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A v s o s
ChAMADO CARMO
DE VIANA DO CASTELO
28 Domingo das bênçãos do Menino Jesus.
29 Memória de S. Catarina de Sena.
01 Memória de São José Operário.
02 Memória de S. Atanásio.
03 Festa dos Apóstolos S. Filipe e S. Tiago.
DOMINGO V DA PÁSCOA
ABRIL 28 2013
NS 186
A Palavra
DOMINGO VI DE PÁSCOA | C (05 DE MAIO)
• Actos dosApóstolos 15:1-2.22-29.
• Salmo 66:2-3.5-6.8.
• Apocalipse 21:10-14.22-23.
• João 14:23-29.
Oração
LITURGIA DAS HORAS
• Semana V do Saltério
MÊS DE MAIO
ORIENTAÇÃO DO TERÇO
SEGUNDA Famílias
TERÇA Coral das 10
QUARTA Grupo de oração
QUINTA Fraternidade Secular
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O QUE A FÉ NÃO É (V)
Não é um contrato
A fé não é um contrato entre duas partes que
devam obedecer a um conjunto de regras.
Também não é uma brecha ou escape que
algumas dessas regras permitem sob certo
ângulo de interpretação.
Nem a fé nem a Bíblia são resultado de um
contrato entre Deus e a humanidade, ou um
conjunto de regras que se vividas à risca,
darão acesso imediato à salvação.
A Bíblia não é um contrato, nem tem brechas
que permitam uma descoberta mais fácil de
viver a fé e de alcançar a salvação.
A Bíblia resulta da acção de Deus na história da
humanidade. Ela é a Palavra de Deus e a acção
de Deus para o bem da humanidade. É uma
proposta, um caminho, uma possibilidade para
alimentar o dom da fé que Deus semeia no
coração humano. É por isso que ter fé não
garante vida melhor, mais dinheiro, mais
diversão, mais saúde, mais sucesso, mais
ausência de problemas e dificuldades… Mas
quando essas contingências assaltam a nossa
vida, a fé revela-se como uma mais-valia que
ajuda a fazer desta vida uma realidade não só
deste mundo, mas transcendente, vinda de
Deus e em caminho para Deus.
A fé não é um contrato, mas situa-se no
coração humano como chave que dá sentido à
existência humana e ajuda nas respostas para
as perguntas de onde a felicidade depende.
Assim, pelo caminho da fé descubro que a
minha vida tem sentido enquanto é serviço de
bondade; que a minha intimidade com Deus me
leva a ser enérgico na defesa do bem, da vida,
da criação, da justiça… Este caminho da fé
ajuda-me a olhar e ver com «os olhos de
Cristo».
A fé não se vive com contratos nem escapes,
mas na liberdade eficaz da acção do Espírito
libertador do Deus da salvação.
«— JOVENS:
NÃO ENTERREIS OS VOSSOS TALENTOS!»
Francisco
COMO EU VOS AMEI!
Como eu vos amei!
Continuamos em Páscoa. É este o domingo V da Páscoa. Celebrando a Páscoa celebramos o grande
mistério da vida e do amor. Domingo a domingo — mais ainda na Páscoa! — é esse o imenso mistério que
brilha e nos inunda de luz até à Ascensão. Nos dias que antecedem a sua ascenção para o Pai, Jesus
instruiu os discípulos e pede-lhes insistentemente que se amem uns aos outros, que nos amemos uns aos
outros como Ele nos ama. O Amor é Deus, amor é a sua verdade mais verdade, e é a base mais profunda e
mais consistente do Cristianismo. A ausência de amor promoveu violências, acendeu guerras, multiplicou
inseguranças. Poderemos continuar a caminhar pelo caminho do desamor? Esse caminho que só nos pode
levar a perder?
Jesus diz-nos hoje que a nossa vida deve fincar-se no Amor. Deveríamos dar-lhe ouvidos.
Consta que o Guiness Book regista como o
sermão mais longo da história um de 60
horas e 31 minutos, que foi pregado por um
reverendo da Igreja Unitária.
Por sua vez, o mais pequeno demorou, por
contraste, apenas alguns segundos. O
sacerdote, depois de proclamar o Evangelho
disse apenas uma palavra: Amor!
E sentou-se.
Estas linhas não tratam de bater recordes,
sejam quais eles sejam, mas de reflectir sobre
a cena do Evangelho deste domingo, na qual
Jesus nos deixa o seu testamento e nos
entrega o décimo primeiro mandamento:
Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!
Em todas as sociedades existem uniformes
que ajudam a distinguir as corporações e a
posição das pessoas: um homem vestido de
branco e com um chapeuzinho branco na
cabeça é o Papa. Se vestirem de seda
vermelha cor de sangue são cardeais. Os que
surgem com mitras no lugar das coroas são
bispos. Os sacerdotes vestem de forma
indiferenciada, salvo os que pertencem a
grupos muito tradicionais e então vestem de
negro. E por aí adiante.
Os fiéis católicos em geral distinguem-se dos
outros cristãos pela obrigação de participar na
Eucaristia dominical.
Infelizmente, a maioria das vezes, damos
excessivo valor aos uniformes e ao exterior:
para nós as aparências são mais importantes
que a realidade, que a profundidade do ser.
Nós acentuamos muito as normas e as regras.
Vincar os mandamentos humanos é para nós
um desporto favorito com muitos adeptos:
faz-nos sentir poderosos e agrada-nos ter um
certo peso que nos nasce do desejo da
autoridade que pretendemos manifestar.
A verdade, porém, é que Jesus, o Bom Pastor,
não nos atulhou com mandamentos
esquesitos, nem andou a fiscalizar se as suas
ovelhas conheciam os Mandamentos que
Deus entregara a Moisés no Monte Sinai!
Não. Jesus não é como nós! Especialmente Ele
não é com os tiranetes de trazer por casa:
Jesus, o Bom Pastor, dá-nos hoje o seu
mandamento mas não pretende ser
obedecido, não pretende azucrinar-nos a vida
do nosso dia a dia com leis. Ele dá-nos o seu
mandamento para que ele nos sirva apenas
de sinal! O seu mandamento é o nosso
uniforme: através dele nós distinguimo-nos
dos demais, e os demais sabem que somos
discípulos de Jesus.
Podemos falar muito e argumentar melhor;
podemos sublimar as palavras e proclamar
sermões poderosos; podemos usar
escapulários e luzir uniformes. Não passarão
de disfarces se o Evangelho de Jesus não for
por nós assumido, quando nos pede:
«Amai-vos como eu vos amei!»
Sinceramente, creio, o problema nem está no
amor. Crentes e não crentes apreciam a
bondade e o amor, e foram ao longo da
história verdadeiros intérpretes de gestos
inolvidáveis de amor! Quem não os
conhece?... O problema é bem outro, reside
no «como», «como eu»! Essa palavra
pequenina é ela que nos assusta e nos faz
fugir! A maioria contenta-se em amar, mas o
desafio maior reside em fazê-lo como Jesus!
Amai-vos como eu vos amei! (E eu amei-vos
até à cruz, até dar a vida!, parece querer
recordar-nos Jesus!)
Resta-nos um exemplo luminoso, o da Madre
Teresa de Calcutá: um dia encontrou um
homem abandonado numa sarjeta; jazia inane
e coberto de moscas que o iam devorando. A
Madre parou, ajoelhou-se, começou a tirar-
-lhe o lixo que o cobria e a falar-lhe
docemente. Alguém viu e comentou:
– «Madre, eu não faria isso nem por um
milhão de dólares!»
E a Madre respondeu:
– «Nem eu o faria também!»
E citando o Evangelho deste domingo, disse:
– «Devemos crescer no amor; e para chegar a
fazer isto teremos de amar e continuar a amar
até que nos doa!».
Nestes tempos de indiferença não nos resta
outra bandeira se não a de nos amarmos!

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  • 1. c h a m a d o c a r m o . b l o g s p o t . c o m Telefone 258 822 264 viana@carmelitas.pt A v s o s ChAMADO CARMO DE VIANA DO CASTELO 28 Domingo das bênçãos do Menino Jesus. 29 Memória de S. Catarina de Sena. 01 Memória de São José Operário. 02 Memória de S. Atanásio. 03 Festa dos Apóstolos S. Filipe e S. Tiago. DOMINGO V DA PÁSCOA ABRIL 28 2013 NS 186 A Palavra DOMINGO VI DE PÁSCOA | C (05 DE MAIO) • Actos dosApóstolos 15:1-2.22-29. • Salmo 66:2-3.5-6.8. • Apocalipse 21:10-14.22-23. • João 14:23-29. Oração LITURGIA DAS HORAS • Semana V do Saltério MÊS DE MAIO ORIENTAÇÃO DO TERÇO SEGUNDA Famílias TERÇA Coral das 10 QUARTA Grupo de oração QUINTA Fraternidade Secular SEXTA Jovens O QUE A FÉ NÃO É (V) Não é um contrato A fé não é um contrato entre duas partes que devam obedecer a um conjunto de regras. Também não é uma brecha ou escape que algumas dessas regras permitem sob certo ângulo de interpretação. Nem a fé nem a Bíblia são resultado de um contrato entre Deus e a humanidade, ou um conjunto de regras que se vividas à risca, darão acesso imediato à salvação. A Bíblia não é um contrato, nem tem brechas que permitam uma descoberta mais fácil de viver a fé e de alcançar a salvação. A Bíblia resulta da acção de Deus na história da humanidade. Ela é a Palavra de Deus e a acção de Deus para o bem da humanidade. É uma proposta, um caminho, uma possibilidade para alimentar o dom da fé que Deus semeia no coração humano. É por isso que ter fé não garante vida melhor, mais dinheiro, mais diversão, mais saúde, mais sucesso, mais ausência de problemas e dificuldades… Mas quando essas contingências assaltam a nossa vida, a fé revela-se como uma mais-valia que ajuda a fazer desta vida uma realidade não só deste mundo, mas transcendente, vinda de Deus e em caminho para Deus. A fé não é um contrato, mas situa-se no coração humano como chave que dá sentido à existência humana e ajuda nas respostas para as perguntas de onde a felicidade depende. Assim, pelo caminho da fé descubro que a minha vida tem sentido enquanto é serviço de bondade; que a minha intimidade com Deus me leva a ser enérgico na defesa do bem, da vida, da criação, da justiça… Este caminho da fé ajuda-me a olhar e ver com «os olhos de Cristo». A fé não se vive com contratos nem escapes, mas na liberdade eficaz da acção do Espírito libertador do Deus da salvação. «— JOVENS: NÃO ENTERREIS OS VOSSOS TALENTOS!» Francisco COMO EU VOS AMEI!
  • 2. Como eu vos amei! Continuamos em Páscoa. É este o domingo V da Páscoa. Celebrando a Páscoa celebramos o grande mistério da vida e do amor. Domingo a domingo — mais ainda na Páscoa! — é esse o imenso mistério que brilha e nos inunda de luz até à Ascensão. Nos dias que antecedem a sua ascenção para o Pai, Jesus instruiu os discípulos e pede-lhes insistentemente que se amem uns aos outros, que nos amemos uns aos outros como Ele nos ama. O Amor é Deus, amor é a sua verdade mais verdade, e é a base mais profunda e mais consistente do Cristianismo. A ausência de amor promoveu violências, acendeu guerras, multiplicou inseguranças. Poderemos continuar a caminhar pelo caminho do desamor? Esse caminho que só nos pode levar a perder? Jesus diz-nos hoje que a nossa vida deve fincar-se no Amor. Deveríamos dar-lhe ouvidos. Consta que o Guiness Book regista como o sermão mais longo da história um de 60 horas e 31 minutos, que foi pregado por um reverendo da Igreja Unitária. Por sua vez, o mais pequeno demorou, por contraste, apenas alguns segundos. O sacerdote, depois de proclamar o Evangelho disse apenas uma palavra: Amor! E sentou-se. Estas linhas não tratam de bater recordes, sejam quais eles sejam, mas de reflectir sobre a cena do Evangelho deste domingo, na qual Jesus nos deixa o seu testamento e nos entrega o décimo primeiro mandamento: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei! Em todas as sociedades existem uniformes que ajudam a distinguir as corporações e a posição das pessoas: um homem vestido de branco e com um chapeuzinho branco na cabeça é o Papa. Se vestirem de seda vermelha cor de sangue são cardeais. Os que surgem com mitras no lugar das coroas são bispos. Os sacerdotes vestem de forma indiferenciada, salvo os que pertencem a grupos muito tradicionais e então vestem de negro. E por aí adiante. Os fiéis católicos em geral distinguem-se dos outros cristãos pela obrigação de participar na Eucaristia dominical. Infelizmente, a maioria das vezes, damos excessivo valor aos uniformes e ao exterior: para nós as aparências são mais importantes que a realidade, que a profundidade do ser. Nós acentuamos muito as normas e as regras. Vincar os mandamentos humanos é para nós um desporto favorito com muitos adeptos: faz-nos sentir poderosos e agrada-nos ter um certo peso que nos nasce do desejo da autoridade que pretendemos manifestar. A verdade, porém, é que Jesus, o Bom Pastor, não nos atulhou com mandamentos esquesitos, nem andou a fiscalizar se as suas ovelhas conheciam os Mandamentos que Deus entregara a Moisés no Monte Sinai! Não. Jesus não é como nós! Especialmente Ele não é com os tiranetes de trazer por casa: Jesus, o Bom Pastor, dá-nos hoje o seu mandamento mas não pretende ser obedecido, não pretende azucrinar-nos a vida do nosso dia a dia com leis. Ele dá-nos o seu mandamento para que ele nos sirva apenas de sinal! O seu mandamento é o nosso uniforme: através dele nós distinguimo-nos dos demais, e os demais sabem que somos discípulos de Jesus. Podemos falar muito e argumentar melhor; podemos sublimar as palavras e proclamar sermões poderosos; podemos usar escapulários e luzir uniformes. Não passarão de disfarces se o Evangelho de Jesus não for por nós assumido, quando nos pede: «Amai-vos como eu vos amei!» Sinceramente, creio, o problema nem está no amor. Crentes e não crentes apreciam a bondade e o amor, e foram ao longo da história verdadeiros intérpretes de gestos inolvidáveis de amor! Quem não os conhece?... O problema é bem outro, reside no «como», «como eu»! Essa palavra pequenina é ela que nos assusta e nos faz fugir! A maioria contenta-se em amar, mas o desafio maior reside em fazê-lo como Jesus! Amai-vos como eu vos amei! (E eu amei-vos até à cruz, até dar a vida!, parece querer recordar-nos Jesus!) Resta-nos um exemplo luminoso, o da Madre Teresa de Calcutá: um dia encontrou um homem abandonado numa sarjeta; jazia inane e coberto de moscas que o iam devorando. A Madre parou, ajoelhou-se, começou a tirar- -lhe o lixo que o cobria e a falar-lhe docemente. Alguém viu e comentou: – «Madre, eu não faria isso nem por um milhão de dólares!» E a Madre respondeu: – «Nem eu o faria também!» E citando o Evangelho deste domingo, disse: – «Devemos crescer no amor; e para chegar a fazer isto teremos de amar e continuar a amar até que nos doa!». Nestes tempos de indiferença não nos resta outra bandeira se não a de nos amarmos!