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Questão 115                                                      CURSO E COLÉGIO


      TEXTO I
                                                 Antigamente

      Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais e se um se esquecia de arear
      os dentes antes de caior nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia
      também se esquecer de lavar os pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater na cacunda do
      padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda cedinho, aguava as
      plantas, ia ao corte e logo voltava aos penates. Não ficava mangando na rua nem
      escapulia do mestre, mesmo que não entendesse patavina da instrução moral e cívica. O
      verdadeiro smart calçava botina de botões para comparecer todo liró ao copo d’água, se
      bem que no convescote apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram
      um precipício, jogando com pau de dois bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de
      galinha. O melhor era pôr as barbas de molho diante de um treteiro de topete, depois de
      fintar e engambelar os coiós, e antes que se pudesse tudo em pratos limpos, ele abria o
      arco.
                                         ANDRADE, C. D. poesia e prosa. Rio de janeiro: nova Aguilar, 1983 (fragmento).
                                                                                                                      .


      TEXTO II

                                           Palavras do arco da velha

                      Expressão                                      Significado
           Cair nos braços de Morfeu                   Dormir
           Debicar                                     Zombar, ridicularizar
           Tunda                                       Surra
           Mangar                                      Escarnecer, caçoar
           Tugir                                       Murmurar
           Liró                                        Bem-vestido
           Copo d’água                                 Lanche oferecido pelos amigos
           Convescote                                  Piquenique
           Bilontra                                    Velhaco
           Trateiro de topete                          Tratante atrevido
           Abrir o arco                                Fugir

                        FLORIN, J. L. As línguas mudam. In: Revista Língua Portuguesa, n. 24, out. 2007 (adaptado).


      Na leitura do fragmento do texto Antigamente constata-se, pelo emprego de palavras
      obsoletas, que itens lexicais outrora produtivos não mais o são no português brasileiro
      atual. Esse fenômeno revela que

      A-      A língua portuguesa de antigamente carecia de termos para se referir a
      fatos e coisas do cotidiano.
      B-      O português brasileiro se constitui evitando a ampliação do léxico
      proveniente do português europeu.
      C-      A heterogeneidade do português leva a uma estabilidade do seu léxico no
      eixo temporal.
      D-      O português brasileiro apóia-se no léxico inglês para ser reconhecido como
      língua independente.
      E-      O léxico do português representa uma realidade lingüística variável e
      diversificada.
Alternativa:E                                CURSO E COLÉGIO


A questão trabalha com as mudanças ocorridas no léxico da língua portuguesa através do tempo,
processo através do qual palavras adquirem novos significados, diversificando o léxico da língua.

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Q162
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Q177
Q147

Questão 115

  • 1. Questão 115 CURSO E COLÉGIO TEXTO I Antigamente Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais e se um se esquecia de arear os dentes antes de caior nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aos penates. Não ficava mangando na rua nem escapulia do mestre, mesmo que não entendesse patavina da instrução moral e cívica. O verdadeiro smart calçava botina de botões para comparecer todo liró ao copo d’água, se bem que no convescote apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram um precipício, jogando com pau de dois bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de galinha. O melhor era pôr as barbas de molho diante de um treteiro de topete, depois de fintar e engambelar os coiós, e antes que se pudesse tudo em pratos limpos, ele abria o arco. ANDRADE, C. D. poesia e prosa. Rio de janeiro: nova Aguilar, 1983 (fragmento). . TEXTO II Palavras do arco da velha Expressão Significado Cair nos braços de Morfeu Dormir Debicar Zombar, ridicularizar Tunda Surra Mangar Escarnecer, caçoar Tugir Murmurar Liró Bem-vestido Copo d’água Lanche oferecido pelos amigos Convescote Piquenique Bilontra Velhaco Trateiro de topete Tratante atrevido Abrir o arco Fugir FLORIN, J. L. As línguas mudam. In: Revista Língua Portuguesa, n. 24, out. 2007 (adaptado). Na leitura do fragmento do texto Antigamente constata-se, pelo emprego de palavras obsoletas, que itens lexicais outrora produtivos não mais o são no português brasileiro atual. Esse fenômeno revela que A- A língua portuguesa de antigamente carecia de termos para se referir a fatos e coisas do cotidiano. B- O português brasileiro se constitui evitando a ampliação do léxico proveniente do português europeu. C- A heterogeneidade do português leva a uma estabilidade do seu léxico no eixo temporal. D- O português brasileiro apóia-se no léxico inglês para ser reconhecido como língua independente. E- O léxico do português representa uma realidade lingüística variável e diversificada.
  • 2. Alternativa:E CURSO E COLÉGIO A questão trabalha com as mudanças ocorridas no léxico da língua portuguesa através do tempo, processo através do qual palavras adquirem novos significados, diversificando o léxico da língua.