RAMOS, Nuno (1960). Nascido em São Paulo. Após ter publicado em 1981-82 poemas nas
revistas Almanaque-80 e Katalok, por ele editadas, formou-se em Filosofia pela Universidade
de São Paulo (1982), e no ano seguinte começou a pintar autodidaticamente, integrando-se ao
Ateliê Casa 7 e realizando sua primeira individual. Em 1984 participa com Paulo Monteiro e
Rodrigo Andrade da mostra Painéis, no Paço das Artes em São Paulo, expondo também, ao
lado de Sérgio Fingermann e de seus companheiros do Ateliê Casa 7, na mostra Pintura,
realizada no Centro Cultural São Paulo. Nesse mesmo ano recebe o prêmio de viagem ao
exterior do VII Salão Nacional de Artes Plásticas, participa da II Bienal de Havana e da Bienal
Latino-Americana de Arte sobre Papel em Buenos Aires e executa suas primeiras estruturas
tridimensionais, que exporá em 1987 na Galeria da Funarte no Rio de Janeiro, passando a
alternar o seu fazer artístico entre a pintura (que retoma em 1988), a escultura (à qual volta em
1990) e a instalação. Em 1987 recebeu também a primeira Bolsa Émile Eddé, de subsídio a
atividades artísticas. Tem realizado individuais em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte,
Porto Alegre, Vitória, Amsterdam, Assunção e Nova Iorque, além de marcar presença em
coletivas como a Bienal de São Paulo (1985, 1989, 1994, 1998), Modernidade - Arte Brasileira
do Século XX (1987, Paris), Brasil Já (1988-89, Leverkusen, Hannover e Stuttgart), BR/80-
Pintura Brasil Década 80 (1991, São Paulo), Bienal de Cuenca (1991), Brasil: La Nueva
Generación (1991, Caracas), Latin-American Artists of the XXth Centry (1992-93, Sevilha,
Paris, Colônia e Nova Iorque), Bienal Brasil Século XX (1994, São Paulo), Bienal de Veneza
(1995), Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Séc. XX e Diversidade da Escultura
Contemporânea Brasileira (1997, São Paulo) etc. Em 1993 realizou uma de suas obras mais
conhecidas - Instalação 111 , sobre o massacre dos presos do Carandiru, que expôs no Museu
de Arte Contemporânea de Porto Alegre e na Galeria Raquel Arnaud de São Paulo. Nuno
Ramos tem feito ilustrações para livro (Poros, de Rubens Rodrigues Torres Filho, em 1989),
executou cenários para shows (Nome, em 1994, e Ninguém, em 1995, ambos de Arnaldo
Antunes), e publicou os livros Cujo (1993) e Balada (1995). Comparando-o a Hélio Oiticica, o
crítico Alberto Tassinari assim se expressou sobre Nuno, em livro publicado em 1997:

- Como Hélio Oiticica, ele pode ser classificado na família dos artistas da arte. Mas a arte,
enquanto tal, na sua generalidade, só pode existir como conceito estético. Artistas preocupados
com a própria criação necessitam, de algum modo, traduzir de um modo particular, sensível e
convincente suas preocupações. Em Hélio Oiticica a hipótese do fim histórico da pintura o leva,
numa espécie de contra-pintura, a fabricar ambientes que reproduzem a interioridade e as
cores da pintura perdida. Nisto o espectador é convidado a ser uma espécie de co-autor da
obra através da exploração dos ambientes. Em Nuno Ramos não há busca por novos gêneros
ou mesmo pela ruptura deles. Seja no interior de cada arte, seja nas relações que sua obra
inteira estabelece entre elas, o que se busca é algo como um atrito um uma justaposição do
diverso que revele o sentido no movimento mesmo da sua dificuldade. A arte, neste caminho,
surge como busca do solidário no não-solidário. Feita de restos e de antinomias, a criação, em
Nuno Ramos, é concebida como regeneração.

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Ramos, nuno

  • 1. RAMOS, Nuno (1960). Nascido em São Paulo. Após ter publicado em 1981-82 poemas nas revistas Almanaque-80 e Katalok, por ele editadas, formou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1982), e no ano seguinte começou a pintar autodidaticamente, integrando-se ao Ateliê Casa 7 e realizando sua primeira individual. Em 1984 participa com Paulo Monteiro e Rodrigo Andrade da mostra Painéis, no Paço das Artes em São Paulo, expondo também, ao lado de Sérgio Fingermann e de seus companheiros do Ateliê Casa 7, na mostra Pintura, realizada no Centro Cultural São Paulo. Nesse mesmo ano recebe o prêmio de viagem ao exterior do VII Salão Nacional de Artes Plásticas, participa da II Bienal de Havana e da Bienal Latino-Americana de Arte sobre Papel em Buenos Aires e executa suas primeiras estruturas tridimensionais, que exporá em 1987 na Galeria da Funarte no Rio de Janeiro, passando a alternar o seu fazer artístico entre a pintura (que retoma em 1988), a escultura (à qual volta em 1990) e a instalação. Em 1987 recebeu também a primeira Bolsa Émile Eddé, de subsídio a atividades artísticas. Tem realizado individuais em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Vitória, Amsterdam, Assunção e Nova Iorque, além de marcar presença em coletivas como a Bienal de São Paulo (1985, 1989, 1994, 1998), Modernidade - Arte Brasileira do Século XX (1987, Paris), Brasil Já (1988-89, Leverkusen, Hannover e Stuttgart), BR/80- Pintura Brasil Década 80 (1991, São Paulo), Bienal de Cuenca (1991), Brasil: La Nueva Generación (1991, Caracas), Latin-American Artists of the XXth Centry (1992-93, Sevilha, Paris, Colônia e Nova Iorque), Bienal Brasil Século XX (1994, São Paulo), Bienal de Veneza (1995), Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Séc. XX e Diversidade da Escultura Contemporânea Brasileira (1997, São Paulo) etc. Em 1993 realizou uma de suas obras mais conhecidas - Instalação 111 , sobre o massacre dos presos do Carandiru, que expôs no Museu de Arte Contemporânea de Porto Alegre e na Galeria Raquel Arnaud de São Paulo. Nuno Ramos tem feito ilustrações para livro (Poros, de Rubens Rodrigues Torres Filho, em 1989), executou cenários para shows (Nome, em 1994, e Ninguém, em 1995, ambos de Arnaldo Antunes), e publicou os livros Cujo (1993) e Balada (1995). Comparando-o a Hélio Oiticica, o crítico Alberto Tassinari assim se expressou sobre Nuno, em livro publicado em 1997: - Como Hélio Oiticica, ele pode ser classificado na família dos artistas da arte. Mas a arte, enquanto tal, na sua generalidade, só pode existir como conceito estético. Artistas preocupados com a própria criação necessitam, de algum modo, traduzir de um modo particular, sensível e convincente suas preocupações. Em Hélio Oiticica a hipótese do fim histórico da pintura o leva, numa espécie de contra-pintura, a fabricar ambientes que reproduzem a interioridade e as cores da pintura perdida. Nisto o espectador é convidado a ser uma espécie de co-autor da obra através da exploração dos ambientes. Em Nuno Ramos não há busca por novos gêneros ou mesmo pela ruptura deles. Seja no interior de cada arte, seja nas relações que sua obra inteira estabelece entre elas, o que se busca é algo como um atrito um uma justaposição do diverso que revele o sentido no movimento mesmo da sua dificuldade. A arte, neste caminho, surge como busca do solidário no não-solidário. Feita de restos e de antinomias, a criação, em Nuno Ramos, é concebida como regeneração.