Responda rápido: quantos (mil) anos cabem em um ano de startup?

Responda rápido: quantos (mil) anos cabem em um ano de startup?

"(…) o Slack me lembrou que fazem 4 anos que estou na Contentools — e ao mesmo tempo que passou rápido, a impressão é que esses 4 anos são 20. Talvez seja o efeito startup." Ricardo Françoso, Gestor Nacional de Vendas da Contentools

Sabe aquela piada sobre o médico que abre o jogo com seu paciente quanto à quantidade ínfima de meses de vida que ainda lhe resta? Pelo que me lembro, ela termina com uma prescrição do médico para que o paciente se case com alguém que não gosta e vá viver uma vida tediosa — assim, seus últimos meses parecerão uma eternidade.

Eu tenho uma sugestão atualizada para esse paciente: passe em um processo de seleção de umas 4 etapas até entrar em uma Startup e aceite o desafio que cair no seu colo.

Nos dias tranquilos, cada dia parecerá uma semana. Agora, nos dias de pico de aprendizado, você poderá viver anos.

Acredite em mim. Estou aqui — e vivo isso todos os dias.

Inclusive, tenho vivido isso todos os dias há pouco mais de um ano (que parecem muitos mais).

Como sei que faz um ano?

Porque confio plenamente no nosso Anniversary bot. Mas se confiasse mais na minha intuição, chutaria, no mínimo, o dobro.

Minha total perda da noção de tempo

Toda vez que nos encontramos para um café, minha mãe acha engraçada a minha dificuldade para lembrar que dia da semana é.

Ao fim da última segunda, eu tinha certeza que já era quinta. E, na terça feira, eu simplesmente não fazia a menor ideia de que dia era.

Quando falo sobre algo que fiz ontem, me refiro a isso como se tivesse sido há duas semanas — e tenho simplesmente nenhuma ideia das coisas que vão acontecer no próximo mês. Está muito longe.

É provável que, caso você também trabalhe em uma ambiente desses, sua mãe tenha a impressão de que você anda com problemas de memória (assim como a minha).

Isso me fez questionar minha situação: ando sempre meio confiante, meio perdida. ¯\_(ツ)_/¯

Por que tenho plena certeza de que ontem foi semana passada?

Minha melhor resposta para essa pergunta até agora é: a eternidade faz parte da rotina de quem precisa aproveitar cada minuto do seu tempo. Entrar em estágio de completo foco e sentir um flow de pensamentos inundarem meu cérebro não é uma situação incomum em um dia de trabalho.

Como passo longos períodos revisando ou escrevendo textos, frequentemente tenho a impressão de que alguma tecla vai pular do meu teclado e acertar o olho de quem estiver passando. As mãos se movem mais rápido do que consigo controlar. E, na verdade, quando tento controlar (ou a internet cai), o negócio congela, perco o foco e nem sei direito quem sou.

Por isso, sinceramente, não tenho tempo para pensar no que vai acontecer daqui uma semana.

Os prazos de entrega são curtos, os projetos são densos e vivo meus anos, no mínimo, compactados em formato de quarters.

“O efeito startup”

O pedaço de texto entre aspas lá em cima é do meu colega, parceiro de breja e Gestor Nacional de Vendas da Contentools, Ricardo Françoso. Foi ao ler o post dele que tudo clicou. Percebi que não era eu a diferentona. Deve ter algo sobre o ambiente que faz a gente ficar desse jeito.

Confiante, obstinado, porém um tanto perdido em relação ao resto do tempo.

Enfim, ele completou 4 anos de empresa.

Inclusive, aí vai um pedaço do post do Ricardo sobre seu aniversário de Contentools (que acabei de percebei que foi publicado há um dia, mas eu tinha a impressão de já ter lido na semana passada — provavelmente li hoje de manhã).

Note que, para o Ricardo, 4 anos vivendo sob "o efeito startup" dão a impressão de 20.

Ricardo, eu entendo você.

Estou há 1 mísero ano e já perdi as contas de quantos anos parecem ser (hoje, eu chutaria uns 3, realisticamente falando, mas a cada semana o número sobe, desce e dá umas piruetas).

4 anos de startup… Ou seriam 400?

Sinceramente, não sei.

Para a maioria dos colegas de faculdade que se formaram comigo e trabalham em empresas tradicionais, o marco de 4 anos pode parecer comum. Afinal, ao lado deles, inúmeros profissionais comemoram 10, 15, 25 anos de casa. Na cidade onde cresci, fazer carreira em empresas de grande porte ainda é uma vontade um tanto popular entre as pessoas da minha idade — e alguns de meus amigos já estão perto dos 10.

O que são 4 anos de trabalho em uma empresa que ainda nem atingiu o ponto de equilíbrio quando comparados a 10 anos em uma multinacional?

Olha, depende da perspectiva.

Se você olha para um tiozão (com todo o carinho hehe), que está completando seus 30 anos de empresa, e acha ele um dinossauro, entenda que temos uma sensação semelhante quando olhamos para o Pira (esse é o apelido do nosso tiozão, o Ricardo).

Para todo mundo lá na empresa, o Pira é tipo um límulo. Um espécime raro, resiliente, que passou por períodos remotos da história e vive até hoje.

Olha ele aí, depois de um mergulho na Mole.

Obs.: Límulo é uma espécie muito resiliente, de cerca de 400 milhões de anos atrás— a versão artrópode de um profissional que comemora 4 anos de trabalho em uma Startup. Impossível olhar para um bichinho desses e não imaginar os tipos de aventuras que ele já viveu, não é?

O tempo é (mesmo) relativo

Minha impressão é que encaixamos, concentramos e condensamos tanto aprendizado em um dia, que é impossível acreditar que todos os desafios que surgiram foram matados dentro de duas dúzias de horas (sendo que parte delas passamos dormindo, comendo ou, sei lá, trocando uma ideia nada a ver com o fera da outra área em volta da mesa de sinuca).

No fim, tudo se resume ao que o Ricardo ouviu há quatro[centos] anos — e eu ouvi há pouco mais de 1[00]:

“Precisamos de gente que queira fazer acontecer. A experiência você adquire no dia a dia. Você entra de cabeça ou não?”

Entrar de cabeça é viver cada dia como se fosse o último. Porque, sinceramente, talvez seja. Afinal, vivemos Dilmando — toda vez que a empresa atinge uma boa constante de crescimento, a meta dobra. Isso faz a nossa meta pessoal dobrar também. Mas note que uma meta dobrada não é um desafio multiplicado por dois. Nope. Nada aqui é linear. (talvez por isso a gente se perca tanto no espaço-tempo)

A cada dobra, todo o conhecimento que adquirimos até o momento atual passa ser nada mais que uma base para toda a montanha de novo conhecimento que precisamos escalar na próxima semana. (Uhul!)

Por isso, atualize sua piadinha infame.

Quer que seu paciente viva meses que pareçam uma eternidade? Recomende uma vida de desafios constantes, de domar um dragão por dia — enquanto se prepara para outros maiores e mais ágeis que surgirão no dia seguinte.

E, se puder, seja esse paciente.

Viva meses (ou 4 anos, se você for tipo um límulo) eternos. Enjoy the ride.

Mergulhe de cabeça em uma Startup e inclua, em seus próximos meses, um desafio mutante que cresce mais rápido do que você consegue prever. Além de envolver seu corpo em picos de adrenalina frequentes, esse espaço, fará você entrar em flows incríveis e finalizar mais projetos por dia que podia, sequer, imaginar.

Sinceramente, não sei o que acontece no final. Sabe o 'final'? Aquele momento em que você olha para trás e analisa esse espaço-tempo que pareceu durar uns vários anos e ter umas 12 dimensões... não sei.

E, na verdade, o 'final' não me interessa. Tenho um mutante me esperando amanhã — e é isso que me importa agora.


Ana Carolina Ribeiro

Tech Recruiting | Global Tech Sourcer @ Nubank

7 a

Mari do céu, me identifiquei muito!! Simplesmente nunca sei que dia/mês estou hahah eu abri minha startup e tô trabalhando Full time (life) nela há TRÊS MESES - 😲 simplesmente chocada, tive que fazer as contas!! Parecem anos, que loucura... Bom, que venham mais dias/meses/anos insanos cheio de aprendizados e diversão pra nós!! Parabéns pelo texto!

Christian von Koenig

Redator SEO | Revisor | Freelancer em Marketing de Conteúdo Digital | Escritor

7 a

Mari, que texto gostoso de ler! Bem, exceto pela parte do límulo, embora tenha gente que coma isso. Vai entender! Quero que saiba, seja qual for o ano em que estiver lendo isto, que desde o e-mail do Dia Internacional da Mulher tem sido um prazer acompanhar seu trabalho, porque é ótimo. =)

Davi Candido

Engenheiro de Software | Machine Learning | Mestrando em Machine Learning

7 a

Meu, que texto espetacular Mari! Parabéns!! Muito orgulho de trabalhar do teu lado. E que venham mais 'amanhãs'.

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