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para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                    PROPOSTA
                           DO ESTADO DE SÃO PAULO
                                  CURRICULAR
ENSINO FUNDAMENTAL – CICLO II E ENSINO MÉDIO
HISTÓRIA
Coordenação do Desenvolvimento dos                        Educação Física: Adalberto dos Santos Souza,
                                                                                     Conteúdos Programáticos e dos Cadernos dos                Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches
                                                                                     Professores                                               Neto, Mauro Betti, Sérgio Roberto Silveira
                                                                                     Ghisleine Trigo Silveira                                  LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges,
                                                                                                                                               Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini
                                                                                     COORDENAÇÃO DE ÁREA PARA O                                Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles
                                                                                     DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS                             Fidalgo
                                                                                     PROGRAMÁTICOS E DOS CADERNOS DOS                          Língua Portuguesa: Débora Mallet Pezarin de
                                                                                     PROFESSORES                                               Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, José Luís
                                                                                     Ciências Humanas e suas Tecnologias: Angela               Marques López Landeira e João Henrique Nogueira
                                                                                     Corrêa da Silva e Paulo Miceli                            Mateos
                                                                                     Ciências da Natureza e suas Tecnologias: Luis
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                                                     Carlos de Menezes                                         Matemática
                                       Governador
                                                                                     Linguagens, Códigos e suas Tecnologias: Alice             Matemática: Carlos Eduardo de Souza Campos
                                       José Serra                                                                                              Granja, José Luiz Pastore Mello, Nilson José
                                                                                     Vieira
                                       Vice-Governador                               Matemática: Nilson José Machado                           Machado, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César
                                                                                                                                               Pietropaolo e Walter Spinelli
                                       Alberto Goldman
                                                                                     AUTORES
                                       Secretária da Educação                        Ciências Humanas e suas Tecnologias                       Coordenação do Desenvolvimento do
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                                       Maria Helena Guimarães de Castro                                                                        Caderno do Gestor
                                                                                     Filosofia: Adilton Luís Martins e Paulo Miceli
                                                                                                                                               Guiomar Namo de Mello e Marta Wolak
                                       Secretária-Adjunta                            Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu
                                                                                                                                               Grosbaum
                                                                                     Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Célia Bega
                                       Iara Gloria Areias Prado                      dos Santos, Regina Célia Corrêa de Araújo e               Autores: Elianeth Dias Kanthack Hernandes,
                                                                                     Sérgio Adas                                               Guiomar Namo de Mello, Maria Silvia Bonini
                                       Chefe de Gabinete
                                                                                     História: Diego López Silva, Glaydson José da             Tararam, Marta Wolak Grosbaum, Miriam Martins
                                       Fernando Padula                               Silva, Mônica Lungov Bugelli, Paulo Miceli e Raquel       Inácio e Terezinha Antonia Berti Tranchitella
                                                                                     dos Santos Funari
                                       Coordenador de Estudos e Normas                                                                         Colaboradores: Dalva de Oliveira S. da Costa,
                                       Pedagógicas                                                                                             Ermelinda Maura Chezzi Dallan, José Alves da
                                                                                                                                               Silva, Liara Ferraz Conte APS, Maria Alice Pereira e
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                     Ciências da Natureza e suas Tecnologias
                                       José Carlos Neves Lopes                                                                                 Maura Silva Guedes
                                                                                     Biologia: Fabíola Bovo Mendonça, Ghisleine
                                       Coordenador de Ensino da Região               Trigo Silveira, Maria Augusta Querubim Rodrigues          Preparação de originais: Tina Amado
                                                                                     Pereira, Olga Aguilar Santana, Rodrigo Venturoso
                                       Metropolitana da Grande São Paulo             Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo            Consulta à rede sobre experiências exitosas:
                                       Luiz Candido Rodrigues Maria                  Ciências: Cristina Leite, João Carlos Thomaz
                                                                                                                                               Lourdes Athiê e Raquel B. Namo Cury
                                                                                     Micheletti Neto, Julio Cézar Foschini Lisboa,
                                       Coordenadora de Ensino do Interior                                                                      EQUIPE DE PRODUÇÃO
                                                                                     Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maíra Batistoni
                                       Aparecida Edna de Matos                       e Silva, Maria Augusta Querubim Rodrigues                 Coordenação Executiva: Beatriz Scavazza
                                                                                     Pereira, Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Renata           Assessores: Alex Barros, Beatriz Blay, Denise
                                       Presidente da Fundação para o                 Alves Ribeiro, Rosana dos Santos Jordão, Simone           Blanes, Eliane Yambanis, Heloisa Amaral Dias de
                                       Desenvolvimento da Educação – FDE             Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume                           Oliveira, Luis Márcio Barbosa, Luiza Christov e
                                       Fábio Bonini Simões de Lima                   Física: José Guilherme Brockington, Marcelo de            Vanessa Dias Moretti
                                                                                     Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto de
                                                                                     Oliveira, Maxwell Roger da Purificação Siqueira e
                                                                                                                                               EQUIPE EDITORIAL
                  EXECUÇÃO                                                           Yassuko Hosoume
                                                                                                                                               Coordenação Executiva: Angela Sprenger
                  Coordenação Geral                                                  Química: Fabio Luis de Souza, Hebe Ribeiro da
                                                                                     Cruz Peixoto, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria              Projeto Editorial: Zuleika de Felice Murrie
                  Maria Inês Fini
                                                                                     Eunice Ribeiro Marcondes, Maria Fernanda                  Edição e Produção Editorial: Edições Jogo de
                  Concepção
                                                                                     Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião                   Amarelinha, Conexão Editorial e Occy Design
                  Guiomar Namo de Mello                                                                                                        (projeto gráfico)
                  Lino de Macedo
                                                                                     Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
                  Luis Carlos de Menezes
                                                                                     Arte: Geraldo de Oliveira Suzigan, Gisa Picosque,         CTP, Impressão e Acabamento
                  Maria Inês Fini
                                                                                     Mirian Celeste Ferreira Dias Martins e Sayonara Pereira   Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
                  Ruy Berger
                                                                                         A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo autoriza a reprodução deste material pelas
                  GESTÃO                                                                  demais secretarias de educação, desde que mantida a integridade da obra e dos créditos.
                  Fundação Carlos Alberto Vanzolini
                  Presidente do Conselho Curador: Antonio Rafael
                  Namur Muscat
                  Presidente da Diretoria Executiva: Mauro                            Proposta Curricular do Estado de São Paulo: História /
                  Zilbovicius                                                           Coord. Maria Inês Fini. – São Paulo: SEE, 2008.
                  Diretor de Gestão de Tecnologias aplicadas à
                  Educação: Guilherme Ary Plonski                                     ISBN 978-85-61400-06-4.
                  Coordenadoras Executivas de Projetos: Beatriz
                  Scavazza e Angela Sprenger                                          1. História (Ensino Fundamental e Médio) – Estudo e ensino. I. Fini, Maria Inês. II. São Paulo
                                                                                      (Estado)
                  APOIO                                                               Secretaria da Educação.
                  CENP – Coordenadoria de Estudos e Normas
                  Pedagógicas                                                                                                                                          CDD 22ed. 907
                  FDE – Fundação para o Desenvolvimento da
                  Educação
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
                                para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.
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       E ENSINO MÉDIO
                                                     DO ESTADO DE SÃO PAULO




                        HISTÓRIA
ENSINO FUNDAMENTAL – CICLO II
                                                                              PROPOSTA
                                                             CURRICULAR
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PROPOSTA
                                                                                                                                                                          CURRICULAR


                                                                                     Carta da Secretária

                                                                                            Prezados gestores e professores,
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                                                            Neste ano, colocamos em prática uma nova Proposta Curricular, para aten-
                                                                                     der à necessidade de organização do ensino em todo o Estado.

                                                                                            A criação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que deu autonomia às escolas
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                                                                                     para que definissem seus próprios projetos pedagógicos, foi um passo importante.
                                                                                     Ao longo do tempo, porém, essa tática descentralizada mostrou-se ineficiente.

                                                                                            Por esse motivo, propomos agora uma ação integrada e articulada, cujo
                                                                                     objetivo é organizar melhor o sistema educacional de São Paulo.
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                            Com esta nova Proposta Curricular, daremos também subsídios aos profis-
                                                                                     sionais que integram nossa rede para que se aprimorem cada vez mais.

                                                                                            Lembramos, ainda, que apesar de o currículo ter sido apresentado e discuti-
                                                                                     do em toda a rede, ele está em constante evolução e aperfeiçoamento.

                                                                                            Mais do que simples orientação, o que propomos, com a elaboração da
                                                                                     Proposta Curricular e de todo o material que a integra, é que nossa ação tenha
                                                                                     um foco definido.

                                                                                            Apostamos na qualidade da educação. Para isso, contamos com o entusiasmo
                                                                                     e a participação de todos.

                                                                                            Um grande abraço e bom trabalho.




                                                                                                      Maria Helena Guimarães de Castro
                                                                                                                       Secretária da Educação do Estado de São Paulo
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PROPOSTA
                                                                                                                                                                         CURRICULAR


                                                                                     Sumário

                                                                                     Apresentação                8
                                                                                     1. Uma educação à altura dos desafios contemporâneos                  9
                                                                                     2. Princípios para um currículo comprometido com o seu tempo                  12
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                                                        I. Uma escola que também aprende         12
                                                                                        II. O currículo como espaço de cultura    12
                                                                                        III. As competências como referência     13
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                                        IV. Prioridade para a competência da leitura e da escrita   16
                                                                                        V. Articulação das competências para aprender       18
                                                                                        VI. Articulação com o mundo do trabalho        20
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                     A área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias                                   26
                                                                                     1. A presença das Ciências da Natureza na sociedade contemporânea                   26
                                                                                     2. A aprendizagem na área das Ciências da Natureza na educação de base                   27


                                                                                     A Matemática e as áreas do conhecimento                                  32
                                                                                     Por que uma área específica para a Matemática?                   33


                                                                                     A área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias                                    35


                                                                                     A área de Ciências Humanas e suas Tecnologias                                      38

                                                                                     Proposta Curricular do Estado de São Paulo
                                                                                     para a disciplina de História  41
                                                                                     Para que serve a História?         41
Apresentação                                                                                  Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                      Apresentação da Proposta Curricular do
                      Estado de São Paulo


                                                                                         A Secretaria de Educação do Estado de             cesso, a Secretaria procura também cumprir
    “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                      São Paulo está realizando um projeto que visa                                                                        seu dever de garantir a todos uma base co-
                      propor um currículo para os níveis de ensino                                                                         mum de conhecimentos e competências, para
                      Fundamental – Ciclo II e Médio. Com isso,                                                                            que nossas escolas funcionem de fato como
    É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                      pretende apoiar o trabalho realizado nas es-                                                                         uma rede. Com esse objetivo, prevê a elabora-
                      colas estaduais e contribuir para a melhoria                                                                         ção dos subsídios indicados a seguir.
                      da qualidade das aprendizagens de seus alu-
                      nos. Esse processo partirá dos conhecimentos                                                                            Este documento básico apresenta os prin-
                      e das experiências práticas já acumulados, ou                                                                           cípios orientadores para uma escola capaz
    para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                      seja, da sistematização, revisão e recuperação                                                                          de promover as competências indispensá-
                      de documentos, publicações e diagnósticos já                                                                            veis ao enfrentamento dos desafios sociais,
                      existentes e do levantamento e análise dos re-                                                                          culturais e profissionais do mundo contem-
                      sultados de projetos ou iniciativas realizados.                                                                         porâneo. O documento aborda algumas
                                                                                                                                              das principais características da sociedade
                                                                                         No intuito de fomentar o desenvolvi-                 do conhecimento e das pressões que a
                      mento curricular, a Secretaria toma assim duas                                                                          contemporaneidade exerce sobre os jo-
                      iniciativas complementares. A primeira delas                                                                            vens cidadãos, propondo princípios orien-
                      é realizar um amplo levantamento do acervo                                                                              tadores para a prática educativa, a fim de
                      documental e técnico pedagógico existente.                                                                              que as escolas possam se tornar aptas a
                      A segunda é iniciar um processo de consulta                                                                             preparar seus alunos para esse novo tem-
                      a escolas e professores, para identificar, siste-                                                                        po. Priorizando a competência de leitura e
                      matizar e divulgar boas práticas existentes nas                                                                         escrita, esta proposta define a escola como
                      escolas de São Paulo. Articulando conheci-                                                                              espaço de cultura e de articulação de com-
                      mento e herança pedagógicos com experiên-                                                                               petências e conteúdos disciplinares.
                      cias escolares de sucesso, a Secretaria pretende
                      que esta iniciativa seja, mais do que uma nova                                                                          Integra esta Proposta Curricular um segun-
                      declaração de intenções, o início de uma con-                                                                           do documento, de Orientações para a Ges-
                      tínua produção e divulgação de subsídios que                                                                            tão do Currículo na Escola, dirigido espe-
                      incidam diretamente na organização da escola                                                                            cialmente às unidades escolares e aos diri-
                      como um todo e nas aulas. Ao iniciar este pro-                                                                          gentes e gestores que as lideram e apóiam:

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Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Apresentação




                                                   diretores, assistentes técnico-pedagógicos,      São os Cadernos do Professor, orga-
                                                   professores coordenadores e superviso-           nizados por bimestre e por disciplina.
                                                   res. Esse segundo documento não trata            Neles, são apresentadas situações de
                                                   da gestão curricular em geral, mas tem a         aprendizagem para orientar o trabalho do
                                                   finalidade específica de apoiar o gestor           professor no ensino dos conteúdos disci-
                                                   para que seja um líder e animador da im-         plinares específicos. Esses conteúdos, ha-
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                   plementação desta Proposta Curricular nas        bilidades e competências são organizados
                                                   escolas públicas estaduais de São Paulo.         por série e acompanhados de orientações
                                                                                                    para a gestão da sala de aula, para a
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                   Existe uma variedade de outros programas         avaliação e a recuperação, bem como
                                                   e materiais disponíveis sobre o tema da          de sugestões de métodos e estratégias
                                                   gestão, alguns dos quais descritos em ane-       de trabalho nas aulas, experimentações,
                                                   xo, aos quais as equipes gestoras também         projetos coletivos, atividades extraclasse
                                                   poderão recorrer para apoiar seu trabalho.       e estudos interdisciplinares.
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                   O ponto mais importante desse segundo
                                                   documento é garantir que o Projeto Peda-      1. Uma educação à altura dos
                                                   gógico, que organiza o trabalho nas con-      desafios contemporâneos
                                                   dições singulares de cada escola, seja um
                                                   recurso efetivo e dinâmico para assegurar            A sociedade do século XXI é cada vez
                                                   aos alunos a aprendizagem dos conteúdos       mais caracterizada pelo uso intensivo do co-
                                                   e a constituição das competências previstas   nhecimento, seja para trabalhar, conviver ou
                                                   nesta Proposta Curricular. O segundo docu-    exercer a cidadania, seja para cuidar do am-
                                                   mento, Orientações para a Gestão do Cur-      biente em que se vive. Essa sociedade, pro-
                                                   rículo, propõe que a aprendizagem resulte     duto da revolução tecnológica que se acele-
                                                   também da coordenação de ações entre as       rou na segunda metade do século passado e
                                                   disciplinas, do estímulo à vida cultural da   dos processos políticos que redesenharam as
                                                   escola e do fortalecimento de suas relações   relações mundiais, já está gerando um novo
                                                   com a comunidade. Para isso, reforça e pro-   tipo de desigualdade, ou exclusão, ligada ao
                                                   põe orientações e estratégias para a educa-   uso das tecnologias de comunicação que hoje
                                                   ção continuada dos professores.               mediam o acesso ao conhecimento e aos bens
                                                                                                 culturais. Na sociedade de hoje, são indesejá-
                                                   A Proposta Curricular se completará           veis tanto a exclusão pela falta de acesso a
                                                   com um conjunto de documentos diri-           bens materiais quanto a exclusão pela falta de
                                                   gidos especialmente aos professores.          acesso ao conhecimento e aos bens culturais.


                                                                                                                                                         9
Apresentação                                                                                   Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                                                                                          No Brasil essa tendência caminha pa-                    Outro fenômeno relevante diz respei-
                       ralelamente à democratização do acesso a                                                                             to à precocidade da adolescência, ao mes-
                       níveis educacionais além do ensino obriga-                                                                           mo tempo em que o ingresso no trabalho
                       tório. Com mais gente estudando, a posse                                                                             se torna cada vez mais tardio. Tais fenô-
                       de um diploma de nível superior deixa de                                                                             menos ampliam o tempo e a importância
                       ser um diferencial suficiente, e característi-                                                                       da permanência na escola, tornando-a um
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                       cas cognitivas e afetivas são cada vez mais                                                                          lugar privilegiado para o desenvolvimento
                       valorizadas, como as capacidades de resol-                                                                           do pensamento autônomo, que é condição
                       ver problemas, trabalhar em grupo, conti-                                                                            para uma cidadania responsável. Ser estu-
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                       nuar aprendendo e agir de modo coope-                                                                                dante, nesse mundo que expõe o jovem
                       rativo, pertinente em situações complexas.                                                                           desde muito cedo às práticas da vida adulta
                       Em um mundo no qual o conhecimento                                                                                   – e, ao mesmo tempo, posterga a sua in-
                       é usado de forma intensiva, o diferencial                                                                            serção profissional –, é fazer da experiência
                       será marcado pela qualidade da educação                                                                              escolar uma oportunidade para aprender a
     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                       recebida. A qualidade do convívio, assim                                                                             ser livre e ao mesmo tempo respeitar as di-
                       como dos conhecimentos e das compe-                                                                                  ferenças e as regras de convivência. Hoje,
                       tências constituídas na vida escolar, será                                                                           mais do que nunca, aprender na escola é o
                       o fator determinante para a participação                                                                             “ofício de aluno”, a partir do qual ele vai
                       do indivíduo em seu próprio grupo social e                                                                           fazer o trânsito para a autonomia da vida
                       para que tome parte de processos de críti-                                                                           adulta e profissional.
                       ca e renovação.
                                                                                                                                                  Para que a democratização do acesso à
                                                                                          Nesse quadro ganha importância re-                educação tenha uma função realmente inclu-
                       dobrada a qualidade da educação ofere-                                                                               siva não é suficiente universalizar a escola. É
                       cida nas escolas públicas, pois é para elas                                                                          indispensável a universalização da relevância
                       que estão acorrendo, em número cada vez                                                                              da aprendizagem. Criamos uma civilização
                       mais expressivo, as camadas mais pobres da                                                                           que reduz distâncias, que tem instrumentos
                       sociedade brasileira, que antes não tinham                                                                           capazes de aproximar as pessoas ou de distan-
                       acesso à escola. A relevância e a pertinên-                                                                          ciá-las, que aumenta o acesso à informação e
                       cia das aprendizagens escolares nessas ins-                                                                          ao conhecimento, mas que também acentua
                       tituições são decisivas para que o acesso a                                                                          diferenças culturais, sociais e econômicas. Só
                       elas proporcione uma oportunidade real de                                                                            uma educação de qualidade para todos pode
                       aprendizagem para inserção no mundo de                                                                               evitar que essas diferenças constituam mais
                       modo produtivo e solidário.                                                                                          um fator de exclusão.


10
Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Apresentação




                                                                                     O desenvolvimento pessoal é um pro-          Construir identidade, agir com autono-
                  cesso de aprimoramento das capacidades                                                                   mia e em relação com o outro, e incorporar a
                  de agir, pensar, atuar sobre o mundo e lidar                                                             diversidade são as bases para a construção de
                  com a influência do mundo sobre cada um,                                                                 valores de pertencimento e responsabilidade,
                  bem como atribuir significados e ser perce-                                                              essenciais para a inserção cidadã nas dimen-
                  bido e significado pelos outros, apreender                                                               sões sociais e produtivas. Preparar indivíduos
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  a diversidade e ser compreendido por ela,                                                                para manter o equilíbrio da produção cultural,
                  situar-se e pertencer. A educação precisa                                                                num tempo em que a duração se caracteriza
                  estar a serviço desse desenvolvimento, que                                                               não pela permanência, mas pela constante
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                  coincide com a construção da identidade,                                                                 mudança – quando o inusitado, o incerto e o
                  da autonomia e da liberdade. Não há liber-                                                               urgente constituem a regra e não a exceção –,
                  dade sem possibilidade de escolhas. Elas                                                                 é mais um desafio contemporâneo para a
                  pressupõem um quadro de referências, um                                                                  educação escolar.
                  repertório que só pode ser garantido se
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                  houver acesso a um amplo conhecimento,                                                                          Outro elemento relevante hoje para
                  dado por uma educação geral, articulado-                                                                 pensarmos o conteúdo e o sentido da escola
                  ra, que transite entre o local e o mundial.                                                              é a complexidade da ambiência cultural, das
                  Esse tipo de educação constrói, de forma                                                                 dimensões sociais, econômicas e políticas,
                  cooperativa e solidária, uma síntese dos                                                                 a presença maciça de produtos científicos e
                  saberes produzidos pela humanidade, ao                                                                   tecnológicos e a multiplicidade de linguagens
                  longo de sua história e de sua geografia,                                                                e códigos no cotidiano. Apropriar-se ou não
                  e dos saberes locais. Tal síntese é uma das                                                              desses conhecimentos pode ser um instru-
                  condições para o individúo acessar o co-                                                                 mento da ampliação das liberdades ou mais
                  nhecimento necessário ao exercício da ci-                                                                um fator de exclusão.
                  dadania em dimensão mundial.
                                                                                                                                  O currículo que dá conteúdo e sentido à
                                                                                     A autonomia para gerenciar a pró-     escola precisa levar em conta esses elementos.
                  pria aprendizagem (aprender a aprender) e                                                                Por isso, esta Proposta Curricular tem como
                  o resultado dela em intervenções solidárias                                                              princípios centrais: a escola que aprende, o
                  (aprender a fazer e a conviver) deve ser a                                                               currículo como espaço de cultura, as compe-
                  base da educação das crianças, dos jovens                                                                tências como eixo de aprendizagem, a priori-
                  e dos adultos, que têm em suas mãos a                                                                    dade da competência de leitura e de escrita, a
                  continuidade da produção cultural e das                                                                  articulação das competências para aprender e
                  práticas sociais.                                                                                        a contextualização no mundo do trabalho.


                                                                                                                                                                                  11
Apresentação                                                                                   Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                       2. Princípios para um currículo                                                                                      diferente. Esse é o ponto de partida para o tra-
                       comprometido com o seu tempo                                                                                         balho colaborativo, para a formação de uma
                                                                                                                                            “comunidade aprendente”, nova terminologia
                                                                                                                                            para um dos mais antigos ideais educativos. A
                       I. Uma escola que também aprende
                                                                                                                                            vantagem é que hoje a tecnologia facilita a via-
                                                                                          A tecnologia imprime um ritmo sem                 bilização prática desse ideal.
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                       precedentes no acúmulo de conhecimentos
                       e gera uma transformação profunda na sua                                                                                   Ações como a construção coletiva da
                       estrutura e nas suas formas de organização e                                                                         Proposta Pedagógica, por meio da reflexão e
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                       distribuição. Nesse contexto, a capacidade de                                                                        da prática compartilhadas, e o uso intencio-
                       aprender terá de ser trabalhada não apenas                                                                           nal da convivência como situação de apren-
                       nos alunos, mas na própria escola, enquan-                                                                           dizagem fazem parte da constituição de uma
                       to instituição educativa: tanto as instituições                                                                      escola à altura dos tempos atuais. Observar
                       como os docentes terão de aprender.                                                                                  que as regras da boa pedagogia também se
     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                                                                            aplicam àqueles que estão aprendendo a en-
                                                                                          Isso muda radicalmente nossa concep-              sinar é uma das chaves para o sucesso das
                       ção da escola como instituição que ensina                                                                            lideranças escolares. Os gestores, como agen-
                       para posicioná-la como instituição que tam-                                                                          tes formadores, devem aplicar com os profes-
                       bém aprende a ensinar. As interações en-                                                                             sores tudo aquilo que recomendam a eles que
                       tre os responsáveis pela aprendizagem dos                                                                            apliquem com seus alunos.
                       alunos têm caráter de ações formadoras,
                       mesmo que os envolvidos não se dêem conta
                                                                                                                                            II. O currículo como espaço de cultura
                       disso. Neste sentido, cabe lembrar a respon-
                       sabilidade da equipe gestora como formado-                                                                                 No cotidiano escolar, a cultura é muitas
                       ra de professores e a responsabilidade dos                                                                           vezes associada ao que é local, pitoresco, fol-
                       docentes, entre si e com o grupo gestor, na                                                                          clórico, bem como ao divertimento ou lazer,
                       problematização e na significação dos co-                                                                             enquanto o conhecimento é freqüentemente
                       nhecimentos sobre sua prática.                                                                                       associado a um inalcançável saber. Essa dico-
                                                                                                                                            tomia não cabe em nossos tempos: a infor-
                                                                                          De acordo com essa concepção, a esco-             mação está disponível a qualquer instante,
                       la que aprende parte do princípio de que nin-                                                                        em tempo real, ao toque de um dedo, e o co-
                       guém conhece tudo e de que o conhecimento                                                                            nhecimento constitui-se como uma ferramen-
                       coletivo é maior que a soma dos conhecimen-                                                                          ta para articular teoria e prática, o mundial e
                       tos individuais, além de ser qualitativamente                                                                        o local, o abstrato e seu contexto físico.


12
Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Apresentação




                                                                                     Currículo é a expressão de tudo o que   tural, o currículo é a referência para ampliar,
                  existe na cultura científica, artística e huma-                                                             localizar e contextualizar os conhecimentos
                  nista, transposto para uma situação de apren-                                                              que a humanidade acumulou ao longo do
                  dizagem e ensino. Precisamos entender que                                                                  tempo. Então, o fato de uma informação ou
                  as atividades extraclasse não são “extracurri-                                                             um conhecimento ser de outro lugar, ou de
                  culares” quando se deseja articular a cultura                                                              todos os lugares na grande rede de informa-
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  e o conhecimento. Neste sentido todas as                                                                   ção, não será obstáculo à prática cultural re-
                  atividades da escola são curriculares, ou não                                                              sultante da mobilização desse conhecimento
                  serão justificáveis no contexto escolar. Se não                                                             nas ciências, nas artes e nas humanidades.
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                  rompermos essa dissociação entre cultura e
                  conhecimento não conseguiremos conectar
                                                                                                                             III. As competências como referência
                  o currículo à vida – e seguiremos alojando
                  na escola uma miríade de atividades “cultu-                                                                       Um currículo que promove competên-
                  rais” que mais dispersam e confundem do                                                                    cias tem o compromisso de articular as dis-
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                  que promovem aprendizagens curriculares                                                                    ciplinas e as atividades escolares com aquilo
                  relevantes para os alunos.                                                                                 que se espera que os alunos aprendam ao
                                                                                                                             longo dos anos. Logo, a atuação do professor,
                                                                                     O conhecimento tomado como ins-         os conteúdos, as metodologias disciplinares e
                  trumento, mobilizado em competências,                                                                      a aprendizagem requerida dos alunos são as-
                  reforça o sentido cultural da aprendizagem.                                                                pectos indissociáveis: compõem um sistema ou
                  Tomado como valor de conteúdo lúdico, de                                                                   rede cujas partes têm características e funções
                  caráter ético ou de fruição estética, numa es-                                                             específicas que se complementam para formar
                  cola com vida cultural ativa, o conhecimento                                                               um todo, sempre maior do que elas. Maior
                  torna-se um prazer que pode ser aprendido,                                                                 porque se compromete em formar crianças e
                  ao se aprender a aprender. Nessa escola, o                                                                 jovens para que se tornem adultos preparados
                  professor não se limita a suprir o aluno de                                                                para exercer suas responsabilidades (trabalho,
                  saberes, mas é o parceiro de fazeres cultu-                                                                família, autonomia etc.) e para atuar em uma
                  rais, aquele que promove de muitas formas o                                                                sociedade que muito precisa deles.
                  desejo de aprender, sobretudo com o exem-
                  plo de seu próprio entusiasmo pela cultura                                                                        Um currículo referido a competências
                  humanista, científica, artística e literária.                                                               supõe que se aceite o desafio de promover os
                                                                                                                             conhecimentos próprios de cada disciplina ar-
                                                                                     Quando o projeto pedagógico da escola   ticuladamente às competências e habilidades
                  tem entre suas prioridades essa cidadania cul-                                                             do aluno. É com essas competências e habi-


                                                                                                                                                                                    13
Apresentação                                                                                   Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                       lidades que ele contará para fazer sua leitura                                                                       petências em adolescentes, bem como ins-
                       crítica do mundo, para compreendê-lo e pro-                                                                          tigar desdobramentos para a vida adulta.
                       por explicações, para defender suas idéias e
                       compartilhar novas e melhores formas de ser,                                                                               Paralelamente a essa conduta, é preciso
                       na complexidade em que hoje isso é reque-                                                                            considerar quem são esses alunos. Ter entre 11
                       rido. É com elas que, em síntese, ele poderá                                                                         e 18 anos significa estar em uma fase peculiar
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                       enfrentar problemas e agir de modo coerente                                                                          da vida, localizada entre a infância e a idade
                       em favor das múltiplas possibilidades de solu-                                                                       adulta. Neste sentido, o jovem é aquele que
                       ção ou gestão.                                                                                                       deixou de ser criança e se prepara para tornar-
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                                                                                            se adulto. Trata-se de um momento complexo e
                                                                                          Tais competências e habilidades podem             contraditório, que deve orientar nossa propos-
                       ser consideradas em uma perspectiva geral,                                                                           ta sobre o papel da escola nessa fase de vida.
                       isto é, no que têm de comum com as discipli-
                       nas e tarefas escolares, ou então no que têm                                                                               Nessa etapa curricular, a tríade sobre a
     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                       de específico. Competências, neste sentido,                                                                           qual competências e habilidades são desen-
                       caracterizam modos de ser, raciocinar e inte-                                                                        volvidas pode ser assim caracterizada: a) o
                       ragir que podem ser depreendidos das ações                                                                           adolescente e as características de suas ações
                       e das tomadas de decisão em contextos de                                                                             e pensamentos; b) o professor, suas caracte-
                       problemas, tarefas ou atividades. Graças a                                                                           rísticas pessoais e profissionais e a qualidade
                       elas podemos inferir se a escola como insti-                                                                         de suas mediações; e c) os conteúdos das dis-
                       tuição está cumprindo bem o papel que se                                                                             ciplinas e as metodologias para seu ensino e
                       espera dela no mundo de hoje.                                                                                        aprendizagem.


                                                                                          Os alunos considerados nesta pro-                       Houve um tempo em que a educação
                       posta têm, de modo geral, de 11 a 18 anos                                                                            escolar era referenciada no ensino – o plano
                       de idade. Valorizar o desenvolvimento de                                                                             de trabalho da escola indicava o que seria
                       competências nesta fase da vida implica                                                                              ensinado ao aluno. Essa foi uma das razões
                       em ponderar, além de aspectos curricula-                                                                             pelas quais o currículo escolar foi confundi-
                       res e docentes, os recursos cognitivos, afe-                                                                         do com um rol de conteúdos disciplinares. A
                       tivos e sociais de que os alunos dispõem.                                                                            Lei de Diretrizes e Bases – LDB (lei 9394/1996)
                       Implica, pois, em analisar como o professor                                                                          deslocou o foco do ensino para o da apren-
                       mobiliza conteúdos, metodologias e sabe-                                                                             dizagem, e não é por acaso que sua filosofia
                       res próprios de sua disciplina ou área de                                                                            não é mais a da liberdade de ensino, mas a do
                       conhecimento, visando desenvolver com-                                                                               direito de aprender.


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Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Apresentação




                                                                                     O conceito de competências também       oportunidades, diversidade de tratamento e
                  é fundamental na LDB e nas Diretrizes e Pa-                                                                unidade de resultados. Quando os pontos
                  râmetros Curriculares Nacionais, elaboradas                                                                de partida são diferentes, é preciso tratar
                  pelo Conselho Nacional de Educação e pelo                                                                  diferentemente os desiguais para garantir a
                  Ministério da Educação. O currículo referen-                                                               todos uma base comum.
                  ciado em competências é uma concepção
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  que requer que a escola e o plano do profes-                                                                      Pensar o currículo no tempo atual é
                  sor indiquem o que aluno vai aprender.                                                                     viver uma transição, na qual, como em toda
                                                                                                                             transição, traços do velho e do novo se mes-
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                                     Uma das razões para se optar por        clam nas práticas cotidianas. É comum que o
                  uma educação centrada em competências                                                                      professor, quando formula o seu plano de tra-
                  diz respeito à democratização da escola. No                                                                balho, indique o que vai ensinar e não o que
                  momento em que se conclui o processo de                                                                    o aluno vai aprender. E é compreensível nesse
                  universalização do Ensino Fundamental e se                                                                 caso que, ao final do ano, tendo cumprido
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                  incorpora toda a heterogeneidade que ca-                                                                   seu plano, ele afirme, diante do fracasso do
                  racteriza o povo brasileiro, a escola, para ser                                                            aluno, que fez sua parte, ensinando, e que foi
                  democrática, tem de ser igualmente acessível                                                               o aluno que não aprendeu.
                  a todos, diversa no tratamento de cada um e
                  unitária nos resultados.                                                                                          A transição da cultura do ensino
                                                                                                                             para a da aprendizagem não é individual.
                                                                                     Dificilmente essa unidade seria obtida   A escola deve fazê-la coletivamente, ten-
                  com ênfase no ensino, porque é quase im-                                                                   do à frente seus gestores para capacitar os
                  possível, em um país como o Brasil, estabe-                                                                professores em seu dia-a-dia, a fim de que
                  lecer o que deve ser ensinado a todos, sem                                                                 todos se apropriem dessa mudança de foco.
                  exceção. Por isso optou-se por construir a                                                                 Cabe às instâncias condutoras da política
                  unidade com ênfase no que é indispensável                                                                  educacional nos estados e nos municípios ela-
                  que todos tenham aprendido ao final do pro-                                                                 borar, a partir das Diretrizes e dos Parâmetros
                  cesso, considerando a diversidade. Todos têm                                                               Nacionais, Propostas Curriculares próprias e
                  direito de construir, ao longo de sua escolari-                                                            específicas, prover os recursos humanos, téc-
                  dade, um conjunto básico de competências,                                                                  nicos e didáticos para que as escolas, em seu
                  definido pela lei. Este é o direito básico, mas                                                             projeto pedagógico, estabeleçam os planos
                  a escola deverá ser tão diversa quanto são os                                                              de trabalho que, por sua vez, farão das pro-
                  pontos de partida das crianças que recebe.                                                                 postas currículos em ação – como no presente
                  Assim, será possível garantir igualdade de                                                                 esforço desta Secretaria.


                                                                                                                                                                                    15
Apresentação                                                                                   Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                       IV. Prioridade para a competência da                                                                                 terário, histórico e social, seja científico e
                       leitura e da escrita
                                                                                                                                            tecnológico. Em cada uma dessas áreas, as
                                                                                          A humanidade criou a palavra, que é               linguagens são essenciais.
                       constitutiva do humano, seu traço distin-
                       tivo. O ser humano constitui-se assim um                                                                                   As linguagens são sistemas simbólicos,
                       ser de linguagem e disso decorre todo o                                                                              com os quais recortamos e representamos o
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                       restante, tudo o que transformou a huma-                                                                             que está em nosso exterior, em nosso inte-
                       nidade naquilo que é. Ao associar palavras                                                                           rior e na relação entre esses âmbitos; é com
                       e sinais, criando a escrita, o homem cons-                                                                           eles também que nos comunicamos com os
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                       truiu um instrumental que ampliou expo-                                                                              nossos iguais e expressamos nossa articulação
                       nencialmente sua capacidade de comuni-                                                                               com o mundo.
                       car-se, incluindo pessoas que estão longe
                       no tempo e no espaço.                                                                                                      Em nossa sociedade, as linguagens e os
                                                                                                                                            códigos se multiplicam: os meios de comuni-
     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                          Representar, comunicar e expressar são            cação estão repletos de gráficos, esquemas,
                       atividades de construção de significado rela-                                                                         diagramas, infográficos, fotografias e dese-
                       cionadas a vivências que se incorporam ao                                                                            nhos. O design diferencia produtos equivalen-
                       repertório de saberes de cada indivíduo. Os                                                                          tes quanto ao desempenho ou à qualidade.
                       sentidos são construídos na relação entre a                                                                          A publicidade circunda nossas vidas, exigindo
                       linguagem e o universo natural e cultural em                                                                         permanentes tomadas de decisão e fazendo
                       que nos situamos. E é na adolescência, como                                                                          uso de linguagens sedutoras e até enigmáti-
                       vimos, que a linguagem adquire essa qualida-                                                                         cas. Códigos sonoros e visuais estabelecem a
                       de de instrumento para compreender e agir                                                                            comunicação nos diferentes espaços. As ci-
                       sobre o mundo real.                                                                                                  ências construíram suas próprias linguagens,
                                                                                                                                            plenas de símbolos e códigos. A produção
                                                                                          A ampliação das capacidades de re-                de bens e serviços foi em grande parte au-
                       presentação, comunicação e expressão está                                                                            tomatizada e cabe a nós programar as má-
                       articulada ao domínio não apenas da língua                                                                           quinas, utilizando linguagens específicas. As
                       mas de todas as outras linguagens e, princi-                                                                         manifestações artísticas e de entretenimento
                       palmente, ao repertório cultural de cada in-                                                                         utilizam, cada vez mais, diversas linguagens
                       divíduo e de seu grupo social, que a elas dá                                                                         que se articulam.
                       sentido. A escola é o espaço em que ocorre
                       a transmissão, entre as gerações, do ativo                                                                                 Para acompanhar tal contexto, a com-
                       cultural da humanidade, seja artístico e li-                                                                         petência de leitura e de escrita contemplada


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Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Apresentação




                  nesta proposta vai além da linguagem ver-                                                                         A linguagem não é apenas uma forma
                  bal, vernácula – ainda que esta tenha papel                                                                de representação, como expressam, por seus
                  fundamental – e refere-se a sistemas simbó-                                                                limites, as crianças. Mais do que isso, ela é
                  licos como os citados, pois essas múltiplas                                                                uma forma de compreensão e ação sobre o
                  linguagens estão presentes no mundo con-                                                                   mundo. É isso o que os adolescentes, com to-
                  temporâneo, na vida cultural e política, bem                                                               dos os seus exageros, manifestam. Graças à
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  como nas designações e nos conceitos cien-                                                                 linguagem, o pensamento pode se tornar an-
                  tíficos e tecnológicos usados atualmente. A                                                                 tecipatório em sua manifestação mais comple-
                  constituição dessa competência tem como                                                                    ta: é possível calcular as conseqüências de uma
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                  base o desenvolvimento do pensamento                                                                       ação sem precisar realizá-la. Pode-se ainda fa-
                  antecipatório, combinatório e probabilístico                                                               zer combinações e analisar hipóteses sem pre-
                  que permite estabelecer hipóteses, algo que                                                                cisar conferi-las de antemão, na prática, pois
                  caracteriza o período da adolescência.                                                                     algumas de suas conseqüências podem ser
                                                                                                                             deduzidas apenas pelo âmbito da linguagem.
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                     A prioridade das linguagens no currí-   Pode-se estabelecer relações de relações, isto
                  culo da educação básica tem como funda-                                                                    é, imaginar um objeto e agir sobre ele, deci-
                  mento a centralidade da linguagem no de-                                                                   dindo se vale a pena ou não interagir com ele
                  senvolvimento da criança e do adolescente.                                                                 em outro plano. Em outras palavras, graças à
                  Nas crianças a linguagem, em suas diversas                                                                 linguagem, agora constituída como forma de
                  expressões, é apenas um recurso simbólico,                                                                 pensar e agir, o adolescente pode raciocinar
                  ou seja, permite representar ou comunicar                                                                  em um contexto de proposições ou possibili-
                  conteúdos cujas formas, elas mesmas, não                                                                   dades, pode ter um pensamento combinató-
                  podem ser estruturadas como linguagem.                                                                     rio, pode aprender as disciplinas escolares em
                  Nessa fase, tais formas são as próprias ações                                                              sua versão mais exigente, pode refletir sobre
                  e os pensamentos, organizados como es-                                                                     os valores e fundamentos das coisas.
                  quemas de procedimentos, representações e
                  compreensões. Ou seja, as crianças realizam                                                                       Do ponto de vista social e afetivo, a
                  e compreendem ao falar, pensar ou sentir,                                                                  centralidade da linguagem nos processos de
                  mas não sabem ainda tratar o próprio agir,                                                                 desenvolvimento possibilita ao adolescente
                  pensar ou sentir como uma forma de lingua-                                                                 aprender, pouco a pouco, a considerar suas
                  gem. É só na adolescência que isso se tor-                                                                 escolhas em uma escala de valores. Viabiliza-
                  nará possível e transformará o ser humano                                                                  lhe aprender a enfrentar as conseqüências
                  em um ser de linguagem, em sua expressão                                                                   das próprias ações, a propor e alterar contra-
                  mais radical.                                                                                              tos, a respeitar e criticar normas, a formular


                                                                                                                                                                                    17
Apresentação                                                                                   Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                       seu próprio projeto de vida e a tecer seus so-                                                                             Por fim, é importante destacar que o
                       nhos de transformação do mundo.                                                                                      domínio das linguagens representa um pri-
                                                                                                                                            mordial elemento para a conquista da au-
                                                                                          É, portanto, em virtude da centralidade           tonomia, sendo a chave para o acesso a in-
                       da linguagem no desenvolvimento da criança                                                                           formações e permitindo a comunicação de
                       e do adolescente que esta Proposta Curricular                                                                        idéias, a expressão de sentimentos e o diálo-
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                       prioriza a competência leitora e escritora.                                                                          go, necessários à negociação dos significados
                       Só por meio dela será possível concretizar a                                                                         e à aprendizagem continuada.
                       constituição das demais competências, tanto
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                       as gerais como aquelas associadas a discipli-
                                                                                                                                            V. Articulação das competências para
                       nas ou temas específicos. Para desenvolvê-la                                                                          aprender
                       é indispensável que seja objetivo de aprendi-
                       zagem de todas as disciplinas do currículo, ao                                                                             A aprendizagem é o centro da atividade
                       longo de toda a escolaridade básica.                                                                                 escolar. Por extensão, o professor caracteriza-se
     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                                                                            como um profissional da aprendizagem e não
                                                                                          Por esse caráter essencial da competên-           tanto do ensino. Isto é, ele apresenta e explica
                       cia de leitura e escrita para a aprendizagem                                                                         conteúdos, organiza situações para a aprendi-
                       dos conteúdos curriculares de todas as áreas e                                                                       zagem de conceitos, métodos, formas de agir
                       disciplinas, a responsabilidade por sua aprendi-                                                                     e pensar, em suma, promove conhecimentos
                       zagem e avaliação cabe a todos os professores,                                                                       que possam ser mobilizados em competências
                       que devem transformar seu trabalho em opor-                                                                          e habilidades, as quais, por sua vez, instrumen-
                       tunidades nas quais os alunos possam aprender                                                                        talizam os alunos para enfrentar os proble-
                       e consolidar o uso da Língua Portuguesa e das                                                                        mas do mundo real. Dessa forma, a expressão
                       outras linguagens e códigos que fazem parte                                                                          “educar para a vida” pode ganhar seu sentido
                       da cultura, bem como das formas de comuni-                                                                           mais nobre e verdadeiro na prática do ensino.
                       cação em cada uma delas. Tal radicalismo na                                                                          Se a educação básica é para a vida, a quanti-
                       centralidade da competência leitora e escritora                                                                      dade e a qualidade do conhecimento têm de
                       leva a colocá-la como objetivo de todas as séries                                                                    ser determinadas por sua relevância para a vida
                       e todas as disciplinas. Desta forma, coloca aos                                                                      de hoje e do futuro, além dos limites da escola.
                       gestores (a quem cabe a educação continuada                                                                          Portanto, mais que os conteúdos isolados, as
                       dos professores na escola) a necessidade de criar                                                                    competências são guias eficazes para educar
                       oportunidades para que os docentes também                                                                            para a vida. As competências são mais gerais
                       desenvolvam essa competência – por cuja cons-                                                                        e constantes, e os conteúdos, mais específi-
                       tituição, nos alunos, são responsáveis.                                                                              cos e variáveis. É exatamente a possibilidade


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Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Apresentação




                  de variar os conteúdos no tempo e no espaço                                                                trará novas ênfases e necessidades, que preci-
                  que legitima a iniciativa dos diferentes sistemas                                                          sarão ser continuamente supridas. Preparar-se
                  públicos de ensino para selecionar, organizar                                                              para acompanhar esse movimento torna-se o
                  e ordenar os saberes disciplinares que servirão                                                            grande desafio das novas gerações.
                  como base para a constituição de competên-
                  cias, cuja referência são as diretrizes e orienta-                                                                Esta Proposta Curricular adota, como
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  ções nacionais, de um lado, e as demandas do                                                               competências para aprender, aquelas que
                  mundo contemporâneo, de outro.                                                                             foram formuladas no referencial teórico do
                                                                                                                             Enem – Exame Nacional do Ensino Médio.
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                                     As novas tecnologias da informação      Entendidas como desdobramentos da com-
                  produziram uma mudança na produção, na                                                                     petência leitora e escritora, para cada uma
                  organização, no acesso e na disseminação do                                                                das cinco competências do Enem transcritas a
                  conhecimento. A escola hoje já não é mais a                                                                seguir, apresenta-se a articulação com a com-
                  única detentora da informação e do conhe-                                                                  petência de ler e escrever.
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                  cimento, mas cabe a ela preparar seu aluno
                  para viver em uma sociedade em que a infor-                                                                I. “Dominar a norma culta da Língua Portu-
                  mação é disseminada em grande velocidade.                                                                     guesa e fazer uso das linguagens matemá-
                                                                                                                                tica, artística e científica.” A constituição da
                                                                                     Vale insistir que essa preparação não      competência de leitura e escrita é também o
                  exige maior quantidade de ensino e sim me-                                                                    domínio das normas e dos códigos que tor-
                  lhor qualidade de aprendizagem. É preci-                                                                      nam as linguagens instrumentos eficientes
                  so deixar claro que isso não significa que os                                                                  de registro e expressão, que podem ser com-
                  conteúdos do ensino não sejam importantes;                                                                    partilhados. Ler e escrever, hoje, são compe-
                  ao contrário, são tão importantes que a eles                                                                  tências fundamentais a qualquer disciplina
                  está dedicado este trabalho de elaboração da                                                                  ou profissão. Ler, entre outras coisas, é in-
                  Proposta Curricular do ensino oficial do Esta-                                                                 terpretar (atribuir sentido ou significado), e
                  do de São Paulo. São tão decisivos que é in-                                                                  escrever, igualmente, é assumir uma autoria
                  dispensável aprender a continuar aprendendo                                                                   individual ou coletiva (tornar-se responsável
                  os conteúdos escolares, mesmo fora da esco-                                                                   por uma ação e suas conseqüências).
                  la ou depois dela. Continuar aprendendo é a
                  mais vital das competências que a educação                                                                 II. “Construir e aplicar conceitos das várias áreas
                  deste século precisa desenvolver. Não só os                                                                   do conhecimento para a compreensão de
                  conhecimentos com os quais a escola traba-                                                                    fenômenos naturais, de processos histórico-
                  lha podem mudar, como a vida de cada um                                                                       geográficos, da produção tecnológica e das


                                                                                                                                                                                    19
Apresentação                                                                              Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                                                        manifestações artísticas.” É o desenvolvi-                                     V. “Recorrer aos conhecimentos desenvolvi-
                                                        mento da linguagem que possibilita o ra-                                          dos na escola para elaborar propostas de
                                                        ciocínio hipotético-dedutivo, indispensável                                       intervenção solidária na realidade, respei-
                                                        à compreensão de fenômenos. Ler, nesse                                            tando os valores humanos e considerando
                                                        sentido, é um modo de compreender, isto é,                                        a diversidade sociocultural.” Ler, aqui, além
                                                        de assimilar experiências ou conteúdos disci-                                     de implicar em descrever e compreender,
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                        plinares (e modos de sua produção); escrever                                      bem como em argumentar a respeito de
                                                        é expressar sua construção ou reconstrução                                        um fenômeno, requer a antecipação de
                                                        com sentido, aluno por aluno.                                                     uma intervenção sobre ele, com tomada
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                                                                                          de decisões a partir de uma escala de valo-
                       III. “Selecionar, organizar, relacionar, interpre-                                                                 res. Escrever é formular um plano para essa
                                                        tar dados e informações representados de                                          intervenção, levantar hipóteses sobre os
                                                        diferentes formas, para tomar decisões e                                          meios mais eficientes para garantir resulta-
                                                        enfrentar situações-problema”. Ler implica                                        dos, a partir da escala de valores adotada. É
     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                        também – além de empregar o raciocínio                                            no contexto da realização de projetos esco-
                                                        hipotético-dedutivo, que possibilita a com-                                       lares que os alunos aprendem a criticar, res-
                                                        preensão de fenômenos – antecipar, de                                             peitar e propor projetos valiosos para toda a
                                                        forma comprometida, a ação para intervir                                          sociedade; por intermédio deles, aprendem
                                                        no fenômeno e resolver os problemas de-                                           a ler e escrever as coisas do mundo atual,
                                                        correntes dele. Escrever, por sua vez, sig-                                       relacionando ações locais com visão global,
                                                        nifica dominar os muitos formatos que a                                            por meio de atuação solidária.
                                                        solução do problema comporta.

                                                                                                                                       VI. Articulação com o mundo do trabalho
                       IV. “Relacionar informações, representadas
                                                        em diferentes formas, e conhecimentos                                                A contextualização tem como norte os
                                                        disponíveis em situações concretas, para                                       dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases, as
                                                        construir argumentação consistente.” A                                         normas das Diretrizes Curriculares Nacionais,
                                                        leitura, aqui, sintetiza a capacidade de                                       que são obrigatórias, e as recomendações dos
                                                        escutar, supor, informar-se, relacionar,                                       Parâmetros Curriculares Nacionais, que fo-
                                                        comparar etc. A escrita permite dominar                                        ram elaborados para o Ensino Médio mas são
                                                        os códigos que expressam a defesa ou a                                         pertinentes para a educação básica como um
                                                        reconstrução de argumentos – com liber-                                        todo, sobretudo para o segmento da 5ª série
                                                        dade, mas observando regras e assumin-                                         em diante. Para isso é preciso recuperar alguns
                                                        do responsabilidades.                                                          tópicos desse conjunto legal e normativo.


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Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Apresentação




                  Compreensão do significado das                                                                               ciências, das artes e das letras”: começa na
                  ciências, das letras e das artes                                                                            educação infantil, prossegue nos anos do
                                                                                     Compreender o sentido é reconhecer,      Ensino Fundamental e tem mais três anos
                  apreender e partilhar a cultura que envolve as                                                              no Ensino Médio. Durante mais de doze
                  áreas de conhecimento, um conjunto de con-                                                                  anos deverá haver tempo suficiente para al-
                  ceitos, posturas, condutas, valores, enfoques,                                                              fabetizar-se nas ciências, nas humanidades e
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  estilos de trabalho e modos de fazer que ca-                                                                nas técnicas, entendendo seus enfoques
                  racterizam as várias ciências – exatas, sociais                                                             e métodos mais importantes, seus pontos
                  e humanas –, as artes – visuais, musicais, do                                                               fortes e fracos, suas polêmicas, seus concei-
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                  movimento e outras –, a Matemática, as lín-                                                                 tos e, sobretudo, o modo como suas des-
                  guas e outras áreas de expressão não-verbal.                                                                cobertas influenciam a vida das pessoas e o
                                                                                                                              desenvolvimento social e econômico. Para
                                                                                     Quando a LDB dispõe sobre esse objeti-   isso, é importante abordar, em cada ano
                  vo de compreensão do sentido está indicando                                                                 ou nível da escola básica, a maneira como
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                  que não se trata de formar especialistas nem                                                                as diferentes áreas do currículo articulam a
                  profissionais. Especialistas e profissionais de-                                                              realidade e seus objetos de conhecimento
                  vem, além de compreender o sentido, domi-                                                                   específicos, a partir de questões como as
                  nar a estrutura conceitual e o estatuto episte-                                                             exemplificadas a seguir.
                  mológico de suas especialidades – não é esse
                                                                                                                                 Que limitações e potenciais têm os enfo-
                  o caso dos alunos da educação básica. Como
                                                                                                                                 ques próprios das áreas?
                  estão na escola, preparando-se para assumir
                  plenamente sua cidadania, todos devem pas-                                                                     Que práticas humanas, das mais simples
                  sar pela alfabetização científica, humanista,                                                                   às mais complexas, têm fundamento ou
                  lingüística, artística e técnica, para que sua                                                                 inspiração nessa ciência, arte ou área de
                  cidadania, além de ser um direito, tenha qua-                                                                  conhecimento?
                  lidade. O aluno precisa constituir as compe-                                                                   Quais as grandes polêmicas nas várias dis-
                  tências para reconhecer, identificar e ter visão                                                                ciplinas ou áreas de conhecimento?
                  crítica daquilo que é próprio de uma área de
                  conhecimento, e, a partir desse conhecimen-
                                                                                                                              A relação entre teoria e prática em cada
                  to, avaliar a importância dessa área ou discipli-                                                           disciplina do currículo
                  na em sua vida e em seu trabalho.
                                                                                                                                     A relação entre teoria e prática não
                                                                                     A lei dá um prazo generoso para que      envolve necessariamente algo observável
                  os alunos aprendam o “significado das                                                                        ou manipulável, como um experimento de


                                                                                                                                                                                     21
Apresentação                                                                                   Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                       laboratório ou a construção de um objeto.                                                                            plenos, devemos adquirir discernimento e co-
                       Tal relação pode acontecer ao se compreen-                                                                           nhecimentos pertinentes para tomar decisões
                       der como a teoria se aplica em contextos reais                                                                       em diversos momentos, em relação à escolha
                       ou simulados. Uma possibilidade de transpo-                                                                          de alimentos, uso da eletricidade, consumo
                       sição didática é reproduzir a indagação de ori-                                                                      de água, seleção dos programas de TV ou a
                       gem, a questão ou necessidade que levou à                                                                            escolha do candidato a um cargo político.
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                       construção de um conhecimento – que já está
                       dado e precisa ser apropriado e aplicado, não
                                                                                                                                            As relações entre educação e tecnologia
                       obrigatoriamente ser “descoberto” de novo.
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                                                                                                  A educação tecnológica básica é uma
                                                                                          A lei determina corretamente que a re-            das diretrizes que a LDB estabelece para orien-
                       lação teoria e prática se dê em cada discipli-                                                                       tar o currículo do Ensino Médio. A lei ainda
                       na do currículo, uma vez que boa parte dos                                                                           associa a “compreensão dos fundamentos
                       problemas de qualidade do ensino decorre da                                                                          científicos dos processos produtivos” com o
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                       dificuldade em destacar a dimensão prática do                                                                         relacionamento entre teoria e prática em cada
                       conhecimento, tornando-o verbalista e abs-                                                                           disciplina do currículo. E insiste quando deta-
                       trato. Por exemplo, a disciplina História é por                                                                      lha, entre as competências que o aluno deve
                       vezes considerada teórica, mas nada é tão prá-                                                                       demonstrar ao final da educação básica, o
                       tico quanto entender a origem de uma cidade                                                                          “domínio dos princípios científicos e tecnoló-
                       e as razões da configuração urbana. A Química                                                                         gicos que presidem a produção moderna”.
                       é erroneamente considerada mais prática por
                       envolver atividades de laboratório, manipula-                                                                              A tecnologia comparece, portanto, no
                       ção de substâncias e outras idiossincrasias, no                                                                      currículo da educação básica com duas acep-
                       entanto não existe nada mais teórico do que o                                                                        ções complementares: a) como educação
                       estudo da tabela de elementos químicos.                                                                              tecnológica básica; b) como compreensão
                                                                                                                                            dos fundamentos científicos e tecnológicos
                                                                                          A mesma Química que emprega o nome                da produção.
                       dos elementos precisa ser um instrumento
                       cognitivo para nos ajudar a entender e, se                                                                                 A primeira acepção refere-se à alfabeti-
                       preciso, decidir pelo uso de alimentos com                                                                           zação tecnológica, que inclui aprender a lidar
                       agrotóxicos ou conservantes. Tais questões                                                                           com computadores, mas vai além. Alfabetizar-
                       não se restringem a especialistas ou cientistas.                                                                     se tecnologicamente é entender as tecnologias
                       Não é preciso ser químico para ter de escolher                                                                       da história humana como elementos da cultu-
                       o que se vai comer. A fim de sermos cidadãos                                                                          ra, como parte das práticas sociais, culturais e


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Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Apresentação




                  produtivas, que por sua vez são inseparáveis                                                             Desde sua abertura, a LDB faz referência ao
                  dos conhecimentos científicos, artísticos e lin-                                                          trabalho, juntamente com as práticas sociais,
                  güísticos que as fundamentam. A educação                                                                 como elemento que vincula a educação básica
                  tecnológica básica tem o sentido de nos pre-                                                             à realidade, da Educação Infantil até o final do
                  parar para viver e conviver em um mundo no                                                               Ensino Médio. O vínculo com o trabalho carre-
                  qual a tecnologia está cada vez mais presente:                                                           ga vários sentidos, que é preciso explicitar.
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  no qual a tarja magnética, o celular, o código
                  de barras e muitos recursos digitais se incorpo-                                                                Do ponto de vista filosófico, expressa
                  ram velozmente à vida das pessoas, qualquer                                                              o valor e a importância do trabalho. À parte
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                  que seja a sua condição socioeconômica.                                                                  de qualquer implicação pedagógica relativa a
                                                                                                                           currículos e definição de conteúdos, o valor do
                                                                                     A segunda acepção, ou seja, a com-    trabalho incide em toda a vida escolar: desde
                  preensão dos fundamentos científicos e tec-                                                               a valorização dos trabalhadores da escola e
                  nológicos da produção, faz da tecnologia a                                                               da família, até o respeito aos trabalhadores
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                  chave para relacionar o currículo ao mundo                                                               da comunidade, o conhecimento do trabalho
                  da produção de bens e serviços, ou seja, aos                                                             como produtor da riqueza e o reconhecimento
                  processos pelos quais a humanidade – e cada                                                              de que um dos fundamentos da desigualdade
                  um de nós – produz os bens e serviços de que                                                             social é a remuneração injusta do trabalho. A
                  necessita para viver. Foi para manter-se fiel                                                             valorização do trabalho é também uma críti-
                  ao espírito da lei que as DCN introduziram a                                                             ca ao bacharelismo ilustrado, que por muito
                  tecnologia em todas as áreas, tanto das DCN                                                              tempo predominou nas escolas voltadas para
                  como dos PCN para o Ensino Médio, evitando                                                               as classes sociais privilegiadas.
                  a existência de disciplinas “tecnológicas” iso-
                  ladas e separadas dos conhecimentos que lhe                                                                     A implicação pedagógica desse prin-
                  servem de fundamento.                                                                                    cípio atribui um lugar de destaque para o
                                                                                                                           trabalho humano, contextualizando os con-
                                                                                                                           teúdos curriculares sempre que for pertinen-
                  A prioridade para o contexto do
                  trabalho                                                                                                 te, com os tratamentos adequados a cada
                                                                                                                           caso. Nesse sentido, a relação entre teoria
                                                                                     Se examinarmos o conjunto das reco-   e prática em cada disciplina do currículo,
                  mendações já analisadas, o trabalho enquanto                                                             como exige a lei, não pode deixar de incluir
                  produção de bens e serviços revela-se como a                                                             os tipos de trabalho e as carreiras profissio-
                  prática humana mais importante para conec-                                                               nais aos quais se aplicam os conhecimentos
                  tar os conteúdos do currículo com a realidade.                                                           das áreas ou disciplinas curriculares.


                                                                                                                                                                                  23
Apresentação                                                                                   Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                                                                                          Em síntese, a prioridade do trabalho                   A LDB adota uma perspectiva sintoni-
                       na educação básica assume dois sentidos                                                                              zada com essas mudanças na organização
                       complementares: como valor, que imprime                                                                              do trabalho ao recomendar a articulação
                       importância ao trabalho e cultiva o respei-                                                                          entre educação básica e profissional, quan-
                       to que lhe é devido na sociedade, e como                                                                             do afirma, entre as finalidades do Ensino
                       tema que perpassa os conteúdos curricula-                                                                            Médio: “a preparação básica para o traba-
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                       res, atribuindo sentido aos conhecimentos                                                                            lho e a cidadania do educando, para conti-
                       específicos das disciplinas.                                                                                          nuar aprendendo, de modo a ser capaz de
                                                                                                                                            se adaptar com flexibilidade a novas con-
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                                                                                            dições de ocupação ou aperfeiçoamento
                       O contexto do trabalho no Ensino Médio
                                                                                                                                            posteriores” (grifo nosso). A lei não recu-
                                                                                          A tradição de ensino academicista, des-           pera a formação profissional para postos
                       vinculado de qualquer preocupação com a                                                                              ou áreas específicas dentro da carga horá-
                       prática, separou a formação geral e a forma-                                                                         ria geral do Ensino Médio, como tentou fa-
     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                       ção profissional no Brasil. Durante décadas                                                                           zer a legislação anterior. Mas também não
                       elas foram modalidades excludentes de ensi-                                                                          chancela o caráter inteiramente propedêu-
                       no. A tentativa da Lei 5692/1971 de unir as                                                                          tico que esse ensino tem assumido na edu-
                       duas modalidades, profissionalizando todo o                                                                           cação básica brasileira. Trata-se, portanto,
                       Ensino Médio, apenas descaracterizou a for-                                                                          de entender o que vem a ser a preparação
                       mação geral, sem ganhos significativos para                                                                           básica para o trabalho.
                       a profissional.
                                                                                                                                                 As Diretrizes Curriculares Nacionais
                                                                                          Nos dias de hoje, essa separação já               para o Ensino Médio interpretaram essa
                       não se dá nos mesmos moldes, porque o                                                                                perspectiva como uma preparação básica
                       mundo do trabalho passa por transforma-                                                                              para o trabalho, abrindo a possibilidade de
                       ções profundas. À medida que a tecnologia                                                                            que os sistemas de ensino ou as escolas te-
                       vai substituindo os trabalhadores por autô-                                                                          nham ênfases curriculares diferentes, com
                       matos na linha de montagem e nas tarefas                                                                             autonomia para eleger as disciplinas especí-
                       de rotina, as competências para trabalhar                                                                            ficas e suas respectivas cargas horárias den-
                       em ilhas de produção, associar concepção                                                                             tro das três grandes áreas instituídas pelas
                       e execução, resolver problemas e tomar de-                                                                           DCN, desde que garantida a presença das
                       cisões tornam-se mais importantes do que                                                                             três áreas. Essa abertura permite que esco-
                       conhecimentos e habilidades voltados para                                                                            las de Ensino Médio, a partir de um projeto
                       postos específicos de trabalho.                                                                                       pedagógico integrado com cursos de edu-


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Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Apresentação




                  cação profissional de nível técnico, atribuam                                                              pode ser realizada em disciplinas de for-
                  mais tempo e atenção a disciplinas ou áreas                                                               mação básica do Ensino Médio. As esco-
                  disciplinares cujo estudo possa ser aprovei-                                                              las, nesse caso, atribuiriam carga horária
                  tado na educação profissional.                                                                             suficiente e tratamento pedagógico ade-
                                                                                                                            quado às áreas ou disciplinas que melhor
                                                                                     Para as DCN, o que a lei denomina de   preparassem seus alunos para o curso de
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  preparação básica para o trabalho pode ser                                                                educação profissional de nível técnico es-
                  a aprendizagem de conteúdos disciplinares                                                                 colhido. Essa possibilidade fundamenta-se
                  constituintes de competências básicas que                                                                 no pressuposto de que ênfases curricula-
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                  sejam também pré-requisitos de formação                                                                   res diferenciadas são equivalentes para a
                  profissional. Em muitos casos essa opção                                                                   constituição das competências previstas na
                  pouparia tempo de estudo para o jovem que                                                                 LDB, nas DCN para o Ensino Médio e na
                  precisa ingressar precocemente no mercado                                                                 matriz de competências do Enem.
                  de trabalho. Para facilitar essa abertura, as Di-
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                  retrizes Curriculares da Educação Profissional                                                                    Isso supõe um outro tipo de articulação
                  de Nível Técnico flexibilizaram a duração dos                                                              entre currículos de formação geral e currículos
                  cursos profissionais desse nível, possibilitan-                                                            de formação profissional, em que o primeiro
                  do o aproveitamento de estudos já realizados                                                              encarrega-se das competências básicas, fun-
                  ou mesmo exercício profissional prévio. Essas                                                              damentando a constituição das mesmas em
                  duas peças normativas criaram os mecanis-                                                                 conteúdos, áreas ou disciplinas afinadas com
                  mos pedagógicos que podem viabilizar o que                                                                a formação profissional nesse ou em outro ní-
                  foi estabelecido na LDB (lei 9394/1996) e de-                                                             vel de escolarização. E supõe também que o
                  cretos posteriores.                                                                                       tratamento oferecido às disciplinas do currí-
                                                                                                                            culo do Ensino Médio não seja apenas prope-
                                                                                     A preparação básica para o trabalho    dêutico nem tampouco voltado estreitamente
                  em determinada área profissional, portanto,                                                               para o vestibular.




                                                                                                                                                                                   25
Área CNT                                                                                   Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                        A área de Ciências da Natureza
                        e suas Tecnologias

                        1. A presença das Ciências                                                                                           e da rede mundial de computadores. Por
                        da Natureza na sociedade                                                                                             sua vez, as ciências também se beneficiam
      “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                        contemporânea                                                                                                        do desenvolvimento tecnológico nas suas
                                                                                                                                             investigações, como no lançamento em ór-
                                                                                           As Ciências da Natureza estão presen-             bita terrestre de um grande telescópio, ou
      É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                        tes sob muitas formas na cultura e na vida em                                                                        na tomada e no processamento de dados
                        sociedade, na investigação dos materiais, das                                                                        científicos feitos em laboratórios, por equi-
                        substâncias, da vida e do cosmo. Do mesmo                                                                            pamentos informáticos.
                        modo, elas se associam às técnicas, tomando
                        parte em todos os setores de produção e de                                                                                 As Ciências da Natureza também
      para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                        serviços: da agropecuária à medicina, da in-                                                                         têm dimensão filosófica, pois, ao interpre-
                        dústria ao sistema financeiro, dos transportes                                                                        tar eventos da biosfera e compreender a
                        à comunicação e informação, dos armamen-                                                                             evolução da vida, ou ao observar estrelas e
                        tos bélicos aos aparelhos domésticos. Essa                                                                           galáxias e perceber a evolução do universo,
                        associação entre as ciências e as técnicas,                                                                          elas permitem conjecturar sobre a origem
                        que constitui a tecnologia, resultou nas vá-                                                                         e o sentido cósmicos – atividades que no
                        rias revoluções industriais e integra todas as                                                                       passado eram prerrogativa do pensamento
                        dimensões práticas da vida humana, como                                                                              filosófico. Em contrapartida, para monitorar
                        a extração e processamento de minérios, a                                                                            ou controlar o desenvolvimento científico-
                        produção de energia, a construção civil, a pro-                                                                      tecnológico, ao investigar a intervenção
                        dução de alimentos, o envio de mensagens e                                                                           humana na biosfera e eventualmente esta-
                        o diagnóstico de enfermidades.                                                                                       belecer seus limites, os instrumentos para
                                                                                                                                             essa investigação de sentido igualmente
                                                                                           O desenvolvimento científico-tecnoló-              ético são também científico-tecnológicos.
                        gico tem sido tão rápido que certos proces-                                                                          As ciências são, portanto, base conceitual
                        sos e equipamentos podem tornar-se ob-                                                                               para intervenções práticas que podem ser
                        soletos em poucos anos. Essa corrida pela                                                                            destrutivas – como na tecnologia bélica –,
                        inovação transforma até mesmo algumas                                                                                mas também promovem valores humanos
                        práticas sociais, como está acontecendo                                                                              ao fornecerem critérios para a percepção
                        com a rápida expansão da telefonia móvel                                                                             crítica e para a interpretação da realidade.


26
Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Área CNT
                                                                                                                                                                               Arte




                                                                                     Finalmente, as ciências têm grande be-     guagens da ciência e fazer uso de seus conhe-
                  leza, por ampliar a visão do mundo natural,                                                                   cimentos. Dessa forma, poderão compreender
                  ao mergulhar nos detalhes moleculares da                                                                      e se posicionar diante de questões gerais de
                  base genética da vida ou ao revelar a periodici-                                                              sentido científico e tecnológico, e empreender
                  dade de caráter quântico das propriedades dos                                                                 ações diante de problemas pessoais ou sociais
                  elementos químicos. O mesmo se dá em sua                                                                      para os quais o domínio das ciências seja es-
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  estética da simplicidade, em que umas poucas                                                                  sencial, como será detalhado a seguir.
                  leis gerais valem para qualquer processo, como
                  o princípio da conservação da energia que se                                                                  2. A aprendizagem na área das
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                  aplica ao vôo de um colibri ou à emissão de luz                                                               Ciências da Natureza na educação
                  por um átomo. Essa beleza das ciências, ainda                                                                 de base
                  que menos reconhecida, pode ser comparada
                  à das artes, no sentido mesmo de fruição, pre-                                                                       Mais do que simples divisões do saber,
                  cisamente pela associação da ciência ao senti-                                                                as disciplinas em geral são campos de investi-
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                  do pragmático das tecnologias.                                                                                gação e de sistematização dos conhecimentos.
                                                                                                                                Algumas delas são milenares, como a Filosofia,
                                                                                     Essa múltipla presença, a intensa produ-   a História e a Física. Outras, como a Matemáti-
                  ção e a divulgação de conhecimentos científicos                                                                ca, reúnem campos igualmente antigos, como
                  e tecnológicos demanda de todos nós uma al-                                                                   a Geometria e a Álgebra. Outras ainda, como
                  fabetização científico-tecnológica. Por exemplo:                                                               a Biologia, são reuniões recentes de campos
                  para saber que uma água mineral de pH 4,5                                                                     tradicionais, como a Botânica, a Zoologia e a
                  é ácida; para ler medidas de energia em quilo-                                                                História Natural, aos quais se somaram outros,
                  watt-hora, caloria, joule, e converter uma uni-                                                               mais contemporâneos, como a Genética.
                  dade na outra; ou para entender argumentos a
                  favor e contra a produção de grãos transgênicos                                                                      Nem sempre se estabelecem fronteiras
                  demanda-se um domínio conceitual científico                                                                    nítidas entre as disciplinas. A Química, que
                  básico, mesmo em se tratando de informações                                                                   surgiu há alguns séculos, apresenta interes-
                  usuais presentes em jornais diários, equipamen-                                                               ses comuns com a Física, como a constitui-
                  tos domésticos e embalagens de alimentos.                                                                     ção atômica da matéria, e outros em comum
                                                                                                                                com a Biologia, como processos bioquímicos
                                                                                     Por isso tudo, jovens que concluem a       e o estudo das substâncias orgânicas. Todas
                  educação de base, preparados para seu de-                                                                     as Ciências da Natureza fazem uso de instru-
                  senvolvimento e sua realização pessoal, devem                                                                 mentais matemáticos em seus procedimentos
                  saber se expressar e se comunicar com as lin-                                                                 de quantificação, análise e modelagem.


                                                                                                                                                                                        27
Área CNT                                                                                   Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                                                                                           A reunião de certos conjuntos de                        Não se deve, assim, estranhar que da
                        disciplinas em áreas do conhecimento é                                                                               5a à 8a série do Ensino Fundamental as ciên-
                        decorrência natural das referidas frontei-                                                                           cias estejam integradas na mesma disciplina
                        ras comuns. No nosso caso, é também um                                                                               escolar, englobando também as linguagens
                        recurso de sentido pedagógico, para expli-                                                                           adequadas para cada faixa etária. Na 5ª e
                        citar que a aprendizagem disciplinar não                                                                             na 6ª série, a ênfase está colocada na re-
      “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                        tem sentido autônomo, mas deve se dar                                                                                alidade mais imediata do aluno, com suas
                        em função dos interesses dos alunos, de                                                                              vivências e percepções pessoais, e também
                        sua formação geral. Nesse sentido, a área                                                                            como tema para exercício do letramento
      É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                        constitui uma pré-articulação de um siste-                                                                           propriamente dito e para o início da alfabe-
                        ma mais amplo, o projeto pedagógico de                                                                               tização científico-tecnológica.
                        escola, em que a proposta curricular orga-
                        niza e dá razões para a aprendizagem em                                                                                    Na 7ª e na 8ª série, a ênfase já se des-
                        geral, disciplinar ou não.                                                                                           loca para temáticas mais abrangentes e suas
      para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                                                                             interpretações. Por isso, o corpo humano e
                                                                                           O conjunto das Ciências da Natureza               seus sistemas, o ser humano como partícipe
                        pode ser tomado como uma das áreas do                                                                                da biosfera, as tecnologias de uso cotidiano
                        conhecimento que organizam a aprendiza-                                                                              ou as primeiras percepções cósmicas da Ter-
                        gem na educação básica, pois, ainda que di-                                                                          ra no Universo devem ter tratamentos com-
                        ferentes ciências, como a Biologia, a Física e                                                                       patíveis com a maturidade em cada fase.
                        a Química tenham certos objetos de estudo
                        e métodos próprios, também têm em co-                                                                                      Ao fim do Ensino Fundamental, já é
                        mum conceitos, métodos e procedimentos,                                                                              possível identificar e qualificar as muitas
                        critérios de análise, de experimentação e de                                                                         tecnologias presentes na produção indus-
                        verificação. Além disso, elas compõem uma                                                                             trial e energética, agropecuária e extrativa,
                        visão de mundo coerente, um acervo cultural                                                                          nas comunicações, no processamento de in-
                        articulado e reúnem linguagens essenciais,                                                                           formações, nos serviços de saúde, nos bens
                        recursos e valores que se complementam                                                                               de consumo, no monitoramento ambiental
                        para uma atuação prática e crítica na vida                                                                           etc. Praticamente em todos os setores da
                        contemporânea. Com essa compreensão,                                                                                 vida em sociedade, dando-se o mesmo foco
                        vê-se que a articulação numa área permite                                                                            às questões globais, como a dos combus-
                        compreender melhor o papel educacional da                                                                            tíveis fósseis e dos renováveis, a defesa da
                        Biologia, da Física ou da Química, do que to-                                                                        biodiversidade ou o comprometimento dos
                        mar cada disciplina isoladamente.                                                                                    mananciais de água.


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Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Área CNT
                                                                                                                                                                              Arte




                                                                                     Já no Ensino Médio, é possível ousar um   da cosmologia e da evolução, como vimos,
                  maior aprofundamento conceitual da área de                                                                   têm forte apelo e interesse filosófico.
                  conhecimento nas três disciplinas científicas
                  básicas – Biologia, Física e Química – , nas                                                                        Da mesma forma, há uma ampla interfa-
                  quais a especificidade temática e metodoló-                                                                   ce com a área das linguagens e códigos, pois as
                  gica se explicita, permitindo, inclusive, uma                                                                Ciências da Natureza, de um lado, fazem uso
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  organização curricular mais detalhada. Por                                                                   de inúmeras linguagens e, de outro, constituem
                  exemplo, na constituição celular ou na inter-                                                                linguagens elas próprias. Hoje, não é sequer
                  dependência das espécies, em Biologia; nas                                                                   possível compreender muitas notícias sem que
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                  ondas eletromagnéticas ou na relação traba-                                                                  se entendam terminologias científicas como
                  lho-calor, na Física; e na dinâmica das reações                                                              “materiais semicondutores”, “substâncias alca-
                  ou nos compostos orgânicos, na Química,                                                                      linas” e “grãos transgênicos”. Essa dimensão
                  juntamente com as tecnologias às quais estão                                                                 das ciências como linguagem precisa, assim,
                  diretamente relacionados todos esses aspec-                                                                  ser explicitada e trabalhada na sua aprendi-
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                  tos disciplinares. Esse maior aprofundamento                                                                 zagem escolar, pois constituirá a qualificação
                  da disciplina não deve significar qualquer exa-                                                               mais continuamente exercida pelos educan-
                  gero propedêutico, o que pode ser evitado                                                                    dos ao longo de sua vida, qualquer que seja
                  quando se explicitam competências relaciona-                                                                 sua opção profissional e cultural.
                  das ao conhecimento científico e aos contex-
                  tos reais, geralmente interdisciplinares.                                                                           Enfim, a sociedade atual, diante de
                                                                                                                               questões como a busca de modernização
                                                                                     Voltando a pensar o projeto peda-         produtiva, cuidados com o ambiente natural,
                  gógico escolar, a área do conhecimento de                                                                    procura de novas fontes energéticas, escolha
                  Ciências da Natureza tem importante inter-                                                                   de padrões para as telecomunicações, precisa
                  face com a área das Ciências Humanas; por                                                                    lançar mão das ciências como provedoras de
                  exemplo, os períodos históricos são pauta-                                                                   linguagens, instrumentos e critérios. Por isso,
                  dos pelos conhecimentos técnicos e cientí-                                                                   a educação de base que se conclui no Ensino
                  ficos presentes nas atividades econômicas,                                                                    Médio deve promover conhecimento científi-
                  assim como as trocas comerciais, as dispu-                                                                   co e tecnológico para ser apreendido e domi-
                  tas internacionais e os domínios territoriais                                                                nado pelos cidadãos como recurso seu, não
                  dependem do desenvolvimento das forças                                                                       “dos outros” sejam cientistas ou engenheiros,
                  produtivas, estreitamente associadas aos                                                                     e utilizado como recurso de expressão, instru-
                  conhecimentos científicos. Também alguns                                                                      mento de julgamento, tomada de posição ou
                  campos de investigação científica, como os                                                                    resolução de problemas em contextos reais.


                                                                                                                                                                                       29
Área CNT                                                                                  Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                                                                                           Essas expectativas de aprendizagem               a produção moderna”. Para atender a tal
                        estão expressas na nossa Lei de Diretrizes                                                                          orientação, o ensino das Ciências da Natu-
                        e Bases da Educação (LDB), de 1996, em                                                                              reza deve buscar compor o desenvolvimen-
                        termos de grandes campos de competên-                                                                               to da cultura científica com a promoção de
                        cia, como o domínio “das formas contem-                                                                             competências mais gerais ou de habilida-
                        porâneas de linguagem” ou “dos princí-                                                                              des mais específicas como as expressas no
      “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                        pios científico-tecnológicos que presidem                                                                           quadro seguinte:


                                                    Competências                                                               Habilidades gerais e específicas
      É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                       gerais
                                                                             Representar.                              Ler e expressar-se       Registrar             Sistematizar
                                                                                                                        com textos,             medidas e             dados.
                                                                             Comunicar-se.                             cifras, ícones,          observações.
                                                                                                                       gráficos, tabelas e                             Elaborar
      para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                             Conviver.                                 fórmulas.                Descrever             relatórios.
                                                                                                                                                situações.
                                                                                                                       Converter uma                                  Participar de
                                                                                                                       linguagem em             Planejar e fazer      reuniões.
                                                                                                                       outra.                   entrevistas.
                                                                                                                                                                      Argumentar.

                                                                                                                                                                      Trabalhar em
                                                                                                                                                                      grupo.


                                                                             Investigar e intervir                     Formular                 Interpretar,          Diagnosticar
                                                                             em situações reais.                       questões.                propor e fazer        e enfrentar
                                                                                                                                                experimentos.         problemas,
                                                                                                                       Realizar                                       individualmente
                                                                                                                       observações.             Fazer e verificar      ou em equipe.
                                                                                                                                                hipóteses.
                                                                                                                       Selecionar
                                                                                                                       variáveis.

                                                                                                                       Estabelecer
                                                                                                                       relações.




30
Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Área CNT
                                                                                                                                                                             Arte




                                               Competências                                                      Habilidades gerais e específicas
                                                  gerais
                                                                       Estabelecer                           Relacionar           Identificar                  Analisar o papel
                                                                       conexões e dar                        informações e        dimensões                   da ciência e
                                                                       contexto.                             processos com        sociais, éticas             da tecnologia
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                                                                             seus contextos       e estéticas                 no presente e
                                                                                                             e com diversas       em questões                 ao longo da
                                                                                                             áreas de             técnicas e                  História
                                                                                                             conhecimento.        científicas.
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                                     Enfim, deve assegurar um tipo de ensi-    Médio, uma efetiva apropriação das ciências
                  no das Ciências da Natureza de forma a ga-                                                                  como qualificação pessoal, não simplesmen-
                  rantir, na preparação dos jovens no Ensino                                                                  te como ilustração cultural.
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                                                                                                                      31
Área Matemática                                                                               Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                       A Matemática e as áreas do conhecimento

                                                                                          Em todas as épocas e em todas as                   Ciências Humanas, incluindo-se História,
                       culturas, a Matemática e a língua materna                                                                             Geografia e, no caso do Ensino Médio,
                       constituem dois componentes básicos dos                                                                               Filosofia;
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                       currículos escolares. Tal fato era traduzido,
                       em tempos antigos, pela caracterização da                                                                             Ciências Naturais e Matemática, uma
                       função tríplice da escola, como o lugar em                                                                            grande área que no Ensino Médio inclui
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                       que se aprenderia a “ler, escrever e contar”                                                                          as disciplinas de Física, Química, Biologia
                       – o que significava, sinteticamente, uma du-                                                                          e Matemática.
                       pla “alfabetização”: no universo das letras
                       e no dos números. Naturalmente, há muito                                                                                 Sempre houve discussões acaloradas
                       a “alfabetização” que se espera da escola                                                                           sobre a possibilidade de a Matemática ser
     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                       teve sua ação ampliada para incorporar o                                                                            incluída na área de Linguagens, o que fa-
                       interesse pelas múltiplas linguagens pre-                                                                           ria sentido, sem dúvida. Afinal, juntamente
                       sentes na sociedade contemporânea, que                                                                              com a Língua Materna, a Matemática com-
                       se estendem para os universos das ciências                                                                          põe o par de sistemas simbólicos funda-
                       e das tecnologias, particularmente no que                                                                           mentais para a representação da realidade,
                       se refere às tecnologias informáticas.                                                                              para a expressão de si e compreensão do
                                                                                                                                           outro, para a leitura, em sentido amplo, de
                                                                                          Em decorrência de tais fatos, em                 textos e do mundo dos fenômenos.
                       organizações curriculares mais recentes,
                       como nos Parâmetros Curriculares Nacio-                                                                                  Entretanto, na organização final dos
                       nais (PCN), um mapeamento do conhe-                                                                                 documentos que integram os PCN, preva-
                       cimento a ser apresentado – de maneira                                                                              leceu a proximidade com as Ciências Na-
                       tanto disciplinada quanto disciplinar – na                                                                          turais. Isso também faz sentido, pois estas
                       escola, surgiram propostas de organização                                                                           encontram na Matemática uma lingua-
                       dos conteúdos em três grandes áreas:                                                                                gem especialmente apropriada, desde as
                                                                                                                                           origens da Ciência moderna, com Galileu,
                                                        Linguagens, incluindo-se as línguas estran-                                        até Descartes, com seu sonho de expres-
                                                        geiras, a Educação Física e as Artes, como                                         são de todo conhecimento confiável na
                                                        diferentes formas de expressão;                                                    linguagem matemática.




32
Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Área Matemática




                                                                                     No Estado de São Paulo, nas propostas     sistemas simbólicos ao outro. Se uma língua
                  curriculares elaboradas a partir de 1986 e em                                                                se aproximar demasiadamente do modo de
                  vigor até o presente momento, a Matemática                                                                   operar da Matemática, resultará empobre-
                  era apresentada como uma área específica.                                                                     cida, e o mesmo poderia ocorrer com um
                  Tais propostas constituíram um esforço expres-                                                               texto matemático que assumisse a ambiva-
                  sivo, e em alguns sentidos pioneiro, na busca                                                                lência, apropriada apenas à expressão lingü-
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  de uma aproximação entre os conteúdos es-                                                                    ística. A multiplicidade de sentidos em um
                  colares e o universo da cultura, especialmente                                                               mesmo elemento simbólico ou combinação
                  no que tange às contextualizações e à busca                                                                  de elementos é própria da língua natural e
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                  de uma instrumentação crítica para o mundo                                                                   é intencionalmente controlada na expressão
                  do trabalho. Essa rica herança pedagógica so-                                                                matemática. A busca da expressão precisa é
                  breviveu a uma avalanche de novidades passa-                                                                 inerente na Matemática, mas pode empo-
                  geiras e serve agora de ponto de partida para                                                                brecer o uso natural da língua. Não que esta
                  que, incorporadas as necessárias atualizações,                                                               não possa ser precisa: ela o é exemplarmen-
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                  novos passos sejam dados para sua efetivação                                                                 te, como bem revela um texto poético, em
                  nas práticas escolares. Particularmente no que                                                               que uma palavra não pode ser substituída
                  tange às áreas em que se organiza, a nova                                                                    por um sinônimo sem desmontar o poema.
                  proposta inspirou-se na anterior, mantendo a                                                                 Mas existe uma diferença fundamental, irre-
                  área de Matemática como um terreno espe-                                                                     dutível, entre a precisão na Língua e a preci-
                  cífico, distinto tanto das Linguagens quanto                                                                  são na Matemática.
                  das Ciências Naturais.
                                                                                                                                      Em segundo lugar, a incorporação da
                  Por que uma área específica                                                                                   Matemática à área de Ciências pode dis-
                  para a Matemática?                                                                                           torcer o fato de que a Matemática, mesmo
                                                                                                                               oferecendo uma linguagem especialmente
                                                                                     Três são as razões principais desta op-   importante e adequada para a expressão
                  ção. Em primeiro lugar, destaca-se o fato de                                                                 científica, constitui um conhecimento espe-
                  que uma parte da especificidade da Mate-                                                                      cífico da educação básica. Tal conhecimen-
                  mática resulta esmaecida quando ela é agre-                                                                  to inclui um universo próprio muito rico de
                  gada seja ao grupo das linguagens em sen-                                                                    objetos, instrumentos e interesses, funda-
                  tido amplo, ou seja, ao grupo das ciências.                                                                  mentais tanto para as chamadas Ciências
                  A Matemática compõe com a Língua Ma-                                                                         Naturais quanto para as Ciências Humanas,
                  terna um par fundamental, mas de caráter                                                                     e ainda para as Linguagens em sentido am-
                  complementar: é impossível reduzir um dos                                                                    plo. A inclusão da Matemática na área de


                                                                                                                                                                                        33
Área Matemática                                                                                Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                       Ciências teve o efeito salutar, no caso dos                                                                          caracterizar um novo Trivium (grupo de dis-
                       PCN, de minimizar o risco de que o conteúdo                                                                          ciplinas constituído por Lógica, Gramática e
                       matemático fosse concebido como um fim                                                                                Retórica), mais consentâneo com as caracte-
                       em si mesmo, enfatizando sua condição                                                                                rísticas da sociedade contemporânea, certa-
                       instrumental. Entretanto, a partir da conso-                                                                         mente pareceria mais justo incluir a Língua,
                       lidação da idéia de competências, apresen-                                                                           a Matemática e a Informática. E, ainda que
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                       tada pelo Exame Nacional do Ensino Médio                                                                             os computadores sejam hoje instrumentos ab-
                       (Enem), tal risco deixou de existir e explicita-                                                                     solutamente imprescindíveis para jornalistas e
                       se com nitidez o que já era apresentado                                                                              escritores em geral, é no terreno da Matemáti-
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                       tacitamente em propostas anteriores: todos                                                                           ca que se abrem as mais naturais e promissoras
                       os conteúdos disciplinares, nas diversas áre-                                                                        possibilidades de assimilação dos inúmeros re-
                       as, são meios para a formação dos alunos                                                                             cursos que as tecnologias informáticas podem
                       como cidadãos e como pessoas. As disci-                                                                              oferecer no terreno da Educação.
                       plinas são imprescindíveis e fundamentais,
     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                       mas o foco permanente da ação educacio-                                                                                    Insistimos, no entanto, no fato de que
                       nal deve situar-se no desenvolvimento das                                                                            a apresentação da Matemática como uma
                       competências pessoais dos alunos.                                                                                    área específica não pretende amplificar suas
                                                                                                                                            supostas peculiaridades nem caracterizá-la
                                                                                          Em terceiro lugar, o tratamento da Ma-            como um tema excessivamente especializa-
                       temática como área específica pode facilitar a                                                                        do ou relevante. Visa apenas a uma explora-
                       incorporação crítica dos inúmeros recursos tec-                                                                      ção mais adequada de suas possibilidades de
                       nológicos de que dispomos para a representa-                                                                         servir às outras áreas, na ingente tarefa de
                       ção de dados e o tratamento das informações,                                                                         transformar a informação em conhecimento
                       na busca da transformação de informação em                                                                           em sentido amplo, em todas as suas formas
                       conhecimento. De fato, caso se pretendesse                                                                           de manifestação.




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Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Área LCT
                                                                                                                                                                              Arte




                  A área de Linguagens, Códigos
                  e suas Tecnologias

                                                                                     A área de Linguagens, Códigos e suas      de natureza enciclopédica, sem significação
                  Tecnologias compreende um conjunto de dis-                                                                   prática, é substituído por conteúdos e ativi-
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  ciplinas: Língua Portuguesa, Língua Estrangei-                                                               dades que possibilitam não só a interação do
                  ra Moderna (LEM), Arte e Educação Física, no                                                                 aluno com sua sociedade e o meio ambien-
                  Ensino Fundamental e no Médio. Para a área,                                                                  te, mas também o aumento do seu poder
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                  segundo os Parâmetros Curriculares Nacio-                                                                    como cidadão, propiciando maior acesso às
                  nais (PCN 2006), a linguagem é a capacidade                                                                  informações e melhores possibilidades de in-
                  humana de articular significados coletivos em                                                                 terpretação das informações nos contextos
                  sistemas arbitrários de representação, que são                                                               sociais em que são apresentadas.
                  compartilhados e que variam de acordo com
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                  as necessidades e experiências da vida em so-                                                                       Com tal mudança, a experiência escolar
                  ciedade. A principal razão de qualquer ato de                                                                transforma-se em uma vivência que permite ao
                  linguagem é a produção de sentido.                                                                           aluno compreender as diferentes linguagens e
                                                                                                                               usá-las como meios de organização da realida-
                                                                                     Mais do que objetos de conhecimento,      de, nelas constituindo significados, em um pro-
                  as linguagens são meios para o conhecimen-                                                                   cesso centrado nas dimensões comunicativas
                  to. O homem conhece o mundo através de                                                                       da expressão, da informação e da argumen-
                  suas linguagens, de seus símbolos. À medida                                                                  tação. Esse processo exige que o aluno anali-
                  que ele se torna mais competente nas dife-                                                                   se, interprete e utilize os recursos expressivos
                  rentes linguagens, torna-se mais capaz de co-                                                                da linguagem, relacionando textos com seus
                  nhecer a si mesmo, assim como a sua cultura                                                                  contextos, confrontando opiniões e pontos de
                  e o mundo em que vive.                                                                                       vista e respeitando as diferentes manifestações
                                                                                                                               da linguagem utilizada por diversos grupos so-
                                                                                     Nesta perspectiva, trabalha-se, em pri-   ciais, em suas esfera de socialização.
                  meiro lugar, com a construção do conheci-
                  mento: conhecimento lingüístico, musical,                                                                           Utilizar-se da linguagem é saber colocar-
                  corporal; conhecimento gestual; conheci-                                                                     se como protagonista do processo de produção/
                  mento das imagens, do espaço e das formas.                                                                   recepção. É também entender os princípios das
                  Assim, propõe-se uma mudança profunda na                                                                     tecnologias da comunicação e da informação,
                  maneira como as disciplinas da área devem                                                                    associando-os aos conhecimentos científicos e
                  ser examinadas e ensinadas. O conhecimento                                                                   às outras linguagens, que lhes dão suporte.

                                                                                                                                                                                       35
Área LCT                                                                                   Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                                                                                           O ser humano é um ser de linguagens,              diversas linguagens artísticas, não se pode
                        as quais são tanto meios de produção da                                                                              mais abandonar quer o eixo da produção
                        cultura quanto parte fundamental da cultura                                                                          (eixo poético), quer o da recepção (eixo es-
                        humana. Por cultura entendemos a urdidura                                                                            tético), quer o da crítica.
                        de muitos fios que se interligam constante-
                        mente e que respondem às diferentes formas                                                                                 Da mesma maneira, a Educação Físi-
      “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                        com que nos relacionamos com as coisas de                                                                            ca compreende o sujeito mergulhado em
                        nosso mundo, com os outros seres huma-                                                                               diferentes realidades culturais, nas quais
                        nos e com os objetos e as práticas materiais                                                                         estão indissociados corpo, movimento e
      É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                        de nossa vida. Cultura é, assim, uma trama                                                                           intencionalidade. Ela não se reduz mais ao
                        tecida por um longo processo acumulativo                                                                             condicionamento físico e ao esporte, quan-
                        que reflete conhecimentos originados da                                                                              do praticados de maneira inconsciente ou
                        relação dos indivíduos com as diferentes                                                                             mecânica. O aluno do Ensino Fundamen-
                        coisas do mundo.                                                                                                     tal e do Médio deve não só vivenciar, expe-
      para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                                                                             rimentar, valorizar, apreciar e aproveitar os
                                                                                           Somos herdeiros de um longo processo              benefícios advindos da cultura do movimen-
                        acumulativo que constantemente se amplia e                                                                           to, mas também perceber e compreender os
                        renova sem anular a sua história, refletindo,                                                                         sentidos e significados das suas diversas ma-
                        dessa forma, o conhecimento e a experiên-                                                                            nifestações na sociedade contemporânea.
                        cia adquiridos pelas gerações anteriores. É a
                        manipulação adequada e criativa desse patri-                                                                               Em relação à disciplina de Língua Es-
                        mônio cultural que possibilita as inovações e                                                                        trangeira Moderna (LEM), importa cons-
                        as invenções humanas e o contínuo caminhar                                                                           truir um conhecimento sistêmico sobre a
                        da sociedade.                                                                                                        organização textual e sobre como e quan-
                                                                                                                                             do utilizar a linguagem em situações de
                                                                                           Como manifestações culturais, a Lite-             comunicação. A consciência lingüística e
                        ratura e a Arte não devem ser reduzidas                                                                              a consciência crítica dos usos da língua
                        a meras listagens de escolas, autores e                                                                              estrangeira devem possibilitar o acesso a
                        suas características. O ensino de Arte não                                                                           bens culturais da humanidade.
                        pode equivaler nem ao conhecimento his-
                        tórico nem à mera aquisição de repertório,                                                                                 Assim, não só o estudo da língua ma-
                        e muito menos a um fazer por fazer, es-                                                                              terna mas também o das LEM são excelentes
                        pontaneísta, desvinculado da reflexão e do                                                                           meios para sensibilizar os alunos para os me-
                        tratamento da informação. No ensino das                                                                              canismos de poder associados a uma língua.


36
Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Área LCT
                                                                                                                                                                         Arte




                                                                                     No ensino das disciplinas da área,   neira ela se apropriou de objetos culturais de
                  deve-se levar em conta, em primeiro lugar,                                                              épocas anteriores a ela própria?
                  que os alunos se apropriam mais facilmen-
                  te do conhecimento quando ele é contex-                                                                        A contextualização interativa permite
                  tualizado, ou seja, quando faz sentido den-                                                             relacionar o texto com o universo específico do
                  tro de um encadeamento de informações,                                                                  leitor: como esse texto é visto hoje? Que tipo
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  conceitos e atividades. Dados, informa-                                                                 de interesse ele ainda desperta? Que caracte-
                  ções, idéias e teorias não podem ser apre-                                                              rísticas desse objeto fazem com que ele ainda
                  sentados de maneira estanque, separados                                                                 seja estudado, apreciado ou valorizado?
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                  de suas condições de produção, do tipo de
                  sociedade em que são gerados e recebidos,                                                                      A questão da contextualização remete-
                  de sua relação com outros conhecimentos.                                                                nos à reflexão sobre a intertextualidade e a
                  Do nosso ponto de vista, a contextualização                                                             interdisciplinaridade. De que maneira cada
                  pode se dar em três níveis:                                                                             objeto cultural se relaciona com outros obje-
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                                                          tos culturais? Como uma mesma idéia, um
                                                                                     A contextualização sincrônica, que   mesmo sentimento, uma mesma informação
                  ocorre num mesmo tempo, analisa o obje-                                                                 são tratados pelas diferentes linguagens?
                  to em relação à época e à sociedade que                                                                 Aqui nos interessam, por exemplo, as novas
                  o gerou. Quais foram as condições e as ra-                                                              tecnologias de informação, o hipertexto, os
                  zões da sua produção? De que maneira ele                                                                CD-ROMs e as páginas da internet, mas tam-
                  foi recebido em sua época? Como se deu                                                                  bém outras expressões artísticas, como a pin-
                  o acesso a ele? Quais as condições sociais,                                                             tura, a escultura, a fotografia etc.
                  econômicas e culturais da sua produção
                  e recepção? Como um mesmo objeto foi                                                                           A construção do conhecimento huma-
                  apropriado por grupos sociais diferentes?                                                               no e o desenvolvimento das artes, da ciência,
                                                                                                                          da filosofia e da religião foram possíveis gra-
                                                                                     A contextualização diacrônica, que   ças à linguagem, que permeia a construção de
                  ocorre através do tempo, considera o objeto                                                             todas as atividades do homem. Não apenas a
                  cultural no eixo do tempo. De que maneira                                                               representação do mundo, da realidade física e
                  aquela obra, aquela idéia, aquela teoria, se                                                            social, mas também a formação da consciên-
                  inscreve na História da Cultura, da Arte e das                                                          cia individual e a regulação dos pensamentos
                  Idéias? Como ela foi apropriada por outros                                                              e da ação – próprios ou alheios – ocorrem na
                  autores em períodos posteriores? De que ma-                                                             e pela linguagem.




                                                                                                                                                                                  37
Área CHT
       Arte                                                                                      Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                        A área de Ciências Humanas
                        e suas Tecnologias

                                                                                           “Cabe às futuras gerações construir uma            esta tradição formou um indivíduo que, do ho-
                                                                                           nova coerência que incorpore tanto os              mem honesto das idades clássicas ao homem
      “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                                                           valores humanos quanto a ciência, algo             cultivado da época contemporânea, adquiriu
                                                                                           que ponha fim às profecias quanto ao                gosto, senso crítico, capacidade de julgamento
                                                                                           ‘fim da ciência’, ‘fim da história’ ou até           pessoal e desenvolveu a arte de se exprimir oral-
      É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                                           quanto ao advento da pós-humanidade”.              mente ou por escrito. Portanto, o estudo das
                                                                                           (Ilya Prygogine, “Carta para as futuras            Humanidades, até o século XIX, foi responsável
                                                                                           gerações”, Caderno Mais, Folha de                  pela formação do “cristão dos colégios jesuítas,
                                                                                           S.Paulo, 30/01/2000).                              do cidadão das Luzes e do republicano dos li-
                                                                                                                                              ceus modernos”.
      para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                           A expressão “Ciências Humanas e suas                     Na primeira metade do século XX, as
                        Tecnologias” leva-nos a uma reflexão inicial                                                                           Ciências Humanas consolidaram-se como
                        sobre sua inserção no campo dos conheci-                                                                              conhecimento científico, a partir das contri-
                        mentos a serem oferecidos, atualmente, no                                                                             buições da fenomenologia, do estruturalismo
                        conjunto da educação básica.                                                                                          e do marxismo; porém, o ensino das Huma-
                                                                                                                                              nidades, como corpo curricular tradicional e
                                                                                           Embora toda ciência seja indiscutivelmen-          enciclopedista, dirigido à formação das elites,
                        te humana, por resultar da acumulação cultural                                                                        somente apresentou mudanças significativas
                        gerada por diferentes sociedades, em diferentes                                                                       nas três últimas décadas do século passado,
                        tempos e espaços, o estudo das denominadas                                                                            como resultado das grandes transformações
                        “humanidades” remonta às artes liberais anti-                                                                         socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
                        gas, notadamente ao estudo das artes, línguas
                        e literaturas clássicas. Na Idade Média, a tradi-                                                                           Para Mello (1998), na área de Ciências
                        ção cristã acentuou a distinção entre a literatura                                                                    Humanas, destacam-se as competências re-
                        sacra e a profana, evidenciando o caráter laico                                                                       lacionadas à apropriação dos conhecimentos
                        das humanidades, e em seguida o Renascimen-                                                                           dessas ciências com suas particularidades me-
                        to perpetuou esta condição, enfatizando a ne-                                                                         todológicas, nas quais o exercício da indução
                        cessidade de um arcabouço de conhecimentos                                                                            é de importância crucial. A autora propõe,
                        acerca dos estudos sobre o humano e sua con-                                                                          também, que o ensino de Ciências Humanas
                        dição moral. Para Chervel & Compère (1999),                                                                           deve desenvolver a compreensão do signifi-

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Proposta Curricular do Estado de São Paulo   Área CHT
                                                                                                                                                                            Arte




                  cado de identidade, da sociedade e da cul-                                                                 dantes a compreender as questões que os
                  tura, que configuram os campos de conheci-                                                                  afetam, bem como a tomar as decisões neste
                  mentos das Ciências Humanas, incluindo, de                                                                 início de século. Desta forma, ao integrar os
                  modo significativo, os estudos necessários ao                                                               campos disciplinares, o conjunto dessas ciên-
                  exercício da cidadania.                                                                                    cias contribui para uma formação que permita
                                                                                                                             ao jovem estudante compreender as relações
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                                                     Na atualidade, a área de Ciências Hu-   entre sociedades diferentes; analisar os inú-
                  manas compreende conhecimentos produzi-                                                                    meros problemas da sociedade em que vive e
                  dos por vários campos de pesquisa: História,                                                               as diversas formas de relação entre homem e
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                  Geografia, Filosofia, Sociologia e Psicologia,                                                               natureza, refletindo sobre as inúmeras ações
                  além de outros como Política, Antropologia                                                                 e contradições da sociedade em relação a si
                  e Economia, que têm por objetivo o estudo                                                                  própria e ao ambiente.
                  dos seres humanos em suas múltiplas rela-
                  ções, fundamentado por meio da articulação
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                  entre estes diversos saberes. Neste sentido, a                                                             Referências
                  produção científica, acelerada pela sociedade
                  tecnológica, tem colocado em debate uma                                                                    CHERVEL, André; COMPÈRE, Marie-Madeleine.
                  gama variada de novas questões de natureza                                                                    As humanidades no ensino. Educação e
                  ética, cultural e política, que necessitam emer-                                                              Pesquisa. FE/USP, São Paulo, v. 25, n. 2,
                  gir como objeto de análise das disciplinas que                                                                jul.-dez., 1999.
                  compõem as Ciências Humanas. Portanto, o
                  caráter interdisciplinar desta área corrobora                                                              MELLO, Guiomar N. de. Diretrizes curricula-
                  a necessidade de se utilizar o seu acervo de                                                                  res nacionais para o ensino médio: parecer.
                  conhecimentos para auxiliar os jovens estu-                                                                   Brasília: MEC/CNE, 1998.




                                                                                                                                                                                     39
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
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Proposta Curricular do Estado de São Paulo   História




                  Proposta Curricular do Estado de São Paulo
                  para a disciplina de História
                  Ensino Fundamental – Ciclo II e Ensino Médio

                  Para que serve a História?                                                                                     tradicionais de ensino, que parecem valorizar,
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                                                                                                 sobretudo, o sentimento de pertencer – para
                                                                                     É impossível saber quem fez essa pergunta   servir – a uma grande nação, assim como fize-
                  pela primeira vez ou precisar a época exata –                                                                  ram os heróis responsáveis por sua construção.
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                  muito antiga, certamente – em que ela come-
                  çou a ser feita. Considerando que nenhuma                                                                             Sobre a missão de formar cidadãos, con-
                  resposta foi satisfatória, já que essa pergunta                                                                vém lembrar que essa missão não compete,
                  continua sendo feita, a resposta a ela poderia                                                                 direta e exclusivamente, ao(à) professor(a) de
                  ser, simplesmente: a História é necessária por                                                                 História e nem à escola, em seu conjunto, já
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                  ser uma das mais importantes expressões de                                                                     que as bases dessa formação são trazidas à sala
                  humanidade, como é a Música, por exem-                                                                         de aula pelos alunos, armazenadas nos espa-
                  plo. Tanto a História como a Música parecem                                                                    ços sociais que eles freqüentam, em especial
                  disciplinas sem utilidade, porém basta ima-                                                                    a família. É claro que os docentes, inclusive os
                  ginar um mundo em que elas não existissem                                                                      de História, devem participar de maneira ativa
                  para perceber sua importância.                                                                                 do processo de percepção e formação dos va-
                                                                                                                                 lores constituintes da cidadania, mas isso não
                                                                                     O problema é que, enquanto a função         significa que deva abdicar de suas funções de
                  do compositor, que extrai sua música do co-                                                                    docência, deixando de ensinar sua disciplina e
                  ração do silêncio, parece ser a de despertar                                                                   produzir conhecimento sobre ela.
                  nossos sentidos, o problema do(a) professor(a)
                  de História, que deve extrair conhecimento dos                                                                        Não se pode esquecer que a produção
                  distantes tempos passados, é bem diferente.                                                                    de conhecimentos exige compromissos de
                  Inicialmente, os programas atribuem ao (à) do-                                                                 ordem cultural, social e política, o que impede
                  cente a responsabilidade de conduzir os alunos                                                                 qualquer chance de neutralidade, complicando
                  por caminhos que levem ao exercício pleno da                                                                   um pouco mais as coisas para o professor de
                  cidadania. Cabe-lhe acompanhar, sem dirigir,                                                                   História. Assim, mesmo que as opções políticas
                  os momentos iniciais da formação da consci-                                                                    dos professores de Matemática, por exemplo,
                  ência crítica de crianças e adolescentes, a partir                                                             não impliquem práticas diferentes para ensinar
                  de sua experiência cotidiana. Para isso, espera-                                                               equações, ensinar História significa, também,
                  se que ele supere as sempre lembradas formas                                                                   comprometer-se com os valores que desenham

                                                                                                                                                                                         41
História                                                                                  Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                       a sociedade. Entretanto, nada disso significa                                                                         é levar o aluno a aprender História – o que é
                       que as aulas de História devam transformar-se                                                                        muito diferente. Assim, partindo do momento
                       em espaço para exercício de militância partidária                                                                    presente, e valendo-se do valioso patrimônio
                       ou de raciocínio limitado à oposição estreita e                                                                      de conhecimentos acumulados ao longo do
                       maniqueísta entre bons e maus.                                                                                       tempo, a sala de aula, sob comando do(a)
                                                                                                                                            professor(a), pode transformar-se em espaço
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                                                          Quem trabalha com História sabe – ou              privilegiado para se conceber uma nova esté-
                       deveria saber – que seus julgamentos são inó-                                                                        tica de mundo.
                       cuos, não produzindo quaisquer efeitos sobre
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                       os tempos passados. Em outras palavras, é claro                                                                            Aqui, é importante esclarecer que, ao
                       que é importante denunciar a violência geno-                                                                         se atribuir ao(à) professor(a) a responsabili-
                       cida da conquista da América, da escravização                                                                        dade pelo comando da sala de aula, não se
                       de negros e índios, das fogueiras da Inquisição,                                                                     está propondo nenhuma forma de controle
                       das guerras e bombardeios, das práticas de ra-                                                                       autoritário, felizmente há tempos banido do
     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                       cismo, mas nenhum desses temas irá devolver                                                                          ambiente escolar. Contudo, recusar o auto-
                       a vida e a dignidade usurpadas de milhões e                                                                          ritarismo não significa abrir mão da respon-
                       milhões de pessoas, ao longo dos séculos.No                                                                          sabilidade de ensinar ou, em outras palavras,
                       entanto, é recomendável cautela na hora de                                                                           levar a aprender. Quando o(a) professor(a)
                       produzir conclusões e generalizações, pois elas                                                                      se ausenta nessa relação básica, o aluno sai
                       podem levar o aluno a entender que todos os                                                                          da escola, malformado e é nesta hora que a
                       portugueses e espanhóis foram – ou são – fa-                                                                         importância dos compromissos do docente
                       voráveis às práticas de extermínio e genocídio,                                                                      com sua formação aparecem em toda sua
                       assim como todos os brancos admitiram – ou                                                                           dimensão. É deles que depende seu desem-
                       admitem – a escravização dos semelhantes,                                                                            penho, resultante das relações com os pro-
                       ou que a vontade de queimar mulheres como                                                                            gramas oficiais, com o livro e outros recursos
                       supostas bruxas ou desintegrar pessoas com                                                                           didático-pedagógicos, além dos alunos –
                       bombardeios integre, desde sempre – e para                                                                           que devem representar o principal objetivo
                       sempre –, o caráter das autoridades da igreja                                                                        de toda ação educativa.
                       ou dos norte-americanos, em seu conjunto.
                                                                                                                                                  Finalmente, nunca é demais insistir
                                                                                          Na verdade, cabe ao(a) professor(a) a             que, para ensinar História e despertar e ali-
                       delicada tarefa de esclarecer os temas traba-                                                                        mentar nos alunos o gosto por essa discipli-
                       lhados em sala de aula, inclusive considerando                                                                       na, é preciso gostar de História. Só gostando
                       que mais do que ensinar História, sua função                                                                         é possível chegar à constituição de ambientes


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Proposta Curricular do Estado de São Paulo   História




                  escolares marcados pela reflexão e animados                                                                  e importância que nela tiveram – e têm – os
                  pelo debate participativo.                                                                                  hábitos de leitura, pois é destes hábitos de que
                                                                                                                              vem o principal recurso para transformar em
                                                                                     Qual seria a receita para isso? No de-   aprendizado qualquer proposta curricular.
                  correr do tempo, muitas tentativas foram
                  feitas visando “ensinar o professor a ensinar                                                                      Com base nessas questões, sumaria-
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                  História”, e a tentativa que aqui se faz talvez                                                             mente apresentadas, foi elaborada a presente
                  seja mais uma delas, estando condenada, no                                                                  proposta para o ensino de História, a partir
                  nascedouro, a produzir os mesmos e modes-                                                                   da consideração inicial de que a disciplina
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                  tos resultados das anteriores. Porém, é preciso                                                             deve funcionar como instrumento capaz de
                  frisar aqui que nada do que for oferecido nes-                                                              levar o aluno a perceber-se como parte de um
                  tes materiais terá o caráter imperativo de ins-                                                             amplo meio social. Assim, mesmo partindo
                  truções normativas, a serem aplicadas à força                                                               das relações mais imediatas, como a família,
                  pelos professores. Ao contrário, o que se su-                                                               por meio do estudo da Historia, o aluno po-
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                  gere é que cada docente siga seu próprio ca-                                                                derá compreender as determinações sociais,
                  minho, aplicando, a seu modo, as sugestões                                                                  temporais e espaciais presentes na sociedade.
                  que são oferecidas. Mas, uma coisa deve ser                                                                 Por isso, recomenda-se que o desenvolvimento
                  dita desde já: seja qual for o procedimento                                                                 de capacidades de leitura, reflexão e escri-
                  adotado, os resultados dependerão, sempre,                                                                  ta – objetivo central da proposta – parta de
                  da prática constante da leitura.                                                                            situações cotidianas, para avaliar as influências
                                                                                                                              históricas (portanto, sociais e culturais) que
                                                                                     E se a resposta for a conhecida fra-     condicionam as formas de convivência social.
                  se “Os alunos não lêem”, nada impede que                                                                    A História funcionaria, assim, como uma espé-
                  a questão da falta do hábito de leitura seja                                                                cie de espelho do tempo, mostrando imagens
                  colocada aos professores. É sempre pro-                                                                     que, embora intangíveis, vão sendo desenha-
                  veitoso ao professor fazer um exercício de                                                                  das pela curiosidade de cada observador à
                  memória sobre sua formação e a freqüência                                                                   busca de conhecimento.




                                                                                                                                                                                      43
História                                                                             Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                       Proposta Curricular da disciplina de História
                       Ensino Fundamental – Ciclo II

                       Conceitos principais
                                                 Tempo e Sociedade
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                 História e Memória
                                                 História e Trabalho
                                                 Cultura e Sociedade
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                                                      5ª Série do Ensino Fundamental

                                                                                               1º Bimestre                                         2º Bimestre
     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                            Sistemas sociais e culturais de notação                    Civilizações do Oriente Próximo:o
                                                                            do Tempo ao longo da História                              surgimento do Estado e as civilizações
                                                                                                                                       egípcia, mesopotâmica, hebraica,
                                                                            As diferentes linguagens das fontes
                                                                                                                                       fenícia e persa
                                                                            históricas: documentos escritos,
                                                                            mapas, imagens, entrevistas                                A vida na China antiga e na África
                                                                                                                                       antiga
                                                                            Mito, memória e história
                                                                            A vida na Pré-História e a escrita


                                                                                               3º Bimestre                                         4º Bimestre


                                                                            A vida na Grécia antiga: sociedade,                        A Europa na Idade Média: as
                                                                            vida cotidiana, mitos, religião, cidades-                  migrações bárbaras e o cristianismo
                                                                            estado, pólis, democracia e cidadania
                                                                                                                                       A civilização do Islã (sociedade e
                                                                            A vida na Roma Antiga: vida urbana                         cultura): a expansão islâmica e sua
                                                                            e sociedade, cotidiano, república,                         presença na península Ibérica
                                                                            escravismo, militarismo e direito
                                                                                                                                       Império Bizantino e o Oriente no
                                                                                                                                       imaginário medieval




44
Proposta Curricular do Estado de São Paulo   História




                  Proposta Curricular de História

                                                                                         6ª Série do Ensino Fundamental

                                                                                     1º Bimestre                          2º Bimestre
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                                       O feudalismo: relações sociais,      Formação das monarquias nacionais
                                                                       econômicas, políticas e religiosas   (Portugal, Espanha, Inglaterra e
                                                                                                            França)
                                                                       As cruzadas e os contatos entre as
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                       sociedades européias e orientais     Absolutismo
                                                                       Renascimento comercial e urbano      Reforma e Contra-Reforma
                                                                       Renascimento cultural e científico    A expansão marítima européia nos
                                                                                                            séculos XV e XVI
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                     3º Bimestre                          4º Bimestre


                                                                       As sociedades maia, asteca e inca    Tráfico negreiro e escravismo africano
                                                                                                            no Brasil
                                                                       Conquista espanhola na América
                                                                                                            Ocupação holandesa no Brasil
                                                                       Sociedades indígenas no território
                                                                       brasileiro                           Mineração e vida urbana
                                                                       O encontro dos portugueses com os    Crise do sistema colonial
                                                                       povos indígenas
                                                                       Sociedades africanas no século XV
                                                                       A sociedade no Brasil Colonial: o
                                                                       engenho e a cidade




                                                                                                                                                                    45
História                                                                             Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                       Proposta Curricular de História


                                                                                                      7ª Série do Ensino Fundamental
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                                                               1º Bimestre                                         2º Bimestre


                                                                            Iluminismo                                                 A Revolução Francesa e a expansão
                                                                                                                                       napoleônica
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                            A colonização inglesa e a
                                                                            independência dos Estados Unidos                           A Família Real no Brasil

                                                                            A colonização espanhola e a                                Independência do Brasil
                                                                            independência da América Espanhola
                                                                                                                                       I Reinado no Brasil
                                                                            Revolução Industrial inglesa do
     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                            século XVIII


                                                                                               3º Bimestre                                         4º Bimestre


                                                                            Período Regencial no Brasil                                Economia cafeeira

                                                                            Movimentos sociais e políticos na                          Escravidão e abolicionismo; formas
                                                                            Europa, no século XIX: as idéias                           de resistência (os quilombos), o fim
                                                                            socialistas, comunistas e anarquistas                      do tráfico e da escravidão
                                                                            nas associações de trabalhadores; o
                                                                            liberalismo e o nacionalismo                               Industrialização, urbanização
                                                                                                                                       e imigração: as transformações
                                                                            Os EUA no século XIX                                       econômicas, políticas e
                                                                                                                                       sociais no Brasil
                                                                            II Reinado no Brasil: política interna
                                                                                                                                       Proclamação da República




46
Proposta Curricular do Estado de São Paulo   História




                  Proposta Curricular de História


                                                                                          8ª Série do Ensino Fundamental
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                                                     1º Bimestre                                 2º Bimestre


                                                                       Imperialismo e o neoclassicismo no          Nazifacismo
                                                                       século XIX
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                                                                   Crise de 1929
                                                                       I Guerra Mundial
                                                                                                                   II Guerra Mundial
                                                                       Revolução Russa e o stalinismo
                                                                                                                   O período Vargas
                                                                       A República no Brasil: as contradições
                                                                       da modernização e o processo de
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                       exclusão política, econômica e social das
                                                                       classes populares até a década de 1920


                                                                                     3º Bimestre                                 4º Bimestre


                                                                       Os nacionalismos na África e na Ásia,       Redemocratização no Brasil
                                                                       e as lutas pela independência
                                                                                                                   Os EUA após a II Guerra Mundial:
                                                                       Guerra Fria: contextualização e             movimentos sociais e culturais nas
                                                                       conseqüências para a América Latina         décadas de 1950, 1960 e 1970
                                                                       e o Brasil
                                                                                                                   Fim da Guerra Fria e Nova Ordem
                                                                       Populismo e ditadura militar no Brasil      Mundial
                                                                       e na América Latina




                                                                                                                                                                           47
História                                                                             Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                       Proposta Curricular de História
                       Ensino Médio
                       Conceitos principais
                                                        História e Diversidade
                                                        História e Trabalho
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                        Cultura e Sociedade


                                                                                                            1ª Série do Ensino Médio
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                                               1º Bimestre                                         2º Bimestre

                                                                            Pré-História                                               A Civilização Romana e as
                                                                                                                                       migrações bárbaras
                                                                            Civilizações do Crescente Fértil: o
     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                            surgimento do Estado e da escrita                          Império Bizantino e o mundo árabe

                                                                            Civilização Grega: a constituição da                       Os Francos e o Império de Carlos Magno
                                                                            cidadania clássica e as relações sociais
                                                                            marcadas pela escravidão

                                                                            O Império de Alexandre e a fusão
                                                                            cultural do Oriente e Ocidente

                                                                                               3º Bimestre                                         4º Bimestre

                                                                            Sociedade feudal: características                          Sociedades africanas da região
                                                                            sociais, econômicas, políticas                             subsaariana até o século XV
                                                                            e culturais
                                                                                                                                       Expansão européia nos séculos XV
                                                                            Renascimento comercial e urbano                            e XVI: características econômicas,
                                                                                                                                       políticas, culturais e religiosas. A
                                                                            A vida na América antes da conquista                       formação do mercado mundial
                                                                            européia. As sociedades maia, inca e
                                                                            asteca                                                     O encontro entre os europeus e as
                                                                                                                                       diferentes civilizações da Ásia, África
                                                                                                                                       e América




48
Proposta Curricular do Estado de São Paulo   História




                  Proposta Curricular de História


                                                                                               2ª Série do Ensino Médio
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                                                     1º Bimestre                                 2º Bimestre


                                                                       Renascimento e Reforma Religiosa:           A Europa e o Novo Mundo: relações
                                                                       características culturais e religiosas da   econômicas, sociais e culturais do
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                                                                       Europa no início da Idade Moderna           sistema colonial

                                                                       Formação e características do Estado        Iluminismo e Liberalismo: revoluções
                                                                       Absolutista na Europa Ocidental             inglesa (século XVII) e francesa
                                                                                                                   (século XVIII) e independência dos
                                                                                                                   Estados Unidos
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                                     3º Bimestre                                 4º Bimestre


                                                                       Império Napoleônico                         Formação das sociedades nacionais
                                                                                                                   e organização política e social na
                                                                       Independências na América Latina            América e nos EUA no século XIX:
                                                                                                                   Estados Unidos e Brasil (expansão para
                                                                       A Revolução industrial inglesa (séculos     o oeste norte-americano, Guerra Civil
                                                                       XVIII e XIX)                                e o desenvolvimento capitalista dos
                                                                                                                   EUA / Segundo Reinado no Brasil)
                                                                       Processos políticos e sociais no século
                                                                       XIX na Europa                               A República no Brasil – as contradições
                                                                                                                   da modernização e o processo de
                                                                                                                   exclusão, política, econômica e social
                                                                                                                   das classes populares




                                                                                                                                                                           49
História                                                                             Proposta Curricular do Estado de São Paulo




                       Proposta Curricular de História


                                                                                                            3ª Série do Ensino Médio
     “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo




                                                                                               1º Bimestre                                         2º Bimestre


                                                                            Imperialismo: a crítica de suas                            A crise econômica de 1929 e seus
                                                                            justificativas (cientificismo,                               efeitos mundiais
     É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”




                                                                            evolucionismo e racialismo)
                                                                                                                                       A Guerra Civil Espanhola
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     para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.




                                                                            Totalitarismo: os regimes nazifascistas


                                                                                               3º Bimestre                                         4º Bimestre


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                                                                            Guerra Fria                                                resistência aos governos autoritários
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  • 1. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” PROPOSTA DO ESTADO DE SÃO PAULO CURRICULAR ENSINO FUNDAMENTAL – CICLO II E ENSINO MÉDIO HISTÓRIA
  • 2. Coordenação do Desenvolvimento dos Educação Física: Adalberto dos Santos Souza, Conteúdos Programáticos e dos Cadernos dos Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches Professores Neto, Mauro Betti, Sérgio Roberto Silveira Ghisleine Trigo Silveira LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges, Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini COORDENAÇÃO DE ÁREA PARA O Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS Fidalgo PROGRAMÁTICOS E DOS CADERNOS DOS Língua Portuguesa: Débora Mallet Pezarin de PROFESSORES Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, José Luís Ciências Humanas e suas Tecnologias: Angela Marques López Landeira e João Henrique Nogueira Corrêa da Silva e Paulo Miceli Mateos Ciências da Natureza e suas Tecnologias: Luis “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Carlos de Menezes Matemática Governador Linguagens, Códigos e suas Tecnologias: Alice Matemática: Carlos Eduardo de Souza Campos José Serra Granja, José Luiz Pastore Mello, Nilson José Vieira Vice-Governador Matemática: Nilson José Machado Machado, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Walter Spinelli Alberto Goldman AUTORES Secretária da Educação Ciências Humanas e suas Tecnologias Coordenação do Desenvolvimento do É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” Maria Helena Guimarães de Castro Caderno do Gestor Filosofia: Adilton Luís Martins e Paulo Miceli Guiomar Namo de Mello e Marta Wolak Secretária-Adjunta Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu Grosbaum Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Célia Bega Iara Gloria Areias Prado dos Santos, Regina Célia Corrêa de Araújo e Autores: Elianeth Dias Kanthack Hernandes, Sérgio Adas Guiomar Namo de Mello, Maria Silvia Bonini Chefe de Gabinete História: Diego López Silva, Glaydson José da Tararam, Marta Wolak Grosbaum, Miriam Martins Fernando Padula Silva, Mônica Lungov Bugelli, Paulo Miceli e Raquel Inácio e Terezinha Antonia Berti Tranchitella dos Santos Funari Coordenador de Estudos e Normas Colaboradores: Dalva de Oliveira S. da Costa, Pedagógicas Ermelinda Maura Chezzi Dallan, José Alves da Silva, Liara Ferraz Conte APS, Maria Alice Pereira e para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. Ciências da Natureza e suas Tecnologias José Carlos Neves Lopes Maura Silva Guedes Biologia: Fabíola Bovo Mendonça, Ghisleine Coordenador de Ensino da Região Trigo Silveira, Maria Augusta Querubim Rodrigues Preparação de originais: Tina Amado Pereira, Olga Aguilar Santana, Rodrigo Venturoso Metropolitana da Grande São Paulo Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo Consulta à rede sobre experiências exitosas: Luiz Candido Rodrigues Maria Ciências: Cristina Leite, João Carlos Thomaz Lourdes Athiê e Raquel B. Namo Cury Micheletti Neto, Julio Cézar Foschini Lisboa, Coordenadora de Ensino do Interior EQUIPE DE PRODUÇÃO Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maíra Batistoni Aparecida Edna de Matos e Silva, Maria Augusta Querubim Rodrigues Coordenação Executiva: Beatriz Scavazza Pereira, Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Renata Assessores: Alex Barros, Beatriz Blay, Denise Presidente da Fundação para o Alves Ribeiro, Rosana dos Santos Jordão, Simone Blanes, Eliane Yambanis, Heloisa Amaral Dias de Desenvolvimento da Educação – FDE Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume Oliveira, Luis Márcio Barbosa, Luiza Christov e Fábio Bonini Simões de Lima Física: José Guilherme Brockington, Marcelo de Vanessa Dias Moretti Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell Roger da Purificação Siqueira e EQUIPE EDITORIAL EXECUÇÃO Yassuko Hosoume Coordenação Executiva: Angela Sprenger Coordenação Geral Química: Fabio Luis de Souza, Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Projeto Editorial: Zuleika de Felice Murrie Maria Inês Fini Eunice Ribeiro Marcondes, Maria Fernanda Edição e Produção Editorial: Edições Jogo de Concepção Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião Amarelinha, Conexão Editorial e Occy Design Guiomar Namo de Mello (projeto gráfico) Lino de Macedo Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Luis Carlos de Menezes Arte: Geraldo de Oliveira Suzigan, Gisa Picosque, CTP, Impressão e Acabamento Maria Inês Fini Mirian Celeste Ferreira Dias Martins e Sayonara Pereira Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Ruy Berger A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo autoriza a reprodução deste material pelas GESTÃO demais secretarias de educação, desde que mantida a integridade da obra e dos créditos. Fundação Carlos Alberto Vanzolini Presidente do Conselho Curador: Antonio Rafael Namur Muscat Presidente da Diretoria Executiva: Mauro Proposta Curricular do Estado de São Paulo: História / Zilbovicius Coord. Maria Inês Fini. – São Paulo: SEE, 2008. Diretor de Gestão de Tecnologias aplicadas à Educação: Guilherme Ary Plonski ISBN 978-85-61400-06-4. Coordenadoras Executivas de Projetos: Beatriz Scavazza e Angela Sprenger 1. História (Ensino Fundamental e Médio) – Estudo e ensino. I. Fini, Maria Inês. II. São Paulo (Estado) APOIO Secretaria da Educação. CENP – Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas CDD 22ed. 907 FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação
  • 3. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” E ENSINO MÉDIO DO ESTADO DE SÃO PAULO HISTÓRIA ENSINO FUNDAMENTAL – CICLO II PROPOSTA CURRICULAR
  • 4. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
  • 5. PROPOSTA CURRICULAR Carta da Secretária Prezados gestores e professores, “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Neste ano, colocamos em prática uma nova Proposta Curricular, para aten- der à necessidade de organização do ensino em todo o Estado. A criação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que deu autonomia às escolas É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” para que definissem seus próprios projetos pedagógicos, foi um passo importante. Ao longo do tempo, porém, essa tática descentralizada mostrou-se ineficiente. Por esse motivo, propomos agora uma ação integrada e articulada, cujo objetivo é organizar melhor o sistema educacional de São Paulo. para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. Com esta nova Proposta Curricular, daremos também subsídios aos profis- sionais que integram nossa rede para que se aprimorem cada vez mais. Lembramos, ainda, que apesar de o currículo ter sido apresentado e discuti- do em toda a rede, ele está em constante evolução e aperfeiçoamento. Mais do que simples orientação, o que propomos, com a elaboração da Proposta Curricular e de todo o material que a integra, é que nossa ação tenha um foco definido. Apostamos na qualidade da educação. Para isso, contamos com o entusiasmo e a participação de todos. Um grande abraço e bom trabalho. Maria Helena Guimarães de Castro Secretária da Educação do Estado de São Paulo
  • 6. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
  • 7. PROPOSTA CURRICULAR Sumário Apresentação 8 1. Uma educação à altura dos desafios contemporâneos 9 2. Princípios para um currículo comprometido com o seu tempo 12 “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo I. Uma escola que também aprende 12 II. O currículo como espaço de cultura 12 III. As competências como referência 13 É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” IV. Prioridade para a competência da leitura e da escrita 16 V. Articulação das competências para aprender 18 VI. Articulação com o mundo do trabalho 20 para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. A área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias 26 1. A presença das Ciências da Natureza na sociedade contemporânea 26 2. A aprendizagem na área das Ciências da Natureza na educação de base 27 A Matemática e as áreas do conhecimento 32 Por que uma área específica para a Matemática? 33 A área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 35 A área de Ciências Humanas e suas Tecnologias 38 Proposta Curricular do Estado de São Paulo para a disciplina de História 41 Para que serve a História? 41
  • 8. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação da Proposta Curricular do Estado de São Paulo A Secretaria de Educação do Estado de cesso, a Secretaria procura também cumprir “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo São Paulo está realizando um projeto que visa seu dever de garantir a todos uma base co- propor um currículo para os níveis de ensino mum de conhecimentos e competências, para Fundamental – Ciclo II e Médio. Com isso, que nossas escolas funcionem de fato como É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” pretende apoiar o trabalho realizado nas es- uma rede. Com esse objetivo, prevê a elabora- colas estaduais e contribuir para a melhoria ção dos subsídios indicados a seguir. da qualidade das aprendizagens de seus alu- nos. Esse processo partirá dos conhecimentos Este documento básico apresenta os prin- e das experiências práticas já acumulados, ou cípios orientadores para uma escola capaz para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. seja, da sistematização, revisão e recuperação de promover as competências indispensá- de documentos, publicações e diagnósticos já veis ao enfrentamento dos desafios sociais, existentes e do levantamento e análise dos re- culturais e profissionais do mundo contem- sultados de projetos ou iniciativas realizados. porâneo. O documento aborda algumas das principais características da sociedade No intuito de fomentar o desenvolvi- do conhecimento e das pressões que a mento curricular, a Secretaria toma assim duas contemporaneidade exerce sobre os jo- iniciativas complementares. A primeira delas vens cidadãos, propondo princípios orien- é realizar um amplo levantamento do acervo tadores para a prática educativa, a fim de documental e técnico pedagógico existente. que as escolas possam se tornar aptas a A segunda é iniciar um processo de consulta preparar seus alunos para esse novo tem- a escolas e professores, para identificar, siste- po. Priorizando a competência de leitura e matizar e divulgar boas práticas existentes nas escrita, esta proposta define a escola como escolas de São Paulo. Articulando conheci- espaço de cultura e de articulação de com- mento e herança pedagógicos com experiên- petências e conteúdos disciplinares. cias escolares de sucesso, a Secretaria pretende que esta iniciativa seja, mais do que uma nova Integra esta Proposta Curricular um segun- declaração de intenções, o início de uma con- do documento, de Orientações para a Ges- tínua produção e divulgação de subsídios que tão do Currículo na Escola, dirigido espe- incidam diretamente na organização da escola cialmente às unidades escolares e aos diri- como um todo e nas aulas. Ao iniciar este pro- gentes e gestores que as lideram e apóiam: 8
  • 9. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação diretores, assistentes técnico-pedagógicos, São os Cadernos do Professor, orga- professores coordenadores e superviso- nizados por bimestre e por disciplina. res. Esse segundo documento não trata Neles, são apresentadas situações de da gestão curricular em geral, mas tem a aprendizagem para orientar o trabalho do finalidade específica de apoiar o gestor professor no ensino dos conteúdos disci- para que seja um líder e animador da im- plinares específicos. Esses conteúdos, ha- “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo plementação desta Proposta Curricular nas bilidades e competências são organizados escolas públicas estaduais de São Paulo. por série e acompanhados de orientações para a gestão da sala de aula, para a É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” Existe uma variedade de outros programas avaliação e a recuperação, bem como e materiais disponíveis sobre o tema da de sugestões de métodos e estratégias gestão, alguns dos quais descritos em ane- de trabalho nas aulas, experimentações, xo, aos quais as equipes gestoras também projetos coletivos, atividades extraclasse poderão recorrer para apoiar seu trabalho. e estudos interdisciplinares. para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. O ponto mais importante desse segundo documento é garantir que o Projeto Peda- 1. Uma educação à altura dos gógico, que organiza o trabalho nas con- desafios contemporâneos dições singulares de cada escola, seja um recurso efetivo e dinâmico para assegurar A sociedade do século XXI é cada vez aos alunos a aprendizagem dos conteúdos mais caracterizada pelo uso intensivo do co- e a constituição das competências previstas nhecimento, seja para trabalhar, conviver ou nesta Proposta Curricular. O segundo docu- exercer a cidadania, seja para cuidar do am- mento, Orientações para a Gestão do Cur- biente em que se vive. Essa sociedade, pro- rículo, propõe que a aprendizagem resulte duto da revolução tecnológica que se acele- também da coordenação de ações entre as rou na segunda metade do século passado e disciplinas, do estímulo à vida cultural da dos processos políticos que redesenharam as escola e do fortalecimento de suas relações relações mundiais, já está gerando um novo com a comunidade. Para isso, reforça e pro- tipo de desigualdade, ou exclusão, ligada ao põe orientações e estratégias para a educa- uso das tecnologias de comunicação que hoje ção continuada dos professores. mediam o acesso ao conhecimento e aos bens culturais. Na sociedade de hoje, são indesejá- A Proposta Curricular se completará veis tanto a exclusão pela falta de acesso a com um conjunto de documentos diri- bens materiais quanto a exclusão pela falta de gidos especialmente aos professores. acesso ao conhecimento e aos bens culturais. 9
  • 10. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo No Brasil essa tendência caminha pa- Outro fenômeno relevante diz respei- ralelamente à democratização do acesso a to à precocidade da adolescência, ao mes- níveis educacionais além do ensino obriga- mo tempo em que o ingresso no trabalho tório. Com mais gente estudando, a posse se torna cada vez mais tardio. Tais fenô- de um diploma de nível superior deixa de menos ampliam o tempo e a importância ser um diferencial suficiente, e característi- da permanência na escola, tornando-a um “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo cas cognitivas e afetivas são cada vez mais lugar privilegiado para o desenvolvimento valorizadas, como as capacidades de resol- do pensamento autônomo, que é condição ver problemas, trabalhar em grupo, conti- para uma cidadania responsável. Ser estu- É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” nuar aprendendo e agir de modo coope- dante, nesse mundo que expõe o jovem rativo, pertinente em situações complexas. desde muito cedo às práticas da vida adulta Em um mundo no qual o conhecimento – e, ao mesmo tempo, posterga a sua in- é usado de forma intensiva, o diferencial serção profissional –, é fazer da experiência será marcado pela qualidade da educação escolar uma oportunidade para aprender a para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. recebida. A qualidade do convívio, assim ser livre e ao mesmo tempo respeitar as di- como dos conhecimentos e das compe- ferenças e as regras de convivência. Hoje, tências constituídas na vida escolar, será mais do que nunca, aprender na escola é o o fator determinante para a participação “ofício de aluno”, a partir do qual ele vai do indivíduo em seu próprio grupo social e fazer o trânsito para a autonomia da vida para que tome parte de processos de críti- adulta e profissional. ca e renovação. Para que a democratização do acesso à Nesse quadro ganha importância re- educação tenha uma função realmente inclu- dobrada a qualidade da educação ofere- siva não é suficiente universalizar a escola. É cida nas escolas públicas, pois é para elas indispensável a universalização da relevância que estão acorrendo, em número cada vez da aprendizagem. Criamos uma civilização mais expressivo, as camadas mais pobres da que reduz distâncias, que tem instrumentos sociedade brasileira, que antes não tinham capazes de aproximar as pessoas ou de distan- acesso à escola. A relevância e a pertinên- ciá-las, que aumenta o acesso à informação e cia das aprendizagens escolares nessas ins- ao conhecimento, mas que também acentua tituições são decisivas para que o acesso a diferenças culturais, sociais e econômicas. Só elas proporcione uma oportunidade real de uma educação de qualidade para todos pode aprendizagem para inserção no mundo de evitar que essas diferenças constituam mais modo produtivo e solidário. um fator de exclusão. 10
  • 11. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação O desenvolvimento pessoal é um pro- Construir identidade, agir com autono- cesso de aprimoramento das capacidades mia e em relação com o outro, e incorporar a de agir, pensar, atuar sobre o mundo e lidar diversidade são as bases para a construção de com a influência do mundo sobre cada um, valores de pertencimento e responsabilidade, bem como atribuir significados e ser perce- essenciais para a inserção cidadã nas dimen- bido e significado pelos outros, apreender sões sociais e produtivas. Preparar indivíduos “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo a diversidade e ser compreendido por ela, para manter o equilíbrio da produção cultural, situar-se e pertencer. A educação precisa num tempo em que a duração se caracteriza estar a serviço desse desenvolvimento, que não pela permanência, mas pela constante É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” coincide com a construção da identidade, mudança – quando o inusitado, o incerto e o da autonomia e da liberdade. Não há liber- urgente constituem a regra e não a exceção –, dade sem possibilidade de escolhas. Elas é mais um desafio contemporâneo para a pressupõem um quadro de referências, um educação escolar. repertório que só pode ser garantido se para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. houver acesso a um amplo conhecimento, Outro elemento relevante hoje para dado por uma educação geral, articulado- pensarmos o conteúdo e o sentido da escola ra, que transite entre o local e o mundial. é a complexidade da ambiência cultural, das Esse tipo de educação constrói, de forma dimensões sociais, econômicas e políticas, cooperativa e solidária, uma síntese dos a presença maciça de produtos científicos e saberes produzidos pela humanidade, ao tecnológicos e a multiplicidade de linguagens longo de sua história e de sua geografia, e códigos no cotidiano. Apropriar-se ou não e dos saberes locais. Tal síntese é uma das desses conhecimentos pode ser um instru- condições para o individúo acessar o co- mento da ampliação das liberdades ou mais nhecimento necessário ao exercício da ci- um fator de exclusão. dadania em dimensão mundial. O currículo que dá conteúdo e sentido à A autonomia para gerenciar a pró- escola precisa levar em conta esses elementos. pria aprendizagem (aprender a aprender) e Por isso, esta Proposta Curricular tem como o resultado dela em intervenções solidárias princípios centrais: a escola que aprende, o (aprender a fazer e a conviver) deve ser a currículo como espaço de cultura, as compe- base da educação das crianças, dos jovens tências como eixo de aprendizagem, a priori- e dos adultos, que têm em suas mãos a dade da competência de leitura e de escrita, a continuidade da produção cultural e das articulação das competências para aprender e práticas sociais. a contextualização no mundo do trabalho. 11
  • 12. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo 2. Princípios para um currículo diferente. Esse é o ponto de partida para o tra- comprometido com o seu tempo balho colaborativo, para a formação de uma “comunidade aprendente”, nova terminologia para um dos mais antigos ideais educativos. A I. Uma escola que também aprende vantagem é que hoje a tecnologia facilita a via- A tecnologia imprime um ritmo sem bilização prática desse ideal. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo precedentes no acúmulo de conhecimentos e gera uma transformação profunda na sua Ações como a construção coletiva da estrutura e nas suas formas de organização e Proposta Pedagógica, por meio da reflexão e É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” distribuição. Nesse contexto, a capacidade de da prática compartilhadas, e o uso intencio- aprender terá de ser trabalhada não apenas nal da convivência como situação de apren- nos alunos, mas na própria escola, enquan- dizagem fazem parte da constituição de uma to instituição educativa: tanto as instituições escola à altura dos tempos atuais. Observar como os docentes terão de aprender. que as regras da boa pedagogia também se para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. aplicam àqueles que estão aprendendo a en- Isso muda radicalmente nossa concep- sinar é uma das chaves para o sucesso das ção da escola como instituição que ensina lideranças escolares. Os gestores, como agen- para posicioná-la como instituição que tam- tes formadores, devem aplicar com os profes- bém aprende a ensinar. As interações en- sores tudo aquilo que recomendam a eles que tre os responsáveis pela aprendizagem dos apliquem com seus alunos. alunos têm caráter de ações formadoras, mesmo que os envolvidos não se dêem conta II. O currículo como espaço de cultura disso. Neste sentido, cabe lembrar a respon- sabilidade da equipe gestora como formado- No cotidiano escolar, a cultura é muitas ra de professores e a responsabilidade dos vezes associada ao que é local, pitoresco, fol- docentes, entre si e com o grupo gestor, na clórico, bem como ao divertimento ou lazer, problematização e na significação dos co- enquanto o conhecimento é freqüentemente nhecimentos sobre sua prática. associado a um inalcançável saber. Essa dico- tomia não cabe em nossos tempos: a infor- De acordo com essa concepção, a esco- mação está disponível a qualquer instante, la que aprende parte do princípio de que nin- em tempo real, ao toque de um dedo, e o co- guém conhece tudo e de que o conhecimento nhecimento constitui-se como uma ferramen- coletivo é maior que a soma dos conhecimen- ta para articular teoria e prática, o mundial e tos individuais, além de ser qualitativamente o local, o abstrato e seu contexto físico. 12
  • 13. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação Currículo é a expressão de tudo o que tural, o currículo é a referência para ampliar, existe na cultura científica, artística e huma- localizar e contextualizar os conhecimentos nista, transposto para uma situação de apren- que a humanidade acumulou ao longo do dizagem e ensino. Precisamos entender que tempo. Então, o fato de uma informação ou as atividades extraclasse não são “extracurri- um conhecimento ser de outro lugar, ou de culares” quando se deseja articular a cultura todos os lugares na grande rede de informa- “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e o conhecimento. Neste sentido todas as ção, não será obstáculo à prática cultural re- atividades da escola são curriculares, ou não sultante da mobilização desse conhecimento serão justificáveis no contexto escolar. Se não nas ciências, nas artes e nas humanidades. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” rompermos essa dissociação entre cultura e conhecimento não conseguiremos conectar III. As competências como referência o currículo à vida – e seguiremos alojando na escola uma miríade de atividades “cultu- Um currículo que promove competên- rais” que mais dispersam e confundem do cias tem o compromisso de articular as dis- para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. que promovem aprendizagens curriculares ciplinas e as atividades escolares com aquilo relevantes para os alunos. que se espera que os alunos aprendam ao longo dos anos. Logo, a atuação do professor, O conhecimento tomado como ins- os conteúdos, as metodologias disciplinares e trumento, mobilizado em competências, a aprendizagem requerida dos alunos são as- reforça o sentido cultural da aprendizagem. pectos indissociáveis: compõem um sistema ou Tomado como valor de conteúdo lúdico, de rede cujas partes têm características e funções caráter ético ou de fruição estética, numa es- específicas que se complementam para formar cola com vida cultural ativa, o conhecimento um todo, sempre maior do que elas. Maior torna-se um prazer que pode ser aprendido, porque se compromete em formar crianças e ao se aprender a aprender. Nessa escola, o jovens para que se tornem adultos preparados professor não se limita a suprir o aluno de para exercer suas responsabilidades (trabalho, saberes, mas é o parceiro de fazeres cultu- família, autonomia etc.) e para atuar em uma rais, aquele que promove de muitas formas o sociedade que muito precisa deles. desejo de aprender, sobretudo com o exem- plo de seu próprio entusiasmo pela cultura Um currículo referido a competências humanista, científica, artística e literária. supõe que se aceite o desafio de promover os conhecimentos próprios de cada disciplina ar- Quando o projeto pedagógico da escola ticuladamente às competências e habilidades tem entre suas prioridades essa cidadania cul- do aluno. É com essas competências e habi- 13
  • 14. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo lidades que ele contará para fazer sua leitura petências em adolescentes, bem como ins- crítica do mundo, para compreendê-lo e pro- tigar desdobramentos para a vida adulta. por explicações, para defender suas idéias e compartilhar novas e melhores formas de ser, Paralelamente a essa conduta, é preciso na complexidade em que hoje isso é reque- considerar quem são esses alunos. Ter entre 11 rido. É com elas que, em síntese, ele poderá e 18 anos significa estar em uma fase peculiar “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo enfrentar problemas e agir de modo coerente da vida, localizada entre a infância e a idade em favor das múltiplas possibilidades de solu- adulta. Neste sentido, o jovem é aquele que ção ou gestão. deixou de ser criança e se prepara para tornar- É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” se adulto. Trata-se de um momento complexo e Tais competências e habilidades podem contraditório, que deve orientar nossa propos- ser consideradas em uma perspectiva geral, ta sobre o papel da escola nessa fase de vida. isto é, no que têm de comum com as discipli- nas e tarefas escolares, ou então no que têm Nessa etapa curricular, a tríade sobre a para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. de específico. Competências, neste sentido, qual competências e habilidades são desen- caracterizam modos de ser, raciocinar e inte- volvidas pode ser assim caracterizada: a) o ragir que podem ser depreendidos das ações adolescente e as características de suas ações e das tomadas de decisão em contextos de e pensamentos; b) o professor, suas caracte- problemas, tarefas ou atividades. Graças a rísticas pessoais e profissionais e a qualidade elas podemos inferir se a escola como insti- de suas mediações; e c) os conteúdos das dis- tuição está cumprindo bem o papel que se ciplinas e as metodologias para seu ensino e espera dela no mundo de hoje. aprendizagem. Os alunos considerados nesta pro- Houve um tempo em que a educação posta têm, de modo geral, de 11 a 18 anos escolar era referenciada no ensino – o plano de idade. Valorizar o desenvolvimento de de trabalho da escola indicava o que seria competências nesta fase da vida implica ensinado ao aluno. Essa foi uma das razões em ponderar, além de aspectos curricula- pelas quais o currículo escolar foi confundi- res e docentes, os recursos cognitivos, afe- do com um rol de conteúdos disciplinares. A tivos e sociais de que os alunos dispõem. Lei de Diretrizes e Bases – LDB (lei 9394/1996) Implica, pois, em analisar como o professor deslocou o foco do ensino para o da apren- mobiliza conteúdos, metodologias e sabe- dizagem, e não é por acaso que sua filosofia res próprios de sua disciplina ou área de não é mais a da liberdade de ensino, mas a do conhecimento, visando desenvolver com- direito de aprender. 14
  • 15. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação O conceito de competências também oportunidades, diversidade de tratamento e é fundamental na LDB e nas Diretrizes e Pa- unidade de resultados. Quando os pontos râmetros Curriculares Nacionais, elaboradas de partida são diferentes, é preciso tratar pelo Conselho Nacional de Educação e pelo diferentemente os desiguais para garantir a Ministério da Educação. O currículo referen- todos uma base comum. ciado em competências é uma concepção “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo que requer que a escola e o plano do profes- Pensar o currículo no tempo atual é sor indiquem o que aluno vai aprender. viver uma transição, na qual, como em toda transição, traços do velho e do novo se mes- É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” Uma das razões para se optar por clam nas práticas cotidianas. É comum que o uma educação centrada em competências professor, quando formula o seu plano de tra- diz respeito à democratização da escola. No balho, indique o que vai ensinar e não o que momento em que se conclui o processo de o aluno vai aprender. E é compreensível nesse universalização do Ensino Fundamental e se caso que, ao final do ano, tendo cumprido para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. incorpora toda a heterogeneidade que ca- seu plano, ele afirme, diante do fracasso do racteriza o povo brasileiro, a escola, para ser aluno, que fez sua parte, ensinando, e que foi democrática, tem de ser igualmente acessível o aluno que não aprendeu. a todos, diversa no tratamento de cada um e unitária nos resultados. A transição da cultura do ensino para a da aprendizagem não é individual. Dificilmente essa unidade seria obtida A escola deve fazê-la coletivamente, ten- com ênfase no ensino, porque é quase im- do à frente seus gestores para capacitar os possível, em um país como o Brasil, estabe- professores em seu dia-a-dia, a fim de que lecer o que deve ser ensinado a todos, sem todos se apropriem dessa mudança de foco. exceção. Por isso optou-se por construir a Cabe às instâncias condutoras da política unidade com ênfase no que é indispensável educacional nos estados e nos municípios ela- que todos tenham aprendido ao final do pro- borar, a partir das Diretrizes e dos Parâmetros cesso, considerando a diversidade. Todos têm Nacionais, Propostas Curriculares próprias e direito de construir, ao longo de sua escolari- específicas, prover os recursos humanos, téc- dade, um conjunto básico de competências, nicos e didáticos para que as escolas, em seu definido pela lei. Este é o direito básico, mas projeto pedagógico, estabeleçam os planos a escola deverá ser tão diversa quanto são os de trabalho que, por sua vez, farão das pro- pontos de partida das crianças que recebe. postas currículos em ação – como no presente Assim, será possível garantir igualdade de esforço desta Secretaria. 15
  • 16. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo IV. Prioridade para a competência da terário, histórico e social, seja científico e leitura e da escrita tecnológico. Em cada uma dessas áreas, as A humanidade criou a palavra, que é linguagens são essenciais. constitutiva do humano, seu traço distin- tivo. O ser humano constitui-se assim um As linguagens são sistemas simbólicos, ser de linguagem e disso decorre todo o com os quais recortamos e representamos o “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo restante, tudo o que transformou a huma- que está em nosso exterior, em nosso inte- nidade naquilo que é. Ao associar palavras rior e na relação entre esses âmbitos; é com e sinais, criando a escrita, o homem cons- eles também que nos comunicamos com os É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” truiu um instrumental que ampliou expo- nossos iguais e expressamos nossa articulação nencialmente sua capacidade de comuni- com o mundo. car-se, incluindo pessoas que estão longe no tempo e no espaço. Em nossa sociedade, as linguagens e os códigos se multiplicam: os meios de comuni- para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. Representar, comunicar e expressar são cação estão repletos de gráficos, esquemas, atividades de construção de significado rela- diagramas, infográficos, fotografias e dese- cionadas a vivências que se incorporam ao nhos. O design diferencia produtos equivalen- repertório de saberes de cada indivíduo. Os tes quanto ao desempenho ou à qualidade. sentidos são construídos na relação entre a A publicidade circunda nossas vidas, exigindo linguagem e o universo natural e cultural em permanentes tomadas de decisão e fazendo que nos situamos. E é na adolescência, como uso de linguagens sedutoras e até enigmáti- vimos, que a linguagem adquire essa qualida- cas. Códigos sonoros e visuais estabelecem a de de instrumento para compreender e agir comunicação nos diferentes espaços. As ci- sobre o mundo real. ências construíram suas próprias linguagens, plenas de símbolos e códigos. A produção A ampliação das capacidades de re- de bens e serviços foi em grande parte au- presentação, comunicação e expressão está tomatizada e cabe a nós programar as má- articulada ao domínio não apenas da língua quinas, utilizando linguagens específicas. As mas de todas as outras linguagens e, princi- manifestações artísticas e de entretenimento palmente, ao repertório cultural de cada in- utilizam, cada vez mais, diversas linguagens divíduo e de seu grupo social, que a elas dá que se articulam. sentido. A escola é o espaço em que ocorre a transmissão, entre as gerações, do ativo Para acompanhar tal contexto, a com- cultural da humanidade, seja artístico e li- petência de leitura e de escrita contemplada 16
  • 17. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação nesta proposta vai além da linguagem ver- A linguagem não é apenas uma forma bal, vernácula – ainda que esta tenha papel de representação, como expressam, por seus fundamental – e refere-se a sistemas simbó- limites, as crianças. Mais do que isso, ela é licos como os citados, pois essas múltiplas uma forma de compreensão e ação sobre o linguagens estão presentes no mundo con- mundo. É isso o que os adolescentes, com to- temporâneo, na vida cultural e política, bem dos os seus exageros, manifestam. Graças à “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo como nas designações e nos conceitos cien- linguagem, o pensamento pode se tornar an- tíficos e tecnológicos usados atualmente. A tecipatório em sua manifestação mais comple- constituição dessa competência tem como ta: é possível calcular as conseqüências de uma É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” base o desenvolvimento do pensamento ação sem precisar realizá-la. Pode-se ainda fa- antecipatório, combinatório e probabilístico zer combinações e analisar hipóteses sem pre- que permite estabelecer hipóteses, algo que cisar conferi-las de antemão, na prática, pois caracteriza o período da adolescência. algumas de suas conseqüências podem ser deduzidas apenas pelo âmbito da linguagem. para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. A prioridade das linguagens no currí- Pode-se estabelecer relações de relações, isto culo da educação básica tem como funda- é, imaginar um objeto e agir sobre ele, deci- mento a centralidade da linguagem no de- dindo se vale a pena ou não interagir com ele senvolvimento da criança e do adolescente. em outro plano. Em outras palavras, graças à Nas crianças a linguagem, em suas diversas linguagem, agora constituída como forma de expressões, é apenas um recurso simbólico, pensar e agir, o adolescente pode raciocinar ou seja, permite representar ou comunicar em um contexto de proposições ou possibili- conteúdos cujas formas, elas mesmas, não dades, pode ter um pensamento combinató- podem ser estruturadas como linguagem. rio, pode aprender as disciplinas escolares em Nessa fase, tais formas são as próprias ações sua versão mais exigente, pode refletir sobre e os pensamentos, organizados como es- os valores e fundamentos das coisas. quemas de procedimentos, representações e compreensões. Ou seja, as crianças realizam Do ponto de vista social e afetivo, a e compreendem ao falar, pensar ou sentir, centralidade da linguagem nos processos de mas não sabem ainda tratar o próprio agir, desenvolvimento possibilita ao adolescente pensar ou sentir como uma forma de lingua- aprender, pouco a pouco, a considerar suas gem. É só na adolescência que isso se tor- escolhas em uma escala de valores. Viabiliza- nará possível e transformará o ser humano lhe aprender a enfrentar as conseqüências em um ser de linguagem, em sua expressão das próprias ações, a propor e alterar contra- mais radical. tos, a respeitar e criticar normas, a formular 17
  • 18. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo seu próprio projeto de vida e a tecer seus so- Por fim, é importante destacar que o nhos de transformação do mundo. domínio das linguagens representa um pri- mordial elemento para a conquista da au- É, portanto, em virtude da centralidade tonomia, sendo a chave para o acesso a in- da linguagem no desenvolvimento da criança formações e permitindo a comunicação de e do adolescente que esta Proposta Curricular idéias, a expressão de sentimentos e o diálo- “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo prioriza a competência leitora e escritora. go, necessários à negociação dos significados Só por meio dela será possível concretizar a e à aprendizagem continuada. constituição das demais competências, tanto É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” as gerais como aquelas associadas a discipli- V. Articulação das competências para nas ou temas específicos. Para desenvolvê-la aprender é indispensável que seja objetivo de aprendi- zagem de todas as disciplinas do currículo, ao A aprendizagem é o centro da atividade longo de toda a escolaridade básica. escolar. Por extensão, o professor caracteriza-se para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. como um profissional da aprendizagem e não Por esse caráter essencial da competên- tanto do ensino. Isto é, ele apresenta e explica cia de leitura e escrita para a aprendizagem conteúdos, organiza situações para a aprendi- dos conteúdos curriculares de todas as áreas e zagem de conceitos, métodos, formas de agir disciplinas, a responsabilidade por sua aprendi- e pensar, em suma, promove conhecimentos zagem e avaliação cabe a todos os professores, que possam ser mobilizados em competências que devem transformar seu trabalho em opor- e habilidades, as quais, por sua vez, instrumen- tunidades nas quais os alunos possam aprender talizam os alunos para enfrentar os proble- e consolidar o uso da Língua Portuguesa e das mas do mundo real. Dessa forma, a expressão outras linguagens e códigos que fazem parte “educar para a vida” pode ganhar seu sentido da cultura, bem como das formas de comuni- mais nobre e verdadeiro na prática do ensino. cação em cada uma delas. Tal radicalismo na Se a educação básica é para a vida, a quanti- centralidade da competência leitora e escritora dade e a qualidade do conhecimento têm de leva a colocá-la como objetivo de todas as séries ser determinadas por sua relevância para a vida e todas as disciplinas. Desta forma, coloca aos de hoje e do futuro, além dos limites da escola. gestores (a quem cabe a educação continuada Portanto, mais que os conteúdos isolados, as dos professores na escola) a necessidade de criar competências são guias eficazes para educar oportunidades para que os docentes também para a vida. As competências são mais gerais desenvolvam essa competência – por cuja cons- e constantes, e os conteúdos, mais específi- tituição, nos alunos, são responsáveis. cos e variáveis. É exatamente a possibilidade 18
  • 19. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação de variar os conteúdos no tempo e no espaço trará novas ênfases e necessidades, que preci- que legitima a iniciativa dos diferentes sistemas sarão ser continuamente supridas. Preparar-se públicos de ensino para selecionar, organizar para acompanhar esse movimento torna-se o e ordenar os saberes disciplinares que servirão grande desafio das novas gerações. como base para a constituição de competên- cias, cuja referência são as diretrizes e orienta- Esta Proposta Curricular adota, como “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo ções nacionais, de um lado, e as demandas do competências para aprender, aquelas que mundo contemporâneo, de outro. foram formuladas no referencial teórico do Enem – Exame Nacional do Ensino Médio. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” As novas tecnologias da informação Entendidas como desdobramentos da com- produziram uma mudança na produção, na petência leitora e escritora, para cada uma organização, no acesso e na disseminação do das cinco competências do Enem transcritas a conhecimento. A escola hoje já não é mais a seguir, apresenta-se a articulação com a com- única detentora da informação e do conhe- petência de ler e escrever. para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. cimento, mas cabe a ela preparar seu aluno para viver em uma sociedade em que a infor- I. “Dominar a norma culta da Língua Portu- mação é disseminada em grande velocidade. guesa e fazer uso das linguagens matemá- tica, artística e científica.” A constituição da Vale insistir que essa preparação não competência de leitura e escrita é também o exige maior quantidade de ensino e sim me- domínio das normas e dos códigos que tor- lhor qualidade de aprendizagem. É preci- nam as linguagens instrumentos eficientes so deixar claro que isso não significa que os de registro e expressão, que podem ser com- conteúdos do ensino não sejam importantes; partilhados. Ler e escrever, hoje, são compe- ao contrário, são tão importantes que a eles tências fundamentais a qualquer disciplina está dedicado este trabalho de elaboração da ou profissão. Ler, entre outras coisas, é in- Proposta Curricular do ensino oficial do Esta- terpretar (atribuir sentido ou significado), e do de São Paulo. São tão decisivos que é in- escrever, igualmente, é assumir uma autoria dispensável aprender a continuar aprendendo individual ou coletiva (tornar-se responsável os conteúdos escolares, mesmo fora da esco- por uma ação e suas conseqüências). la ou depois dela. Continuar aprendendo é a mais vital das competências que a educação II. “Construir e aplicar conceitos das várias áreas deste século precisa desenvolver. Não só os do conhecimento para a compreensão de conhecimentos com os quais a escola traba- fenômenos naturais, de processos histórico- lha podem mudar, como a vida de cada um geográficos, da produção tecnológica e das 19
  • 20. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo manifestações artísticas.” É o desenvolvi- V. “Recorrer aos conhecimentos desenvolvi- mento da linguagem que possibilita o ra- dos na escola para elaborar propostas de ciocínio hipotético-dedutivo, indispensável intervenção solidária na realidade, respei- à compreensão de fenômenos. Ler, nesse tando os valores humanos e considerando sentido, é um modo de compreender, isto é, a diversidade sociocultural.” Ler, aqui, além de assimilar experiências ou conteúdos disci- de implicar em descrever e compreender, “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo plinares (e modos de sua produção); escrever bem como em argumentar a respeito de é expressar sua construção ou reconstrução um fenômeno, requer a antecipação de com sentido, aluno por aluno. uma intervenção sobre ele, com tomada É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” de decisões a partir de uma escala de valo- III. “Selecionar, organizar, relacionar, interpre- res. Escrever é formular um plano para essa tar dados e informações representados de intervenção, levantar hipóteses sobre os diferentes formas, para tomar decisões e meios mais eficientes para garantir resulta- enfrentar situações-problema”. Ler implica dos, a partir da escala de valores adotada. É para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. também – além de empregar o raciocínio no contexto da realização de projetos esco- hipotético-dedutivo, que possibilita a com- lares que os alunos aprendem a criticar, res- preensão de fenômenos – antecipar, de peitar e propor projetos valiosos para toda a forma comprometida, a ação para intervir sociedade; por intermédio deles, aprendem no fenômeno e resolver os problemas de- a ler e escrever as coisas do mundo atual, correntes dele. Escrever, por sua vez, sig- relacionando ações locais com visão global, nifica dominar os muitos formatos que a por meio de atuação solidária. solução do problema comporta. VI. Articulação com o mundo do trabalho IV. “Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos A contextualização tem como norte os disponíveis em situações concretas, para dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases, as construir argumentação consistente.” A normas das Diretrizes Curriculares Nacionais, leitura, aqui, sintetiza a capacidade de que são obrigatórias, e as recomendações dos escutar, supor, informar-se, relacionar, Parâmetros Curriculares Nacionais, que fo- comparar etc. A escrita permite dominar ram elaborados para o Ensino Médio mas são os códigos que expressam a defesa ou a pertinentes para a educação básica como um reconstrução de argumentos – com liber- todo, sobretudo para o segmento da 5ª série dade, mas observando regras e assumin- em diante. Para isso é preciso recuperar alguns do responsabilidades. tópicos desse conjunto legal e normativo. 20
  • 21. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação Compreensão do significado das ciências, das artes e das letras”: começa na ciências, das letras e das artes educação infantil, prossegue nos anos do Compreender o sentido é reconhecer, Ensino Fundamental e tem mais três anos apreender e partilhar a cultura que envolve as no Ensino Médio. Durante mais de doze áreas de conhecimento, um conjunto de con- anos deverá haver tempo suficiente para al- ceitos, posturas, condutas, valores, enfoques, fabetizar-se nas ciências, nas humanidades e “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo estilos de trabalho e modos de fazer que ca- nas técnicas, entendendo seus enfoques racterizam as várias ciências – exatas, sociais e métodos mais importantes, seus pontos e humanas –, as artes – visuais, musicais, do fortes e fracos, suas polêmicas, seus concei- É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” movimento e outras –, a Matemática, as lín- tos e, sobretudo, o modo como suas des- guas e outras áreas de expressão não-verbal. cobertas influenciam a vida das pessoas e o desenvolvimento social e econômico. Para Quando a LDB dispõe sobre esse objeti- isso, é importante abordar, em cada ano vo de compreensão do sentido está indicando ou nível da escola básica, a maneira como para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. que não se trata de formar especialistas nem as diferentes áreas do currículo articulam a profissionais. Especialistas e profissionais de- realidade e seus objetos de conhecimento vem, além de compreender o sentido, domi- específicos, a partir de questões como as nar a estrutura conceitual e o estatuto episte- exemplificadas a seguir. mológico de suas especialidades – não é esse Que limitações e potenciais têm os enfo- o caso dos alunos da educação básica. Como ques próprios das áreas? estão na escola, preparando-se para assumir plenamente sua cidadania, todos devem pas- Que práticas humanas, das mais simples sar pela alfabetização científica, humanista, às mais complexas, têm fundamento ou lingüística, artística e técnica, para que sua inspiração nessa ciência, arte ou área de cidadania, além de ser um direito, tenha qua- conhecimento? lidade. O aluno precisa constituir as compe- Quais as grandes polêmicas nas várias dis- tências para reconhecer, identificar e ter visão ciplinas ou áreas de conhecimento? crítica daquilo que é próprio de uma área de conhecimento, e, a partir desse conhecimen- A relação entre teoria e prática em cada to, avaliar a importância dessa área ou discipli- disciplina do currículo na em sua vida e em seu trabalho. A relação entre teoria e prática não A lei dá um prazo generoso para que envolve necessariamente algo observável os alunos aprendam o “significado das ou manipulável, como um experimento de 21
  • 22. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo laboratório ou a construção de um objeto. plenos, devemos adquirir discernimento e co- Tal relação pode acontecer ao se compreen- nhecimentos pertinentes para tomar decisões der como a teoria se aplica em contextos reais em diversos momentos, em relação à escolha ou simulados. Uma possibilidade de transpo- de alimentos, uso da eletricidade, consumo sição didática é reproduzir a indagação de ori- de água, seleção dos programas de TV ou a gem, a questão ou necessidade que levou à escolha do candidato a um cargo político. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo construção de um conhecimento – que já está dado e precisa ser apropriado e aplicado, não As relações entre educação e tecnologia obrigatoriamente ser “descoberto” de novo. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” A educação tecnológica básica é uma A lei determina corretamente que a re- das diretrizes que a LDB estabelece para orien- lação teoria e prática se dê em cada discipli- tar o currículo do Ensino Médio. A lei ainda na do currículo, uma vez que boa parte dos associa a “compreensão dos fundamentos problemas de qualidade do ensino decorre da científicos dos processos produtivos” com o para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. dificuldade em destacar a dimensão prática do relacionamento entre teoria e prática em cada conhecimento, tornando-o verbalista e abs- disciplina do currículo. E insiste quando deta- trato. Por exemplo, a disciplina História é por lha, entre as competências que o aluno deve vezes considerada teórica, mas nada é tão prá- demonstrar ao final da educação básica, o tico quanto entender a origem de uma cidade “domínio dos princípios científicos e tecnoló- e as razões da configuração urbana. A Química gicos que presidem a produção moderna”. é erroneamente considerada mais prática por envolver atividades de laboratório, manipula- A tecnologia comparece, portanto, no ção de substâncias e outras idiossincrasias, no currículo da educação básica com duas acep- entanto não existe nada mais teórico do que o ções complementares: a) como educação estudo da tabela de elementos químicos. tecnológica básica; b) como compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos A mesma Química que emprega o nome da produção. dos elementos precisa ser um instrumento cognitivo para nos ajudar a entender e, se A primeira acepção refere-se à alfabeti- preciso, decidir pelo uso de alimentos com zação tecnológica, que inclui aprender a lidar agrotóxicos ou conservantes. Tais questões com computadores, mas vai além. Alfabetizar- não se restringem a especialistas ou cientistas. se tecnologicamente é entender as tecnologias Não é preciso ser químico para ter de escolher da história humana como elementos da cultu- o que se vai comer. A fim de sermos cidadãos ra, como parte das práticas sociais, culturais e 22
  • 23. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação produtivas, que por sua vez são inseparáveis Desde sua abertura, a LDB faz referência ao dos conhecimentos científicos, artísticos e lin- trabalho, juntamente com as práticas sociais, güísticos que as fundamentam. A educação como elemento que vincula a educação básica tecnológica básica tem o sentido de nos pre- à realidade, da Educação Infantil até o final do parar para viver e conviver em um mundo no Ensino Médio. O vínculo com o trabalho carre- qual a tecnologia está cada vez mais presente: ga vários sentidos, que é preciso explicitar. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo no qual a tarja magnética, o celular, o código de barras e muitos recursos digitais se incorpo- Do ponto de vista filosófico, expressa ram velozmente à vida das pessoas, qualquer o valor e a importância do trabalho. À parte É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” que seja a sua condição socioeconômica. de qualquer implicação pedagógica relativa a currículos e definição de conteúdos, o valor do A segunda acepção, ou seja, a com- trabalho incide em toda a vida escolar: desde preensão dos fundamentos científicos e tec- a valorização dos trabalhadores da escola e nológicos da produção, faz da tecnologia a da família, até o respeito aos trabalhadores para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. chave para relacionar o currículo ao mundo da comunidade, o conhecimento do trabalho da produção de bens e serviços, ou seja, aos como produtor da riqueza e o reconhecimento processos pelos quais a humanidade – e cada de que um dos fundamentos da desigualdade um de nós – produz os bens e serviços de que social é a remuneração injusta do trabalho. A necessita para viver. Foi para manter-se fiel valorização do trabalho é também uma críti- ao espírito da lei que as DCN introduziram a ca ao bacharelismo ilustrado, que por muito tecnologia em todas as áreas, tanto das DCN tempo predominou nas escolas voltadas para como dos PCN para o Ensino Médio, evitando as classes sociais privilegiadas. a existência de disciplinas “tecnológicas” iso- ladas e separadas dos conhecimentos que lhe A implicação pedagógica desse prin- servem de fundamento. cípio atribui um lugar de destaque para o trabalho humano, contextualizando os con- teúdos curriculares sempre que for pertinen- A prioridade para o contexto do trabalho te, com os tratamentos adequados a cada caso. Nesse sentido, a relação entre teoria Se examinarmos o conjunto das reco- e prática em cada disciplina do currículo, mendações já analisadas, o trabalho enquanto como exige a lei, não pode deixar de incluir produção de bens e serviços revela-se como a os tipos de trabalho e as carreiras profissio- prática humana mais importante para conec- nais aos quais se aplicam os conhecimentos tar os conteúdos do currículo com a realidade. das áreas ou disciplinas curriculares. 23
  • 24. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo Em síntese, a prioridade do trabalho A LDB adota uma perspectiva sintoni- na educação básica assume dois sentidos zada com essas mudanças na organização complementares: como valor, que imprime do trabalho ao recomendar a articulação importância ao trabalho e cultiva o respei- entre educação básica e profissional, quan- to que lhe é devido na sociedade, e como do afirma, entre as finalidades do Ensino tema que perpassa os conteúdos curricula- Médio: “a preparação básica para o traba- “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo res, atribuindo sentido aos conhecimentos lho e a cidadania do educando, para conti- específicos das disciplinas. nuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas con- É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” dições de ocupação ou aperfeiçoamento O contexto do trabalho no Ensino Médio posteriores” (grifo nosso). A lei não recu- A tradição de ensino academicista, des- pera a formação profissional para postos vinculado de qualquer preocupação com a ou áreas específicas dentro da carga horá- prática, separou a formação geral e a forma- ria geral do Ensino Médio, como tentou fa- para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. ção profissional no Brasil. Durante décadas zer a legislação anterior. Mas também não elas foram modalidades excludentes de ensi- chancela o caráter inteiramente propedêu- no. A tentativa da Lei 5692/1971 de unir as tico que esse ensino tem assumido na edu- duas modalidades, profissionalizando todo o cação básica brasileira. Trata-se, portanto, Ensino Médio, apenas descaracterizou a for- de entender o que vem a ser a preparação mação geral, sem ganhos significativos para básica para o trabalho. a profissional. As Diretrizes Curriculares Nacionais Nos dias de hoje, essa separação já para o Ensino Médio interpretaram essa não se dá nos mesmos moldes, porque o perspectiva como uma preparação básica mundo do trabalho passa por transforma- para o trabalho, abrindo a possibilidade de ções profundas. À medida que a tecnologia que os sistemas de ensino ou as escolas te- vai substituindo os trabalhadores por autô- nham ênfases curriculares diferentes, com matos na linha de montagem e nas tarefas autonomia para eleger as disciplinas especí- de rotina, as competências para trabalhar ficas e suas respectivas cargas horárias den- em ilhas de produção, associar concepção tro das três grandes áreas instituídas pelas e execução, resolver problemas e tomar de- DCN, desde que garantida a presença das cisões tornam-se mais importantes do que três áreas. Essa abertura permite que esco- conhecimentos e habilidades voltados para las de Ensino Médio, a partir de um projeto postos específicos de trabalho. pedagógico integrado com cursos de edu- 24
  • 25. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação cação profissional de nível técnico, atribuam pode ser realizada em disciplinas de for- mais tempo e atenção a disciplinas ou áreas mação básica do Ensino Médio. As esco- disciplinares cujo estudo possa ser aprovei- las, nesse caso, atribuiriam carga horária tado na educação profissional. suficiente e tratamento pedagógico ade- quado às áreas ou disciplinas que melhor Para as DCN, o que a lei denomina de preparassem seus alunos para o curso de “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo preparação básica para o trabalho pode ser educação profissional de nível técnico es- a aprendizagem de conteúdos disciplinares colhido. Essa possibilidade fundamenta-se constituintes de competências básicas que no pressuposto de que ênfases curricula- É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” sejam também pré-requisitos de formação res diferenciadas são equivalentes para a profissional. Em muitos casos essa opção constituição das competências previstas na pouparia tempo de estudo para o jovem que LDB, nas DCN para o Ensino Médio e na precisa ingressar precocemente no mercado matriz de competências do Enem. de trabalho. Para facilitar essa abertura, as Di- para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. retrizes Curriculares da Educação Profissional Isso supõe um outro tipo de articulação de Nível Técnico flexibilizaram a duração dos entre currículos de formação geral e currículos cursos profissionais desse nível, possibilitan- de formação profissional, em que o primeiro do o aproveitamento de estudos já realizados encarrega-se das competências básicas, fun- ou mesmo exercício profissional prévio. Essas damentando a constituição das mesmas em duas peças normativas criaram os mecanis- conteúdos, áreas ou disciplinas afinadas com mos pedagógicos que podem viabilizar o que a formação profissional nesse ou em outro ní- foi estabelecido na LDB (lei 9394/1996) e de- vel de escolarização. E supõe também que o cretos posteriores. tratamento oferecido às disciplinas do currí- culo do Ensino Médio não seja apenas prope- A preparação básica para o trabalho dêutico nem tampouco voltado estreitamente em determinada área profissional, portanto, para o vestibular. 25
  • 26. Área CNT Proposta Curricular do Estado de São Paulo A área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias 1. A presença das Ciências e da rede mundial de computadores. Por da Natureza na sociedade sua vez, as ciências também se beneficiam “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo contemporânea do desenvolvimento tecnológico nas suas investigações, como no lançamento em ór- As Ciências da Natureza estão presen- bita terrestre de um grande telescópio, ou É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” tes sob muitas formas na cultura e na vida em na tomada e no processamento de dados sociedade, na investigação dos materiais, das científicos feitos em laboratórios, por equi- substâncias, da vida e do cosmo. Do mesmo pamentos informáticos. modo, elas se associam às técnicas, tomando parte em todos os setores de produção e de As Ciências da Natureza também para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. serviços: da agropecuária à medicina, da in- têm dimensão filosófica, pois, ao interpre- dústria ao sistema financeiro, dos transportes tar eventos da biosfera e compreender a à comunicação e informação, dos armamen- evolução da vida, ou ao observar estrelas e tos bélicos aos aparelhos domésticos. Essa galáxias e perceber a evolução do universo, associação entre as ciências e as técnicas, elas permitem conjecturar sobre a origem que constitui a tecnologia, resultou nas vá- e o sentido cósmicos – atividades que no rias revoluções industriais e integra todas as passado eram prerrogativa do pensamento dimensões práticas da vida humana, como filosófico. Em contrapartida, para monitorar a extração e processamento de minérios, a ou controlar o desenvolvimento científico- produção de energia, a construção civil, a pro- tecnológico, ao investigar a intervenção dução de alimentos, o envio de mensagens e humana na biosfera e eventualmente esta- o diagnóstico de enfermidades. belecer seus limites, os instrumentos para essa investigação de sentido igualmente O desenvolvimento científico-tecnoló- ético são também científico-tecnológicos. gico tem sido tão rápido que certos proces- As ciências são, portanto, base conceitual sos e equipamentos podem tornar-se ob- para intervenções práticas que podem ser soletos em poucos anos. Essa corrida pela destrutivas – como na tecnologia bélica –, inovação transforma até mesmo algumas mas também promovem valores humanos práticas sociais, como está acontecendo ao fornecerem critérios para a percepção com a rápida expansão da telefonia móvel crítica e para a interpretação da realidade. 26
  • 27. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Área CNT Arte Finalmente, as ciências têm grande be- guagens da ciência e fazer uso de seus conhe- leza, por ampliar a visão do mundo natural, cimentos. Dessa forma, poderão compreender ao mergulhar nos detalhes moleculares da e se posicionar diante de questões gerais de base genética da vida ou ao revelar a periodici- sentido científico e tecnológico, e empreender dade de caráter quântico das propriedades dos ações diante de problemas pessoais ou sociais elementos químicos. O mesmo se dá em sua para os quais o domínio das ciências seja es- “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo estética da simplicidade, em que umas poucas sencial, como será detalhado a seguir. leis gerais valem para qualquer processo, como o princípio da conservação da energia que se 2. A aprendizagem na área das É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” aplica ao vôo de um colibri ou à emissão de luz Ciências da Natureza na educação por um átomo. Essa beleza das ciências, ainda de base que menos reconhecida, pode ser comparada à das artes, no sentido mesmo de fruição, pre- Mais do que simples divisões do saber, cisamente pela associação da ciência ao senti- as disciplinas em geral são campos de investi- para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. do pragmático das tecnologias. gação e de sistematização dos conhecimentos. Algumas delas são milenares, como a Filosofia, Essa múltipla presença, a intensa produ- a História e a Física. Outras, como a Matemáti- ção e a divulgação de conhecimentos científicos ca, reúnem campos igualmente antigos, como e tecnológicos demanda de todos nós uma al- a Geometria e a Álgebra. Outras ainda, como fabetização científico-tecnológica. Por exemplo: a Biologia, são reuniões recentes de campos para saber que uma água mineral de pH 4,5 tradicionais, como a Botânica, a Zoologia e a é ácida; para ler medidas de energia em quilo- História Natural, aos quais se somaram outros, watt-hora, caloria, joule, e converter uma uni- mais contemporâneos, como a Genética. dade na outra; ou para entender argumentos a favor e contra a produção de grãos transgênicos Nem sempre se estabelecem fronteiras demanda-se um domínio conceitual científico nítidas entre as disciplinas. A Química, que básico, mesmo em se tratando de informações surgiu há alguns séculos, apresenta interes- usuais presentes em jornais diários, equipamen- ses comuns com a Física, como a constitui- tos domésticos e embalagens de alimentos. ção atômica da matéria, e outros em comum com a Biologia, como processos bioquímicos Por isso tudo, jovens que concluem a e o estudo das substâncias orgânicas. Todas educação de base, preparados para seu de- as Ciências da Natureza fazem uso de instru- senvolvimento e sua realização pessoal, devem mentais matemáticos em seus procedimentos saber se expressar e se comunicar com as lin- de quantificação, análise e modelagem. 27
  • 28. Área CNT Proposta Curricular do Estado de São Paulo A reunião de certos conjuntos de Não se deve, assim, estranhar que da disciplinas em áreas do conhecimento é 5a à 8a série do Ensino Fundamental as ciên- decorrência natural das referidas frontei- cias estejam integradas na mesma disciplina ras comuns. No nosso caso, é também um escolar, englobando também as linguagens recurso de sentido pedagógico, para expli- adequadas para cada faixa etária. Na 5ª e citar que a aprendizagem disciplinar não na 6ª série, a ênfase está colocada na re- “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo tem sentido autônomo, mas deve se dar alidade mais imediata do aluno, com suas em função dos interesses dos alunos, de vivências e percepções pessoais, e também sua formação geral. Nesse sentido, a área como tema para exercício do letramento É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” constitui uma pré-articulação de um siste- propriamente dito e para o início da alfabe- ma mais amplo, o projeto pedagógico de tização científico-tecnológica. escola, em que a proposta curricular orga- niza e dá razões para a aprendizagem em Na 7ª e na 8ª série, a ênfase já se des- geral, disciplinar ou não. loca para temáticas mais abrangentes e suas para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. interpretações. Por isso, o corpo humano e O conjunto das Ciências da Natureza seus sistemas, o ser humano como partícipe pode ser tomado como uma das áreas do da biosfera, as tecnologias de uso cotidiano conhecimento que organizam a aprendiza- ou as primeiras percepções cósmicas da Ter- gem na educação básica, pois, ainda que di- ra no Universo devem ter tratamentos com- ferentes ciências, como a Biologia, a Física e patíveis com a maturidade em cada fase. a Química tenham certos objetos de estudo e métodos próprios, também têm em co- Ao fim do Ensino Fundamental, já é mum conceitos, métodos e procedimentos, possível identificar e qualificar as muitas critérios de análise, de experimentação e de tecnologias presentes na produção indus- verificação. Além disso, elas compõem uma trial e energética, agropecuária e extrativa, visão de mundo coerente, um acervo cultural nas comunicações, no processamento de in- articulado e reúnem linguagens essenciais, formações, nos serviços de saúde, nos bens recursos e valores que se complementam de consumo, no monitoramento ambiental para uma atuação prática e crítica na vida etc. Praticamente em todos os setores da contemporânea. Com essa compreensão, vida em sociedade, dando-se o mesmo foco vê-se que a articulação numa área permite às questões globais, como a dos combus- compreender melhor o papel educacional da tíveis fósseis e dos renováveis, a defesa da Biologia, da Física ou da Química, do que to- biodiversidade ou o comprometimento dos mar cada disciplina isoladamente. mananciais de água. 28
  • 29. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Área CNT Arte Já no Ensino Médio, é possível ousar um da cosmologia e da evolução, como vimos, maior aprofundamento conceitual da área de têm forte apelo e interesse filosófico. conhecimento nas três disciplinas científicas básicas – Biologia, Física e Química – , nas Da mesma forma, há uma ampla interfa- quais a especificidade temática e metodoló- ce com a área das linguagens e códigos, pois as gica se explicita, permitindo, inclusive, uma Ciências da Natureza, de um lado, fazem uso “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo organização curricular mais detalhada. Por de inúmeras linguagens e, de outro, constituem exemplo, na constituição celular ou na inter- linguagens elas próprias. Hoje, não é sequer dependência das espécies, em Biologia; nas possível compreender muitas notícias sem que É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” ondas eletromagnéticas ou na relação traba- se entendam terminologias científicas como lho-calor, na Física; e na dinâmica das reações “materiais semicondutores”, “substâncias alca- ou nos compostos orgânicos, na Química, linas” e “grãos transgênicos”. Essa dimensão juntamente com as tecnologias às quais estão das ciências como linguagem precisa, assim, diretamente relacionados todos esses aspec- ser explicitada e trabalhada na sua aprendi- para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. tos disciplinares. Esse maior aprofundamento zagem escolar, pois constituirá a qualificação da disciplina não deve significar qualquer exa- mais continuamente exercida pelos educan- gero propedêutico, o que pode ser evitado dos ao longo de sua vida, qualquer que seja quando se explicitam competências relaciona- sua opção profissional e cultural. das ao conhecimento científico e aos contex- tos reais, geralmente interdisciplinares. Enfim, a sociedade atual, diante de questões como a busca de modernização Voltando a pensar o projeto peda- produtiva, cuidados com o ambiente natural, gógico escolar, a área do conhecimento de procura de novas fontes energéticas, escolha Ciências da Natureza tem importante inter- de padrões para as telecomunicações, precisa face com a área das Ciências Humanas; por lançar mão das ciências como provedoras de exemplo, os períodos históricos são pauta- linguagens, instrumentos e critérios. Por isso, dos pelos conhecimentos técnicos e cientí- a educação de base que se conclui no Ensino ficos presentes nas atividades econômicas, Médio deve promover conhecimento científi- assim como as trocas comerciais, as dispu- co e tecnológico para ser apreendido e domi- tas internacionais e os domínios territoriais nado pelos cidadãos como recurso seu, não dependem do desenvolvimento das forças “dos outros” sejam cientistas ou engenheiros, produtivas, estreitamente associadas aos e utilizado como recurso de expressão, instru- conhecimentos científicos. Também alguns mento de julgamento, tomada de posição ou campos de investigação científica, como os resolução de problemas em contextos reais. 29
  • 30. Área CNT Proposta Curricular do Estado de São Paulo Essas expectativas de aprendizagem a produção moderna”. Para atender a tal estão expressas na nossa Lei de Diretrizes orientação, o ensino das Ciências da Natu- e Bases da Educação (LDB), de 1996, em reza deve buscar compor o desenvolvimen- termos de grandes campos de competên- to da cultura científica com a promoção de cia, como o domínio “das formas contem- competências mais gerais ou de habilida- porâneas de linguagem” ou “dos princí- des mais específicas como as expressas no “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo pios científico-tecnológicos que presidem quadro seguinte: Competências Habilidades gerais e específicas É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” gerais Representar. Ler e expressar-se Registrar Sistematizar com textos, medidas e dados. Comunicar-se. cifras, ícones, observações. gráficos, tabelas e Elaborar para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. Conviver. fórmulas. Descrever relatórios. situações. Converter uma Participar de linguagem em Planejar e fazer reuniões. outra. entrevistas. Argumentar. Trabalhar em grupo. Investigar e intervir Formular Interpretar, Diagnosticar em situações reais. questões. propor e fazer e enfrentar experimentos. problemas, Realizar individualmente observações. Fazer e verificar ou em equipe. hipóteses. Selecionar variáveis. Estabelecer relações. 30
  • 31. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Área CNT Arte Competências Habilidades gerais e específicas gerais Estabelecer Relacionar Identificar Analisar o papel conexões e dar informações e dimensões da ciência e contexto. processos com sociais, éticas da tecnologia “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo seus contextos e estéticas no presente e e com diversas em questões ao longo da áreas de técnicas e História conhecimento. científicas. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” Enfim, deve assegurar um tipo de ensi- Médio, uma efetiva apropriação das ciências no das Ciências da Natureza de forma a ga- como qualificação pessoal, não simplesmen- rantir, na preparação dos jovens no Ensino te como ilustração cultural. para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. 31
  • 32. Área Matemática Proposta Curricular do Estado de São Paulo A Matemática e as áreas do conhecimento Em todas as épocas e em todas as Ciências Humanas, incluindo-se História, culturas, a Matemática e a língua materna Geografia e, no caso do Ensino Médio, constituem dois componentes básicos dos Filosofia; “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo currículos escolares. Tal fato era traduzido, em tempos antigos, pela caracterização da Ciências Naturais e Matemática, uma função tríplice da escola, como o lugar em grande área que no Ensino Médio inclui É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” que se aprenderia a “ler, escrever e contar” as disciplinas de Física, Química, Biologia – o que significava, sinteticamente, uma du- e Matemática. pla “alfabetização”: no universo das letras e no dos números. Naturalmente, há muito Sempre houve discussões acaloradas a “alfabetização” que se espera da escola sobre a possibilidade de a Matemática ser para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. teve sua ação ampliada para incorporar o incluída na área de Linguagens, o que fa- interesse pelas múltiplas linguagens pre- ria sentido, sem dúvida. Afinal, juntamente sentes na sociedade contemporânea, que com a Língua Materna, a Matemática com- se estendem para os universos das ciências põe o par de sistemas simbólicos funda- e das tecnologias, particularmente no que mentais para a representação da realidade, se refere às tecnologias informáticas. para a expressão de si e compreensão do outro, para a leitura, em sentido amplo, de Em decorrência de tais fatos, em textos e do mundo dos fenômenos. organizações curriculares mais recentes, como nos Parâmetros Curriculares Nacio- Entretanto, na organização final dos nais (PCN), um mapeamento do conhe- documentos que integram os PCN, preva- cimento a ser apresentado – de maneira leceu a proximidade com as Ciências Na- tanto disciplinada quanto disciplinar – na turais. Isso também faz sentido, pois estas escola, surgiram propostas de organização encontram na Matemática uma lingua- dos conteúdos em três grandes áreas: gem especialmente apropriada, desde as origens da Ciência moderna, com Galileu, Linguagens, incluindo-se as línguas estran- até Descartes, com seu sonho de expres- geiras, a Educação Física e as Artes, como são de todo conhecimento confiável na diferentes formas de expressão; linguagem matemática. 32
  • 33. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Área Matemática No Estado de São Paulo, nas propostas sistemas simbólicos ao outro. Se uma língua curriculares elaboradas a partir de 1986 e em se aproximar demasiadamente do modo de vigor até o presente momento, a Matemática operar da Matemática, resultará empobre- era apresentada como uma área específica. cida, e o mesmo poderia ocorrer com um Tais propostas constituíram um esforço expres- texto matemático que assumisse a ambiva- sivo, e em alguns sentidos pioneiro, na busca lência, apropriada apenas à expressão lingü- “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo de uma aproximação entre os conteúdos es- ística. A multiplicidade de sentidos em um colares e o universo da cultura, especialmente mesmo elemento simbólico ou combinação no que tange às contextualizações e à busca de elementos é própria da língua natural e É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” de uma instrumentação crítica para o mundo é intencionalmente controlada na expressão do trabalho. Essa rica herança pedagógica so- matemática. A busca da expressão precisa é breviveu a uma avalanche de novidades passa- inerente na Matemática, mas pode empo- geiras e serve agora de ponto de partida para brecer o uso natural da língua. Não que esta que, incorporadas as necessárias atualizações, não possa ser precisa: ela o é exemplarmen- para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. novos passos sejam dados para sua efetivação te, como bem revela um texto poético, em nas práticas escolares. Particularmente no que que uma palavra não pode ser substituída tange às áreas em que se organiza, a nova por um sinônimo sem desmontar o poema. proposta inspirou-se na anterior, mantendo a Mas existe uma diferença fundamental, irre- área de Matemática como um terreno espe- dutível, entre a precisão na Língua e a preci- cífico, distinto tanto das Linguagens quanto são na Matemática. das Ciências Naturais. Em segundo lugar, a incorporação da Por que uma área específica Matemática à área de Ciências pode dis- para a Matemática? torcer o fato de que a Matemática, mesmo oferecendo uma linguagem especialmente Três são as razões principais desta op- importante e adequada para a expressão ção. Em primeiro lugar, destaca-se o fato de científica, constitui um conhecimento espe- que uma parte da especificidade da Mate- cífico da educação básica. Tal conhecimen- mática resulta esmaecida quando ela é agre- to inclui um universo próprio muito rico de gada seja ao grupo das linguagens em sen- objetos, instrumentos e interesses, funda- tido amplo, ou seja, ao grupo das ciências. mentais tanto para as chamadas Ciências A Matemática compõe com a Língua Ma- Naturais quanto para as Ciências Humanas, terna um par fundamental, mas de caráter e ainda para as Linguagens em sentido am- complementar: é impossível reduzir um dos plo. A inclusão da Matemática na área de 33
  • 34. Área Matemática Proposta Curricular do Estado de São Paulo Ciências teve o efeito salutar, no caso dos caracterizar um novo Trivium (grupo de dis- PCN, de minimizar o risco de que o conteúdo ciplinas constituído por Lógica, Gramática e matemático fosse concebido como um fim Retórica), mais consentâneo com as caracte- em si mesmo, enfatizando sua condição rísticas da sociedade contemporânea, certa- instrumental. Entretanto, a partir da conso- mente pareceria mais justo incluir a Língua, lidação da idéia de competências, apresen- a Matemática e a Informática. E, ainda que “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo tada pelo Exame Nacional do Ensino Médio os computadores sejam hoje instrumentos ab- (Enem), tal risco deixou de existir e explicita- solutamente imprescindíveis para jornalistas e se com nitidez o que já era apresentado escritores em geral, é no terreno da Matemáti- É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” tacitamente em propostas anteriores: todos ca que se abrem as mais naturais e promissoras os conteúdos disciplinares, nas diversas áre- possibilidades de assimilação dos inúmeros re- as, são meios para a formação dos alunos cursos que as tecnologias informáticas podem como cidadãos e como pessoas. As disci- oferecer no terreno da Educação. plinas são imprescindíveis e fundamentais, para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. mas o foco permanente da ação educacio- Insistimos, no entanto, no fato de que nal deve situar-se no desenvolvimento das a apresentação da Matemática como uma competências pessoais dos alunos. área específica não pretende amplificar suas supostas peculiaridades nem caracterizá-la Em terceiro lugar, o tratamento da Ma- como um tema excessivamente especializa- temática como área específica pode facilitar a do ou relevante. Visa apenas a uma explora- incorporação crítica dos inúmeros recursos tec- ção mais adequada de suas possibilidades de nológicos de que dispomos para a representa- servir às outras áreas, na ingente tarefa de ção de dados e o tratamento das informações, transformar a informação em conhecimento na busca da transformação de informação em em sentido amplo, em todas as suas formas conhecimento. De fato, caso se pretendesse de manifestação. 34
  • 35. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Área LCT Arte A área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias A área de Linguagens, Códigos e suas de natureza enciclopédica, sem significação Tecnologias compreende um conjunto de dis- prática, é substituído por conteúdos e ativi- “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo ciplinas: Língua Portuguesa, Língua Estrangei- dades que possibilitam não só a interação do ra Moderna (LEM), Arte e Educação Física, no aluno com sua sociedade e o meio ambien- Ensino Fundamental e no Médio. Para a área, te, mas também o aumento do seu poder É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” segundo os Parâmetros Curriculares Nacio- como cidadão, propiciando maior acesso às nais (PCN 2006), a linguagem é a capacidade informações e melhores possibilidades de in- humana de articular significados coletivos em terpretação das informações nos contextos sistemas arbitrários de representação, que são sociais em que são apresentadas. compartilhados e que variam de acordo com para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. as necessidades e experiências da vida em so- Com tal mudança, a experiência escolar ciedade. A principal razão de qualquer ato de transforma-se em uma vivência que permite ao linguagem é a produção de sentido. aluno compreender as diferentes linguagens e usá-las como meios de organização da realida- Mais do que objetos de conhecimento, de, nelas constituindo significados, em um pro- as linguagens são meios para o conhecimen- cesso centrado nas dimensões comunicativas to. O homem conhece o mundo através de da expressão, da informação e da argumen- suas linguagens, de seus símbolos. À medida tação. Esse processo exige que o aluno anali- que ele se torna mais competente nas dife- se, interprete e utilize os recursos expressivos rentes linguagens, torna-se mais capaz de co- da linguagem, relacionando textos com seus nhecer a si mesmo, assim como a sua cultura contextos, confrontando opiniões e pontos de e o mundo em que vive. vista e respeitando as diferentes manifestações da linguagem utilizada por diversos grupos so- Nesta perspectiva, trabalha-se, em pri- ciais, em suas esfera de socialização. meiro lugar, com a construção do conheci- mento: conhecimento lingüístico, musical, Utilizar-se da linguagem é saber colocar- corporal; conhecimento gestual; conheci- se como protagonista do processo de produção/ mento das imagens, do espaço e das formas. recepção. É também entender os princípios das Assim, propõe-se uma mudança profunda na tecnologias da comunicação e da informação, maneira como as disciplinas da área devem associando-os aos conhecimentos científicos e ser examinadas e ensinadas. O conhecimento às outras linguagens, que lhes dão suporte. 35
  • 36. Área LCT Proposta Curricular do Estado de São Paulo O ser humano é um ser de linguagens, diversas linguagens artísticas, não se pode as quais são tanto meios de produção da mais abandonar quer o eixo da produção cultura quanto parte fundamental da cultura (eixo poético), quer o da recepção (eixo es- humana. Por cultura entendemos a urdidura tético), quer o da crítica. de muitos fios que se interligam constante- mente e que respondem às diferentes formas Da mesma maneira, a Educação Físi- “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo com que nos relacionamos com as coisas de ca compreende o sujeito mergulhado em nosso mundo, com os outros seres huma- diferentes realidades culturais, nas quais nos e com os objetos e as práticas materiais estão indissociados corpo, movimento e É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” de nossa vida. Cultura é, assim, uma trama intencionalidade. Ela não se reduz mais ao tecida por um longo processo acumulativo condicionamento físico e ao esporte, quan- que reflete conhecimentos originados da do praticados de maneira inconsciente ou relação dos indivíduos com as diferentes mecânica. O aluno do Ensino Fundamen- coisas do mundo. tal e do Médio deve não só vivenciar, expe- para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. rimentar, valorizar, apreciar e aproveitar os Somos herdeiros de um longo processo benefícios advindos da cultura do movimen- acumulativo que constantemente se amplia e to, mas também perceber e compreender os renova sem anular a sua história, refletindo, sentidos e significados das suas diversas ma- dessa forma, o conhecimento e a experiên- nifestações na sociedade contemporânea. cia adquiridos pelas gerações anteriores. É a manipulação adequada e criativa desse patri- Em relação à disciplina de Língua Es- mônio cultural que possibilita as inovações e trangeira Moderna (LEM), importa cons- as invenções humanas e o contínuo caminhar truir um conhecimento sistêmico sobre a da sociedade. organização textual e sobre como e quan- do utilizar a linguagem em situações de Como manifestações culturais, a Lite- comunicação. A consciência lingüística e ratura e a Arte não devem ser reduzidas a consciência crítica dos usos da língua a meras listagens de escolas, autores e estrangeira devem possibilitar o acesso a suas características. O ensino de Arte não bens culturais da humanidade. pode equivaler nem ao conhecimento his- tórico nem à mera aquisição de repertório, Assim, não só o estudo da língua ma- e muito menos a um fazer por fazer, es- terna mas também o das LEM são excelentes pontaneísta, desvinculado da reflexão e do meios para sensibilizar os alunos para os me- tratamento da informação. No ensino das canismos de poder associados a uma língua. 36
  • 37. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Área LCT Arte No ensino das disciplinas da área, neira ela se apropriou de objetos culturais de deve-se levar em conta, em primeiro lugar, épocas anteriores a ela própria? que os alunos se apropriam mais facilmen- te do conhecimento quando ele é contex- A contextualização interativa permite tualizado, ou seja, quando faz sentido den- relacionar o texto com o universo específico do tro de um encadeamento de informações, leitor: como esse texto é visto hoje? Que tipo “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo conceitos e atividades. Dados, informa- de interesse ele ainda desperta? Que caracte- ções, idéias e teorias não podem ser apre- rísticas desse objeto fazem com que ele ainda sentados de maneira estanque, separados seja estudado, apreciado ou valorizado? É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” de suas condições de produção, do tipo de sociedade em que são gerados e recebidos, A questão da contextualização remete- de sua relação com outros conhecimentos. nos à reflexão sobre a intertextualidade e a Do nosso ponto de vista, a contextualização interdisciplinaridade. De que maneira cada pode se dar em três níveis: objeto cultural se relaciona com outros obje- para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. tos culturais? Como uma mesma idéia, um A contextualização sincrônica, que mesmo sentimento, uma mesma informação ocorre num mesmo tempo, analisa o obje- são tratados pelas diferentes linguagens? to em relação à época e à sociedade que Aqui nos interessam, por exemplo, as novas o gerou. Quais foram as condições e as ra- tecnologias de informação, o hipertexto, os zões da sua produção? De que maneira ele CD-ROMs e as páginas da internet, mas tam- foi recebido em sua época? Como se deu bém outras expressões artísticas, como a pin- o acesso a ele? Quais as condições sociais, tura, a escultura, a fotografia etc. econômicas e culturais da sua produção e recepção? Como um mesmo objeto foi A construção do conhecimento huma- apropriado por grupos sociais diferentes? no e o desenvolvimento das artes, da ciência, da filosofia e da religião foram possíveis gra- A contextualização diacrônica, que ças à linguagem, que permeia a construção de ocorre através do tempo, considera o objeto todas as atividades do homem. Não apenas a cultural no eixo do tempo. De que maneira representação do mundo, da realidade física e aquela obra, aquela idéia, aquela teoria, se social, mas também a formação da consciên- inscreve na História da Cultura, da Arte e das cia individual e a regulação dos pensamentos Idéias? Como ela foi apropriada por outros e da ação – próprios ou alheios – ocorrem na autores em períodos posteriores? De que ma- e pela linguagem. 37
  • 38. Área CHT Arte Proposta Curricular do Estado de São Paulo A área de Ciências Humanas e suas Tecnologias “Cabe às futuras gerações construir uma esta tradição formou um indivíduo que, do ho- nova coerência que incorpore tanto os mem honesto das idades clássicas ao homem “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo valores humanos quanto a ciência, algo cultivado da época contemporânea, adquiriu que ponha fim às profecias quanto ao gosto, senso crítico, capacidade de julgamento ‘fim da ciência’, ‘fim da história’ ou até pessoal e desenvolveu a arte de se exprimir oral- É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” quanto ao advento da pós-humanidade”. mente ou por escrito. Portanto, o estudo das (Ilya Prygogine, “Carta para as futuras Humanidades, até o século XIX, foi responsável gerações”, Caderno Mais, Folha de pela formação do “cristão dos colégios jesuítas, S.Paulo, 30/01/2000). do cidadão das Luzes e do republicano dos li- ceus modernos”. para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. A expressão “Ciências Humanas e suas Na primeira metade do século XX, as Tecnologias” leva-nos a uma reflexão inicial Ciências Humanas consolidaram-se como sobre sua inserção no campo dos conheci- conhecimento científico, a partir das contri- mentos a serem oferecidos, atualmente, no buições da fenomenologia, do estruturalismo conjunto da educação básica. e do marxismo; porém, o ensino das Huma- nidades, como corpo curricular tradicional e Embora toda ciência seja indiscutivelmen- enciclopedista, dirigido à formação das elites, te humana, por resultar da acumulação cultural somente apresentou mudanças significativas gerada por diferentes sociedades, em diferentes nas três últimas décadas do século passado, tempos e espaços, o estudo das denominadas como resultado das grandes transformações “humanidades” remonta às artes liberais anti- socioeconômicas, políticas e tecnológicas. gas, notadamente ao estudo das artes, línguas e literaturas clássicas. Na Idade Média, a tradi- Para Mello (1998), na área de Ciências ção cristã acentuou a distinção entre a literatura Humanas, destacam-se as competências re- sacra e a profana, evidenciando o caráter laico lacionadas à apropriação dos conhecimentos das humanidades, e em seguida o Renascimen- dessas ciências com suas particularidades me- to perpetuou esta condição, enfatizando a ne- todológicas, nas quais o exercício da indução cessidade de um arcabouço de conhecimentos é de importância crucial. A autora propõe, acerca dos estudos sobre o humano e sua con- também, que o ensino de Ciências Humanas dição moral. Para Chervel & Compère (1999), deve desenvolver a compreensão do signifi- 38
  • 39. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Área CHT Arte cado de identidade, da sociedade e da cul- dantes a compreender as questões que os tura, que configuram os campos de conheci- afetam, bem como a tomar as decisões neste mentos das Ciências Humanas, incluindo, de início de século. Desta forma, ao integrar os modo significativo, os estudos necessários ao campos disciplinares, o conjunto dessas ciên- exercício da cidadania. cias contribui para uma formação que permita ao jovem estudante compreender as relações “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Na atualidade, a área de Ciências Hu- entre sociedades diferentes; analisar os inú- manas compreende conhecimentos produzi- meros problemas da sociedade em que vive e dos por vários campos de pesquisa: História, as diversas formas de relação entre homem e É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” Geografia, Filosofia, Sociologia e Psicologia, natureza, refletindo sobre as inúmeras ações além de outros como Política, Antropologia e contradições da sociedade em relação a si e Economia, que têm por objetivo o estudo própria e ao ambiente. dos seres humanos em suas múltiplas rela- ções, fundamentado por meio da articulação para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. entre estes diversos saberes. Neste sentido, a Referências produção científica, acelerada pela sociedade tecnológica, tem colocado em debate uma CHERVEL, André; COMPÈRE, Marie-Madeleine. gama variada de novas questões de natureza As humanidades no ensino. Educação e ética, cultural e política, que necessitam emer- Pesquisa. FE/USP, São Paulo, v. 25, n. 2, gir como objeto de análise das disciplinas que jul.-dez., 1999. compõem as Ciências Humanas. Portanto, o caráter interdisciplinar desta área corrobora MELLO, Guiomar N. de. Diretrizes curricula- a necessidade de se utilizar o seu acervo de res nacionais para o ensino médio: parecer. conhecimentos para auxiliar os jovens estu- Brasília: MEC/CNE, 1998. 39
  • 40. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
  • 41. Proposta Curricular do Estado de São Paulo História Proposta Curricular do Estado de São Paulo para a disciplina de História Ensino Fundamental – Ciclo II e Ensino Médio Para que serve a História? tradicionais de ensino, que parecem valorizar, “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sobretudo, o sentimento de pertencer – para É impossível saber quem fez essa pergunta servir – a uma grande nação, assim como fize- pela primeira vez ou precisar a época exata – ram os heróis responsáveis por sua construção. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” muito antiga, certamente – em que ela come- çou a ser feita. Considerando que nenhuma Sobre a missão de formar cidadãos, con- resposta foi satisfatória, já que essa pergunta vém lembrar que essa missão não compete, continua sendo feita, a resposta a ela poderia direta e exclusivamente, ao(à) professor(a) de ser, simplesmente: a História é necessária por História e nem à escola, em seu conjunto, já para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. ser uma das mais importantes expressões de que as bases dessa formação são trazidas à sala humanidade, como é a Música, por exem- de aula pelos alunos, armazenadas nos espa- plo. Tanto a História como a Música parecem ços sociais que eles freqüentam, em especial disciplinas sem utilidade, porém basta ima- a família. É claro que os docentes, inclusive os ginar um mundo em que elas não existissem de História, devem participar de maneira ativa para perceber sua importância. do processo de percepção e formação dos va- lores constituintes da cidadania, mas isso não O problema é que, enquanto a função significa que deva abdicar de suas funções de do compositor, que extrai sua música do co- docência, deixando de ensinar sua disciplina e ração do silêncio, parece ser a de despertar produzir conhecimento sobre ela. nossos sentidos, o problema do(a) professor(a) de História, que deve extrair conhecimento dos Não se pode esquecer que a produção distantes tempos passados, é bem diferente. de conhecimentos exige compromissos de Inicialmente, os programas atribuem ao (à) do- ordem cultural, social e política, o que impede cente a responsabilidade de conduzir os alunos qualquer chance de neutralidade, complicando por caminhos que levem ao exercício pleno da um pouco mais as coisas para o professor de cidadania. Cabe-lhe acompanhar, sem dirigir, História. Assim, mesmo que as opções políticas os momentos iniciais da formação da consci- dos professores de Matemática, por exemplo, ência crítica de crianças e adolescentes, a partir não impliquem práticas diferentes para ensinar de sua experiência cotidiana. Para isso, espera- equações, ensinar História significa, também, se que ele supere as sempre lembradas formas comprometer-se com os valores que desenham 41
  • 42. História Proposta Curricular do Estado de São Paulo a sociedade. Entretanto, nada disso significa é levar o aluno a aprender História – o que é que as aulas de História devam transformar-se muito diferente. Assim, partindo do momento em espaço para exercício de militância partidária presente, e valendo-se do valioso patrimônio ou de raciocínio limitado à oposição estreita e de conhecimentos acumulados ao longo do maniqueísta entre bons e maus. tempo, a sala de aula, sob comando do(a) professor(a), pode transformar-se em espaço “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Quem trabalha com História sabe – ou privilegiado para se conceber uma nova esté- deveria saber – que seus julgamentos são inó- tica de mundo. cuos, não produzindo quaisquer efeitos sobre É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” os tempos passados. Em outras palavras, é claro Aqui, é importante esclarecer que, ao que é importante denunciar a violência geno- se atribuir ao(à) professor(a) a responsabili- cida da conquista da América, da escravização dade pelo comando da sala de aula, não se de negros e índios, das fogueiras da Inquisição, está propondo nenhuma forma de controle das guerras e bombardeios, das práticas de ra- autoritário, felizmente há tempos banido do para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. cismo, mas nenhum desses temas irá devolver ambiente escolar. Contudo, recusar o auto- a vida e a dignidade usurpadas de milhões e ritarismo não significa abrir mão da respon- milhões de pessoas, ao longo dos séculos.No sabilidade de ensinar ou, em outras palavras, entanto, é recomendável cautela na hora de levar a aprender. Quando o(a) professor(a) produzir conclusões e generalizações, pois elas se ausenta nessa relação básica, o aluno sai podem levar o aluno a entender que todos os da escola, malformado e é nesta hora que a portugueses e espanhóis foram – ou são – fa- importância dos compromissos do docente voráveis às práticas de extermínio e genocídio, com sua formação aparecem em toda sua assim como todos os brancos admitiram – ou dimensão. É deles que depende seu desem- admitem – a escravização dos semelhantes, penho, resultante das relações com os pro- ou que a vontade de queimar mulheres como gramas oficiais, com o livro e outros recursos supostas bruxas ou desintegrar pessoas com didático-pedagógicos, além dos alunos – bombardeios integre, desde sempre – e para que devem representar o principal objetivo sempre –, o caráter das autoridades da igreja de toda ação educativa. ou dos norte-americanos, em seu conjunto. Finalmente, nunca é demais insistir Na verdade, cabe ao(a) professor(a) a que, para ensinar História e despertar e ali- delicada tarefa de esclarecer os temas traba- mentar nos alunos o gosto por essa discipli- lhados em sala de aula, inclusive considerando na, é preciso gostar de História. Só gostando que mais do que ensinar História, sua função é possível chegar à constituição de ambientes 42
  • 43. Proposta Curricular do Estado de São Paulo História escolares marcados pela reflexão e animados e importância que nela tiveram – e têm – os pelo debate participativo. hábitos de leitura, pois é destes hábitos de que vem o principal recurso para transformar em Qual seria a receita para isso? No de- aprendizado qualquer proposta curricular. correr do tempo, muitas tentativas foram feitas visando “ensinar o professor a ensinar Com base nessas questões, sumaria- “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo História”, e a tentativa que aqui se faz talvez mente apresentadas, foi elaborada a presente seja mais uma delas, estando condenada, no proposta para o ensino de História, a partir nascedouro, a produzir os mesmos e modes- da consideração inicial de que a disciplina É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” tos resultados das anteriores. Porém, é preciso deve funcionar como instrumento capaz de frisar aqui que nada do que for oferecido nes- levar o aluno a perceber-se como parte de um tes materiais terá o caráter imperativo de ins- amplo meio social. Assim, mesmo partindo truções normativas, a serem aplicadas à força das relações mais imediatas, como a família, pelos professores. Ao contrário, o que se su- por meio do estudo da Historia, o aluno po- para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. gere é que cada docente siga seu próprio ca- derá compreender as determinações sociais, minho, aplicando, a seu modo, as sugestões temporais e espaciais presentes na sociedade. que são oferecidas. Mas, uma coisa deve ser Por isso, recomenda-se que o desenvolvimento dita desde já: seja qual for o procedimento de capacidades de leitura, reflexão e escri- adotado, os resultados dependerão, sempre, ta – objetivo central da proposta – parta de da prática constante da leitura. situações cotidianas, para avaliar as influências históricas (portanto, sociais e culturais) que E se a resposta for a conhecida fra- condicionam as formas de convivência social. se “Os alunos não lêem”, nada impede que A História funcionaria, assim, como uma espé- a questão da falta do hábito de leitura seja cie de espelho do tempo, mostrando imagens colocada aos professores. É sempre pro- que, embora intangíveis, vão sendo desenha- veitoso ao professor fazer um exercício de das pela curiosidade de cada observador à memória sobre sua formação e a freqüência busca de conhecimento. 43
  • 44. História Proposta Curricular do Estado de São Paulo Proposta Curricular da disciplina de História Ensino Fundamental – Ciclo II Conceitos principais Tempo e Sociedade “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo História e Memória História e Trabalho Cultura e Sociedade É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” 5ª Série do Ensino Fundamental 1º Bimestre 2º Bimestre para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. Sistemas sociais e culturais de notação Civilizações do Oriente Próximo:o do Tempo ao longo da História surgimento do Estado e as civilizações egípcia, mesopotâmica, hebraica, As diferentes linguagens das fontes fenícia e persa históricas: documentos escritos, mapas, imagens, entrevistas A vida na China antiga e na África antiga Mito, memória e história A vida na Pré-História e a escrita 3º Bimestre 4º Bimestre A vida na Grécia antiga: sociedade, A Europa na Idade Média: as vida cotidiana, mitos, religião, cidades- migrações bárbaras e o cristianismo estado, pólis, democracia e cidadania A civilização do Islã (sociedade e A vida na Roma Antiga: vida urbana cultura): a expansão islâmica e sua e sociedade, cotidiano, república, presença na península Ibérica escravismo, militarismo e direito Império Bizantino e o Oriente no imaginário medieval 44
  • 45. Proposta Curricular do Estado de São Paulo História Proposta Curricular de História 6ª Série do Ensino Fundamental 1º Bimestre 2º Bimestre “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo O feudalismo: relações sociais, Formação das monarquias nacionais econômicas, políticas e religiosas (Portugal, Espanha, Inglaterra e França) As cruzadas e os contatos entre as É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” sociedades européias e orientais Absolutismo Renascimento comercial e urbano Reforma e Contra-Reforma Renascimento cultural e científico A expansão marítima européia nos séculos XV e XVI para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. 3º Bimestre 4º Bimestre As sociedades maia, asteca e inca Tráfico negreiro e escravismo africano no Brasil Conquista espanhola na América Ocupação holandesa no Brasil Sociedades indígenas no território brasileiro Mineração e vida urbana O encontro dos portugueses com os Crise do sistema colonial povos indígenas Sociedades africanas no século XV A sociedade no Brasil Colonial: o engenho e a cidade 45
  • 46. História Proposta Curricular do Estado de São Paulo Proposta Curricular de História 7ª Série do Ensino Fundamental “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo 1º Bimestre 2º Bimestre Iluminismo A Revolução Francesa e a expansão napoleônica É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” A colonização inglesa e a independência dos Estados Unidos A Família Real no Brasil A colonização espanhola e a Independência do Brasil independência da América Espanhola I Reinado no Brasil Revolução Industrial inglesa do para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. século XVIII 3º Bimestre 4º Bimestre Período Regencial no Brasil Economia cafeeira Movimentos sociais e políticos na Escravidão e abolicionismo; formas Europa, no século XIX: as idéias de resistência (os quilombos), o fim socialistas, comunistas e anarquistas do tráfico e da escravidão nas associações de trabalhadores; o liberalismo e o nacionalismo Industrialização, urbanização e imigração: as transformações Os EUA no século XIX econômicas, políticas e sociais no Brasil II Reinado no Brasil: política interna Proclamação da República 46
  • 47. Proposta Curricular do Estado de São Paulo História Proposta Curricular de História 8ª Série do Ensino Fundamental “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo 1º Bimestre 2º Bimestre Imperialismo e o neoclassicismo no Nazifacismo século XIX É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” Crise de 1929 I Guerra Mundial II Guerra Mundial Revolução Russa e o stalinismo O período Vargas A República no Brasil: as contradições da modernização e o processo de para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. exclusão política, econômica e social das classes populares até a década de 1920 3º Bimestre 4º Bimestre Os nacionalismos na África e na Ásia, Redemocratização no Brasil e as lutas pela independência Os EUA após a II Guerra Mundial: Guerra Fria: contextualização e movimentos sociais e culturais nas conseqüências para a América Latina décadas de 1950, 1960 e 1970 e o Brasil Fim da Guerra Fria e Nova Ordem Populismo e ditadura militar no Brasil Mundial e na América Latina 47
  • 48. História Proposta Curricular do Estado de São Paulo Proposta Curricular de História Ensino Médio Conceitos principais História e Diversidade História e Trabalho “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Cultura e Sociedade 1ª Série do Ensino Médio É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” 1º Bimestre 2º Bimestre Pré-História A Civilização Romana e as migrações bárbaras Civilizações do Crescente Fértil: o para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. surgimento do Estado e da escrita Império Bizantino e o mundo árabe Civilização Grega: a constituição da Os Francos e o Império de Carlos Magno cidadania clássica e as relações sociais marcadas pela escravidão O Império de Alexandre e a fusão cultural do Oriente e Ocidente 3º Bimestre 4º Bimestre Sociedade feudal: características Sociedades africanas da região sociais, econômicas, políticas subsaariana até o século XV e culturais Expansão européia nos séculos XV Renascimento comercial e urbano e XVI: características econômicas, políticas, culturais e religiosas. A A vida na América antes da conquista formação do mercado mundial européia. As sociedades maia, inca e asteca O encontro entre os europeus e as diferentes civilizações da Ásia, África e América 48
  • 49. Proposta Curricular do Estado de São Paulo História Proposta Curricular de História 2ª Série do Ensino Médio “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo 1º Bimestre 2º Bimestre Renascimento e Reforma Religiosa: A Europa e o Novo Mundo: relações características culturais e religiosas da econômicas, sociais e culturais do É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” Europa no início da Idade Moderna sistema colonial Formação e características do Estado Iluminismo e Liberalismo: revoluções Absolutista na Europa Ocidental inglesa (século XVII) e francesa (século XVIII) e independência dos Estados Unidos para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. 3º Bimestre 4º Bimestre Império Napoleônico Formação das sociedades nacionais e organização política e social na Independências na América Latina América e nos EUA no século XIX: Estados Unidos e Brasil (expansão para A Revolução industrial inglesa (séculos o oeste norte-americano, Guerra Civil XVIII e XIX) e o desenvolvimento capitalista dos EUA / Segundo Reinado no Brasil) Processos políticos e sociais no século XIX na Europa A República no Brasil – as contradições da modernização e o processo de exclusão, política, econômica e social das classes populares 49
  • 50. História Proposta Curricular do Estado de São Paulo Proposta Curricular de História 3ª Série do Ensino Médio “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo 1º Bimestre 2º Bimestre Imperialismo: a crítica de suas A crise econômica de 1929 e seus justificativas (cientificismo, efeitos mundiais É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros” evolucionismo e racialismo) A Guerra Civil Espanhola Conflitos entre os países imperialistas e a I Guerra Mundial II Guerra Mundial A Revolução Russa e o stalinismo O período Vargas para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. Totalitarismo: os regimes nazifascistas 3º Bimestre 4º Bimestre O mundo pós-Segunda Guerra e a As manifestações culturais de Guerra Fria resistência aos governos autoritários nas décadas de 1960 e 1970 Movimentos sociais e políticos na América Latina e Brasil nas décadas de O papel da sociedade civil e dos 1950 e 1960 movimentos sociais na luta pela redemocratização brasileira. O A Guerra Fria e os golpes militares no movimento pelas “Diretas Já” Brasil e América Latina A emergência dos movimentos de defesa dos direitos civis no Brasil contemporâneo, diferentes contribuições: gênero, etnia e religiões O fim da Guerra Fria e a Nova Ordem Mundial 50
  • 51. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
  • 52. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
  • 53. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
  • 54. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
  • 55. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
  • 56. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’. É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”