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Antes prevenir do que remediar
Todo mundo já teve na vida um aparelho eletrônico que deixou de
funcionar depois de muito uso. Quando isso acontece, e o apare-
lho vai parar na oficina eletrônica do bairro, o técnico muitas ve-
zes pede o esquema com a disposição dos componentes do cir-
cuito que ele deve consertar. Isso facilita muito o trabalho dele.
Assim como o técnico precisa do desenho do circuito eletrônico
para trabalhar, outros profissionais também usam algum tipo de
esquema para o mesmo fim. Por exemplo, o engenheiro se vale
das plantas para supervisionar a construção de um edifício. O ele-
tricista faz um esquema prévio da instalação que vai realizar.
Na área de mecânica acontece o mesmo: se o trabalho é na ma-
nutenção, os esquemas mecânicos, hidráulicos e elétricos da
máquina a ser recuperada são sempre bem-vindos. Se o trabalho
é na produção, o mecânico precisa do desenho técnico para sa-
ber o que ele vai usinar, quanto vai tirar de sobremetal, que aca-
bamento será dado à superfície etc.
Só que existem circunstâncias da produção mecânica em que é
necessária uma etapa entre o desenho e a realização do trabalho.
É o caso das peças em bruto produzidas por forjamento ou fundi-
ção ou peças pré-usinadas e que ainda terão de ser trabalhadas
mecanicamente para a retirada do excesso de material que apre-
sentam. Antes que a usinagem final seja iniciada, é necessário
fazer uma operação que indique o local e a quantidade de materi-
al a suprimir. Essa operação é o assunto desta nossa aula. E para
saber qual é, só estudando tudo com muita atenção.
Desenhando no material
44
Muitas vezes, dentro do processo de fabricação mecânica, é ne-
cessário prever se a peça em bruto ou pré-usinada resultará re-
almente na peça acabada que se deseja, isto é, se as dimensões
da peça em bruto são suficientes para permitir a usinagem final.
Isso geralmente acontece na produção de peças únicas, na fabri-
cação de pequenas séries ou na produção de primeiros lotes de
peças de uma grande série.
Para fazer isso, executa-se um conjunto de operações chamado
de traçagem. Por meio da traçagem são marcadas na peça pré-
usinada as linhas e os pontos que delimitam o formato final da
peça após a usinagem. Com o auxílio da traçagem, são transpor-
tados para a peça os desenhos dos planos e outros pontos ou
linhas importantes para a usinagem e o acabamento.
Como a traçagem consiste basicamente em desenhar no material
a correta localização dos furos, rebaixos, canais, rasgos e outros
detalhes, ela permite visualizar as formas finais da peça. Isso aju-
da a prevenir falhas ou erros de interpretação de desenho na usi-
nagem, o que resultaria na perda do trabalho e da peça.
O trabalho de traçagem pode ser classificado em dois tipos:
Traçagem plana, que se realiza
em superfícies planas de cha-
pas ou peças de pequena es-
pessura.
Traçagem no espaço, que se realiza em peças forjadas e fundi-
das e que não são planas. Nesse caso, a traçagem se caracteriza
por delimitar volumes e marcar centros.
45
Na traçagem é preciso considerar duas referências:
• a superfície de referência, ou seja, o local no qual a peça se
apoia;
• o plano de referência, ou seja, a linha a partir da qual toda a
traçagem da peça é orientada.
Dependendo do formato da peça, a linha que indica o plano de
referência pode corresponder à linha de centro.
Da mesma forma, o plano de referência pode coincidir com a su-
perfície de referência.
46
Os conceitos que você conheceu nesta primeira parte da aula são
importantes. Dê uma parada para estudá-los.
Pare! Estude! Responda!
Exercícios
1 Responda às seguintes perguntas.
a) Para que é utilizada a traçagem?
b) Como é possível prevenir erros na usinagem e saber se o
material em bruto possui dimensões suficientes?
2. Complete com as expressões traçagem plana ou traçagem no
espaço.
a) A .............................. é realizada em peças forjadas ou
fundidas sem superfície de apoio a fim de delimitar volu-
mes e marcar centros.
b) A .............................. é realizada em superfícies de chapas
ou peças de pequena espessura.
3 Diga com suas palavras o que é:
a) Plano de referência.
b) Superfície de referência.
Instrumentos e materiais para traçagem
47
Para realizar a traçagem é necessário ter alguns instrumentos e
materiais. Os instrumentos são muitos e variados: mesa de traça-
gem ou desempeno, escala, graminho, riscador, régua de traçar,
suta, compasso, esquadro de centrar, cruz de centrar, punção e
martelo, calços em V, macacos de altura variável, cantoneiras,
cubo de traçagem.
Para cada etapa da traçagem um desses instrumentos ou grupo
de instrumentos é usado. Assim, para apoiar a peça, usa-se a
mesa de traçagem ou desempeno. Dependendo do formato da
peça e da maneira como precisa ser apoiada, é necessário tam-
bém usar calços, macacos, cantoneiras e/ou o cubo de traça-
gem.
Para medir usam-se: escala, goniômetro ou calibrador traça-
dor.
Para traçar, usa-se o riscador, o compasso e o graminho ou
calibrador traçador.
48
Para auxiliar na traçagem usa-se régua, esquadros de base, o
esquadro de centrar, a suta, tampões, gabaritos.
Para marcar usam-
se um punção e um
martelo.
Para que o traçado seja mais nítido, as superfícies das peças de-
vem ser pintadas com soluções corantes. O tipo de solução de-
49
pende da superfície do material e do controle do traçado. O qua-
dro a seguir resume as informações sobre essas soluções.
Substância Composição Superfícies Traçado
Verniz Goma-laca, álcool, anilina Lisas ou polidas Rigoroso
Solução de alvaiade Alvaiade, água ou álcool. Em bruto Sem rigor
Gesso diluído Gesso, água, cola comum
de madeira, óleo de linhaça,
secante.
Em bruto Sem rigor
Gesso seco Gesso comum (giz) Em bruto Pouco rigoroso
Tinta Já preparada no comércio. Lisas Rigoroso
Tinta negra especial Já preparada no comércio De metais claros Qualquer
Quando há necessidade de realizar a traçagem em peças fundi-
das ou forjadas muito grandes, é possível fazê-lo em máquinas
de traçagem.
Agora que você já conheceu quais os materiais e instrumentos
necessários à traçagem, vamos estudar um pouco antes de a-
prender como essas operações são executadas.
Pare! Estude! Responda!
50
Exercícios
4. Relaciona a coluna A (o que fazer) com a coluna B (ins-
trumentos).
Coluna A Coluna B
a) ( ) Para medir 1. régua, esquadro de base e de centrar,
b) ( ) Para traçar suta, tampões, gabaritos.
c) ( ) Para auxiliar 2. riscador, compasso, graminho.
d) ( ) Para marcar 3. escala, graminho.
4. soluções corantes.
5. punção e martelo.
6. mesa de traçagem.
5. Responda às seguintes perguntas.
a) O que se usa para apoiar a peça durante a traçagem?
b) O que é usado para auxiliar no apoio de peças de formato
irregular?
c) Quais são os fatores que influenciam na escolha das solu-
ções corantes?
Etapas da traçagem
Como em qualquer outro tipo de operação, a traçagem é realiza-
da em várias etapas. Elas são:
1. Limpeza das superfícies que estarão em contato, ou seja, a
peça e a mesa de traçagem. Ambas devem estar livres de
qualquer tipo de sujeira, tais como pó, graxa, óleo. Além dis-
so, a peça deve ter sido previamente rebarbada.
2. Preparação da superfície com o material adequado, ou seja,
aplicação de uma pintura especial que permita visualizar os
traços do riscador.
51
3. Posicionamento a peça sobre a
superfície de referência. Se a
peça não tiver uma superfície u-
sinada que se possa tomar como
plano de referência, ela deve ser
posicionada com o auxílio de
calços, macacos e/ou cunhas.
4. Preparação do graminho na medida correta.
5. Traçagem, fazendo um traço fino,
nítido, em um único sentido, ou se-
ja, de uma vez só. Se os traços fo-
rem paralelos à superfície de refe-
rência, basta usar o graminho ou
calibrador traçador.
6. Para traçar linhas perpendicu-
lares, usa-se o esquadro ade-
quado.
52
7. Para a traçagem de linhas oblí-
quas, usa-se a suta, que serve
para transportar ou verificar o
ângulo da linha oblíqua.
8. No caso de furos ou arcos de
circunferência, marcar com pun-
ção e martelo. Esta operação é
realizada colocando-se a ponta
do punção exatamente na inter-
seção de duas linhas anterior-
mente traçadas.
9. Em seguida, golpeia-se a cabeça
do punção com o martelo. Como
indicação prática, deve-se dar a
primeira martelada com pouca
força, verificar o resultado e dar
um segundo golpe para comple-
tar a marcação.
10. Para a traçagem de arcos de cir-
cunferência, usa-se o punção pa-
ra marcar o centro da circunfe-
rência e o compasso para reali-
zar a traçagem.
Como você viu, traçagem é o desenho no próprio material que
ajuda a visualizar o formato que a peça terá depois de usinada.
53
Ela ajuda a prevenir erros do operador. E como diz o velho ditado,
é melhor prevenir do que remediar.
Pare! Estude! Responda!
Exercícios
6. Ordene a seqüência de etapas da traçagem, numerando os
parênteses de 1 a 5.
a) ( ) Preparação do graminho na medida correta.
b) ( ) Traçagem.
c) ( ) Limpeza das superfícies que estarão em contato.
d) ( ) Posicionamento da peça sobre a superfície de
referência.
e) ( ) Pintura da superfície com soluções corantes.
7. Associe a coluna A (tipos de traços) com a coluna B (ins-
trumentos).
Coluna A Coluna B
a) ( ) Traçagem de linhas paralelas 1. Compasso
b) ( ) Traçagem de arcos. 2. Esquadro
c) ( ) Traçagem de linhas oblíquas. 3. Graminho
d) ( ) Traçagem de linhas perpendiculares 4. Suta
5. Punção
8. Responda às seguintes perguntas.
a) Como deve ser o traçado?
b) Para que serve o puncionado?
54
Gabarito
1. a) A traçagem serve para desenhar no material a correta lo-
calização dos furos, rebaixos, canais, rasgos e visualizar
as formas finais da peça.
b) Através da traçagem.
2. a) Traçagem no espaço.
b) Traçagem plana.
3. a) Resposta pessoal.
b) Resposta pessoal.
4. a) 3; b) 2; c) 1; d) 5.
5. a) Mesa de traçagem ou desempeno.
b) Calços, macacos, cantoneiras, cubo de traçagem.
c) Os fatores são: superfície do material e exatidão do traça-
do.
6. a) 4; b) 5; c) 1; d) 3; e) 2.
7. a) 3; b) 1; c) 4; d) 2.
8. a) Ele deve ser fino, nítido, em um único sentido e feito de
uma só vez.
b) O puncionado serve para marcar furos ou centros de ar-
cos de circunferência.

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  • 1. 43 Antes prevenir do que remediar Todo mundo já teve na vida um aparelho eletrônico que deixou de funcionar depois de muito uso. Quando isso acontece, e o apare- lho vai parar na oficina eletrônica do bairro, o técnico muitas ve- zes pede o esquema com a disposição dos componentes do cir- cuito que ele deve consertar. Isso facilita muito o trabalho dele. Assim como o técnico precisa do desenho do circuito eletrônico para trabalhar, outros profissionais também usam algum tipo de esquema para o mesmo fim. Por exemplo, o engenheiro se vale das plantas para supervisionar a construção de um edifício. O ele- tricista faz um esquema prévio da instalação que vai realizar. Na área de mecânica acontece o mesmo: se o trabalho é na ma- nutenção, os esquemas mecânicos, hidráulicos e elétricos da máquina a ser recuperada são sempre bem-vindos. Se o trabalho é na produção, o mecânico precisa do desenho técnico para sa- ber o que ele vai usinar, quanto vai tirar de sobremetal, que aca- bamento será dado à superfície etc. Só que existem circunstâncias da produção mecânica em que é necessária uma etapa entre o desenho e a realização do trabalho. É o caso das peças em bruto produzidas por forjamento ou fundi- ção ou peças pré-usinadas e que ainda terão de ser trabalhadas mecanicamente para a retirada do excesso de material que apre- sentam. Antes que a usinagem final seja iniciada, é necessário fazer uma operação que indique o local e a quantidade de materi- al a suprimir. Essa operação é o assunto desta nossa aula. E para saber qual é, só estudando tudo com muita atenção. Desenhando no material
  • 2. 44 Muitas vezes, dentro do processo de fabricação mecânica, é ne- cessário prever se a peça em bruto ou pré-usinada resultará re- almente na peça acabada que se deseja, isto é, se as dimensões da peça em bruto são suficientes para permitir a usinagem final. Isso geralmente acontece na produção de peças únicas, na fabri- cação de pequenas séries ou na produção de primeiros lotes de peças de uma grande série. Para fazer isso, executa-se um conjunto de operações chamado de traçagem. Por meio da traçagem são marcadas na peça pré- usinada as linhas e os pontos que delimitam o formato final da peça após a usinagem. Com o auxílio da traçagem, são transpor- tados para a peça os desenhos dos planos e outros pontos ou linhas importantes para a usinagem e o acabamento. Como a traçagem consiste basicamente em desenhar no material a correta localização dos furos, rebaixos, canais, rasgos e outros detalhes, ela permite visualizar as formas finais da peça. Isso aju- da a prevenir falhas ou erros de interpretação de desenho na usi- nagem, o que resultaria na perda do trabalho e da peça. O trabalho de traçagem pode ser classificado em dois tipos: Traçagem plana, que se realiza em superfícies planas de cha- pas ou peças de pequena es- pessura. Traçagem no espaço, que se realiza em peças forjadas e fundi- das e que não são planas. Nesse caso, a traçagem se caracteriza por delimitar volumes e marcar centros.
  • 3. 45 Na traçagem é preciso considerar duas referências: • a superfície de referência, ou seja, o local no qual a peça se apoia; • o plano de referência, ou seja, a linha a partir da qual toda a traçagem da peça é orientada. Dependendo do formato da peça, a linha que indica o plano de referência pode corresponder à linha de centro. Da mesma forma, o plano de referência pode coincidir com a su- perfície de referência.
  • 4. 46 Os conceitos que você conheceu nesta primeira parte da aula são importantes. Dê uma parada para estudá-los. Pare! Estude! Responda! Exercícios 1 Responda às seguintes perguntas. a) Para que é utilizada a traçagem? b) Como é possível prevenir erros na usinagem e saber se o material em bruto possui dimensões suficientes? 2. Complete com as expressões traçagem plana ou traçagem no espaço. a) A .............................. é realizada em peças forjadas ou fundidas sem superfície de apoio a fim de delimitar volu- mes e marcar centros. b) A .............................. é realizada em superfícies de chapas ou peças de pequena espessura. 3 Diga com suas palavras o que é: a) Plano de referência. b) Superfície de referência. Instrumentos e materiais para traçagem
  • 5. 47 Para realizar a traçagem é necessário ter alguns instrumentos e materiais. Os instrumentos são muitos e variados: mesa de traça- gem ou desempeno, escala, graminho, riscador, régua de traçar, suta, compasso, esquadro de centrar, cruz de centrar, punção e martelo, calços em V, macacos de altura variável, cantoneiras, cubo de traçagem. Para cada etapa da traçagem um desses instrumentos ou grupo de instrumentos é usado. Assim, para apoiar a peça, usa-se a mesa de traçagem ou desempeno. Dependendo do formato da peça e da maneira como precisa ser apoiada, é necessário tam- bém usar calços, macacos, cantoneiras e/ou o cubo de traça- gem. Para medir usam-se: escala, goniômetro ou calibrador traça- dor. Para traçar, usa-se o riscador, o compasso e o graminho ou calibrador traçador.
  • 6. 48 Para auxiliar na traçagem usa-se régua, esquadros de base, o esquadro de centrar, a suta, tampões, gabaritos. Para marcar usam- se um punção e um martelo. Para que o traçado seja mais nítido, as superfícies das peças de- vem ser pintadas com soluções corantes. O tipo de solução de-
  • 7. 49 pende da superfície do material e do controle do traçado. O qua- dro a seguir resume as informações sobre essas soluções. Substância Composição Superfícies Traçado Verniz Goma-laca, álcool, anilina Lisas ou polidas Rigoroso Solução de alvaiade Alvaiade, água ou álcool. Em bruto Sem rigor Gesso diluído Gesso, água, cola comum de madeira, óleo de linhaça, secante. Em bruto Sem rigor Gesso seco Gesso comum (giz) Em bruto Pouco rigoroso Tinta Já preparada no comércio. Lisas Rigoroso Tinta negra especial Já preparada no comércio De metais claros Qualquer Quando há necessidade de realizar a traçagem em peças fundi- das ou forjadas muito grandes, é possível fazê-lo em máquinas de traçagem. Agora que você já conheceu quais os materiais e instrumentos necessários à traçagem, vamos estudar um pouco antes de a- prender como essas operações são executadas. Pare! Estude! Responda!
  • 8. 50 Exercícios 4. Relaciona a coluna A (o que fazer) com a coluna B (ins- trumentos). Coluna A Coluna B a) ( ) Para medir 1. régua, esquadro de base e de centrar, b) ( ) Para traçar suta, tampões, gabaritos. c) ( ) Para auxiliar 2. riscador, compasso, graminho. d) ( ) Para marcar 3. escala, graminho. 4. soluções corantes. 5. punção e martelo. 6. mesa de traçagem. 5. Responda às seguintes perguntas. a) O que se usa para apoiar a peça durante a traçagem? b) O que é usado para auxiliar no apoio de peças de formato irregular? c) Quais são os fatores que influenciam na escolha das solu- ções corantes? Etapas da traçagem Como em qualquer outro tipo de operação, a traçagem é realiza- da em várias etapas. Elas são: 1. Limpeza das superfícies que estarão em contato, ou seja, a peça e a mesa de traçagem. Ambas devem estar livres de qualquer tipo de sujeira, tais como pó, graxa, óleo. Além dis- so, a peça deve ter sido previamente rebarbada. 2. Preparação da superfície com o material adequado, ou seja, aplicação de uma pintura especial que permita visualizar os traços do riscador.
  • 9. 51 3. Posicionamento a peça sobre a superfície de referência. Se a peça não tiver uma superfície u- sinada que se possa tomar como plano de referência, ela deve ser posicionada com o auxílio de calços, macacos e/ou cunhas. 4. Preparação do graminho na medida correta. 5. Traçagem, fazendo um traço fino, nítido, em um único sentido, ou se- ja, de uma vez só. Se os traços fo- rem paralelos à superfície de refe- rência, basta usar o graminho ou calibrador traçador. 6. Para traçar linhas perpendicu- lares, usa-se o esquadro ade- quado.
  • 10. 52 7. Para a traçagem de linhas oblí- quas, usa-se a suta, que serve para transportar ou verificar o ângulo da linha oblíqua. 8. No caso de furos ou arcos de circunferência, marcar com pun- ção e martelo. Esta operação é realizada colocando-se a ponta do punção exatamente na inter- seção de duas linhas anterior- mente traçadas. 9. Em seguida, golpeia-se a cabeça do punção com o martelo. Como indicação prática, deve-se dar a primeira martelada com pouca força, verificar o resultado e dar um segundo golpe para comple- tar a marcação. 10. Para a traçagem de arcos de cir- cunferência, usa-se o punção pa- ra marcar o centro da circunfe- rência e o compasso para reali- zar a traçagem. Como você viu, traçagem é o desenho no próprio material que ajuda a visualizar o formato que a peça terá depois de usinada.
  • 11. 53 Ela ajuda a prevenir erros do operador. E como diz o velho ditado, é melhor prevenir do que remediar. Pare! Estude! Responda! Exercícios 6. Ordene a seqüência de etapas da traçagem, numerando os parênteses de 1 a 5. a) ( ) Preparação do graminho na medida correta. b) ( ) Traçagem. c) ( ) Limpeza das superfícies que estarão em contato. d) ( ) Posicionamento da peça sobre a superfície de referência. e) ( ) Pintura da superfície com soluções corantes. 7. Associe a coluna A (tipos de traços) com a coluna B (ins- trumentos). Coluna A Coluna B a) ( ) Traçagem de linhas paralelas 1. Compasso b) ( ) Traçagem de arcos. 2. Esquadro c) ( ) Traçagem de linhas oblíquas. 3. Graminho d) ( ) Traçagem de linhas perpendiculares 4. Suta 5. Punção 8. Responda às seguintes perguntas. a) Como deve ser o traçado? b) Para que serve o puncionado?
  • 12. 54 Gabarito 1. a) A traçagem serve para desenhar no material a correta lo- calização dos furos, rebaixos, canais, rasgos e visualizar as formas finais da peça. b) Através da traçagem. 2. a) Traçagem no espaço. b) Traçagem plana. 3. a) Resposta pessoal. b) Resposta pessoal. 4. a) 3; b) 2; c) 1; d) 5. 5. a) Mesa de traçagem ou desempeno. b) Calços, macacos, cantoneiras, cubo de traçagem. c) Os fatores são: superfície do material e exatidão do traça- do. 6. a) 4; b) 5; c) 1; d) 3; e) 2. 7. a) 3; b) 1; c) 4; d) 2. 8. a) Ele deve ser fino, nítido, em um único sentido e feito de uma só vez. b) O puncionado serve para marcar furos ou centros de ar- cos de circunferência.