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A UU AL
                                                                                         A L       A

                                                                                         20
                                                                                         20
          No posto de gasolina


                                   G  aspar estava voltando para casa, após pas-
sar um dia muito agradável na praia, apesar da dor de ouvido.
    Ele parou num posto de gasolina para abastecer e verificar as condições
gerais do carro, para prosseguir a viagem tranqüilo.
    Parando no posto, o rapaz que o atendeu aconselhou-o a calibrar os pneus,
trocar o óleo do motor e verificar os freios.
    Gaspar concordou prontamente.
    Após calibrar os pneus, Gaspar foi trocar o óleo, e colocou o carro sobre um
elevador hidráulico. O rapaz acionou o elevador e o carro foi erguido, sem
grandes dificuldades.
    Gaspar, que é muito curioso e gosta de saber como as coisas funcionam,
perguntou ao rapaz como funcionava aquele equipamento, o que resultou numa
looooonga conversa...

    Calibrando os pneus
    Gaspar foi verificar a pressão no interior dos pneus do seu carro, isto é,
“calibrar” os pneus.
    Dentro dos pneus existe ar. Como sabemos, o ar é formado por diferentes
gases, que exercem pressão sobre as paredes do pneu. Se a pressão lá dentro não
estiver correta, o carro ficará instável na pista, por isso é importante que a pressão
nos pneus seja sempre verificada.
    O aparelho utilizado para medir a pressão de
um gás chama-
se manômetro
   manômetro.
Um tipo muito
                                                                     160
simples de ma-
nômetro é for-                                                       140
                                                                     120
mado por um
tubo em forma                                                        100
                                                                          76
de U (Figura 1), que contém mer-                                     80
cúrio (Hg) no seu interior e uma                                     60
                                                                     40
escala para que se possa medir a                                                  h0
altura da coluna de mercúrio                                         20
                                          Hg
                                                                     0
no tubo e, assim, conhecer a
pressão.                                                          Escala
                                                Figura 1. Manômetro simples.
A U L A       Observe que existem dois ramos, um maior que o outro. No ramo menor, há
          uma mangueira para ser adaptada ao recipiente que contém o gás cuja pressão

20        se deseja medir.
              Quando o manômetro não está em funcionamento, as duas colunas de Hg
          têm a mesma altura (h0), como mostra a Figura 1. Isso acontece porque a pressão
          na superfície do líquido nos dois ramos é a mesma: é a pressão atmosférica (patm).
              Gaspar encaixou o adaptador no bico do pneu, por onde o ar entra e sai. A
          Figura 2 mostra o que aconteceu:
                                                  Py = Ppneu = Px




                                                                                      160
                                                                                      140    136
                                                                                      120
                                                                                      100
                                                                    y           x     80     76
                                                                                      60
                                                                                      40
                                                                                      20
                                                                                      0
                                               Figura 2                             Escala

               Observe que, quando a mangueira é ligada ao pneu, a coluna de Hg se
          desloca: no ramo menor, o Hg é empurrado para baixo e, conseqüentemente,
          sobe no ramo maior. Por que isso acontece?
               Porque a pressão no interior do pneu é maior do que a pressão atmosférica
          e ela empurra o mercúrio até atingir o equilíbrio.
               Usando o teorema de Stevin, estudado na Aula 19, é fácil ver que dois pontos
          de um líquido, situados numa mesma profundidade têm a mesma pressão      pressão,
          portanto a pressão no ponto indicado pela letra y é igual à pressão indicada pela
          letra x (ver a Figura 2).
               A pressão no ponto y corresponde à pressão do gás no interior do pneu
          (ppneu), e esta corresponde à pressão no ponto x. Assim:
                                            py = ppneu = px
              Você já sabe calcular a pressão no interior de um líquido: é a pressão
                                                                           ponto.
          atmosférica mais a pressão da coluna de líquido acima daquele ponto
              Então, basta verificar usando a escala do manômetro a altura da coluna de
          Hg acima do ponto x e somá-la ao valor da pressão atmosférica, que é 76 cmHg.
              Pela Figura 2 verificamos que a altura da coluna de Hg é 60 cm, que
          corresponde à pressão de 60 cmHg, portanto:
                                  px = patm + pcoluna
              Então, a pressão no interior do pneu do Gaspar era de:
                                ppneu = px = 76 cmHg + 60 cmHg
                                  ppneu = 136 cmHg
             Para termos uma idéia melhor desse valor, vamos expressar essa medida em
          atmosferas, lembrando que 76 cmHg=1 atm. Basta fazer uma regra de três:
                                       1 atm Þ 76 cmHg
                                       ppneu (atm) Þ136 cmHg , logo,
                                       ppneu = 1,8 atm
              Veja que essa pressão é quase o dobro da pressão atmosférica, ou seja, ela é
          1,8 vez maior.
Entretanto essas unidades não são muito usadas para se calibrar pneus. Para      A U L A
esse fim, costuma-se usar duas outras unidades:
                      kgf/cm
                               2
                                    e      libra/polegada
                                                           2
                                                                                     20
     Observe que ambas têm a unidade formada por: uma unidade de força (kgf,
                                             2   2
libra) dividida por uma unidade de área (cm , pol ). Isso funciona sempre: para
saber qual a unidade de uma grandeza, basta olhar para as unidades das
grandezas que a definem.
     É importante conhecer a correspondência entre essas unidades e, para
transformar uma na outra, basta utilizar a regra de três como fizemos acima.
                           2          2           5   2
        1 atm = 14,2 lb/pol = 1 kgf/cm = 1,01 · 10 N/m = 76 cmHg

    Como treino, verifique que a pressão nos pneus do carro de Gaspar é
aproximadamente:
aproximadamente
                                               2
                            ppneu = 25,6 lb/pol



    Um café, por favor

     Após calibrar os pneus, Gaspar foi tomar um café.
No balcão, ele observou que a máquina tinha um tubo
externo, transparente, que também continha café.
     Gaspar ficou curioso e perguntou ao rapaz do bar
para que servia aquele tubo.
     E ele descobriu que aquela máquina era uma aplica-
ção daquilo que você aprendeu na aula passada sobre              Figura 3. O tubo
pressão em líquidos A máquina utiliza o sistema que
                líquidos.                                    externo da máquina de
chamamos de vasos comunicantes Esse sistema é for-
                          comunicantes.                           café chamou a
                                                               atenção de Gaspar.
mado por dois recipientes (ou vasos) que se comunicam
pela base, como mostra a Figura 4:
                                             Como o café está em equilíbrio e
                                         sujeito apenas à pressão atmosférica, a
                                         altura nos dois vasos é a mesma. As-
                                         sim, é possível saber qual a quantidade
                                         de café existente no interior da máqui-
                                         na, sem precisar olhar lá dentro.
                                             O interessante é que não importa a
                                         forma que esses dois vasos tenham:
      Figura 4. Como é a máquina de café quando eles estiverem sujeitos à mes-
                vista por dentro.        ma pressão, a coluna de líquido nos
                                         dois vasos estará na mesma altura.
     Um exemplo muito simples de um sistema
desse tipo é a mangueira transparente, com água
dentro, que os pedreiros usam nas construções
para nivelar, por exemplo, duas paredes ou uma
fileira de azulejos (veja a Figura 5).

    É também devido a essa propriedade que, para
se obter uma forte pressão nos chuveiros, as caixas
d’água devem ficar mais altas em relação ao ponto
de saída da água (Figura 6).                                    Figura 5
A U L A       A pressão da água no chuveiro
                                                                                    Patm
                                                                                    P
                                                                                      atm
          será tanto maior quanto mais alta

20        estiver a caixa d’água, pois a pressão
          nesse ponto é igual à pressão atmos-
          férica mais a pressão da coluna de
                                                                                                   hCOLUNA
                                                                                                   h coluna




          água, que, como sabemos, depende
          da altura da coluna de água acima
          daquele ponto.
                                                                                                 P
                                                                                                 Pchuveiro =
                                                                                                    CHUVEIRO
                                                                                                 P chuveiro + P atm

                                                                   Figura 6. A caixa d’água deve ficar
                                                                        mais alta que o chuveiro.

              Trocando o óleo
                                                                                            F
               Gaspar posicionou o carro sobre a
          plataforma do elevador, que foi, em se-
          guida, acionado: o carro subiu lentamen-
          te, mas com facilidade.                                                      p1
               “Como é que isso funciona?” quis
          saber Gaspar.
               “Para quem já conhece sobre pressão                                     p2
          e vasos comunicantes não é difícil”, res-
          pondeu o rapaz.                                                           p1 =    p2

                                                                    Figura 7. A variação de pressão no
                                                                     ponto 1 é transmitida ao ponto 2.
              Hoje é possível utilizar o elevador                    Então, a variação de pressão 1é
                                                                      igual à variação de pressão 2.
          hidráulico graças a um cientista francês
          chamado Blaise Pascal, que, em 1653,
          descobriu por meio de experiências, que:

                 Quando, por alguma razão, alteramos a pressão em um
               ponto de um líquido, essa variação de pressão é transmitida
                         para todos os outros pontos do líquido.

              Essa propriedade dos líquidos é hoje conhecida como o princípio de Pascal
                                                                                 Pascal.

              O elevador hidráulico é, basicamente, um sistema de vasos comunicantes.
          É formado por dois recipientes cilíndricos comunicantes, contendo um líquido,
          normalmente óleo. Em geral, esses recipientes são fechados com um pistão. Uma
          característica muito importante desse sistema é que a área da superfície de um
          dos pistões é bem maior que a do outro, como mostra a Figura 8.
                                                      pist‹o 2




               Ao exercermos uma força                         F                            pist‹o 1              f

          f no pistão 1 (menor), que tem                           p2                                                 p1
          área a , provocamos um au-
          mento de pressão no interior
          do líquido, dado por:
                             f
                    D p1 =
                             a                         p1 =        p2
                                                       f   =
                                                               F
                                                       a       A         Figura 8
De acordo com o princípio de Pascal, esse aumento é transmitido igualmente            A U L A
a todos os pontos do líquido, o que provoca o aparecimento de uma força F no
pistão 2 (maior). Sendo A a área desse pistão, o aumento de pressão sobre ele será:

                                    Dp 2 =
                                           F
                                                                                          20
                                           A
    Como o aumento de pressão é o mesmo, podemos igualar essas duas
expressões, obtendo assim:
                             Dp1 = Dp2
                                     F   f
                                       =
                                     A   a
então, a força que aparece no pistão maior será:
                                        Φ Ι ×f
                                        Γa ϑ
                                         A
                                   F=
                                        ΗΚ
    Logo, como A>a, a força será aumentada.


    Observe o carro do Gaspar sobre o
elevador: conhecendo as áreas dos dois
pistões e o peso do carro do Gaspar,
vamos calcular a força necessária para
levantá-lo.
                                                                                     ρ
                                                                                     f
                                                                                     f

    Seja o peso do carro 800 kgf, a área
                         2
do pistão maior 2.000 cm e a do menor,       Figura 9. Graças ao Princípio de Pascal, o
      2
25 cm . Então, a força que precisamos       carro pode ser erguido sem grande esforço.
fazer no outro pistão será:
         Φ Ι × F = Φ 25 Ι × 800 = 0,0125 · 800 = 10 kgf
         Γa ϑ Γ ϑ
    f=
         ΗΚ Η Κ
          A         2.000

    Apenas 10 kgf! Isso equivale a dois pacotes de arroz de 5 kg. Então, é
possível, com o elevador hidráulico, equilibrar um carro com apenas dois
pacotes de arroz! Isso não é incrível?
    A força que fazemos no pistão menor é multiplicada por um fator que
depende da relação entre as áreas dos pistões. Esse fator é dado por A/a Por
                                                                     A/a.
isso, dizemos que esse equipamento é um multiplicador de forças O  forças.
                                                princípio de utilização do
                                                elevador hidráulico é o mes-
                                                mo utilizado em alguns ti-
                                                pos de cadeiras de dentista,
                                                na prensa hidráulica e tam-
                                                bém nos freios hidráulicos
                                                dos automóveis.
                                                     A prensa hidráulica fun-
                                                ciona como o elevador, mas é
                                                utilizada para comprimir e
                                                compactar objetos (Figura 10).
                     Figura 10
A U L A       Verificando os freios


20             O sistema de freios hidráulicos dos automóveis também utiliza esse princí-
          pio: a força que aplicamos no pedal é aumentada várias vezes, sendo então
          utilizada para comprimir as lonas do freio contra o tambor, nas rodas traseiras.
          Observe a Figura 11.
               Por isso, é muito importante veri-
          ficar o fluido do freio pois, sem ele,
          quando pisamos no freio, nada aconte-
          ce, pois, não há como transmitir a força
          que irá comprimir as lonas contra o
          tambor, nas rodas traseiras, que por                         Figura 11
          atrito faz com que elas parem.
               Veja que interessante: é o atrito entre a lona e o tambor da roda que faz o carro
          parar. É por isso que, em algumas situações, sentimos um cheiro forte de
          queimado. A lona é feita de uma fibra especial e o calor gerado pelo atrito queima
          esse material. Por isso, é bom substituir as lonas periodicamente.


              Nesta aula, você aprendeu:
          l   algumas aplicações da lei de Stevin manômetro, vasos comunicantes;
                                              Stevin:
          l   que existe um aparelho, o manômetro, utilizado para medir a pressão de
              gases e qual o seu princípio de funcionamento;
          l   que existe um sistema, chamado vasos comunicantes cuja aplicação é muito
                                                       comunicantes,
              útil no dia-a-dia (máquina de café, construções, caixas d’água);
          l   que muitos equipamentos que utilizamos se baseiam no princípio de Pascal
                                                                                Pascal,
              que fala sobre a transmissão da variação da pressão no interior de um
              líquido, cujo efeito final é a multiplicação de forças.


          Exercício 1
             Após calibrar os quatro pneus, Gaspar foi verificar
             também o reserva (estepe). A figura
                                                       Pneu
             abaixo mostra o que ele observou no
             manômetro.                                                                    30 cm
                                                                                Ppneu
             Qual era o valor da pressão no interi-
             or do estepe? Dê o resultado em atm,
             lb/pol2, e kgf/cm2.

          Exercício 2
                                           O reservatório de água de uma cidade fica sobre
                         Reservat—rio
                                        uma colina, conforme se vê na figura abaixo.
                                        Sabemos que esse reservatório fica a 50 m do chão.
                                        Despreze a altura da água dentro da caixa, isto é,
                                         considere apenas o desnível entre a caixa do edifício
                                           e o reservatório. Calcule a pressão com que a água
                                                                         chega à caixa de um
                        50 m
                                                                         edifício, que está a
                                                                         21 metros do chão,
                                                                         sabendo que a den-
                                                                   21 m
                                                                         sidade da água é de
                                                                         1.000 kg/m3.
Exercício 3                                                                     A U L A
   Um elefante e uma galinha estão equilibrados sobre um elevador hidráulico,
   conforme mostra a figura.
                                                                                20
    a) Sendo o peso do elefante
       16.000 N e o da galinha 20
       N, calcule qual deve ser a
       relação entre as áreas das
       superfícies sobre a qual
       eles estão, isto é, quanto
       vale A1/A2?
                                              A1                         A2
    b) Suponha que a área onde
       está apoiada a galinha
       (A2) seja 10 cm2. Qual de-
       verá ser a área onde está o
       elefante (A1)?

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20fis

  • 1. A UU AL A L A 20 20 No posto de gasolina G aspar estava voltando para casa, após pas- sar um dia muito agradável na praia, apesar da dor de ouvido. Ele parou num posto de gasolina para abastecer e verificar as condições gerais do carro, para prosseguir a viagem tranqüilo. Parando no posto, o rapaz que o atendeu aconselhou-o a calibrar os pneus, trocar o óleo do motor e verificar os freios. Gaspar concordou prontamente. Após calibrar os pneus, Gaspar foi trocar o óleo, e colocou o carro sobre um elevador hidráulico. O rapaz acionou o elevador e o carro foi erguido, sem grandes dificuldades. Gaspar, que é muito curioso e gosta de saber como as coisas funcionam, perguntou ao rapaz como funcionava aquele equipamento, o que resultou numa looooonga conversa... Calibrando os pneus Gaspar foi verificar a pressão no interior dos pneus do seu carro, isto é, “calibrar” os pneus. Dentro dos pneus existe ar. Como sabemos, o ar é formado por diferentes gases, que exercem pressão sobre as paredes do pneu. Se a pressão lá dentro não estiver correta, o carro ficará instável na pista, por isso é importante que a pressão nos pneus seja sempre verificada. O aparelho utilizado para medir a pressão de um gás chama- se manômetro manômetro. Um tipo muito 160 simples de ma- nômetro é for- 140 120 mado por um tubo em forma 100 76 de U (Figura 1), que contém mer- 80 cúrio (Hg) no seu interior e uma 60 40 escala para que se possa medir a h0 altura da coluna de mercúrio 20 Hg 0 no tubo e, assim, conhecer a pressão. Escala Figura 1. Manômetro simples.
  • 2. A U L A Observe que existem dois ramos, um maior que o outro. No ramo menor, há uma mangueira para ser adaptada ao recipiente que contém o gás cuja pressão 20 se deseja medir. Quando o manômetro não está em funcionamento, as duas colunas de Hg têm a mesma altura (h0), como mostra a Figura 1. Isso acontece porque a pressão na superfície do líquido nos dois ramos é a mesma: é a pressão atmosférica (patm). Gaspar encaixou o adaptador no bico do pneu, por onde o ar entra e sai. A Figura 2 mostra o que aconteceu: Py = Ppneu = Px 160 140 136 120 100 y x 80 76 60 40 20 0 Figura 2 Escala Observe que, quando a mangueira é ligada ao pneu, a coluna de Hg se desloca: no ramo menor, o Hg é empurrado para baixo e, conseqüentemente, sobe no ramo maior. Por que isso acontece? Porque a pressão no interior do pneu é maior do que a pressão atmosférica e ela empurra o mercúrio até atingir o equilíbrio. Usando o teorema de Stevin, estudado na Aula 19, é fácil ver que dois pontos de um líquido, situados numa mesma profundidade têm a mesma pressão pressão, portanto a pressão no ponto indicado pela letra y é igual à pressão indicada pela letra x (ver a Figura 2). A pressão no ponto y corresponde à pressão do gás no interior do pneu (ppneu), e esta corresponde à pressão no ponto x. Assim: py = ppneu = px Você já sabe calcular a pressão no interior de um líquido: é a pressão ponto. atmosférica mais a pressão da coluna de líquido acima daquele ponto Então, basta verificar usando a escala do manômetro a altura da coluna de Hg acima do ponto x e somá-la ao valor da pressão atmosférica, que é 76 cmHg. Pela Figura 2 verificamos que a altura da coluna de Hg é 60 cm, que corresponde à pressão de 60 cmHg, portanto: px = patm + pcoluna Então, a pressão no interior do pneu do Gaspar era de: ppneu = px = 76 cmHg + 60 cmHg ppneu = 136 cmHg Para termos uma idéia melhor desse valor, vamos expressar essa medida em atmosferas, lembrando que 76 cmHg=1 atm. Basta fazer uma regra de três: 1 atm Þ 76 cmHg ppneu (atm) Þ136 cmHg , logo, ppneu = 1,8 atm Veja que essa pressão é quase o dobro da pressão atmosférica, ou seja, ela é 1,8 vez maior.
  • 3. Entretanto essas unidades não são muito usadas para se calibrar pneus. Para A U L A esse fim, costuma-se usar duas outras unidades: kgf/cm 2 e libra/polegada 2 20 Observe que ambas têm a unidade formada por: uma unidade de força (kgf, 2 2 libra) dividida por uma unidade de área (cm , pol ). Isso funciona sempre: para saber qual a unidade de uma grandeza, basta olhar para as unidades das grandezas que a definem. É importante conhecer a correspondência entre essas unidades e, para transformar uma na outra, basta utilizar a regra de três como fizemos acima. 2 2 5 2 1 atm = 14,2 lb/pol = 1 kgf/cm = 1,01 · 10 N/m = 76 cmHg Como treino, verifique que a pressão nos pneus do carro de Gaspar é aproximadamente: aproximadamente 2 ppneu = 25,6 lb/pol Um café, por favor Após calibrar os pneus, Gaspar foi tomar um café. No balcão, ele observou que a máquina tinha um tubo externo, transparente, que também continha café. Gaspar ficou curioso e perguntou ao rapaz do bar para que servia aquele tubo. E ele descobriu que aquela máquina era uma aplica- ção daquilo que você aprendeu na aula passada sobre Figura 3. O tubo pressão em líquidos A máquina utiliza o sistema que líquidos. externo da máquina de chamamos de vasos comunicantes Esse sistema é for- comunicantes. café chamou a atenção de Gaspar. mado por dois recipientes (ou vasos) que se comunicam pela base, como mostra a Figura 4: Como o café está em equilíbrio e sujeito apenas à pressão atmosférica, a altura nos dois vasos é a mesma. As- sim, é possível saber qual a quantidade de café existente no interior da máqui- na, sem precisar olhar lá dentro. O interessante é que não importa a forma que esses dois vasos tenham: Figura 4. Como é a máquina de café quando eles estiverem sujeitos à mes- vista por dentro. ma pressão, a coluna de líquido nos dois vasos estará na mesma altura. Um exemplo muito simples de um sistema desse tipo é a mangueira transparente, com água dentro, que os pedreiros usam nas construções para nivelar, por exemplo, duas paredes ou uma fileira de azulejos (veja a Figura 5). É também devido a essa propriedade que, para se obter uma forte pressão nos chuveiros, as caixas d’água devem ficar mais altas em relação ao ponto de saída da água (Figura 6). Figura 5
  • 4. A U L A A pressão da água no chuveiro Patm P atm será tanto maior quanto mais alta 20 estiver a caixa d’água, pois a pressão nesse ponto é igual à pressão atmos- férica mais a pressão da coluna de hCOLUNA h coluna água, que, como sabemos, depende da altura da coluna de água acima daquele ponto. P Pchuveiro = CHUVEIRO P chuveiro + P atm Figura 6. A caixa d’água deve ficar mais alta que o chuveiro. Trocando o óleo F Gaspar posicionou o carro sobre a plataforma do elevador, que foi, em se- guida, acionado: o carro subiu lentamen- te, mas com facilidade. p1 “Como é que isso funciona?” quis saber Gaspar. “Para quem já conhece sobre pressão p2 e vasos comunicantes não é difícil”, res- pondeu o rapaz. p1 = p2 Figura 7. A variação de pressão no ponto 1 é transmitida ao ponto 2. Hoje é possível utilizar o elevador Então, a variação de pressão 1é igual à variação de pressão 2. hidráulico graças a um cientista francês chamado Blaise Pascal, que, em 1653, descobriu por meio de experiências, que: Quando, por alguma razão, alteramos a pressão em um ponto de um líquido, essa variação de pressão é transmitida para todos os outros pontos do líquido. Essa propriedade dos líquidos é hoje conhecida como o princípio de Pascal Pascal. O elevador hidráulico é, basicamente, um sistema de vasos comunicantes. É formado por dois recipientes cilíndricos comunicantes, contendo um líquido, normalmente óleo. Em geral, esses recipientes são fechados com um pistão. Uma característica muito importante desse sistema é que a área da superfície de um dos pistões é bem maior que a do outro, como mostra a Figura 8. pist‹o 2 Ao exercermos uma força F pist‹o 1 f f no pistão 1 (menor), que tem p2 p1 área a , provocamos um au- mento de pressão no interior do líquido, dado por: f D p1 = a p1 = p2 f = F a A Figura 8
  • 5. De acordo com o princípio de Pascal, esse aumento é transmitido igualmente A U L A a todos os pontos do líquido, o que provoca o aparecimento de uma força F no pistão 2 (maior). Sendo A a área desse pistão, o aumento de pressão sobre ele será: Dp 2 = F 20 A Como o aumento de pressão é o mesmo, podemos igualar essas duas expressões, obtendo assim: Dp1 = Dp2 F f = A a então, a força que aparece no pistão maior será: Φ Ι ×f Γa ϑ A F= ΗΚ Logo, como A>a, a força será aumentada. Observe o carro do Gaspar sobre o elevador: conhecendo as áreas dos dois pistões e o peso do carro do Gaspar, vamos calcular a força necessária para levantá-lo. ρ f f Seja o peso do carro 800 kgf, a área 2 do pistão maior 2.000 cm e a do menor, Figura 9. Graças ao Princípio de Pascal, o 2 25 cm . Então, a força que precisamos carro pode ser erguido sem grande esforço. fazer no outro pistão será: Φ Ι × F = Φ 25 Ι × 800 = 0,0125 · 800 = 10 kgf Γa ϑ Γ ϑ f= ΗΚ Η Κ A 2.000 Apenas 10 kgf! Isso equivale a dois pacotes de arroz de 5 kg. Então, é possível, com o elevador hidráulico, equilibrar um carro com apenas dois pacotes de arroz! Isso não é incrível? A força que fazemos no pistão menor é multiplicada por um fator que depende da relação entre as áreas dos pistões. Esse fator é dado por A/a Por A/a. isso, dizemos que esse equipamento é um multiplicador de forças O forças. princípio de utilização do elevador hidráulico é o mes- mo utilizado em alguns ti- pos de cadeiras de dentista, na prensa hidráulica e tam- bém nos freios hidráulicos dos automóveis. A prensa hidráulica fun- ciona como o elevador, mas é utilizada para comprimir e compactar objetos (Figura 10). Figura 10
  • 6. A U L A Verificando os freios 20 O sistema de freios hidráulicos dos automóveis também utiliza esse princí- pio: a força que aplicamos no pedal é aumentada várias vezes, sendo então utilizada para comprimir as lonas do freio contra o tambor, nas rodas traseiras. Observe a Figura 11. Por isso, é muito importante veri- ficar o fluido do freio pois, sem ele, quando pisamos no freio, nada aconte- ce, pois, não há como transmitir a força que irá comprimir as lonas contra o tambor, nas rodas traseiras, que por Figura 11 atrito faz com que elas parem. Veja que interessante: é o atrito entre a lona e o tambor da roda que faz o carro parar. É por isso que, em algumas situações, sentimos um cheiro forte de queimado. A lona é feita de uma fibra especial e o calor gerado pelo atrito queima esse material. Por isso, é bom substituir as lonas periodicamente. Nesta aula, você aprendeu: l algumas aplicações da lei de Stevin manômetro, vasos comunicantes; Stevin: l que existe um aparelho, o manômetro, utilizado para medir a pressão de gases e qual o seu princípio de funcionamento; l que existe um sistema, chamado vasos comunicantes cuja aplicação é muito comunicantes, útil no dia-a-dia (máquina de café, construções, caixas d’água); l que muitos equipamentos que utilizamos se baseiam no princípio de Pascal Pascal, que fala sobre a transmissão da variação da pressão no interior de um líquido, cujo efeito final é a multiplicação de forças. Exercício 1 Após calibrar os quatro pneus, Gaspar foi verificar também o reserva (estepe). A figura Pneu abaixo mostra o que ele observou no manômetro. 30 cm Ppneu Qual era o valor da pressão no interi- or do estepe? Dê o resultado em atm, lb/pol2, e kgf/cm2. Exercício 2 O reservatório de água de uma cidade fica sobre Reservat—rio uma colina, conforme se vê na figura abaixo. Sabemos que esse reservatório fica a 50 m do chão. Despreze a altura da água dentro da caixa, isto é, considere apenas o desnível entre a caixa do edifício e o reservatório. Calcule a pressão com que a água chega à caixa de um 50 m edifício, que está a 21 metros do chão, sabendo que a den- 21 m sidade da água é de 1.000 kg/m3.
  • 7. Exercício 3 A U L A Um elefante e uma galinha estão equilibrados sobre um elevador hidráulico, conforme mostra a figura. 20 a) Sendo o peso do elefante 16.000 N e o da galinha 20 N, calcule qual deve ser a relação entre as áreas das superfícies sobre a qual eles estão, isto é, quanto vale A1/A2? A1 A2 b) Suponha que a área onde está apoiada a galinha (A2) seja 10 cm2. Qual de- verá ser a área onde está o elefante (A1)?