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CHAROUX, Lothar (1912-1987). Nascido em Viena (Áustria) e falecido em São Paulo. Teve
seu primeiro contacto com a arte ainda na terra natal, com o tio, o célebre escultor Siegfried
Charoux, autor do Monumento a Lessing na capital austríaca. Emigrando para o Brasil em
1928, radicou-se em São Paulo, onde sobreviveu à custa de trabalhos humildes, como o de
garçom. Matriculando-se mais tarde no Liceu de Artes e Ofícios, ali conheceu Waldemar da
Costa, com quem após 1940 passou a estudar pintura. A partir de 1942, e enquanto duraram,
expôs nos Salões patrocinados pelo Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo; do mesmo
ano em diante mostrou também seus trabalhos na Divisão Moderna do Salão Nacional de
Belas Artes.

Em 1947 foi um dos 19 Pintores reunidos numa coletiva realizada nas salas da União Cultural
Brasil-Estados Unidos, por iniciativa de Maria Eugênia Franco e com organização de Rosa
Rosenthal Zuccolotto; também nesse ano fez sua primeira individual, na Galeria Itapetininga.
Desde então, participou assiduamente de certames como a Bienal de São Paulo, o Salão
Nacional de Arte Moderna, o Salão Paulista de Arte Moderna, a Exposição Ruptura, as
Exposições Nacionais de Arte Concreta e os Panoramas de Arte Atual Brasileira organizados
pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo, sendo várias vezes premiado; além disso, expôs
individualmente com freqüência, em cidades brasileiras e no exterior.

Quando expôs com o Grupo dos 19, Charoux achava-se já com 35 anos e possuía uma
considerável experiência como artista. Praticava, então, uma pintura figurativa
indisfarçavelmente expressionista, na qual as paisagens, as figuras e as naturezas-mortas
eram traduzidas em tonalidades cavas, num desenho sofrido e deformado. Despojando-se aos
poucos, em meados da década de 1950 adotou a linguagem abstracionista geométrica, de
conotação concreta e ótica, que desde então praticou. Sua arte de extremo refinamento
caracteriza-se por sensibilidade cromática e linear, e se traduz em delicados jogos visuais, que
imprimem à superfície de suas telas uma sugestão de constante movimento. Urna pintura típica
de Charoux apresenta normalmente um fundo chapado, de cor geralmente negra e em todo
caso escura, sobre o qual estreitas estrias coloridas acham-se dispostas de maneira
rigorosamente matemática, criando na retina do espectador uma inevitável sensação pulsátil,
como se toda a superfície pictórica subitamente se animasse e começasse a vibrar.

                              Sem título, grafite e guache, 1956;
                     0,49 X 0,37, Museu de Arte Contemporânea da USP.

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Charoux, lothar

  • 1. CHAROUX, Lothar (1912-1987). Nascido em Viena (Áustria) e falecido em São Paulo. Teve seu primeiro contacto com a arte ainda na terra natal, com o tio, o célebre escultor Siegfried Charoux, autor do Monumento a Lessing na capital austríaca. Emigrando para o Brasil em 1928, radicou-se em São Paulo, onde sobreviveu à custa de trabalhos humildes, como o de garçom. Matriculando-se mais tarde no Liceu de Artes e Ofícios, ali conheceu Waldemar da Costa, com quem após 1940 passou a estudar pintura. A partir de 1942, e enquanto duraram, expôs nos Salões patrocinados pelo Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo; do mesmo ano em diante mostrou também seus trabalhos na Divisão Moderna do Salão Nacional de Belas Artes. Em 1947 foi um dos 19 Pintores reunidos numa coletiva realizada nas salas da União Cultural Brasil-Estados Unidos, por iniciativa de Maria Eugênia Franco e com organização de Rosa Rosenthal Zuccolotto; também nesse ano fez sua primeira individual, na Galeria Itapetininga. Desde então, participou assiduamente de certames como a Bienal de São Paulo, o Salão Nacional de Arte Moderna, o Salão Paulista de Arte Moderna, a Exposição Ruptura, as Exposições Nacionais de Arte Concreta e os Panoramas de Arte Atual Brasileira organizados pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo, sendo várias vezes premiado; além disso, expôs individualmente com freqüência, em cidades brasileiras e no exterior. Quando expôs com o Grupo dos 19, Charoux achava-se já com 35 anos e possuía uma considerável experiência como artista. Praticava, então, uma pintura figurativa indisfarçavelmente expressionista, na qual as paisagens, as figuras e as naturezas-mortas eram traduzidas em tonalidades cavas, num desenho sofrido e deformado. Despojando-se aos poucos, em meados da década de 1950 adotou a linguagem abstracionista geométrica, de conotação concreta e ótica, que desde então praticou. Sua arte de extremo refinamento caracteriza-se por sensibilidade cromática e linear, e se traduz em delicados jogos visuais, que imprimem à superfície de suas telas uma sugestão de constante movimento. Urna pintura típica de Charoux apresenta normalmente um fundo chapado, de cor geralmente negra e em todo caso escura, sobre o qual estreitas estrias coloridas acham-se dispostas de maneira rigorosamente matemática, criando na retina do espectador uma inevitável sensação pulsátil, como se toda a superfície pictórica subitamente se animasse e começasse a vibrar. Sem título, grafite e guache, 1956; 0,49 X 0,37, Museu de Arte Contemporânea da USP.