os 2 primeiros meses de tratamento ou enquanto a dose estiver sendo ajustada. Quando a criança estiver fazendo uso da dose de manutenção, a monitorização deve ser feita a cada mês. De acordo com Tompson e cols.21, crianças com 237
  • 238. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas idade entre 9 e 17 meses devem realizar testes de desenvolvimento neuropsicomotor, pois dados não publicados de pesquisas em animais sugerem que HU pode provocar um efeito deletério no crescimento e no desenvolvimento cerebral. Todos os eventos adversos relacionados ao uso de HU devem ser valorizados43, pois podem contribuir para uma má adesão ao tratamento. O emprego de HU pode ser mantido na vigência de efeito adverso leve desde que haja acompanhamento regular de um especialista, porém a ocorrência de efeito adverso moderado ou grave exige suspensão do uso passível de reintrodução na dependência do dano causado e da vontade do usuário. Já foram relatados os seguintes eventos adversos: • neurológicos − letargia, cefaleia, tonturas, desorientação e alucinações (raramente); • gastrointestinais − estomatite, anorexia, náuseas, vômitos, diarreia e constipação; • dermatológicos − erupção maculopapular, eritema facial e periférico, alopecia, hiperpigmentação dos anexos (pele e unhas), pele seca, ulceração da pele ou agravamento de úlcera já existente. Úlcera isquêmica é um possível efeito adverso do uso crônico de HU. Para pacientes com história prévia ou atual de úlcera isquêmica, não há contraindicação formal; entretanto, em caso de aparecimento de úlcera isquêmica sem história anterior desta complicação, a suspensão do fármaco deve ser considerada44; • renais − elevação dos níveis séricos de ureia e creatinina; • hepático − elevação das aminotransferases; • reprodutivos − oligospermia, azoospermia, efeito teratogênico fetal; • hematológicos − mielotoxicidade e hiperesplenismo em crianças; • outros − edema, febre, calafrios, mal-estar, astenia. A Tabela 1 apresenta a dose diária de hidroxiureia de acordo com a contagem de neutrófilos, de plaquetas, de reticulócitos e o nível da hemoglobina. Tabela 1 - Ajuste da Dose Diária de Hidroxiureia* Contagens Celulares e Nível da Hemoglobina muito baixos baixos aceitáveis toxicidade hematológica ponto de corte para o ajuste da dose (suspender o tratamento (manutenção da (início, reinício ou até que contagens celulares dose utilizada no aumento da dose até a aceitáveis sejam atingidas) momento) dose máxima tolerada) Neutrófilos (mm³) < 2.000 2.000 - 2.500 > 2.500 Plaquetas (mm³) < 80.000 80.000 - 95.000 > 95.000 Reticulócitos (mm³)** < 80.000 80.000 - 95.000 > 95.000 Hemoglobina (g/dl) < 4,5 4,5 - 5,3 4,5 - 5,3 * daptada de Platt OS. NEJM 2008; 358: 1362-9 A ** Contagem de reticulócitos se faz necessária até que a Hb atinja um valor > 9 g/dl 11 Regulação/controle/avaliação pelo gestor Recomenda-se que os indivíduos de qualquer idade com diagnóstico de DF sejam acompanhados em Centro de Referência para doença falciforme por facilitar o tratamento, o manejo das doses e o controle de efeitos adversos. O Centro de Referência que contar com farmacêutico poderá dispensar HU diretamente para o paciente. 12 Termo de Esclarecimento e Responsabilidade – TER É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 238
  • 239. Doença Falciforme 13 Referências Bibliográficas 1. Weatherall DJ, Clegg JB. Inherited haemoglobin disorders: a increasing global health problem. Bull World Health Organ. 2001;79(8):704-12. Epub 2001 Oct 24. 2. Weatherall D, Akimyanju O, Fucharoen S, Olivieri N, Musgrove P. Inherited disorders of hemoglobin. In: Jamison DT, Mosley WH, Measham AR, Bobadilla JL, editors. Disease control priorities in developing countries. 2nd Ed. Oxford: Oxford University Press; 2006. p. 663-80. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih. gov/bookshelf/picrender.fcgi?book=dcp2&part=A10761&blobtype=pdf. 3. Platt OS. The acute chest syndrome of sickle cell disease [editorial]. New England J Med. 2000;342(25): 1904-7. 4. Zago MA, Pinto ACS. Fisiopatologia das doenças falciformes: da mutação genética à insuficência de múltiplos órgãos. Rev Bras Hematol Hemoter. 2007;29(3):207-14. 5. Schechter AN. Hemoglobin research and the origins of molecular medicine. Blood. 2008;112(10):3927-38. 6. Parra FC, Amado RC, Lambertucci JR, Rocha J, Antunes CM, Pena SD. Color and genomic ancestry in Brazilians. Proc Natl Acad Sci U S A. 2003;100(1):177-82. Epub 2002 Dec 30. 7. Cançado RD, Jesus JA. A doença falciforme no Brasil. Rev Bras Hematol Hemoter. 2007;29(3):204-6. 8. de Paiva e Silva RB, Ramalho AS, Cassorla RMS. A anemia falciforme como problema de Saúde Pública no Brasil. Rev Saude Publica. 1993;27(1):54-8. 9. Silla LMR. Doença falciforme: um grave e desconhecido problema de saúde pública no Brasil. J Pediatr (Rio J). 1999;75(3):145-6. 10. Guedes C, Diniz D. Um caso de discriminação genética: o traço falciforme no Brasil. Physis [online]. 2007;17(3):501-20. 11. Ministério da Saúde, Brasil. Portaria nº 1.391/GM de 16 de agosto de 2005. Brasília: Ministério da Saúde; 2005 [citado 20 Ago 2009]. Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2005/GM/GM- 1391.htm. 12. Gladwin MR, Vichinsky E. Pulmonary complications of sickle cell disease. N Engl J Med. 2008;359(21): 2254-65. 13. Wood KC, Granger DN. Sickle cell disease: role of reactive oxygen and nitrogen metabolites. Clin Exp Pharmacol Physiol. 2007;34(9):926-32. 14. Hebbel RP, Osarogiagbon R, Kaul D. The endothelial biology of sickle cell disease: inflammation and a chronic vasculopathy. Microcirculation. 2004;11(2):129-51. 15. Kato GJ, Gladwin MT, Steinberg MH. Deconstructing sickle cell disease: reappraisal of the role of hemolysis in the development of clinical subphenotypes. Blood Rev. 2007;21(1):37-47. Epub 2006 Nov 7. 16. Vichinsky E, Hurst D, Earles A, Kleman K, Lubin B. Newborn screening for sickle cell disease: effect on mortality. Pediatrics. 1988;81(6):749-55. 17. Strouse JJ, Lanzkron S, Beach MC, Haywood C, Park H Witkop C, et al. Hydroxyurea for sickle cell disease: a systematic review for efficacy and toxicity in children. Pediatrics. 2008;122(6):1332-42. 18. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Manual de diagnóstico e tratamento de doenças falciformes. Brasília: Ministério da Saúde; 2002 [citado 11 Mai 2010]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov. br/bvs/publicacoes/anvisa/diagnostico.pdf. 19. Platt OS, Brambilla DJ, Rosse WF, Milner PF, Castro O, Steinberg MH, et al. Mortality in sickle cell disease. Doença Falciforme Life expectancy and risk factors for early death. N Engl J Med. 1994;330(23):1639-44. 20. Hankins JS, Ware RE, Rogers ZR, Wynn LW, Lane PA, Scott JP, et al. Long-term hydroxyurea therapy for infants with sickle cell anemia: the HUSOFT extension study. Blood. 2005;106(7):2269-75. 21. Thompson BW, Miller ST, Rogers ZR, Rees RC, Ware RE, Waclawiw MA, et al. The pediatric hydroxyurea phase III clinical trial (BABY HUG): challenges of study design. Pediatr Blood Cancer. 2010;54(2):250-5. 22. Steinberg MH, Barton F, Castro O, Pegelow CH, Balas SK, Kutlar A, et al. Effect of hydroxyurea on mortality and morbidity in adult sickle cell anemia: risks and benefits up to 9 years of treatment. JAMA. 2003;289(13): 1645-51. 23. Charache S, Terrin ML, Moore RD, Dover GJ Barton FB, Eckert SV, et al. Effect of hydroxyurea on the frequency of painful crises in sickle cell anemia. Investigators of the Multicenter Study of Hydroxyurea in Sickle Cell Anemia. N Engl J Med. 1995;332(20):1317-22 24. Platt OS. Hydroxyurea for the treatment of sickle cell anemia. N Engl J Med. 2008;358(13):1362-9. 239
  • 240. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 25. Vicari P, Barretto de Mello A, Figueiredo MS. Effects of hydroxyurea in a population of Brazilian patients with sickle cell anemia. Am J Hematol. 2005;78(3):243-4. 26. Lanzkron S, Strouse JJ, Wilson R, Beach MC, Haywood C, Park, et al. Systematic Review: hydroxyurea for the treatment of adults with sickle cell disease. Ann Inter Med. 2008;148(12):939-55. Epub 2008 May 5. 27. Zimmerman SA, Schultz WH, Davis JS, Pickens CV, Mortier NA, Howard TA, et al. Sustained long-term hematologic efficacy of hydroxyurea at maximum tolerated dose in children with sickle cell disease. Blood. 2004;103(6):2039-45. Epub 2003 Nov 20. 28. Zimmerman SA, Schultz WH, Burgett S et al. Hydroxyurea therapy lowers transcranial Doppler flow velocities in children with sickle cell anemia. Blood. 2007;110(3):1043-7. Epub 2007 Apr 11. 29. Ferster A, Tahriri P, Vermylen C, Sturbois G, Corazza F, Fondu P, et al. Five years of experience with hydroxyurea in children and young adults with sickle cell disease. Blood. 2001;97(11):3628-32. 30. de Montalembert M, Brousse V, Elie C, Bernaudin F, Shi J, Landais P, et al. Long-term hydroxyurea treatment in children with sickle cell disease: tolerance and clinical outcomes. Haematologica. 2006;91(1):125-8. 31. Hankins JS, Helton KJ, McCarville MB, Li CS, Wang WC, Ware RE. Preservation of spleen and brain function in children with sickle cell anemia treated with hydroxyurea. Pediatr Blood Cancer. 2008;50(2):293-7. 32. Gulbis B, Haberman D, Dufour D, Christophe C, Vermylen C, Kagambega F, et al. Hydroxyurea for sickle cell disease in children and for prevention of cerebrovascular events: the Belgian experience. Blood. 2005;105(7):2685-90. Epub 2004 Dec 16. 33. Mueller BU. When should hydroxyurea be used for children with sickle cell disease? Pediatrics. 2008;122(6):1365-6. 34. Friedrisch JR, Prá D, Maluf SW, Bittar CM, Mergener M, Pollo T, et al. DNA damage in blood leukocytes of individuals with sickle cell disease treated with hydroxyurea. Muta Res. 2008;649(1-2):213-20. Epub 2007 Sep 29. 35. Ministério da Saúde, Brasil. Portaria SAS/MS nº 872 de 12 de novembro de 2002. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Doença Falciforme – Hidroxiuréia. Brasília: Ministério da Saúde; 2002 [citado 20 Ago 2009]. Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/PORT2002/PT-872.htm. 36. Ministério da Saúde, Brasil. Portaria GM/MS nº 822/GM de 06 de junho de 2001. Brasília: Ministério da Saúde; 2001 [citado 20 Ago 2009]. Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2001/GM/GM-822.htm. 37. Zanette AMD. Gravidez e contracepção na doença falciforme. Rev Bras Hematol Hemoter. 2007;29(3):309-12. 38. Ministério da Saúde, Brasil. Portaria nº 1.018/GM de 1º de Julho de 2005. Brasília: Ministério da Saúde; 2005 [citado 20 Ago 2009]. Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2005/GM/GM-1018.htm. 39. Ministério da Saúde, Brasil. Regulamentação do Sistema Único de Saúde. Portaria nº 2048/GM: Art.187, 188, 322-331. Brasília: Diário Oficial da União; 3 de setembro de 2009 [citado 11 Mai 2010]. Disponível em:http://2009.campinas.sp.gov.br/saude/seus_direitos/pacientes/Port_GM_2048_030909_RegulamentoSUS.pdf. 40. Heeney MM, Whorton MR, Howard TA, Johnson CA, Ware RE. Chemical and functional analysis of hydroxyurea oral solutions. J Pediatr Hematol Oncol. 2004;26(3):179-84. 41. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 67, de 8 de outubro de 2007. Brasília: Ministério da Saúde; 2007 [citado 2010 Mai 11]. Disponível em: http://anvisa.gov.br/legis/resol/2007/ rdc/67_081007rdc.htm. 42. Hassan M, Hasan S, Castro O, Giday S, Banks A, Smoot D. HCV in sickle cell disease. J Natl Med Assoc. 2003;95(9): 872-4. 43. Bandeira FMGC, Peres JC, Carvalho EJ, Bezerra I, Araújo AS, Mello MRB, et al. Hidroxiuréia em pacientes com síndromes falciformes acompanhados no Hospital Hemope, Recife-PE. Rev Bras Hematol Hemoter. 2004;26(3):189-94. 44. Chaine B, Neonato MG, Girot R, Aractingi S. Cutaneous adverse reactions to hydroxyurea in patients with sickle cell disease. Arch Dermatol. 2001;137(4):467-70. 240
  • 241. Doença Falciforme Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Hidroxiureia Eu, _______________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de hidroxiureia, indicada para o tratamento de doença falciforme. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _______________________________________________(nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer as seguintes melhoras: • desaparecimento ou diminuição dos episódios de dor; • aumento da produção de Hb fetal; • aumento, mesmo que pequeno, da concentração total da Hb; • diminuição dos episódios de síndrome torácica aguda; • diminuição do número de hospitalizações; • diminuição do número de transfusões sanguíneas; • regressão ou estabilização de danos em órgãos ou tecidos; • melhora do bem-estar e da qualidade de vida e maior sobrevida. Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento: • diminuição do número de glóbulos brancos (leucopenia e neutropenia), de glóbulos vermelhos (anemia) e de plaquetas; cansaço, dor de cabeça, tonturas, desorientação e alucinações; perda de apetite, náuseas, vômitos, diarreia, prisão de ventre e dor de estômago; elevação de enzimas hepáticas, hepatite medicamentosa; infiltrado pulmonar e fibrose pulmonar; erupções na pele, hiperpigmentação das unhas, queda de cabelos, câncer de pele; perda de função renal, elevação dos níveis sanguíneos de ureia, creatinina e ácido úrico; febre, calafrios, mal-estar; • por atravessar a placenta chegando até a circulação fetal, a hidroxiureia tem um potencial risco de causar defeitos congênitos e até óbito fetal, por isso a gravidez deve ser evitada durante o tratamento. A hidroxiureia pode causar redução da capacidade reprodutiva de homens e mulheres; • por ser excretada através do leite materno, está totalmente contraindicado o uso de hidroxiureia na amamentação. Há duas opções a serem discutidas individualmente: suspensão do aleitamento materno ou suspensão do uso do medicamento, devendo-se levar em consideração os efeitos benéficos do aleitamento e do tratamento para a mãe. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Doença Falciforme Também estou ciente de que o ácido fólico, medicamento complementar ao tratamento, pode ser maléfico à função renal (raramente) e provocar reação alérgica (febre e erupção cutânea). Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao trata­ ento, desde que assegurado o anonimato. m 241
  • 242. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. 242
  • 243. Doença Falciforme Doença Falciforme 243
  • 244. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Doença Falciforme Fluxograma de Tratamento Doença FalciformeHidroxiureia Critérios de inclusão para menores de 3 anos: ✓ dactilite antes do 1º ano de vida ou ✓ hemoglobina < 7 g/dl (média de 3 valores fora de evento agudo) ou Paciente com diagnóstico de ✓ leucócitos > 20.000/mm3 (média de Diagnóstico: clínico 3 valores fora de evento agudo) doença falciforme e laboratorial Critérios de inclusão para maiores de 3 anos: Presença de pelo menos um dos critérios abaixo nos últimos 12 meses: ✓ ≥ 3 episódios álgicos agudos com necessidade de atendimento médico hospitalar ou comprovada incapacidade Possui critérios de produtiva inclusão para ✓ > 1 episódio de síndrome torácica aguda ✓ hipoxemia crônica (SpO2 < 94%, tratamento com avaliada em dois momentos hidroxiureia? diferentes fora de evento agudo) Não Sim ✓ lesões de órgãos crônicas (priapismo, necrose óssea, retinopatia proliferativa, entre outras) ✓ hemoglobina < 7 g/dl (média de 3 valores fora de evento agudo) ✓ leucócitos > 20.000/mm3 (média de 3 valores fora de evento agudo) Exclusão Possui algum critério ✓ desidrogenase láctica acima de duas Sim Não vezes o valor de referência para a idade do PCDT de exclusão? ✓ alterações ao ecodoppler transcraniano (> 200 cm/s comimpossibilidade de regime transfusional crônico) ✓ HbF < 8% após 2 anos de idade Exclusão do PCDT Tratamento com hidroxiureia 15 mg/kg/dia, por via oral, em dose única Critérios de exclusão: ✓ gestação ou ausência de anticoncepção adequada e regular ✓ impossibilidade de manter acompanhamento clínico regular ✓ hipersensibilidade à hidroxiureia ✓ sorologia positiva para HIV Houve resposta ✓ hemoglobina < 4,5 g/dl terapêutica? ✓ plaquetas < 95.000/mm3 ✓ neutrófilos < 2.500/mm3 ✓ reticulócitos < 95.000/mm3 Sim Não Manter o esquema Revisar a adesão ao de tratamento. tratamento e, se necessário, ajustar a dose (até a dose Monitorização laboratorial: ✓ hemograma completo e contagem máxima de 35 mg/kg/dia). de reticulócitos: a cada 2 semanas durante ajuste de dose e a cada 4 semanas após ✓ creatinina, AST/TGO e ALT/TGP: a cada 4 semanas durante ajuste de dose e a cada 12 semanas após ✓ hemoglobina fetal: a cada 8 semanas durante ajuste da dose e a cada 24 semanas após Houve resposta Sim Não terapêutica? 244
  • 245. Doença Falciforme Fluxograma de Dispensação de Hidroxiureia Doença Falciforme Fluxograma de Dispensação de Hidroxiureia Doença Falciforme Paciente solicita o CID-10: D56.1, D56.8, D 57.0, D 57.1, D 57.2 medicamento. Exames: Para < 3 anos: ✓ eletroforese de Hb com HbF ✓ hemograma Para > 3 anos: ✓ hemograma, plaquetas e reticulócitos ✓ ß-HCG (para mulheres em idade fértil) Possui LME corretamente Sim ✓ facultativos: gasometria, eletroforese de Hb Não preenchido e demais com HbF, DHL, eco-Doppler transcraniano documentos exigidos? Dose: 15 mg/kg/dia (dose máxima 35 mg/kg/dia) Orientar o CID-10, exames e dose estão paciente. de acordo com o preconizado Sim Não pelo PCDT? Encaminhar o Realizar entrevista paciente ao médico farmacoterapêutica inicial assistente. com o farmacêutico. Processo Não Sim deferido? Medidas/exames necessários para monitorização: ✓ hemograma, plaquetas, reticulócitos Não dispensar e Periodicidade: até a dose de manutenção, a Orientar o justificar ao cada 2 semanas; após a dose de manutenção, paciente. a cada 4 semanas paciente. ✓ creatinina, AST, ALT Periodicidade: até a dose de manutenção, a cada 4 semanas; após a dose de manutenção, a cada 12 semanas ✓ hemoglobina fetal Periodicidade: até a dose de manutenção, a Dispensação a cada mês de cada 8 semanas; após a dose de manutenção, tratamento a cada 24 semanas ✓ medidas antropométricas Entrevista Periodicidade: a cada 2 semanas durante os farmacoterapêutica de 2 primeiros meses ou enquanto ajuste de dose monitorização Obs. Solicitar dosagem de ácido úrico somente quando níveis basais estiverem acima do limite normal. Periodicidade: a cada 4 semanas Paciente apresentou alteração Sim nos exames não compatível com o curso do tratamento ou Não Doença Falciforme eventos adversos significativos? Dispensar e solicitar parecer do médico Dispensar. assistente. 245
  • 246. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Doença Falciforme 1 Dados do Paciente Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 Avaliação Farmacoterapêutica 2.1 Qual o tipo da doença (coletar informação no LME)? Talassemia beta o Outras talassemias o Anemia falciforme com crise o Anemia falciforme sem crise o Transtornos falciformes heterozigóticos duplos o 2.2 ossui outras doenças diagnosticadas? P não o sim g Quais?________________________________________________________________________ o 2.3 Está grávida ou amamentando? o não o sim g critério de exclusão para uso de hidroxiureia 2.4 Se mulher, encontra-se em idade reprodutiva? o não o sim g encaminhar ao ginecologista para uso de método anticonceptivo adequado 2.5 az uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais? F Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim * O uso concomitante de HU e antirretrovirais aumenta o risco de neuropatia periférica, pancreatite e insuficiência hepática, por isso esta associação está contraindicada. 2.6 á apresentou reações alérgicas a medicamentos? J não o sim g Quais? A que medicamentos? ______________________________________________________ o 2.7 Possui prescrição de ácido fólico? não g Orientar e encaminhar o paciente ao médico assistente (é recomendado o uso profilático de ácido fólico) o sim o 246
  • 247. Doença Falciforme 3 Monitorização do Tratamento Registro dos Exames Laboratoriais Exames Inicial 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês Previsão de data Data HbF XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX Reticulócitos Hemoglobina Leucócitos Neutrófilos Plaquetas ALT XXXXX XXXXX XXXXX XXXXXX XXXXXX AST XXXXX XXXXX XXXXX XXXXXX XXXXXX Creatinina XXXXX XXXXX XXXXX XXXXXX XXXXXX Ácido úrico Beta-hCG Exames 6o mês 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Previsão de data Data HbF XXXXXX XXXXXX XXXXXX XXXXXX XXXXXX XXXXXX Reticulócitos Hemoglobina Leucócitos Neutrófilos Plaquetas ALT XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX AST XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX Creatinina XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX XXXXXXX Ácido úrico Beta hCG Registro das Medidas Antropométricas* (para crianças) 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 8o 9o 10o 11o 12o Inicial mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês Data Peso Altura Perímetro Doença Falciforme cefálico * Solicitar informações por escrito para o médico assistente, com parecer sobre o desenvolvimento ponderoestatural. 3.1 Foi alcançada a dose de manutenção (ver Tabela 1 do PCDT)? g Periodicidade* de solicitação de exames permanece a mesma não g Espaçar solicitação de exames conforme estabelecido no PCDT sim * Periodicidade: • hemograma completo e contagem de reticulócitos: até a dose de manutenção, a cada 2 semanas; após, a cada 4 semanas • creatinina e transaminases (AST, ALT): até a dose de manutenção, a cada 4 semanas; após, a cada 12 semanas • hemoglobina fetal: até a dose de manutenção, a cada 8 semanas; após, a cada 24 semanas 247
  • 248. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 3.2 Apresentou ALT/AST ou creatinina alterados? g Dispensar não g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (quando a creatinina for > 50% do valor sim basal, há toxicidade renal) g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (quando ALT/AST forem duas vezes maior sim do que o limite superior, há toxicidade hepática) 3.3 Apresentou níveis de ácido úrico acima dos valores normais antes do início do tratamento? não g Não requer monitorização mensal de ácido úrico sim g Encaminhar o paciente ao médico assistente (solicitar exame de ácido úrico mensalmente) 3.4 É portador de insuficiência renal? não g Não requer ajuste de dose de hidroxiureia sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (ajuste de dose conforme o valor de depuração da creatinina: 10-50 ml/min, administrar 50% da dose; < 10 ml/min, administrar 20% da dose) 3.5 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.6 3.6 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente Tabela de Registro de Eventos Adversos Data da Evento adverso *Intensidade q Conduta entrevista Principais reações adversas já relatadas: letargia, cefaleia, tonturas, desorientação, alucinações, estomatite, anorexia, perda de peso, náuseas, vômitos, diarreia, constipação, erupção cutânea, eritema facial e periférico, alopecia, hiperpigmentação da pele e das unhas, pele seca, ulceração da pele ou agravamento de úlcera já existente, dor no estômago, edema, febre, calafrios, mal-estar, astenia * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever) 248
  • 249. Doença Falciforme TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações Doença Falciforme 249
  • 250. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Guia de Orientação ao Paciente Hidroxiureia este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. o medicamento é utilizado no tratamento de doença falciforme. 1 Doença • A doença falciforme, que passa dos pais para os filhos, é um tipo de anemia causada por alteração da forma dos glóbulos vermelhos do sangue (forma parecida com uma foice). • Os glóbulos vermelhos alterados podem causar obstrução nos vasos sanguíneos e dificultar a circulação, causando dor no corpo de intensidade variável e, com o tempo, lesões em alguns órgãos. • A pessoa pode se apresentar pálida e com amarelão (o branco do olho fica amarelo). 2 Medicamento • Este medicamento não cura a doença, mas melhora os sintomas e a qualidade de vida e reduz as dores. 3 Guarda do medicamento • Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura (cozinha e banheiro). • Conserve as cápsulas na embalagem original, bem fechada. 4 Administração do medicamento • Tome as cápsulas (sem mastigar ou abrir) junto às refeições, com um copo de água. • Procure tomar o medicamento sempre no mesmo horário estabelecido no início do tratamento. • Tome exatamente a dose que o médico indicou. • Evite contato direto com o pó contido na cápsula, pois pode ser prejudicial à saúde. • Se precisar abrir a cápsula para facilitar a administração do medicamento (no caso de crianças), converse com o farmacêutico sobre a forma mais segura de dissolver em água o pó contido na cápsula. 5 Reações desagradáveis • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, tais como cansaço, dor de cabeça, tonturas, desorientação, alucinações, estomatite, perda de apetite, perda de peso, náuseas, vômitos, diarreia, prisão de ventre, alergias na pele, vermelhidão no corpo e rosto, queda de cabelo, coloração diferente da pele e das unhas, pele seca, dor no estômago, inchaço, febre, calafrios, mal-estar. • Se a dor de estômago for muito forte, comunique-se com o médico ou farmacêutico imediatamente. • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 Para mulheres em idade fértil • A hidroxiureia não pode ser usada durante a gravidez, pois há risco de que o bebê nasça com problemas físicos e/ou mentais. Portanto, é muito importante que a gravidez seja evitada nesse momento. Antes do início do tratamento, procure o ginecologista para o uso correto de métodos contraceptivos. • Antes de começar o tratamento, faça teste de gravidez. 250
  • 251. Doença Falciforme 7 Outras informações importantes • Procure tomar bastante líquido, principalmente água. • Evite dirigir ou operar máquinas pelo menos no início do tratamento, pois podem ocorrer tonturas. • Evite realizar exercícios físicos muito intensos ou nadar em águas muito frias quando for à praia ou à piscina, pois estas atividades podem provocar crises de dor. • Procure ter uma alimentação equilibrada para manter o organismo mais forte. • Não indique ou forneça o medicamento para qualquer outra pessoa. 8 Uso de outros medicamentos • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. • A anemia falciforme não é causada por falta de ferro no organismo, portanto não está indicada a utilização de medicamentos à base de ferro. Não se automedique. 9 Realização dos exames de laboratório • A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento no organismo. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o tratamento. 10 Para seguir recebendo o medicamento • Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos: − Receita médica atual − Cartão Nacional de Saúde ou RG – Exames de laboratório: hemograma, plaquetas, reticulócitos, creatinina, AST, ALT, hemoglobina fetal • Converse com o farmacêutico do SUS para saber que exames devem ser apresentados para o recebimento do medicamento, pois há variação dos exames citados acima a cada mês. 11 Em caso de dúvida • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 12 Outras informações _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Doença Falciforme se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. 251
  • 252. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 252
  • 253. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Endometriose Portaria SAS/MS no 144, de 31 de março de 2010. (Retificada em 27.08.10) 1 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA Da pesquisa realizada no Medline/PubMed, usando-se a estratégia de busca “endometriose” e “terapia medicamentosa”, a partir da Consulta Pública MS de 2003, e restringindo-se a metanálises e ensaios clínicos randomizados (ECR): (“1999” [Publication Date]: “3000” [Publication Date]) AND (“Endometriosis/ drug therapy”[Mesh]), foram encontradas 4 metanálises e 82 ECRs. Como a sintomatologia relacionada à endometriose é dor pélvica e infertilidade e como pacientes somente com infertilidade serão consideradas Casos Especiais, foram incluídos nesta atualização 4 metanálises e 44 ECRs em que pelo menos um dos desfechos avaliados fosse melhora da dor com o tratamento. Foram excluídos 27 estudos nos quais o desfecho avaliado não incluía análise de sintomatologia dolorosa e 12 ECRs em outros idiomas que não inglês, português ou espanhol. 2 INTRODUÇÃO ndometriose é uma doença ginecológica definida pelo desenvolvimento e crescimento de estroma E e glândulas endometriais fora da cavidade uterina, o que resulta numa reação inflamatória crônica1. É diagnosticada quase que exclusivamente em mulheres em idade reprodutiva; mulheres pós-menopáusicas representam somente 2% - 4% de todos os casos submetidos a laparoscopia por suspeita de endometriose2. Como não há correlação entre sintomatologia e grau da doença e como para confirmação diagnóstica é necessária a realização de procedimento invasivo – laparoscopia –, a determinação da prevalência é difícil3,4. Estima-se uma taxa de prevalência em torno de 10%. Em mulheres inférteis, estes valores podem chegar a índices altos (30% - 60%)5. As localizações mais comumente envolvidas são ovários, fundo de saco posterior e anterior, folheto posterior do ligamento largo, ligamentos uterossacros, útero, tubas uterinas, cólon sigmoide, apêndice e ligamentos redondos6. patogênese da endometriose tem sido explicada por diversas teorias que apontam para a A multicausalidade, associando fatores genéticos, anormalidades imunológicas e disfunção endometrial4,6. Na teoria da implantação, o tecido endometrial, por meio da menstruação retrógrada, teria acesso a estruturas pélvicas através das tubas uterinas implantando-se na superfície peritoneal, estabelecendo fluxo sanguíneo e gerando resposta inflamatória7. A teoria da metaplasia celômica propõe que células indiferenciadas do peritônio pélvico teriam capacidade de se diferenciar em tecido endometrial. A teoria do transplante direto explicaria o desenvolvimento de endometriose em episiotomia, em cicatriz de cesariana e em outras cicatrizes cirúrgicas. Disseminação de células ou tecido endometriais através de vasos sanguíneos e linfáticos explicaria as localizações fora da cavidade pélvica. s apresentações clínicas mais comuns são infertilidade e dor pélvica – dismenorreia, dispareunia, dor A pélvica cíclica8,9. Podem ser encontrados sintomas relacionados a localizações atípicas do tecido endometrial – dor pleurítica, hemoptise, cefaleias ou convulsões, lesões dolorosas em cicatrizes cirúrgicas com dor, edema e sangramento local2. O exame físico pouco auxilia no diagnóstico, por não haver achado patognomônico. Dor à palpação de fundo de saco e de ligamentos uterossacros, palpação de nódulos ou massas anexiais, útero ou anexos fixos em posição retrovertida podem ser alguns dos achados ao exame físico1,2. estadiamento mais comumente usado é a classificação revisada da American Society of O Reproductive Medicine (ASRM)10,11 que leva em consideração tamanho, profundidade, localização dos Consultores: Cláudia Vieira Mengarda, João Sabino Cunha Filho, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Edição final: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 253
  • 254. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas implantes endometrióticos e gravidade das aderências. Consiste de 4 estágios: • estágio 1 (doença mínima) – implantes isolados e sem aderências significativas; • estágio 2 (doença leve) – implantes superficiais com menos de 5 cm, sem aderências significativas; • estágio 3 (doença moderada) – múltiplos implantes, aderências peritubárias e periovarianas evidentes; • estágio 4 (doença grave) – múltiplos implantes superficiais e profundos, incluindo endometriomas e aderências densas e firmes. O estágio 4 é o de doença mais extensa. Não há, entretanto, correlação entre o estágio da doença com prognóstico e nível de dor3,4. A dor é influenciada pela profundidade do implante endometriótico e por sua localização em áreas com maior inervação12,13. 3 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • N80.0 Endometriose do útero • N80.1 Endometriose do ovário • N80.2 Endometriose da trompa de Falópio • N80.3 Endometriose do peritônio pélvico • N80.4 Endometriose do septo retovaginal e da vagina • N80.5 Endometriose do intestino • N80.8 Outra endometriose 4 Diagnóstico egundo consenso da European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE) e da American S Society for Reproductive Medicine (ASRM), o padrão-ouro para diagnóstico de endometriose é laparoscopia com inspeção direta da cavidade e visualização dos implantes, não necessitando de biópsia para confirmação histopatológica1,11. Embora alguns autores recomendem que todas as áreas de lesões suspeitas devam ser biopsiadas para correlação histológica, outros mostram que as correlações dos achados laparoscópicos com os histológicos são extremamente altas (97% - 99%)14 não necessitando de comprovação histológica, o que oneraria de maneira desnecessária a investigação das pacientes. A discrepância entre os estudos resulta dos diferentes delineamentos e do número de casos avaliados. Pacientes com peritônio visualmente normal podem ter o diagnóstico descartado15. 5 Critérios de inclusão erão incluídas neste protocolo de tratamento com danazol ou com análogos do GnRH as pacientes que S apresentarem todos os critérios abaixo: • dor pélvica como manifestação clínica a ser tratada; • tratamento prévio por 6 meses com contraceptivos orais ou progestágenos sem resposta ou recidiva de sintomatologia de dor relacionada à endometriose; • comprovação diagnóstica de endometriose por laparoscopia/laparotomia com laudo descritivo seguindo a classificação revisada da ASRM ou com resultado de exame anatomopatológico de biópsia peritoneal. 6 Critérios de exclusão erão excluídas deste protocolo de tratamento as pacientes que apresentarem pelo menos um dos S critérios abaixo: • gravidez (possibilidade de efeitos androgênicos no feto de sexo feminino); • amamentação; • sangramento genital de origem desconhecida (exclusivamente para tratamento com danazol); • disfunção hepática grave (exclusivamente para tratamento com danazol); • hipersensibilidade ao fármaco. 7 Casos Especiais • Uso de danazol por pacientes com porfiria (por causar exacerbações da doença) ou com história de evento tromboembólico 254
  • 255. Endometriose • Uso de anticoncepcionais orais por mulher tabagista com mais de 35 anos de idade (maior risco de tromboembolia) • Indicação de retratamento ou de tratamento por período mais prolongado 8 Tratamento A escolha do tratamento dependerá da gravidade dos sintomas, da extensão e localização da doença, do desejo de engravidar e da idade da paciente. Pode ser medicamentoso, cirúrgico ou, ainda, a combinação de ambos5. A eficácia dos tratamentos tem sido medida por avaliações da melhora da dor e das taxas de fertilidade5. Todos os tratamentos hormonais reduzem a dor atribuída à endometriose quando comparados com placebo e são igualmente efetivos quando comparados entre eles9. O principal foco do tratamento medicamentoso é a manipulação hormonal com intenção de produzir pseudogravidez, pseudomenopausa ou anovulação crônica, criando um ambiente inadequado para o crescimento e a manutenção dos implantes da endometriose4. Para o grupo de mulheres com infertilidade, não se justifica o tratamento hormonal com supressão da ovulação4. Não há indicação de tratamento clínico para pacientes com infertilidade relacionada à endometriose, pois estudos demonstram que nenhum dos medicamentos comumente usados é efetivo16,17. A consulta cirúrgica, com cauterização dos focos, mostrou-se eficaz para o tratamento de infertilidade secundária à endometriose nos estadiamentos 1 e 2. Um estudo multicêntrico que avaliou 241 mulheres inférteis com endometriose mínima a moderada mostrou taxas de gravidez significativamente mais altas no grupo em que foi realizada laparoscopia com ressecção/ablação dos focos de endometriose18. Desta forma, após a cauterização dos focos, este grupo poderá ser submetido ao tratamento da infertilidade. Várias condutas clínicas e cirúrgicas foram testadas até o momento para tratamento da endometriose. Na escolha do tratamento, deve-se levar em conta apresentação clínica – se dor ou infertilidade –, idade e história reprodutiva da paciente e localização e extensão da doença. Para os casos em que a laparoscopia está indicada, devem ser feitas durante o ato cirúrgico excisão e ablação da maior quantidade de focos possível de endometriose19. 8.1 Tratamento Clínico Anticoncepcionais orais (ACO) evem ser considerados no tratamento empírico da endometriose em mulheres com sintomas D e exame físico sugestivos já descartadas outras doenças relacionadas à dor pélvica1. Este tratamento produz retardo na progressão da doença além de proteção no caso de não haver desejo de engravidar20. Em estudo comparando ACO (0,035 mg de etinilestradiol + 1 mg de noretisterona) com placebo21, houve diminuição significativa dos escores de dismenorreia e dor não menstrual avaliados por escala verbal e escala análogo-visual (EAV) em ambos os grupos, no entanto a redução foi significativamente mais alta no grupo ACO (-2) de que no grupo placebo (-0,6). O volume dos endometriomas diminuiu de maneira significativa no grupo ACO, mas não no grupo placebo. Não foram observados efeitos adversos graves no grupo tratamento, mas houve maior incidência de náuseas e sangramento irregular. Um importante potencial viés nesse estudo é que somente 10 mulheres do grupo ACO e 7 do grupo placebo tinham Endometriose diagnóstico laparoscópico. Diagnóstico ultrassonográfico não tem valor para endometriose peritoneal1, podendo ter havido mais pacientes com endometriose peritoneal profunda e permanência de dor no grupo placebo. s ACOs, usados de maneira cíclica, foram comparados com agonistas do GnRH. Os agonistas O foram mais efetivos para o alívio da dismenorreia, mas ACOs e agonistas apresentaram resultados semelhantes em relação à diminuição da dispareunia e ao alívio de dor pélvica não específica22. Um ensaio clínico randomizado que comparou ACOs com goserrelina mostrou que os ACOs obtiveram melhor resposta no controle da dismenorreia e que a goserrelina foi superior na melhora da dispareunia23. Ensaio clínico multicêntrico aberto demonstrou que ambos os tratamentos melhoram dismenorreia e dor pélvica não menstrual, sem diferença de resposta entre eles24. 255
  • 256. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Danazol roduz pseudomenopausa, inibe a liberação de GnRH e o pico de LH25, aumenta os níveis dos androgênios P (testosterona livre) e diminui os de estrogênios (inibe produção de esteroides no ovário com diminuição de produção de estrogênios), o que causa atrofia dos implantes endometrióticos26. Metanálise realizada em 2007 demonstrou diminuição significativa de dor pélvica, dor lombar, dor para evacuar e do escore total de dor em relação ao placebo em 3 e 6 meses de tratamento e também manutenção da melhora por até 6 meses após descontinuação do tratamento26. Nessa metanálise, não houve melhora da dispareunia nas pacientes tratadas com danazol em relação ao placebo. Não foi demonstrada melhora nas taxas de fertilidade. nsaio clínico randomizado avaliando medroxiprogesterona (100 mg/dia) e danazol (600 mg/dia) E mostrou que ambos os medicamentos reduziram de forma semelhante os escores de dor em relação ao placebo, mantendo o efeito até 6 meses após a descontinuação do tratamento4. Estudo comparando danazol (800 mg/dia) e vários análogos do GnRH demonstrou vantagem estatisticamente significativa para o grupo danazol ao avaliar tempo de recorrência após tratamento27. m ensaio clínico aberto, comparando danazol (200 mg, 3 vezes ao dia) e triptorrelina (3,75 mg, de 6 em E 6 semanas), houve diminuição dos escores de dor em ambos os tratamentos, sem diferença significativa entre os grupos. Maior número de pacientes do grupo danazol abandonou o estudo devido aos efeitos adversos, sendo os mais comuns ganho de peso, acne, rouquidão e edema. No grupo triptorrelina, as queixas mais comuns foram sintomas vasomotores, alterações de humor, insônia e pesadelos28. Danazol associou-se a efeitos androgênicos (alguns irreversíveis), alterações lipídicas, dano hepático5, diminuição de volume das mamas, cãibras, aumento do apetite29, acne, edema26. Progestágenos ausam inibição do crescimento do tecido endometriótico diretamente através de decidualização e C atrofia. Também inibem a secreção de gonadotropina hipofisária e produção de hormônios ovarianos. Acetato de medroxiprogesterona (AMP) propicia melhora da dor e resolução dos implantes em comparação com danazol e superior a placebo, com efeitos adversos que se resolvem após a descontinuação do medicamento30. Um estudo comparando AMP (150 mg, por via intramuscular, a cada 90 dias) com ACO de baixa dosagem associado a danazol mostrou que AMP foi melhor na redução da dismenorreia em período de 12 meses de observação e teve o benefício da amenorreia30. nsaio clínico randomizado multicêntrico31, com “avaliador cego”, envolvendo 274 mulheres com E endometriose sintomática, comparando AMP (104 mg, por via subcutânea) com leuprorrelina (11,25 mg, por via intramuscular), demonstrou que AMP obteve melhora equivalente à da leuprorrelina na redução de dismenorreia, dispareunia, dor pélvica e sensibilidade pélvica. Em relação à densitometria óssea (DO), o grupo leuprorrelina mostrou diminuições significativas no fêmur e na coluna vertebral, enquanto o grupo AMP apresentou redução apenas na coluna, em 6 meses. No seguimento de 12 meses, o grupo leuprorrelina continuou com redução significativa à DO do fêmur (-1,3%) e da coluna (-1,7%), enquanto o grupo AMP (104 mg) não demonstrou redução significativa nestes locais (respectivamente 0% e 0,2%). Resultados semelhantes foram encontrados em outro ensaio clínico32 com 300 mulheres com endometriose sintomática em que o uso de AMP (104 mg) ou de leuprorrelina provocou reduções equivalentes em pelo menos 4 categorias de avaliação de dor (p < 0,02) e melhora em escore composto no 6o e no 18o mês. Reduções à DO no fêmur e na coluna no 6o mês foram significativamente menores com AMP (104 mg) em relação a leuprorrelina. Houve retorno da densidade mineral óssea aos níveis pré-tratamento após 12 meses no grupo AMP, mas não no grupo leuprorrelina. A produtividade total melhorou em ambos os grupos no 6o e no 18o mês. nsaio clínico randomizado comparando progestágeno desogestrel (75 mg) com ACO (etinilestradiol E 20 mg + desogestrel 150 mg)33 em uso contínuo por 6 meses, em pacientes com dismenorreia ou dor pélvica após cirurgia conservadora para endometriose, demonstrou melhora tanto da dismenorreia quanto da dor pélvica com ambos os tratamentos. O uso do progestágeno desogestrel foi associado a sangramento de escape em 20% das pacientes; nas usuárias de ACO ocorreu aumento de peso significativo em 15%. Outro ensaio clínico randomizado aberto em mulheres com dor pélvica recorrente após cirurgia conservadora para endometriose em que as lesões de septo retovaginal não foram excisadas, o uso de ACO (etinilestradiol 0,01 mg + acetato de ciproterona 3 mg) ou acetato de noretindrona (2,5 mg/dia, por 12 meses) demonstrou redução semelhante entre os grupos nos escores de dismenorreia, dispareunia profunda e dor não menstrual. 256
  • 257. Endometriose Na análise por intenção de tratar, 62% das pacientes do grupo ACO estavam satisfeitas ou muito satisfeitas após 12 meses de tratamento quando comparadas com 73% do grupo noretindrona34. Análogos do GnRH roporcionam mecanismo de feedback negativo na hipófise, gerando hipogonadismo P hipogonadotrófico que leva a amenorreia e anovulação, de onde se tem o seu efeito terapêutico. Este efeito inibitório é reversível35,36. Não podem ser administrados por via oral por serem imediatamente destruídos pelo processo digestivo, sendo indicado seu uso por via parenteral – subcutâneo, intramuscular, spray nasal ou intravaginal35. Promovem regressão dos implantes e melhora da dor equivalentes às obtidas com danazol, porém com menos efeitos adversos36. Um estudo que avaliou dor e qualidade de vida durante a fase estimulatória do análogo do GnRH demonstrou que, em 2 semanas, os escores da EAV de dor para o grupo tratamento foram maiores. Em 4 semanas, houve melhora significativa da dor no grupo tratado com leuprorrelina. Em relação à qualidade de vida avaliada pelo SF-36 em 4 semanas, não houve diferença significativa entre os grupos37. • Leuprorrelina Comparada contra placebo, mostrou diferença significativa no alívio da dismenorreia, da dor e da sensibilidade pélvica e da dispareunia38,39. Ensaio clínico comparando nafarrelina, leuprorrelina e placebo mostrou que os medicamentos foram melhores do que o placebo no alívio da dor, sem diferença entre os grupo de tratamentos ativos40,41. O tratamento com leuprorrelina (3,75 mg) comparado com o manejo expectante por 3 meses em 89 mulheres com endometriose estágios III e IV sintomáticas não mostrou diferença estatisticamente significativa entre o grupo tratado com GnRH e o grupo controle em relação a taxas de gestação (33% versus 40%), recorrência de dor moderada a grave (23% versus 24%) e recorrência total de dor em 18 meses (23% versus 29%)42. Em estudo aberto comparando acetato de leuprorrelina (3,75 mg, a cada 28 dias) com danazol (200 mg, 3 vezes ao dia, por 24 semanas), houve melhora significativa dos sintomas de endometriose em ambos os tratamentos. Efeitos adversos devido a hipoestrogenismo (fogachos) foram os mais comuns no grupo leuprorrelina, e efeitos anabólicos e androgênicos (ganho de peso e acne) foram os mais frequentes com danazol43. • Gosserrelina Estudo comparando gosserrelina (3,6 mg, por via subcutânea, a cada 28 dias) e danazol (200 mg, 3 vezes ao dia) mostrou que ambos os tratamentos diminuíram de maneira semelhante os escores da AFS (aderências, implantes), sintomas pélvicos e achados do exame físico44-46. A melhora foi observada mesmo após 6 meses45. • Triptorrelina Ensaio clínico randomizado comparando triptorrelina (3,75 mg, por via intramuscular, a cada 28 dias) e placebo demonstrou superioridade do tratamento ativo nas escalas de dor e redução da extensão da endometriose (redução de 50% no grupo triptorrelina comparado a aumento de 17% no grupo placebo)47. Em ensaio clínico randomizado aberto de tamanho amostral pequeno48, não houve Endometriose diferença significativa entre os dois grupos em relação à persistência ou recorrência de dor pélvica avaliada por escala verbal, recorrência de endometrioma ou taxas de gestação. Seguimento de 5 anos nas curvas de recorrência de dor e gestação não indicou diferença significativa entre o grupo tratamento e o intervenção. Quanto à comparação entre os diferentes análogos do GnRH para tratamento da endometriose, são poucos os ensaios clínicos. Os resultados mostraram não haver diferença entre estes fármacos em relação à melhora sintomática das pacientes. Outro ensaio clínico randomizado comparando nafarrelina e leuprorrelina verificou não haver diferença significativa na melhora do escore da qualidade de vida em 3 e 6 meses41. Um estudo randomizado, duplo-cego49, com triptorrelina (T) e leuprorrelina (L) na comparação de 3 meses de tratamento, não mostrou diferenças significativas em padrões bioquímicos de LH, FSH 257
  • 258. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas e estradiol, testes de função hepática e perfil lipídico. Também não houve diferença no surgimento de sintomas de hipoestrogenismo e de sangramento vaginal. Nesse mesmo estudo, houve uma etapa de cross-over, e os medicamentos foram avaliados por mais 3 meses. Após 8 semanas da última dose do análogo, mais pacientes do grupo L/T (80%) do que do grupo T/L (51,9%) tinham níveis de estradiol e LH anormalmente baixos. O tempo para retorno das menstruações foi significativamente mais longo no grupo L/T do que no grupo T/L, porém, como houve alteração da sequência dos medicamentos, não se pode concluir se o prolongamento de ação foi pelo último medicamento em uso ou se foi pela sequência adotada. Comparação de gosserrelina e nafarrelina em ensaio clínico randomizado, aberto50, mostrou que ambos os tratamentos reduzem significativamente os escores de dor em relação ao início de tratamento, porém sem diferença significativa entre eles. Não foi observada nenhuma diferença significativa nos escores de dor e nos efeitos adversos (fogachos, cefaleia, sudorese, ressecamento vaginal, padrão de sangramento vaginal). Em resumo, os análogos do GnRH apresentam eficácia e efetividade similares. A nafarrelina, embora apresente eficácia semelhante à dos demais análogos do GnRH, não agrega efetividade e tem posologia que dificulta a adesão ao tratamento, razão por que não se inclui entre os fármacos deste protocolo. Tratamento combinado Add-back therapy (associação de tratamentos hormonais ou não hormonais com análogos do GnRH) está indicada para diminuir os efeitos adversos dos análogos do GnRH – hipoestrogenismo, sintomas vasomotores e perda óssea. Os tratamentos hormonais geralmente usados incluem progestágenos, estrógenos ou combinação de progestágenos e estrógenos. Estudo comparando gosserrelina com ou sem TH (17-beta estradiol 2 mg e acetato de noretisterona 1 mg) demonstrou que o acréscimo de TH ocasionou menos fogachos e menor alteração da libido e da secura vaginal. O tratamento combinado não causa perda da eficácia (melhora da dor e diminuição dos implantes endometrióticos) e apresenta melhora substancial dos sintomas hipoestrogênicos51 e da qualidade de vida52. Metanálise que comparou tibolona e acetato de medroxiprogesterona (100 mg/dia) e noretisterona, associação de estradiol (2 mg) e noretisterona (1 mg/dia) como tratamento combinado não mostrou diferença entre os diversos esquemas em relação à melhora da dor. Ocorreu importante melhora dos efeitos adversos – fogachos, secura vaginal e diminuição de perda óssea53-57. Já outro estudo observou retorno mais rápido de dismenorreia, dor pélvica e nodularidades pélvicas aos valores iniciais no grupo de tratamento combinado com estrogênio em dose mais alta (acetato de noretindrona 5 mg/dia + estrogênios conjugados 1,25 mg/dia) do que nos demais grupos (placebo, acetato de noretindrona 5 mg/dia e acetato de noretindrona 5 mg/dia + estrogênios conjugados 0,625 mg/ dia)58. Da mesma maneira, um ensaio clínico randomizado pequeno comparando o uso de análogo do GnRH com o de placebo ou associado a etinilestradiol (20 mg) e desogestrel (0,15 mg) verificou melhora significativa de dismenorreia e dor pélvica em ambos os grupos. No grupo GnRH associado a placebo, os níveis séricos de cálcio foram significativamente mais altos e ocorreu maior perda de massa óssea59. Em um ensaio clínico60, 133 mulheres com diagnóstico cirúrgico de endometriose e com recorrência de dor pélvica, dismenorreia ou dispareunia foram randomizadas para 3 grupos de tratamento: grupo A) acetato de leuprorrelina (11,25 mg, de 3/3 meses) associado a estrogênio transdérmico e noretindrona (5 mg por via oral); grupo B) acetato de leuprorrelina (11,25 mg, de 3/3 meses); e grupo C) ACO E/P (etinilestradiol 0,03 mg + gestodeno 0,75 mg). As pacientes tratadas apenas com análogo do GnRH ou análogo do GnRH associado a tratamento combinado apontaram maior redução de dor pélvica, dismenorreia e dispareunia do que as tratadas com contraceptivo oral. As pacientes que receberam tratamento combinado obtiveram melhores escores da qualidade de vida, medido pelo SF-36, menor taxa de perda óssea, menos episódios de fogachos em relação ao grupo em uso apenas de análogo do GnRH e semelhante aos escores do contraceptivo oral. Em uma metanálise61 que incluiu 15 estudos e 910 mulheres com endometriose diagnosticada por laparoscopia, o uso de tratamento combinado apenas com progestágenos não demonstrou melhora de massa óssea em seguimento de 6 meses (IC 95% -0,21 a 0,52). Quando adotado tratamento combinado com estrógenos ou estrógenos associados a progestágenos, houve aumento significativo de massa óssea em 6 meses (IC 95% -0,77 a -0,21) e em 12 meses (IC 95% -1,02 a -0,10). Este resultado também foi demonstrado em ensaio clínico randomizado duplo-cego62 comparando acetato de leuprorrelina (3,75 mg, mensal) e, após a terceira injeção, associado a promegestona (0,5 mg + placebo (PP)) com acetato de leuprorrelina (3,75 mg, mensal) e, após a 258
  • 259. Endometriose terceira injeção, associado a estradiol (2 mg + promegestona 0,5 mg (EP)). Transcorridos 12 meses de tratamento, as alterações à DO foram maiores no grupo com progestágenos e foram prevenidas no grupo com estrógenos. Em outro estudo63 com tamanho amostral pequeno, também se observou que o número de implantes endometrióticos diminuiu significativamente em ambos os grupos, sem diferença significativa entre eles. À DO, no grupo que recebeu gosserrelina e placebo houve redução em 5,02%, e no grupo com TH, aumento de 0,18%. O escore de Kupperman diminuiu em 75%, 129% e 113% no grupo placebo, em 4, 12 e 24 meses, respectivamente, sendo que a diferença entre os grupos no final do tratamento foi significativa. Em um estudo em que o acetato de gosserrelina mensal sem tratamento combinado foi comparado com estradiol (2 mg/dia associados a acetato de noretisterona 1 mg/dia, ambos por via oral, por 2 anos), não houve diferença entre os grupos à DO ao final do tratamento. Após 6 anos de acompanhamento, à DO a média foi de 87,2% no grupo com TH e de 86,8% no grupo sem TH. No entanto, o estudo tinha tamanho amostral pequeno e baixo poder para detectar diferença64. Somente um pequeno estudo com 13 pacientes em que estradiol (1 mg ao dia, por via oral, em 6 pacientes) foi associado a acetato de leuprorrelina apontou uma tendência de os escores de dor serem maiores no grupo em que foi associado estrogênio. Os fogachos foram mais leves no grupo com estradiol. Entretanto, estas diferenças não foram estatisticamente significativas65. Outros tratamentos, como dispositivo intrauterino com levonorgestrel66-69, pentoxifilina70,71, dienogest72,73, anastrazol74 e linestrol75, medicina chinesa com ervas76,77, infliximab78, implante de etonogestrel79 e raloxifeno80, foram testados para endometriose, mas as evidências são limitadas e não justificam sua recomendação até o presente momento. .2 TRATAMENTO CIRÚRGICO 8 ratamento cirúrgico está indicado quando os sintomas são graves, incapacitantes, quando T não houve melhora com tratamento empírico com contraceptivos orais ou progestágenos, em casos de endometriomas, de distorção da anatomia das estruturas pélvicas, de aderências, de obstrução do trato intestinal ou urinário e em pacientes com infertilidade associada à endometriose1,25. A cirurgia pode ser classificada como conservadora ou definitiva. irurgia conservadora C nvolve destruição dos focos de endometriose e remoção de aderências com consequente E restauração da anatomia pélvica. Ocorre significativa redução da dor em 6 meses nas pacientes com endometriose mínima, leve ou moderada submetidas à laparoscopia em comparação ao manejo expectante (OR 4,97; IC 95%-1,85 a 13,39)81. irurgia definitiva C nvolve histerectomia com ou sem ooforectomia (de acordo com a idade da paciente). Está E indicada quando há doença grave, persistência de sintomas incapacitantes após terapia medicamentosa ou cirúrgica conservadora, outras doenças pélvicas com indicação de histerectomia e ausência de desejo de engravidar. Histerectomia com salpingooforectomia bilateral com excisão de todos os focos de endometriose mostrou taxas de cura de 90% (estudos não controlados)2. Endometriose m ensaio clínico randomizado constatou superioridade da laparoscopia cirúrgica (ablação dos U implantes, lise de aderências e ablação do nervo uterossacro) quando comparada com a laparoscopia diagnóstica, verificando-se importante diminuição da dor por período de 1 ano em até 90% das pacientes82. Em relação à infertilidade associada a endometriose mínima ou leve, um estudo com 341 pacientes mostrou aumento da taxas cumulativas de gravidez com a laparoscopia cirúrgica (ressecção ou ablação cirúrgica dos implantes)18. Tais resultados não se reproduziram em um estudo com menor número de pacientes83. .3 TRATAMENTO COMBINADO 8 uso de supressão hormonal previamente à cirurgia pode diminuir a necessidade de dissecção O cirúrgica, porém não prolonga o intervalo livre de doença, não aumenta as taxas de fertilidade nem reduz as taxas de recorrência20. 259
  • 260. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas O acréscimo de danazol em dose baixa (100 mg/dia) em esquema de tratamento cirúrgico associado a análogo do GnRH mostrou melhora dos sintomas dolorosos e manteve controle da dor por 12 e 24 meses84. Porém seu uso a curto prazo (3 meses) não evidenciou benefício em outro estudo com pacientes em estágios 3 e 4 da AFS85. Estudo prospectivo não controlado usando ACO pós-tratamento cirúrgico não verificou diferença nas taxas de recorrência de sintomas de endometriose ou formação de endometriomas86. Dois estudos com análogos do GnRH após cirurgia para endometriose demonstraram melhor controle da dor e retardo na recorrência em período de acompanhamento de mais de 12 meses em relação ao placebo, porém sem alteração das taxas de fecundidade17,87. Outros ensaios clínicos, com pequeno tamanho amostral, testando análogos por período curto (3 meses) após cirurgia, não apontaram benefício na melhora da dor nem nas taxas de fecundidade16,42,48. Assim sendo, as evidências de benefício do tratamento combinado não são inequívocas, ficando o tratamento medicamentoso reservado para pacientes sintomáticas após o tratamento cirúrgico. Uma metanálise88 incluiu 11 estudos que avaliaram a efetividade do tratamento clínico antes e após cirurgia em mulheres com endometriose. Em um ensaio clínico randomizado comparando somente tratamento cirúrgico com tratamento clínico pré-cirúrgico, houve melhora significativa de escores AFS no grupo que associou medicamento. Em relação ao tratamento pós-cirúrgico, foram incluídos 8 ensaios clínicos randomizados os quais não demonstraram benefício na melhora da dor ou nas taxas de gestação, porém verificaram diminuição de recorrência da doença. Na comparação de tratamento clínico pré-cirúrgico com tratamento pós-cirúrgico, um ensaio clínico randomizado não verificou diferenças significativas entre os grupos em relação à dor pélvica, a nodularidades pélvicas e à dispareunia. Comparando tratamento clínico pré-cirúrgico associado a tratamento pós- cirúrgico com somente tratamento pós-cirúrgico, um ensaio clínico randomizado não encontrou diferença entre os grupos em relação aos escores AFS e às taxas de gestação. Nessa metanálise há evidências insuficientes para concluir que a combinação de supressão hormonal com cirurgia ofereça algum ganho significativo. .4 FÁRMACOS 8 • Anticoncepcionais orais: apresentações disponíveis no SUS • Danazol: cápsulas de 50 mg, 100 mg e 200 mg • Análogos do GnRH − Gosserrelina: seringa com dose única de 3,6 mg ou de 10,8 mg − Leuprorrelina: frasco-ampola com 3,75 mg ou de 11,25 mg − Triptorrelina: frasco-ampola com 3,75 mg ou de 11,25 mg .5 ESQUEMAS DE ADMINISTRAÇÃO 8 • Anticoncepcionais orais: uso de acordo com apresentações disponíveis no SUS • Danazol: 200 mg, por via oral, 2 vezes ao dia, podendo a dose ser aumentada até 400 mg, 2 vezes ao dia2 • Análogos do GnRH − Gosserrelina: 3,6 mg, por via subcutânea, mensalmente, ou 10,8 mg, a cada 3 meses − Leuprorrelina: 3,75 mg, por via intramuscular, mensalmente, ou 11,25 mg, a cada 3 meses − Triptorrelina: 3,75 mg, por via intramuscular, mensalmente, ou 11,25 mg, a cada 3 meses .6 BENEFÍCIOS ESPERADOS COM O TRATAMENTO CLÍNICO 8 • Diminuição da dor (em geral em torno de 3 semanas) • Regressão de nódulos endometrióticos (em cerca de 6 semanas) .7 TEMPO DE TRATAMENTO – CRITÉRIOS DE INTERRUPÇÃO 8 maior parte dos estudos26,40,41,45,51,89,90 tratou as pacientes por um período de 6 meses. A duração do A tratamento recomendada é de 3-6 meses. Pacientes que já fizeram uso de análogos do GnRH por período de 6 meses e que permaneceram sintomáticas ou com recidiva de dor relacionada à endometriose devem ser encaminhadas para serviços especializados. 260
  • 261. Endometriose 9 Monitorização • Danazol: contagem de plaquetas a cada 4-6 meses (trombocitose/ trombocitopenia foram observadas). Em pacientes fazendo uso de danazol e carbamazepina, podem ocorrer significativos aumentos dos níveis de carbamazepina com resultante toxicidade. • Análogos do GnRH: pacientes que forem encaminhadas aos serviços especializados e fizerem uso de análogos do GnRH por período superior a 6 meses devem ser avaliadas quanto ao risco de osteoporose. • Medroxiprogesterona: como há inibição central da liberação de FSH, é também necessária a realização de DO a cada 2 anos para descartar osteoporose. 10 Acompanhamento pós-tratamento s pacientes devem ser reavaliadas a cada 6 meses para liberação do tratamento com danazol A e análogos do GnRH. Solicitações de retratamento ou por períodos mais prolongados incluem-se nos Casos Especiais deste protocolo. Pacientes que fizeram uso dos medicamentos de maneira escalonada (contraceptivos orais, progestágenos, análogos do GnRH) e permaneceram sintomáticas ou tiveram recidiva da sintomatologia dolorosa para reavaliação de retratamento devem ser encaminhadas para serviços especializados. Elas poderão repetir o tratamento sem necessidade de novos exames diagnósticos, requerendo-se apenas o laudo médico com a sintomatologia que ateste a ausência de resposta terapêutica. 11 Regulação/controle/avaliação pelo gestor Pacientes com endometriose devem ser atendidas em serviços especializados em Ginecologia, para seu adequado diagnóstico e inclusão no protocolo de tratamento. evem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a D duração e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas, a adequação de uso do medicamento e o acompanhamento pós-tratamento. A liberação de uso de danazol ou de análogos do GnRH para o tratamento da endometriose depende de comprovação por laudo médico de que a paciente foi tratada anteriormente com ACO ou progestágenos, sem resposta clínica, e de comprovação diagnóstica, conforme os itens Diagnóstico e Critérios de Inclusão. 12 Termo de esclarecimento e responsabilidade – TER É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso dos medicamentos preconizados neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 13 Referências bibliográficas 1. European Society for Human Reprodution and Embryology (ESHRE). The ESHRE Guideline for the Diagnosis and Treatment of Endometriosis [Internet]. Grimbergen: ESHRE; [updated 2007 Jun 30; cited 2009 Oct 9]. Available from: http://guidelines.endometriosis.org. Endometriose 2. Olive DL, Schwartz LB. Endometriosis. N Engl J Med. 1993;328(24):1759-69. 3. Gruppo Italiano per lo Studio dell’Endometriosi. Relationship between stage, site and morphological characteristics of pelvic endometriosis and pain. Hum Reprod. 2001;16(12):2668-71. 4. Olive DL, Pritts EA. Treatment of endometriosis. N Engl J Med. 2001;345(4):266-75. 5. Moghissi KS. Medical treatment of endometriosis. Clin Obstet Gynecol. 1999;42(3):620-32. 6. Schenken RS. Pathogenesis, clinical features, and diagnosis of endometriosis [Internet]. Waltham (MA):UpTo Date; 2009 [cited 2010 May17]. Available from:http://www.uptodate.com/patients content/topic.do?topicKey=~ZtfKKr4dLaTYds/&selectedTitle=1~150. 7. Giudice LC, Kao LC. Endometriosis. Lancet. 2004;364(9447):1789-99. 8. Fauconnier A, Chapron C. Endometriosis and pelvic pain: epidemiological evidence of the relationship and implications. Hum Reprod Update. 2005;11(6):595-606. Epub 2005 Sep 19. 261
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  • 266. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Danazol, Gosserrelina, Leuprorrelina e Triptorrelina Eu, ______________________________________________________ (nome da paciente), declaro ter sido informada claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de danazol, gosserrelina, leuprorrelina e triptorrelina, indicados para o tratamento de endometriose. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _____________________________________________________ (nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informada de que o medicamento que passo a receber pode trazer as seguintes melhoras: • diminuição da dor; • redução dos nódulos endometrióticos. Fui também claramente informada a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso dos medicamentos: • contraindicados para gestantes ou para mulheres que planejam engravidar; • contraindicados para mulheres que estão amamentando; • efeitos adversos do danazol – frequentes: distúrbios da menstruação, ganho de peso, calorões; menos frequentes: inchaço, escurecimento da urina, cansaço, sonolência, acne, aumento da oleosidade do cabelo e da pele, queda de cabelo, alteração da voz, crescimento do clitóris; raros: adenoma, catarata, eosinofilia, disfunção hepática, pancreatite, hipertensão intracraniana manifestada por dor de cabeça, náuseas e vômitos, leucocitose, pancreatite, rash cutâneo, síndrome de Stevens-Johnson, trombocitopenia, fotossensibilidade; • efeitos adversos do gosserrelina – frequentes: calorões, distúrbios menstruais; menos frequentes: visão borrada, diminuição da libido, cansaço, dor de cabeça, náuseas, vômitos, dificuldade para dormir, ganho de peso, vaginite; raros: angina ou infarto do miocárdio, tromboflebites; • efeitos adversos do leuprorrelina – frequentes: calorões, diarreia, distúrbios menstruais; menos frequentes: arritmias cardíacas, palpitações; raros: boca seca, sede, alterações do apetite, ansiedade, náuseas, vômitos, desordens de personalidade, desordens da memória, diminuição da libido, ganho de peso, dificuldade para dormir, delírios, dor no corpo, queda de cabelo e distúrbios oftalmológicos; • efeitos adversos do triptorrelina – frequentes: calorões, dores nos ossos, dor no local da injeção, hipertensão, dor de cabeça; menos frequentes: dores nas pernas, fadiga, vômitos, insônia; raros: tonturas, diarreia, retenção urinária, infecção do trato urinário, anemia, prurido; • contraindicados em casos de hipersensibilidade (alergia); • o risco de ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendida, inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato. m Meu tratamento constará do seguinte medicamento: o danazol o gosserrelina o leuprorrelina o triptorrelina 266
  • 267. Endometriose Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. Endometriose 267
  • 268. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Endometriose Fluxograma de Tratamento Endometriose Paciente com suspeita clínica de endometriose Comprovação diagnóstica: ✓ laparoscopia/laparotomia com laudo descritivo Sintomas graves, seguindo a classificação revisada da ASRM ou incapacitantes, presença ✓ resultado de de endometriomas, anatomopatológico Sim Não suspeita de distorção da anatomia pélvica e de endometriose profunda? Cirurgia Tratamento empírico com diagnóstico- ACO ou progestágenos terapêutica por 6 meses Confirmada a hipótese Exclusão Não de endometriose? do PCDT Critérios de exclusão: Danazol Sim ✓ gestação / lactação ou ✓ sangramento genital de origem desconhecida ou Persistência da ✓ disfunção hepática grave ou ✓ hipersensibilidade ao fármaco Não sintomatologia Sim Análogos do GnRH após cirurgia? ✓ gestação / lactação ou ✓ hipersensibilidade ao fármaco Acompanhamento. Exclusão Não do PCDT Houve Tratamento com ACO ou recidiva dos Sim progestágenos por 6 meses Sim sintomas? Possui critérios de Interromper tratamento e exclusão para o Sim Melhora clínica? Não tratamento com manter acompanhamento. danazol ou análogos do GnRH? Houve Não Nas pacientes tratadas com Sim recidiva dos Não análogos do GnRH considerar sintomas? o uso de tratamento combinado com terapia Danazol ou análogos do hormonal mas com sintomas de hipoestrogenismo GnRH por 6 meses Manter Sim Melhora clínica ? acompanhamento Interromper tratamento e Não manter acompanhamento Monitorização: Danazol ✓ contagem de plaquetas a cada 4-6 Encaminhamento a meses Houve recidiva Análogos do GnRh e Não Sim Serviços Medroxiprogesterona dos sintomas? ✓ densitometria óssea a cada 2 anos Especializados. 268
  • 269. Endometriose Fluxograma de Dispensação de Danazol, Gosserrelina, Leuprorrelina e Triptorrelina Fluxograma de Dispensação Danazol, Gosserrelina, Leuprorrelina e Triptorrelina Endometriose CID-10: N80.0, N80.1, N80.2, N80.3, N80.4, N80.5, N80.8 Paciente solicita o Exames (para 1º tratamento): medicamento. ✓ laparoscopia/laparotomia com laudo descritivo (classificação revisada da ASRM) ou resultado de exame anatomopatológico de biópsia peritoneal ✓ TGO eTGP (para danazol) Dose: Possui LME corretamente danazol: 400-800 mg/dia, por VO preenchido e demais gosserrelina: 3,6 mg a cada mês ou 10,8 mg a cada 3 meses, por via SC documentos exigidos? Sim leuprorrelina/triptorrelina: 3,75 mg a cada Não mês ou 11,25 mg a cada 3 meses, por via IM Orientar o CID-10, exames e dose paciente. Não estão de acordo com o Sim preconizado pelo PCDT? Realizar entrevista Encaminhar o farmacoterapêutica inicial paciente ao médico com o farmacêutico. assistente. Processo Não Sim deferido? Não dispensar e Orientar o justificar ao Exame necessário para dispensação/ paciente. monitorização: paciente. ✓ para danazol: contagem de plaquetas Periodicidade: a cada 4-6 meses Dispensação a cada mês de tratamento ou cada 3 meses Entrevista farmacoterapêutica de monitorização Endometriose Paciente apresentou alteração nos exames não compatível Sim Não com o curso do tratamento ou eventos adversos significativos? Dispensar e solicitar parecer do médico Dispensar. assistente. 269
  • 270. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Endometriose 1 Dados do Paciente Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 Avaliação Farmacoterapêutica 2.1 Quais os tratamentos já realizados para endometriose? Quando? _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ 2.2 Possui outras doenças diagnosticadas? o não o sim g Quais? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ 2.3 Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim * Uso concomitante de danazol e carbamazepina pode ocasionar toxicidade da carbamazepina. 2.4 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não o sim g Quais? A que medicamentos? ______________________________________________________ 3 Monitorização do Tratamento Exames Laboratoriais para Uso de Danazol Inicial 6o mês 12o mês Data prevista Data Plaquetas 3.1 Apresentou contagem de plaquetas fora da normalidade? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar a paciente ao médico assistente 270
  • 271. Endometriose 3.2 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.3 3.3 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar a paciente ao médico assistente Tabela de Registro de Eventos Adversos Data da Evento adverso *Intensidade q Conduta entrevista Principais reações adversas já relatadas: Danazol: distúrbios da menstruação, ganho de peso, calorões, inchaço, escurecimento da urina, fadiga, sonolência, acne, aumento da oleosidade do cabelo e da pele, alopecia, alteração da voz, crescimento do clitóris, cefaleia, náuseas e vômitos, rash cutâneo, fotossensibilidade Gosserrelina: calorões, distúrbios menstruais, visão borrada, diminuição da libido, fadiga, cefaleia, náuseas, vômitos, insônia, ganho de peso, vaginite, dor no peito, dor nas pernas Endometriose Leuprorrelina: calorões, diarreia, distúrbios menstruais, arritmias cardíacas, palpitações, boca seca, sede, alterações do apetite, ansiedade, náuseas, vômitos, desordens de personalidade, desordens da memória, diminuição da libido, ganho de peso, insônia, delírios, mialgias, alopecia e distúrbios oftalmológicos Triptorrelina: calorões, dores nos ossos, dor no local da injeção, hipertensão, cefaleia, dores nas pernas, fadiga, vômitos, insônia, tonturas, diarreia, retenção urinária, infecção do trato urinário, anemia, prurido * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever) 271
  • 272. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações * A dispensação dos análogos de GnRH pode ser feita a cada 3 meses (para as apresentações trimestrais dos medicamentos). 272
  • 273. Endometriose Endometriose 273
  • 274. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Guia de Orientação ao Paciente Danazol, Gosserrelina, Leuprorrelina e Triptorrelina este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. o medicamento é utilizado no tratamento de endometriose. 1 Doença • A camada de tecido que recobre o útero internamente e que sangra durante a menstruação é o endométrio. Endometriose é uma doença na qual este tecido se desenvolve fora do útero causando inflamação. O sintoma mais comum é dor no baixo ventre. 2 Medicamento • Este medicamento não cura a doença, mas melhora a dor e proporciona às mulheres a chance de engravidar. 3 Guarda do medicamento Danazol: • Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura (cozinha e banheiro). Conserve as cápsulas na embalagem original. Gosserrelina, leuprorrelina, triptorrelina: • Guarde estes medicamentos em locais com temperatura inferior a 25°C. 4 Administração dos medicamentos Danazol: • Tome as cápsulas (sem mastigar ou abrir) com um copo de água. Procure tomar o medicamento sempre no mesmo horário estabelecido no início do tratamento. • Tome exatamente a dose que o médico indicou. Gosserrelina, leuprorrelina, triptorrelina: • Os medicamentos deverão ser administrados por injeção subcutânea ou intramuscular. • Procure saber com clareza todos os passos para a aplicação do medicamento que você está recebendo com o médico ou profissional de enfermagem, bem como sua forma de preparo. Não prepare ou aplique o medicamento até que esteja bem treinada. • Procure orientação com o farmacêutico sobre como descartar de forma adequada as seringas e agulhas após o uso. 5 Reações desagradáveis Danazol: • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, tais como náuseas, vômitos, diarreia, dor de cabeça, nervosismo, desorientação, fraqueza, convulsões, ganho de peso, inchaço, alterações do paladar, aumento da pressão arterial, aparecimento de espinhas, crescimento de pelos, engrossamento da voz. Gosserrelina, leuprorrelina, triptorrelina: • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, tais como dor ou inchaço no local de aplicação da injeção, ondas de calor, dores nos ossos, alergias na pele, dor de cabeça, náuseas, vômitos, queda de cabelo. 274
  • 275. Endometriose • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 Uso de outros medicamentos • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. 7 Outras informações importantes • Gosserrelina, leuprorrelina e triptorrelina podem ser usados 1 vez por mês ou a cada 3 meses. Portanto, verifique a apresentação recebida para não correr o risco de usar o medicamento em intervalos diferentes do recomendado. Em caso de dúvida, procure orientação com o profissional de saúde (médico, enfermeiro ou farmacêutico do SUS). 8 Realização dos exames de laboratório • A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento no seu organismo. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o tratamento. 9 Para seguir recebendo o medicamento • Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos: − Receita médica atual − Cartão Nacional de Saúde ou RG − Exame para danazol: contagem de plaquetas a cada 4-6 meses 10 Em caso de dúvida • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 11 Outras informações _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. Endometriose 275
  • 276. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 276
  • 277. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Esclerose Lateral Amiotrófica Portaria SAS/MS no 496, de 23 de dezembro de 2009. 1 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA ara a análise de eficácia dos tratamentos específicos para a síndrome de esclerose lateral amiotrófica P atualmente registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e, portanto, disponíveis para utilização e comercialização no Brasil, foram realizadas buscas nas bases descritas abaixo. a base Medline/PubMed: “Riluzole”[Substance Name] AND “Amyotrophic Lateral Sclerosis”[Mesh]; N “Riluzole”[Substance Name] AND “motor neuron disease”[Mesh]; a base Ovid MEDLINE:Riluzole AND Amyotrophic Lateral Sclerosis AND Clinical Trial [Publication N Type]; Riluzole AND motor neuron disease AND Clinical Trial [Publication Type] limitadas a: “Humans, Meta- Analysis, Randomized Controlled Trial”. Na base Cochrane: “Riluzole”; “Amyotrophic Lateral Sclerosis”; “Motor neuron disease”. Avaliados todos os estudos disponíveis, foram selecionados metanálises e ensaios clínicos randomizados, controlados e duplos-cegos publicados até 30/09/2009. 2 INTRODUÇÃO sclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma das principais doenças neurodegenerativas, ao lado das E doenças de Parkinson e de Alzheimer. Sua incidência na população varia de 0,6- 2,6 por 100.000 habitantes1,2. Idade é o fator preditor mais importante para sua ocorrência, sendo mais prevalente nos pacientes com idade entre 55 e 75 anos3. Trata-se de um distúrbio progressivo que envolve a degeneração do sistema motor em vários níveis: bulbar, cervical, torácico e lombar4. credita-se que, por ocasião do primeiro sintoma, mais de 80% dos neurônios motores já foram A perdidos5. Mais de 90% dos casos são esporádicos, e o restante tem padrão de herança autossômica dominante, às vezes relacionado à mutação do gene SOD16. A sobrevida média dos pacientes com ELA é de 3-5 anos. Na ausência de ventilação mecânica prolongada, a porcentagem de sobreviventes em 10 anos é de 8%-16%7, podendo chegar a 15 anos ou mais com a ajuda de suporte ventilatório8. quadro clínico de ELA reflete a perda de neurônios do sistema motor – do córtex ao corno anterior da O medula. Sinais físicos deste distúrbio envolvem achados nos neurônios motores superior e inferior. Disfunção sensitiva é incompatível com o diagnóstico de ELA, a não ser que faça parte de um distúrbio subjacente. Os achados físicos correlacionam-se com as diferentes topografias da degeneração dos núcleos motores: bulbar, cervical ou lombar. acientes com ELA de início bulbar apresentam disartria, disfagia ou ambas. Exclusão de outras P causas potenciais é importante, tais como carcinoma esofágico e miastenia gravis. O envolvimento bulbar pode ser devido à degeneração do neurônio motor inferior (paralisia bulbar), do superior (paralisia pseudobulbar) ou de ambos. Paralisia bulbar é associada com paralisia facial inferior e superior e dificuldade de movimento palatal com atrofia, fraqueza e fasciculação da língua. A paralisia pseudobulbar é caracterizada por labilidade emocional (também conhecida como risada ou choro patológicos), aumento do reflexo mandibular e disartria5. acientes com ELA de início cervical apresentam sintomas nos membros superiores, uni ou P bilateralmente. Fraqueza proximal pode-se apresentar com dificuldade nas tarefas associadas à abdução do ombro, tais como lavar ou pentear o cabelo; fraqueza distal pode se manifestar em atividades que requeiram Consultores: Pedro Schestatsky, Márcia Fagundes Lorena Chaves, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 277
  • 278. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas habilidade de pinçamento. Sinais físicos nos membros superiores podem também ser devidos à disfunção do neurônio motor superior, do inferior ou de ambos. O braço pode apresentar atrofia intensa com fasciculação profusa, mas com reflexos hiperativos. acientes com ELA de início lombar apresentam degeneração de neurônios motores lombares que pode P manifestar-se com pé caído e dificuldade de subir escadas (fraqueza proximal). s principais sinais e sintomas de ELA podem ser reunidos em dois grupos4,9: O • sinais e sintomas resultantes diretos da degeneração motoneuronal − fraqueza e atrofia, fasciculações e cãibras musculares, espasticidade, disartria, disfagia, dispneia e labilidade emocional; • sinais e sintomas resultantes indiretos dos sintomas primários − distúrbios psicológicos, distúrbios de sono, constipação, sialorreia, espessamento de secreções mucosas, sintomas de hipoventilação crônica e dor. 3 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • G12.2 Doença do neurônio motor 4 DIAGNÓSTICO .1 CLÍNICO 4 diagnóstico de ELA é evidente nos pacientes com longa evolução da doença e sinais e sintomas O generalizados. O diagnóstico precoce da doença, quando o paciente tem apenas sintomas focais em uma ou duas regiões (bulbar, membros superiores, tronco ou membros inferiores), pode ser difícil e dependerá da presença de sinais em outras regiões afetadas e de várias investigações seriadas10,11. O tempo médio do início dos sintomas até a confirmação diagnóstica é de aproximadamente 10-13 meses12. O diagnóstico de ELA é feito com base na presença de sinais de comprometimento do neurônio motor superior e inferior concomitantes em diferentes regiões. Os critérios de El Escorial classificam os diagnósticos em vários subtipos13. ELA definitiva Sinais de neurônio motor superior (NMS) e inferior (NMI) em três regiões (bulbar, cervical, torácica ou lombossacra). LA provável E Sinais de NMS e NMI em duas regiões (bulbar, cervical, torácica ou lombossacra) com algum sinal de NMS rostral aos sinais de NMI. ELA provável com suporte laboratorial Sinais de NMS e NMI em uma região ou sinais de NMS em uma ou mais regiões associados à evidência de denervação aguda à eletroneuromiografia em dois ou mais segmentos. ELA possível Sinais de NMS e NMI em uma região somente. ELA suspeita Sinais de NMS em uma ou mais regiões (bulbar, cervical, torácica ou lombossacra). Sinais de NMI em uma ou mais regiões (bulbar, cervical, torácica ou lombossacra). Em todas as modalidades, deve haver evidência de progressão da doença e ausência de sinais sensitivos. 4.2 EXAMES COMPLEMENTARES Pacientes com suspeita de ELA devem realizar uma série de exames, com os respectivos resultados compatíveis com a doença: • ressonância magnética (RM) de encéfalo e junção craniocervical com ausência de lesão estrutural que explique os sintomas; 278
  • 279. Esclerose Lateral Amiotrófica • eletroneuromiografia (ENMG) dos 4 membros com presença de denervação em mais de um segmento e neurocondução motora e sensitiva normais; • hemograma completo dentro da normalidade; • função renal (ureia e creatinina) dentro da normalidade; • função hepática (ALT/TGP, AST/TGO) e protrombina dentro da normalidade. .3 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 4 os estágios iniciais da doença, em que pode haver sinais mínimos de disfunção dos NMS N e NMI, a ELA pode ser confundida com uma série de outras condições clínicas, com os respectivos diagnósticos diferenciais14: • outras doenças do neurônio motor − esclerose lateral primária, atrofia muscular progressiva, atrofia muscular espinhal, atrofia muscular espinobulbar; • doenças estruturais − mielopatia espondilótica, malformação de Arnold-Chiari, siringomielia ou bulbia, irradiação do sistema nervoso central (SNC), acidente vascular cerebral, tumor; • doenças tóxicas/metabólicas − hipertireoidismo, hiperparatireoidismo, intoxicação por metais pesados, latirismo; • doenças inflamatórias autoimunes − neuropatia motora multifocal com bloqueio de condução, polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica, esclerose múltipla, miastenia gravis, miosite por corpos de inclusão, polimiosite, síndrome paraneoplásica; • doenças hereditárias − deficiência de hexosaminidase A, paresia espástica com amiotrofia, ataxia espinocerebelar, distrofia muscular orofaríngea, adrenomieloneuropatia, deficiência de maltase ácida; • doenças infecciosas − HIV, HTLV-1, doença de Creutzfeldt-Jakob, sífilis; • outras doenças degenerativas do SNC − degeneração corticobasal, demência por corpos de Lewy, atrofia de múltiplos sistemas, paralisia supranuclear progressiva, doença de Parkinson; • fasciculações benignas; • amiotrofia monomélica − doença de Hirayama. 5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Serão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem os critérios diagnósticos para ELA definitiva ou ELA provável com suporte laboratorial, avaliados por médico especialista em Neurologia através de laudo detalhado. 6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Esclerose Lateral Amiotrófica Serão excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem uma das condições abaixo: • insuficiência renal ou hepática; • outra doença grave ou incapacitante, incurável ou potencialmente fatal; • outras formas de doenças do corno anterior medular; • eletroneuromiografia sem demonstração de bloqueio da condução motora ou sensitiva; • demência e distúrbios visuais, autonômicos e esfincterianos; • gravidez ou amamentação; • ventilação assistida; • hipersensibilidade ao medicamento. 7 TRATAMENTO árias estratégias modificadoras da doença têm sido testadas em ensaios clínicos15-32, mas V apenas um medicamento (riluzol) foi aprovado até agora. Bensimon e cols.33 publicaram o primeiro estudo duplo-cego, randomizado, avaliando o papel do riluzol na ELA. Foram estratificados 155 pacientes de acordo com a topografia de início da doença e submetidos ao tratamento com riluzol na dose de 100 mg/dia. Após 573 dias, 58% dos pacientes do grupo placebo estavam vivos, em contraste com 74% 279
  • 280. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do grupo riluzol. O subgrupo mais beneficiado apresentava doença em nível bulbar na fase inicial, com aumento de sobrevida de aproximadamente 2-3 meses. Além disso, a perda de força muscular foi significativamente mais lenta no grupo tratado. Um estudo publicado 2 anos mais tarde, envolvendo centros americanos e um número maior de pacientes, confirmou estes achados34. epois da publicação de uma revisão sistemática do grupo Cochrane15 e uma avaliação pelo Institute for D Clinical Excellence (NICE) do Reino Unido35, foram recomendados estudos adicionais para investigar os aspectos do potencial de efetividade do riluzol na ELA. O uso deste medicamento tem resultado em uma sobrevida maior do que a reportada nos ensaios clínicos randomizados controlados, achado que necessita de confirmação36. .1 FÁRMACO 7 iluzol: comprimidos de 50 mg R .2 ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO 7 tratamento com riluzol deve ser iniciado na dose de 50 mg, por via oral, a cada 12 horas, administrados O 1 hora antes ou 2 horas após as refeições. .3 TEMPO DE TRATAMENTO 7 tempo de tratamento é indeterminado e dependerá da tolerabilidade do paciente. O .4 BENEFÍCIOS ESPERADOS 7 • Aumento do tempo de sobrevida 8 MONITORIZAÇÃO acompanhamento a longo prazo deverá ser realizado por neurologista clínico37. Recomenda-se a O realização dos seguintes exames: hemograma, plaquetas e enzimas hepáticas antes de iniciar o tratamento, no primeiro, no segundo, no terceiro, no sexto, no nono e no décimo segundo mês e, após, quando clinicamente necessário. ritérios para suspensão do tratamento C • Quando ALT/TGP ou AST/TGO estiver 5 vezes acima do limite superior da normalidade • Quando ocorrer citopenia: leucócitos totais < 3.000/mm3 ou neutrófilos < 1.500/mm3 ou plaquetas < 100.000/mm3 ou hemoglobina < 10 g/dl • Evolução para ventilação assistida 9 ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO Os pacientes devem ter nova consulta agendada após 1 mês de tratamento para avaliação dos efeitos adversos e após 1 ano para avaliação da efetividade do riluzol. 10 REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de pacientes neste protocolo, a duração e a monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e dispensadas, da adequação do uso do medicamento e do acompanhamento pós-tratamento. 11 TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE − TER obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal sobre potenciais riscos, benefícios e É efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 280
  • 281. Esclerose Lateral Amiotrófica 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Chancellor AM, Warlow CP. Adult onset motor neuron disease: worldwide mortality, incidence and distribution since 1950. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1992;55(12):1106-15. 2. Cronin S, Hardiman O, Traynor BJ. Ethnic variation in the incidence of ALS: a systematic review. Neurology. 2007;68(13):1002-7. 3. Phukan J, Hardiman O. The management of amyotrophic lateral sclerosis. J Neurol. 2009;256(2):176-86. 4. Mitchell JD, Borasio GD. Amyotrophic lateral sclerosis. Lancet. 2007;369(9578):2031-41. 5. Mitsumoto H, Rabkin JG. Palliative care for patients with amyotrophic lateral sclerosis: “prepare for the worst and hope for the best”. JAMA. 2007;298(2):207-16. 6. Andersen PM. Amyotrophic lateral sclerosis associated with mutations in the CuZn superoxide dismutase gene. Curr Neurol Neurosci Rep. 2006;6(1):37-46. 7. Riviere M, Meininger V, Zeisser P, Munsat T. An analysis of extended survival in patients with amyotrophic lateral sclerosis treated with riluzole. Arch Neurol. 1998;55(4):526-8. 8. Hayashi H, Oppenheimer EA. ALS patients on TPPV: totally locked-in state, neurologic findings and ethical implications. Neurology. 2003;61(1):135-7. 9. Li TM, Day SJ, Alberman E, Swash M. Differential diagnosis of motoneurone disease from other neurological conditions. Lancet. 1986;2(8509):731-3. 10. Wilbourn AJ. Clinical neurophysiology in the diagnosis of amyotrophic lateral sclerosis: the Lambert and the El Escorial criteria. J Neurol Sci. 1998;160(Suppl 1):S25-9. 11. Meininger V. Getting the diagnosis right: beyond El Escorial. J Neurol. 1999;246(Suppl 3):III10-2. 12. Chiò A. ISIS Survey: an international study on the diagnostic process and its implications in amyotrophic lateral sclerosis. J Neurol. 1999;246(Suppl 3):III1-5. 13. Brooks BR, Miller RG, Awash M, Munsat TL; World Federation of Neurology Research Group on Motor Diseases. El Escorial revisited: revised criteria for the diagnosis of amyotrophic lateral sclerosis. Amyotroph Lateral Scler Other Motor Neuron Disord. 2000;1(5):293-9. 14. Baek WS, Desai NP. ALS: pitfalls in the diagnosis. Pract Neurol. 2007;7(2):74-81. 15. Miller RG, Mitchell JD, Lyon M, Moore DH. Riluzole for amyotrophic lateral sclerosis (ALS)/motor neuron disease (MND). Cochrane Database Syst Rev. 2007;(1):CD001447. 16. Mitchell JD, Wokke JH, Borasio GD. Recombinant human insulin-like growth factor I (rhIGF-I) for amyotrophic lateral sclerosis/motor neuron disease. Cochrane Database Syst Rev. 2002;(3):CD002064. 17. Bongioanni P, Reali C, Sogos V. Ciliary neurotrophic factor (CNTF) for amyotrophic lateral sclerosis/motor neuron disease. Cochrane Database Syst Rev. 2004;(3):CD004302. 18. A controlled trial of recombinant methionyl human BDNF in ALS: The BDNF Study Group (Phase III). Neurology. 1999;52(7):1427-33. 19. Ochs G, Penn RD, York M, Giess R, Beck M, Tonn J, et al. A phase I/II trial of recombinant methionyl human Esclerose Lateral Amiotrófica brain derived neurotrophic factor administered by intrathecal infusion to patients with amyotrophic lateral sclerosis. Amyotroph Lateral Scler Other Motor Neuron Disord. 2000;1(3):201-6. 20. Meininger V, Bensimon G, Bradley WR, Brooks B, Douillet P, Eisen AA, et al. Efficacy and safety of xaliproden in amyotrophic lateral sclerosis: results of two phase III trials. Amyotroph Lateral Scler Other Motor Neuron Disord. 2004;5(2):107-17. 21. de Paulis T. ONO-2506. Ono. Curr Opin Investig Drugs. 2003;4(7):863-7. 22. Gordon PH, Moore DH, Gelinas DF, Qualls C, Meister ME, Werner J, et al. Placebo-controlled phase I/II studies of minocycline in amyotrophic lateral sclerosis. Neurology. 2004;62(10):1845-7. 23. Pontieri FE, Ricci A, Pellicano C, Benincasa D, Buttarelli FR. Minocycline in amyotrophic lateral sclerosis: a pilot study. Neurol Sci. 2005;26(4):285-7. 24. Ryberg H, Askmark H, Persson LI. A double-blind randomized clinical trial in amyotrophic lateral sclerosis using lamotrigine: effects on CSF glutamate, aspartate, branched-chain amino acid levels and clinical parameters. Acta Neurol Scand. 2003;108(1):1-8. 25. Gordon PH, Doorish C, Montes J, Mosley RL, Diamond B, Macarthur RB, et al. Randomized controlled phase II trial of glatiramer acetate in ALS. Neurology. 2006;66(7):1117-9. 26. Orrell RW. AEOL-10150 (Aeolus). Curr Opin Investig Drugs. 2006;7(1):70-80. 281
  • 282. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 27. Meininger V, Asselain B, Guillet P, Leigh PN, Ludolph A, Lacomblez L, et al. Pentoxifylline in ALS: a double-blind, randomized, multicenter, placebo-controlled trial. Neurology. 2006;66(1):88-92. 28. Groeneveld GJ, Veldink JH, van der Tweel I, Kalmijin S, Beijer C, de Visser M, et al. A randomized sequential trial of creatine in amyotrophic lateral sclerosis. Ann Neurol. 2003;53(4):437-45. 29. Desnuelle C, Dib M, Garrel C, Favier A. A double-blind, placebo-controlled randomized clinical trial of alpha-tocopherol (vitamin E) in the treatment of amyotrophic lateral sclerosis. ALS riluzole-tocopherol Study Group. Amyotroph Lateral Scler Other Motor Neuron Disord. 2001;2(1):9-18. 30. Cudkowicz ME, Shefner JM, Schoenfeld DA, Brown RH Jr, Johnson H, Qureshi M, et al. A randomized, placebo-controlled trial of topiramate in amyotrophic lateral sclerosis. Neurology. 2003;61(4):456-64. 31. Miller RG, Moore DH 2nd, Gelinas DF, Dronsky V, Mendoza M, Barohn RJ, et al. Phase III randomized trial of gabapentin in patients with amyotrophic lateral sclerosis. Neurology. 2001;56:843-8. 32. Beghi E, Chiò A, Inghilleri M, Mazzini L, Micheli A, Mora G, et al. A randomized controlled trial of recombinant interferon beta-1a in ALS. Italian Amyotrophic Lateral Sclerosis Study Group. Neurology. 2000;54(2):469-74. 33. Bensimon G, Lacomblez L, Meininger V. A controlled trial of riluzole in amyotrophic lateral sclerosis. ALS/Riluzole Study Group. N Engl J Med. 1994;330(9):585-91. 34. Lacomblez L, Bensimon G, Leigh PN, Guillet P, Meininger V. Dose-ranging study of riluzole in amyotrophic lateral sclerosis. Amyotrophic Lateral Sclerosis/Riluzole Study Group II. Lancet. 1996;347(9013):1425-31. 35. National Institute for Clinical Excellence (NICE). Guidance on the use of riluzole (Rilutek) for the treatment of motor neurone disease [Internet]. London: NICE; [cited 2010 Apr 29]. Available from: http://www.nice.org.uk/page.aspx?o=ta020. 36. Mitchell JD, O’brien MR, Joshi M. Audit of outcomes in motor neuron disease (MND) patients treated with riluzole. Amyotroph Lateral Scler. 2006;7(2):67-71. 37. Drug Facts and Comparisons 2008. 72 ed.St Louis. FACTS and Comparisons, 2008. 282
  • 283. Esclerose Lateral Amiotrófica Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Riluzol Eu, ______________________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de riluzol, indicado para o tratamento de esclerose lateral amiotrófica. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _______________________________________________(nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer a seguinte melhora: • aumento do tempo de sobrevida. Fui também claramente informado(a) a respeito de contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento: • os riscos na gravidez ainda não são bem conhecidos; portanto, caso engravide, devo avisar imediatamente o médico; • os efeitos adversos já relatados − fraqueza, sono, náuseas, vômitos, diarreia, dor na barriga, formigamentos, alteração nas enzimas do fígado, dor de cabeça, aumento dos batimentos do coração, diminuição das células brancas (diminuição das defesas) e vermelhas (anemia) do sangue; • contraindicado para pacientes com hipersensibilidade ao riluzol ou aos componentes da fórmula e para aqueles com problemas no fígado. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo- me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato. m   Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: Esclerose Lateral Amiotrófica _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.   283
  • 284. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) Diagnóstico: clínico, laboratorial e neurofisiológico Paciente com diagnóstico de ELA Critérios de inclusão: ✓ ELA definitiva: sinais de neurônio motor superior (NMS) e inferior (NMI) em 3 regiões (bulbar, cervical, torácica ou lombossacra) Possui critérios de inclusão ✓ ELA provável com suporte para uso de riluzol? laboratorial: sinais de NMS e NMI em uma região ou sinais de NMS Não em uma ou mais regiões associados Sim à evidência de denervação aguda à eletroneuromiografia em 2 ou mais segmentos Exclusão do PCDT Possui algum critério de exclusão? Sim Não Exclusão do Tratamento PCDT com riluzol Encontram-se as enzimas hepáticas 5 vezes acima do limite de normalidade ou Sim há citopenia? Não Suspender o tratamento. Manter o tratamento. Critérios de exclusão: ✓ insuficiência renal ou hepática ✓ demência ✓ distúrbios visuais, autonômicos ou esfincterianos ✓ doença do corno anterior medular Houve evolução para Sim Não ✓ doenças graves ou ventilação assistida? incapacitantes, incuráveis ou provavelmente fatais ✓ eletroneuromiografia sem demonstração de bloqueio da condução motora ou sensitiva ✓ hipersensibilidade ao Manter o medicamento ✓ ventilação assistida tratamento. ✓ gravidez ou amamentação 284
  • 285. Esclerose Lateral Amiotrófica Fluxograma de Dispensação de Riluzol Esclerose Lateral Amiotrófica Portaria SAS/MS n 389, de 19 de setembro de 2001. CID-10: G12.2 Exames obrigatórios para Paciente solicita o abertura do processo: medicamento. ✓ ressonância magnética de encéfalo e junção craniocervical ✓ eletroneuromiografia ✓ hemograma e plaquetas ✓ tempo de protrombina ✓ ureia, creatinina Possui LME corretamente ✓ ALT/TGP e AST/TGO Dose: 100 mg/dia Não preenchido e demais Sim documentos exigidos? Orientar o CID-10, exames e dose estão paciente. Não de acordo com o preconizado Sim pelo PCDT? Encaminhar o Realizar entrevista paciente ao farmacoterapêutica inicial médico assistente. com o farmacêutico. Processo Não Sim deferido? Não dispensar e Orientar o Exames necessários para justificar ao paciente. paciente. monitorização: ✓ Hemograma e plaquetas ✓ ALT/TGP e AST/TGO Periodicidade: a cada mês nos primeiros 3 meses de tratamento e, após, a cada 3 meses. Após o primeiro ano, a periodicidade fica a critério médico. Dispensação a cada mês de Esclerose Lateral Amiotrófica tratamento Entrevista farmacoterapêutica de monitorização Paciente apresentou alteração nos exames não compatível Sim com o curso do tratamento, Não evolução da doença ou eventos adversos significativos? Dispensar* e solicitar parecer Dispensar. do médico assistente. * Observação: se ALT/TGP ou AST/TGO > 5x o limite da normalidade ou leucócitos < 3.000 mm3 ou neutrófilos < 1.500 mm3 ou plaquetas < 100.000 mm3 ou hemoglobina < 10g/dl ou evolução para ventilação assistida, não dispensar. 285
  • 286. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Esclerose Lateral Amiotrófica 1 DADOS DO PACIENTE Nome: ___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Nome do cuidador: _________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde: _________________________________RG: _____________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________ Endereço: ________________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ Médico assistente: ___________________________________________CRM: __________________________ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA 2.1 Está grávida ou amamentando? o não o sim g critério de exclusão para uso de riluzol 2.2 Possui outras doenças diagnosticadas? o não o sim g Quais? ________________________________________________________________________ (se insuficiência renal, insuficiência hepática, demência, distúrbios visuais, distúrbios autonômicos, distúrbios esfincterianos, doença do corno anterior medular e doenças graves ou incapacitantes g critério de exclusão para uso de riluzol: reavaliar solicitação do medicamento) 2.3 Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim * Interação potencial da toxina botulínica com aminoglicosídios e anticoagulantes 2.4 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não o sim g Quais? A que medicamentos? ______________________________________________________ 3 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO Registro dos Exames Laboratoriais Exames* Inicial 1o mês 2o mês 3o mês 6o mês 9o mês 12o mês Previsão de data Data Hemoglobina Plaquetas Leucócitos Neutrófilos AST/TGO ALT/TGP * Após o primeiro ano de tratamento, a periodicidade dos exames fica a critério médico. 286
  • 287. Esclerose Lateral Amiotrófica 3.1 Apresentou valores alterados (ALT ou AST > 5 vezes o limite da normalidade, hemoglobina < 10 g/dl, leucócitos < 3.000 mm3, neutrófilos < 1.500 mm3, plaquetas < 100.000 mm3)? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (critério para suspensão do tratamento) 3.2 Evoluiu para ventilação assistida? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente (critério para suspensão do tratamento) 3.3 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.4 3.4 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente TABELA DE REGISTRO DE EVENTOS ADVERSOS Data da entrevista Evento adverso *Intensidade q Conduta Esclerose Lateral Amiotrófica Principais reações adversas já relatadas: náuseas, vômitos, fraqueza, tonturas, formigamentos, diarreia, perda de apetite, sonolência, dor abdominal, constipação, cefaleia, taquicardia * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta: (F) farmacológica (indicação de medicamento de venda livre); (NF) não farmacológica (nutrição, ingestão de água, exercício, outros); (EM) encaminhamento ao médico assistente; (OU) outro (descrever) 287
  • 288. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO 1o mês 2o mês 3o mês 4o mês 5o mês 6o mês Data Nome comercial Lote/Validade Quantidade dispensada Próxima dispensação: (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 7o mês 8o mês 9o mês 10o mês 11o mês 12o mês Data Nome comercial Lote/Validade Quantidade dispensada Próxima dispensação: (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações 288
  • 289. Esclerose Lateral Amiotrófica Guia de Orientação ao Paciente Riluzol este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. o medicamento é utilizado no tratamento de esclerose lateral amiotrófica. 1 DOENÇA • Esclerose lateral amiotrófica é uma doença na qual ocorre a perda da junção dos neurônios, levando a problemas nos músculos, como fraqueza, espasmos, cãibras, dificuldade de executar tarefas do dia-a-dia, entre outros. 2 MEDICAMENTO • Este medicamento não cura a doença, mas aumenta o tempo de vida. 3 GUARDA DO MEDICAMENTO • Guarde o medicamento protegido do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação de temperatura (cozinha e banheiro). • Conserve os comprimidos na embalagem original. • Mantenha o medicamento fora do alcance de crianças. 4 ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO • Tome os comprimidos (sem mastigar ou triturar) 1 hora antes ou 2 horas após as refeições para garantir melhor ação do medicamento. • Procure tomar sempre no mesmo horário estabelecido no início do tratamento. • Em caso de esquecimento de uma dose, tome-a assim que lembrar. Se faltar pouco tempo para a próxima tomada, aguarde e tome somente a quantidade do próximo horário. Não tome a dose em dobro para compensar a que foi esquecida. 5 REAÇÕES DESAGRADÁVEIS • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, tais como náuseas, vômitos, fraqueza, tonturas, formigamentos, diarreia, perda Esclerose Lateral Amiotrófica de apetite, sonolência, dor abdominal, prisão de ventre e dor de cabeça. • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 USO DE OUTROS MEDICAMENTOS • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. Pode ser perigoso à saúde. 7 REALIZAÇÃO DOS EXAMES DE LABORATÓRIO • A realização dos exames garante uma correta avaliação sobre a ação do medicamento no seu organismo. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar a dose ou até suspender o tratamento. 8 OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES • Em caso de gravidez durante o tratamento, procure o médico imediatamente. • Não indique ou forneça o medicamento para qualquer outra pessoa. 289
  • 290. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas • Evite o uso de bebidas alcoólicas durante o tratamento. • Evite dirigir ou operar máquinas pelo menos no início do tratamento, pois podem ocorrer problemas de tonturas e sonolência. • Em caso de sensação de febre, o médico deve ser informado imediatamente. 9 PARA SEGUIR RECEBENDO O MEDICAMENTO • Retorne à farmácia a cada mês, com os seguintes documentos: - Receita médica atual - Cartão Nacional de Saúde ou RG - Exames de laboratório: hemograma, plaquetas, ALT/TGP e AST/TGO, a cada mês nos primeiros 3 meses de tratamento e, após, a cada 3 meses. Depois do primeiro ano de tratamento, a periodicidade fica a critério médico. 10 EM CASO DE DÚVIDA • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 11 OUTRAS INFORMAÇÕES ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. 290
  • 291. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Espasticidade Portaria SAS/MS no 377, de 10 de novembro de 2009. 1 METODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA a base de dados Medline/Pubmed (acesso em 29 de julho de 2009), utilizando-se as expressões N “Botulinum Toxin Type A”[Mesh] AND “Muscle Spasticity”[Mesh] e restringindo-se a ensaios clínicos randomizados (ECRs), revisões e metanálises publicados nos últimos 5 anos, nas línguas inglesa ou espanhola, foram identificados 51 artigos. Destes, foram selecionados para elaboração deste protocolo as revisões sistemáticas e 22 ECRs nos quais os desfechos clínicos foram relevantes. Foram excluídos artigos não indexados. 2 INTRODUÇÃO spasticidade é um distúrbio motor caracterizado pelo aumento do tônus muscular, dependente da E velocidade, associado à exacerbação do reflexo miotático1. As principais causas de espasticidade são acidente vascular cerebral, traumatismo cranioencefálico e traumatismo raquimedular em adultos e paralisia cerebral em crianças. Está associada com redução da capacidade funcional, limitação da amplitude do movimento articular, desencadeamento de dor, aumento do gasto energético metabólico e prejuízo nas tarefas diárias, como alimentação, locomoção, transferências (mobilidade) e cuidados de higiene. Pode causar contraturas, rigidez, luxações e deformidades articulares. Por outro lado, o aumento do tônus muscular pode contribuir para estabilização articular, melhora postural, facilitação das trocas de decúbito e transferências. Portanto, é uma situação clínica a ser modulada e não completamente eliminada2,3. ondição clínica multicausal, parte da síndrome do neurônio motor superior, a espasticidade acomete C milhões de pessoas em todo o mundo. Incidência e prevalência apresentam taxas variadas e estão intimamente relacionadas com as doenças correspondentes. Não há dados epidemiológicos oficiais no Brasil. a Tabela 1, estão apresentados os dados da literatura internacional1. N Tabela 1 - Epidemiologia da Espasticidade Doença Prevalência Espasticidade na doença (%) Traumatismo cranioencefálico 1 - 2 : 1.000 habitantes 13 - 20 (moderado a grave) Acidente vascular cerebral 2 - 3 : 100 habitantes 20 - 30 Traumatismo raquimedular 27 : 100.000 habitantes 60 - 78 Paralisia cerebral 2 : 1.000 nascidos vivos 70 - 80 médico deve conhecer os princípios da reabilitação, pois o manejo da espasticidade é O multifatorial. Pode requerer tratamentos medicamentosos (quimiodenervação fenólica, baclofeno intratecal), não medicamentosos (manobras de manutenção da amplitude do movimento articular, treino funcional, órteses de posicionamento, afastamento de fatores de exacerbação – vestuário inadequado, frio, posicionamento corporal inadequado) ou cirúrgicos (alongamentos musculotendinosos, tenotomias, Consultores: Fábio Coelho Guarany, Antônio Cardoso dos Santos, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 291
  • 292. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas neurotomias, rizotomias), dependendo da sua magnitude e do comprometimento clínico-funcional do paciente. Assim, não são recomendadas medidas isoladas para se alcançarem os objetivos estabelecidos1,4. á pouco mais de duas décadas foram publicados os primeiros estudos sobre toxina botulínica tipo H A (TBA) na redução do tônus muscular. A TBA é uma proteína produzida pelo Clostridium botulinum (bacilo anaeróbio causador do botulismo – intoxicação alimentar sistêmica que provoca, entre outros sintomas, paralisia muscular flácida). Os primeiros relatos sobre o micro-organismo datam do século XIX, mas somente na década de 1920 foram descritas as primeiras tentativas de purificação da TBA. Atualmente, a TBA é parte integrante do arsenal terapêutico de condições espásticas, distonias, estrabismo, entre outras, podendo ser utilizada com segurança e eficácia5. 3 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • G04.1 Paraplegia espástica tropical • G80.0 Paralisia cerebral espástica • G80.1 Diplegia espástica • G80.2 Hemiplegia infantil • G81.1 Hemiplegia espástica • G82.1 Paraplegia espástica • G82.4 Tetraplegia espástica • I69.0 Sequelas de hemorragia subaracnóidea • I69.1 Sequelas de hemorragia intracerebral • I69.2 Sequelas de outras hemorragias intracranianas não traumáticas • I69.3 Sequelas de infarto cerebral • I69.4 Sequelas de acidente vascular cerebral não especificado como hemorrágico ou isquêmico • I69.8 Sequelas de outras doenças cerebrovasculares e das não especificadas • T90.5 Sequelas de traumatismo intracraniano • T90.8 Sequelas de outros traumatismos especificados da cabeça 4 DIAGNÓSTICO diagnóstico é clínico. Ao exame físico, o médico gradua o tônus muscular segundo a Escala de Ashworth O Modificada (EAM), instrumento mais utilizado nos desfechos clínicos da literatura. A escala apresenta 5 categorias que variam do tônus normal à rigidez (Tabela 2), conforme a resistência muscular contra a movimentação passiva do(s) segmento(s) afetado(s)6-8. m situações excepcionais, a critério médico, a confirmação dos grupos musculares espásticos pode ser E feita através do estudo eletroneuromiográfico dinâmico9. ão importante quanto o diagnóstico da espasticidade é avaliar seu impacto na função motora global, T na dor, no desenvolvimento de contraturas e deformidades osteomusculoarticulares, nos autocuidados ou na assistência do cuidador. A partir destas informações, o plano terapêutico deve ser estabelecido1,10. Tabela 2 - Escala de Ashworth Modificada Grau Descrição 0 Tônus normal 1 Leve aumento do tônus muscular com mínima resistência no fim do movimento 1+ Leve aumento do tônus muscular com mínima resistência em menos da metade do movimento 2 Aumento mais marcado do tônus muscular na maior parte do movimento, mas a mobilização passiva é efetuada com facilidade 3 Considerável aumento do tônus muscular, mas a movimentação passiva é efetuada com dificuldade 4 Segmento afetado rígido em flexão ou extensão EAM serve para avaliar a intensidade da hipertonia e a resposta terapêutica. A partir do grau 1, um A indicador associado à disfunção, à dor e à necessidades de assistência pode indicar tratamento. 292
  • 293. Espasticidade 5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO erão incluídos11 neste protocolo de tratamento os portadores de espasticidade que S apresentarem as condições abaixo: • um dos diagnósticos codificados no item 3; • comprometimento funcional, dor ou risco de estabelecimento de deformidades osteomusculoarticulares, devidamente informados por laudo médico; • inserção em programa de reabilitação onde paciente, familiar ou cuidador seja capaz de assegurar o seguimento do tratamento, monitorização dos efeitos adversos e adesão às medidas instituídas. 6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO erão excluídos11 deste protocolo de tratamento os pacientes espásticos que apresentarem S pelo menos uma das situações abaixo: • hipersensibilidade a um ou mais componentes da formulação das apresentações de TBA; • perda definitiva da mobilidade articular por contratura fixa ou anquilose com EAM grau 4; • doenças da junção neuromuscular (miastenia gravis, síndrome de Eaton-Lambert); • desenvolvimento de anticorpos contra TBA; • infecção no local de aplicação; • gravidez ou amamentação; • uso concomitante de aminoglicosídios ou espectiomicina; • impossibilidade de seguimento do acompanhamento médico e de manutenção dos cuidados de reabilitação propostos. 7 CASOS ESPECIAIS onsideram-se casos especiais os que apresentem situações não previstas ou que estejam em C desacordo com este protocolo. As divergências mais frequentes estão relacionadas com codificação da CID-10, frequência de aplicação, dose total preconizada, indicação e falha terapêutica12. Nestes casos, recomenda-se a avaliação individual e presencial do paciente por um Comitê de Especialistas. 8 COMITÊ DE ESPECIALISTAS Comitê de Especialistas tem por objetivo assessorar o gestor estadual na avaliação dos casos O especiais relacionadas ao tratamento com TBA. Deve ser constituído por, no mínimo, dois médicos especialistas em Medicina Física e Reabilitação − Fisiatria, Neurologia, Neurocirurgia ou Ortopedia e estar inserido no Centro de Referência em Espasticidade. Quando não for possível ou a critério do gestor, deve contar com profissionais vinculados a instituições de excelência no ensino médico, credenciadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 9 CENTRO DE REFERÊNCIA Centro de Referência em Espasticidade tem por objetivo estabelecer a prática do uso racional O da TBA no tratamento da espasticidade através da prescrição da menor dose eficaz, compartilhamento de frascos nos casos de doses fracionadas, monitorização de eventos adversos e de falhas terapêuticas, armazenamento e dispensação e prestação de assistência multidisciplinar. Devem ser realizadas as Espaticidade etapas de avaliação, planejamento, administração e acompanhamento do tratamento com TBA10. Sugere-se que o Centro de Referência esteja vinculado a um Serviço de Medicina Física e Reabilitação − Fisiatria credenciado pelo SUS. Quando não for possível, deve estar vinculado a instituições de excelência no ensino médico, credenciadas pelo SUS, com equipe multidisciplinar constituída de médico especialista (Medicina Física e Reabilitação − Fisiatria, Neurologia, Neurocirurgia ou Ortopedia) com experiência em avaliação clínica e funcional da espasticidade, de terapeuta ocupacional e de fisioterapeuta11. A escolha das instituições que abrigarão os centros deve ser realizada pelos gestores estaduais de acordo com critérios técnicos, geográficos e científicos por eles estabelecidos. experiência com a criação de Centros de Referência em Espasticidade e com a implantação A dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde na assistência farmacêutica 293
  • 294. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas tem demonstrado redução nos gastos públicos com TBA, além de permitir uma comunicação ativa e informativa entre a classe médica, contribuindo para o uso racional de medicamentos12. 10 TRATAMENTO tratamento da espasticidade1,4,10 é parte do tratamento reabilitador, não estando recomendado o uso O da TBA em quadros de espasticidade generalizada. Para o uso de TBA como modalidade terapêutica, o paciente deve estar inserido em um programa de reabilitação ou, no mínimo, realizando atendimento de fisioterapia. Os fatores de exacerbação do tônus muscular, como infecções, úlceras de pressão, órteses mal-adaptadas ou complicações clínicas, devem ser afastados ou manejados concomitantemente. planejamento do tratamento com TBA suscita os seguintes questionamentos: O • seu uso será capaz de reduzir a espasticidade do(s) segmento(s) afetado(s) na magnitude desejada? • seu uso, através da redução da espasticidade, será capaz de tratar ou prevenir alterações osteomusculoarticulares ou dor? • seu uso é seguro, sem risco de perda da funcionalidade preexistente? e todas as respostas forem afirmativas, o médico será capaz de realizar o correto planejamento S terapêutico. 0.1 FÁRMACO 1 BA é uma neurotoxina, produzida pela bactéria Clostridium botulinum, que bloqueia a liberação de T acetilcolina, principal neurotransmissor da placa motora, interrompendo a transmissão neuronal e o consequente bloqueio neuromuscular5. xistem três apresentações comerciais de TBA aprovadas para espasticidade pela Agência Nacional E de Vigilância Sanitária (ANVISA). Serão utilizadas as nomenclaturas toxina botulínica tipo A 1 (TBA-1), toxina botulínica tipo A 2 (TBA-2) e toxina botulínica tipo A 3 (TBA-3) (Tabela 3). Cabe ao médico prescritor conhecer as similaridades e as diferenças entre elas, pois são produtos biológicos que apresentam mecanismos de ação idênticos (efeito de classe), mas que diferem em seu comportamento farmacocinético. As formulações não possuem a mesma potência, e as unidades das formulação não são unidades-padrão internacionais. Uma preparação não é diretamente intercambiável com outra, devendo ser realizado ajuste de dose conforme a apresentação utilizada. Com base na literatura, considerando o efeito de classe, sugere-se a seguinte conversão aproximada de doses13-15. • 1 U de TBA-1 = 1 U de TBA-3 • 1 U de TBA-1 ou 1 U de TBA-3 = 3-4 U de TBA-2 revisão da literatura, através de metanálises, revisões sistemáticas e ensaios clínicos randomizados A duplos-cegos controlados, demonstrou, em 7 estudos com adultos, totalizando 2.103 indivíduos, e em 6 com 3.098 indivíduos de 2 a 19 anos de idade, que a TBA é segura e eficaz na redução da espasticidade. Os eventos adversos mais frequentes são sintomas locais, como dor, hematoma, infecção local, atrofia e fraqueza muscular e alterações da sudorese. Os relatos de efeitos sistêmicos mais comuns são cansaço, fraqueza generalizada, prurido e reações alérgicas. Normalmente, os efeitos não são intensos e, na maioria dos casos, são autolimitados13,16-28. Tabela 3 - Apresentações da TBA TBA-1 TBA-2 TBA-3 Forma farmacêutica Pó seco a vácuo Pó liofilizado injetável Pó liofilizado injetável Número de unidades/frasco 100 U 500 U 100 U 0,5 mg de albumina 0,125 mg de albumina 5 mg de gelatina, Composição humana e 0,9 mg de humana e 2,5 mg de 25 mg de dextrano e NaCl lactose 25 mg de sacarose ≤ 5 °C em freezer ou Armazenagem pré-reconstituição 2 - 8 °C 2 - 8 ºC 2 - 8 °C em geladeira Armazenagem pós-reconstituição 2 - 8 °C 2 - 8 °C 2 - 8 °C Tempo de validade pós-reconstituição 24 horas 8 horas 4 horas 294
  • 295. Espasticidade 10.2 ESQUEMAS DE ADMINISTRAÇÃO A TBA é injetada por via intramuscular conforme plano terapêutico. A aplicação deve ser realizada por médico devidamente capacitado, especialista em Medicina Física e Reabilitação − Fisiatria, Neurologia, Neurocirurgia ou Ortopedia. A dose total por sessão de tratamento deve seguir as recomendações das bulas oficiais dos medicamentos, dividida entre os músculos selecionados. A determinação das doses baseia-se na intensidade da espasticidade, no comprometimento funcional, no peso corporal e no tamanho e número de músculos a serem tratados. Cada aplicação deve sempre utilizar a menor dose eficaz estimada. Nos casos em que os objetivos não forem alcançados, novas aplicações podem ser consideradas respeitando o intervalo mínimo de 3 a 4 meses. Tais medidas são indispensáveis para evitar falha terapêutica pela formação de anticorpos16 (Tabela 4). duração do efeito é variável e influenciada por outras medidas antiespásticas, como uso de A medicamentos por via oral, órteses e realização de fisioterapia. Recomenda-se reavaliação em 4 a 6 semanas após cada aplicação, sendo as demais realizadas a critério médico. pós a injeção local, a TBA difunde-se pelo tecido muscular e por outros tecidos. Seu efeito A concentra-se próximo ao ponto de aplicação e diminui afastando-se dele. Pode ocorrer difusão para músculos vizinhos, especialmente quando doses ou volumes elevados são utilizados, além de fraqueza da musculatura adjacente16. m relação às técnicas de aplicação4,6,10, são feitas as seguintes recomendações: E • utilizar sempre solução salina sem conservantes (soro fisiológico a 0,9%) para a reconstituição; • evitar o borbulhamento ou a agitação do conteúdo do frasco durante a reconstituição e aspiração do medicamento para a seringa de injeção; • para a localização correta dos músculos, pode ser utilizada eletroestimulação ou eletromiografia de modo a posicionar com precisão a agulha, especialmente nos casos de difícil discriminação, como músculos do antebraço, em obesos e crianças por exemplo; • em músculos grandes ou distais, sugere-se injetar o medicamento em pelo menos 2 pontos; • pode-se injetar em mais de um músculo no mesmo procedimento, desde que as doses disponíveis sejam adequadas para cada músculo; • a critério médico, podem ser realizados os procedimentos sob sedação ou anestesia geral, principalmente em crianças. Tabela 4 - Recomendações para Manutenção da Resposta Terapêutica a Longo Prazo Utilizar a menor dose eficaz estimada em cada aplicação. Respeitar o intervalo mínimo de 3 a 4 meses entre as aplicações. Prolongar o máximo possível o intervalo entre as reaplicações. 0.3 TEMPO DE TRATAMENTO 1 tratamento costuma ter duração indeterminada, podendo ser interrompido por qualquer das O situações relacionadas no item Critérios de Exclusão. Após um número não previsível de aplicações, o efeito pode se tornar mais fraco ou ausente, mesmo com aumento da dose. Estes casos levam à suspeita de formação de anticorpos. Um teste clínico simples e acessível – teste de anticorpos no Espaticidade músculo frontal – pode ser realizado. Injetam-se 10 U de TBA-1 ou TBA-3 ou 20 U TBA-2 no músculo frontal, 3 cm acima do canto lateral de um dos olhos. Após 1-3 semanas em avaliação médica, pede-se para o paciente elevar as sobrancelhas; caso o músculo injetado apresente movimento similar ao do lado não injetado (ausência de paralisia ou fraqueza muscular), considera-se falha do efeito da TBA16. 0.4 BENEFÍCIOS ESPERADOS 1 s benefícios esperados do tratamento com TBA são os seguintes: O • melhora da capacidade funcional (locomoção, transferências, atividades da vida diária); • prevenção de contraturas e deformidades osteomusculoarticulares; • diminuição da dor; 295
  • 296. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas • facilitação no uso de órteses e realização dos cuidados de higiene do paciente; • redução da taxa de uso de outros medicamentos; • diminuição da frequência e severidade dos espasmos; • redução do número de procedimentos de reabilitação. 11 MONITORIZAÇÃO monitorização deve ser feita pelo registro de informações relevantes sobre o tratamento, como A diagnóstico, grupos musculares abordados, doses utilizadas, avaliação de tônus e registro de efeitos adversos. Em doses adequadas, respeitando a técnica de aplicação e com profissionais experientes, pode-se dizer que é um tratamento seguro. O paciente ou seu responsável deve ser orientado a procurar o médico imediatamente se quaisquer efeitos indesejáveis surgirem. 12 REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR ecomenda-se aos gestores estaduais que a TBA seja utilizada exclusivamente nos Centros de R Referência, considerando as especificidades do medicamento (conservação em refrigeração, intervalo entre administrações, indicações e cálculo de doses), a necessidade de médicos especialistas e a abordagem multidisciplinar no manejo da espasticidade. 13 TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE – TER obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal sobre potenciais riscos, benefícios e É efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento preconizado neste protocolo. O TER é obrigatório ao se prescrever medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Vivancos-Matellano F, Pascual-Pascual SI, Nardi-Vilardaga J, Miquel-Rodriguez F, de Miguel-Leon I, Martinez-Garre MC, et al. [Guide to the comprehensive treatment of spasticity]. Rev Neurol. 2007;45(6):365-75. Spanish. 2. Sommerfeld DK, Eek EU, Svensson AK, Holmqvist LW, von Arbin MH. Spasticity after stroke: its occurrence and association with motor impairments and activity limitations. Stroke. 2004;35(1):134-9. 3. O’Shea TM. Diagnosis, treatment, and prevention of cerebral palsy. Clin Obstet Gynecol. 2008;51(4):816-28. 4. Gracies JM, Hefter H, Simpson DM, Moore P. Spasticity in adults. In: Moore P, Naumann M, editors. Handbook of botulinum toxin treatment. 2nd ed. Oxford: Blackwell Science; 2003. p. 219-71. 5. Naumann M, Toyka KV, Moore P. History and current applications of botulinum toxin – from poison to remedy. In: Moore P, Naumann M, editors. Handbook of botulinum toxin treatment. 2nd ed. Oxford: Blackwell Science; 2003. p. 3-8. 6. Pathak MS, Nguyen HT, Graham HK, Moore AP. Management of spasticity in adults: practical application of botulinum toxin. Eur J Neurol. 2006;13(Suppl 1):42-50. 7. Pandyan AD, Johnson GR, Price CI, Curless RH, Barnes MP, Rodgers H. A review of the properties and limitations of the Ashworth and modified Ashworth Scales as measures of spasticity. Clin Rehabil. 1999;13(5):373-83. 8. Platz T, Eickhof C, Nuyens G, Vuadens P. Clinical scales for the assessment of spasticity, associated phenomena, and function: a systematic review of the literature. Disabil Rehabil. 2005;27(1-2):7-18. 9. Malhotra S, Cousins E, Ward A, Day C, Jones P, Roffe C, Pandyan A. An investigation into the agreement between clinical, biomechanical and neurophysiological measures of spasticity. Clin Rehabil. 2008;22(12):1105-15. 10. Ward AB. Spasticity treatment with botulinum toxins. J Neural Transm. 2008;115(4):607-16. 11. Musse CAI, Rieder CRM, Picon PD, Amaral KM. Espasticidade focal disfuncional. In: Picon DP, Beltrame A, editores. Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas - medicamentos excepcionais. Brasília: Ministério da Saúde; 2002. p. 341-62. 12. Picon PD, Guarany FC, Socal MP, Leal MP, Laporte EA, Schestatsky P, et al. Implementation of Brazilian guidelines for botulinum toxin: a three-year follow-up of a cost-reduction strategy in the public health system of Rio Grande do Sul, Brazil. Oral presentation of the 4th Health Technology Assessment International Annual Meeting; 2007 Jun 17-20; Barcelona, Spain. 13. Rieder CR, Schestatsky P, Socal MP, Monte TL, Fricke D, Costa J, et al. A double-blind, randomized, crossover study of prosigne versus botox in patients with blepharospasm and hemifacial spasm. Clin Neuropharmacol. 2007;30(1):39-42. 14. Ranoux D, Gury C, Fondarai J, Mas JL, Zuber M. Respective potencies of Botox and Dysport: a double blind, randomised, crossover study in cervical dystonia. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2002;72(4):459-62. 296
  • 297. Espasticidade 15. Rosales RL, Bigalke H, Dressler D. Pharmacology of botulinum toxin: differences between type A preparations. Eur J Neurol. 2006;13(Suppl 1):2-10. 16. Moore P, Naumann M. General and clinical aspects of treatment with botulinum toxin. In Moore P, Naumann M, editors. Handbook of botulinum toxin treatment. 2nd ed. Oxford: Blackwell Science; 2003. p. 28-75. 17. Simpson DM, Gracies JM, Graham HK, Miyasaki JM, Naumann M, Russman B, et al. Assessment: Botulinum neurotoxin for the treatment of spasticity (an evidence-based review): report of the Therapeutics and Technology Assessment Subcommittee of the American Academy of Neurology. Neurology. 2008;70(19):1691-8. 18. Cardoso E, Rodrigues B, Lucena R, Oliveira IR, Pedreira G, Melo A. Botulinum toxin type A for the treatment of the upper limb spasticity after stroke: a meta-analysis. Arq Neuropsiquiatr. 2005;63(1):30-3. Epub 2005 Apr 13. 19. Baker R, Jasinski M, Maciag-Tymecka I, Michalowska-Mrozek J, Bonikowski M, Carr L, et al. Botulinum toxin treatment of spasticity in diplegic cerebral palsy: a randomized, double-blind, placebo-controlled, dose-ranging study. Dev Med Child Neurol. 2002;44(10):666-75. 20. Cardoso ES, Rodrigues BM, Barroso M, Menezes CJ, Lucena RS, Nora DB, et al. Botulinum toxin type A for the treatment of the spastic equinus foot in cerebral palsy. Pediatr Neurol. 2006;34(2):106-9. 21. Albavera-Hernández C, Rodríguez JM, Idrovo AJ. Safety of botulinum toxin type A among children with spasticity secondary to cerebral palsy: a systematic review of randomized clinical trials. Clin Rehabil. 2009;23(5):394-407. 22. McCrory P, Turner-Stokes L, Baguley IJ, De Graaff S, Katrak P, Sandanam J, et al. Botulinum toxin A for treatment of upper limb spasticity following stroke: a multi-centre randomized placebo-controlled study of the effects on quality of life and other person-centred outcomes. J Rehabil Med. 2009;41(7):536-44. 23. Rosales RL, Chua-Yap AS. Evidence-based systematic review on the efficacy and safety of botulinum toxin-A therapy in post-stroke spasticity. J Neural Transm. 2008;115(4):617-23. Epub 2008 Mar 6. 24. Lukban MB, Rosales RL, Dressler D. Effectiveness of botulinum toxin A for upper and lower limb spasticity in children with cerebral palsy: a summary of evidence. J Neural Transm. 2009;116(3):319-31. Epub 2009 Jan 14. 25. Kinnett D. Botulinum toxin A injections in children: technique and dosing issues. Am J Phys Med Rehabil. 2004;83(10 Suppl):S59-64. 26. Childers MK, Brashear A, Jozefczyk P, Reding M, Alexander D, Good D, et al. Dose-dependent response to intramuscular botulinum toxin type A for upper-limb spasticity in patients after a stroke. Arch Phys Med Rehabil. 2004;85(7):1063-9. 27. Yablon SA, Brashear A, Gordon MF, Elovic EP, Turkel CC, Daggett S, et al. Formation of neutralizing antibodies in patients receiving botulinum toxin type A for treatment of poststroke spasticity: a pooled-data analysis of three clinical trials. Clin Ther. 2007;29(4):683-90. 28. Molenaers G, Schörkhuber V, Fagard K, Van Campenhout A, De Cat J, Pauwels P, et al. Long-term use of botulinum toxin type A in children with cerebral palsy: treatment consistency. Eur J Paediatr Neurol. 2009;13(5):421-9. Espaticidade 297
  • 298. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Termo de Esclarecimento e Responsabilidade Toxina Botulínica Tipo A Eu, ______________________________________________________ (nome do(a) paciente), declaro ter sido informado(a) claramente sobre benefícios, riscos, contraindicações e principais efeitos adversos relacionados ao uso de toxina botulínica tipo A, indicado para o tratamento de espaticidade. Os termos médicos foram explicados e todas as dúvidas foram resolvidas pelo médico _______________________________________________(nome do médico que prescreve). Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber pode trazer as seguintes melhoras: • melhora da atividade funcional (locomoção, atividades diárias); • prevenção de contratura e deformidades nas articulações (juntas); diminuição da dor; • facilitação no uso de órteses e realização dos cuidados de higiene; • diminuição da frequência e severidade dos espasmos; • redução do uso de medicamentos antiespásticos; • redução do número de procedimentos de reabilitação. Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais efeitos adversos e riscos do uso deste medicamento: • os riscos na gravidez ainda não são bem conhecidos; portanto, caso engravide, devo avisar imediatamente o médico; • o principal efeito desagradável é dor no local de aplicação da injeção; • os efeitos adversos são pouco frequentes (estimativa de que a cada 100 pacientes que recebem o medicamento apenas 3 terão algum tipo de reação). Já foram relatados fraqueza, náuseas, coceira, dor de cabeça, alergias na pele, mal-estar geral, febre, dor no corpo. Fui também informado(a) de que este medicamento não tem por objetivo curar a doença que originou a espasticidade. Conforme a marca comercial utilizada, a dose da toxina botulínica pode ser ajustada e devo procurar orientação do médico ou farmacêutico em caso de dúvida. Estou ciente de que este medicamento somente pode ser utilizado por mim, comprometendo-me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido(a), inclusive em caso de desistir de usar o medicamento. Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações relativas ao meu trata­ ento, desde que assegurado o anonimato.  m Local: Data: Nome do paciente: Cartão Nacional de Saúde: Nome do responsável legal: Documento de identificação do responsável legal: _____________________________________ Assinatura do paciente ou do responsável legal Médico responsável: CRM: UF: ___________________________ Assinatura e carimbo do médico Data:____________________ Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF) e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal. 298
  • 299. Espasticidade Espaticidade 299
  • 300. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Fluxograma de Tratamento Espasticidade Diagnóstico: clínico Paciente com diagnóstico de espasticidade Critérios de inclusão: ✓ comprometimento funcional, dor ou risco de estabelecimento de deformidades osteomusculoarticulares e ✓ inserção em programa de reabilitação Recomenda-se reavaliação a cada 4-6 Possui critérios de semanas após cada aplicação. inclusão para tratamento Benefícios esperados: com TBA? ✓ melhora da capacidade funcional ✓ prevenção de contraturas e deformidades osteomusculoarticulares ✓ diminuição da dor Não Sim ✓ facilitação no uso de órteses e realização dos cuidados de higiene do paciente ✓ redução da taxa de uso de outros medicamentos ✓ diminuição da frequência e severidade dos espasmos Exclusão ✓ redução do número de procedimentos de do PCDT reabilitação Possui algum critério de Sim Não exclusão? Tratamento com TBA Critérios de exclusão e/ou interrupção: Houve resposta ✓ doenças da junção neuromuscular Sim Não terapêutica? (miastenia gravis, síndrome de Eaton-Lambert) ou ✓ uso concomitante de potencializadores do bloqueio Manter o esquema de neuromuscular (aminoglicosídios ou Ajustar a dose. Reaplicar tratamento. Respeitar o espectiomicina) ou em 3-4 meses e ✓ desenvolvimento de anticorpos intervalo de aplicação de, reavaliar os pontos de contra TBA ou pelo menos, 3-4 meses. aplicação. ✓ perda definitiva da mobilidade articular Utilizar a menor dose eficaz por contratura ou anquilose com EAM estimada em cada aplicação. grau 4 ou ✓ infecção no local de aplicação ou ✓ hipersensiblidade a TBA ou a um de seus componentes ou ✓ gravidez ou amamentação ou ✓ impossibilidade de seguimento do Houve resposta acompanhamento médico e terapêutica e há manutenção dos cuidados de Sim Não reabilitação propostos. ausência dos critérios de interrupção? Suspender o uso de TBA. 300
  • 301. Espasticidade Fluxograma de Dispensação de Toxina Botulínica Espasticidade Portaria SAS/MS n 389, de 19 de setembro de 2001. Paciente solicita o medicamento. CID-10: G04.1, G80.0, G80.1, G80.2, G81.1, G82.1, G82.4, I69.0, I69.1, I69.2, I69.3, I69.4, I69.8, T90,5, T90.8 Exame: ß-HCG (para mulheres em idade fértil) Dose: de acordo com o músculo, ver Possui LME corretamente PCDT Não preenchido e demais Sim documentos exigidos? Orientar o paciente. CID-10 e dose estão de acordo Não Sim com o preconizado pelo PCDT? Encaminhar o Realizar entrevista paciente ao médico farmacoterapêutica inicial assistente. com o farmacêutico. Processo Não Sim deferido? Não dispensar e Orientar o justificar ao paciente. paciente. Dispensação pelo menos a cada 3 meses de tratamento Entrevista farmacoterapêutica de monitorização Espaticidade Paciente apresentou eventos Sim adversos significativos ou Não falha terapêutica? Dispensar e solicitar parecer Dispensar. do médico assistente. 301
  • 302. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Ficha Farmacoterapêutica Espasticidade 1 DADOS DO PACIENTE Nome:___________________________________________________________________________________ Cartão Nacional de Saúde:__________________ RG:_____________________________________________ Sexo: o Masculino o Feminino DN:_____/_____/______Idade:______Peso:_______Altura:_______________ Endereço:________________________________________________________________________________ Telefones:________________________________________________________________________________ Médico assistente:_ _______________________________________________ CRM: ____________________ _ Telefones: ________________________________________________________________________________ 2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA 2.1 Qual a causa da espasticidade? o Traumatismo cranioencefálico o Acidente vascular cerebral o Traumatismo raquimedular o Paralisia cerebral 2.2 Já realizou procedimentos cirúrgicos para espasticidade? o não o sim g Qual?_____________________ o Rizotomia o Neurectomia o Bloqueio neurolítico com fenol o Alongamento de tendão o Outro_______________________________________________________________________________ 2.3 Quais os medicamentos utilizados para espasticidade? Medicamento Dose diária Efetividade* Efeitos adversos Atualmente em uso o não o sim o não o sim o não o sim * Escala entre +++++ (máxima efetividade) a + (mínima efetividade) 2.4 Está grávida ou amamentando? o não o sim g critério de exclusão para uso da toxina botulínica 2.5 Possui outras doenças diagnosticadas? o não o sim g Quais?________________________________________________________________________ 2.6 Faz uso de outros medicamentos*? o não o sim g Quais? Nome comercial Nome genérico Dose total/dia e via Data de início Prescrito o não o sim o não o sim o não o sim o não o sim * Interação potencial da toxina botulínica com aminoglicosídios e anticoagulantes 302
  • 303. Espasticidade 2.7 Já apresentou reações alérgicas a medicamentos? o não o sim g Quais? A que medicamentos?_______________________________________________ 3 MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO 3.1 Apresentou sintomas que indiquem eventos adversos? (preencher Tabela de Registro de Eventos Adversos) não g Dispensar sim g Passar para a pergunta 3.2 3.2 Necessita de avaliação do médico assistente com relação ao evento adverso? não g Dispensar sim g Dispensar e encaminhar o paciente ao médico assistente TABELA DE REGISTRO DE EVENTOS ADVERSOS Data da entrevista Evento adverso *Intensidade q Conduta Principais reações adversas já relatadas: fraqueza, cansaço, mal-estar, sonolência, náuseas, dor de cabeça, alergia na pele, coceiras, febre, dor no corpo * Intensidade: (L) leve; (M) moderada; (A) acentuada q Conduta do paciente para resolução do evento apresentado Espaticidade 303
  • 304. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas TABELA DE REGISTRO DA DISPENSAÇÃO* 1a dispensação 2a dispensação 3a dispensação 4a dispensação Data Nome comercial Lote/Validade Dose prescrita/Músculo Quantidade dispensada Próxima dispensação (Necessita de parecer médico: sim/não) Farmacêutico/CRF Observações *As aplicações devem ocorrer em intervalos de pelo menos 3 meses. A dispensação, portanto, deve ser pelo menos trimestral. 304
  • 305. Espasticidade Guia de Orientação ao Paciente Toxina Botulínica este é um guia sobre o medicamento que você está recebendo gratuitamente pelo sus. seguindo suas orientações, você terá mais chance de se beneficiar com o tratamento. o medicamento é utilizado no tratamento de espasticidade. 1 DOENÇA • É uma doença que leva a uma diminuição da amplitude dos movimentos, causando dor, dificuldade de executar tarefas do dia-a-dia, rigidez e deformidades nas articulações. 2 MEDICAMENTO • A toxina botulínica tem 3 apresentações comerciais com características diferenciadas, mudando, inclusive, a dose a ser utilizada. • Este medicamento não cura a doença, mas melhora a qualidade de vida, com diminuição da contração dos músculos, do desconforto e da dor que a doença provoca. 3 GUARDA DO MEDICAMENTO • Guarde o medicamento na geladeira, mas não há necessidade de ser congelado. • Mantenha o medicamento fora do alcance de crianças. 4 ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO • Este medicamento deve ser aplicado pelo médico especialista em ambiente hospitalar. 5 REAÇÕES DESAGRADÁVEIS • Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações desagradáveis, que geralmente não trazem muito desconforto. Entre elas incluem-se fraqueza, cansaço, mal-estar, sonolência, náuseas, dor de cabeça, alergia na pele, coceiras, febre, dor no corpo. • Podem ocorrer dor nos pontos de aplicação e formação de manchas roxas. • Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico. • Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico. 6 USO DE OUTROS MEDICAMENTOS • Não faça uso de outros medicamentos sem o conhecimento do médico ou orientação de um profissional de saúde. Pode ser perigoso à saúde. 7 OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES Espaticidade • Em caso de gravidez durante o tratamento, procure o médico imediatamente. • Não indique ou forneça o medicamento para qualquer outra pessoa. 8 PARA SEGUIR RECEBENDO O MEDICAMENTO • Retorne à farmácia pelo menos a cada 3 meses, com os seguintes documentos: - Receita médica atual - Cartão Nacional de Saúde ou RG 305
  • 306. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 9 EM CASO DE DÚVIDA • Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure orientação com o médico ou farmacêutico do SUS. 10 OUTRAS INFORMAÇÕES ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia até sua casa e guardá-lo imediatamente na geladeira. se, por algum motivo, não usar o medicamento, devolva-o à farmácia do sus. 306
  • 307. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Fibrose Cística - Insuficiência Pancreática Portaria SAS/MS no 224, de 10 de maio de 2010. (Retificada em 27.08.10) 1 Metodologia de busca da literatura Para a análise da eficácia das enzimas pancreáticas no tratamento da insuficiência pancreática em pacientes com fibrose cística foram realizadas buscas nas bases Medline/Pubmed e Cochrane. a base Medline/Pubmed foram localizados 110 estudos conforme os seguintes critérios de busca: N (“pancreas”[Mesh Terms] AND “pancreas”[All Fields] AND “pancreatic”[All Fields]) AND “enzymology”[Subheading] AND “enzymology”[All Fields] AND “enzymes”[All Fields] AND “enzymes”[Mesh Terms]) AND (“cystic fibrosis”[Mesh Terms]) AND (“cystic”[All Fields] AND “fibrosis”[All Fields]) AND “cystic fibrosis”[All Fields]) a base de dados Cochrane foram usadas as estratégias de busca “cystic fibrosis”, “pancreatic N enzymes” e não foram localizadas revisões sistemáticas. oram selecionados para avaliação ensaios clínicos randomizados publicados até 16/11/2009. F Não foram encontradas metanálises nem revisões sistemáticas. Foram excluídos estudos sobre o uso de enzimas em outras doenças, estudos de adesão ao tratamento e qualidade de vida e estudos de correlação da insuficiência pancreática com o genótipo. 2 Introdução ibrose cística, também chamada de mucoviscidose, é uma doença genética autossômica recessiva. F Embora predomine na população caucasiana, com incidência de 1:3.000 nascidos vivos, pode estar presente em todos os grupos étnicos1. No Brasil, a incidência ainda é ignorada, contudo estudos regionais mostram dados estatísticos variáveis que sugerem uma incidência em torno de 1:7.000 no país como um todo2. A vida média dos pacientes com fibrose cística tem aumentado nos últimos anos, alcançando a terceira década, resultado do diagnóstico precoce e do tratamento especializado instituído nas fases iniciais da doença3. nsuficiência pancreática é a manifestação gastrointestinal mais comum na fibrose cística. I Aproximadamente 85% dos pacientes apresentam comprometimento em graus variáveis da função pancreática no decorrer da vida4. Estima-se que dois terços dos lactentes apresentam insuficiência pancreática ao nascer5. má-absorção intestinal na fibrose cística é multifatorial. A deficiência de enzimas pancreáticas é o A fator predominante e decorre da obstrução dos ductos pancreáticos e da destruição progressiva do pâncreas por fibrose. Em consequência, ocorre má-absorção dos nutrientes e comprometimento do estado nutricional. A má-absorção das gorduras leva a esteatorreia (caracterizada por fezes volumosas, frequentes, fétidas e oleosas), flatulência, distensão abdominal e deficiência de vitaminas lipossolúveis5. As manifestações clínicas tornam-se aparentes quando há destruição de mais de 90% do pâncreas exócrino. insuficiência pancreática pode variar de intensidade no decorrer da doença, o que requer reavaliação A clínica e nutricional dos pacientes para ajuste da dose das enzimas pancreáticas6. 3 Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) • E84.1 Fibrose cística com manifestações intestinais • E84.8 Fibrose cística com outras manifestações Consultores: Fernando Antonio de Abreu e Silva, Isabella Scatolin, Elenara da Fonseca Andrade Procianoy, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 307
  • 308. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas 4 Diagnóstico .1 Diagnóstico clínico 4 osse crônica, esteatorreia e suor salgado são sintomas clássicos de fibrose cística. Entretanto, a T gravidade e a frequência dos sintomas são muito variáveis e podem ser diferentes conforme a faixa etária, mas a maioria dos pacientes apresenta-se sintomática nos primeiros anos de vida. Ao nascer, 10%-18% dos pacientes podem apresentar íleo meconial5,6. sintoma respiratório mais frequente é tosse persistente, inicialmente seca e aos poucos produtiva, O com eliminação de escarro mucoide a francamente purulento. A radiografia de tórax pode inicialmente apresentar sinais de hiperinsuflação e espessamento brônquico, mas, com o decorrer do tempo, podem surgir atelectasias segmentares ou lobares. O achado de bronquiectasias é mais tardio. As exacerbações da doença pulmonar caracterizam-se por aumento da tosse, taquipneia, dispneia, mal-estar, anorexia e perda de peso. Insuficiência respiratória e cor pulmonale são eventos finais4. inusopatia crônica está presente em quase 100% dos pacientes. Polipose nasal recidivante ocorre em S cerca de 20% dos casos e pode ser a primeira manifestação da doença4. istensão abdominal, evacuações com gordura e baixo ganho de peso são sinais e sintomas fortemente D sugestivos de má-absorção intestinal que, na maioria dos casos, deve-se à insuficiência pancreática exócrina6. o sistema reprodutor, observam-se puberdade tardia, azoospermia em até 95% dos homens e N infertilidade em 20% das mulheres7. .2 Diagnóstico Laboratorial 4 diagnóstico de fibrose cística é clínico, podendo ser confirmado pela detecção de níveis elevados de O cloreto e sódio no suor ou por estudo genético com a identificação de 2 mutações para a fibrose cística8. O teste mais fidedigno é a análise iônica quantitativa do suor estimulado por pilocarpina. Consideram-se positivos os valores de cloreto e sódio no suor > 60 mEq/l em pelo menos 2 aferições9. diagnóstico de insuficiência pancreática é clínico. Embora não sejam usadas como exames diagnósticos O de rotina, dosagens de gordura em coleta de fezes de 72 horas10 e elastase fecal11-13 auxiliam na identificação de insuficiência pancreática. 5 Critérios de inclusão erão incluídos neste protocolo de tratamento os pacientes com diagnóstico confirmado ou com suspeita S de fibrose cística e evidência clínica de insuficiência pancreática (esteatorreia). 6 Critérios de exclusão erão incluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem hipersensibilidade ou S intolerância ao medicamento. 7 Centro de Referência ecomenda-se que a prescrição das enzimas pancreáticas seja realizada por médicos especialistas R vinculados a Centros de Referência de fibrose cística. Os pacientes devem ser avaliados periodicamente em relação à efetividade do tratamento. A existência de Centro de Referência facilita o tratamento bem como o manejo das doses conforme o necessário e o controle de efeitos adversos. 8 Tratamento tratamento com enzimas pancreáticas em pacientes com insuficiência pancreática está associado a O aumento do coeficiente de absorção de gordura, redução na frequência de evacuações, melhora na consistência das fezes e ganho ponderal14-17. 8.1 Fármacos s enzimas pancreáticas encontram-se disponíveis nas seguintes apresentações conforme a A concentração em unidades de lipase: ancreatina: 10.000 e 25.000 U P ancrelipase: 4.500, 12.000, 18.000 e 20.000 U P 308
  • 309. Fibrose cística - Insuficiência pancreática 8.2 Esquema de Administração A dose inicial pode ser estimada com base no peso do paciente e no grau de ingestão de gordura